ix. práticas abusivas - core.ac.uk · não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as...

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IX. Práticas Abusivas Pressupostos da sanção no regime do CDC 35. O pressuposto da cobrança de dívida-36. O pressuposto da extrajudicial idade dacobrança-37. O pressuposto da qualidade de consumo da dívida cobrada 38. A suficiência de culpa para aplicação da sanção - 39. Cobrança indevida por uso de cláusulas ou critérios abusivos-40. Os jurosea correção monetária -41. Ovalorda sanção-Quadro sinótico Bibliografia. 1. Introdução: o conceito de prática abusiva Prática abusiva (lato sensu) é a desconformidade cornos padrões mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor. São práticas as mais variadas e que, no direito norte-americano, vêm reputadas como unfair. Como práticas (= atividade), comportam-se como gênero do qual as cláusulas e a publicidade abusivas são espécie. Um conceito fluido e flexível. Por isso mesmo, o legislador e os próprios juízes têm tido mais facilidade em lidar com o conceito de enganosidade do que com o de abusividade. São - no dizer irretocável de Gabriel A. STIGLlTZ - ucondições irregulares de negociação nas relações de consumo" (Protecci6n jurídica deI consumidor, p. 81), condições essas que ferem os alicerces da ordem jurídica, seja pelo prisma da boa-fé, seja pela ótica da ordem pública e dos bons costumes. ANTONIO HERMAN V. BENJAMIN SUMÁRIO: 1. Introdução: o conceito de prática abusiva - 2. Classificação - 3. A impossibilidade de exaustão legislativa -4. As sanções- 5. O elenco exemplifi- cativo das práticas abusivas - 6. Condicionamento do fornecimento de produto ou serviço (art. 39, I) 7. Recusa de atendimento à demanda do consumidor (art. 39, 11) - 8. Fornecimento não solicitado (art. 39, 111) 9. O aproveitamento da hipossuficiência do consumidor (art. 39, IV) -1 O. A exigência de vantagem excessiva (art. 39, V) -11. Serviços sem orçamento e autorizaçãodo consumidor (art. 39, VI)-12. Divulgação de informações negativas sobre oconsumidor (art. 39, VII) -13. Produtos ou serviços em desacordo com as normas técnicas (art. 39, VIII) -14. A normalização 15. Recusa de venda direta (art. 39, IX) - 16. Elevação de preço sem justa causa (art. 39, X)-17. Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art. 39, XI) -18. A inexistência ou deficiência de prazo para cumprimento da obrigação (art. 39, XII) -19. Tabelamento de preços 20. A cobrança de dívidas de consumo - 21. Objeto do dispositivo (art. 42, caput) 22. Os contatos do credor com terceiros - 23. As práticas proibidas - 24. As proibições absolutas - 25. A ameaça - 26. A coação e o constrangimento físico ou moral- 27. O emprego de afirmações falsas, incorretas ou enganosas - 28. As proibições relativas - 29. A exposição do consumidor a ridículo - 30. A interferência no trabalho, descanso ou lazer - 31. Sanções civis, administrati- vas e penais - 32. Repetição do indébito - 33. O regime do Código Civil- 34. BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcellos e. Práticas abusivas. In: BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcellos e; MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. 4.ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 265 - 292.

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Page 1: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

PASQUAlono IX Praacuteticas Abusivasdo Consumidor

Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC 35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida-36 O pressuposto da extrajudicial idade dacobranccedila-37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada 38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo - 39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos-40 Os jurosea correccedilatildeo monetaacuteria -41 Ovalorda sanccedilatildeo-Quadro sinoacutetico Bibliografia

1 Introduccedilatildeo o conceito de praacutetica abusiva

Praacutetica abusiva (lato sensu) eacute a desconformidade cornos padrotildees mercadoloacutegicos

de boa conduta em relaccedilatildeo ao consumidor

Satildeo praacuteticas as mais variadas e que no direito norte-americano vecircm reputadas

como unfair Como praacuteticas (= atividade) comportam-se como gecircnero do qual as claacuteusulas e a publicidade abusivas satildeo espeacutecie Um conceito fluido e flexiacutevel Por isso mesmo o legislador e os proacuteprios juiacutezes tecircm tido mais facilidade em lidar com o conceito de enganosidade do que com o de abusividade

