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S Ã O P A U L O , 2013

Marco Luque

ORGANISMO PULSANTE

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2013IMPRESSO NO BRASILPRINTED IN BRAZIL

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO ÀNOVO SÉCULO EDITORA LTDA.Alameda Araguaia 2190 – 11º Andar

Bloco A – Conjunto 1111CEP 06455-000 – Alphaville Industrial, Barueri – SP

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Luque, MarcoJackson Five / Marco Luque. -- 1. ed. -- Barueri, SP : Novo Século Editora, 2013.

1. Crônicas brasileiras 2. Ficção brasileira 3. Humorismo brasileiro I. Título.

13-07000 CDD-869.97

Índices para catálogo sistemático:1. Ficção de humor : Literatura brasileira 869.97

Copyright © 2013 by Marco Luque

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

Coordenação Editorial Letícia Teófilo

Diagramação Project Nine

Capa Planeta Digital por Suely Carvalho

Ilustrações Marco Luque

Foto da capa Priscila Prade

Foto da contracapa e orelha Pedro Dimitrow

Revisão Novo Século

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Agradeço a todos os motoboys – os que estão na ativa e os que já se foram.

A Rádio Mix pelo programa do Jackson Five nes-ses sete anos. A Mara Carvalho pela colaboração.

E claro, eu não poderia deixar de dedicar a todos os meus fãs. Este livro é para vocês!

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Prefácio

É muito gratificante quando um personagem ganha vida própria. E este é, sem dúvida, o caso do Jackson Five, que com seu divertido e descolado relato sobre a difícil convivência nas megalópoles entre os carros e motos, consegue grande iden-tificação com o público, que ri ao ver espelhado, como em um retrovisor, as várias situações geradas pelo caótico trânsito das grandes cidades.

O Jackson Five foi criado há oito anos para o Terça Insana, espetáculo de humor idealizado pela atriz e diretora Grace Gianoukas. Esta parceria criativa foi fundamental para o sucesso do personagem que eu hoje encarno nos palcos, na Rádio Mix, onde Guilherme Rocha me assessorou nos textos, e que agora chega às páginas deste livro.

Sou formado em Artes Plásticas e sempre gostei muito de desenhar. Assim que surgiu a ideia de reunir as melhores his-tórias do Jackson Five num livro, veio junto a vontade de ilus-trar algumas delas. Então, todas as ilustrações desta obra são de minha autoria, e posso dizer que foi um enorme prazer fazê--los, e curti muito ter a oportunidade de mostrar esse meu lado “ilustrador”.

O modo de falar característico do personagem foi preser-vado, deixando a correta grafia das palavras por vezes esque-cida. Divirtam-se, mas, por favor, não reproduzam esta nova-gramática em casa ou nas provas de português.

Marco Luque

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A Paisana................................. 11A Chapa Esquentô .................. 13Tiozinho Tic Nervoso ............. 15Bli-Bo-Teca .............................. 18Ajéba ....................................... 20Aleguei Tic .............................. 23Pau Da Goiaba ........................ 25Belíx ....................................... 27Mi-No ...................................... 29Edilene .................................... 32Amigo Ocúltico ....................... 35Mina Do Provedor .................. 38Dominó ................................... 40Ângelas.................................... 42Assalto? ................................... 45Consulta Treta ........................ 47Engole Uma Flor ..................... 50Bípedes.................................... 53Bizerrinha ............................... 56Leilão ...................................... 58Farnacêustico ......................... 61Bote Errado ............................. 63Bringadero .............................. 65Briga No Casamento .............. 68Ferrara .................................... 71Cartanante .............................. 73Celso Malandro ...................... 75Benta ....................................... 77Fincô ....................................... 80Central .................................... 82Cdt Dérreal! ............................ 84Aula De Ingrêis ....................... 86

