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IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FUNGOS
HIPERPARASITAS DE Asperisporium caricae
JANIELI MAGANHA SILVA VIVAS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
FEVEREIRO – 2014.
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FUNGOS HIPERPARASITAS DE Asperisporium caricae
JANIELI MAGANHA SILVA VIVAS
Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Orientador: Prof. Silvaldo Felipe da Silveira.
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ FEVEREIRO – 2014.
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FUNGOS
HIPERPARASITAS DE Asperisporium caricae
JANIELI MAGANHA SILVA VIVAS
Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Aprovada em 11 de fevereiro de 2014. Comissão Examinadora: ________________________________________________________________
Prof. Olinto Liparini Pereira (D.Sc., Fitopatologia) – UFV
________________________________________________________________ Vicente Mussi Dias (D.Sc., Produção Vegetal) – UENF
________________________________________________________________ Ricardo Moreira de Souza (Ph.D., Plant Pathology) – UENF
________________________________________________________________ Prof. Silvaldo Felipe da Silveira (D.Sc., Fitopatologia) – UENF
Orientador
ii
AGRADECIMENTOS
A Deus, por sua presença forte e constante em minha vida;
A todos os meus familiares, em especial, aos meus pais Maria Rita Maganha
Silva e Ely Ferreira Silva pelo apoio, pela oração constante e por torcerem sempre
por minha felicidade e realização. À minha irmã Juliete Maganha Silva, que
sempre esteve ao meu lado como uma verdadeira companheira inseparável;
Ao meu esposo Marcelo Vivas, pelo companheirismo, comprometimento e
incentivo;
Ao meu orientador, Professor Silvaldo Felipe da Silveira, pela oportunidade, pela
confiança e por todos os ensinamentos, além do grande incentivo;
Ao professor Olinto Liparini Pereira, por ceder seu laboratório para condução das
análises filogenéticas, além da colaboração no processo de elaboração e
execução dos trabalhos;
Ao Pós-doutorando Danilo Batista Pinho, pelo auxílio ímpar na condução das
análises filogenéticas, além das conversas e dos conselhos para melhoria do
trabalho;
iii
A Vicente Mussi Dias e Ricardo Moreira de Souza, pela participação na banca e
colaboração para a melhoria do trabalho;
Aos Colegas de Laboratório, pela amizade e convivência;
A FAPERJ, pela concessão da bolsa de mestrado;
A Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro e ao Centro de
Ciências e Tecnologia em Agropecuária, pela oportunidade de realização do
curso.
iv
SUMÁRIO
RESUMO ....................................................................................................... vi
ABSTRACT ................................................................................................... viii
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 01
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 04
2.1. Cultura do mamoeiro .............................................................................. 05
2.2. Pinta-preta do mamoeiro ........................................................................ 05
2.3. Medidas de controle da pinta-preta ........................................................ 07
2.4. Controle biológico ................................................................................... 09
3. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 14
3.1. Obtenção de isolados e isolamento monospórico................................... 14
3.2. Caracterização cultural, morfológica e identificação dos isolados ......... 16
3.3. Crescimento micelial dos hiperparasitas e esporulação em diferentes temperaturas...................................................................................................
17
3.4. Antibiose in vitro: compostos voláteis e não voláteis que possam inibir a germinação de esporos de A. caricae......................................................... 18
3.5. Microscopia ótica da interação entre A. caricae e isolados hiperparasitas ................................................................................................ 19
3.6. Hiperparasitismo in vivo sob condições de telado................................... 19
v
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 21
4.1. Caracterização cultural e morfológica e identificação ............................ 21
4.2. Crescimento micelial dos hiperparasitas e esporulação em diferentes temperaturas ..................................................................................................
35
4.3. Antibiose in vitro: Compostos voláteis e não voláteis que possam inibir a germinação de esporos de A. caricae ........................................................ 41
4.4. Microscopia ótica da interação entre A. caricae e isolados hiperparasitas ................................................................................................ 46
4.5. Hiperparasitismo in vivo sob condições de telado .................................. 48
5. CONCLUSÃO GERAL .............................................................................. 54
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 56
vi
RESUMO
VIVAS, Janieli Maganha Silva M. Sc., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Fevereiro de 2014. Identificação e caracterização de fungos hiperparasitas de Asperisporium caricae. Orientador: Prof. Silvaldo Felipe da Silveira.
A pinta-preta do mamoeiro causada pelo fungo Asperisporium caricae,
apresenta expressiva importância, pois é uma doença que provoca danos no
desenvolvimento da planta pela redução de área foliar fotossintética e pelas
lesões nos frutos, tornando-os inadequados à comercialização. A cultura do
mamoeiro é hoje dependente da pulverização de fungicidas, principal medida de
controle da pinta-preta. Há, portanto, necessidade de se buscar controle
alternativo sustentável, como o controle biológico. Diferentes autores relataram
fungos hiperparasitas colonizando sinais de A. caricae, entretanto, alguns relatos
são pouco sustentados cientificamente e a maioria deles compreende trabalhos,
que não comprovam o micoparasitismo, tampouco avaliaram o potencial dos
fungos hiperparasitas no biocontrole de A. caricae. No presente trabalho
objetivou-se: obter, identificar e caracterizar diferentes isolados hiperparasitas;
conduzir testes in vitro para avaliar o efeito de metabólitos voláteis e não voláteis
que possam inibir a germinação de esporos, analisar a interação entre o patógeno
A. caricae e fungos hiperparasitas; e, avaliar in vivo o potencial dos diferentes
isolados obtidos quanto à capacidade de colonizar lesões de A. caricae. Foram
obtidos 24 isolados de fungos a partir de sinais do patógeno de amostras de
folhas oriundas de diferentes regiões do Brasil, sendo: 10 isolados pertencentes
vii
ao gênero Hansfordia (destes um isolado de Pseudocercospora no quiabeiro, um
isolado de Cladosporium em jiloeiro e oito isolados a partir de A. caricae em
mamoeiro); 11 isolados pertencentes ao gênero Acremonium (destes um de
Pseudocercospora em quiabeiro e 10 isolados de A. caricae em mamoeiro); dois
pertencentes ao gênero Lecanicillium (obtidos de ferrugem do café) e um
pertencente ao gênero Simplicillium (obtido de ferrugem no Jasmim-manga). Em
sua maioria, os isolados de fungos hiperparasitas apresentaram maior
crescimento micelial e esporulação em temperaturas amenas, entre 20 e 25 °C.
Em estudo de antibiose in vitro, não se constatou, nos isolados testados, ação de
composto volátil sobre a germinação de conídio de A. caricae. Por outro lado, há
evidências de antibiose por compostos não voláteis. Os isolados I-608, I-616, I-
600, I-611, I-612, I-604, I-623 e I-617 foram os que mais reduziram a germinação
conidial de A. caricae nos testes de antibiose por difusão em meio de ágar.
Evidências de micoparasitismo direto a tubos germinativos de A. caricae foram
observadas para os isolados pertencentes aos gêneros Lecanicillium,
Simplicillium e Acremonium (à exceção dos isolados I-609 e I-621 de
Acremonium), e compreenderam colonização associada e penetração das hifas
hiperparasitas no tubo germinativo do patógeno. Já os isolados de Hansfordia
diferiram na frequência e na intensidade de colonizar externamente o tubo
germinativo A. caricae, mas não se observou invasão. Em casa de vegetação, os
isolados de I-614, I-608, I-611, I-615 (isolados de Hansfordia) apresentaram
maiores médias de incidência de lesões de pinta-preta hiperparasitadas. Conclui-
se haver potencial da implementação do biocontrole da pinta-preta do mamoeiro,
pela aplicação de fungos hiperparasitas, como medida complementar de controle,
visando à redução do inóculo do patógeno, em um contexto de manejo integrado
ou agricultura orgânica.
viii
ABSTRACT
VIVAS, Janieli Maganha Silva M. Sc., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. February, 2014. Identification and characterization of fungal hyperparasites Asperisporium caricae. Advisor: Prof. Silvaldo Felipe da Silveira.
The black spot of papaya caused by the fungus Asperisporium caricae has
a significant importance as it is a disease that damages the development of the
plant by reducing photosynthetic leaf area and lesions on fruit, making them
unsuitable for marketing. The papaya crop is now dependent on the spraying of
fungicides, the main measure to control black spot. There is therefore need to
seek sustainable alternative approaches, such as biological control. Different
authors reported hiperparasites fungi colonizing A. caricae signals, however, some
reports are poorly supported scientifically and mostly comprises works that do not
prove mycoparasitism nor assessed the potential of hiperparasites fungi in
biocontrol of A. caricae. In the present study we aimed to: obtain, identify and
characterize different isolates hiperparasites; lead in vitro to evaluate the effect of
volatile and non-volatile metabolites that inhibit spore germination, analyze the
interaction between pathogen and A. caricae hiperparasites fungi; and evaluate in
vivo the potential of different isolates for their ability to colonize lesions of A.
caricae . We obtained 24 isolates of fungi from signs of the pathogen from leaf
samples from different regions of Brazil, with 10 isolates belonging to the genre
Hansfordia (these Pseudocercospora an isolate of okra in one isolate of
Cladosporium in S. gilo eight isolated from A. caricae on papaya); 11 isolates
ix
belonging to the genus Acremonium (one of these Pseudocercospora to okra and
10 isolates of A. caricae on papaya); two belonging to the genus Lecanicillium
(obtained from coffee rust) and one belonging to the genus Simplicillium (got rust
in Jasmine manga). Most of the isolates showed higher hiperparasites fungi
mycelial growth and sporulation in mild temperatures, between 20 and 25 ° C. In a
study of in vitro antibiosis not found in isolates tested volatile compound action on
the germination of conidia of A. caricae. Moreover, there is evidence for antibiosis
non-volatile compounds. The I- 608 , I- 616 , I- 600 , I- 611 , I- 612 , I- 604 , I- 623
and I- 617 isolates were most reduced conidial germination of A. caricae in
antibiosis tests for diffusion through agar. Direct evidence of mycoparasitism the
germ tubes of A. caricae were observed for isolates belonging to the genera
Lecanicillium, Simplicillium and Acremonium (except the isolated I- 609 and I- 621
Acremonium), and comprised associated colonization and penetration of hyphae
in hiperparasites germ tube of the pathogen. The isolates from Hansfordia differ in
the frequency and intensity of colonizing the germ tube externally A. caricae but no
invasion was observed. In the greenhouse, isolates from I-614, I- 608, I-611, I-615
(isolates Hansfordia) showed higher incidence of early blight lesions
hiperparasited . It follows the implementation of biocontrol potential of early blight
of papaya by applying hiperparasites fungi as an additional control measure aimed
at reducing pathogen inoculum, in a context of integrated or organic farming
management there.
1
1. INTRODUÇÃO
O mamoeiro (Carica papaya L.) é uma das fruteiras tropicais de maior
importância no Brasil. O Brasil é o segundo maior produtor e o terceiro maior
exportador da fruta. O mamão é a sétima fruta “in natura” mais exportada no País,
sendo cultivado em cerca de 30mil hectares, que estão concentrados nos estados
do Espírito Santo, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte (AGRIANUAL, 2011).
A cultura do mamoeiro é vulnerável ao ataque de inúmeros fitopatógenos.
Dentre estes, o fungo Asperisporium caricae (Speg.) Maubl., agente causal da
pinta-preta. A pinta-preta é uma das doenças mais comuns na maioria das
regiões tropicais e subtropicais onde se cultiva o mamoeiro, tais como: África,
Austrália e Oceania, sul e sudeste da Ásia (ex: Índia) e nas Américas Central e do
Sul (Liberato et al., 2007). A doença apresenta expressiva importância
econômica, pois provoca danos ao desenvolvimento da planta, pois reduz a
superfície fotossintética da folha, devido ao grande número de lesões necróticas e
de coloração escura. Nos frutos, embora os sintomas sejam superficiais, as
lesões os tornam inadequados à comercialização, predispondo-os a podridões na
pós-colheita (Rezende & Martins, 2005).
Devido à frequência com que ocorre e os danos que causa, a pinta-preta
exige muitas aplicações de fungicidas para o seu controle. Porém, o controle
exclusivamente químico repercute negativamente nas exportações. Ademais, o
uso intensivo de agrotóxicos oferece riscos de contaminação ambiental (solo e
água), de alimentos e dos animais, dos agricultores e dos consumidores. Além
2
disso, patógenos, pragas e plantas invasoras desenvolvem comumente
resistência aos agroquímicos, bem como há o surgimento de doenças
iatrogênicas, decorrentes de desequilíbrios fisiológicos e no sistema radicular.
Também, o uso de fungicidas ocasiona a eliminação de organismos benéficos e a
redução da biodiversidade da micobiota do solo, dentre outros efeitos indesejados
(Bettiol & Morandi, 2009).
Atualmente o interesse por métodos alternativos de controle está alterando
o cenário agrícola, para favorecer a conservação e o uso sustentável dos
recursos biológicos. Políticas internacionais demandam fortemente alternativas
para os agrotóxicos. Dentre as alternativas ao uso de fungicidas químicos
convencionais na agricultura, o controle biológico é amplamente discutido. O
controle biológico consiste na redução da soma de inóculo ou das atividades
determinantes da doença (crescimento, infectividade, virulência, agressividade e
outras qualidades do patógeno, ou processos que determinam infecção,
desenvolvimento de sintomas e reprodução) provocada por um patógeno, pelo
uso de um ou mais organismos antagônicos, que não o homem (Cook & Baker,
1983).