Satildeo - no dizer irretocaacutevel de Gabriel A STIGLlTZshy ucondiccedilotildees irregulares de negociaccedilatildeo nas relaccedilotildees de consumo (Protecci6n juriacutedica deI consumidor p 81) condiccedilotildees essas que ferem os alicerces da ordemjuriacutedica seja pelo prisma da boa-feacute seja pela oacutetica da ordem puacuteblica e dos bons costumes

privado - Parte Rapport espagshy

Economica 1983 tespuacutelsaltJllIC1a(1e civil

Mizuho Contato

ANTONIO HERMAN V BENJAMIN

SUMAacuteRIO 1 Introduccedilatildeo o conceito de praacutetica abusiva - 2 Classificaccedilatildeo - 3 A impossibilidade de exaustatildeo legislativa -4 As sanccedilotildees- 5 O elenco exemplifishycativo das praacuteticas abusivas - 6 Condicionamento do fornecimento de produto ou serviccedilo (art 39 I) 7 Recusa de atendimento agrave demanda do consumidor (art 39 11) - 8 Fornecimento natildeo solicitado (art 39 111) 9 O aproveitamento da hipossuficiecircncia do consumidor (art 39 IV) -1 O A exigecircncia de vantagem excessiva (art 39 V) -11 Serviccedilos sem orccedilamento e autorizaccedilatildeodo consumidor (art 39 VI)-12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre oconsumidor (art 39 VII) -13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII) -14 A normalizaccedilatildeo 15 Recusa de venda direta (art 39 IX) - 16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)-17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI) -18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII) -19 Tabelamento de preccedilos 20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo - 21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

22 Os contatos do credor com terceiros - 23 As praacuteticas proibidas - 24 As proibiccedilotildees absolutas - 25 A ameaccedila - 26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral- 27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas - 28 As proibiccedilotildees relativas - 29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo - 30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer - 31 Sanccedilotildees civis administratishyvas e penais - 32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito - 33 O regime do Coacutedigo Civil- 34

BENJAMIN Antonio Herman de Vasconcellos e Praacuteticas abusivas In BENJAMIN Antonio Herman de Vasconcellos e MARQUES Claudia Lima BESSA Leonardo Roscoe Manual de direito do consumidor 4ed rev atual e ampl Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2012 p 265 - 292

i

266 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Natildeo se confundem com as praacuteticas de concorrecircncia desleal apesar de que estas embora funcionando no plano horizontal do mercado (de fornecedor a fornecedor) natildeo deixam de ter um reflexo indireto na proteccedilatildeo do consumidor Mas praacutetica abusiva no Coacutedigo eacute apenas aquela que de modo direto e no sentido vertical da relaccedilatildeo de consumo (do fornecedor ao consumidor) afeta o bem-estar do consumidor

As praacuteticas abusivas nem sempre se mostram como atividades enganosas Muitas vezes apesar de natildeo ferirem o requisito da veracidade carreiam alta dose de imoralidade econocircmica e de opressatildeo Em outros casos simplesmente datildeo causa a danos substanciais contra o consumidor Manifestam-se atraveacutes de uma seacuterie de atividades preacute e poacutes-contratuais assim como propriamente contratuais contra as quais o consumidor natildeo tem defesas ou se as tem natildeo se sente habilitado ou inshycentivado a exercecirc-las

Como se vecirc as praacuteticas abusivas natildeo estatildeo regradas apenas pelo art 39 Dishyversamente espalham-se por todo o Coacutedigo Desse modo satildeo praacuteticas abusivas a colocaccedilatildeo no mercado de produto ou serviccedilo com alto grau de nocividade ou perishyculosidade (art 10) a comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos improacuteprios (arts 18 sect 6deg e 20 sect 2deg) o natildeo emprego de peccedilas de reposiccedilatildeo adequadas (art 21) a falta de componentes e peccedilas de reposiccedilatildeo (art 32) a ausecircncia de informaccedilatildeo na venda a distacircncia sobre o nome e endereccedilo do fabricante (art 32) a veiculaccedilatildeo de publishycidade clandestina (art 36) e abusiva (art 37 sect 2deg) a cobranccedila irregular de diacutevidas de consumo (art 42) o arquivo de dados sobre o consumidor em desrespeito aos seus direitos de conhecimento de acesso e de retificaccedilatildeo (art 43) a utilizaccedilatildeo de claacuteusula contratual abusiva (art 51)

Tampouco limitam-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor Como decorrecircncia da norma do art 7deg caput satildeo tambeacutem praacuteticas abusivas outros comportamentos empresariais que afetem o consumidor diretamente mesmo que previstos em leshygislaccedilatildeo diversa do Coacutedigo Por conseguinte entre outras satildeo praacuteticas abusivas as atividades regradas nos arts 5deg (incs II e IlI) 6deg (incs I 11 e III) e 7deg (incs 111 1II IV V VII e IX) da Lei 813 71990 (lei dos crimes contra a ordem tributaacuteria econocircmica e contra as relaccedilocirces de consumo)