Flagra ...................................... 88Dentista .................................. 90Cuida Pra Mim........................ 92Onde No-Nós Paramos? ......... 95Dia De Fúria ........................... 97Double Rango ......................... 99George Foreman ................... 102É Lente .................................. 104Preda ..................................... 106Pinote .................................... 109Ele Te Segue .......................... 111Gribado ................................. 114Impurrano A Caranga .......... 116Iscorreno ............................... 118Entra No Armário, Jackson! ...121Instituto Bustmans .............. 124Muchacho ............................. 126Prensa ................................... 128Jackson Two ......................... 131Próstata................................. 133Arroiz No Cílio ...................... 136Furto Apimentado ................ 139Saudade! ............................... 142Toquinho............................... 144João Sem Braço .................... 147A Três .................................... 150Antes ..................................... 153Meneteorlogia ...................... 156Psiu, Professorinha .............. 158Trampo No Cartório ............. 160Vigia ...................................... 163

Sumário

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A PAISANA

E aí, malandragem, filé no tripé?

Jackson Five só na mancagem pré-juvenil da rolera

jacksoniniana.

Doidão, nessa vida nóis tem que aprendê algumas

parada viveno na pele memo.

Esses dia fui fazê um trampo ali no centrão, mano, e

num tinha lugar pra estacioná minha magrela. Mas, mano,

já dei o bote do Magáivers e consegui imbicá minha Lady

Laura num lugar muito esquema, mano. Encostei ela num

beco sem saída que num podia pará nada, mas ninguém

ia vê, tá ligado? Já flixionei: “O que os olhos num vê, o

coração pressente”. E é nóis, queiróiz, num vai dá nada.

Doidão, tava me achano o cara! Os motoboy da rua tudo

sem lugar pra pará a magrela e eu ali, só na miguézinha, de boa

na lagoa, doidão! Relaxei, né, mano? Hora do almoço, pá, mó

fome discomunente, já colei numa padoca pra batê a xepa.

Mas se liga na fita, malandro. Tinha um maluco ran-

gano do meu lado e eu fiquei trocano ideia com ele e pá.

Num teve jeito né, mano? Eu tinha que falá pra alguém

do esquema firmeza que eu tinha feito pra estacioná a

magrela! Falei que comigo era assim: rolera atrás de rolera

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e tal, num tinha tempo ruim e pá. Paguei de James Blonder

memo!

O maluco falô: “Pô da hora, hein, me mostra onde ela tá?”.

Falei: “Firmeza, mano, chega aí!”.

Mas, mano, vai veno. O maluco chegô lá e falô: “Muito

legal o que você fez, hein, garoto. Pena que você acaba de

ser multado por estacionar em local inadequado”. Rachei o

bico, né, mano? Falei: “Que cê tá falano aí, sangue bom?”.

E ele nem riu, mano! Já me deu um tíltis no célebro,

mano! Vi que a parada era séria.

DOOOOIDO, o maluco era da CDT, mano! Era um dos

marronzinho e como ele tava rangano tinha tirado o uni-

forme pra não sujá, doidão! Ele tava a paisana, mano!

Malandro, eu num sabia o que fazê! Minha pressão baxô

respentinamente. Eu suava frio, me senti o cara mais prego

dessa Via Lácta! Guincháro minha Lady Laura e ainda tive

que pegá uns quatro busão pra voltá pra firma, mano!

Tô reconstignado, viu, mano!

De motoboy pra tagarela juvenil da megalópoles é mais

que um marronzinho a paisana nessa biosfera filibrante.

É nóis, queiróiz!

Fui!

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A CHAPA ESQUENTÔ

E aí, Durval, só no grau do bacalhau?

Jackson Five só nas coicidência letrística dessa vida

loca jacksoniana.

Malandro, tô cansado de colá nos lugar na boa intenção

e a parada virá no reverso contra eu prósprio. Doidão, tive

uns pobrema com a chapa da Lady Laura e precisei metê

uma troca, tá ligado?

