jamais esquecerei - perse.com.br · 2 ''não sei... se a vida é curta ou longa demais...
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Jamais Esquecerei
do Brother
Jean Wyllys
Livro de mensagens dos fãs de Jean Wyllys,
organizado por Edmar José Mascarenhas da
Silva, Karina Schil e Valdeck Almeida de Jesus,
administradores do Primeiro Fã-Clube Oficial do
Jean Wyllys.
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''Não sei...
Se a vida é curta ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
Se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais,
Mas que seja intensa, verdadeira, pura... Enquanto durar.''
Cora Coralina
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Agradecimentos
Em especial, ao próprio Jean Wyllys, motivo principal
desse livro.
Aos meus pais, in memoriam.
Aos fãs que enviaram mensagens, aos fãs que não
enviaram mensagens por dificuldades de acesso à
internet, a todos os que colaboraram para que esse livro
se tornasse realidade.
Salvador, agosto de 2005
“Amigo é coisa pra se guardar, do lado
esquerdo do peito”, já dizia a música “Amigo”, de Milton
Nascimento.
Brother (irmão, em inglês), no Brasil tem uma
outra conotação: amigo, irmão, camarada, companheiro,
pessoa em quem se confia. Esse cara é brother!
Brother, Big Brother, Big Brother Brasil!
Ninguém melhor do que Jean Wyllys (Jan, como
carinhosamente o chamam seus fãs), para simbolizar o
significado, para personificar a figura do brother do
Brasil, o amigo, o irmão, aquele em quem confiamos; “o
cara”, a pessoa com a qual queremos estar, contar nossos
segredos e em quem uma população inteira votou e
depositou a sua confiança.
A vitória do Jean no BBB5 não foi a vitória
de um gueto, de um grupo. Foi a vitória de toda uma
população, que estava apostando na decência, na
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sinceridade e no bom caráter. Foi o consciente e o
inconsciente falando mais alto, guiando os dedos que
digitavam os votos na internet e que votavam, também,
pelo telefone.
Fazer o que? Brother só tem um, apesar de já
ter existido tantos programas iguais pelo mundo afora.
Esse, sim, vai ser lembrado, sempre.
A ideia de escrever um livro com as
mensagens dos fãs vem justamente para tornar palpável o
que se disse e o que se pensou sobre o Jean Wyllys. É um
livro pequeno, mas que traz toda a essência e carinho dos
fãs, como presente para o Jean.
Valdeck Almeida de Jesus
Presidente do Fã-Clube
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Prefácio
Este livro nasceu da sensibilidade do escritor
e poeta baiano, Valdeck Almeida de Jesus, criador do
Primeiro Fã-Clube do Jean Wyllys. A ideia de escrever
Jamais esquecerei o brother Jean Wyllys, surgiu diante
do grande número de pessoas que procuraram o fã-clube
de Jean enviando mensagens, querendo saber notícias,
demonstrando afeto. Jean, que assumiu sua
homossexualidade publicamente, durante o programa, foi
o primeiro intelectual a participar de um Big Brother
Brasil. Sendo a mais assistida e comentada de todas, a
quinta edição, protagonizada por Jean, foi considerada a
de maior sucesso mercadológico da TV Globo. O
programa mobilizou as atenções do país e teve seu final
equiparado a um jogo de Copa do Mundo. Foi mais de
1,6 milhões de espectadores, segundo medição do Ibope,
apenas na Grande São Paulo. A conquista de Jean
marcou a vitória dos valores elevados, consagrou a ética,
a amizade e a cultura brasileira. Bem mais culto do que a
média dos participantes de reality shows, o campeão
intelectual personifica a esperança num Brasil melhor.
Jean conquistou o coração de muita gente.
O público superou o preconceito contra as
minorias e conheceu o cidadão Jean com seus valores e
seus ideais. Jean Wyllys venceu um reality show, mas foi
a nação brasileira que saiu vitoriosa.
Com o lançamento de Jamais esquecerei o
brother Jean Wyllys, o registro de um momento especial,
de reafirmação dos valores, ficará para sempre. E é muito
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bom saber que, assim como muitos de nós, você também
admira o exemplo deste brasileiro humilde e batalhador,
que mostrou a todos que a ética ainda é capaz de vencer
um reality show popular como o Big Brother Brasil. Com
a resignação e a serenidade necessária para sobreviver às
adversidades, Jean agrada, inspira e mobiliza.
