jb em folhas 63
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Jornal Informativo do bairro Jardim Botânico no Rio de Janeiro.TRANSCRIPT
janeiro / fevereiro
2016 | ano 15 | nº63
distribuição gratuita
Jardim Botânico
Horto | Gávea | Humaitá
Academias ou estúdios?Jardim Botânico começa o ano com disposição para
entrar em forma. Escolha seu estilo. (Páginas 8 a 11)
jb folhasemo informativo do jardim botânico
Do JB ao SRZD Longe da TV, Sidney Rezende vai a pé de casa até seu portal de notícias, na Gávea. (Página 18)
Colônias para todos Cinco dicas para curtir as férias na região. (Página 13)
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Editorial Começando o ano no pique
Prezado leitor,
Esta edição foi suada. Em todos os sentidos. Primeiro,
porque há quase dez anos não publicávamos a edi-
ção de janeiro e fevereiro e esquecemos como tudo
é difícil nesta época do ano, do anúncio à produção
de matérias. Todo mundo só quer saber de festas e
férias. Mas o que a gente não faz pelos leitores sau-
dosos de ter o jornal no verão, não é?
Em segundo lugar, decidimos que a matéria de
capa seria mostrar os grandes templos de malhação
que abriram no bairro para fazer concorrência aos in-
timistas estúdios de crossfit e pilates que, até então,
eram quase unanimi-
dade na região. Para
fechar, eu mesma es-
colhi algumas ativida-
des diferentes para fa-
zer um test-drive.
É isso o que você confere a partir da página 8. Valeu a
pena, deu para perder algumas calorias e foi divertido.
Para mim, foi uma experiência e tanto, principalmente
porque sou mais chegada a atividades ao ar livre, mas
foi divertido e ainda consegui queimar algumas calo-
rias. E pude perceber que as academias cresceram, se
multiplicaram e se equiparam com um arsenal tecno-
lógico de primeira.. Hoje é possível pedalar inspirado
em imagens de qualquer parte do mundo. Graças a
pequenos monitores instalados nas bicicletas e esteiras
das academias, você pode se imaginar na Golden Gate
Bridge, em São Francisco (USA), por exemplo. Eu, que
sou de uma velha escola, acho que essa onda de pro-
fessor com microfone e som alto incomoda um pouco.
Meu esforço físico não se compara à rotina diária
da personal trainer Luíza Mara Fernandes, que chega
a somar mais de 40km entre caminhadas e pedala-
das com alunos. A redatora Betina Dowsley conse-
guiu um tempinho na
atribulada agenda dela
para fazer a entrevista
e uma foto para o Cara
JB, na página ao lado.
A linha saudável
completa-se com a coluna Sabores. Na página 12, o
crítico de gastronomia Pedro Landim escreve sobre
os restaurantes que oferecem pratos mais saudáveis.
E, como o bairro é para lá de animado, reunimos
alguns dos “donos” da folia na rua para uma entre-
vista, como você pode ler na página 16. A conversa
foi tão boa que até eu quis participar da foto. Afinal,
sou representante do Bloco da Pracinha, que, este
ano, completa 10 anos de “concentra, mas não sai”.
Em março, estaremos de volta com o nosso ritmo nor-
mal. Bom carnaval.
Christina Martins
Editora
O JB em Folhas é uma publicação bimestral, editada pelo Armazém Comunicação Projetos Jornalísticos Ltda.
www.armazemcomunica.com.br
Editora Responsável: Christina Martins (Mtb 15185 -RJ)
Redação: Betina Dowsley
Projeto Gráfico: Paulo Pelá - www.bolaoito.com.br
Revisão: Carla Paes Leme
Impressão: CMYK Gráfica - 2581-8406
Estagiária de Redação: Sheila Gomes
Distribuição:Parques, bancas de jornais, galerias e prédios comerciais do Jardim Botânico, Horto, parte da Gávea e do Humaitá.
Foto da capa: Chris Martins
Tiragem: 5.000 exemplares
Telefone: 3874-7111/ 98128-6104
e-mail: [email protected]
www.facebook.com/JbEmFolhasJornalDoJardimBotanico
site: www.jbemfolhas.inf.br
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A rotina da pro-
fessora de Edu-
cação Física Luiza
Mara Fernandes
gira em torno da
Lagoa, academias
de ginástica ou
na casa de seus
alunos. Moradora
do Humaitá, ela
trabalha há cerca
de 15 anos como
personal trainer e, atualmente, conta com nove
alunos particulares, alguns deles há mais de uma
década. O período da tarde é um pouco mais
tranquilo, mas ela calcula que, entre caminhadas
e pedalas, some mais de 40 km acompanhando
seus alunos ou deslocando-se até eles.
No campo profissional ou no pessoal, Luiza
prefere as academias, que dispõem de mais
equipamentos: “Adoro musculação, faço desde
os 15 anos, mas equilibrar esses exercícios com
atividades externas é o ideal”, aconselha ela,
que aguarda a inauguração de uma nova uni-
dade da academia Smart Fit no Humaitá para
voltar à sua atividade favorita, “aliando conve-
niência, comodidade e preço”, destaca.
Apesar do atual boom de academias e espa-
ços voltados para cuidados com o corpo na re-
gião, a professora não vê uma real preocupação
da população com saúde. Para ela, a maioria
das pessoas está cada vez mais sedentária e
com péssimos hábitos alimentares, especial-
mente as mais jovens.
