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JANETE MARTIN

PARTICIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS NAS INSTÂNCIAS COLEGIADAS

Trabalho de Conclusão de atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional. PDE – 2012

Londrina 2012

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PARTICIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS NAS INSTÂNCIAS COLEGIADAS

Janete Martin

Marleide Rodrigues da Silva Perrude1

RESUMO

Esse artigo discute os resultados de um projeto que teve por objetivo discutir a

participação das famílias nas instâncias colegiadas da escola. Tendo como ponto de

partida um levantamento que foi realizado junto aos pais em uma escola pública da

rede estadual do Município de Londrina, por meio de um questionário semi-

estruturado, buscou-se identificar o conhecimento que os pais detinham referentes

aos espaços de participação na escola. Ao se realizar uma análise das respostas

verificou-se que a maiorias dos pais sabem que existem as instâncias colegiadas,

mas não possuem maiores informações, no entanto demonstraram interesse em

obter maiores informações e de participar desse espaço. Assim por meio de um

grupo de estudos com as famílias, buscou-se discutir o papel das instâncias

colegiadas, suas funções e a importância da participação da família nesses espaços.

Após todas as reuniões os pais concluíram que de fato precisam participar mais da

escola, seja no cuidado com as atividades escolares dos filhos, seja participando de

fato de algum órgão colegiado, para que assim consigam colaborar para que haja

melhoria da qualidade do ensino.

Palavras chave: Gestão escolar, Participação, Família.

1 Docente do Departamento de Educação, orientadora do PDE.

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PARTICIPATION IN THE HOUSEHOLD COLLEGIATE INSTITUTIONS

ABSTRACT

This article discusses the results of a project that aimed to discuss the participation of

families in school collegiate institutions. Taking as starting point fora survey that was

conducted with parents in a public school in the state system in Londrina,

through a semi-structured questionnaire, we sought to identifythe knowledge that

parents held regarding the opportunities for participation in school. When

conducting an analysis of the responses it was found that the majority of parents

know that there are collegiate bodies, but have no further information yet expressed

interest in obtaining more information and to participate in this space. Thus by

a study group with families, we attempted to discuss the role of collegiate institutions,

their functions and importance of family participation in these spaces. After all the

meetings with the parents, they concluded that they actually need to participate

more in school, is in the care of school activities for

children, is actually participating in some collective body, so that they are able to

collaborate so that there is improvement in the quality of education.

Keywords: School management, Participation, Family.

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INTRODUÇÃO

O Projeto de intervenção denominado “Importância da participação

da família na escola”, foi parte integrante das atividades do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE2. O projeto teve por objetivo incentivar a

participação da família nas instancias colegiadas da escola. Para atingir tal objetivo

foi desenvolvido grupos de estudos mensais com as famílias no interior da Escola

que visou discutir o papel das instâncias colegiadas, suas funções dentro da escola

e a importância da participação da família nesses espaços.

Este tema surgiu tendo em vista todo o chamamento que os

governos fazem através das mídias para que a família participe mais da escola, isto

gerava certo incomodo, pois na realidade isto não ocorre, pelo menos não da forma

que seria satisfatório, tendo em vista que a participação certamente exige

envolvimento e os pais não possuem conhecimento necessário sobre as formas

possíveis de efetivar esta participação; e ainda levando em conta que no Estado do

Paraná os pais são convidados a participar até mesmo nas semanas pedagógicas

onde os planos de trabalho docente são realizados pelos professores; cada escola

define de que forma este chamamento aos pais será realizado, mas ainda assim não

se percebe o envolvimento das famílias; portanto, desta realidade surgiu a

necessidade de desenvolver este assunto com os pais.