O controle biológico tem sido apontado como um método promissor para
minimizar o uso de agrotóxicos e promover a proteção das culturas, pois se
baseia em procedimentos ambientalmente corretos que podem fazer parte de um
sistema de controle integrado de doenças (Grigoletti Junior et al., 2000; Slininger
et al., 2003). Dentre os fungos empregados no controle de doenças de plantas,
espécies de Trichoderma encontram-se entre as mais estudadas e utilizadas
mundialmente (Benítez et al., 2004). Estudos de controle biológico utilizando
fungos também têm sido feitos com os gêneros Dicyma (considerados por muitos
como sinônimo de Hansfordia) (Mitchell et al. 1987, Warwick, 2007), Acremonium
(Warwick, 2001, 2007), Penicillium (De Cal et al. 1990; Larena et al., 1996;
Moreira et al., 2008), Clonostachys (Valdebenito-Sanhueza et al., 1997; Morandi
et al., 2003; Nobre et al., 2005, Morandi et al., 2007; Silvera-Pérez et al., 2010) e
Gliocladium (Tarantino et al., 2007), dentre outros.
Diferentes autores encontraram fungos colonizando lesões da pinta-preta
do mamoeiro, Rhinotrichum glossypinum (Charles, 1940), Sclerospora sp. e
Verticillium sp. (Adikaram & Wijepala, 1995); Cephalosporium (Silva et al., 1999);
Dicyma sp. e Acremonium sp. (Vivas et al. 2011). Estes relatos reforçam a
3
hipótese de que a pinta-preta pode ser controlada biologicamente. Entretanto,
alguns destes relatos são pouco sustentados cientificamente e a maioria
compreende trabalhos incontínuos, publicados em resumos ou anais de
congresso. Além disso, há possibilidade de um mesmo fungo ter sido classificado
diferentemente por mais de um autor, justificando a tentativa de identificar em
nível de espécies os fungos de lesões de pinta-preta do mamoeiro. Sendo assim,
embora os fungos tenham sido relatados parasitando lesões de pinta-preta, não
há nenhum trabalho que comprove o parasitismo, tampouco que avalie o seu
potencial para biocontrole de A. caricae. Desta forma, o trabalho visa buscar
alternativas para se controlar o fungo A. caricae, patógeno que vem se
constituindo em um dos principais problemas para a cultura do mamoeiro no
Brasil.\Os objetivos desse trabalho foram: i) obter em cultura pura isolados de
fungos hiperparasitas de A. caricae a partir de lesões de pinta-preta do mamoeiro
e em outros patossistemas; ii) identificar e caracterizar os diferentes isolados
obtidos; iii) conduzir testes in vitro para avaliar a presença de metabólitos voláteis
e não voláteis que possam inibir a germinação de esporos de A. caricae; iv)
avaliar a influência da temperatura sobre o crescimento micelial e a esporulação
dos isolados obtidos; e, v) avaliar in vivo o potencial dos diferentes isolados
quanto à capacidade de colonizar lesões em folhas de mamoeiro ocasionada por
A. caricae, sob condições controladas, bem como selecionar isolados
hiperparasitas mais promissores.
4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Cultura do mamoeiro
O mamoeiro (Carica papaya L.), espécie pertencente à Classe
Equisetepsida, Ordem das Brasscales, Família Caricaceae é uma das fruteiras
mais comuns em quase todos os países da América Tropical. Há relatos de que
este foi descoberto pelos espanhóis na região compreendida entre o sul do
México e o norte da Nicarágua (Serrano & Cattaneo, 2010). Após a descoberta, o
mamoeiro foi amplamente distribuído em várias regiões tropicais e subtropicais,
estendendo-se a 32° de latitude norte e sul, com possível introdução no Brasil em
1587 (Serrano & Cattaneo, 2010). A cultura desenvolve-se de maneira satisfatória
em locais com temperatura média anual de 25ºC, com limites entre 21ºC e 33ºC,
e precipitação pluviométrica de 1.500 mm anual bem distribuída.
A fruta é fonte importante de papaína, enzima proteolítica de ação
semelhante à da pepsina e tripsina, empregada para os mais variados usos na
indústria têxtil, farmacêutica, de alimentos e de cosméticos. Das folhas, dos frutos
e das sementes é extraído também um alcaloide denominado carpaína, utilizado
como ativador cardíaco. Além disso, o mamão é boa fonte de cálcio e excelente
fonte de pró-vitamina A e de ácido ascórbico (vitamina C), sendo o teor deste
último aumentado com a maturação do fruto (Trindade, 2000).
Segundo a FAO (2011), a produção mundial de mamão representa 10% da
produção mundial de frutas tropicais, girando em torno de 8 milhões de
toneladas/ano, das quais 39% são produzidas na América Latina e no Caribe. O
mamão é a sétima fruta “in natura” mais exportada no país, sendo cultivado em
5
cerca de 30 mil hectares, que estão concentrados nos estados do Espírito Santo,
Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. Atualmente, o Brasil é o segundo maior
produtor mundial, ficando atrás somente da Índia, e o terceiro maior exportador da
fruta (AGRIANUAL, 2011). No entanto, o potencial brasileiro de exportação do
mamão é muito grande, visto que as variedades produzidas no país são
compatíveis com a demanda do mercado externo (Cruz, 2008).
Um dos problemas relacionados à pequena capacidade de exportação do
mamão brasileiro é a falta de certificação que ateste a qualidade das frutas e a
forma pouco sustentável como elas foram produzidas. Exigências dessa natureza
têm sido feitas pelo Mercado Comum Europeu, principal comprador do mamão
brasileiro, bem como pelo mercado norte-americano (Cruz, 2008).
2.2. Pinta-preta do mamoeiro
A cultura do mamoeiro foi relatada como hospedeira de
aproximadamente 171 diferentes espécies de fungos (Nishijima & Zhu, 2004).
Dentre esses, o fungo Asperisporium caricae (Speg.) Maubl, agente causal da
pinta-preta, constitui-se a doença fúngica de expressiva importância econômica,
pela depreciação do aspecto comercial da fruta e pela exigência de muitas
aplicações de fungicidas para o seu controle (Santos Filho et al., 2007; Nishijima
et al., 1994). O fungo pode incidir sobre folhas e frutos de Carica papaya,
raramente em Carica chilensis (= Vasconcellea chilensis) (Caricaceae) (Ellis &
Holliday 1972 Crous & Braun, 2003).Santos & Barreto (2003) relataram perdas de
30% na comercialização de frutos de mamão em São Paulo. Segundo Liberato &
Zambolim (2002), plantas muito afetadas podem perder de 50 a 60% de suas
folhas em um período de dois a três meses, e a incidência da doença em frutos
pode atingir quase 100%.
A primeira descrição da pinta-preta no Brasil foi realizada por Maublanc
(1913), no Estado do Rio de Janeiro. Ela se tornou uma das doenças mais
comumente observadas tanto em pomares comerciais quanto em plantios
domésticos. O patógeno encontra-se disseminado na maioria das regiões
tropicais e subtropicais do globo incluindo a Argentina, Austrália, Ilhas Bermudas,
Colômbia, Cuba, El Salvador, Flórida, Índia, Jamaica, Japão, Quênia, México,
Peru, Porto Rico, Ilhas Salmão, África do Sul, Sri Lanka, Tanzânia, Venezuela e
6
Zimbábue (Liberato et al., 2007). Os mesmos autores relataram a ocorrência de
pinta-preta nos E.U.A. e Canadá.
O primeiro nome dado ao fungo, agente causal da pinta-preta, foi dado por
Spegazzini com Cercospora caricae Speg. em 1886. Ao longo dos anos foram
ocorrendo mudanças na nomenclatura como, Epiclinium cumminsii Massee, 1898,
Scolecotrichum caricae Ellis & Everh., 1892, Fusicladium caricae (Speg.) Sacc.,
1902, Pucciniopsis caricae Earle, 1902, até esse fungo ser nomeado
Asperisporium caricae (Speg.) Maubl., em 1913, sendo esse nome aceito
atualmente (Sivanesan, 1990).
A. caricae é considerado um fungo biotrófico, baseado na dificuldade de
seu cultivo e esporulação in vitro. Quanto à posição taxonômica A. caricae
pertence ao Reino Fungi, ao Filo Ascomycota, à Classe Dothideomycetes, à
Subclasse Dothideomycetidae, à Ordem Capnodiales, à Família
Mycosphaerellaceae (INDEX FUNGORUM, 2014). No entanto, alguns aspectos
taxonômicos do gênero Asperisporium são controversos, tais como a
comprovação de Mycosphaerella caricae Syd. & P.Syd como teleomorfo. Estudos
recentes mostram que A. caricae não é anamorfo de M. caricae, tratando-se de
espécies distintas (Silva, 2010).
Asperisporium caricae é um hifomiceto que produz conídios uni ou
bicelulares escuros, em esporodóquios formados por conidióforos curtos, escuros
e densamente agrupados. Lesões secas, sem esporos assumem coloração cinza
e parda, principalmente na face adaxial das folhas, circundadas por estreito halo
amarelo (Ellis, 1971). O fungo apresenta estroma subepidérmico com 60 x 200
µm de diâmetro e 60-80 µm de altura, produzindo conidióforos fasciculados,
eretos e septados com 40-45 µm de comprimento. Os conídios são piriformes ou
oblongos com dimensões de 10-24 x 8-10 µm (Kimati et al, 1997).
A infecção dá-se, comumente, na face inferior das folhas mais velhas,
servindo de fonte de inóculo para o fruto, daí a importância de controlar a doença
primeiramente nelas. Segundo Stevens (1939), o período de incubação da
doença é de oito a dez dias e o período latente de 18 a 21 dias. A doença é mais
severa em períodos chuvosos e em regiões com alta umidade relativa (Adikaram
& Wijepala, 1995; Elder et al., 2000). Nas folhas o fungo desenvolve frutificações
pulverulentas que formam manchas pequenas, geralmente menores do que 4 mm
de diâmetro, circulares, ligeiramente angulosas, de coloração escura.
7
Correspondente à lesão, na face superior, formam-se lesões semelhantes de
coloração pardo-clara envolvidas por uma pequena depressão e um halo amarelo
(Luna, 1986).
Nos frutos os primeiros sintomas são verificados quando estes ainda estão
verdes, na forma de manchas circulares semelhantes às lesões das folhas. O
tamanho das manchas acompanha o desenvolvimento dos frutos, tornado-se
então pretas, salientes, ásperas ao tato e limitando-se à camada superficial da
casca (Liberato et al., 2007). Estas lesões não atingem a polpa do fruto, são
restritas apenas à casca, onde causam um endurecimento na parte afetada,
porém desvalorizam o produto para o comércio, além de reduzir a sobrevida pós-
colheita, a presença de apenas algumas lesões inviabiliza a exportação do fruto.
Devido à grande frequência com que a doença é encontrada no campo
sugere-se que o fungo não tenha problemas de sobrevivência, provavelmente
porque o mamoeiro apresenta folhas suscetíveis durante todo o ano, além de os
conídios poderem ser disseminados pelo vento em longas distâncias. Respingos
de chuva e água de orvalho também contribuem para a disseminação (Rezende &
Martins, 2005). Para a doença as condições favoráveis ao desenvolvimento de
epidemias são de temperatura variando de 25 ºC a 30 ºC e umidade relativa
variando de 80 a 100 % (Suzuki et al., 2007).
2.3. Medidas de controle da pinta-preta
Pela alta frequência com que normalmente ocorre e pelos danos que pode
ocasionar ao mamoeiro, particularmente diminuindo o valor comercial dos frutos,
a pinta-preta constitui um dos mais sérios problemas da cultura (Chiacchio, 1985;
Nishijima et al., 1994; Oliveira & Santos, 2000). Assim, há necessidade de
estudos que visem à adoção de estratégias alternativas para o controle desta
doença.
No sistema de cultivo atual, a pulverização de fungicidas convencionais é
necessária para se garantir a produção do mamoeiro, com reflexos negativos para
a saúde humana, o ambiente e a comercialização. Todavia, o mamoeiro é uma
planta muito sensível a produtos químicos, especialmente fungicidas triazóis em
formulações oleosas, os mais utilizados no combate às doenças foliares causadas
por fungos na agricultura (Liberato, 1999). Somado a isso, o mercado
8
internacional, cada vez mais exigente, estabelece níveis de tolerância de resíduos
de agrotóxico mínimos, com base em métodos analíticos modernos, de alta
capacidade de detecção, similares àqueles utilizados nos exames “antidoping” do
esporte. A recusa de cargas de frutas por presença de resíduos de agrotóxicos é
altamente prejudicial à comercialização, não somente pela perda econômica, mas
principalmente pelo marketing negativo à exportação de frutas tropicais
brasileiras.