- A violência e o forte apelo dos equipamen-
tos eletrônicos estão afastando crianças e ado-
lescentes das atividades físicas, principalmente
aquelas ao ar livre – lamenta.
Cara do JB Luiza Mara Fernandes CH
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Folhas do Jardim tra o Parque Lage) fechou o ano enviando aviso prévio
a todos os seus funcionários. Segundo comunicado da
OS, a medida visa a conter os custos, já que o governo
do Estado repassou, em 2015, apenas R$ 6 milhões,
metade do valor combinado. Em janeiro, uma reunião
com os dirigentes vai discutir proposta de cobrança de
ingressos tanto para o parque quanto para o casarão.
Arrumando o bairroFim de ano é tempo de colocar a casa – ops –, o bair-
ro em ordem. A AMA-JB conseguiu chamar a atenção
de alguns órgãos municipais para realizar melhorias
na região. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente
(SMAC) implantou bicicletários no bairro. Já a Rioluz
melhorou a iluminação nas ruas com a instalação de
luminárias mais potentes, voltadas para o asfalto e pa-
ra a calçada. Nos dois casos, os moradores sugeriram
os locais para instalação dos equipamentos.
Expansão comercial no JockeyDepois de sete meses de embargo, o projeto de ins-
talação de um complexo cultural e gastronômico no
Jockey Club foi aprovado pela Secretaria Municipal
de Urbanismo e as obras foram retomadas. As cinco
casas da Rua Jardim Botânico, entre o Nirvana e o
Rubaiyat, devem abrigar uma livraria, duas galerias
de arte e outros dois restaurantes. O projeto de re-
cuperação deverá preservar as fachadas – exigência
do Iphan – e respeitar as determinações da CET-Rio,
Shows e festas na berlinda
Em novembro e dezembro, o Parque Lage esteve no
centro das atenções do bairro devido à realização de
festas e shows que lotaram o local, com som alto,
instalações elétricas duvidosas e grande volume de
lixo deixado dentro e fora do parque. Tudo isso in-
comodou moradores e frequentadores do parque.
Como a área é pública, há uma preocupação geral
em encontrar um meio-termo para a realização de
eventos no local sem afetar o funcionamento normal
do parque, nem suas fauna e flora.
Um bom exemplo foi dado pelo Ópera na Tela,
que, ao contrário da superlotação dos festivais Mi-
mo e Sonoridades, não chegou a pertubar a vizi-
nhança. O evento recebeu um público bem menor,
interessado em assistir às óperas “Carmen” e “Rigo-
leto” em um grande telão.
Já as festas realizadas na Sociedade Hípica Brasi-
leira devem provocar menos transtornos aos mora-
dores este ano. Atendendo a pedido da AMA-JB, o
clube passa a exigir tratamento acústico adequado
aos produtores dos eventos em seu interior.
Crise no Parque LageMesmo com o aluguel do espaço para todos esses
eventos, a Oca Lage (organização social que adminis-
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quanto ao acesso de veículos, que deveré ser feito
internamente. A fim de evitar bandalhas, será ins-
talada uma pequena mureta no meio da rua Jardim
Botânico, dividindo os dois sentidos.
Os 10 anos de animação do Bloco da Pracinha
Único bloco totalmente dedicado ao público infantil,
o Bloco da Pracinha completa 10 anos de concen-
tração, na Praça Pio XI. A comemoração está mar-
cada para o sábado, 30 de janeiro, das 10h às 14h.
O evento, organizado pelo site www.amigasdapraci-
nha.com.br, terá oficinas de customização e contará,
novamente, com as presenças da professora de mú-
sica Barbara Lau e do mestre Washington Alves no
comando da bateria-mirim.
AlalaôEm janeiro e fevereiro, a agenda do bairro segue o
ritmo do carnaval. Seja para se divertir ou para fugir
do tumulto, fique de olho na data e no trajeto dos
blocos daqui. O horário, em alguns casos, é um mis-
tério. A brincadeira começa no dia 24 de janeiro, com
o “Me esquece”, que vai da Pacheco Leão até a Praça
Santos Dumont. Os blocos Vagalume (9 de fevereiro)
e o Fofoqueiros de Plantão (14 de fevereiro) farão
esse mesmo trajeto. Os blocos mais procurados são
o Suvaco do Cristo, que parte da esquina da rua Faro
no dia 31 de janeiro, e o Último Gole, no Parque dos
Patins, dia 9 de fevereiro.
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gina deseja retomar os
almoços em casa, pelo
menos uma vez por
semana, para aprovei-
tar melhor o privilégio
de viver no JB.
Feiras orgânica e da Lineu de Paula Machado
– Estou sempre procurando produtos frescos.
Picolé Nuvem – Fiquei órfã do sorvete Itália, mas
há pouco tempo descobri essa marca na loja Mun-
do Verde. Meus preferidos são os de chocolate e
de morango.
Fitness – Recomendo as aulas do Jun Igarashi, no Di-
vina Providência.
Almoço – Adoro o Puro e já fui conhecer o Bingo, mas
o restaurante Borogodó continua a justificar o nome.
Vaca Amarela – Lojinha cheia de charme com roupas
e acessórios infantis divertidos, que sempre agradam
os pais e as crianças.