2 Classificaccedilatildeo

As praacuteticas abusivas podem ser classificadas com base em diversos criteacuterios

Pelo prisma do momento em que se manifestam no processo econocircmico satildeo produtivas ou comerciais Assim por exemplo eacute praacutetica produtiva abusiva a do art 39 VIII (produccedilatildeo de produtos ou serviccedilos em desrespeito agraves normas teacutecnicas) sendo comerciais aquelas previstas nos outros incisos do mesmo dispositivo

Tomando como referencial o aspecto juriacutedico-contratual natildeo mais o econocircshymico as praacuteticas abusivas podem ser contratuais (aparecem no interior do proacuteprio contrato) preacute-contratuais (atuam na fase do ajustamento contratual) e poacutes-contratuais (manifestam-se sempre apoacutes a contrataccedilatildeo) Satildeo praacuteticas abusivas preacute-contratuais aquelas estampadas nos incs I II e III do art 39 assim como a do art 40 De outra

formasatildeo~ depreciativ de reposiccedilatilde~ praacuteticasabu da obrigaccedilatildel

Emad trega de prc os meacutetodos acionar o cc

Asven forma de cc Daiacute a impor

3 A impo

Natildeo p( mercado de para o dia F meramente

A difilt 1914 Comm inclua campc defini( Se o C tarefa

Trecircsjar dar flexibili abusiva dev~ enumerativ( mostrando i to e decorrf nos incs IV

4 Assanccedil

A viol~ sanccedilatildeo civil

Aleacutem ( pensatildeodea praacuteticas abl causados ir

contratual) e poacutes-contratuais abusivas preacute-contratuais

como a do art 40 De outra

pensatildeo de atividade intervenccedilatildeo administrativa) e penais (Capiacutetulos XII e XIII) as praacuteticas abusivas detonam o dever de reparar Sempre cabe indenizaccedilatildeo pelos danos causados inclusive os morais tudo na forma do art 6deg VII

desleal apesar de que estas fornecedor a fornecedor)

liumiClor Maspraacutetica abusiva vertical da relaccedilatildeo de

do consumidor

atividades enganosas lault- carreiam alta dose de

contratuais contra as se sente habilitado ou inshy

apenas pelo art 39 Dishy satildeo praacuteticas abusivas a

grau de nocividade ou perishy_l11rlltimproacuteprios (arts 18

adequadas (art 21) a falta de informaccedilatildeo na venda

32) a veiculaccedilatildeo de publishyJobra1occedilairregular de diacutevidas IlSlllmlaC)r em desrespeito aos

(art 43) a utilizaccedilatildeO de

bUmllQ()r Como decorrecircncia outros comportamentos

mesmo que previstos em leshysatildeo praacuteticas abusivas as

I Il e III) e 7deg (ines 111 m ordem tributaacuteria econocircmica

base em diversos criteacuterios

~UIUUaUJIU natildeo mais o econocircshyn~celm no interior do proacuteprio

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 267

forma satildeo poacutes-contratuais as praacuteticas abusivas do art 39 VII (repasse de informaccedilatildeo depreciativa sobre o consumidor) e tambeacutem todas aquelas relativas agrave falta de peccedilas de reposiccedilatildeo (art 32) e agrave cobranccedila de diacutevidas de consumo (art 42) Finalmente satildeo praacuteticas abusivas contratuais a do art 39 XII (natildeo fixaccedilatildeo do prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo) e todas as outras previstas no art 51 (claacuteusulas contratuais abusivas)

Em adiccedilatildeo agrave lista exemplificativa do art 39 em particular ao seu inc III (enshytrega de produto ou serviccedilo natildeo solicitado) tambeacutem satildeo reputados abusivos todos os meacutetodos comerciais coercitivos (art 6deg IV) assim como todas as tentativas de acionar o consumidor em jurisdiccedilotildees longiacutenquas

As vendas fora do estabelecimento comercial satildeo normalmente utilizadas como forma de comercializaccedilatildeo coercitiva - abusiva portanto - de produtos e serviccedilos Daiacute a importatildencia do prazo de arrependimento (cooling-offperiod) fixado no art 49

