jejum e alterações celulares - sobre “viver de luz”

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Jejum e alterações celulares (sobre “viver de luz”) Há algum tempo, acho que foi a Denise (ou seria a Deisy) falou de sua experiência de jejum forçado, devido a questões de saúde, e que apesar de ser forçado ela sentiu um bem estar, apesar da fraqueza típica de quem se alimenta pouco. Fiquei de fazer um comentário mais completo e somente agora consegui tempo para digitar com calma, então vamos lá (desculpe a demora). Essa mesma experiência também foi vivida por Mario Sanches. Devido a problemas de saúde, teve que passar por diversos períodos de jejum antes de suas várias cirurgias. Não me lembro exatamente qual era o problema que ele tinha, mas sei que em virtude desse problema Sanches teve que retirar cirurgicamente a maior parte de seu estômago, forçando-o a fazer mudanças drásticas em sua dieta. Porém, apesar dos desconfortos e da fome, como comenta em seu livro “Jejum Curativo”, ele começou a perceber que, quando ficava sem comer tinha uma agradável sensação de bem estar. Mais tarde, conhecendo o “viver de luz”, que lhe caiu como uma luva, dedicou-se a estudar melhor o assunto, e o resultado deste estudo é o livro que publicou, que trata de como o corpo humana se comporta em períodos de jejum. Suas descobertas são várias, o a leitura do livro (que pode ser encontrado na internet em formato pdf), é de leitura obrigatória para quem pretende aderir a prática de uma alimentação mais saudável. Falando especificamente sobre a questão dos efeitos do jejum. Para quem não está muito acostumado a fazer jejum, os primeiros efeitos podem ser bastante desanimadores. Uma reação típica do corpo à falta de comida são dores, de cabeça ou nos músculos, fadiga generalizada, e talvez alguma irritabilidade e falta de paciência. O sono fica alterado, normalmente levanta- se durante a noite, uma ou várias vezes. Esforço físico parece algo sobre- humano e mesmo esforço mental pode tornar-se cansativo. Tudo isso é normal e esperado, no caso de alguém que nunca praticou jejum resolva experimentar pela primeira vez. Por que tudo isso acontece? Se você perguntar isso a algum nutricionista ele te dirá que é devido a falta de nutrientes para alimentar as células do corpo e os processos metabólicos, o que deve ser resolvido, obviamente, com a ingestão de comida. De minha parte, e falando por experiência própria, e prática, e não apenas com base nas teorias dos livros, digo que não é bem assim, a coisa é um pouco mais complicada. Embora a falta de nutrientes seja real, os sintomas observados, embora desagradáveis, não são necessariamente um mau sinal. São um sinal claro e evidente de que há sim uma forte, muito forte, dependência química do corpo com relação aquilo que se ingere diariamente. Porém, como qualquer outra forma de dependência, esta também pode ser debelada, se houver interesse e vontade forte. Como Sanches demonstra em seu livro, no capítulo que trata do metabolismo celular, e como milhares de respiratorianos têm experimentado nos últimos

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Jejum e alterações celulares (sobre “viver de luz”)Há algum tempo, acho que foi a Denise (ou seria a Deisy) falou de sua experiência de jejum forçado, devido a questões de saúde, e que apesar de ser forçado ela sentiu um bem estar, apesar da fraqueza típica de quem se alimenta pouco. Fiquei de fazer um comentário mais completo e somente agora consegui tempo para digitar com calma, então vamos lá (desculpe a demora).Essa mesma experiência também foi vivida por Mario Sanches. Devido a problemas de saúde, teve que passar por diversos períodos de jejum antes de suas várias cirurgias. Não me lembro exatamente qual era o problema que ele tinha, mas sei que em virtude desse problema Sanches teve que retirar cirurgicamente a maior parte de seu estômago, forçando-o a fazer mudanças drásticas em sua dieta..