Para tanto se fazia necessário a aplicação de um questionário para

ter a verdadeira dimensão do conhecimento dos pais a respeito das instâncias

colegiadas que é a forma mais pertinente de participar. Assim a partir de um

levantamento realizado junto aos pais por meio de um questionário semi-

estruturado, buscando identificar o conhecimento que os pais detinham referentes

aos espaços de participação na escola. Considerando os dados coletados e

analisados foi proposto um projeto de intervenção que teve por objetivo oferecer aos

pais, espaço de formação referente ao papel das instancias colegiadas (APMF e

Conselho Escolar), suas funções situando-as no âmbito do da legislação federal e

2 O PDE é uma política pública de Estado regulamentado pela Lei Complementar nº 130, de 14 de julho de 2010

que estabelece o diálogo entre os professores do ensino superior e os da educação básica, através de atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense. Informações disponíveis no http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=20 acesso em 06/07/ 2012

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estadual, enfatizando a importância da participação da família nessas instâncias e

seu papel. Com tal intuito foi realizado grupo de estudos ocorridos no segundo

semestre de 2011 no espaço de uma escola estadual. Para a realização da

intervenção e com o intuito de refletir sobre os avanços e os limites ainda existente

na participação da família na escola, em especial, nas instâncias colegiadas da

escola, buscamos um conjunto de referenciais teóricos que foram necessários para

compreender e amparar o desenvolvimento do trabalho. Nesse sentido discutiremos

a seguir questões referentes à participação da família na escola e na gestão escolar.

Participação da Família na Escola: Elementos a Serem Considerados

Hoje muito se fala em participação da família na escola, este

assunto permeia muitas discussões em todas as instâncias, sejam elas escolares ou

não. Alguns debates que ocorrem principalmente não âmbito escolar ou nas

proposições no âmbito governamental, faz parecer que o fato da família participar

mais ativamente do cotidiano escolar, haveria uma escola de mais qualidade, sem

violência, que a indisciplina naturalmente se extinguiria, porém nós, que fazemos

parte deste processo, uma vez que somos educadores, sabemos que esta análise

não pode ser tão simplista quanto nos parece, precisamos mergulhar em estudos e

pesquisas que já possuem trabalhos nesta área para compreendermos que este

assunto e os problemas que estão em torna da participação da família na escola ou

de sua ausência são bem mais amplos. Carvalho nos lembra que quando se fala

na desejável parceria escola-família e convoca-se a participação dos pais na

educação, sobretudo pelo dever de casa ou tarefas de casa, como estratégia de

promoção do sucesso escolar, não se consideram alguns elementos que para autora

é de extrema relevância tais como:

[...] as mudanças históricas e a diversidade cultural nos modos de educação e reprodução social; as relações de poder entre estas instituições e seus agentes; a diversidade de arranjos familiares e as desvantagens materiais e culturais de grande parte das famílias; as relações de gênero que desestruturam a divisão de trabalho em casa e na escola. (CARVALHO, 2004, p.41)

A autora nos apresenta algumas questões que não podemos

desconsiderar, principalmente acreditando que a família desempenha papel decisivo

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na educação, pois é a partir dela que os indivíduos se relacionam e trocam

experiências, onde seus membros devem encontrar espaço para garantir sua

sobrevivência, desenvolvimento, bem-estar e proteção integral através de aportes

afetivos e materiais.

Não podemos ainda deixar de mencionar que as transições

ocorridas no âmbito cultural, econômico, político e social tem afetado a família de

uma forma, talvez, nunca vista na história, é preciso ter discernimento para lidar com

estas novas composições familiares oriundas das gigantescas mudanças estruturais

e conseqüentemente de que maneira todas estas transformações afetam a escola e

por sua vez a aprendizagem.

As transformações nas estruturas familiares podem ser elencadas

de uma forma geral como sendo relacionada às mudanças demográficas

(longevidade humana), a participação crescente da mulher no mercado de trabalho,

o divórcio e as organizações distintas da família nuclear, o controle sobre a

procriação a partir dos anticoncepcionais, as transformações nos papéis parentais e

de gênero, a inseminação artificial, recasamento e os casais homossexuais, de

acordo com Hobsbawm é por meio da família que estas mudanças ficam evidentes.