3 A impossibilidade de exaustatildeo legislativa

Natildeo poderia o legislador de fato listar agrave exaustatildeo as praacuteticas abusivas O mercado de consumo eacute de extremada velocidade e as mutaccedilotildees ocorrem da noite para o dia Por isso mesmo eacute que se buscou deixar bem claro que a lista do art 39 eacute meramente exemplificativa urna simples orientaccedilatildeo ao inteacuterprete

A dificuldade como parece evidente natildeo eacute somente do legislador brasileiro Jaacute em 1914 a Catildemara dos Deputados dos Estados Unidos emrelatoacuterio sobre o Federal Trade Commission Act assim se manifestou uEacute impossiacutevel a composiccedilatildeo de definiccedilotildees que incluam todas as praacuteticas abusivas Natildeo haacute limite para a criatividade humana nesse campo Mesmo que todas as praacuteticas abusivas conhecidas fossem especificamente definidas e proibidas seria imediatamente necessaacuterio recomeccedilar tudo novamente Se o Congresso tivesse que adotar a teacutecnica da definiccedilatildeo estaria trazendo a si uma tarefa interminaacutevel

Trecircs janelas - uma impliacutecita e duas expliacutecitas - foram entatildeo introduzidas para dar flexibilidade ao preceito A primeira indicaccedilatildeo de que toda e qualquer praacutetica abusiva deve ser coibida vem no art 6deg IV A segunda tambeacutem indicativa do caraacuteter enumerativo do art 39 estava prevista no seu inc X vetado A terceira impliacutecita mostrando igualmente que o dispositivo eacute flexiacutevel estaacute no proacuteprio corpo do preceishyto e decorre da utilizaccedilatildeo de conceitos extremamente fluidos como os estampados nos ines IV e V

4 As sanccedilotildees

A violaccedilatildeo dos preceitos referentes agraves praacuteticas abusivas natildeo mais se sujeita agrave sanccedilatildeo civil prevista no art 45 que foi vetado

Aleacutem de sanccedilotildees administrativas (vg cassaccedilatildeo de licenccedila interdiccedilatildeo e susshy

268 MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

ojuiz pode tambeacutem com fulcro no art 84 determinar a abstenccedilatildeo ou praacutetica de conduta sob a forccedila de preceito cominatoacuterio

Finalmente as praacuteticas abusivas quando reiteradas impotildeem a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da empresa (art 28) A utilizaccedilatildeo de praacutetica abusiva caracshyteriza ora abuso de direito ora excesso de poder ora mera infraccedilatildeo da lei Em todos esses casos o mercado precisa ser saneado em favor do consumidor bem como em benefiacutecio da concorrecircncia

Sobre abuso de direito v o excelente trabalho de Heloiacutesa CARPENA Abuso do direito nos contratos de consumo A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica estaacute abordada no Capiacutetulo lI

5 O elenco exemplificativo das praacuteticas abusivas

O presidente da Repuacuteblica cedendo nesse ponto ao poderoso lobby empresarial contraacuterio ao CDC vetou o entatildeo inc X do texto legal que dispunha praticar outras condutas abusivas

Em tese o prejuiacutezo seria nenhum diante de duas janelas ampliatiacutevas (= claacuteusulas gerais) que permaneceram no Coacutedigo (arts 6deg IV e 39 IV e V) garantindo assim que o rol de praacuteticas abusivas estivesse legalmente posto de maneira exemplificativa Entretanto segmento da doutrina passou a defender que o veto conferia ao art 39 um caraacuteter de numerus clausus argumento este que visivelmente ao excluir um vasuacutessimo campo de praacuteticas maleacuteficas ao mercado de consumo favorecia os forneshycedores despreocupados com a proteccedilatildeo do consumidor

Por isso mesmo por ocasiatildeo da revisatildeo que fiz a pedido do entatildeo secretaacuterio nacional de direito econocircmico Rodrigo janot Monteiro de Barros do texto primitivo da medida provisoacuteria que deu origem agrave Lei 8884 de 11061994 - Lei Antitruste acrescentei entre outros dispositivos o atual art 87 que dispotildee O art 39 da Lei 8078 de 11 de setembro de 1990 passa a vigorar com a seguinte redaccedilatildeo acrescentando-se-Ihe os seguintes incisos Art 39 Eacute vedado ao fornecedor de produtos ou serviccedilos dentre outras praacuteticas abusivas IX- recusar a venda de bens ou a prestaccedilatildeo de serviccedilos direshytamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento ressalvados os casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis especiais X - elevar sem justa causa o preccedilo de produtos ou serviccedilos (grifo nosso)

