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pp Ave Maria Puríssima Janeiro/Fevereiro/Março/Abril de 2016 – Ano 09 – Nº48 dos Mosteiros da Ordem da Imaculada Conceição

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Ave Maria Puríssima

Janeiro/Fevereiro/Março/Abril de 2016 – Ano 09 – Nº48

dos Mosteiros da Ordem da Imaculada Conceição

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ANO DA VIDA CONSAGRADA

No final de 2015 recebemos o convite, aliás a convocação, por parte da Congregação para a Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, para participar do encerramento do Ano da Vida Consagrada em Roma de 28 de janeiro a 02 de fevereiro de 2016. Sendo assim, junto com a Ir. Eleusa, estivemos lá. Foi uma experiência muito rica estarmos juntas todas as formas de Vida Consagrada. Éramos mais

de cinco mil provindos de todas as partes do mundo. Além de momentos em conjunto de todo o grupo, tivemos momentos específicos para as diferentes formas de Vida Consagrada. No tocante a Vida Contemplativa éramos aproximadamente quatrocentas religiosas das diversas Ordens Contemplativas. Concepcionistas éramos vinte provenientes da Espanha, México, Argentina, Bolívia, Peru e Brasil. Entre os diversos temas abordados destacaram-se os temas da Formação, Clausura, Federação e Autonomia. Se nos recordamos bem, estes foram os temas que nos foram apresentados no questionário enviado aos Mosteiros no início de 2015. As discussões foram acaloradas e percebemos como nossos problemas são tão comuns! Não temos em mãos nenhum texto ainda. Vai sair em breve um novo Documento da Congregação que vai apresentar sistematicamente os diversos temas e as novidades que daí decorrerem. Pelo que vimos nas discussões e diversas abordagens pro parte do Prefeito da Congregação D. João Braz de Aviz, pelo Arcebispo Secretário D. José Rodriguez Carballo

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e alguns subsecretários D. Orazio Pepe, Pe. Estêvão e Pe. Pacciola (canonistas), teremos algumas propostas novas que vão nos ajudar muito na melhor vivência e aprofundamento de nossa vocação contemplativa. Aguardemos! Estamos publicando nessa edição do Boletim os dois principais textos do Santo Padre quando se dirigiu a nós na Audiência dia 01 de fevereiro e na missa de conclusão do Ano da Vida Consagrada dia 02 de fevereiro. Como poderão observar e como é praxe em nosso Papa Francisco, nada de novo, mas um incentivo a retomar o essencial, o cotidiano, a simplicidade da nossa vida como lugar de manifestação da caridade e de nosso compromisso como consagrados. Tudo o mais virá como acréscimo... A experiência de ouvir diretamente do Papa, da Congregação, o que esperam de nossa consagração, o quanto valorizam nossa presença na Igreja e o quanto somos responsáveis por isso, foi indescritível! De fato, nossa missão é um compromisso que não podemos burlar, que não podemos viver de qualquer modo, que não podemos desvincular das necessidades do nosso tempo e nem das realidades mais próximas de nós: nossa comunidade e nossa família religiosa. Confiamo-nos mais uma vez às orações de cada Comunidade e cada uma em particular para que possamos, como deseja a Igreja e como é nossa missão, sermos verdadeiras Contemplativas sendo autênticas Concepcionistas!

Ir. Lindinalava de Maria, OIC Presidente da Federação Imacualada Conceição dos

Mosteiros da OIC no Brasil

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JUBILEUS Mosteiro de N. Sra. da Conceição de Macaúbas

Caras Irmãs, Chama a nossa atenção o fato que os relatos do Evangelho sobre o Cristo Ressuscitado insistem visivelmente numa coisa: Este ressuscitado não é um fantasma, é realmente alguém vivo!

Assim Jesus aparece diversas vezes, fala e chama até pelo nome (Maria!), come a comida que eles estão preparando, e enfim, mostra-lhes as suas chagas. Tudo isso certamente para que os discípulos e nós creiamos que Jesus está realmente vivo e, ressuscitado, está no meio de nós. No evangelho de hoje, primeiro domingo após a Páscoa, ouvimos exatamente este episódio do Cristo que aparece no meio dos seus para enfim convencer até a Tomé, homem valente, que resiste a todos os relatos das mulheres e dos discípulos. Ele quer ver para poder crer. “Se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei.”

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Jesus não apenas leva em consideração a dificuldade de Tomé, mas aproveita a ocasião para dar a ele – e a todos nós – uma lição: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto.” Aí está o mérito do crer. Crer é questão de confiança profunda e irrestrita na palavra de Jesus: “Quem crer em mim, terá a vida eterna.” Bem-aventurados os que creram sem terem visto. Bem- aventurados os que creem sem terem visto. Aí está a importância do anúncio para nós. Justamente hoje, quando recordamos os 60 e 25 anos de vocação religiosa destas nossas irmãs, da resposta dada um dia na fé ao chamado para a vida consagrada. Fizeram-no na fé e nada mais. Na fé deixaram tudo. Na fé responderam com o seu sim, como um dia Maria, a Mãe de Jesus, o fez.