A melhor abordagem dessa revolução cultural é, portanto através da família e da casa, isto é, através da estrutura de relações entre os sexos e gerações. Na maioria das sociedades, essas relações resistiram de maneira impressionante à mudança súbita, embora isso não queira dizer que fossem estáticas. (HOBSBAWM, 1995, p. 314)

As inúmeras transformações ocorridas no final do século XX,

denominado pelo autor de “Revolução Cultural” atingiu diretamente as famílias e por

mais que as sociedades mais tradicionais tentassem resistir, acabaram sendo

atingidas direta ou indiretamente e de maneira impressionante chegando em muitos

casos a alterar a estrutura familiar, sendo que estas mudanças aconteceram e

continuam acontecendo mundialmente com as famílias.

Nesse sentido é preciso situar estas transformações e como elas

interferem na estrutura familiar que na atualidade são mais evidentes. É importante

destacar que os reflexos dessas transformações são percebidos no espaço escolar

por meio dos comportamentos e relações estabelecidas entre pais e filhos e/ou seus

responsáveis onde muitas vezes não se consegue sequer contato com as famílias,

outras vezes são os avós que comparecem na escola com a intenção de substituir

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os pais, porém, não podem colaborar com o desenvolvimento educacional das

crianças ou adolescentes, pois não são responsáveis legais pelos mesmos, ou

ainda, comparece um dos responsáveis, porém o aluno mora com o outro, enfim são

inúmeras situações que hoje permeiam a família.

Porém não podemos atribuir as mazelas das famílias atuais, ao fato

delas serem disformes. É claro que essa característica agrega algumas dificuldades

em vários aspectos, o que equivale a ter discernimento para lidar com situações

bem distintas. É preciso ter uma dimensão desse novo universo. As estruturas

familiares nos dias atuais acabam interferindo no desenvolvimento cognitivo e/ou

emocional dos alunos seja pela necessidade de trabalho de todos os membros da

família deixando os filhos sozinhos, seja pela desestrutura familiar onde quem

responde pelos filhos não tem necessariamente a preocupação com o

desenvolvimento integral dos mesmos.

Esta situação de mudanças familiares também é destacada por Reis

(1984, p.100), de acordo com o autor: “A família teria por função desenvolver a

socialização básica numa sociedade que tem sua essência no conjunto de valores e

papéis”. Por isso é importante que a escola seja conhecedora dessas novas

estruturas familiares, não para julgá-las, mas para entender justamente o contexto

familiar onde o aluno está inserido e formado.

Nos dias atuais a família tem sido chamada a participar mais

efetivamente da escola tendo em vista que as políticas educacionais atuais têm em

seu discurso a gestão democrática, e como nos diz Paro (2000 p.16) “... a gestão

democrática deve implicar necessariamente a participação da comunidade...”;

lembrando que quando se fala em participação ou em gestão democrática não está

em questão a forma em que estas famílias estão estruturadas, ou seja, todos os

envolvidos são chamados a participar; considerando que a gestão escolar precisa

necessariamente chamar os pais para participarem em todos os setores da escola

afim de que se efetive de fato a gestão democrática, fazendo valer o que Paro (2000

p.16) disse logo acima: “[...] deve implicar necessariamente a participação da

comunidade [...] ”.

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Participação da Família na Gestão Escolar – dimensões legais...

Para falarmos sobre a participação da família na gestão escolar faz-

se necessário antes de qualquer coisa buscar amparo legal para essa participação.

Na LDB, artigo12, parágrafo VI diz: articular-se com as famílias e a

comunidade, criando processo de integração da sociedade com a escola. Já no

artigo 14 – os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do

ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme

os seguintes princípios:

I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do

projeto pedagógico da escola;

II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos

escolares ou equivalentes.

Portanto a LDB diz claramente que se faz necessário a participação

da família na escola, garantindo assim a gestão democrática na escola pública,

menciona ainda que esta participação deva ocorrer nos conselhos escolares.

O Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 53, parágrafo

único nos diz que: “É direito dos pais e/ou responsáveis ter ciência do processo

pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”;

podemos dizer que o Estatuto reafirma o direito garantido pela LDB.