Charme e estilo são fundamentais para a designer
Regina Kato, seja na vida profissional, seja na pesso-
al. Foram esses aspectos que a fizeram trazer o Fer-
nando Jaeger Atelier – do qual é sócia desde 1998
– para o bairro, há dez anos. “A ideia era sair do am-
biente de shopping e ficar perto de nossos clientes”,
lembra Regina, que acabou se mudando para o bair-
ro um ano depois.
- Morar e trabalhar
no Jardim Botânico é
um luxo! Tenho tam-
bém uma loja em La-
ranjeiras, mas, em ge-
ral, só vou lá uma vez por semana – confessa ela,
que procura concentrar suas atividades por aqui.
Para manter a forma física, já frequentou a Ges-
tos e o estúdio Mariana Lobato. Atualmente, segue
o método criado pelo ex-lutador de aikidô Jun Iga-
rish. Também morador do bairro, o professor mistura
crossfit, movimentos de lutas e pilates em suas aulas
no colégio Divina Providência, frequentadas por inú-
meras estrelas globais.
Regina costuma ir e voltar para o escritório a pé.
Houve um tempo em que voltava para casa na hora
do almoço: “As refeições eram uma festa, sempre
em companhia de amigos. Os encontros quase di-
ários passaram a ser realizados só às sextas-feiras
e acabaram rareando”, relembra saudosa. Nos úl-
timos tempos, devido à correria maior, ela tem al-
moçado nos restaurantes das ruas Lopes Quintas,
Visconde de Carandaí e Pacheco Leão. Em 2016, Re-
Meu JB Regina Kato
Atendimento ao cidadão 1746Bombeiros 193 / 3399-1234Cedae (água e esgoto) 195 / 2297-0195CEG 0800-240197Defesa Civil 199 / 2576-5665Disque-Denúncia 2253-1177
Guarda Municipal 153Light 0800-282-012015ª DP 2332-2900Polícia Civil 197Polícia Militar 190Procon 151Subprefeitura da Zona Sul 2521-5540Vigilância Sanitária 2503-2280
Telefones úteis
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Preocupado com o lixo que produz? Já pensou em
transformar parte dele em adubo? Mesmo aque-
les que não têm espaço em casa para manter uma
composteira podem contribuir para um mundo mais
sustentável. O Ciclo Orgânico criou um sistema de
coleta domiciliar semanal de lixo orgânico que, às
segundas-feiras, circula, de bicicleta, por Jardim Botâ-
nico, Humaitá, Gávea e Botafogo. Quem preferir pode
entregar o baldinho com o material orgânico direta-
mente no Parque do Martelo (rua Miguel Pereira, 41
- Humaitá), onde ficam as composteiras coletivas.
No fim do mês, os participantes recebem uma
carta informando quanto de resíduo foi recolhido,
quanto de composto foi gerado e quantas emissões
de CO2 foram evitadas. Para completar o ciclo, as
pessoas podem escolher entre receber adubo ou
uma muda de tempero em casa, ou ainda doar o
composto para um produtor orgânico. O serviço cus-
ta R$ 60 por mês, mais R$ 30 de inscrição. Mais in-
formações sobre o projeto no site http://cicloorga-
nico.instapage.com ou no Facebook.
Ecodica Ciclo Orgânico M
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começar. O estudo – realizado com indivíduos ido-
sos ao longo de oito anos – mostrou que mesmo
aqueles que nunca haviam feito qualquer atividade
física podem se beneficiar com a inclusão de ativi-
dades físicas no seu dia a dia, a qualquer momento
de suas vidas.
Coincidentemente, o ano começa com uma inva-
são de grandes academias no bairro. Bodytech, Puri
e Smart Fit chegaram cheias de energia para con-
quistar espaço junto aos moradores da região, acos-
tumados aos estúdios pequenos e aconchegantes.
No Gestos, por exemplo, as atividades são pauta-
das pela ampliação da consciência corporal e ganho
de condicionamento físico. “Queremos orientar e
Dentre as resoluções de início de ano de muita gen-
te, deixar o sedentarismo de lado é uma das mais
listadas, apesar de raramente ser levada a termo.
Neste ano novo, porém, não faltam bons motivos
para sair da inércia. Pesquisa publicada recentemen-
te na revista da Associação Americana do Coração
(American Heart Association – AHA) aponta para uma
realidade fácil de ser constatada no dia a dia: exercí-
cios físicos fazem bem à saúde e podem até comba-
ter o envelhecimento do organismo.
Realmente, não é preciso ser cientista para per-
ceber os benefícios de uma vida ativa. Mas, se você
é daqueles que ficam sempre adiando o início da
prática de exercícios, saiba que nunca é tarde para
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O Corpo a corpo das academias e dos estúdios
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estimular cada pessoa a perceber a forma como seu
próprio movimento se organiza, para, cada vez com
mais segurança, usar esse conhecimento em seu
cotidiano”, explica a sócia-coordenadora do espaço
Deborah Lewkowicz.
A partir da demanda dos próprios alunos, dois no-
vos tipos de atividade foram inseridos recentemen-
te no quadro de atividades: o Treino Cardio (esteira,
transport e bicicleta de 30 ou 60 minutos) e o Treino
Funcional (que usa bases instáveis, alteres, canelei-
ras, discos de equilíbrio, bolas, cama elástica e outros
equipamentos ou mesmo o peso do próprio corpo).