Devido aos problemas acarretados pelos agrotóxicos no mamoeiro, há
necessidade da adoção de estratégias alternativas para o controle da pinta-preta
que tenham por finalidade oferecer alternativas para diminuir a dependência dos
agrotóxicos e contribuir para as práticas de agricultura que sejam mais adequadas
às novas exigências de qualidade.
Pesquisas recentes apontam para um cenário de controle alternativo aos
fungicidas por meio de aplicação de indutores de resistência e, ou ativadores de
plantas (Dantas et al 2004, Nascimento et al 2008). Outro produto muito utilizado
na agricultura orgânica é a calda bordalesa, um fungicida protetor à base de cobre
(Paulus et al., 2000), entretanto, tal produto possui certo grau de toxicidade, tanto
para a planta quanto para o ambiente, uma vez que, em excesso, tende acumular
no solo desequilibrando o ambiente através da lixiviação.
O melhoramento genético pela seleção de genótipos resistentes constitui
outra medida alternativa. Esta metodologia baseia-se em uma medida sustentável
de controle da pinta-preta, sendo uma tecnologia de fácil adoção por parte dos
agricultores e sem impactos ao meio ambiente e à saúde humana. Mas, não há
relatos de cultivares que sejam imunes/resistentes a esta doença (Santos &
Barreto, 2003; Dianese et al., 2007; Vivas, 2009, 2012, Vivas et al. 2012).
Outra medida de controle alternativa aos fungicidas é o controle biológico.
No entanto, no que tange ao controle da pinta-preta do mamoeiro, não existem
praticamente pesquisas completas.
9
2.4. Controle biológico
O controle biológico de pragas pode ser definido como a regulação natural
do número de indivíduo de uma população de uma espécie-praga através da ação
de outra população, esta ação pode ser algum mecanismo de antagonismo como;
antibiose, competição, parasitismo, hipovirulência, predação e indução de defesa
do hospedeiro. Tais indivíduos são genericamente conhecidos como agentes de
controle biológico e agem de forma a reduzir a soma de inóculo ou das atividades
determinantes da doença (crescimento, infectividade, virulência, agressividade e
outras qualidades do patógeno ou processos que determinam infecção,
desenvolvimento de sintomas e reprodução) provocada por um patógeno,
realizada por um ou mais organismos que não o homem (Cook & Baker, 1983;
Bettiol, 1991).
Inicialmente o controle biológico foi aplicado para controlar insetos, ácaros,
e ervas daninhas. Com o passar do tempo, seu emprego se tornou mais amplo e
outros invertebrados, patógenos de plantas e mesmo alguns vertebrados
passaram a ser considerados alvos (Parra et al., 2002). Em 1932, o fungo
Trichoderma lignorum (Tode) Harz [Trichoderma viride (Pers)] foi observado
parasitando fungos fitopatogênicos. Este foi o primeiro relato do uso de fungo
como agente de biocontrole de fungos patogênicos, induzindo o início das
pesquisas do uso de micoparasitas para esta finalidade (Adams, 1990).
No Brasil, embora o uso do controle biológico não seja uma prática
generalizada entre os agricultores, há avanços significativos para algumas
culturas. Um exemplo de sucesso consiste no uso de espécies de Trichoderma
Pers., no controle de Fusarium Link, Pythium Nees, Rhizoctonia D.,
Macrophomina Petr, Sclerotinia Fuckel, Sclerotium Tode., Botrytis P. Micheli e
Moniliophthora H.C. Evans, Stalpers, Samson & Benny, nas culturas do feijão, da
soja, do algodão, do fumo, do morango, do tomate, da cebola, do alho, das
plantas ornamentais e do cacau (Bettiol & Morandi, 2009).
Dado à sua ampla gama de hospedeiro, o gênero Trichoderma foi testado
através de pareamento de cultura, produção de metabólitos fixos e produção de
metabólitos voláteis por Almeida (2009), em culturas de Colletotrichum spp.
Cercospora musae e A. caricae, a fim de viabilizar o seu controle biológico. Em
ensaios conduzidos em laboratório, verificou-se que os isolados de T. viride
10
mostraram ampla potencialidade para antagonizar os fungos fitopatógenos
testados. Porém, os resultados obtidos para o fungo A. caricae são questionáveis,
uma vez que o tempo de condução do experimento (7 a 15 dias em BDA), não é
suficientes para o crescimento do fungo A. caricae o que inviabiliza a competição
entre o antagonista e o patógeno. Segundo Oliveira (2005), o fungo A. caricae é
cultivado com dificuldade em meio de cultura artificial no laboratório e, nesta
condição, possui crescimento muito lento com o diâmetro das colônias em dois
meses atingindo apenas 2 mm. À exceção de Almeida (2009), para a cultura do
mamoeiro não há estudos de biocontrole de doenças, o que existem são relatos
de fungo supostamente hiperparasitando lesões de A. caricae: Rhinotrichum
glossypinum (Speg.) Speg (Charles, 1940), Sclerospora J. Schrat. e Verticillium
Nees. (Adikaram & Wijepala, 1995); Cephalosporium Corda (Silva et al., 1999);
Dicyma Boulanger e Acremonium Link. (Vivas et al., 2011).
Dos fungos referidos acima, R. gossypinum foi apenas mencionado como
parasita Charles (1940), em sua revisão o autor não apresenta detalhes da
descrição do fungo encontrado. Quanto aos gêneros Sclerospora e Verticillium
Adikaram & Wijepala (1995) relataram pela primeira vez a ocorrência de pinta-
preta em mamoeiro no Sri Lanka, onde encontraram dois fungos crescendo nas
lesões com A. caricae, os identificando morfologicamente. Segundo os autores, o
papel destes dois fungos não ficou esclarecido, mas sugere alguma forma de
hiperparasitismo.
Lesões de pinta-preta do mamoeiro colonizadas por Cephalosporium sp
foram relatadas em um plantio experimental no município de Seropédica (RJ) por
Silva et al. (1999). Os autores observaram entrelaçamento de hifas do agente
causal da pinta-preta. Também foi feita pulverização de conídios do hiperparasita
sobre lesões de pinta-preta em plantas de mamoeiro e os resultados apontaram
que 60 a 70% das lesões foram colonizadas pelo fungo, aos 15 e 30 dias após a
inoculação. Os resultados observados pelos autores apontam que,
aparentemente, o fungo A. caricae estava sendo controlado, visto que nas lesões
colonizadas não se observou esporulação do patógeno. Entretanto, este trabalho
restringiu-se apenas ao resumo, não tendo continuidade dos trabalhos e tão
pouco maiores detalhes da metodologia utilizada.
Recentemente, Vivas et al. (2011) observaram a ocorrência de folhas de
mamoeiro com lesões de pinta-preta com sinais do fungo hiperparasita (lesões
11
esbranquiçadas). Os autores analisaram as estruturas reprodutivas dos fungos, e
indicaram a presença dos gêneros Dicyma e Acremonium. Espécies dos gêneros
mencionados acima, já estão sendo utilizadas na tentativa de se controlar
doenças em outros patossistemas. Sudo (1989) demonstrou a viabilidade de se
controlar biologicamente doenças da parte aérea em coqueiro, como as lixas-
pequena e grande (Camarotella acrocomiae (Mont.) K.D. Hyde & P.F. Cannon
(syn. = Phyllachora torrendiella (Bat.) Subileau, Renard & Dennet; Sphaerodothis
acrocomiae (Mont.) Arx & E. Müll )) com Acremonium alternatum Link e
Acremonium persicinum (Nicot) N. Gams. Esses antagonistas foram multiplicados
e pulverizados nos talhões de coqueiro afetados pela lixa, cujas plantas estavam
no início da frutificação, época mais prejudicial da doença, e quando o
Acremonium não estava presente. De modo geral obteve-se uma eficiência
superior a 65% com apenas uma aplicação anual dos antagonistas. Os
hiperparasitas foram isolados diretamente dos estromas dos patógenos, sendo,
portanto, um exemplo da viabilidade do método de controle biológico.
Warwick (2001), na tentativa de viabilizar o biocontrole da lixa do coqueiro
através de diferentes formas de aplicação de A. persicinum, concluiu que a
melhor época de aplicação foi nos meses chuvosos, no período da tarde, onde
houve colonização efetiva dos estromas pelo hiperparasita. Warwick (2007),
avaliando os índices de parasitismo de lixa-grande e pequena do coqueiro pelos
fungos hiperparasitas: Acremonium cavaraeanum (Jasevali) W. Gams e
Hansfordia pulvinata (Berk & M.A. Curtis) S.Hugles (Syn. Dicyma pulvinata (Berk
& M.A. Curtis) Arx) observou em laboratório que A. cavaraeanum colonizou todas
as cavidades estromáticas dos fitopatógenos. Por outro lado, o fungo D. pulvinata
não parasitou as partes internas dos estromas, crescendo apenas na superfície
externa do mesmo. O autor relatou em condição de campo um controle parcial
das doenças avaliadas.
Além do gênero Acremonium, espécies pertencentes ao gênero Dicyma
(=Hansfordia) também são relatadas com potencial para o biocontrole. Tal
espécie foi relatada pela primeira vez como um hiperparasita em Isariopsis indica
K.R.G.Nair e em espécies de Cercospora Fresen, na Ìndia (Rathaiah & Pavgi,
1971; Krishna & Singh, 1979). Nos Estados Unidos e na França, D. pulvinata tem
sido alvo de pesquisas para controle da mancha-preta (Mycosphaerella berkeleyi
W.A. Jenkins (syn. Cercosporidium personatum Berk. & M. A. Curtis) Deighton) do
12
amendoim (Arachis hipogea L.) e da cladosporiose – (Passalora fulva (Cooke)
U.Braun & Crous (Syn. Cladosporium fulvum Cooke) do tomateiro (Lycopersicon
esculentum Mill.) (Peresse & Le Picard, 1980; Tirilly et al., 1983; Mitchell et al.,
1987). Tirilly et al. (1983) isolaram um metabólico antifúngico (13-
desoxyphomenome) a partir de culturas líquidas de D. pulvinata obtida a partir de
lesões de C. fulvum em tomate. Watanabe et al. (2003), relataram esse fungo no
Japão, colonizando corpos de frutificações de Aphyllophorales (Basidiomata).
Alderman et al. (2010) relataram D. pulvinata parasitando estroma de Epichloe
typhina (Pers.) Tul. & C. Tul em orchardgrass (Dactylis glomerata L), nos Estados
Unidos. Neste último caso para a avaliação da eficácia de D. pulvinata como
agente de controle biológico de E. typhina, foram conduzidos ensaios em
condições de estufa e de campo. Em ambos os ensaios os efeitos foram
significativos, D. pulvinata reduziu o desenvolvimento de peritécios de E. typhina .
No entanto, em condições de campo os melhores resultados surgiram quando o
inóculo foi aplicado no momento em que os estromas de E. typhina começaram a
surgir, durante a tarde, entre meados de abril e início de maio, quando as
condições de umidade são altas.
Outro exemplo no Brasil é o biocontrole do mal das folhas da seringueira
[(Microcyclus ulei (Henn.) Arx] pela aplicação do hiperparasita D. pulvinata. Este
fungo tem sido apontado como promissor, pois coloniza e destrói as lesões
estromáticas do patógeno e, consequentemente, reduz o desfolhamento das
plantas e a taxa de inóculo em reinfecções (Junqueira & Gasparotto, 1991). No
Brasil, além das avaliações realizadas por Junqueira & Gasparotto (1991),
Rodrigues (2002) conduziu experimentos relativos ao cultivo do fungo em
laboratório, enquanto na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia são
estudados aspectos fisiológicos, morfológicos, moleculares e de patogenicidade,
no intuito de selecionar isolados de D. pulvinata com potencial para o
desenvolvimento de biofungicida (Tavares et al., 2004). Delmadi et al. (2009)
concluíram que em campo, as aplicações com as diferentes concentrações de
fungo, tiveram um efeito de controle semelhante à aplicação de fungicida à base
de benomyl.
Portanto, há possibilidade de se utilizar esta técnica na cultura do
mamoeiro, uma vez que já existem trabalhos relatando a ocorrência de fungos
supostamente parasitando lesões de A. caricae (Charles, 1940; Adikaram &
13
Wijepala, 1995; Silva et al., 1999; Vivas et al., 2011). Entretanto, não há trabalho
que comprove o parasitismo, tampouco que avalie o potencial de biocontrole de
A. caricae por hiperparasitas. Ademais, acredita-se que a classificação de alguns
destes fungos possa ser controversa, o que carece de estudos taxonômicos
aprofundados.
14
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Obtenção de isolados e cultura monospórica
Para coleta e isolamento de fungos potenciais hiperparasitas, folhas de
mamoeiro com lesões de pinta-preta e com sinais do patógeno colonizadas por
hiperparasitas foram coletadas em diferentes localidades. Concomitantemente,
coletaram-se folhas de quiabeiro e jiloeiro que apresentavam sinais de
hiperparasitismo semelhantes aos observados na pinta-preta do mamoeiro, bem
como folhas de cafeeiro e Jasmim-manga com ferrugem hiperparasitada, para fins
de comparação (Tabela 1).