Compartilhar desses momentos, onde seus fãs abrem o
coração para deixar registros de amor, carinho e
confiança, reconforta e nos encoraja a nunca desistir de
lutar por nossos sonhos em um futuro melhor.
Como Jean mesmo citou, de Saramago: "O
ideal seria uma sociedade sem tolerância e sem
intolerância, por que mesmo a tolerância pressupõe que
você é superior ao outro. Então toleremos...".
Karina Schil
Agradeço a minha irmã Nina Veiga pelo apoio e
incentivo.
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Mensagens dos fãs de todo o Brasil para o
Jean Wyllys
Corpo Limitado
Ana Cristina César, poeta que se matou em
1983, foi limitada, cerceada. Foi proibida e censurada por
sua geração, que era “antiquada”. Nossa geração é
“avançada” e também cerceia, censura, proíbe...
Bem dizia o fragmento que ouvi em Iroko
(peça encenada no Teatro XVIII, em um mês de 2005):
“Odeio este jornal que me separa de ti, me separa de ti,
me separa...” (trecho de “Poesia de 1° de Outubro”, de
Ana Cristina César).
Eu odeio tudo: a tela da televisão, que me
separa dos atores, diretores, cinegrafistas, apresentadores,
jornalistas... Odeio o som e a imagem da TV que me
separa dos meus irmãos, amigos e colegas que estão
sentados ao meu lado e que não olham para mim, que não
ouvem o que digo, que não dialogam comigo... Odeio o
jornal que me separa de ti, me separa de mim, me
separa... (plágio declarado)... Odeio as estradas que me
separam de ti, me separam de ti, me separam... Odeio as
línguas que me separam de ti, me separam de ti, me
separam... Até mesmo a língua portuguesa, que acho que
você, leitor, fala fluentemente – pois você, povo
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brasileiro, nasceu falando este idioma – eu odeio, pois
ela, a língua portuguesa, me separa de ti, me separa de ti,
me separa...
Estas separações, estas censuras, estes limites,
estes apartheids, estes muros de Berlim, estas duas
Coréias, o Ocidente e o Oriente, classe A e Classe B
(extratos de população, ricos e pobres), anões, negros,
albinos, cretinos, loucos, carecas, cotós, manetas,
drogados, magros, europeus, americanos, povos Incas,
Machu-Pichu, baianos (nordestinos: os paulistas chamam
de “baianos” a todos os nordestinos), cearenses, cariocas,
“paraíbas”, mulher-macho, gay, traveco, letrado, imortais
(estou rindo dos imortais que morreram), aqueles cento e
quarenta e quatro mil que foram escolhidos para serem
“salvos” do mármore do inferno, todos ROTULADOS...
Eu odeio estes rótulos que me separam de mim, me
separam de mim, me separam... Odeio não ser eu, odeio
ter que ter duas identidades (uma para usar em casa,
sentado no vaso sanitário, “com a boca escancarada cheia
de dente, esperando a morte chegar”) e a outra para
mostrar ao segurança da rua, do prédio, ao motorista, ao
manobrista, ao pqp, para provar que não sou um
daqueles “coiotes” rejeitados pela sociedade e
demonstrar que tenho “dinheiro, identidade”...
Casado? Solteiro? Tico-tico no fubá??? Às
favas com teus rótulos, etiquetas compradas da China
(Made in China), teus “nikes”, “rainhas”, “mizunos”,
“hondas civics” e outras babozeiras... Eu janto todas as
noites no Chico do Mocotó (barzinho na Rua Direta do
Uruguai, em Salvador), sim, e daí?! Boi preto???? Vaca
louca é você, que segue a manada, aprende a se jogar da
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ribanceira e depois ainda me critica por ser tão autêntico
(outro rótulo que você me colocou)...