Se duacutevida existia sobre a qualidade enunciativa do art 39 com o ajuste legisshylativo aqui efetuado termina de vez a querela

O administrador e o juiz tecircm aqui necessaacuteria e generosa ferramenta para comshybater praacuteticas abusivas natildeo expressamente listadas no art 39 mas que natildeo obstante tal violem os padrotildees eacutetico-constitucionais de convivecircncia no mercado de consumo ou ainda contrariem o proacuteprio sistema difuso de normas legais e regulamentares de proteccedilatildeo do consumidor

Tomando por guia os valores resguardados pela Constituiccedilatildeo Federal- mas eacute bom tambeacutem natildeo esquecer as Constituiccedilotildees estaduais - satildeo abusivas as praacuteticas que atentem jaacute aludimos contra a dignidade da pessoa humana (art 10 III da

CF) a igualdade de humanos (art 3deg J pessoas (art 5deg X

A seguir satildeo a

6 Condicionam

O Coacutedigo proiacute cimento de produ te

Na primeira deuro ser que o consumid Eacute a chamada venda ( e venda valendo tal fala em fornecimel

O STj em julg qua proibir o c adquiridos err ratio essendi d superioridade entre os prodt fornecedor de praacuteticas abusb mento de outn patente se a er suas dependecircl cognominada de produtos ali gratia os bare da norma por Rjj010320( venda casada ~ financeiro ou ( ser fator deten apoacutelice deva se poreleindicad expressament4 fornecedor de condiccedilotildees neg lha (REsp 80lt mesmo sentid seguro diretan Min Luis Feli

Na segunda h produto ou serviccedilc estabelece uma pn

a abstenccedilatildeo ou praacutetica

a desconsideraccedilatildeo praacutetica abusiva caracshy

Taan da lei Em todos

uumiddot praticar outras

ou serviccedilos dentre t-estalccedilatildeO de serviccedilos direshy

pagamento ressalvados elevar sem justa causa o

39 com o ajuste legisshy

ferramenta para comshymas que natildeo obstante mercado de consumo

e regulamentares

plltUlcao Federal- mas

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 269

CF) a igualdade de origem raccedila sexo cor e idade (art 39 IV do CDC) os direitos humanos (art 3deg lI da CF) a intimidade a vida privada a honra e a imagem das pessoas (art 5deg X da CF)

A seguir satildeo analisadas as hipoacuteteses previstas no art 39 do CDe

6 Condicionamento do fornecimento de produto ou serviccedilo (art 39 I)

o Coacutedigo proiacutebe expressamente duas espeacutecies de condicionamento do forneshycimento de produtos e serviccedilos

Na primeira delas o fornecedor nega-se a fornecer o produto ou serviccedilo a natildeo ser que o consumidor concorde em adquirir tambeacutem um outro produto ou serviccedilo Eacute a chamada venda casada Soacute que agora a figura natildeo estaacute limitada apenas agrave compra e venda valendo tambeacutem para outros tipos de negoacutecios juriacutedicos de vez que o texto fala em fornecimento expressatildeo muito mais ampla

o ST] em julgado relatado pelo Min Luiz Fux considera venda casada por via obliacuteshyqua proibir o consumidor de ingressar em salas de cinema com produtos alimentiacutecios adquiridos em outros estabelecimentos A denominada venda casada tem como ratio essendi da vedaccedilatildeo a proibiccedilatildeo imposta ao fornecedor de utilizando de sua superioridade econocircmica ou teacutecnica opor-se agrave liberdade de escolha do consumidor entre os produtos e serviccedilos de qualidade satisfatoacuteria e preccedilos competitivos 4 Ao fornecedor de produtos ou serviccedilos consectariamente natildeo eacute liacutecito dentre outras praacuteticas abusivas condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecishymento de outro produto ou serviccedilo (art 39 I do CDC) 5 A praacutetica abusiva revela-se patente se a empresa cinematograacutefica permite a entrada de produtos adquiridos na suas dependecircncias e interdita o adquirido alhures engendrando por via obliacutequa a