E o modelo escolhido pelas irmãs para sua consagração a Deus foi justamente o modelo da “primeira cristã”. Maria, acolhendo a mensagem do anjo e respondendo com o “Sim” ao chamado de Deus. Escolheram a Ordem da Imaculada Conceição para celebrar com sua vida o mistério que Deus realizou em e através de Maria. Realmente a imagem, a ícone, da visita do anjo a Maria, transmitindo-lhe o chamado de Deus, retrata muito bem

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o que Santa Beatriz intuiu ao dar início a esta forma de vida consagrada na Igreja. Mas, creio que estamos muito marcados pelas representações artísticas que já vimos e encontramos com facilidade em quadros e santinhos. São belos e edificantes. Creio que nunca um motivo como este foi mais escolhido para ser retratado pelos artistas de todos os tempos. Não há artista famoso na história da arte religiosa que não tenha tentado captar através da pintura a beleza e a importância deste momento sublime.

Admiramos então a atitude de recolhimento de Maria, numa atitude de ouvinte

Diante de si a Sagrada Escritura que medita, acolhendo a vontade de Deus

No rosto a surpresa da visita do anjo com uma mensagem assustadora

Os artistas fizeram bem em retratar assim a grandeza do mistério de Deus em ter escolhido um ser humano para ser a Mãe de seu Filho Jesus. Um confrade artista me surpreendeu um dia, mostrando-me um belo quadro sobre a anunciação a Maria. Só que Maria não estava nesta atitude de recolhimento, de escuta, de meditação profunda da Palavra de Deus. Pasmem. Ele representou Maria

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preparando um cafezinho na cozinha – poderia ter sido até lavando o chão -. Admirado perguntei ao confrade porque ele chegou a imaginar a visita do anjo a Maria assim. Ele me respondeu: Deus não nos fala apenas nos momentos de elevação, de meditação, de oração, quando estamos na capela, mas Deus nos fala a cada instante de nossa vida. O anjo do Senhor nos visita nos momentos menos esperados de nossa vida e espera uma resposta. A resposta de Maria. Pois bem, Deus nos fala no dia a dia da nossa vida, dos nossos afazeres, dos acontecimentos, através das coisas que consideramos muitas vezes insignificantes e sem valor. Como? Quando nos sintonizamos com a Palavra de Deus, quando criamos condições para escutar, para acolher, quando assumimos e executamos os trabalhos, mesmo os mais humildes e anônimos, fazendo-os bem. Com este olhar para Maria, “a primeira cristã”, o nosso modelo de fé, olhamos hoje também para os 60 e 25 anos de vida consagrada de nossas irmãs. E não apenas para recordar os inícios, como tudo começou, a beleza e a alegria do primeiro amor, mas também e principalmente a fidelidade ao que se prometeu um dia, e servindo a Deus, dedicando-se a trabalhos importantes e menos importantes aos nossos olhos.

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Sua presença na comunidade

Seus serviços prestados no dia a dia

O testemunho dado através da alegria e esperança sempre renovadas.

Por fim gostaria ainda compartilhar uma poesia que acho muito apropriada para este momento de gratidão e de festa. Creio que esta poesia resume também o que nós hoje, agradecidos, queremos dizer para vocês, queridas irmãs:

Há pessoas que não sabem o quanto é importante que elas existam. Há pessoas que não sabem como é bom saber que podemos contar com elas. Há pessoas que não sabem como faz bem saber que estão perto de nós. Há pessoas que não sabem quão pobre seríamos sem a sua presença. Há pessoas que não sabem que são um presente de Deus para nós. Elas saberiam, se nós lhes disséssemos...

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Caras irmãs, Maria Benedita de São José, Maria Zita de Santo Antônio, Mariza de Fátima, nós estamos hoje aqui para dizer-lhes exatamente isto:

Que bom que Vocês existem

Que bom que podemos contar com Vocês

Que bom saber que estão perto de nós

Que bom sentir a sua presença no dia a dia

Que bom que Deus nos deu Vocês como presente!

(Resumo do sermão na missa de ação de graças de nossas irmãs Maria Benedita, Maria Zita e Mariza de Fátima no dia 3 de abril de 2016 no mosteiro de Macaúbas)

Frei Estêvão Ottenbreit, OFM Assistente Religioso da Federação Imaculada Conceição

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JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA

ENCONTRO DO PAPA FRANCISCO COM OS PARTICIPANTES DO JUBILEU DA VIDA CONSAGRADA

Sala Paulo VI Segunda-feira, 1° de Fevereiro de 2016

Palavras pronunciadas pelo Santo Padre:

Queridos irmãs e irmãos!

Preparei um discurso para esta ocasião sobre os temas da vida consagrada e os três pilares; há outros, mas os três importantes da vida consagrada. O primeiro é a profecia, o outro é a proximidade e o terceiro é a esperança. Profecia, proximidade e esperança. Entreguei o texto ao Cardeal Prefeito porque lê-lo é um pouco tedioso e prefiro falar convosco daquilo que me vem do coração. Estais de acordo?