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Jejum e alterações celulares (sobre “viver de luz”)

Há algum tempo, acho que foi a Denise (ou seria a Deisy) falou de sua experiência de jejum forçado, devido a questões de saúde, e que apesar de ser forçado ela sentiu um bem estar, apesar da fraqueza típica de quem se alimenta pouco. Fiquei de fazer um comentário mais completo e somente agora consegui tempo para digitar com calma, então vamos lá (desculpe a demora).Essa mesma experiência também foi vivida por Mario Sanches. Devido a problemas de saúde, teve que passar por diversos períodos de jejum antes de suas várias cirurgias. Não me lembro exatamente qual era o problema que ele tinha, mas sei que em virtude desse problema Sanches teve que retirar cirurgicamente a maior parte de seu estômago, forçando-o a fazer mudanças drásticas em sua dieta.

Porém, apesar dos desconfortos e da fome, como comenta em seu livro “Jejum Curativo”, ele começou a perceber que, quando ficava sem comer tinha uma agradável sensação de bem estar. Mais tarde, conhecendo o “viver de luz”, que lhe caiu como uma luva, dedicou-se a estudar melhor o assunto, e o resultado deste estudo é o livro que publicou, que trata de como o corpo humana se comporta em períodos de jejum. Suas descobertas são várias, o a leitura do livro (que pode ser encontrado na internet em formato pdf), é de leitura obrigatória para quem pretende aderir a prática de uma alimentação mais saudável.

Falando especificamente sobre a questão dos efeitos do jejum. Para quem não está muito acostumado a fazer jejum, os primeiros efeitos podem ser bastante desanimadores. Uma reação típica do corpo à falta de comida são dores, de cabeça ou nos músculos, fadiga generalizada, e talvez alguma irritabilidade e falta de paciência. O sono fica alterado, normalmente levanta-se durante a noite, uma ou várias vezes. Esforço físico parece algo sobre-humano e mesmo esforço mental pode tornar-se cansativo.

Tudo isso é normal e esperado, no caso de alguém que nunca praticou jejum resolva experimentar pela primeira vez. Por que tudo isso acontece? Se você perguntar isso a algum nutricionista ele te dirá que é devido a falta de nutrientes para alimentar as células do corpo e os processos metabólicos, o que deve ser resolvido, obviamente, com a ingestão de comida. De minha parte, e falando por experiência própria, e prática, e não apenas com base nas teorias dos livros, digo que não é bem assim, a coisa é um pouco mais complicada.

Embora a falta de nutrientes seja real, os sintomas observados, embora desagradáveis, não são necessariamente um mau sinal. São um sinal claro e evidente de que há sim uma forte, muito forte, dependência química do corpo com relação aquilo que se ingere diariamente. Porém, como qualquer outra forma de dependência, esta também pode ser debelada, se houver interesse e vontade forte.

Como Sanches demonstra em seu livro, no capítulo que trata do metabolismo celular, e como milhares de respiratorianos têm experimentado nos últimos

anos, em todas as partes do mundo, os únicos elementos que são essenciais a existência e continuidade do corpo humano são: Ar (puro de preferência), Água (pura de preferência), e Luz Solar (inclusive ultravioleta, e sem filtro solar, mas com as devidas precauções). A partir destes três elementos o corpo gera, internamente, tudo de que precisa, através de uma espécie de alquimia interna. Desnecessário dizer que a ciência da nutrição moderna desconhece tal hipótesis, para não dizer que a considera um total absurdo e disparate. Porém, a vivência prática daqueles que resolveram seguir pelo caminho do “viver de luz”, fala por si só. Mas fala apenas para quem tem “ouvidos de ouvir”.

Agora, se nosso corpo precisa apenas de água, ar e luz para sobreviver, porque que é que, quando deixamos de comer sentimos tanto desconforto, e tanta fraqueza?

A resposta para esta pergunta está na dependência química. Desde nosso nascimento somos treinados para comer, e comer muito. Normalmente, a partir dos seis meses de idade, os bebes já são alimentados com leite de vaca. A atual ciência da nutrição considera isso algo normal e até necessário para o bom desenvolvimento da criança. Em minha opinião pessoal trata-se de um absurdo que cabe ao futuro desmascarar e neutralizar.