Os materiais coletados foram conduzidos ao laboratório para o preparo de
lâminas das estruturas reprodutivas e pré-identificação dos gêneros fúngicos
presentes, por Microscopia Ótica (MO). Constatada a presença de fungos
hiperparasitas, procedeu-se ao isolamento direto, pela transferência de
propágulos para meio batata-dextrose-ágar (BDA), em placas de Petri, seguindo-
se a incubação a 25±ºC, sob regime de 12 h de fotoperíodo.
15
Tabela 1. Relação dos isolados de fungos potenciais hiperparasitas, local, data da
coleta e substrato (patógeno) de origem.
Código Planta
hospedeira Patógeno Local da coleta
Data da
coleta
A-598
Carica papaya L. Asperisporium caricae Alegre – ES 04/06/2012
S-599
Plumeria rubra L. Coleosporium plumeriae Campos dos Goytacazes - RJ
19/06/2012
H-600
C. papaya A. caricae Alegre – ES 27/06/2012
A-601
C. papaya A. caricae Alegre – ES 23/05/2012
A-602
C. papaya. A. caricae Mimoso do Sul – ES
02/07/2012
A-603
C. papaya A. caricae Linhares - ES 29/12/2012
A-604
C. papaya A. caricae Mimoso do Sul – ES
18/11/2012
H-605
C. papaya A. caricae Pesqueiro - SP 29/12/2012
H-608
C. papaya A. caricae Mimoso do Sul – ES
04/06/2012
A-609
C. papaya A. caricae Campos dos Goytacazes - RJ
12/06/2012
H-610
Solanum gilo Raddi
Cladosporium sp. Mimoso do Sul – ES
12/06/2012
H-611
C. papaya. A. caricae Colatina - ES 26/09/2012
H-612
C. papaya A. caricae Alegre – ES 29/06/2012
H-613
C. papaya A. caricae Campos dos Goytacazes - RJ
23/05/2012
H-614
C. papaya A. caricae Mimoso do Sul – ES
02/07/2012
H-615
C. papaya A. caricae Cachoeiras de Macacu – RJ
18/11/2012
A-616
C. papaya A. caricae Alegre – ES 27/06/2012
A-617
C. papaya A. caricae Cachoeiras de Macacu – RJ
21/11/2012
A-618
C. papaya A. caricae Mimoso do Sul – ES
29/06/2012
A-619
C. papaya. A. caricae Mimoso do Sul – ES
26/09/2012
L-620
Coffea arabica L. Hemileia vastatrix Mimoso do Sul – ES
30/06/2012
A-621
Abelmoschus esculentus L.
Pseudocercospora abelmoschi
Campos dos Goytacazes - RJ
12/06/2012
L-622
C arabica H. vastatrix Alegre – ES 03/07/2012
H-623
A esculentus P. abelmoschi Campos dos Goytacazes - RJ
12/06/2012
Código dos isolados representado pela letra inicial A=Acremonium, H=Hansfordia, S=Simplicillium e L= lecanlicillium
16
As culturas puras obtidas foram submetidas a isolamentos monospóricos
com o intuito de se garantir a pureza genética para fins de identificação. Neste
procedimento esporos diluídos em gota de água estéril foram espalhados em
meio de ágar 2%, sob lâmina, com alça de Drigalsky, seguindo-se de incubação
em câmara úmida, a 25ºC, fotoperíodo de 12 h. Sob microscópio óptico, esporos
recém-germinados foram transferidos para meio BDA em placas de Petri. As
culturas foram mantidas em tubos com BDA a 10ºC (Dhingra & Sinclair, 1995),
bem como utilizaram outros métodos de conservação em água (Castellani, 1939)
e óleo mineral (Sherf, 1943).
3.2. Caracterização cultural, morfológica e identificação dos isolados
Observaram-se dois gêneros fúngicos em A. caricae: Hansfordia e
Acremonium. Para caracterização de fungos do gênero Acremonium o meio
padrão utilizado foi o meio de malte (MEA) e o meio de BDA para avaliação do
crescimento micelial após 10 d de incubação. Para os isolados de Hansfordia
utilizou-se apenas BDA.
Das culturas dos isolados com 10 d de incubação em BDA a 25ºC,
fotoperíodo de 12 h, foram observados: o aspecto visual da colônia, a coloração
de frente e verso da colônia, o aspecto do micélio e a forma da margem das
colônias.
Para a visualização das estruturas fúngicas, efetuaram-se microculturas em
meio de BDA sobre lâmina de microscopia. Sobre a cultura colocou-se lamínula e
incubou-se em câmara úmida. Após 48 h o fungo se desenvolveu na parte inferior
da lamínula, as quais foram analisadas diretamente sob o microscópio ótico.
A partir de preparações em lâminas em ácido lático, com corante azul-de-
algodão, foram efetuadas 30 medições micrométricas das estruturas reprodutivas
(corpos de frutificação, conidióforos, conídios e demais estruturas), sob aumentos
variados de 100 a 1000X, ao microscópio Nikon E-400, munido de ocular
micrométrica e câmera integrada a microcomputador. Para identificação em nível
de gênero, recorreram-se às referências da área de Micologia e Taxonomia de
fungos (Ellis, 1971; Barnett & Hunter, 1972; Carmichael et al., 1980; Ellis, 1980;
17
Sutton, 1980; Ainsworth et al., 1973; Dennis, 1978; Hawksworth et. al., 1995;
Seifert et al., 2011).
O isolado de ferrugem do jasmim manga, S-599, e os isolados de ferrugem
do cafeeiro, L-620 e L-622, não foram caracterizados em cultura e identificados
em nível de espécie, por não serem encontrados infectando naturalmente
pústulas de pinta-preta em mamoeiro, fugindo ao escopo deste trabalho. Mas,
foram incluídos nos testes de antibiose e hiperparasitismo, para se avaliar a
especificidade ao hospedeiro dos fungos hiperparasitas.
3.3. Crescimento micelial dos hiperparasitas e avaliação da esporulação em
diferentes temperaturas
Foi retirado com o auxílio de um furador discos de 7 mm da borda da
colônia de culturas puras dos isolados em BDA, com 5 d de incubação,
fotoperíodo de 12 h. Os discos foram depositados no centro de placas de Petri
contendo meio de BDA e em seguida, incubados em B.O.D. sob regime de luz de
12 h de fotoperíodo, a diferentes temperaturas (15, 20, 23, 25, 27 e 30 ºC). O
ensaio foi instalado em blocos casualizados com quatro repetições (placas) para
cada isolado.
Avaliou-se após 10 d de incubação o crescimento radial das colônias,
medindo-se o diâmetro médio das colônias em dois sentidos ortogonais. Avaliou-
se também a produção de conídios em discos de 7 mm de diâmetros nas
diferentes temperaturas. Para tal, com o auxílio de um furador, disco de 7 mm de
diâmetro foram retirados da região mediana das colônias e mergulhados em 1ml
de água com uma gota solução Tween a 20%. Após agitação por 1 min em
agitador de tubos, retirou-se com pipeta a suspensão e procedeu-se a contagem
em câmara de Neubauer.
Os dados de crescimento micelial e esporulação nas diferentes temperaturas
foram submetidos à análise de variância, com delineamento em blocos
casualizados, sob arranjo fatorial (6 temperaturas x 10 isolados). As variáveis
significativas pelo teste F da análise de variância foram submetidas à análise de
regressão linear. Para determinar a temperatura ótima ou o ponto de máximo
18
crescimento micelal e esporulação, foi realizada a derivada de primeira ordem da
equação de segundo grau ajustada por regressão (método dos quadrados
mínimos).
3.4. Antibiose in vitro: Avaliação de compostos voláteis e não voláteis que
possam inibir a germinação de esporos de A. caricae
Devido à dificuldade de se cultivar A. caricae em meio de cultura, por este
patógeno apresentar crescimento micelial muito lento (Oliveira, 2005), os testes in
vitro foram realizados avaliando-se a germinação do conídio de A. caricae.
Para avaliar a ação de componentes voláteis, sobre a cultura de cada
hiperparasita com 10 d de crescimento em meio de BDA, à temperatura de 25 ºC
e fotoperíodo de 12 h, foi colocado um suporte (fragmentos de ágar), acima deste
foram postas lâminas de vidro contendo disco de ágar de 7 mm, sendo
posteriormente adicionada uma suspensão de 104 conídios.ml-1 de A. caricae
sobre os discos. A placa de Petri de cada hiperparasita foi vedada
hermeticamente com parafilme e conduzida até a B.O.D. onde permaneceu até o
momento da avaliação.
Para o estudo da antibiose por compostos não-voláteis, os isolados foram
cultivados sobre papel celofane esterilizado sobreposto ao meio de BDA em placa
de Petri. Após10 d de crescimento, à temperatura de 25 0C e fotoperíodo de 12 h,
o papel celofane foi retirado da superfície do meio e descartado juntamente com a
cultura do antagonista. Disco de 7 mm do meio de BDA, retirado da cultura, na
qual cresceu o hiperparasita foi depositado sobre uma lâmina de microscopia,
sendo posteriormente adicionada uma suspensão de 104 conídios.ml-1 de A.
caricae. As lâminas foram colocadas em placa de Petri e vedadas com parafilme
e incubadas em B.O.D., onde permaneceram até avaliação.
Os ensaios descritos acima foram repetidos uma vez. Tanto para o teste de
componente volátil quanto para o não volátil foi utilizado o delineamento em
blocos casualizados, com 26 tratamentos (24 isolados + 1 controle +1 controle
negativo) e 4 repetições. Como controle, utilizou-se placas sem crescimento de
fungo. Como controle negativo, utilizou-se pré-cultivo do fungo Cladosporium sp,
19
que é considerado um fungo de crescimento rápido, com a finalidade de saber se
há efeito de componente volátil ou se houve efeito de acúmulo de gás carbônico,
procedente da respiração micelial, impedindo a germinação de A.caricae.
Após 24 h de incubação, à temperatura de 25 ºC e fotoperíodo de 12 h, sob
microscópio ótico no aumento de 20x, foram contados em três campos de
visualização, os conídios germinados e não germinados. Estes foram comparados
com a testemunha (meio de BDA sem cultura prévia do antagonista) e com
testemunha negativa. Os dados de germinação dos conídios de A. caricae na
presença de componentes voláteis e não-volátil foram submetidos a análises de
variância, com arranjo em fatorial. Quando constatado efeito significativo foram
conduzidos teste de comparações de média (Scott-knott a 0,05 de probabilidade)
utilizando-se o programa Genes (Cruz, 2013).
3.5. Microscopia ótica da interação entre A. caricae e isolados hiperparasitas
A fim de se verificar o parasitismo direto e a interação entre os fungos
(hiperparasitas x A.caricae) foi realizado um ensaio de co-cultivo em microcultura
(meio de ágar-água em lâminas de microscopia). Após a solidificação do meio,
suspensões de 104 conídios.ml-1 do hiperparasita e de A. caricae foram
depositadas sobre meio de Ágar água em lâminas, seguindo-se a incubação em
câmara úmida, em placas de Petri, à temperatura de 25 ºC, durante 24, 48 e 72 h,
sob fotoperíodo de 12 h.
Analisou-se ao microscópio a ocorrência de crescimento direcionado e
associado das hifas, a penetração do tubo germinativo pelas hifas dos
hiperparasitas, bem como as alterações nos padrões de crescimento do
patógeno, na presença e ausência dos prováveis isolados hiperparasitas.
3.6. Hiperparasitismo in vivo sob condições de telado
Os fungos hiperparasitas foram inoculados em folhas de mudas de
mamoeiro apresentando sintomas de pinta-preta e sinais de A. caricae, sob
condições de telado. Para isso, mudas de mamoeiro cv. Golden, suscetíveis à
20
pinta-preta (Vivas et al., 2012), com seis meses após transplantio foram
pulverizadas adaxialmente com suspensão de 105 conídios.ml-1 dos fungos
hiperparasitas.
Instalaram-se dois experimentos, o primeiro em julho e o segundo em
novembro de 2013, delineados em blocos casualizados, com 25 tratamentos (24
hiperparasitas e testemunha – aspersão com água) e três repetições. A parcela
experimental constituiu-se de uma planta por vaso, previamente inoculada com o
patógeno, pela atomização adaxial de folhas com 105 esporos por mL, seguindo-
se de incubação em viveiro telado com irrigação por aspersão (mist) intermitente
diurna.
Para avaliações, considerou-se apenas 10 cm da extremidade apical
(nervura central) de cada quinta folha do ápice para a base. Foram avaliados: (i) o
tempo médio em dias para aparecerem à colonização das estruturas de A. caricae
pelos hiperparasitas (lesões hiperparasitadas e recobertas por esporulação
branca, sinais dos fungos aplicados); (ii) a incidência (%) de lesões brancas,
hiperparasitadas, avaliadas aos 15 dias após inoculação. Os dados foram
submetidos à análise de variância, com arranjo em fatorial. Quando constatado
efeito significativo, conduziram-se teste de comparação de médias visando
selecionar os isolados mais promissores quanto à capacidade de colonizar lesões
de pinta-preta. Todas as análises foram realizadas utilizando o programa Genes
(Cruz, 2013).