Religiosos e religiosas, isto é homens e mulheres consagrados ao serviço do Senhor que percorrem na Igreja este caminho de pobreza forte, de amor casto que os leva a uma paternidade e a uma maternidade espiritual por toda a Igreja, uma obediência... Mas nesta obediência sempre falta algo, porque a obediência perfeita é aquela do Filho de Deus, que se consumiu, se fez homem por obediência, até à morte de Cruz. Há no meio de vós homens e mulheres que vivem uma obediência forte, uma obediência — não militar, não, isto não; aquilo é disciplina, é outra coisa — uma obediência de doação do coração. E isto é profecia. «Mas, tu não tens vontade de fazer outra coisa?...» — «Sim, mas de acordo com as regras devo fazer isto. E segundo as

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disposições isto e isso. E se não vir claramente algo, falo com o superior, com a superiora, e depois do diálogo, obedeço». Esta é a profecia, contra a semente de anarquia que o diabo lança. «Que fazes tu?» — «Faço o que me apetece». A anarquia da vontade é filha do demónio, não de Deus. O Filho de Deus não é um santo anarquista, não chamou os seus para exercer uma força de resistência contra os seus inimigos; Ele mesmo disse a Pilatos: «Se eu fosse um rei deste mundo teria chamado os meus soldados para me defender». Mas Ele exerceu a obediência do Pai. Somente rezou: «Pai, por favor, não, este cálice não... Mas que se faça a tua vontade». Quando aceitais por obediência algo que talvez muitas vezes não vos agrada... [faz o gesto de engolir]... devemos engolir aquela obediência. Portanto, a profecia. A profecia é anunciar às pessoas que existe um caminho de felicidade, de grandeza, uma via que te enche de alegria, que é precisamente a estrada de Jesus. É a estrada de estar próximo de Jesus. É um dom, um carisma, a profecia que deve ser pedida ao Espírito Santo: que eu saiba dizer aquela palavra, no momento justo; que eu faça algo no momento justo; que toda a minha vida seja uma profecia. Homens e mulheres profetas. E isto é muito importante. «Mas, fazemos como fazem todos...». Não. A profecia é dizer que existe algo de mais verdadeiro, mais bonito, maior, melhor ao qual todos somos chamados.

A outra palavra é proximidade. Homens e mulheres consagrados, não para se afastar das pessoas e gozar de todas as comodidades, mas para se aproximar e compreender a vida dos cristãos e não-cristãos, os sofrimentos, os problemas, as inúmeras situações que só se compreendem se um homem ou uma mulher consagrados se tornar próximo: na proximidade. «Mas, Padre, sou uma religiosa de clausura, o que devo fazer?». Pensai em santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões, que com o seu coração

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fervoroso estava próxima, e as cartas que recebia dos missionários tornavam-na mais próxima das pessoas. Ser consagrado não significa subir um, dois ou três degraus na sociedade. É verdade, muitas vezes ouvimos os pais: «Sabe Padre, tenho uma filha religiosa, tenho um filho frade!». Dizem-no com orgulho. E é verdade! É uma satisfação para os pais ter filhos consagrados, isto é verdade. Mas para os consagrados não é um status de vida que faz olhar para os outros com distância. A vida consagrada deve levar-me à proximidade com as pessoas: proximidade física, espiritual, conhecer as pessoas. «Ah, sim, Padre, na minha comunidade a superiora deu-nos a permissão para sair, ir aos bairros pobres ter com as pessoas...» — «E na tua comunidade, há religiosas idosas?» — «Sim, sim... Existe uma enfermaria no terceiro andar» — «E quantas vezes por dia vais ter com as tuas irmãs, as idosas, que poderiam ser a tua mãe ou a tua avó?» — «Mas, sabe Padre, estou muito comprometida no trabalho e não consigo ir lá...». Proximidade! Qual é o primeiro próximo de um consagrado ou consagrada? O irmão ou a irmã da comunidade. Este é o vosso primeiro próximo. É inclusive uma proximidade simpática, boa, com amor. Sei que nas vossas comunidades nunca se fazem mexericos, nunca, nunca... Eles causam o afastamento. Ouvi bem: não aos mexericos, ao terrorismo dos mexericos. Porque quem faz mexericos é um terrorista. É um terrorista dentro da própria comunidade, pois lança como se fosse uma bomba a palavra contra este, aquele, e depois segue tranquilo. Destrói! Quem age assim, destrói, como uma bomba, e depois afasta-se. O apóstolo são Tiago dizia que talvez a virtude mais difícil, a virtude humana e espiritual mais difícil de ter, é aquela de dominar a língua. Se te vier a vontade de dizer algo contra um irmão ou uma irmã, de lançar uma bomba de mexericos, morde a tua língua! Forte! Terrorismo na comunidade, não! «Mas Padre, se há algo para corrigir, um defeito?». Dizes à