Leite de vaca é um produto produzido por um animal para alimentar um bezerro de cerca de 500 quilos. Um bebê humano pesa normalmente não mais do que 5 ou 6 kg. Portanto, alimentar uma criança humana com leite de vaca é fornecer-lhe uma super-hiper-ultra-alimentação. É dar ao corpo muito mais, muito mais messsssssssssmo, do que ele precisa. Como nosso corpo é uma máquina fantástica, e possui uma capacidade de adaptação ainda mais fantástica, ele dá um jeito de processar esse material estranho, dia-após-dia. E depois disso vem uma série de outros “alimentos” indicados pela ciência da nutrição, tudo com o objetivo de que a criança tenha um crescimento considerado saudável e normal, com um determinado ganho de peso regular, estabelecido em tabelas e tal. Se a criança não engorda suficientemente rápido, entende-se que há algo errado, e dá-se-lhe mais comida, mais nutrientes, mais elementos que o corpo vai ter que processar, e boa parte será, já em tenra infância, acumulada na forma de gordura. O resultado são aqueles bebês gordinhos, fofinhos, cheinhos, tão adoráveis. E também tão viciados. Começa aí nossa dependência química da comida.

Nos anos subsequentes a coisa só tende a piorar, principalmente quando é introduzido o famigerado açúcar. Recentemente (durante o ano de 2011) houve algum debate com relação a leis em Brasília que visavam proibir empresas produtoras de papinhas para bebês de incluírem açúcar nos seus produtos. Então, desde tenra idade, começa também nossa dependência do açúcar. E depois passamos para as massas (pão, biscoitos, macarrão e massas em geral, etc.). E por aí vai.

Há uma maximização absurda de uma suposta necessidade de nutrientes. Segundo as tabelas oficiais uma pessoa normal, que não trabalhe em serviço braçal pesado, deve consumir, pelo menos, 1.500 kcalorias por dia. Pergunto: de onde vem este valor de 1.500 kcalorias? Deduzo que de pesquisas sérias e muito bem fundamentadas realizadas com milhares ou milhões de pessoas, a

fim de se encontrar uma média da necessidade de consumo diário de calorias por parte dos organismos dessas pessoas. Tudo estaria perfeito, se os especialistas no assunto não tivessem ignorado um pequeno detalhe: o fato de que todos os estudados sofrem, cronicamente, de uma superalimentação, e portanto seus corpos estão, invariavelmente hiper-viciados em uma determinada quantidade de nutrientes que são, ou seriam, absolutamente desnecessários para o corpo humano, se este fosse cultivado dentro de princípios mais naturais. Seria o mesmo que estudar uma população de alcóolatras, que bebem duas ou tres garrafas de álcool por dia, e daí tirar uma média de que, para pessoas “normais”, o indicado seria o consumo mínimo de 1,5 litros de álcool por dia.

Que uma pessoa “normal” necessite de 1.500 calorias por dia não quer dizer que não seja possível viver com menos. Após o auê provocado pelo “viver de luz”, tem surgido diversos estudos sobre os efeitos de restrição alimentar em animais. As conclusões são bastante positivas. Alguns animais tiveram seu tempo de vida prolongado em três vezes, e em alguns casos em até dez vezes. Outro efeito interessante observado nessas pesquisas é que os animais das experiências também apresentavam um nível de saúde além da expectativa. Até agora, que se tenha conhecimento, tais experiências foram feitas apenas com ratos e vermes. Obviamente as experiências pessoais realizadas pelas pessoas que fizeram o processo dos 21 dias e vivem, ou viveram por algum período de sua vida, com pouca ou nenhuma alimentação sólida, não conta como fato científico, infelizmente.

Resumindo então, há evidências claras de que não apenas é possível viver, de forma normal e até mais saudável do que a média, com um número menor de ingestão de alimentos. Não apenas é possível, mas há indicações de que o tempo de vida de animais que vivem em uma dieta de restrição alimentar tende a prolongar-se, em alguns casos, muito além da expectativa de vida normal.