Firmeza até aí. Colei nos dispachantis, fi z os procedimento

certinho pra trocá e pá. Tem duas situação que me dexa ner-

voso: acordá cedo e tá escuro ainda; e chover bem na hora dos

corre nas street, mano!

E, jow, nóis até usa as prote-

ção, os jaco, as parada pra num

intrá água nas parte interna, mas

quando a água que cai daquele

jeito federal, num tem jeito, mano!

Esses dia cheguei numa agência

dessas de publicidade e a mina da

recepção viu que eu tava insopado e

num queria dexá eu entrá. Ah, não!

E, jow, nóis até usa as prote-

ção, os jaco, as parada pra num

intrá água nas parte interna, mas

quando a água que cai daquele

jeito federal, num tem jeito, mano!

Esses dia cheguei numa agência

dessas de publicidade e a mina da

recepção viu que eu tava insopado e

num queria dexá eu entrá. Ah, não!

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Tá loco, malandro? Atravessei a megalópole intera

tomano mais água que maratonista da São Silvestre na

subida e a mina vem com essa?

Já entrei tirano o capacete e acelerano: “Aê, mina, taê os

documento”.

E, doido, memo de capacete meus cabelo tava inchar-

cado, tá ligado? Ainda falei: “Aê, se liga na água que tomei

pra colá aqui, óóó”.

E a mina lançô uma que me tirô de série, mano: “Nem

dá pra ver, seu cabelo está seco. Deve ser à prova d‘água!”.

E riu, mano!

Nessas hora é bom nóis assisti TV, né, jow? Já apavorei:

“O queeê? Isso é buly, malandro! Vô te processá por buly,

sua lóck. Tá falando que meu cabelo é ruim? Vai vim com

buly pra cima de mim?”.

Tá ligado quando cachorro sai do banho e se treme intero

pra se secá? Colei perto dela e fiz igual, mano! Me chacoalhei

intero, malandro! Rolo um tsumani nervoso na mina. Ela já

começô a me xingá: “Sai daquii, sai daquii, sai daquii!”.

Ah, malandro, saí rachano o bico. Vai fazê buly com as

amiga dela. Eu tô ligado nos meus direito, mano brown!

Mas, firmeza, vô segui no combate contra o buly.

Vô nessa que o cabelo já secô e a grana também...

É nóis, queiróiz!

Fui!

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TIOZINHO TIC NERVOSO

E aí, Manoel, tá faltano papel?

Jackson Five, só na constrição da situação conflitante

humânica...

Malandro, me aconteceu uma parada hoje que fiquei

numa situação ensaborosa memo. Eu tinha umas entrega

pra fazê ali num bairro duns granfino, tá ligado? E moto-

boy num conhece esses pico, malandro!

Precisei pará pra pedi informação e tal né, malandro!

Colei num maluco que tava num ponto de táxi e já dei uma

ideia no cara, né. Falei: “Oh tio, sabe onde fica essa rua aqui

que tá escrito nos envelope?”.

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Mano, maluco chacoalhô a cabeça pra cima e pra baixo

e falô: “NÃO”.

Xiii, mano! Olha o cara... no gesto corpóreo tava dizeno

SIM... e com a boca falava que NÃO.

Falei: “Oh, meu senhor, tô com pressa! Vai, sem brinca-

dera! Eu tô perto dessa rua ou num tô?”.

Aí ele fez a mesma coisa, mano, com a cabeça SIM e com

a boca NÃO, mano! Comecei a ficá restignado com o maluco!

Eu fazendo meu trampo na pressa e o comedião tirano sarro

da minha cara. Já desci da magrela e meti um apavoro ner-

voso nele, falei: “Aê maluco, tá me tirano! Cai pra cima!”.

E ele fez de novo, doidão. Chacoalhô a cabeça que SIM

e falô que NÃO.

Já ranquei o capacéx e fui pra dentro já gritano memo:

“Ce tá loco, meu irmão?”.