21
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização cultural, morfológica e identificação dos isolados
Os isolados estudados no presente trabalho foram classificados e
encontram-se descritos em três grupos, conforme gêneros identificados e tipos de
patossistemas. Os isolados obtidos de mamoeiro e quiabeiro, foram classificados
em dois gêneros hifomicetos, segundo características morfológicas dos
conidióforos e conídios, a saber Hansfordia e Acremonium. Os isolados de jiloeiro,
foram identificados no gênero Hansfordia. Os isolados obtidos de ferrugens, nas
plantas de Jasmim-Manga e Cafeeiro, foram classificados em dois gêneros, já
conhecidos hiperparasitas em ferrugens: Lecanicillium e Simplicilium.
Isolados de H. pulvinata
O primeiro grupo, formado pelos isolados H-610, H-623, H-600, H-614, H-
612, H-613, H-608, H-611, H-615 e H-605, apresentou crescimento lento em meio
de BDA, atingindo em média 14 mm de diâmetro em 10 dias. Em média os
isolados produziram colônias efusas, de aspecto aveludado e coloração que
variou de cinza-claro a cinza-escuro, tornando-se mais escuras com o passar do
tempo (Figura 1D). Além disso, os isolados apresentam micélio superficial,
septado e ramificado. Conidióforos lisos, mais escuros na base, eretos,
22
ramificados no terço superior, terminados em células conidiogênicas com
ramificações verticiladas, poliblásticas e denticuladas no ápice (Figura 1E e F).
Conídios globosos, lisos, solitários, subialinos, unicelulares e com cicatriz basal
(Figura 1C).
Figura 1 Fungo Hansfordia pulvinata, hiperparasita de A. caricae. (A) sinais de
hiperparasitismo sobre lesões de pinta-preta em folhas de mamoeiro; (B) lesão
hiperparasitada em lupa; (C) Estrutura reprodutiva em microcultura; (D) colônia do
fungo em meio de BDA; (E) conidióforo, (F) dentículo da célula conidiogênica e
(G) conídios do fungo.
23
Os dados morfométricos obtidos para os isolados permitiram enquadrá-los
como sendo H. pulvinata (Berk & M.A. Curtis) S.Hugles (syn. Dicyma pulvinata
(Berk & M.A. Curtis) Arx), e como confirmado por outros autores (Watanabe et
al.,2003; Tavares et al., 2004; Alderman et al., 2010; Park et al., 2010) (Tabela
02). Segundo Deigthon (1972), a variação de tamanho do conídio pode ser
atribuída a variações comumente observadas na espécie, em função da origem
dos isolados e das condições de cultivo.
O fungo Dicyma pulvinata é considerado por muitos autores como
sinônimo de Hansfordia pulvinata. Contudo, alguns autores consideram estas
duas espécies distintas. De acordo com as diferenças apontadas entre estes dois
fungos por Seifert, et al (2011), os isolados obtidos neste estudo pertencem a H.
pulvinata. A espécie hiperparasita, mitospórica, H. pulvinata é considerada
cosmopolita e saprofítica, sendo relatada sobre muitos fungos dematiáceos
principalmente cercosporioides, tais como Cercospora (Hawksworth, 1981), mas
também Passalora fulva em tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) (Peresse &
Le Picard, 1980), e P. personata sobre folha de amendoim (Arachis hipogea L.)
(Mitchell et al., 1986, 1987).
Este hiperparasita já foi relatado sobre Microcyclus ulei em diferentes áreas
de cultivo de seringueira do Brasil, tais como Acre, Amazonas, Bahia, Mato
Grosso, Pará e Rondônia (Mello et al , 2003) e em São Paulo (Furtado & Sridhar,
2004). O fungo também já foi encontrado sobre lixa do coqueiro (Phyllachora
torrendiella) no Sergipe (Warwick, 2007). No entanto, é a primeira vez que esta
espécie é isolada em diferentes regiões dos estados do Rio de Janeiro e Espírito
Santo hiperparasitando pinta-preta no mamoeiro, e nos demais patossistemas
estudados, tais como Cladosporium sp. no jiloeiro e Pseudocercospora
abelmoschi em quiabeiro.
24
Tabela 2. Medidas morfométricas das estruturas reprodutivas de isolados de
Hansfordia pulvinata obtidas de diferentes regiões e patossitemas e medidas
típicas fornecidas por diferentes autores.
Isolado Conidióforo
N=30
Célula Conidiogênica
N=30
Conídio
N=30
Comp.
(µm)
Larg.Base
(µm)
Comp
(µm).
Larg.
(µm)
Diâm.
(µm)
H-610 88,5-324,5 2,0-4,5 9,0-15,0 1,0-3,0 2,5-5,5
H-623 75,5-289,0 3,0-4,5 8,5-16,5 1,5-2,0 3,0-5,0
H-600 102,0-282,0 2,0-4,0 9,5-16,5 1,0-2,5 3,0-5,0
H-614 115,0-236,0 2,0-3,5 9,0-13,0 1,5-2,0 3,0-5,0
H-612 104,0-352,5 2,0-4,0 7,5-16,5 1,5-3,5 3,5-5,5
H-613 112,0-288,0 2,5-4,0 8,0-18,5 1,0-2,5 3,0-5,0
H-608 96,0-261,0 2,0-4,0 8,5-17,1 1,0-2,5 3,0-5,0
H-611 144,5-276,0 2,5-4,5 6,0-14,5 1,5-3,0 3,5-5,5
H-615 110,5-339,0 3,0-5,0 9,5-14,5 1,5-3,0 3,0-5,5
H-605 85,5-351,0 3,0-4,0 7,5-17,0 2,0-3,5 3,5-5,0
W1 200 1,2-3,0 8,0-18,0 1,6-2,0 2,8-6,0
A2 -------- 3-5 ----- ----- 5-7
P3 500 2-4 7-15 2-3.5 4-6
W1, A2 e P3 corresponde, respectivamente às descrições de Watanabe et al.
(2003), Alderman, (2009) e Park et al. (2010).
25
Isolados de Acremonium spp.
Os isolados A-598, A-609, A-604, A-601, A-619, A-618, A-616, A-603, A-
602, A-621 e A-617 foram classificados em Acremonium. Para estes isolados
observou-se maior variação nas características culturais e morfológicas (Tabela 3
e Figuras 2, 3 e 4). Considerando que houve grande variabilidade entre a
morfologia dos isolados, estes serão descritos em grupos separados. Como
características comuns a todos, incluem-se: colônias efusas e com a idade
liberando exsudatos; micélio superficial, hifas septadas, ramificadas,
plectonematogênicas; esporulação abundante. Células conidiogênicas em
monofiálide, lateral ou terminal, ereta, simples, acicular, hialina e lisa; conídios
unicelulares (ameroconidia), hialinos, produzidos em cadeia no vértice de cada
monofiálide (Figura 2).
O gênero Acremonium aparentemente é uma das espécies que incluem
algumas das estruturas mais simples de hifomicetos. Em meio de cultura seu
crescimento geralmente é lento. Possui conídios geralmente pequenos, hialinos
ou pouco pigmentados, de parede fina e lisa, forma esférica ou cilíndrica,
unicelulares e agregadas em falsas cabeças viscosas ou formando cadeias. Com
certa frequência um mesmo isolado pode apresentar falsas cabeças e cadeias
conidiais em cultura. Algumas espécies formam clamidósporos e outras não
produzem clamidósporos (Gams 1971, 1975; Domsch et al., 2007; Perdomo et al
2011).
Cerca de 100 espécies já foram descritas no gênero Acremonium, e
segundo Kirk et al.(2001) estão geograficamente difundidas e registradas em todo
o mundo, em vários substratos. Estudos moleculares têm demonstrado que
Acremonium é polifilético, com espécies pertencendo a diferentes ordens de
Sordariomycetes. Muitas espécies, incluindo a espécie tipo A. alternatum Link: Fr
pertencem à Hypocreales. Outras pertencem à Sordariales e um pequeno grupo à
Família Plectosphaerellaceae, em Glomerellales (Glenn et al., 1996; Zare et al.,
2007; Perdomo et al., 2011; Summerbell et al., 2011).
26
Tabela 3. Medidas morfométricas das estruturas reprodutivas de isolados de
Acremonium spp obtidas de diferentes regiões e patossitemas.
Isolado Fiálide
N=30
Conídio
N=30
Clamidósporo
N=30
Comp.
(µm)
L. base
(µm)
Comp.
(µm)
Larg.
(µm)
Comp.
(µm)
Larg.
(µm)
A-601 16,0-32,0 1,5-2,5 3,0-4,0 1,5-2,0 4,0-9,0 3,0-7,5
A-598 18,0-40,0 1,5-3,0 2,5-4,0 1,5-2,0 3,0-9,0 2,5-6,5
A-621 14,0-48,0 2,0-3,0 3,0-5,0 1,5-2,0 NO* NO
A-602 15,0-25,0 1,5-2,0 2,0-4,0 1,5-2,5 4,5-10,0 4,0-9,0
A-617 19,0-35,5 1,0-2,5 2,5-4,0 1,5-2,0 3,0-6,5 2,5-5,5
A-616 17,0-42,0 1,5-2,0 2,5-4,5 1,5-2,0 3,0-7,5 2,5-7,0
A-604 15,5-34,0 1,5-2,5 3,0-5,0 1,5-2,0 3,0-6,0 2,5-4,0
A-603 17,0-31,0 1,5-2,5 2,5-4,0 1,5-2,0 4,0-7,0 3,0-6,5
A-619 19,5-34,0 2,0-2,5 3,0-5,0 1,5-2,0 3,5-10,5 3,0-9,0
A-618 17,0-38,0 2,0-2,5 3,0-5,0 1,5-2,0 3,0-8,5 2,5–6,0
A-609 18,0-30,0 1,5-2,5 3,0-5,0 1,0-2,0 NO NO
*NO = Não observado
27
Figura 02. Fungo Acremonium spp, hiperparasita de A. caricae. (A) sinais do
hiperparasita sobre lesões de pinta-preta em folhas de mamoeiro; (B) lesão
hiperparasitada em lupa; (C) Estrutura reprodutiva em microcultura; (D) Conídios
produzidos em cadeia; (E) micélio plectonematogênico.
28
Considerando as médias de crescimento micelial, observa-se que os
isolados A-609 e A-621 possuem o crescimento mais rápido, crescendo em média
29 e 31 mm em meio BDA, e 25 e 28 mm em MEA, após 10 dias à temperatura
de 25 ºC (Figura 03 A e B). Estes apresentam micélio aéreo, coloração da colônia
de verso laranja e reverso laranja mais intenso em ambos os meios, conídios
cilíndricos e ausência de clamidósporo (Figura 3 C e D, Tabela 3).
Figura 03. Isolado do fungo Acremonium sp A-609 hiperparasita de A. caricae. (A)
Característica da Frente e (B) do verso de colônia em meio de BDA; (C)
conidióforo; (D) conídios.
29
Os isolados A-601, A-602 e A-603 formaram um subgrupo à parte, com
diferenças na coloração da colônia, o isolado A-601 apresenta coloração cinza-
clara, o A-602 cinza-escuro e o A-603 bege na frente e no verso das colônias.
(figura A – F) Este subgrupo, a uma temperatura de 250C e após 10 d, em meio
BDA crescem de 11 a 18 mm e em meio de MEA cresceram de 6 a 8 mm. Estes
apresentam aspecto da colônia rugoso, micélio com crescimento superficial, o
conídio com formato obovoide, produzem clamidósporo de formato irregular
(Tabela 3, Figura 4 G, H e I).
Por último o subgrupo formado pelos isolados A-598, A-604, A-616, A-617,
A-618 e A-619 cresceram de 10 a 17 mm em BDA e de 4 a 8 mm em MEA,
possuem coloração da colônia branca na frente e no verso de aspecto rugoso a
floculoso. (Figura 5 A e B). Conídios cilíndricos. Produzem clamidósporos de
formato irregular (Figura 5 C,D e E, Tabela 3).
30
Figura 04. Variação morfocultural de isolados de Acremonium sp hiperparasitas
de A. caricae (A) Frente e (B) verso da colônia do Isolado A-601, (C) frente e (D)
verso da colônia do Isolado A-602, (E)Frente e (F) verso da colônia do Isolado A-
603 em meio de BDA; (G) conídio; (H) conidióforo e (I) Clamidósporo isolado A-
603.
31
Figura 05. Isolados A-618 do fungo Acremonium sp, hiperparasita de A.caricae.
(A) Frente e (B) verso da colônia em meio de BDA; (C) conidióforo; (D ) conídio,
(E) clamidósporo
32
Observa-se uma grande diversidade entre os isolados de Acremonium
obtidos neste estudo, o que sugere a existência de mais de uma espécie
envolvida no hiperparasitismo de lesões de pinta-preta no mamoeiro. Delgado
(2011) realizou um levantamento sobre fungos relatados na Nicarágua, onde faz
referência a Gonzáles (1985), relatando a ocorrência do gênero Acremonium
como hiperparasita de pinta-preta no mamoeiro, porém nenhuma informação foi
referida em nível de espécie.
Aventa-se, neste trabalho, a possibilidade de ocorrência de diferentes
espécies relacionadas ao patossistema A. caricae x C. papaya. Todavia, a
identificação de isolados de Acremonium em nível de espécie é muito complicada
devido às poucas características para diferenciar as espécies e o tamanho
diminuto das estruturas fúngicas, neste sentido para uma correta identificação faz-
se necessário recorrer a análises filogenéticas, envolvendo o sequenciamento de
genes conservados tais como LSU, actina e RNA polimerase (Grafenhan et al.,
2011; Giraldo et al., 2012).