No Regimento Escolar das escolas também é assegurado o direito

desta participação, portanto, a legislação atual diz que a família deve participar

efetivamente das decisões, entretanto a realidade mostra que este direito

assegurado inclusive pelo Regimento Escolar não é usufruído pelas famílias tendo

em vista todo chamamento inclusive através das mídias para que isso ocorra.

Assim para acompanhar todo o desenvolvimento das decisões

tomadas, faz-se necessário a implantação de um trabalho sistemático de estudos e

reflexões acerca das questões legais que envolvem esta participação. Paro (2000)

ao discutir sobre a participação da comunidade na gestão da escola pública destaca

que existe um sem-número de obstáculos para concretizar essa participaçao o que

implica reconhecer previamente estas dificuldades para aquele que se dispunha a

promovê-la é estar convencido da relevancia e da necessidade dessa participação,

de modo a não desistir diante das primeiras dificuldades. O autor discute com

veemência que a atual "gestão democrática" na escola pública não possibilita a

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participação da comunidade, uma vez que não existe clareza no real significado de

"participação". Nesse sentido apontamos para a necessidade de discutir a dimensão

do conceito participação.

A participação democrática se baseia em canais institucionais. Em primeiro lugar, de informação: não há participação popular sem informação qualitativamente pertinente e quantitativamente sobre os problemas, os planos e os recursos públicos. Em segundo lugar, canais de consulta. Em terceiro lugar, canais de reivindicação e de protesto.” (BORDENAVE, 2000, p.68).

“A palavra participação vem da palavra parte. Participação é fazer

parte, tomar parte ou ter parte” (BORDENAVE, 1983, p.22), porém ninguém nasce

sabendo participar, é preciso que haja um desejo e um esforço no sentido de se

apropriar de conceitos básicos, desenvolvendo habilidades que propiciem esta

participação. Bordenave (1983, p. 48) diz mais adiante: “Toda pessoa que deseje

ingressar no grupo ou trabalhar com ele, primeiro tem de aprender sua estrutura de

organização social informal e seus códigos e normas.”, ou seja, é preciso que haja

um estudo sistematizado sobre tudo o que envolve esta participação.

“Na escola pública há que se considerar, também, que sua prática

está tão perpassada pelo autoritarismo, que o discurso liberalizante mal consegue

escamoteá-lo.” (PARO 2000, p.18). Na verdade vivemos por muitos anos em um

regime autoritário e ainda estamos aprendendo como se faz democracia, não

podemos fazer de conta que a democracia se faz de maneira completa, ainda temos

muitos receios a esse respeito e temos muito a caminhar.

Participação requer o sentido da construção de algo que pertence a todos e que tem diretamente a ver com a qualidade de vida de cada um, seja no sentido de realização pessoal, seja pelos benefícios sociais que dela advém. O compromisso, que gera a participação, requer repartição coletiva do sucesso, não apenas da responsabilidade interna, mas devem buscar alianças com a comunidade externa, a quem a escola serve e pertence efetivamente, promovendo a cooperação interinstitucional. (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 171).

O autor nos faz ver que a participação traz além da responsabilidade

que o próprio termo pressupõe; traz também o bônus do sucesso, pois quando a

participação ocorre de forma completa, ou seja, com o envolvimento de todos os

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setores envolvidos no processo educacional, certamente haverá sucesso e este

deve obrigatoriamente ser dividido com toda a comunidade interna e externa.

A gestão denominada democrática tem como meta a criação de mecanismos que viabilizam a participação na gestão da escola. Este quadro esbarra na estrutura do Estado e do sistema e ensino, ainda muito centralizadora, em que as pessoas envolvidas não assimilaram concepções e práticas democráticas. Contudo, a insistência na concretização de uma gestão democrática possibilita a emergência de experiências, debates e questionamentos que podem favorecer a proposta. (SILVA, 2001, p.149).