Cada aluno pratica exercícios focados em suas neces-
sidades de aprimoramento, elaborados para alcan-
çar o resultado adequado e esperado: flexibilidade,
equilíbrio, força, resistência, coordenação, agilidade e
aptidão cardiorrespiratória.
Neste verão, foram formatados combos especiais
e promoções, como um Free Pass de quatro dias de
aulas de Treino Cardio (30 minutos) ou de Treino
Funcional (60 minutos) durante um mês para que a
pessoa possa perceber a melhora corporal.
Smart Fit e Bodytech chegaram juntas ao bairro.
As duas gigantes do segmento fitness têm propos-
tas bem diferentes. A primeira instalou-se no Clube
Carioca e acabou, por tabela, promovendo a reforma
de uma parte do clube. Com mais de 200 unidades
em mais de 10 estados brasileiros, a 11a unidade da
Smart Fit foi inaugurada na primeira semana de ja-
neiro. O segredo para o crescimento exponencial da
rede é oferecer praticidade e facilidade, sem mexer
muito no orçamento familiar, com planos a partir de
R$ 79,90 mensais e períodos de 30 minutos.
Apesar da diferença dos espaços – primo pobre,
primo rico – a união está fazendo a força. Pelo me-
nos na visão do professor de Muay Thai, Raphael
Monteiro, da Academia Gold Fighters. “São ativida-
des distintas, mas já teve uma procura de alunos da
Smart Fit que querem fazer um treino mais intenso.
Assim como já teve alunos daqui que se matricula-
ram lá também”, afirma.
As novas academias do bairro investem
em espaço, equipamentos e tecnologia
para conquistar novos clientes.
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Vânia Balock está muito satisfeita com a nova aca-
demia perto de casa. “Eu fazia no Leblon, mas aqui
é bem melhor. Além da proximidade, tenho a com-
panhia de cinco netos, duas filhas e três amigas aqui
na Smart Fit”, admite.
No extremo oposto da escala de preços está a
nova filial da Bodytech no Jardim Botânico, com
planos a partir de R$ 475 mensais, mais uma ta-
xa de adesão e uma obra que deu muita dor de
cabeça aos moradores da rua Maria Angélica. Com
investimento de R$ 30 milhões, a 20a academia
da rede já conta com 300 alunos inscritos em mais
de 30 atividades, sendo que três são inéditas no
Brasil: Acqua Pole, Acqua Kick Boxing e Moove.
Para o sócio Alexandre Accioly, a academia está
bem localizada. “Escolhemos um amplo terreno,
em uma área central, que atende todo o Jardim
Botânico”, explica.
No meio do caminho das duas está a Puri, que
correu na frente para abrir sua unidade no bairro,
em novembro, com três andares, sendo o primeiro
todo ocupado pelo fitness. O administrador Pedro
Henrique Cascardo, de 33 anos, inscreveu-se na Puri
assim que ela abriu. Apesar de preferir atividades ao
ar livre, ele acabou atraído pela comodidade que as
academias oferecem e pratica running e musculação.
Outro que aproveitou os preços promocionais da
Puri foi o gerente de TI Mike Ribeira. “Gosto do estilo
da Puri de ser em uma casa, passa um clima acon-
chegante e pessoal. A academia conta com apare-
lhos novos, cheios de tecnologia, mas eu ainda estou
apreendendo a usá-los. – comenta.
Tecnologia à parte, há quem prefira o clima mais
pessoal dos estúdios. A cantora Katia B é uma delas.
Ela pratica Iyengar Yoga, no Gestos, e Fletcher Pilates,
na Mariana Lobato. Para ela, é uma questão de estilo:
- Nos estúdios, a conexão professor-aluno, aten-
ção e ensinamento são preciosos. Me sinto à von-
tade. Ainda não visitei esses grandes espaços, mas
o ambiente é bem diferente, geralmente com som
animado e grande circulação de pessoas”, observa.
Questão de estilo: Mike Ribeira gosta do ambiente e dos
equipamentos da Puri para malhar, enquanto Katia B prefere
o clima intimista para praticar a Iyengar Yoga na Gestos.
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Você chega à academia e logo fica curiosa com
a lista de atividades e nomes diferentes que o
espaço oferece, independente do tamanho. E
decide experimentar.
Minha pequena maratona começou na Puri,
com uma aula de bike indoor, que nada mais é
que a velha bicicleta ergométrica, mas com o
uso de carga/peso. A professora liga o micro-
fone – sim, nas academias não existe aula sem
microfone e som alto, mesmo que sejam ape-
nas quatro alunos em sala – e avisa que vamos
pedalar até o Recreio. Acostumada a pedalar na
rua eu penso que vai ser fácil, só que não. Ape-
sar de estar parada dentro da sala, você sobe
e desce ladeira, e corre no retão com a devida
“carga” para dar mais emoção. Ao longo da au-
la, eu só penso no estado em que vou sair da-
quela bicicleta, no melhor estilo Jerry Lewis, que
sai carregado de uma aula de ginástica em um
de seus filmes. Mas o final foi tranquilo e saí da
academia me sentindo em forma.