Supondo que admitamos que é possível viver, com muito pouco, ou nada, de ingestão de alimentos, fica então a pergunta: porque, quando uma pessoa normal come menos, sente desconforto?

O desconforto em períodos de jejum é resultado da dependência química que o corpo tem daqueles elementos ingeridos. Apesar de o corpo não precisar necessariamente dos elementos ingeridos, uma vez que eles são ingeridos, o organismo terá de processá-los de alguma forma, e para isso, utilizando sua fantástica capacidade de adaptação, desenvolve processos metabólicos adequados para processar aquele material (inútil). Ao longo dos anos, portanto, todo o corpo humano é (auto)modelado de tal forma a se adequar ao número de nutrientes ingeridos. Isso, falando a nível celular. Cada célula do corpo é criada, geração após geração, para se adequar a esse sistema.

O documentário “Quem somos nós” mostra de forma bastante clara e até divertida como nosso corpo reage e desenvolve a dependência química relacionada a diversos hormônios e substâncias químicas secretadas pelas próprias glândulas do corpo, ou desencadeadas por fatores externos. Em momentos de raiva, ou excitação, certas substâncias são secretadas na corrente sanguínea, e vão influenciar milhões de células pelo corpo. Isso

funciona mais ou menos assim:

Vamos supor que uma célula qualquer tenha 10 receptores para um elemento qualquer, que normalmente está presente na corrente sanguínea numa quantidade, digamos, de 8 para cada célula. Assim, esta célula hipotética terá sempre um número de elementos para processar variando em torno de 10, talvez, 9, ou 8, as vezes 11, enfim, sempre girando em torno de 10, que é o número de seus receptores para processar aquele elemento. Assim, há um equilíbrio.

Porém, se a pessoa começa a ingerir uma quantidade maior de elementos, digamos, uma quantidade tal que vá para a corrente sanguínea 20 elementos para cada célula. Assim, toda vez que aquela célula for processar esses elementos, todos os seus 10 receptores serão utilizados e estarão sempre ocupados. Diante de tal situação, como há uma abundância de elementos, quando esta célula hipotética terminar seu tempo de vida, e for substituída por outra célula nova que deverá tomar seu lugar, esta nova célula será criada já devidamente adaptada a nova realidade do sistema orgânico. Talvez, a nova célula seja criada com 12, ou 13 ou 15 receptores, para dar conta de processar todo o elemento que está presente ali. E assim de geração a geração, as células poderão ser criadas com 17 receptores, ou 20 ou 25, dependendo quantidade de elementos “nutritivos” presente e que devem ser processados.

Desta forma, ao longo dos anos, nosso corpo vai de adaptando, célula a célula, a viver e conviver com uma determinada realidade fisiológica, sempre se adequando ao estado das coisas.

Agora, o que acontece, quando uma célula projetada para processar 20 elementos, recebe apenas 10? ou 5? Ela sente falta daquele elemento, é claro, pois ela desenvolveu internamento toda uma série de processos químicos para metabolizar aqueles elementos. Isto é, a nível celular, a dependência química. O resultado disso, juntando as reações e necessidades de bilhões de células que formam nosso corpo, são aqueles sintomas que citei acima.

Assim, nós temos hoje um corpo físico biológico que tem sido adaptado, durante 20, 30, 50 anos, para funcionar de uma determinada maneira. Quando fazemos jejum, por algum tempo, forçamos nossas células a funcionar de outra maneira deferente, uma outra maneira comm a qual essas células não estão habituados, nem geneticamente adaptadas. É por isso que as pessoas passam mal quando não comem.