Silva reforça a idéia que precisamos insistir e adotarmos posições no

sentido de concretizarmos o processo democrático. Temos, portanto que nutrir a

esperança de mudança, para tanto se faz necessário que iniciemos um processo de

construção coletiva para que aconteça uma participação qualitativa da família nas

instâncias colegiadas.

Os órgãos colegiados têm possibilitado a implementação de novas formas de gestão por meio de um modelo de administração coletiva, em que todos participam dos processos decisórios e do acompanhamento, execução e avaliação das ações nas unidades escolares, envolvendo as questões administrativas, financeiras e pedagógicas. Não se trata de co-gestão. O diretor ainda é a autoridade responsável pela escola e tem o apoio do colegiado nas decisões essenciais das atividades e projetos da unidade escolar, em seus vários níveis. (ABRANCHES, 2003, p.54).

O autor nos diz claramente que é fundamental a participação de

todos para que se efetive uma gestão democrática, que os órgãos colegiados são a

porta de entrada para tal; e ainda que os órgãos colegiados participam dos

processos de tomadas de decisão da escola dando apoio ao diretor que é a

autoridade responsável pela escola.

[...] a participação dos pais no colegiado e, consequentemente, nas decisões de caráter público, apresenta-se com grande potencial. Mas é necessário um tempo maior para que as pessoas compreendam o sentido do trabalho coletivo e pra que possam elaborar uma participação efetivamente política, A experiência participativa é incipiente e os indivíduos ainda não tem clareza sobre suas limitações e possibilidades; mesmo assim, é visível uma relativa motivação para assumir esse processo e um grande interesse em fazer parte de “alguma coisa”, principalmente se nela está envolvida

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uma melhoria da qualidade de vida das pessoas. (Abranches, 2003 p.73).

Tendo em vista que Abranches nos diz a respeito do envolvimento

dos pais no colegiado escolar, e que se sentem motivados a participar quando o que

está em “jogo” é a “melhoria da qualidade de vida das pessoas”, é preciso destacar

que o que estamos falando está diretamente ligado a fala da autora, pois com a

participação dos pais no processo de gestão onde são tomadas decisões que

implicam necessariamente em melhoria da qualidade da educação, ou seja, uma

escola melhor para os filhos.

Discutindo a participação das famílias nas instancias colegiadas

Faz-se necessário mencionar a importância da participação da

família na escola tendo em vista que buscamos construir uma escola democrática e

para tanto esta participação é imprescindível. Neste sentido se não há a participação

da família o processo democrático torna-se inválido, além disso, quando o aluno não

percebe a família participando da escola ele também não se compromete totalmente

com o processo educacional.

Porém temos alguns limites que impedem que a família participe

ativamente da escola e um desses limites é de ordem econômica, pois a maioria das

famílias não possui tempo disponível porque trabalham fora e o horário nem sempre

é compatível com o período que a escola solicita; outro limite tão ou mais importante

é o fato das famílias não conhecerem as formas que esta participação pode ocorrer,

não possuem informações a respeito das instancias colegiadas. Essa situação não

era diferente na escola pública onde o projeto foi desenvolvido, geralmente a

participação das famílias ocorria apenas quando era convocada, por alguma

situação de indisciplina ocorria, ou na entrega bimestral para informativos de notas,

ou seja, não se envolviam de forma a colaborar nas tomadas de decisões

pedagógicas da escola.

Assim com o objetivo de buscar rever esta a forma de participação

propôs-se a construção de um espaço com as famílias para discutir a dimensão da

participação nas instancias colegiadas. Inicialmente foi utilizado o espaço de uma

reunião de pais que havia sido convocada pela direção da escola, para fazer uma

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explicação coletiva a respeito do projeto de intervenção pedagógica. Aproveitou-se

para a aplicação de um questionário, que foi necessário para definir qual o melhor

caminho a se tomar tendo em vista a necessidade de melhorar e ampliar a

participação da família na escola. Foram aplicados cento (130) questionários3. Eles

continham questões objetivas e subjetivas, que buscavam identificar o conhecimento

dos pais sobre as instancias colegiadas, elas questionavam se os pais sabiam que

existiam as instâncias, se eles sabiam que podiam participar; se sabiam qual era a

função das mesmas, enfim questões que seria subsidio para o desenvolvimento do

trabalho. No decorrer da aplicação do questionário percebemos que alguns pais

tiveram dificuldade em responder tendo em vista o grau de escolaridade, entretanto

isso não inviabilizou seu preenchimento, pois foi prestado auxílio.