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pessoa: tu tens esta atitude que me incomoda, ou não me agrada. Ou se não for conveniente — porque muitas vezes não é prudente — dizes à pessoa que pode remediar, que pode resolver o problema e a ninguém mais. Entendestes? Os mexericos não servem. «Mas no capítulo?». Ali sim! Em público, tudo o que sentires que deves dizer; porque existe a tentação de não dizer as coisas no capítulo, e depois fora: «Viste a priora? Viste a abadessa? Viste o superior-geral?...». Mas por que não disseste durante o capítulo?... Está claro isto? São virtudes de proximidade. E os Santos conheciam-na, os santos consagrados tinham-na. Santa Teresa do Menino Jesus nunca se lamentou do trabalho, do incómodo que lhe causava a irmã que devia acompanhar ao refeitório todas as noites: do coro ao refeitório. Nunca! Porque aquela pobre religiosa era muito idosa, quase paralítica, caminhava mal, sentia dores — até eu a entendo! — era também um pouco neurótica... Nunca disse a outra religiosa: «Esta irmã incomoda-me!». O que fazia? Ajudava-a a sentar-se, dava-lhe o guardanapo, partia-lhe o pão e dava-lhe um sorriso. Isto se chama proximidade. Proximidade! Se lanças a bomba de um mexerico na tua comunidade, isto não é proximidade: é fazer guerra! É afastar-te, provocar distâncias e anarquismo na comunidade. E se, neste Ano da Misericórdia, cada um de vós conseguisse nunca ser o terrorista mexeriqueiro ou mexeriqueira, seria um sucesso para a Igreja, um grande sucesso de santidade! Tende coragem! Proximidade.

E a esperança. Confesso-vos que me dói muito quando vejo a diminuição das vocações, quando recebo os bispos e lhes pergunto: «Quantos seminaristas tendes?» — «4, 5...». Quando vós, nas vossas comunidades religiosas — masculinas ou femininas — recebeis um noviço, uma noviça, dois... e a comunidade envelhece... Quando há mosteiros, grandes

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mosteiros, e o Cardeal Amigo Vallejo [dirige-se a ele] pode dizer-nos, na Espanha, quantos existem, que vão em frente com 4 ou 5 religiosas idosas, até ao fim... E a mim esta situação faz vir a tentação que vai contra a esperança: «Mas, Senhor, o que acontece? Por que o ventre da vida consagrada se está a tornar tão estéril?». Algumas congregações fazem o experimento da «inseminação artificial». Como? Acolhem...: «Sim, vinde, vinde, vinde...». E depois surgem os problemas... Não. Deve-se acolher com seriedade! Discernir bem se é uma vocação verdadeira e ajudá-la a crescer. Creio que contra a tentação de perder a esperança, que nos dá esta esterilidade, devemos rezar mais. E orar sem desanimar. A mim faz muito bem ler o trecho da Escritura, no qual Ana — mãe de Samuel — rezava e pedia um filho. Rezava e movia os lábios, e pedia... E o velho sacerdote, que era meio cego e não via bem, pensava que estivesse embriagada. Mas o coração daquela mulher [dizia a Deus]: «Gostaria de ter um filho!». Pergunto-vos: o vosso coração, face a esta diminuição das vocações, reza com a mesma intensidade? «A nossa Congregação precisa de filhos, a nossa Congregação precisa de filhas...». O Senhor que foi tão generoso não deixará de cumprir a sua promessa. Mas devemos pedir-lhe, devemos bater à porta do seu coração. Porque existe um perigo — e isto é terrível mas tenho que o dizer — quando uma Congregação religiosa se dá conta de que não tem filhos nem netos e começa a tornar-se cada vez menor, apega-se ao dinheiro. E sabeis que o dinheiro é o esterco do diabo. Quando não podem ter a graça de receber vocações e filhos, pensam que o dinheiro salvará a vida; e pensam na velhice: que não falte isto nem aquilo... E assim não há esperança! A esperança está só no Senhor! O dinheiro nunca dará a ti! Pelo contrário: desanimar-te-á! Entendeste?

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Desejava dizer-vos isto em vez de ler os boletins que o Cardeal Prefeito depois vos entregará...

Agradeço-vos muito o que fazeis. Aos consagrados — cada um com o seu carisma. E gostaria de evidenciar as consagradas, as irmãs. O que seria da Igreja se não existissem as religiosas? Já disse isto uma vez: quando vamos aos hospitais, aos colégios, às paróquias, aos bairros, às missões, homens e mulheres que dedicam a própria vida... Na última viagem à África — já contei isto numa audiência, penso — encontrei-me com uma religiosa italiana de 83 anos. Ela disse-me: «Desde quando tinha — não me recordo se me disse 23 ou 26 anos — vivo aqui. Sou enfermeira num hospital». Pensei: desde os 26 até aos 83 anos! «Escrevi aos meus parentes na Itália que não volto mais». Quando visitas um cemitério e vês que ali estão muitos missionários religiosos e religiosas falecidos com 40 anos porque adoeceram com a febre daqueles países, consumiram a vida... Dizes: estes são santos! São sementes! Devemos pedir ao Senhor que desça nestes cemitérios e veja o que fizeram os nossos antepassados e nos conceda mais vocações, porque temos necessidade delas!

Agradeço-vos esta visita, agradeço ao Cardeal Prefeito, ao Secretário, aos Subsecretários o que fizestes neste Ano da Vida Consagrada. E, por favor, não vos esqueçais a profecia da obediência, a proximidade, o próximo mais importante, o próximo mais próximo é o irmão e a irmã de comunidade e depois a esperança. Que o Senhor faça nascer filhos e filhas nas vossas Congregações. E rezai por mim. Obrigado!