Não posso voar, não posso fingir que estou
planando... Não posso viver; não posso morrer... Não
posso existir; tampouco deixar de estar aqui. Esqueça-
me, viva ou morra a tua vida, desate os “nós” com os
quais você me atou desde minha tenra infância, para que
eu consiga enxergar o mundo com MEUS PRÓPRIOS
OLHOS. Se eu sou alto, se sou baixo, mulato, sarará, não
posso ser “o sarará do Tchan!”, deixe-me aqui, nesse
mundo louco, que me separa de ti, que me separa de ti,
me separa...
Valdeck Almeida de Jesus
Salvador, 02 de agosto de 2005
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Jamais Esquecerei
O dia em que ganhei um amigo e
companheiro chamado JEAN WYLLYS o qual só
conheço por tv e foto, mas conheço bastante a alma.
Passava pouco da meia noite e a insônia
minha companheira diária insistia em pernanecer.
Perambulava pela casa enquanto abria as cortinas da sala
para vislumbrar, ainda uma vez mais antes de oferecer-
me ao sono, as luzes coloridas da bela New York City. E
ela se apresentava mais bela ainda na noite de chão
coberto de branca neve em noite de lua cheia. Nos meus
ouvidos a sua voz, Jean Wyllys, era captada nos fones
de ouvido que me permitem andar pela casa sem perder
o som que saía do micro conectado com o Globo Media
Center. Isso mesmo, você falava da sua descoberta do
Globo Media Center e da riqueza que ele nos oferece em
conteúdo cultural e sua universalidade. Falava da sua
impetuosidade em tornar-se assinante tão logo lhe foi
negado o acesso a algo que você gostaria de ver. Essa
foi uma das coisas que ficaram marcadas em mim da sua
passagem para a vitória. Desde a sua primeira indicação
ao primeiro paredão iniciei as minhas observações sobre
a sua pessoa e a nossa relação foi sendo construída, dia a
dia, descoberta a descoberta. Percebi nos seus gestos
contidos ser você uma pessoa disciplinada pelas
responsabilidades diárias da sobrevivência. Na atitude
de ser o primeiro a deixar as festas e no jeito não muito
ritimado de dançar eu descobri em você uma pessoa
compromissada com a luta cotidiana e sem muito tempo
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para esses tipos de lazer. Mesmo quando a ocasião
carecia que de você emergisse uma explosão, tudo o que
você conseguia fazer era abrir os braços, cerrar os
punhos, erguer a cabeça olhando para os céus e,
respirar... profundamente, como se desejasse abraçar,
naquele movimento de rodar em torno de si mesmo,
cada uma das pessoas que tinham apostado em você. E,
claro, eu sentia-me abraçada. Você esteve observado
(acho que) milimetricamente e quanto mais eu descobria
suas virtudes mais observava-lhe. Das suas falas eu
apreendi ser uma pessoa de gostar de leitura e de digerir
o que foi lido. E, que memória fantástica para armazenar
tanto conhecimento! Com certeza isso foi sedimentado
pelos ossos do ofício. Do início ao fim você foi
condizente com a sua história, de brasileiro comum,
pertinaz, perseguidor dos seus sonhos, como muitos, e
diferente daqueles que nem sequer sabem sonhar. E
você me fez pensar e perguntar: Por que uns e outros
não?
Você Jean, foi um grande companheiro neste
inverno rigoroso de 2005 aqui nos Estados Unidos da
América do Norte. Foi assunto nos comentários com a
minha família e amigos mais próximos, residentes aqui e
no Brasil. Senti e sinto falta dos papos gostosos, da
narrativa das suas experiências de vida, como por
exemplo aquela em que você recorda o assalto ao ônibus
que levava-lhe para o trabalho e que quando você abriu
a mochila para exibir ao indivíduo que lhe abordava,
tudo o que havia lá dentro eram livros, papéis e canetas,
mas houve também para felicidade e alegria sua e de
quem viu e ouviu, a constatação de alguém estar lendo o
seu livro Aflitos no mesmo ônibus que lhe conduzia a
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algum lugar. Seus olhos brilharam neste mometo desta
confissão e não era para menos. Tenho guardadas
inúmeras notinhas colhidas nas páginas diárias do site
BBB5, desde aquela de tentar convencer a Grazzy a
voltar a estudar, dos conselhos, incentivos e estímulos
dados a Aline, mas, nada ficou tão forte como aquela
cena e descontrole do Alan que em prantos lhe dizia:
Jean, me desculpe pelo começo e pelo fim e muito
obrigado pelo meio!