A segunda atividade foi uma aula de Iyen-
gar Yoga, na Gestos. A técnica foca em uma
consciência corporal mais profunda, com o uso
de alguns acessórios, como blocos de madeira,
cordas, cadeira e almofadas especiais. A aula
não tem música e durante uma hora e meia,
a professora Denise Resende orienta e explica
cada exercício nos mínimos detalhes em um
ritmo tranquilo, porém intenso. Apesar do tem-
po longo, o resultado é positivo e nada como
um bom alongamento para começar bem o dia.
Agora esqueça tudo o que você leu acima.
Piloxing, na Bodytech, mistura boxe, pilates e
dança, necessariamente nesta ordem. Com o
som nas alturas, você tem que acompanhar o
professor em moto contínuo, pulando, dando
socos no ar e fazendo coreografias. Ele até avi-
sa que vai manter o ritmo acelerado, mas quem
quiser pode ir no seu tempo. A turma segue fre-
neticamente, e eu, sem coordenação, achando
graça (fazer o quê?). Não há correção de postu-
ra, não há orientação. É seguir pulando, socando
e dançando. Ao final, você tem a sensação de
que poderia encarar outra aula nesse ritmo. Cin-
co minutos depois, porém, a endorfina baixa e
você entende que tudo é um jogo de cena para
você manter esse pique ad eternum.
Teste de esforço de Christina Martins
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Entrar em forma é ótimo quan-
do se coloca a saúde como
prioridade, e o verão carioca
continua sendo pretexto para
uma força-tarefa na academia.
Beleza pura. É preciso endure-
cer o bíceps, mas sem perder a
ternura – se é que o caro leitor
me entende. Ou a ideia é pas-
sar a estação sem o prazer de
comer bem, abdicando de ins-
tituições como o rango restau-
rador do pós-praia?
Relaxe após o supino e pense, por exemplo, nas
brincadeiras permitidas pelo bufê do Avenca. A ca-
sa cor de laranja da Pacheco Leão mescla sabor e
saúde em pratos como a abobrinha recheada com
frango ao curry, o filé de peixe ao molho de palmi-
to, e legumes grelhados ao óleo de gergelim para
escoltar (R$ 68 o quilo).
O antigo boteco Tocão, como já percebeu o
morador atento, renasceu Bingo, restaurante de
cozinha brasileira 'moderna', com o toque re-
quintado do chef Isaías Neries. O menu especial
de almoço tem pratos como
a lasanha sem massa, feita
de legumes como abobri-
nha, brócolis e cenoura (R$
38). À noite, há potinhos co-
mo o de gnocchi de taioba
ao molho de tomate assado
e alho (R$ 25).
Por sua vez, o Bibi Sucos
traz,além da coleção de fru-
tas batidas, opções como o
omelete de clara com ricota,
espinafre, tomate e orégano
(R$ 23), e recuperadores de
energia, a exemplo do biju
de tapioca com batata doce,
mel e castanha de caju (R$ 15,30).
Para fazer bonito no Rubaiyat longe das carnes
vermelhas, peça as entradas preparadas em carri-
nhos que encostam na mesa: o carpaccio de vieiras
com azeite cítrico de mostarda (R$ 34) ou o tartar
de atum com tomate e azeite extravirgem (R$ 37).
Por falar no frugal, o capítulo de saladas do
Empório Jardim vale a visita. Por lá, a boa pedida
é a de triguinho com tomate cereja, queijo feta,
azeitona preta, rúcula e pinoli (R$ 33,50). O ro-
dízio japonês do Japa B, a imbatíveis R$ 54 no
almoço, entra na lista de levezas com a escolha
certeira de pratos como o ceviche de peixe do
dia, o tartar de salmão, o sunomono com kani e
os sushis variados.
Notícia fresca e oportuna: depois do Carnaval, o
bairro mais gostoso do Rio vai ganhar um restau-
rante de comida crua que promete ser único na ci-
dade. Sem fogão e com carta de vinhos 'naturais',
de produção orgânica, o Ró vai ocupar uma antiga
casa na Pacheco Leão. Saúde.
Pedro Landim é editor da revista Gula
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Sabores do Jardim Saúde à mesa
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Ciência e cultura no PlanetárioAstronomia, horta orgânica e passeios compõem a
agenda da colônia de férias do Planetário da Gávea,
de 23 a 29 de janeiro. As crianças de 6 a 10 anos
são divididas em duas turmas de cinco dias cada.
Elas podem ficar o dia inteiro ou apenas meio pe-
ríodo. Contato e inscrições por e-mail (feriasnopla-
[email protected]) ou por telefone (96907-2480 /
2220-5243).
Colônia de férias no LunáticoEm sua 19ª edição, a colônia Arte nas Férias oferece,
entre 11 e 29 de janeiro, atividades de teatro, acro-
bacia de solo e acrobacia aérea. As crianças de 3 a
11 anos são agrupadas em turmas de até dez alunos.
Contatos e informações pelo e-mail: contato@espa-
colunatico.com.br
Educação com recreação
Também de 11 a 29 de janeiro, a colônia de férias
da Gato Mia acontece no espaço da escola Tabladi-
nho. Entre as atividades, estão teatro, música, ar-
tes, culinária e banhos de mangueira. A garotada é
dividida em dois grupos – de 4 a 6 anos e de 7 a
10. É possível participar apenas um dia ou nas três
semanas. Mais informações pelo telefone, site e
facebook: (21) 2239 9459 / www.gatomia.com /
www.facebook.com/gatomiarj.