Os isolados A-609 e A-621(Figura 03), por não produzirem clamidósporo, e
pelas características culturais e morfológicas, aproximam-se de Acremonium
cavaraeanum (Jasevoli) W. Gams, espécie relatada hiperparasitando lixa-grande
do coqueiro, no Brasil (Warwick, 2001) A. cavaraeanum cresce de 32-33 mm em
meio MEA após 10 d. Suas colônias são de aspecto aveludado, coloração de
verso branco e reverso rosa-violácea; comprimento da fialide; conídios em longas
cadeias, hialinos ou pálidos castanho-amarelados, fusiformes a elipsoides,
ausência de clamidósporos. Ainda as características, dos isolados A-609 e A-
621sobrepõem a outra espécie distinta, Acremonium implicatum J.C. Gilman &
E.V. Abbott W. Gams.
Summerbel (2011) em seu trabalho sobre filogenia de Acremonium e afins,
relata que a espécie descrita como Acremonium implicatum, micoparasita de
Puccinia graminis, não apresentava cultura viável que permitisse sua
identificação. O autor relata ainda a possibilidade de A. implicatum ser Fusidium
terricola JH Mill., Giddens & A. A. Foster. A cultura de F. terricola apresenta
coloração que a princípio é branca, depois bege meio rosado; conidióforo simples,
estreitado em direção à ponta, hifas aéreas, ereto ou procumbentes, fialide 10-33
x 2-3 µm; conídios em cadeias flexuosas muito longas, fusiforme medindo 3-6 x 1-
33
1,5 µm com extremidades agudas, hialino. Não sendo relatada presença ou
ausência de clamidósporo.
Já os isolados A-601, A-602 e A-603 (Figura 04) apresentam
características semelhantes à espécie Acremonium sordidulum Gams, W. 1975.
Acremonium sordidulum micoparasita de Colletotrichum dematium, em meio de
cultura possui coloração branca, tornando-se cinza-esverdeada e aspecto flocoso;
conídio em longas cadeias, fusiforme com extremidade municiosamente truncar
ou periforme com uma extremidade superior ligeiramente arredondada e mais
apiculada na base com largura maior no terço superior, hialino ou levemente
pigmentado. No entanto, esta espécie não possui clamidósporo, o que a difere
dos isolados apresentados acima.
Os isolados A-598, A-604, A-616, A-617, A-618 e A-619 (Figura 05)
apresentam-se semelhantes à Acremonium acutatum Gams, W. Acremonium
acutatum foi encontrado hiperparasitando Cercospora atromarginalis em Solanum
nigrum. Suas colônias são de coloração branca para rosa pálido, aspecto flocoso,
granuloso no centro; conídios medindo em longas cadeias; possuem
clamidósporos. A. acutatum, porém, possui conídios mais ou menos simétricos,
diferentemente dos isolados A-598, A-604, A-616, A-617, A-618 e A-619, os quais
apresentam conídios simétricos.
Estas espécies citadas acima são apenas exemplos que apresentam
semelhanças com os isolados caracterizados neste estudo. Conforme já
comentado, a identificação dos isolados inclusos no presente estudo em nível de
espécies requer o uso de análise filogenética ampla, baseada em marcadores
moleculares, havendo, inclusive a possibilidade de alguns dos grupos de isolados
caracterizados no presente estudo, pertencerem à nova espécie.
Isolados hiperparasitas de Ferrugens
O isolado S-599 apresentou características morfológicas de acordo com as
descritas por Zare & Gams, (2001) para o gênero Simplicillium. Este gênero
possui aspecto cotonoso e coloração que varia do creme ao branco. Fiálides
exclusivamente solitárias, longas e estreitas, surgindo a partir de pares opostos.
Conídios produzidos em pequenas cabeças globosas no ápice das fiálides
34
encontram-se envoltos por uma massa gelatinosa. Os conídios são pequenos,
variáveis na forma podendo ser subglobosos, ovais ou elipsoidais para
subcilíndricos.
O gênero Simplicillium. já foi descrito sobre várias espécies de Pucciniales,
incluindo dentre as plantas hospedeiras cultivadas, o café e a soja (Zare & Gams,
2001 Ward, 2011). Em Plumeria rubra L. popularmente conhecido como Jasmim
manga, é o primeiro relato deste gênero hiperparasitando a Coleosporium
plumariae Pat. Estudos adicionais, para correta identificação em nível de espécie
do isolado de Simplicilium S-599 deverão ser conduzidos, envolvendo
caracterização morfológica e molecular.
Já os isolados L-620 e L-622 apresentaram características morfológicas
semelhantes às descritas por Zare & Gams (2001) para o gênero Lecalicillium.
Este gênero possui aspecto cotonoso e coloração branca-amarelada tênue. O
micélio origina o conidióforo que se caracteriza por apresentar fiálides
pontiagudas, com uma disposição verticiliada. Quanto aos conídios são
produzidos individualmente e agregam nas cabeças ,são elipsoidais para
cilíndricos com extremidades arredondadas, encontram-se envoltos por uma
massa gelatinosa na extremidade da fiálide.
O gênero Lecanicillium já é amplamente conhecido como hiperparasita de
várias ferrugens e, no Brasil, e no mundo a relação foi bastante estudada por
Vandermeer, (2009) Jackson (2012) sobre Hemileia vastatrix Berk. & Broome,
agente causal da ferrugem do cafeeiro. Porém, para confirmação em nível de
espécie, estudos adicionais deverão ser conduzidos, estudos morfológicos e
moleculares.
Zare & Gams (2001), revisando o gênero Lecanicillium e Simplicillium em
um amplo estudo filogenético e morfológico classificaram as espécies em
Cordyciptaceae, a qual inclui fungos micoparasitas e entomopatogênicos..
Segundo estes mesmos autores, estes fungos são um dos agentes mais efetivos
e possuem potencial de utilização no controle biológico, apresentando uma ampla
gama de hospedeiros. São um importante patógeno de homópteros (Grajek, 1994
e Jackson, 2012), além de causar doenças em alguns ácaros e hiperparasitar
fungos patógenos de plantas tais como aqueles causadores de várias ferrugens
(Verhaar & Hijwegen, 1993; Castaldi & Nicoli, 1993, ward, 2011).
35
4.2. Crescimento micelial dos hiperparasitas e avaliação da esporulação em
diferentes temperaturas
As diferenças observadas nos resultados de estudos de hiperparasitismo in
vivo conduzidos em telado, em função da época do ano, sugeriram que os fungos
hiperparasitas diferem entre si quanto às exigências térmicas e, baseando-se
nisto, foram conduzidos ensaios em laboratório, para se determinar o ótimo de
temperatura para crescimento micelial em meio de cultura. Esse é um dado
relevante, tanto para produção de inóculo, quanto para se inferir sobre as
condições ambientais e indicação dos períodos de aplicação dos fungos para fins
de controle biológico.
Observou-se que os isolados de Hansfordia sp. apresentam preferência por
temperaturas amenas, variando de 19 a 22 ºC, tanto para crescimento micelial,
quanto para esporulação. Todos os isolados desta espécie apresentaram
comportamento semelhante em termos de desenvolvimento e esporulação.
Independente do patossistema de origem, local e época de coleta (Tabela 1) não
houve variação na resposta dos isolados nas diferentes temperaturas para
crescimento micelial (Figura 6), confirmando possível similaridade fisiológica dos
diferentes isolados de Hansfordia pulvinata.
A temperatura ótima para o maior crescimento micelial dos diferentes
isolados variou de 21 °C a 22 °C. Todos os isolados apresentaram crescimento
micelial nas temperaturas entre 15 e 27 ºC. Porém, a 30 ºC somente os isolados
H-610, H-613, H-623, H-608, H-611 e H-615 apresentaram crescimento mínimo
em BDA, embora este não ultrapassasse 3,5 mm (Figura 6).
Para os isolados de Acremonium spp., a temperatura ótima para
crescimento micelial variou de 20°C a 25°C. Para a grande maioria dos isolados
(A-618, A-602, A-598, A-604, A-601, A-619, A-616, A-603 e A-617) a temperatura
ótima para crescimento micelial ficou entre 20 e 22 °C (Figura 07). Já para os
isolados A-609 e A-621, a temperatura ótima de crescimento micelial foi de 25 °C.
Nesta temperatura, o crescimento máximo previsto para os dois últimos isolados
foi de 29,5 mm (Figura 7).
36
H-6
10
H-6
13
H-6
23
H
-608
H-6
00
H-6
11
H-6
14
H-6
05
H-6
12
H-6
15
Figura 06. Curvas de crescimento micelial, dos isolados de Hansfordia pulvinata em função da temperatura aos 10 d de incubação, em meio de BDA
37
A-5
98
A-6
16
A-6
09
A-6
19
A-6
18
A-6
01
A-6
02
A-6
21
A-6
03
A-6
04
A-6
17
Figura 07. Curvas de crescimento micelial, dos isolados de Acremonium spp em função da temperatura aos 10 d de incubação, em meio de BDA.
38
Para esporulação também houve interação significativa entre isolados e
temperatura. Os isolados H-608 e H-611, obtidos de lesões de pinta-preta (Tabela
1), apresentaram a temperatura ótima para esporulação de 19°C. Já para os
isolados I-623 (obtido de P. abelmoschi) e H-600, H-612, H-613 e H-605 (obtidos
de lesões de pinta-preta), a temperatura ótima para a esporulação ficou em torno
de 20°C. Enquanto os isolados H-610 e H-614, obtidos respectivamente de
Cladoporium/tomateiro e A. caricae/mamoeiro, apresentaram ótimo de
esporulação a 21°C. O isolado I-615, obtido de pinta-preta do mamoeiro,
esporulou mais em torno de 22°C (Figura 8).
Os isolados A-609 e A-621 não tiveram a produção de conídios afetada
mesmo nas maiores temperaturas (Figura 9). Para estes isolados, não foi possível
propor um modelo que descrevesse a relação entre temperatura e esporulação.
Os isolados A-601 e A-602, também não tiveram a esporulação fortemente
afetada pela temperatura (Figura 9). Entretanto, ao se analisar o crescimento
micelial destes isolados, observou-se que a temperatura entre a faixa de 25 a 30
0C apresentou menor crescimento (Figura 07). Aventa-se, portanto, a
possibilidade da temperatura influenciar pouco a conidiogênese, sendo que a
produção de conídios, mais dependente da massa micelial preexistente, uma vez
que os esporos foram obtidos do centro de colônias aos 10 d, tendo estas,
crescido mais ou menos, em função da temperatura. Possivelmente, ao se avaliar
a quantidade de esporos produzidos por placa, ao invés de se amostrar discos de
culturas já crescidas, o resultado seria diferente. Assim, a temperatura final
influenciaria pouco a conidiogênese, estando esta na dependência direta da
biomassa micelial preexistente (Sales-Campos & Andrade, 2010).
Para os demais isolados observou-se que a temperatura ótima para
esporulação variou de 20 a 22 oC. A temperatura de 20 oC foi a que mais
favoreceu a esporulação dos isolados A-598, A-618 e A-617, enquanto que para
A-616 a temperatura ótima foi de 21oC e para os isolados A-604 e A-603 esta foi
de 22oC (Figura 09).
39
H-6
10
H-6
13
H-6
23
H
-608
H-6
00
H-6
11
H-6
14
H-6
05
H-6
12
H-6
15
Figura 08. Curvas de produção de conídios dos isolados de Hansfordia pulvinata. em função da temperatura aos 10 d de incubação em meio de BDA.
40
A-5
98
A-6
16
A-6
09
A-6
19
A-6
18
A-6
01
A-6
02
A-6
21
A-6
03
A-6
04
A-6
17
Figura 09. Curvas de produção de conídios dos isolados de Acremonium spp. em função da temperatura aos 10 d de incubação em meio de BDA.
41
Os resultados acima evidenciam que a faixa de temperatura ótima para
crescimento micelial e esporulação, para a grande maioria dos isolados
estudados de H. pulvinata e Acremonium spp, foi em temperaturas amenas,
variando entre 20 e 22 oC. A única exceção foi para os isolados A-609 e A-621 de
Acremonium, que apresentaram ótimo crescimento e esporulação a 25oC. De todo
modo, em todos os casos, os ótimos de temperatura foram inferiores a 25 oC,
tanto para crescimento micelial quanto para esporulação, sugerindo que as
condições de verão, com temperaturas médias superiores a 25 oC, não sejam
propícias a aplicação dos hiperparasitas. No entanto, estudos em nível de campo
são necessários para corroborar o observado no presente estudo. Ademais, tem-
se observado que no verão as epidemias de pinta-preta são menos severas.
Embora Suzuki et al. (2008) tenham relatado que a doença ocorre o ano todo até
mesmo à temperatura de 30 oC. Porém, na região sul do espírito Santo e norte do
Rio de janeiro, observa-se uma redução na epidemia de pinta-preta nas
condições de temperaturas elevadas, o que sugere novos estudos nestas
condições.