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Discurso entregue pelo Papa:

Queridos irmãos e irmãs!

Estou feliz por me encontrar convosco no final deste Ano dedicado à vida consagrada.

Certo dia, Jesus, na sua misericórdia infinita, dirigiu-se a cada um de nós e pediu-nos, pessoalmente: «Vem e segue-me» (Mc 10, 21). Se estamos aqui é porque lhe respondemos «sim». Por vezes, tratou-se de uma adesão cheia de entusiasmo e de alegria, outras vezes sofrida, talvez incerta. Contudo, seguimo-lo, com generosidade, deixando-nos guiar por caminhos que nem teríamos imaginado. Compartilhamos com Ele momentos de intimidade: «Vinde comigo para um lugar [...] e descansai um pouco» (Mc 6, 31); momentos de serviço e de missão: «Dai-lhes vós mesmos de comer» (Lc 9, 13); até à sua cruz: «Se alguém quiser seguir-me [...] tome a sua cruz» (Lc 9, 23). Introduziu-nos na sua própria relação com o Pai, doou-nos o seu Espírito, dilatou o nosso coração segundo a medida do seu, ensinando-nos a amar os pobres e os pecadores. Seguimo-lo juntos, aprendendo d’Ele o seu serviço, o acolhimento, o perdão, a caridade fraterna. A nossa vida consagrada tem sentido porque permanecer com Ele e caminhar pelas estradas do mundo levando-o, nos conforma a Ele, nos faz ser Igreja, dom para a humanidade.

O Ano que estamos para concluir contribuiu para fazer resplandecer ainda mais na Igreja a beleza e a santidade da vida consagrada, intensificando nos consagrados a gratidão pela chamada e a alegria da resposta. Cada consagrado e consagrada teve a possibilidade de sentir uma clara percepção da própria identidade, e assim projetar-se no futuro com renovado ardor

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apostólico para escrever novas páginas de bem, no sulco do carisma dos Fundadores. Estamos gratos ao Senhor por quanto nos proporcionou viver neste Ano tão rico de iniciativas. E agradeço à Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, que preparou e realizou os grandes eventos aqui em Roma e no mundo.

O Ano concluiu-se, mas continua o nosso compromisso a permanecer fiéis à chamada recebida e a crescer no amor, no dom, na criatividade. Por esta razão, gostaria de vos deixar três palavras.

A primeira é profecia. É o vosso específico. Mas qual profecia esperam de vós a Igreja e o mundo? Em primeiro lugar sois chamados a proclamar, com a vossa vida ainda antes do que com as palavras, a realidade de Deus: dizer Deus. Se por vezes Ele é rejeitado ou marginalizado ou ignorado, devemos questionar-nos se talvez não fomos suficientemente transparentes ao seu Rosto, mostrando pelo contrário o nosso. O rosto de Deus é o de um Pai «compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor» (Sl 103, 8). Para o fazer conhecer é necessário ter com Ele uma relação pessoal; e por isso é preciso a capacidade de o adorar, de cultivar dia após dia a amizade com Ele, mediante o colóquio coração a coração na oração, especialmente na adoração silenciosa.

A segunda palavra que vos entrego é proximidade. Deus, em Jesus, fez-se próximo de cada homem e cada mulher: compartilhou a alegria dos esposos em Caná da Galileia e a angústia da viúva de Naim; entrou na casa de Jairo atingida pela morte e na casa de Betânia perfumada de nardo; carregou as doenças e os sofrimentos, até dar a sua vida para a redenção de

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todos. Seguir Cristo quer dizer ir lá onde Ele foi: carregar sobre si, como o bom Samaritano, o ferido que encontrarmos ao longo da estrada; ir à procura da ovelha perdida. Ser, como Jesus, próximos das pessoas, compartilhar as suas alegrias e as suas dores; mostrar, com o nosso amor, o rosto paterno de Deus e a carícia materna da Igreja. Que nunca ninguém vos sinta distantes, destacados, fechados e portanto estéreis. Cada um de vós está chamado a servir os irmãos, seguindo o próprio carisma; alguns com a oração, outros com a catequese, alguns com o ensinamento, outros com o cuidado aos doentes ou aos pobres, alguns anunciando o Evangelho, outros cumprindo as diversas obras de misericórdia. É importante não viver para si mesmo, assim como Jesus não viveu para si mesmo, mas para o Pai e por nós.

Chegamos assim à terceira palavra: esperança. Testemunhando Deus e o seu amor misericordioso, com a graça de Cristo podeis infundir esperança nesta nossa humanidade marcada por diversos motivos de ansiedade e temor e por vezes tentada ao desânimo. Podeis fazer sentir a força renovadora das bem-aventuranças, da honestidade, da compaixão; o valor da bondade, da vida simples, essencial, cheia de significado. E podeis alimentar a esperança também na Igreja. Penso, por exemplo, no diálogo ecuménico. O encontro de há um ano entre consagrados das diversas confissões cristãs foi uma bela novidade, que mereceria ser levada em frente. O testemunho carismático e profético da vida dos consagrados, na variedade das suas formas, pode ajudar a reconhecer-nos todos mais unidos e a favorecer a plena comunhão.