Arte no parque
Se durante o ano nem sempre dá para incluir aulas
de arte na agenda das crianças, aproveite as férias
para iniciá-las ao tema na Escola de Artes Visuais do
Parque Lage. Este mês, a colônia Arte no Parque está
sendo comandada por Daniela Seixas, Jacqueline Sia-
no e Nena Balthar, com atividades em sala de aula ou
nas áreas externas do parque até 29 de janeiro. Com
12 integrantes, no máximo, as turmas são organizadas
em dois grupos: de 4 a 6 anos e de 7 a 9 anos. Os par-
ticipantes podem se inscrever em uma ou mais sema-
nas. Mais informações: http://eavparquelage.rj.gov.
br/ensino/programa-de-formacao/cursos-de-ferias/.
Upa, cavalinho!A colônia de férias
da Hípica, como
não poderia dei-
xar de ser, pro-
move o contato
das crianças com
os cavalos. Volta-
das para a turma
de 3 a 9 anos, as
atividades aconte-
cem em dois turnos, do dia 5 ao dia 29 de janeiro.
Informações: 2156-0190 ou [email protected].
Férias Colônias FO
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Um pé no Jardim BotânicoO americano
Michael Kepp,
há mais de 30
anos no Rio
de Janeiro – x?
deles no JB –,
acaba de lançar
o livro “Um pé
em cada país”.
Em suas crôni-
cas, evidencia
as qualidades
e defeitos dos brasileiros que só quem não é daqui
consegue perceber, como a generosidade do povo e
a dificuldade de assumir responsabilidade por seus
atos. No mais, ele garante que ninguém fica mais
triste do que ele quando o Brasil perde uma partida
de futebol para a Argentina.
Memória de botequimO livro “Memória afetiva do botequim carioca”, de
Paulo Thiago de Mello e Zé Otávio Sebadelhe, reúne
verbetes de 26 estabelecimentos do passado, ainda
em comemoração aos 450 anos do Rio de Janeiro.
Com prefácio do jornalista Sérgio Cabral e apresenta-
ção do compositor Aldir Blanc – dois boêmios de car-
teirinha –, o livro traz também histórias e anedotas de
alguns frequen-
tadores ilustres
de botecos, co-
mo Noel Ro-
sa, Pixingui-
nha, Paulinho
da Viola, Chico
Buarque, Viní-
cius de Mora-
es, Tom Jobim,
além dos par-
ceiros Roberto e
Erasmo Carlos.
Livro em quadrinhosO livro “Os qua-
drinistas” traça o
perfil dos mais
importantes no-
mes das histó-
rias em quadri-
nhos brasileiras
da atualidade,
passando por
três gerações.
Aficcionado pelo
gênero, o jorna-
lista Télio Nave-
ga mostra a evolução do mercado nacional e revela
dados importantes da biografia de autores como Mau-
rício de Sousa, Laerte e os novatos Vitor e Lu Cafaggi.
Para se sentir cariocaHá mais de du-
as décadas, o
livro “How to
be a carioca” fi-
gurou entre os
presentes fa-
voritos para os
gringos que
queriam enten-
der os cariocas.
Lançado no final
do ano passado,
“Meu livro do Rio” tem tudo para assumir o posto,
mesmo que escrito em português. Sem pretensão de
ser definitiva, a publicação é uma espécie de alma-
naque da cidade, com curiosidades, dicas, listas, ex-
pressões e espaço para anotações dos leitores. Com
ilustrações de Bruno Drummond, o Jardim Botânico
está devidamente representado. Pudera, o autor é o
jornalista e morador do bairro Luiz André Alzer.
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Chega de notícia ruim, falta de moral, de ética e
de pessimismo. Vamos começar 2016 abraçando
o portal “Eu vejo beleza”, que reúne iniciativas
positivas de gente de bem. Lançado em outu-
bro de 2015 pela jornalista Karla Rondon Prado,
o site teve rápida repercussão graças a relatos
pessoais de colaboradores e suas histórias inspi-
radoras, especialmente aquelas ligadas à econo-
mia colaborativa e à sustentabilidade.
Com mais de 20 anos de experiência em
grandes jornais do Rio de Janeiro, Karla é mo-
radora do Jardim Botânico, e suas crônicas valo-
rizam as coisas simples da vida. Seu “Manifesto
do bem” foi publicado integralmente no portal,
e suas frases estão sendo desmembradas em
forma de cartões digitais para movimentar as
redes sociais e mostrar para todo mundo que
amor, solidariedade e gentileza merecem virar
manchete em todas as mídias.
- Quem é bom precisa mostrar a cara e com-
partilhar! O portal “Eu vejo beleza” está pre-
sente no Facebook, no Twitter, no Instagram,
no Snapchat e no Pinterest, minha rede favo-
rita – explica a jornalista, que está formando
um grupo para preparar a primeira Conferência
Internacional do Bem, cuja realização será no
segundo semestre deste ano.
www.euvejobeleza.com.br.