4.3. Antibiose in vitro: Avaliação de componentes voláteis e não voláteis que
possam inibir a germinação de esporos de A. caricae
Observou-se que não houve diferença estatística entre as médias de
germinação conidial em nenhum dos dois ensaios conduzidos para avaliar a
presença de componentes voláteis (Tabela 4). Portanto, nenhum dos 24 isolados
testados apresentou evidências de produção de compostos voláteis que possam
ter efeito de antibiose sobre a germinação conidial de A. caricae. Observou-se,
contudo, diferenças nas médias de germinação conidial entre os ensaios, o que
pode estar associado às condições ambientais e épocas de coleta dos conídios
de A. caricae.
42
Tabela 4. Médias da porcentagem de germinação de conídios de Asperisporium
caricae em ensaio de produção de compostos voláteis de 24 isolados de fungos
hiperparasitas.
Isolado
% Germinação
Primeiro Ensaio Segundo Ensaio
A-598 29,11 A 40,77 A
H- 608 28,04 A 46,54 A
A-616 32,90 A 44,71 A
A-609 30,98 A 38,97 A
A-619 32,25 A 39,99 A
A-618 29,39 A 42,93 A
S-599 34,76 A 42,69 A
H-600 32,17 A 48,55 A
A-601 24,41 A 39,45 A
H-610 32,51 A 43,23 A
H-611 29,18 A 39,63 A
A-602 30,54 A 40,97 A
H-612 27,30 A 41,91 A
A-603 19,55 A 47,15 A
L-620 24,00 A 45,96 A
H-613 30,36 A 42,57 A
A-604 28,83 A 37,83 A
A-621 25,06 A 40,35 A
H-614 24,80 A 42,00 A
H-623 31,19 A 45,84 A
L-622 25,96 A 47,35 A
A-617 30,40 A 36,54 A
H-605 37,39 A 43,85 A
H-615 36,25 A 39,73 A
Controle negativo (cladosporium sp) 28,85 A 44,06 A
Controle sem fungo 31,47 A 33,49 A
Média 29,52 42,19
CV (%) 24,19 13,90
*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Scott-Knott
(0,05).
43
Por outro lado, verificou-se efeito de antibiose para alguns hiperparasitas,
para componentes não-voláteis, reduzindo a germinação de A. caricae. Nos dois
ensaios repetidos no tempo, observou-se que os isolados H-608, A-616, H-600,
H-611, H-612, A-604, H-623 e A-617 foram os que mais inibiram a germinação
conidial de A. caricae (Tabela 5). Destes, A-616, A-604, e A-617 pertencem a
Acremonium sp., obtidos de lesões de pinta-preta do mamoeiro. Os demais
isolados são de Hansfordia pulvinata. Isolados desta espécie e gênero já foram
relatados em outros patossistemas apresentando antibiose e componentes
antifúngicos. Tirilly et al. (1983) investigando o mecanismo de hiperparasitismo de
H. pulvinata sobre Cladosporium fulvum Cook em folhas de tomateiro
comprovaram in vitro a presença de um composto sesquiterpene, (13-
desoxyphomenome), com ação fungistática.
O gênero Acremonium também produz importantes metabólitos
secundários ativos. Estas substâncias são muito importantes, por apresentarem,
dentre outras atividades biológicas relevantes, ação bactericida, fitotóxica e
anticancerígena (Assante et al., 2005). Entretanto, o uso do gênero Acremonium
como agente de controle biológico deve ser encarado com cautela, uma vez que
há relatos de espécie deste gênero como agentes patogénicos oportunistas em
pessoas imunocomprometidas, assim como doentes com HIV, no caso de
leucemia, após trauma ou queimaduras, transplante de órgãos e outras cirurgias
(Weisenborn 2010). Todavia, a taxonomia destas espécies, inclusive as
micoparasitas de fungos fitopatogênicos, é controversa e merece um amplo
estudo. Ainda, faltam estudos contundentes demonstrando a eficiência de
biocontrole de doenças de parte aérea em plantas por espécies de Acremonium.
No Brasil, por exemplo, existem poucos trabalhos relatando eficiência técnica da
aplicação de Acremonium spp. no biocontrole de doenças em plantas, a exemplo,
na cultura do coqueiro, no controle da lixa-grande e lixa-pequena (Warwick, 2001
e 2007, Sudo, 1989). Mas, até o momento, não há registro de produto formulado à
base de hiperparasitas pertencentes à Acremonium spp.
O teste de componente não volátil conduzido neste experimento demonstra
que um dos modos de ação exercido pelo antagonista é a antibiose - interação
entre organismos, na qual um ou mais metabólitos produzidos pelo antagonista
têm efeito negativo sobre o fitopatógeno, resultando na inibição do crescimento
e/ou germinação (Bettiol, 1991). No entanto, pode-se mencionar que um fungo
44
pode apresentar mais de um mecanismo de ação antagônica, como no caso de
Trichoderma, um fungo que é um agente de controle biológico que pode agir pela
competição por espaço e nutrientes, modificação das condições ambientais,
produção de antibióticos e inativação das enzimas do patógeno, ou mediante o
micoparasitismo direto (Benitez et al, 2004) e, ainda, indução de resistência na
planta hospedeira (Harman et al 2004). Estudos adicionais deverão comprovar
outras formas de ação de fungos micoparasitas em lesões foliares da pinta-preta
do mamoeiro.
45
Tabela 5. Médias da porcentagem de germinação de conídios de A. caricae
submetidos à ação de componentes não voláteis de 24 isolados hiperparasitas da
pinta-preta no mamoeiro.
Isolado
(% germinação)
Primeiro Ensaio Segundo Ensaio
A-598 22.16 C 34.06 C
H- 608 2.21 F 3.94 G
A-616 0.18 F 0.05 G
A-609 8.99 E 10.15 F
A-619 17.67 D 26.01 D
A-618 25.53 C 38.16 B
S-599 28.37 C 39.11 B
H-600 0.00 F 0.00 G
A-601 19.09 D 30.07 D
H-610 9.78 E 20.72 E
H-611 11.16 E 10.13 F
A-602 20.07 D 41.18 B
H-612 2.11 F 2.90 G
A-603 6.20 E 21.72 E
L-620 27.75 C 34.64 C
H-613 22.82 C 13.30 F
A-604 10.01 E 15.81 F
A-621 25.87 C 20.28 E
H-614 16.80 D 19.16 E
H-623 2.30 F 1.53 G
L-622 25.89 C 32.06 C
A-617 0.00 F 0.00 G
H-605 11.56 E 9.92 F
H-615 23.57 C 14.05 F
Controle negativo (cladosporium sp) 43.02 A 49.23 A
Controle sem fungo 34.15 B 40.83 B
Média 16,05 20,35
CV (%) 23,82 19,74
*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Scott-Knott
(0,05).
46
4.4. Microscopia ótica da interação entre A. caricae e isolados hiperparasitas
Após 24 h de incubação, em meio de ágar, ambos, fitopatógeno (A.
caricae) e hiperparasitas, apresentaram germinação satisfatória. Inicialmente, os
antagonistas não apresentaram aparentemente crescimento de hifas direcionado
aos conídios de A. caricae. Porém, após 48 h, observou-se entrelaçamento das
hifas do hiperparasitas ao redor dos tubos germinativos dos conídios de A.
caricae. Às 72 h, os isolados obtidos de ferrugens, de Lecanicillium (L-620 e L-
622), e de Simplicillium (S-599) e Acremonium sp (à exceção dos isolados A-609
e A-621) penetraram nas paredes do tubo germinativo dos conídios do patógeno
(Figura 10 A, B e D).
Observaram-se sinais de degradação de parede celular e os conídios
invadidos entraram em colapso. Já os isolados de Hansfordia diferiram na
frequência e mais claramente diferiram quanto à intensidade de entrelaçar os
conídios de A. caricae, mas, para estes isolados não se observou invasão das
hifas nos conídios e nos tubos germinativos do patógeno (Figura 10 C). O
observado para Hansfordia no presente estudo está em acordo com o relatado
por Peresse & Le Picard (1980). Estes últimos autores observaram que H
pulvinata entrelaça suas hifas nos conídios de seus hospedeiros, matando-os.
Tirilly et al. (1991) afirmam que em continuidade ao processo de micoparasitismo
direto, há também ação de metabólito fungistático sesquiterpeno,
deoxyphomenone (Tirilly et al., 1991).
Lecanicillium e Simplicillium pertencem à mesma família, Cordyciptaceae,
são micoparasitas e entomopatogênicos. Simplicillium lanosoniveum é um
hiperparasita e pode ser encontrado em lavouras de soja, onde são utilizados
como micofungicidas sobre urédias de Phakopsora pachyrhizi (Ward, 2011). O
fungo Lecanicillium (sin. Verticillium lecanii) tem sido estudado com agente de
controle biológico da ferrugem do cafeeiro (Shaw, 1988; Carrion, 2002). A ação
entomopatogênica e micoparasítica de Lecanicillium lecanii foi confirmada por
Jackson et al. (2012), em estudo com Hemileia vastatrix, o qual observaram o
papel regulatório desse antagonista na ocorrência da doença.
Para ocorrência de micoparasitismo direto, a primeira barreira a ser
quebrada no hospedeiro é a parede celular fúngica, que é constituída
primariamente por quitina, proteínas e outros compostos. O envolvimento de
47
enzimas hidrolíticas com capacidade de degradar a parede do fungo hospedeiro
deve ser uma das primeiras características requeridas para o micoparasitismo
(Chet, & Inbar, 1994; Lima et al., 2000). Sendo assim, pode existir uma correlação
entre o potencial antagônico e a secreção enzimática pelo antagonista, refletindo
na eficiência de biocontrole. Todavia, nos estudos de microscopia ótica, a lise da
parede não é facilmente visualizada, devido à extensa colonização pelo fungo
hiperparasita, impedir a resolução da parede celular do fungo sob ataque (Figura
10). O que se observou, nos casos de hiperparasitismo acentuado, para isolados
de Acremonium, Lecanicillium e Simplicillium foi uma extensa colonização ao
redor dos esporos e tubos germinativos pelas hifas dos hiperparasitas.
Figura 10. Entrelaçamentos das hifas dos hiperparasitas ao redor de
conídios e tubos germinativos de A. caricae, sob microscópio óptico, após 72
h de incubação: (A) Simplicillium sp. (isolado S-599); (B) Acremonium sp.
(isolado A-616); (C) Hansfordia sp. (isolado H-613); (D) Lecanlicillium sp.
(isolado L-620)
48
Neste ensaio não foi observada interação dos isolados de Acremonium A-609 e
A-621 com conídios do A. caricae. Vale ressaltar que estes isolados obtidos de A.
caricae e Pseudocercospora, foram alguns dos que mais se diferenciaram
morfologicamente dos demais isolados de Acremonium. Para Lorito (1998), o
micoparasitismo parece ser o mecanismo mais eficiente de antagonismo no
controle biológico natural, pois, os hiperparasitas, por viverem às custas do
patógeno, estão sujeitos às mesmas variações ambientais e dependem das
mesmas condições do organismo parasitado. No entanto, outros mecanismos
podem estar envolvidos na ação destes isolados sobre A. caricae, conforme já
comentado. Ademais, as condições de cultivo in vitro utilizadas na condução
deste ensaio, podem ter influenciado a interação destes hiperparasitas com o
fungo-teste utilizado. Novos estudos, utilizando técnicas de microscopia eletrônica
de varredura, deverão ser conduzidos a fim de elucidar o envolvimento destes
isolados no hiperparasitismo de A. caricae.
4.5. Hiperparasitismo in vivo em condições de telado
Com relação às avaliações in vivo da inoculação de hiperparasitas sobre
folhas de mamoeiro infectadas por A. caricae, houve efeito significativo de todas
as fontes de variação testadas: isolado, período de inoculação e interação entre
estes dois fatores.
Observou-se que, por ocasião da primeira avaliação (julho de 2013), o
número de lesões foliares de pinta-preta foi menor que o observado na segunda
avaliação (novembro de 2013). Parte desta diferença pode ser explicada pelo fato
da umidade do ar, bem com a duração diária de molhamento foliar no segundo
período, terem sido superiores que as do primeiro período de avaliação. No
primeiro período de avaliação, as temperaturas no interior do telado variaram de
17 a 32 ºC, com umidade de 57 a 78%; enquanto que no segundo período, a
temperatura variou de 20 a 30 ºC e a umidade de 64 a 98%. Ademais, antes da
aplicação dos hiperparasitas, as plantas estavam sob as mesmas condições de
incubação, em telado coberto e sob sombrite. Assim, as condições ambientais
afetaram tanto a manifestação dos sintomas da doença, quanto a eficiência dos
hiperparasitas inoculados. Todavia, ao se analisar as médias do número de
49
lesões de pinta-preta (com ou sem sinais de hiperparasitismo), nas duas épocas
de inoculação, não houve diferença entre tratamentos, ou seja, em ambas as
épocas de avaliação os isolados hiperparasitas (tratamentos) foram aplicados em
plantas com quantidades equivalentes de lesões de pinta-preta nas folhas (Tabela
6). O segundo ensaio foi o mais favorável, tanto para o patógeno (A. caricae)
quanto para os hiperparasitas, uma vez que houve maior quantidade de lesões
produzidas pelo patógeno e hiperparasitadas (Tabela 7). Ao analisar as condições
ambientais ocorridas nesta época, observa-se que a temperatura variou de 20 a
30º.C e umidade de 64 a 98%, o que favoreceu tanto o patógeno quanto o
hiperparasita. Tais resultados corroboram observações de campo obtidas por
Suzuki et al. (2007), os quais afirmam que para a pinta-preta as condições
favoráveis ao desenvolvimento de epidemias no campo envolvem temperaturas
variando de 25 ºC a 30 ºC e umidade relativa mais elevada, variando de 80 % a
100 %, no Norte do Estado do Espírito santo, Brasil.