J

cognominada venda casada interdiccedilatildeo inextensiacutevel ao estabelecimento cuja venda de produtos alimentiacutecios constituiu a essecircncia da sua atividade comercial como verbi gratia os bares e restaurantes 6 O juiz na aplicaccedilatildeo da lei deve aferir as finalidades da norma por isso que in casu revela-se manifesta a praacutetica abusiva (REsp 744602shyR]j 0l032007 reI Min Luiz FuxD] 15032007) A Corte tambeacutem considerou ser venda casada a imposiccedilatildeo de contratar seguro habitacional diretamente com agente financeiro ou com seguradora por este indicada LIA despeito da aquisiccedilatildeo do seguro ser fator determinante para o financiamento habitacional a lei natildeo determina que a apoacutelice deva ser necessariamente contratada frente ao proacuteprio mutuante ou seguradora porele indicada Ademais tal procedimento caracteriza a denominada venda casada expressamente vedada pelo art 39 I do CDC que condena qualquer tentativa do fornecedor de se beneficiar de sua superioridade econocircmica ou teacutecnica para estipular condiccedilocirces negociais desfavoraacuteveis ao consumidor cerceando-lhe a liberdade de escoshylha (REsp804202-MGj19082008 reI Min NancyAndrighi D] 03092008) No mesmo sentido afastando a obrigatoriedade de o consumidor (mutuaacuterio) contratar seguro diretamente com o agente financeiro foi o julgamento do REsp 969129 reI Min Luis Felipe Salomatildeoj 09122009

Na segunda hipoacutetese a condiccedilatildeo eacute quantitativa dizendo respeito ao mesmo produto ou serviccedilo objeto do fornecimento Para tal caso contudo o Coacutedigo natildeo estabelece uma proibiccedilatildeo absoluta O limite quantitativo eacute admissiacutevel desde que

270 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

haja justa causa para a sua imposiccedilatildeo por exemplo quando o estoque do forneshycedor for limitado A prova da excludente evidentemente compete ao fornecedor

Em acoacuterdatildeo proferido em agosto de 2009 o ST] destaca que a justa causa referida pelo artigo 39 I refere-se unicamente aos limites quantitativos 1 O Tribunal a quo manteve a concessatildeo de seguranccedila para anular auto de infraccedilatildeo consubstanciado no art 391 do COC ao fundamento de que a impetrante apenas vinculou o pagamento a prazo da gasolina por ela comercializada agrave aquisiccedilatildeo de refrigerantes o que natildeo ocorreria se tivesse sido paga agrave vista 2 O art 39 I do COC inclui no rol das praacuteticas abusivas a popularmente denominada venda casada ao estabelecer que eacute vedado ao fornecedor condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecimento de outro produto ou serviccedilo bem como sem justa causa a limites quantitativos 3 Na primeira situaccedilatildeo descrita nesse dispositivo a ilegalidade se configura pela vinculaccedilatildeo de produtos e serviccedilos de natureza distinta e usualmente comercializados em separashydo tal como ocorrido na hipoacutetese dos autos 4 A dilaccedilatildeo de prazo para pagamento embora seja uma liberalidade do fornecedor assim como o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo no comeacutercio de determinado produto ou serviccedilo - natildeo o exime de observar normas legais que visam a coibir abusos que vieram a reboque da massificaccedilatildeo dos contratos na sociedade de consumo e da vulnerabilidade do consumidor 5 Tais normas de controle e saneamento do mercado ao contraacuterio de restringirem o princiacutepio da libershydade contratual o aperfeiccediloam tendo em vista que buscam assegurar a vontade real daquele que eacute estimulado a contratar 6 Apenas na segunda hipoacutetese do art 39 I do COC referente aos limites quantitativos estaacute ressalvada a possibilidade de exclusatildeo da praacutetica abusiva por justa causa natildeo se admitindo justificativa portanto para a imposiccedilatildeo de produtos ou serviccedilos que natildeo os precisamente almejados pelo consumishydor (REsp384284-RS j 20082009 reI Min HermanBenjamin OJe 15122009)

A justa causa poreacutem soacute tem aplicaccedilatildeo aos limites quantitativos que sejam inferiores agrave quantidade desejada pelo consumidor Ou seja o fornecedor natildeo pode obrigar o consumidor a adquirir quantidade maior que as suas necessidades Assim se o consumidor quer adquirir uma lata de oacuteleo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor condishycionar a venda agrave aquisiccedilatildeo de duas outras unidades A soluccedilatildeo tambeacutem eacute aplicaacutevel aos brindes promoccedilotildees e bens com desconto O consumidor sempre tem o direito de em desejando recusar a aquisiccedilatildeo quantitativamente casada desde que pague o preccedilo normal do produto ou serviccedilo isto eacute sem o desconto