CIDADANIA Eu vejo beleza B
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Em fevereiro, a rua Jardim Botânico despe-se do seu
trânsito diário e, por duas semanas, veste a fantasia
de principal avenida dos blocos carnavalescos do
bairro. Os desfiles momescos começam na manhã
do domingo que antecede a folia, com o Suvaco do
Cristo descendo a rua Faro, e fecham com o bloco
Vagalume, O Verde, na terça-feira gorda, fazendo o
cortejo até a praça do Jockey. Na linha do “concen-
tra, mas não sai”, o Último Gole faz sua tradicional
roda de samba no Parque dos Patins, no fim da tar-
de do último dia de carnaval.
Os três blocos,
juntos, reúnem qua-
se 80 mil pessoas
na região, uma res-
ponsabilidade e tan-
to. Em encontro mar-
cado para conversar
sobre o futuro do
carnaval, João Avel-
leira, do Suvaco do Cristo; Carlos Lisboa, do Último
Gole; Hugo Camarate e Roberto Fonseca, ambos do
Vagalume, falaram sobre a história dos blocos que
fundaram, público, segurança e carnaval, de uma
maneira geral. Todos concordaram que não existe
nenhuma receita mágica para arrastar multidões,
mas, para João, o mais importante é o bloco ser o
mais democrático possível, sem corda, sem área
VIP, mas com toda a segurança necessária para a di-
versão dos foliões: “O maior problema de um bloco
é o sucesso. Quando o bloco fracassa, ninguém fala
nada. Mas quando faz sucesso, todo mundo quer
aparecer, ganhar camiseta etc”, brinca João.
Com 20 anos de circuito, o Suvaco do Cristo é o
bloco mais antigo e experiente da região. Começou
em 1985 fazendo um trajeto que passava pela rua
Jardim Botânico e ia até a Força Jovem, comunidade
do Horto, ao lado do Clube dos Macacos. Ao longo
dos anos, o bloco alterou seu trajeto, ficou super-
lotado e precisou reinventar-se. A partir de 2001,
mudou o perfil de seu público e o horário de desfile.
Atualmente, sai na manhã de domingo, da esquina
da rua Faro, e segue até a Praça do Jockey, arras-
tando 40 mil foliões.
Para Hugo Camarate, o carnaval virou um evento
e precisa ter um esquema profissional. “Quando o
Vagalume surgiu, em 1995, no Caxinguelê, era bem
diferente, um bloco formado por vizinhos e amigos.
Muita coisa mudou, mas conseguimos manter o
apoio da comunidade e o clima de amizade, sem
roubo, nem violên-
cia”, assegura Beto
Fonseca, diretor de
bateria do bloco.
Segurança e dis-
crição regem o Úl-
timo Gole, uma ro-
da de samba criada
na Praça Pio XI, em
1999. Com o sucesso de público, o bloco acabou
sendo transferido para o Parque dos Patins, na La-
goa, há três anos. Para Carlos Lisboa, o importante é
ter os amigos por perto: “O UG nunca pretendeu ser
um bloco, somos uma roda de samba, feita por ami-
gos de uma vida. Quando isso acabar, a gente para”,
ressalta. Tanto assim que o bloco não esperou a co-
munidade se manifestar quando seu público pulou
de 100 para 5.000 pessoas. Temos uma relação de
carinho e respeito com a praça. Não seria justo impor
tal crescimento aos moradores”, garante.
Para o futuro, eles não fazem muitos planos. O
Suvaco segue com o seu formato atual, que, na
opinião de João, é mais confortável. “Quero que o
bloco continue a me proporcionar diversão ao lado
dos amigos”, assume, sendo apoiado pelos compa-
nheiros foliões, que pensam da mesma maneira.
Entrevista Blocos
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O recém-lançado livro “Memória afetiva do bote-
quim carioca” revela a relação entre os bares e
seus frequentadores fiéis. Pena que tenha deixado
de fora registros “afetivos” do Jardim Botânico. Para
nossa sorte, o saudoso morador Pauli-
nho Lima sempre esteve atento a essa
demanda etílica na região e registrou em seu blog
www.bloghetto.com.br, em abril de 2014, alguns
estabelecimentos que marcaram o bairro, como o
Bar dos Contentes, na esquina das ruas Jardim Bo-
tânico e JJ Seabra. Ele relembrou o Marimbondo,
colado à ABBR, “o dos porrinhos com segurança.
Qualquer imprevisto era só entrar na porta do lado”;
o Marmita (atual Vitória Régia), “onde comemorei
meus 50 anos, ponto de poetas e cineastas do bair-
ro”; e o Bar da Ponte (pizzaria do Zona Sul), de onde
saía o bloco carnavalesco Cacareco.
Entre os resistentes, ainda temos o Flor do Horto,
“boteco de nome mais bonito”, romanceava; ou o
Filé de Ouro, que teria ganhado fama “por culpa do
Boni que um dia por lá passou e descobriu o me-
lhor filé do Rio”. Sem falar do mais conhecido, o Joia
Carioca, ou melhor, “meu Bar Jóia”, como Paulinho
costumava se referir ao estabe-
lecimento onde mantinha lugar
cativo, em pé, no balcão. O bar
mudou de nome, deu uma repa-
ginada na decoração e bombou
como ponto de encontro de vá-
rias gerações e cenário de con-
fraternizações da AMA-JB, por exemplo.