O importante a se perceber aqui é que, da mesma forma que nosso corpo pode ser treinado e moldado para funcionar com base num metabolismo, com hiper concentração de nutrientes, ele também pode perfeitamente ser “programado” para funcionar de outra forma, com uma quantidade de nutrientes muito, muito menor. Porém, isso não acontece da noite para o dia. Adaptar as células de nosso corpo a um metabolismo diferente pode levar meses, ou anos. A cada geração de células, as novas células são criadas já adaptadas à nova realidade fisiológica do corpo. Assim, se você insistir em manter uma dieta regular e continuada, lentamente, cada célula do seu corpo

vai se adaptando para funcionar de acordo com esta dieta. E a cada nova geração de células, cada uma dessas células estará mais perfeitamente adaptada.

Quanto tempo demora esta adaptação? Depende muito dos tipos diferentes de células do corpo. Cada tipo de célula tem um determinado tempo de vida. Algumas células são substituídas em questão de horas, como as células que formam as paredes internas do estômago. Já outras, demoram anos para ser substituídas, como são as células dos ossos. De uma forma geral, em cerca de 21 anos todas as células do corpo são substituídas. Assim, aos 21 anos de idade, o seu corpo não terá nenhuma célula que fazia parte dele quando você nasceu. E aos 42 anos de idade todas as células que formam o seu corpo são células que não existiam quando você dia 21 anos.

Ao longo do tempo o corpo vai se adaptando, lentamente e progressivamente, ao estilo de vida, e ao regime alimentar que você adota. Enquanto suas células não estiverem devidamente adaptadas, e você fizer jejum, ou alguma redução de ingestão de nutrientes, o corpo deverá sentir algum estresse, pelas mudanças que isso levará a nível de metabolismo celular. Daí vem o cansaço, uma eventual dor muscular, etc. Esse processo é normal e esperado. Para que o corpo se adapte de forma equilibrada é preciso que se dose a mudança de forma moderada. O corpo suporta bem uma certa quantidade de estresse, mesmo que seja de forma continuada, desde que não seja um estresse excessivo.

Então, para fazer uma mudança metabólica e celular você pode adotar o sistema mais drástico, que é o processo dos 21 dias, em que quase tudo é feito de uma vez só, e o impacto, obviamente, é muito forte, ou você pode ir adaptando lentamente, mês a mês, ano a ano, permitindo que o corpo vá se adequando passo a passo, sem grandes choques.

Por minha experimentação própria tenho observado que uma característica típica de quem muda seu metabolismo para o regime respiratoriano, ou “viver de luz”, tende a se tornar uma pessoa bastante magra. Porém, com a passagem dos anos, a medida que o corpo vai se adaptando a esta nova realidade, célula a célula, progressivamente a aparência e fisionomia vão voltando ao normal, porque o corpo aprende a desenvolver o mesmo desempenho que tinha antes, mas com uma quantidade muito menor de nutrientes. Quanto tempo demora este processo? No meu caso demorou cerca de 5 anos.

Hoje, posso dizer que meu corpo está tão bem adaptado ao regime do “viver de luz”, que posso ficar tranquilamente sem ingerir regularmente alimentos sólidos e meu corpo aceita isso muito bem. Aliás, meu corpo está tão bem adaptado a isso, que há cerca de um ano tenho tido um problema inusitado: a intolerância sistemática de tudo que é ingerido na forma sólida. Parece que, a medida que os anos passam, meu corpo se altera de tal modo, que não aceita mais ingestão de alimentos sólidos, mesmo em pequenas quantidades. Quando ingiro algo sólido ele reage desenvolvendo espinhas no rosto. Mesmo a ingestão de frutas e verduras cruas, as vezes, leva a este sintoma. Isso acontece de forma muito mais intensa quando ingiro alguma coisa como chocolate, pão ou biscoitos, leite, ou qualquer coisa que tenha alta

concentração de nutrientes, como amendoins e amêndoas.