Ao se realizar uma análise das respostas verificou-se que a maiorias

dos pais sabem que existem as instâncias colegiadas, mas não possuem maiores

informações, apenas sabem que existem, porém demonstraram interesse em obter

maiores informações e até interesse em participar e de forma surpreendente, em

torno de 80% dos pais responderam de forma positiva.

Esta análise preliminar nos faz lembrar Bordingon; Gracindo (2001,

p. 171) que diz: “Participação requer o sentido da construção de algo que pertence a

todos e que tem diretamente a ver com a qualidade de vida de cada um...”, ou seja,

os pais até demonstram interesse em participar, mas, não conseguem associar a

participação como algo que lhes pertence diretamente, que poderia mudar e/ou

melhorar a qualidade da escola na qual seus filhos estão inseridos e

consequentemente lhes traria qualidade de vida.

Na questão onde foi perguntado se acham importante a participação

dos pais na escola, 100% respondeu que sim, esta resposta nos diz que é possível

tentar um trabalho de informação a respeito das instâncias colegiadas e que existe

chance de conseguir a participação efetiva da família, o fato de acharem que é

importante a participação já é o primeiro passo, claro que não podemos acreditar

que mudaremos esta realidade rapidamente, mas uma vez que o primeiro passo já

está sendo dado podemos coletivamente construir formas para efetivar esta

participação.

3 Os questionários não identificavam os respondentes, pois o objetivo não foi apontar os pais de forma específica, e sim

conhecer o “todo” dos pais participantes da amostra.

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Já quando perguntados se a participação dos pais na escola

interferiria na aprendizagem 68% disseram que sim, nesta questão caso a resposta

fosse sim, deveriam dizer de que forma poderia ser esta participação e grande parte

das respostas foi que seria participando das reuniões, seguida por: conversando

com os filhos e incentivando-os, o que nos mostra que de fato, a participação nas

instâncias colegiadas nem mesmo é citada.

Foi perguntado ainda se eles, os pais participam da escola e 88%

disseram que sim, e também quantas vezes no ano anterior eles haviam

comparecido, nesta resposta 37% respondeu que seis (6) ou mais vezes; em

seguida perguntou-se porque ele compareceu e a resposta foi que 48% porque foi

convocado; diante destas respostas podemos concluir que a maioria dos pais

acredita que participação na escola, significa comparecer nas reuniões e também

quando são chamados ou convocados; ou ainda que simplesmente confiam em tudo

o que a escola realiza e não percebe o quanto é importante a participação deles.

Quando se tratou da participação nas instâncias colegiadas, foi com

bastante surpresa que 42% dos pais presentes responderam que gostariam de

participar, e que 46% gostariam de ter informações a respeito das atribuições da

APMF. Em relação ao Conselho Escolar não foi diferente, 45% gostariam de

participar, e 41% gostariam de obter informações a respeito das atribuições do

Conselho.

Por fim foi perguntado de que maneira ele poderia contribuir com a

escola onde o filho (a) estuda e as respostas foram as seguintes: 19% participando

das reuniões; 9% orientando o cumprimento das tarefas; 7.6% participando, em

seguida aparecem respostas como: incentivando a aprendizagem, ajudar nas tarefas

do filho, dando opinião, estando presentes. Paro (2000, p. 16) nos lembra que “[...] a

participação da comunidade na gestão da escola pública encontra um sem número

de obstáculos para concretizar-se...” e estes obstáculos começamos a vislumbrar a

partir do momento que é necessário quebrar paradigmas pois culturalmente se

observa que o significado de participação é simplesmente comparecer às reuniões

da escola ou quando são chamados a comparecer. Isto para a escola se torna

complicado e é preciso ter em mente que é possível quebrar estes paradigmas,

porém será um trabalho em longo prazo tendo em vista que esta realidade está

posta há bastante tempo e será preciso o envolvimento de toda a escola.