7 Recusa de atendimento agravedemanda do consumidor (art 39 11)

O fornecedor natildeo pode recusar-se a atender agrave demanda do consumidor desde que tenha de fato em estoque os produtos ou esteja habilitado a prestar o serviccedilo Eacute irrelevante a razatildeo alegada pelo fornecedor Veja-se o caso do consumidor que a pretexto de ter passado cheque sem fundos em compra anterior tem a sua demanda com pagamento agrave vista recusada Ou ainda o motorista de taacutexi que ao saber da pequena distatildencia da corrida do consumidor lhe nega o serviccedilo

8 Fornecimento natildeo solicitado (art 39 111)

A regra do Coacutedigo nos termos do seu art 39 I1I eacute de que o produto ou sershyviccedilo soacute pode ser fornecido desde que haja solicitaccedilatildeo preacutevia O fornecimento natildeo

solicitado eacute uma pl obstante a proibiccedilatilde paraacutegrafo uacutenico de amostra graacutetis natildeo nem mesmo os dec conta do fornecedc

Outronatildeoeacuteo~

de prestaccedilatildeo dt do usuaacuterio pel inscriccedilatildeo ou CJ

dado a aludida em contraacuterio 1

Oestarte se af tal tiacutetulo e dt cadastro negat los danos mor 04042002) to cartatildeo de creacutedi considerada pt

adicionado ao~ para o cancela se tratando de I fatos circunst Sidnei Benetij

No que se refer tado pelo inc VI de

N os termos d() elaboraccedilatildeo de orccedila] decorrentes de praacuteti

O dispositivoshysalvados os decorrel na prestaccedilatildeo de sen Aquele a cargo do f inafastaacuteveis do fom juriacutedico de consum como liberalidade d

O art 40 compl estabelecendo seu Co

Nenhumserviccedil previsto no art 39 fala em entrega de

IA propoacutesito H

O art 39 VI (

inclui no rol das praacuteticas ttatJelecerque eacute vedado ao

ao fornecimento de quantitativos 3 Na

VJllllju pela vinculaccedilatildeo IlUlllllULltlVO em separashy

prazo para pagamento o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo

de observar normas lWsiticaccedilatildeo dos contratos

5 Tais normas de o princiacutepio da libershy

assegurar a vontade real hipoacutetese do art 39 1 do

IV de exclusatildeo Ificativa portanto para a tajlmE~ja(1os pelo consumishytnjaminD]e 15122009)

que sejam o fornecedor natildeo pode

necessidades Assim ao fornecedor condishy

tambeacutem eacute aplicaacutevel sempre tem o direito

desde que pague o

a prestar o serviccedilo do consumidor que a

tem a sua demanda taacutexi que ao saber da

que o produto ou sershyO fornecimento natildeo

como liberalidade do prestador

a art 40 complementa o art 39 VI detalhando o regime juriacutedico do orccedilamento estabelecendo seu conteuacutedo prazo de validade e eficaacutecia

Nenhumserviccedilo pode ser fornecido sem um orccedilamento preacutevio e tal jaacute havia sido previsto no art 39 VI E natildeo cabe o mero acerto verbal de vez que o dispositivo fala em entrega do orccedilamento ao consumidor

IA propoacutesito registre-se julgado relatado pelo Min Carlos Alberto Menezes Direito O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente

o estoque do forneshyIorrlDelteao fornecedor

a justa causa referida 1 O Tribunal a quo consubstanciado no

vinculou o pagamento refrigerantes o que natildeo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 271

solicitado eacute uma praacutetica corriqueira - e abusiva - do mercado Uma vez que natildeo obstante a proibiccedilatildeo o produto ou serviccedilo seja fornecido aplica-se o disposto no paraacutegrafo uacutenico do dispositivo o consumidor recebe o fornecimento como mera amostra graacutetis natildeo cabendo qualquer pagamento ou ressarcimento ao fornecedor nem mesmo os decorrentes de transporte Eacute ato cujo risco corre inteiramente por conta do fornecedor

Outro natildeo eacute o entendimento do ST] O produto ou serviccedilo natildeo inerente ao contrato de prestaccedilatildeo de telefonia ou quenatildeo seja de utilidade puacuteblica quando posto agravedisposiccedilatildeo do usuaacuterio pela concessionaacuteria - caso do tele-sexo - carece de preacutevia autorizaccedilatildeo inscriccedilatildeo ou credenciamento do titular da linha ( ) Sustentado pela autora natildeo ter dado a aludida anuecircncia cabe agrave companhia telefocircnica o ocircnusde provar o fato positivo em contraacuterio nos termos do art 6deg VIU da mesma Lei 80781990 o que inocorreu Destarte se afigura indevida a cobranccedila de ligaccedilotildees nacionais ou internacionais a tal tiacutetulo e de igual modo iliacutecita a inscriccedilatildeo da titular da linha como devedora em cadastro negativo de creacutedito gerando em contrapartida o dever de indenizaacute-la peshylos danos morais causados (ST] REsp 265 121-R] reL Min Aldir Passarinho]rj 04042002) Na mesma linha o ST] afirma ser praacutetica abusiva enviar ao consumidor cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39 Ill) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor mormente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RS reL Min Sidnei Benetij 04112008 D] 20112008)