Aparentemente, no ritmo que a coisa vai, no futuro meu corpo não suportará nada que seja diferente de sucos de frutas, água, e chás. Talvez até mesmo os sucos de frutas passem a ser rejeitados por meu metabolismo. Talvez seja necessário seguir a dieta da santa inglesa que, conta-se, alimentava-se com apenas um copo de água por dia. Segundo conta-se, o Stive, esposo da Evelyn Torrente, passou uns seis meses vivendo exclusivamente de prana, ou seja, ele não ingeria nem mesmo água. Depois resolveu passar para a ingestão de sucos de frutas. Segundo ele, conforme relata a Evelyn, porque adotando-se uma dieta desse nível (somente prana) fica bastante difícil manter-se conectado com as coisas do plano físico. Este pode ser um regime ideal para quem pretende passar a vida em meditação constante e/ou explorando os outros planos da realidade, mas não é muito adequado para quem pretendo ter uma vida mais normal dentro de uma sociedade humana como a nossa, que é cada vez mais concentrada em cidades formigueiros.

Sobre anorexia e porque as pessoas morrem de fome

A questão da anorexia passa bem ao lado daquela tradicional pergunta dos céticos de plantão: Se viver de luz é possível, por que tanta gente morre de fome na Etiópia?

Esta é uma pergunta crítica, e a resposta talvez não seja tão simples. Para entender porque as pessoas anorexas ficam tão doentias, e porque normalmente as pessoas morrem de fome quando não se alimentam o bastante, é preciso entender como exatamente funciona o metabolismo dentro de um regime respiratoriano, ou de “viver de luz”, ou ainda, como se dá exatamente o processo de adaptação do metabolismo “normal” para um metabolismo respiratoriano, ou de alimentação prânica.

O livro de Sanches dá muitas dicas que nos ajudam a entender muitas coisas do ponto de vista físico. Jasmuheen fala bastante sobre prana em seu livro “Viver de luz”, mas na verdade dá poucos detalhes sobre como a coisa funciona exatamente. Dizer que nós absorvemos, simplesmente, o prana, não explica muita coisa. Como exatamente nós absorvemos o prana? Há algum órgão específico para isso? Como se dá o processo de absorção? Como no caso dos elementos do ar, nós sabemos hoje que há todo um processo que se dá, a nível celular, nos pulmões, levando os elementos do ar, oxigênio etc., para a corrente sanguínea. Nós precisamos de um entendimento desse nível com relação ao prana, mas isso ainda está longe de acontecer. Ainda estamos engatinhando nessa área de conhecimento.

Com relação ao processo de conversão metabólica, o livro de Jasmuheen dá muitas dicas importantes. Normalmente quem já estudou ou fez o processo dos 21 dias martela bastante, e com certeza é um dos mais importantes fatores envolvidos no processo, é o fator mental, a crença positiva, e a disposição e interesse na mudança. Se você não acredita que pode “viver de luz”, então tudo que você tentar fazer não vai dar certo, porque você mesmo está de auto-sabotando, antes mesmo de começar. Acreditar que é possível,

é o primeiro passo. Hoje nós sabemos que nossa mente tem um poder muito grande sobre nosso corpo. Veja o caso do presidiário condenado que participou de uma experiência e morreu achando que sua garganta tinha sido cortada, quando na verdade foi passado apenas um papel ou algo do gênero e derramada um pouco de água quente para simular o sangue (história relatada no livro de Napoleon Hill, A Lei do Triunfo). Ele acreditou que estava ferido de morte, e por isso morreu. Felizmente o contrário também é verdadeiro. Muitas doenças são curadas pelo simples fato de a pessoa ter uma disposição mental positiva. Muitos ditos milagres que acontecem em igrejas não são mais do que a autocura de pessoas que acreditaram que deus as estava curando. Acreditaram tanto, que de fato a cura aconteceu. Não descarto a possibilidade de intervenção divina, mas acredito que na grande maioria dos casos o que acontece é autocura mesmo, através da autosugestão. Então, não podemos jamais esquecer o fator mental como variável nesta equação.