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Estas informações respaldaram a intenção de desenvolver o projeto

de intervenção cujo objetivo foi discutir a participação da família nas instâncias

colegiadas, uma vez que os pais pelo observar no referido questionário, apesar de

não possuírem informações suficientes gostariam de adquiri-las, assim como

gostariam de fazer parte; fazendo valer o que nos diz a LDB em seu artigo 14 como

já destacamos acima.

Após análise dos dados apresentados e também tendo em vista todo

o referencial teórico utilizado assim como a determinação através da LDB que trata

da participação da comunidade na escola, definiu-se por reuniões em que trataram

das questões legais; da necessidade de participação; assim como as sugestões que

poderiam surgir para potencializar a participação da família na escola.

O objetivou-se por meio dos grupos de estudo proporcionar aos pais

um espaço de estudo e reflexão sobre o papel das estâncias colegiadas e também

levá-los a perceber que é necessário que a participação aconteça de forma plena,

não deixando dúvidas sobre as diferentes questões que envolvem esta participação.

Foram propostos cinco encontros, cujos temas foram extraídos de

um material confeccionado pelo MEC que tem como título: “Conselhos Escolares:

democratização da escola e construção da cidadania” de 2004. Este material foi

construído com o objetivo de sensibilizar e motivar a comunidade escolar no que diz

respeito a informações e formas de participação da família nos órgãos colegiados da

escola. Esse material foi escolhido por usar uma linguagem bastante simples, de

fácil entendimento e traz todas as informações referentes a participação da família

nas instâncias colegiadas.Os temas definidos foram: Trabalho Coletivo com as

famílias; Função social da escola; Funções do conselho escolar; Discutindo o

conselho escolar a partir da legislação; Conselho escolar e a aprendizagem. Os

temas foram apresentados ao grupo e as datas das reuniões foram planejadas

conforme as necessidades dos pais de forma a garantir participação nos horários

que eles tinham disponíveis.

Inicialmente os pais se apresentaram um pouco apreensivos, pois

tudo o que é novo causa certo desconforto, mas assim que se iniciou a primeira

reunião já perceberam que não havia o porquê da apreensão, e através de

depoimentos dos mesmos comentaram que já não estavam mais receosos, mas sim

curiosos em obter mais informações.

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As reuniões foram bastante produtivas uma vez que os textos que

foram utilizados eram de fácil compreensão; os pais presentes conseguiram ampliar

sua visão sobre a escola e qual é o papel social que ela desenvolve; alguns ainda

hoje pensam que a escola deve suprir toda ausência de formação familiar tendo em

vista a falta de tempo enfrentada pelas famílias dos dias atuais; através das

discussões desenvolvidas ao longo da implementação da produção didática

puderam rever esta visão simplista que se tem da escola. Esta mudança pode ser

observada no decorrer das reuniões onde os pais se manifestavam, emitindo suas

opiniões a respeito dos assuntos tratados.

Houve inclusive surpresa por parte dos pais, quando da discussão

das Funções do Conselho Escolar perceberam que tem a oportunidade de contribuir

com a melhoria ou mudança (conforme a necessidade) da qualidade da educação

de seus filhos, pois dentro do Conselho que é um espaço democrático para tomada

de decisões.