Um dos botequins do bairro mais badalados
atualmente, o bar Rebouças, na Maria Angélica,
tem sua turma fiel, capitaneada por Jards Macalé
e Toni Platão, figurinhas fáceis do local a qualquer
hora do dia, todos discípulos do misto de chef
e garçom Jorginho. Pertinho dali, na esquina da
Frei Leandro, o Sonho Lindo é bastante frequen-
tado pelos cozinheiros e outros funcionários dos
restaurantes de seu entorno. Já o Gente Bem, na
Visconde da Graça, boteco das antigas que foi
remodelado, mantém o endereço na vanguarda
etílica do bairro. Sinal de que os bares ainda são
ótimos lugares para encontrar os amigos e se jo-
gar conversa fora. Vai uma gelada aí?
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ALAMEDAS De bar em bar
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Ilustre Morador
O ano de 2016 vai ser diferente para o jornalista Sid-
ney Rezende. Depois de 19 anos trabalhando na Glo-
bonews, ele deixou a equipe em novembro, embora
seu contrato termine apenas em fevereiro. Desde o
final do ano, Sidney tem se dedicado exclusivamente
a seu portal de notícias, o SRZD. Sidney atribui a saída
da emissora a dois motivos: idade e salário. “A empre-
sa tem o direito de mandar embora. Eu não vejo ne-
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Com essa metáfora, Sidney demonstra identificação
com a vida comunitária e as atividades nas ruas e pra-
ças, características de seu estado natal, Mato Grosso
do Sul. Para ele, o bairro é discreto e educado, e de-
vemos cuidar para preservar isso. O clima provinciano
que atrai tanta gente interessante para cá pode dimi-
nuir sensivelmente se houver uma mudança do olhar.
A construção de grandes empreendimentos imobiliá-
rios comerciais e o tráfego intenso na principal via do
bairro são ameaças constantes.
nhum problema nisso”, afirma.
Com a agenda menos aper-
tada, Sidney tem ido a pé de
casa para o escritório, na Gá-
vea, aproveitando o tempo e
o caminho para descobrir re-
cantos e curiosidades do bair-
ro que, há 12 anos, escolheu
para morar. “O Jardim Botânico
é um lugar para curiosos, que
guarda segredos por trás de
cada muro, grade ou portão. É
preciso ter tempo para explorar
todas as suas belezas. Da rua,
a gente vê apenas uma parte
de lugares incríveis, como o
Jardim Botânico do Rio de Ja-
neiro e o Parque Lage. Até bem
pouco tempo, aliás, o muro do
primeiro, na rua Pacheco Leão,
escondia uma paisagem mara-
vilhosa”, lembra.
- O JB recebe as pessoas de
fora em sua grande varanda e
acolhe dentro de casa os mo-
radores daqui.
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- A questão da mobilidade é muito importante.
Uma linha de metrô poderia diminuir o impacto do
grande número de carros que circula por aqui. Não
queremos que o Jardim Botânico passe a ser um bairro
de passagem – adverte.
Sidney sabe que, ao utilizar os serviços e frequen-
tar os endereços do bairro, contribui para o desenvol-
vimento saudável da região. Ele costuma almoçar no
bar e restaurante Joia Carioca, que, em sua opinião,
reúne os três fatores fundamentais para o sucesso de
um estabelecimento desse tipo: boa comida, aten-
dimento atencioso e preço justo. Ele gosta também
da Escola do Pão e ainda quer descobrir o sabor das
cozinhas mexicana no Guacamole e peruana no La
Carioca. Entre as recomendações, indica os serviços
do barbeiro Pedro, entre as ruas General Garzon e
Saturnino de Brito. Para ele, falta um substituto para
a livraria Ponte de Tábuas, capaz de estimular o lado
cultural do JB.
As instituições do bairro são verdadeiros tesouros.
Além dos parques, ele observa que o Jardim Botânico
– incluindo parte da Lagoa e do Horto – é um dos bair-
ros com maior quantidade de clubes. Apesar de não
ser amante de atividades físicas, Sidney reconhece a
importância delas para a saúde e o bem-estar. Atual-
mente, faz esteira e musculação no Clube Militar antes
de voltar para casa.
Os 30 anos de carreira são marcados por desafio e
inovação. Foi assim, quando entrou a Roquete Pinto e
conseguiu a proeza de empurrar a rádio do último para
o quinto lugar do dial. Foi assim também quando foi
convidado para integrar a primeira equipe da rádio CBN
e ao estrear como o primeiro âncora da Globonews.
No ano passado, Sidney lançou o livro “Ah, se eu
fosse presidente”, em que pessoas – ilustres ou não –
foram convidadas a contar o que fariam diante de tal
situação. Entre os temas levantados pelos entrevista-
dos, educação, saúde e reforma política foram os mais
abordados. Mas e se o Sidney Rezende fosse prefeito
do Rio de Janeiro, o que ele faria pelo Jardim Botânico?
- Em primeiro lugar, buscaria equilíbrio entre as
grandes obras e pequenas ações. Depois, a partir de
conversas com a comunidade, faria uma lista de prio-
ridades. Por último, cumpriria a lista – enumera ele,
que acredita no diálogo, no plantio de árvores e no
nivelamento do asfalto como ações transformadoras.
- É preciso criar proximidade com pessoas multipli-
cadoras e estimular a cultura da construção por meio
da educação. Para manter uma vida comunitária sau-
dável, temos que desarmar o espírito.