Queridos irmãos e irmãs, no vosso apostolado quotidiano, não vos deixeis influenciar pela idade nem pelo número. O que mais conta

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é a capacidade de repetir o «sim» inicial da chamada de Jesus que continua a fazer-se sentir, de forma sempre nova, em cada fase da vida. A sua chamada e a nossa resposta mantêm viva a nossa esperança. Profecia, proximidade, esperança. Vivendo assim, tereis no coração a alegria, sinal distintivo dos seguidores de Jesus e com maior razão dos consagrados. E a vossa vida será atraente para tantas e tantos, para a glória de Deus e para a beleza da Esposa de Cristo, a Igreja.

Queridos irmãos e irmãs, agradeço ao Senhor aquilo que sois e fazeis na Igreja e no mundo. Abençoo-vos e confio-vos à nossa Mãe. E por favor, não vos esqueçais de rezar por mim.

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica Vaticana Terça-feira, 2 de Fevereiro de 2016

Diante do nosso olhar apresenta-se um acontecimento simples, humilde e grande: Maria e José levam Jesus ao templo de

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Jerusalém. Trata-se de uma criança como muitas, mas é única: é o Unigénito que veio para todos. Este Menino trouxe-nos a misericórdia e a ternura de Deus: Jesus constitui o semblante da Misericórdia do Pai. É este ícone que o Evangelho nos oferece no encerramento do Ano da Vida Consagrada, um ano vivido com grande entusiasmo. Agora como um rio, ele conflui no mar da misericórdia, neste imenso mistério de amor que continuamos a experimentar através do Jubileu extraordinário.

A festividade de hoje, sobretudo no Oriente, é denominada festa do encontro. Com efeito, no Evangelho que foi proclamado vemos vários encontros (cf. Lc 2, 22-40). No templo, Jesus vem ao nosso encontro, enquanto nós vamos ao seu encontro. Contemplamos o encontro com o velho Simeão, que representa a expectativa fiel de Israel e a exultação do coração pelo cumprimento das antigas promessas. Admiramos também o encontro com a idosa profetisa Ana que, ao ver o Menino, exulta de alegria e louva a Deus. Simeão e Ana representam a espera e a profecia, Jesus é a novidade e o cumprimento: Ele apresenta-se-nos como a perene surpresa de Deu; neste Menino que nasceu para todos encontram-se o passado, feito de memória e de promessa, e o futuro, repleto de esperança.

Nisto podemos ver o início da vida consagrada. Os consagrados e as consagradas são chamados, antes de tudo, a ser homens e mulheres do encontro. Com efeito, a vocação não começa a partir de um nosso programa, pensado de modo «teórico», mas de uma graça do Senhor que nos alcança, através de um encontro que muda a vida. Quem encontra realmente Jesus não pode permanecer como antes. Ele é a novidade que renova tudo. Quem vive este encontro transforma-se em testemunha e torna possível o encontro para os outros; e faz-se também promotor da cultura

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do encontro, evitando a auto-referencialidade, que nos leva a permanecer fechados em nós mesmos.

O trecho da Carta aos Hebreus, que ouvimos, recorda-nos que o próprio Jesus, para vir ao nosso encontro, não hesitou em compartilhar a nossa condição humana: «Porquanto os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do mesmo sangue, também Ele [Cristo] se tornou partícipe» (2, 14). Jesus não nos salvou «a partir de fora», não permaneceu fora do nosso drama, mas quis participar na nossa vida. Os consagrados e as consagradas são chamados a ser um sinal concreto e profético desta proximidade de Deus, desta partilha da condição de fragilidade, de pecado e de feridas do homem do nosso tempo. Todas as formas de vida consagrada, cada uma segundo as suas características, são chamadas a estar em condição permanente de missão, compartilhando «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem» (Gaudium et spes, 1).

O Evangelho diz-nos também que «o pai e a mãe [de Jesus] estavam admirados com aquilo que dele se dizia» (v. 33). José e Maria conservam a surpresa deste encontro, cheio de luz e de esperança para todos os povos. E também nós, como cristãos e como pessoas consagradas, somos guardiões da surpresa. Um enlevo que deve ser sempre renovado; ai da rotina na vida espiritual; ai de nós se cristalizarmos os nossos carismas numa doutrina abstracta: os carismas dos fundadores — como eu já disse outras vezes — não devem ser fechadas numa garrafa, não são peças de museu. Os nossos fundadores foram impelidos pelo Espírito e não tiveram medo de sujar as próprias mãos na vida quotidiana, com os problemas do povo, percorrendo com coragem as periferias geográficas e existenciais. Não se detiveram

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diante dos obstáculos e das incompreensões dos outros, porque conservaram no seu coração a surpresa do encontro com Cristo. Não domesticaram a graça do Evangelho; sempre conservaram no coração uma sadia inquietação pelo Senhor, um intenso desejo de o levar aos outros, como fizeram Maria e José no templo. Hoje, também nós somos chamados a fazer escolhas proféticas e corajosas.