Papo pós-paredao entre Jean e Alan:
Segunda, 21 de março de 2005
Professor fica indignado com voto de Pink.
O baiano levanta agora a possibilidade de
ficar na casa e planeja curtir os momentos caso vença a
disputa. "Se eu ficar, o bom é que eu vou continuar na
disputa. Vai ser ótimo por isso. Mas se não for, não
altera nada do que a gente disse, do que a gente
construiu. A vida real se impõe de tal maneira que eu
não esperava que Pink votasse em mim e ela votou",
confessa Jean, indignado.
"Mesmo que eu ache que eu vá sair na terça,
a gente só vai ter a resposta na terça. E pode ser que eu
fique. Tem essa possibilidade, entendeu?", diz Jean,
ganhando confiança para disputar o paredão com a
amiga Tati Pink. "Eu sei. É a primeira vez que eu estou
chorando", revela Alan. "Eu fico feliz que essas
lágrimas sejam sinceras e que eu seja o motivo delas.
Alan, você foi a única pessoa da casa que adimitiu que
estava torcendo por mim. Se tivesse um botequim pra
gente ir agora, eu ia tomar muita bebida nessa cara", diz
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o professor. Alan encerra o assunto com uma frase
triunfal, que finaliza com um abraço de Jean: "Desculpa
pelo início e pelo fim, viu, cara? E obrigado pelo meio.".
Frase do Prof. Jean Willys:
Quarta, 23 de março de 2005
Professor defende uso de preservativo.
O baiano está conversando com Sammy na
piscina. O assunto é a Igreja e, no meio do papo, Jean
defende o uso da camisinha: "Há muitas contradições no
mundo contemporâneo. Mas o preservativo é um ponto
para a vida".
JEAN e o SUPERMAN:
Sexta, 11 de março de 2005
Jean explica referência de Gil a 'Superman'.
Depois do almoço, a turma continua na mesa
conversando sobre música. Jean recita os versos de
"Super-homem (a canção)", de Gilberto Gil. "Um dia /
Vivi a ilusão de que ser homem bastaria / Que o mundo
masculino tudo me daria / Do que eu quisesse ter / Que
nada / Minha porção mulher, que até então se
resguardara / É a porção melhor que trago em mim
agora / É que me faz viver".
O baiano explica a Karla que um dos trechos
da música ("Quem sabe o Superhomem venha nos
restituir a glória / Mudando como um deus o curso da
história / Por causa da mulher") faz uma referência ao
filme "Superman", de Richard Donner. "No final do
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filme, o superman vê a Lois Laine morrendo e voa em
torno da terra para voltar no tempo e salvá-la", recorda.
"Que lindo", suspira a pernambucana, fazendo cafuné no
professor.
Jean question: Sexo Fragil?
Sexta, 11 de março de 2005
Jean question: 'Qual é o sexo frágil?'
Sentado à mesa, Jean conversa com Karla. O
baiano fala sobre a relação do homem com a mulher e o
machismo que a cerca: "Se o homem depende tanto da
mãe, da mulher amada, quem é na verdade o sexo
frágil?".
Altas Horas...
Seguramente, senão "o melhor", o programa
da VIDA INTELIGENTE NA MADRUGADA,
"ALTAS HORAS", no mínimo foi um dos melhores,
aquele que o Serginho Groissman apresentou
diretamente da casa do BBB5, o qual fez naquele dia, a
legitimidade do slogan semanal.
E, por fim, como acontece em toda paixão,
caí no lugar comum de todos mortais.Vi-me
perdidamente envolvida emocionalmente naquela luta
do Bem contra o Mal, mesmo que a alguns milhares de
quilômetros de distância. Entre um Desktop e um
Laptop com conexão via cabo, desesperadamente
votando no Jean Wyllys, calculando em média 1 voto a
cada 7/10 segundos, exceto no paredão entre Jean X
Pink. Perdão, nesse eu teria que abster-me, de votar e de
torcer.