Considerando a incidência de lesões de pinta-preta hiperparasitadas,
observou-se, no primeiro ensaio, que os isolados A-619, A-616, A-602, H-610, H-
623, H-600, H-614, H-612, H-613, H-608, H-611, H-605 e H-615 apresentaram
médias mais elevadas de incidência de lesões de pinta-preta hiperparasitadas. No
segundo ensaio, os isolados A-609, A-603, A-602, S-599, H-623, H-614, H-612,
H-613, H-608, H-611, H-605 e H-615 apresentaram as maiores médias de
incidência de lesões hiperparasitadas. Foi possível assim, identificar isolados
potencialmente promissores para o controle biológico da pinta-preta, notadamente
os isolados de H. pulvinata (H-614, H-608, H-611 e H-615), os quais se
destacaram nas duas épocas de inoculação (Tabela 6). Estes isolados foram
obtidos em diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Há,
portanto, possibilidade de variabilidade entre os mesmos em função de outras
épocas do ano, não avaliadas neste estudo, haja vista, que as condições
climáticas de cada região de origem dos hiperparasitas são bastante distintas.
Quanto aos isolados de Acremonium ssp., embora estes não se
destacaram como os isolados de H. pulvinata, apresentaram potencial de
biocontrole. Alguns isolados de Acremonium spp. produzem clamidósporos, o que
lhes oferece maior vantagem adaptativa e competitiva no ambiente, o que pode
viabilizar sua manutenção e multiplicação massal para fins comerciais, bem como
sua sobrevivência sob condições de campo, a exemplo de outros fungos agentes
50
de biocontrole já consagrados. Dentre espécies fúngicas de sucesso no
biocontrole e capazes de produzir clamidósporos, pode-se citar Lewia
chlamidosporiformans B.S. Vieira & R.W. Barreto, utilizado como micoherbicida
em Euphorbia heterophylla (Vieira e Barreto, 2010); Pochonia chlamydosporia
(Goddard) Zare & Gams utilizadas em programas de controle biológico do
nematoide das galhas, Meloidogyne javanica (Dallemole-Giaretta et al, 2008,
2012) e Trichoderma spp. ,que são utilizadas na promoção de crescimento
vegetal e no controle de diversos fitopatógenos principalmente do solo
(Melo,1998) dentre outros.
Quanto ao número de dias decorridos entre a inoculação e o aparecimento
de sinais de hiperparasitismo, não foi possível conduzir análise estatística, pois
houve isolados que não manifestaram sinais de hiperparasitimos na ocasião em
que se procederam as avaliações. De forma geral, observou-se que na primeira
inoculação, os sinais apareceram entre 8 e 11 d após a inoculação (d.a.i.),
enquanto que na segunda estes apareceram no intervalo de 6 a 9 d. (Tabela 7).
No Brasil, Hansfordia pulvinata (=Dicyma pulvinata) já foi relatada na lixa-
grande e pequena do coqueiro por Warnick (2007). A mesma autora avaliou os
índices de parasitismo pelos fungos, relatando um controle parcial da doença.
Mas, o estudo de maior abrangência sobre H. pulvinata foi como hiperparasita em
lesões do mal-das-folhas da seringueira, causada por Microcyclus ulei. Diversos
trabalhos foram conduzidos comprovando o potencial de H. pulvinata
(=D. pulvinata) no biocontrole de M. ulei, por meio do hiperparasitismo (Junqueira
et al., 1989; Junqueira & Gasparotto, 1991; Rodrigues, 2002; Tavares et al.,
2004). Segundo Junqueira & Gasparotto (1991), D. pulvinata coloniza as lesões
estromáticas, destruindo as estruturas sexuais do patógeno, reduzindo o
desfolhamento das plantas e a taxa de inóculo em reinfecções. Além disso, o
gênero tem despertado interesse, também, no isolamento de novos compostos
terapêuticos para usos medicinais (Vázquez et al., 2003).
51
Tabela 6. Médias do número de lesões da pinta-preta, causadas por
Asperisporium caricae, em folhas de mamoeiro, e incidência de lesões com sinais
de hiperparasitismo, em duas épocas de inoculação (Julho e Novembro de 2013),
em viveiro telado, sob sombrite.
ISOLADOS
Número total de lesões de pinta-preta
Incidência de lesões de pinta-preta hiperparasitada (%)
Primeira Inoculação
Segunda Inoculação
Primeira Inoculação
Segunda Inoculação
A-598 15 A* 89 A 0,00 C 31,69 C
A-609 17 A 57 A 0,00 C 42,59 B
A-604 29 A 103 A 0,00 C 12,07 D
A-601 14 A 80 A 0,00 C 22,07 C
A-619 74 A 81 A 60,18 A 31,90 C
A-618 24 A 86 A 0,00 C 9,64 D
A-616 45 A 118 A 36,37 B 17,77 D
A-603 22 A 95 A 0,00 C 51,22 B
A-602 34 A 88 A 35,21 B 51,91 B
A-621 18 A 87 A 0,00 C 19,07 D
S-599 31 A 115 A 0,00 C 45,84 B
L-622 25 A 82 A 0,00 C 9,52 D
L-620 20 A 99 A 0,00 C 11,17 D
A-617 17 A 101 A 0,00 C 17,26 D
H-610 25 A 74 A 32,28 B 31,50 C
H-623 53 A 90 A 62,55 A 46,59 B
H-600 52 A 114 A 56,01 A 11,93 D
H-614 19 A 120 A 54,09 A 60,39 A
H-612 43 A 110 A 51,61 A 49,22 B
H-613 37 A 110 A 50,68 A 67,52 A
H-608 51 A 155 A 53,66 A 43,42 B
H-611 55 A 58 A 60,28 A 75,46 A
H-605 23 A 149 A 41,82 B 36,24 B
H-615 66 A 88 A 49,76 A 70,25 A
TEST. 47 A 122 A 0,00 C 0,00 D
MÉDIA 34,24 98,84 27,78 34,65
*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Scott-Knott
(0,05).
52
Tabela 7. Número de dias decorridos da inoculação de isolados de fungos
hiperparasitas em lesões da pinta-preta do mamoeiro, causadas por
Asperisporium caricae, até o aparecimento dos sinais de hiperparasitismo, em
duas épocas de aplicação (julho e novembro de 2013), sob condições de telado
sob sombrite.
ISOLADOS Dias para aparecer sinais de hiperparasitas
Época 1 Época 2
A-598 Ns 8
A-609 Ns 8
A-604 Ns 9
A-601 Ns 7
A-619 11 7
A-618 Ns 7
A-616 11 6
A-603 Ns 7
A-602 10 7
A-621 Ns 7
S-599 Ns 6
L-622 Ns 8
L-620 Ns 8
A-617 Ns 9
H-610 8 6
H-623 9 6
H-600 8 6
H-614 8 6
H-612 8 6
H-613 8 6
H-608 8 6
H-611 8 6
H-605 8 6
H-615 8 6
TEST. Ns Ns
ns – não apresentou sinais de hiperparasitismo.
53
Analogamente, o gênero Acremonium apresenta potencial para uso na
agricultura. Diferentes trabalhos relatam o potencial de biocontrole de doenças e
pragas em plantas de Acremonium spp. endófitas (Poling, et al., 2008). Segundo
Azevedo et al. (2000), este gênero pode ser utilizado no controle de insetos
nocivos. Koga et al. (1997) estudaram o efeito em Festuca arundinacea e Lolium
perenne, associada à Acremonium sp. endofítico. Estes autores conseguiram,
transmitir via semente, a capacidade de controlar larvas da praga Parapediasia
teterrella. O fungo Acremonium implicatum foi considerado potente protetor em
Brachiaria spp. e aumentou a resistência de gramíneas tropicais contra ataques
de insetos e patógenos (Kelemu et al., 2002). Acremonium zeae tem sido
caracterizada como espécie endófitica que confere proteção em milho contra
outros fungos e exibe atividade antifúngica (Wicklow, et al., 2005; Poling, 2008).
Trabalhos demonstram o micoparasitismo de A. strictum em Botrytis cinerea
(Choi,et al 2008) e A. furcatum em Aspergillus spp.( Srivastava et al 1981).
No Brasil, o potencial dos fungos hiperparasitas A. alternatum e A.
persicinum como hiperparasitas tem sido avaliado para o controle da lixa-pequena
como da lixa-grande (Kimati et al, 1997, Sudo 1989) Warwick (2001) avaliou a
colonização de estromas de Sphaerodothis acrocomiae, agente causal da lixa-
grande no coqueiro por A. persicinum e concluiu que a concentração de 107
conídios por ml foi a que proporcionou maior colonização no ensaio de campo e a
aplicação de hiperparasitas com melhores resultados foi na estação chuvosa e
quando realizada no período da tarde.
Para Lumsden & Locke, (1989) não basta apenas que o antagonista seja
um potente agente de controle em condições de laboratório. É preciso também
conhecer os fatores ecológicos que podem afetar a permanência e o desempenho
dos antagonistas, para se adotar práticas de manejo adequadas visando
favorecer o controle biológico da doença no ambiente. Com base nisso, estudos
adicionais, sob condições de campo, deverão avaliar não somente a ação dos
hiperparasitas sobre a doença e sua presença nas lesões de pinta-preta, mas
como também deverão determinar as condições que propiciam ao
hiperparasitismo e aumentam a eficiência do controle da pinta-preta do mamoeiro.
Ademais, formulações e formas de aplicação dos agentes de biocontrole carecem
de estudo visando à aplicação na cultura do mamoeiro e em diversas outras
culturas no mundo.
54
5. CONCLUSÃO GERAL
Pelas análises morfométricas e culturais observou-se a ocorrência de ao
menos dois gêneros hiperparasitas de lesões da pinta-preta do mamoeiro,
causadas por Asperisporium caricae: Hansfordia pulvinata, que apresentou menor
variação entre os isolados avaliados e Acremonium ssp, que apresentou maior
variabilidade entre os isolados. Há indícios de ocorrência de mais de uma espécie
de Acremonium associada ao hiperparasitismo de lesões de A. caricae.
A variabilidade dentre os isolados de fungos hiperparasitas estudados
também foi percebida quando se estimou a temperatura ótima para o crescimento
micelial e a esporulação. Observou-se para os isolados de Hansfordia pulvinata,
que temperaturas amenas (em torno de 21 °C) favorecem tanto o crescimento
micelial quanto a esporulação. Para o Acremonium spp., o ótimo de crescimento
micelial varia entre 20 °C e 25 °C. Para os isolados de Acremonium sp., A-609 e
A-621, a temperatura ótima para crescimento micelial foi de 25 ºC e, para os
demais isolados deste gênero, esta foi de 20 ºC a 22 ºC.
Não se constatou entre os isolados estudados, evidência de produção de
compostos voláteis, com ação inibidora da germinação de conídios de
Asperisporium caricae, nas condições experimentais utilizadas. Por outro lado, há
evidências de antibiose por compostos não voláteis. Os isolados H-608, A-616,
H-600, H-611, H-612, A-604, H-623 e A-617 foram os que mais reduziram a
germinação de conídios de A. caricae.
55
Observou-se que os isolados de Lecanicillium, Simplicillium e Acremonium
spp (à exceção dos isolados A-609 e A-621 de Acremonium) entrelaçam suas
hifas e invadem o tubo germinativo de A. caricae. Já os isolados de Hansfordia
pulvinata diferiam quanto à capacidade de entrelaçar hifas nos conídios e tubos
germinativos de A caricae e estes não foram capazes de invadir as hifas e o tubo
germinativo do patógeno, nas condições experimentais.
No teste de aplicação dos hiperparasitas em lesões de pinta-preta do
mamoeiro em mudas sob condições de telado sob sombrite, observou-se que
todos os isolados testados dos quatro gêneros Hansfordia, Acremonium,
Lecanicillium e Simplicillium, foram capazes de hiperparasitar lesões de pinta-
preta, com destaque para os isolados H-614,H-608, H-611, H-615, pertencentes a
Hansfordia pulvinata, os quais foram os mais eficientes. Portanto, há possibilidade
de se utilizar estes isolados no controle biológico da pinta-preta na cultura do
mamoeiro. No entanto, deve-se atentar para o efeito das condições ambientais
afetando o hipeparasitismo, notadamente a temperatura, uma vez que há
evidência de que esta possa atrasar ou mesmo impedir a colonização de lesões
de pinta-preta pelo fungo antagonista.
56
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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diseases. Annual Review of Phytopathology. 28:59-72.
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