No caso dos anorexos, o que me parece que acontece, é que essas pessoas não têm interesse em fazer qualquer forma de adaptação ou adequação metabólica. Elas simplesmente forçam o corpo além de seus limites, deliberadamente, às vezes até com sentimentos masoquistas. No caso do processo dos 21 dias, você está fazendo um processo de adaptação, você sabe disso, é isso que está buscando, e está, mentalmente, e energeticamente, orientando o seu corpo para isso, seja de forma consciente ou não. Os anorexos fazem algo totalmente diverso, simplesmente privam o corpo, que ainda está dentro da dependência química dos alimentos, a um regime com o qual ele não está acostumado. Não há nenhuma intenção de adaptação, ou de substituição de processos. Talvez o ponto que melhor esclareça isso seja o fato, que muitas vezes passa completamente despercebido, que quem “vive de luz”, não para de se alimentar, apenas passa a se alimentar de uma forma diferente. O anorexos não fazem isso, eles sim, param de se alimentar, e não oferecem nenhuma outra opção para seu corpo. O resultado é evidente.

Mas, por que as pessoas morrem de fome? Se é mesmo possível viver de luz, então ninguém deveria morrer de fome, não é?

A coisa não é tão simples assim. Nós desenvolvemos uma dependência química já desde tenra idade, como já falei. Desde bebes viciamos nosso corpo com produtos que não são necessariamente necessários, mas que ingerimos diariamente obrigando nosso corpo a processá-los. O resultado disso é uma dependência química realmente muito profunda.

Alguém já viu um dependente de cocaína em processo de desintoxicação química? Pessoalmente eu nunca vi, mas já ouvi alguns comentários de pessoas que atuavam em instituições para viciados. Conta-se que, em alguns casos, a dificuldade é extrema. A falta da droga deixa a pessoa literalmente louca, extremamente agressiva. Em alguns casos a pessoa tem que ser presa com camisa de força, ou amarrada numa maca, seja para não se bater e se machucar ou para não atacar ninguém para conseguir um pouco de droga. Pois é, isso é dependência química. É algo que mexe muito mesmo com o metabolismo do corpo, e com a mente.

Então, o que penso que acontece quando uma pessoa morre de fome é o seguinte: o corpo está preparado para um determinado metabolismo, existe toda uma sequência de processos químicos que acontecem internamente, célula a célula, em bilhões de células, literalmente falando. Isso acontece todo dia. Quando a pessoa não come, não coloca a disposição de suas células o material com que elas estão acostumadas a trabalhar. Suas células foram criadas, já há anos, há décadas, para funcionar com aquele metabolismo, com aqueles processos químicos. Quando faltam os elementos necessários para alimentar esses processos todo o sistema entra em colapso, o que termina no que os médicos chamam de falência geral dos órgãos, ou seja, vários órgãos do corpo (que são feitos de células) param de funcionar. O resultado é a morte.

Mas porque coisa semelhante não acontece quando uma pessoa faz o processo dos 21 dias? É que, quando a pessoa faz o processo dos 21 dias, ela não deixa simplesmente de se alimentar, como muitos pensam, mas passa a se alimentar de outra forma, e consciente. Ela sabe o que está fazendo, e está no comando. E mesmo assim, a coisa não é muito fácil. Muitos tentam fazer o processo e param em algum ponto, quase sempre já na primeira semana dos sete dias sem água. O baque no organismo é violento e alguns até costumam dizer que a pessoa de fato morre, ao longo dos sete dias da “travessia do deserto interior”, e então renasce quando começa a ingerir água, no oitavo dia. Não sei até que ponto isso é apenas figurado, ou uma confabulação mística. Entendo que é claro que a pessoa não morre fisicamente falando. Mas, talvez, passe bem perto disso.

Por isso o processo dos 21 dias não é para qualquer pessoa, nem deve ser feito sem um estudo sério do caso particular de cada um. É um processo violento e agressivo com o corpo, ou será agressivo, se a pessoa não estiver psicologicamente preparada, se não tiver plena certeza e confiança no que está fazendo. Diante disso a opção do Sun Gazing é com certeza uma opção muito mais viável, pois permite uma adaptação lenta e gradativa, sem grandes transtornos.

Abraço

Zhannko