Quando o assunto foi a aprendizagem, os pais fizeram um paralelo

da escola do “seu tempo”, e a escola de hoje, concluíram que a escola de hoje exige

pouco dos alunos, antigamente se aprendia mais, porém, também sabem que tem

parte de “culpa” pelo que está acontecendo hoje lhes cabe uma vez que devido á

necessidade de trabalhar fora de casa, passam pouco tempo com seus filhos, não

dando assim a atenção que deveriam em relação aos estudos. Esse dado nos revela

como está diferente a forma de organização familiar nos dias de hoje, os próprios

pais disseram isto e, bem como nos lembra Carvalho (2004, p.14), “... a diversidade

de arranjos familiares e culturais de grande parte das famílias; as relações de

gênero que desestruturam a divisão de trabalho em casa e na escola”; e como a

escola precisa “lidar” com toda esta diversidade de famílias se adaptando a cada

situação e procurando formas de incentivar a participação de todos no processo

educativo, pois algumas famílias se mostram dispostas a participar de forma mais

efetiva dos órgãos colegiados.

Infelizmente poucos pais se dispuseram a participar, pois o número

de participantes foi diminuindo com o decorrer das reuniões e na última reunião,

entretanto uma semente foi plantada, e o conhecimento que foi adquirido pelos

participantes provavelmente será compartilhado com outros pais, isto foi dito

inclusive em uma das reuniões.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o desenvolvimento deste projeto foi possível observar algumas

situações que merecem ser relatadas.

Após todas as reuniões os pais concluíram que de fato precisam

participar mais da escola, seja no cuidado com as atividades escolares dos filhos,

seja participando de fato de algum órgão colegiado, para que assim consigam

colaborar para que haja melhoria da qualidade que todos almejamos e apesar da

gradativa redução do número de participantes no decorrer das reuniões o trabalho

foi relevante para aqueles que ficaram até o final dos encontros. Este dado faz com

que levantemos alguns questionamentos sobre o motivo do não comparecimento

considerando que todos os presentes na reunião convocada pela escola se

manifestaram inclusive sobre o horário que melhor se encaixava para todos, é

necessário uma reflexão acerca disto: será que há falta de interesse? O horário não

foi adequado? O assunto não agradou? Apontamos para a necessidade de levantar

as reais causas desta ausência.

De qualquer forma os que participaram avaliaram de forma muito

positiva as reuniões, com bastante entusiasmo, inclusive no término das reuniões

houve na escola eleição para composição de um novo Conselho Escolar e os pais

que foram eleitos estavam dentre os que participaram das reuniões, isto mostra que

de fato, há um real desejo de participação, porém faltava um conhecimento de como

e porque participar.

Ao se considerar os estudos realizados, as reflexões

desencadeadas, os depoimentos dos pais no decorrer das reuniões, o

reconhecimento dos pais sobre a importância da participação e o quanto isso poderá

implicar na melhoria de qualidade de vida para eles e também para seus filhos nos

permite ressaltar ao final deste trabalho que a construção e o fortalecimento desses

espaços poderá significar um passo importante para uma escola democrática.

Mesmo reconhecendo os limites dessa participação, os inúmeros obstáculos e

entraves presentes, dentro e fora da escola, percebemos a relevância e a

necessidade de ampliar a construção de espaços coletivos dentro da escola;

espaços estes que permitam as discussões e/ou sugestões para melhoria da escola

pública.

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Lei n. 8.069, de 13.07.1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da República. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 21 jun. 2012. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9394/96. Brasília, 1996. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 21 jun. 2012. BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é participação. Editora Brasiliense, São Paulo, 1983. BORDIGNON, Genuíno; GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão da educação: o município e a escola. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto; AGUIAR, Márcia Angela da S. Aguiar (Org). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2001. p. 147-176. CARVALHO, Maria Eulina P. Modos de educação, gêneros e relações escola-família. Cadernos de Pesquisa, v.34, n.121, p.41-58, jan/abr. 2004. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/cp/v34n121/a03n121.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2012. HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos. Companhia das Letras, São Paulo, 1995. NAVARRO, Ignez Pinto, Conselho Escolar e Aprendizagem na Escola Brasília: MEC, SEB, cad. 1-2-3, 2004. PARO, Vitor H. Gestão Democrática da Escola Pública. 3.ed. - São Paulo: Ática, 2000. REIS, José Roberto Tozoni. A família e a reprodução da ideologia - um estudo através do psicodrama. Dissertação de Mestrado, PUC, São Paulo, 1983.