Enfim, da festa de hoje nós aprendemos a viver a gratidão pelo encontro com Jesus e pelo dom da vocação para a vida consagrada. Agradecimento, acção de graças: Eucaristia. Como é bonito quando encontramos o rosto feliz de pessoas consagradas, talvez já numa idade avançada como Simeão ou Ana, contentes e cheias de gratidão pela própria vocação. Esta é uma palavra que pode resumir tudo aquilo que vivemos neste Ano da Vida Consagrada: gratidão pela dádiva do Espírito Santo, que anima sempre a Igreja através dos vários carismas.

O Evangelho conclui-se com esta expressão: «O menino crescia e fortificava-se: estava cheio de sabedoria e a graça de Deus estava com Ele» (v. 40). Possa o Senhor Jesus, pela intercessão maternal de Maria, crescer em nós, aumentando em cada um o desejo do encontro, a preservação da surpresa e a alegria da gratidão. Então, também outros serão atraídos pela sua luz e poderão encontrar a misericórdia do Pai.

Saudação do Santo Padre no final da Santa Missa, no adro da Basílica de São Pedro:

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Muito obrigado, caros irmãos e irmãs consagrados! Participastes na Eucaristia num clima ou pouco fresco, mas o coração arde!

Obrigado por concluirmos assim, todos juntos, este Ano da Vida Consagrada. Ide em frente! Cada um de nós ocupa um lugar, desempenha uma tarefa na Igreja. Por favor, não vos esqueçais da primeira vocação, do primeiro apelo. Fazei memória! E com o mesmo amor com o qual fostes chamados, hoje o Senhor continua a interpelar-vos. Não diminuais, não abaixeis aquela beleza, aquela surpresa do primeiro chamamento. E depois continuai a trabalhar. É bom continuar. O principal é rezar. O «núcleo» da vida consagrada é a oração: rezar! E assim envelhecer, mas envelhecer como o vinho bom!

Digo-vos algo. Gosto muito de me encontrar com religiosas ou religiosos idosos, mas com os olhos que reluzem, porque conservam aceso o fogo da vida espiritual. Aquele fogo não se apagou, não se apagou! Ide em frente hoje, todos os dias, e continuai a trabalhar e a olhar para o porvir com esperança, pedindo sempre ao Senhor que nos mande novas vocações, de tal modo que a nossa obra de consagração possa progredir. A memória: não vos esqueçais da primeira chamada! O trabalho de todos os dias e depois a esperança de ir em frente e semear o bem, a fim de que quantos vierem atrás de nós possam receber a herança que nós lhes deixaremos.

Agora, oremos a Nossa Senhora.

Ave Maria... [Bênção].

Boa noite e rezai por mim!

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CAMINHANDO COM MARIA XXXII

A VINDA DO ESPÍRITO SANTO Maria se tornou o templo do Espírito Santo desde o anúncio do anjo quando por Ele foi fecundada e gerou o Filho de Deus. Ela não resistiu à graça de Deus em sua vida, por isso a ação do Senhor foi eficaz. Quando permitimos que esse mesmo Espírito tome posse de nossa vida e de nossas ações, Ele nos desinstala, nos

converte aos valores celestes e nos molda segundo a vontade do Senhor. Também nos marca com seu selo, nos confere a identidade de filhos de Deus e nos “ensina o principal mandamento de Jesus: o amor”. Pois na Trindade, o Espírito é o amor que une o Pai e o Filho. Olhando para Maria, aprendemos este relacionamento de amor com a Trindade Santa, com a qual ela está intimamente relacionada uma vez que aderiu profundamente a vontade do Pai, gerando o Filho pela força do Espírito Santo. Maria pode nos ensinar todas as lições na escola da santidade, porque soube viver de amor e por amor. Sua existência transcorreu na mais perfeita comunhão com o mistério divino, pois “abriu-se à ação do Espírito e se deixou levar pela sua instrução, contraindo matrimônio indissolúvel com a Trindade”. Não podemos seguir pelo caminho da fé sem nos identificar com Maria, procurando revestir-nos de suas virtudes, principalmente de sua docilidade amorosa ás moções do Espírito Santo, que lhe

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conferiu a santidade de vida. O nosso coração anseia por chegar onde Maria se encontra em corpo e alma, deseja penetrar neste sublime mistério de amor e se ver mergulhada nele como o peixe na água. Mas só conseguiremos isso se nos abrirmos à graça, acolhendo no nosso interior o Espírito de Deus em plenitude, deixando-nos conduzir por Ele em direção ao infinito. “A concepcionista procura ter sobre todas as coisas o Espírito do Senhor e sua santa operação”. Virtude basilar: acolhimento

Ir. Maria Imaculada de Jesus Eucarístico, OIC Mosteiro Maria Imaculada Rainha da Paz – Joinville/SC

TOMADA DE HÁBITO Dia 10 de Janeiro às oito horas, Festa do Batismo do Senhor, tomaram hábito as postulantes Elza e Mirtes. A celebração foi presidida pelo Frei Estevão Ottenbreit, OFM, Assistente Religioso da Federação da Imaculada Conceição e concelebrada pelo Padre José Arnaldo, capelão do Mosteiro da Luz, e Padre José da Congregação da Santa Cruz, Diocese de Santo André. Assim iniciaram seu noviciado na Ordem. Deixaram seu nome de batismo para abraçarem a Vida Religiosa com os nomes de Irmã

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Teresa Maria de Jesus Crucificado (Elza) e Irmã Maria José da Sagrada Face (Mirtes). Comemoramos com um café e almoço festivos entre amigos e familiares. Alegria dupla. Bendito seja Deus por tão grande dádiva de jovens decidirem seguir a Nosso Senhor imitando o viver inocentíssimo de Nossa Senhora...