Mas aí quando eu fui chegano perto do maluco per-

cebi que ele foi ficano sem graça e continuava fazendo o

movimento com a cabeça pra frente, pra trás, pra frente,

pra trás, tipo o pescoço de uma pombinha quando ela tá

“andandinho”, tá ligado? Foi aí que eu tive um estalo que

me fez gorfá de sem graça, mano!

O MALUCO TINHA TICKET NERVOSO,

MAAAAAANOOO! Coitado...

Eu num sabia onde me enfiá! Pedi desculpa pro cama-

rada, mas aí já tinha passado dos limites né, mano!

Ele já falô que eu era sem educação e que eu num tinha

disconfinômetro!

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Ah, mano, como é que eu ia advinhá que ele tinha essas

parada? Mas já aprendi, nunca mais tomo nenhuma reação

pré-editada viu, jow!

De motoboy pra vidente é muito mais que um ticket

nervoso na cabeça da mãe dinára...

É nóis, queiróizz...

Fui!

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BLI-BO-TECA

E aí, mano, beleza na mesa?Jackson Five só no silêncio errado

dessas entrega da megalópole!

Mano, esses dia me contataro pra fazê uns jobs de boa. Era só levá uns livro na bliboteca... bli-bo-teca... bliboteca munici-pal... Ah, aquele lugar onde guarda os livro!

Doidão, se eu falá pra você que já tinha ido numa dessas é papo, jow! Nunca tinha ido e vô fala que num foi de boa não, mano!

Cheguei cos livro na mão e joguei na mesa e falei: “Taí, queiróiz”.

O maluco já olhô pra mim e fez: “Shiiiiiiiiiiiiii”.

Eu assustei na hora e devolvi, né, mano: “Shiiiiiiiiiiiiiiiiii”.Ele fez de novo, mano: “Shiiiiiiiiiiiiiiii”.E eu fi z: “Shiiiiiiiiiiiii”.Malandro, se ele continuasse eu ia até amanhã com essa

parada! Achei que era zuera do cara.Mas, mano, ele falô: “Não faça barulho aqui, rapaz”.Já apavorei né, mano, falei: “Doidão, eu sei me com-

portá nos lugar, viu? Fica na moral”.

Jackson Five só no silêncio errado

Mano, esses dia me contataro pra fazê uns jobs de boa. Era só levá uns livro na bliboteca... bli-bo-teca... bliboteca munici-pal... Ah, aquele lugar onde guarda os livro!

Doidão, se eu falá pra você que já tinha ido numa dessas é papo, jow! Nunca tinha ido e vô fala que num foi de boa não, mano!

Cheguei cos livro na mão e joguei na

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Só que nessa hora eu tava falando com ele e fui apoiá

numa prateleira, manja?

MALAAAANDRO, ela rompeu! Mano, de rabo a cabo,

mano! SEM GENIALIZÁ, foi um dos maior barulho que eu

já senti na minha vida.

E na hora que tava caíno a pratelera, eu reprevi a tragé-

dia: tinha várias e várias infilerada. Uma começô a derrubá

a outra. Era: “Tá... tá... tá... tá... tá... tá... tá... tá... tá... tá...

tá... tá!”.

Foi caíno tudo! O alarme disparô na hora! Tinha uma

galera que tava pesquisano uns livro e começaro a corrê e

se jogá no chão pra não se machucá! Tava teno excursão

dumas criança lá e elas começaro a chorá sem pará, mano!

Caos geral na bliboteca... bli-bo-teca. O atendente num

acreditava. NEM EU, LÓSTICO!

Doido, quando terminô de caí tudo, acho que os único

livro que ficaro de boa foram os que eu fui entregá.

O atendente começô a olhá pra mim e gritá igual um

loco: “Olha isso! Olha isso!”.

Já olhei pra ele com ar de superior e falei:

“Shiiiiiiiiiiiiiiiiii”.

Corri mais que o papa-léguias!

Mas ó, tô contando essa fita só entre nóis hein, quei-

róiz. Num espalha, não!

Shiiiiiiiiiii...

Fui!

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