Mosteiro da Luz – São Paulo

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AINDA NO MOSTEIRO DA LUZ...

Monólogo (teatro) de Santa Terezinha do Menino Jesus. Baseado no Livro História de uma Alma.

Com a Atriz Gabriela Cerqueira. Houve apresentação nos dias 20 e 21 de fevereiro às 17:30 no

salão da Portaria.

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EM MACAÚBAS... No dia três de abril, Domingo da Misericórdia, celebramos no Mosteiro de Macaúbas as Bodas de Prata de Profissão Religiosa da Irmã Mariza de Fátima e mais as Bodas de Diamante das Irmãs Maria Benedita do Mosteiro de Macaúbas e Ir. Maria Zita do Mosteiro de Salvador. Um triplo motivo para uma Solene Ação de graças! Presidiu a celebração nosso Assistente Religioso Frei Estêvão Ottenbreit, OFM, e concelebraram o Pe. Raimundo (capelão do Mosteiro) e Pe. André (amigo das irmãs). Estiveram presentes familiares e numerosos amigos prestigiando as jubiladas por tão especial momento. “Provai e vede como o Senhor é bom!” Muitas graças para nossas irmãs e suas comunidades!

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VISITA AO MOSTEIRO DE FLORIANO/PI

A Me. Lindinalva de Maria, Presidente da Federação Imaculada Conceição, esteve no Mosteiro do Sagrado Coração e da Imaculada na cidade de Floriano/PI nos dias 1º a 09 de maio juntamente com o Revdo. Pe. Aloísio Mota, CSsR e Ir. Eleusa Maria ( Mosteiro de Jataí/GO). A visita foi marcada pela alegria, fraternidade e sobretudo muita esperança. Atualmente a comunidade é formada por seis irmãs professas solenes. Vivem num ambiente fraterno e de união. Muito queridas pela população de Floriano que as tem num alto nível de apreço. Tivemos momentos de reflexão, partilha, oração e muito calor humano. No primeiro encontro a Me. Lindinalva partilhou as impressões e diretrizes do Encontro acontecido em Roma no inicio desse ano direcionado a vida Religiosa e a vida monástica, em especial, tendo como ponto norteador o questionário que a Congregação enviou a todos os mosteiros. A Me. Lindinalva esboçou a experiência vivida tão intensamente em Roma e como foi produtivo e gratificante participar. Num segundo encontro a Me. Lindinalva abordou o tema Vida Consagrada, temas do nosso dia a dia, incentivando a vivência coerente do carisma, ressaltando a necessidade de se ter e manter uma disciplina na organização dos horários do mosteiro incluindo principalmente a oração. O pano de fundo foi os documentos publicados no ano dedicado à Vida Consagrada: Alegrai-vos, Perscrutai e Contemplai. O terceiro encontro ficou por conta do Pe. Aloísio que usando a parábola do Filho Pródigo refletiu sobre cada personagem da

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Parábola na dimensão da Misericórdia trazendo para a nossa realidade com a pergunta: Você entraria? Num quarto encontro o Pe. Aloísio apresentou um documentário em vídeo sobre o livro “Sofrimento psíquico dos Presbíteros” de autoria do Prof. William Cesar Castilho Pereira. Com esse documentário e a parábola do Filho Pródigo refletiu-se sobre a questão vocacional, tanto das jovens que chegam como a das irmã já tem uma caminhada maior e ainda questões de formação, convivência e os votos religiosos. Num quinto encontro Pe. Aloisio com o documentário “Noivas do Cordeiro” que apresenta uma comunidade “laical” que vive próximo Belo Horizonte/MG. Conhecendo a história dessa comunidade com seus altos e baixos, dificuldades e preconceitos, provocou-se a reflexão para a nossa vida de aspectos como: resgatar valores, intensificar a vida fraterna e o espírito de comunhão. A Eucaristia foi celebrada pelo Pe. Aloisio nos dias em estivemos no mosteiro de Floriano, ressaltando a celebração do dia das Mães, igreja lotada de fieis, muitas famílias, concorrendo para que a celebração fosse marcante e significativa além da emoção contagiante. Nossos agradecimentos a Comunidade de Floriano, na pessoa da Me. Maria do Socorro que tão calorosamente nos acolheu mais uma vez. Que Deus as recompense com a santa perseverança e boas vocações. A Virgem Imaculada impetre ricas e escolhidas bênçãos do Coração de Jesus.

Ir. Eleusa Maria, OIC

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“Como é bom, como é suave os irmãos viverem juntos bem

unidos”

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Participe!

Envie sua colaboração para:

Ir. Magnólia de Maria, OIC

Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição

Rua Campinas de Brotas, 737 – Brotas

40275-160 Salvador/BA

E-mail: [email protected]

Próxima edição do Boletim:

Agosto/2016