No que se refere especificamente aos serviccedilos o art 39 inc IlI eacute complemenshytado pelo inc VI do mesmo dispositivo e pelo art 40

Nos termos do art 39 VI eacute praacutetica abusiva executar serviccedilos sem a preacutevia elaboraccedilatildeo de orccedilamento e autorizaccedilatildeo expressa do consumidor ressalvadas as decorrentes de praacuteticas anteriores entre as partes

a dispositivo - que conteacutem erro de redaccedilatildeo pois o correto seria falar em resshysalvados os decorrentes (no masculino plural jaacute que se refere a serviccedilos) - impotildee na prestaccedilatildeo de serviccedilos dois requisitos a) orccedilamento e b) autorizaccedilatildeo expressa Aquele a cargo do fornecedor esta pelo consumidor Satildeo obrigaccedilotildees proacuteprias e inafastaacuteveis do fornecedor de cuja existecircncia depende a consumaccedilatildeo do negoacutecio juriacutedico de consumo Sem sua presenccedila eventuais serviccedilos fornecidos seratildeo tidos

bull

272 I MANUAL DE DIREITO 00 CONSUMIDOR

pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal autorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (REsp 332869-RJj 24062002 Dj02092002 p 184)

o orccedilamento deve conter necessariamente informaccedilotildees sobre a) o preccedilo da matildeo de obra dos materiais e equipamentos b) as condiccedilotildees de pagamento c) a data de iniacutecio e teacutermino do serviccedilo

Como prinCiacutepio o preccedilo orccedilado - da matildeo de obra dos materiais e dos equipashymentos - tem validade de 10 dias prazo este que eacute contado do seu recebimento pelo consumidor Ressalte-se recebimento e natildeo conhecimento Essa regra contudo pode ser afastada pela vontade das partes

Uma vez que o orccedilamento tenha sido aprovado equivale ele a um contrato firshymado pelas partes Por isso mesmo soacute a livre negociaccedilatildeo pode alterar o seu conteuacutedo

O consumidor contrata com aquele que lhe oferta o orccedilamento Havendo neshycessidade de serviccedilo de terceiro duas possibilidades se abrem se o auxiacutelio externo estaacute previsto no orccedilamento (com todas as especificaccedilotildees exigidas pelo caput) o consumidor eacute responsaacutevel pelo valor do serviccedilo que venha a ser prestado se ao contraacuterio o orccedilamento eacute omisso a tal respeito o consumidor por isso mesmo natildeo assume qualquer otildenus extra cabendo ao fornecedor principal arcar com os encargos acrescidos

9 O aproveitamento da hipossuficiecircncia do consumidor (art 39 IV)

O consumidor eacute reconhecidamente umser vulneraacutevel no mercado de consumo (art 4 0 1) Soacute que entre todos os que satildeo vulneraacuteveis haacute outros cuja vulnerabilidade eacute superior agrave meacutedia Satildeo os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento de idade pequena ou avanccedilada de sauacutede fraacutegil bem como aqueles cuja posiccedilatildeo social natildeo lhes permite avaliar com adequaccedilatildeo o produto ou serviccedilo que estatildeo adquirindo Em resumo satildeo os consumidores hipossuficientes Protege-se com este dispositivo pormeio de tratamento mais riacutegido que o padratildeo o consentimento pleno e adequado do consumidor hipossuficiente

No julgamento do REsp 1061500 jaacutereferido a Corte reconhece que a idade do consushymidor eacute fator a ser especialmente considerado no exame da praacutetica abusiva bem como no valor da indenizaccedilatildeo por dano moral O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39lII) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor morshymente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RSj 04112008 reI Min Sidnei Beneti)

A vulnerabilidade eacute um traccedilo universal de todos os consumidores ricos ou pobres educados ou ignorantes creacutedulos ou espertos Jaacute a hipossuficiecircncia eacute marca

pessoal limitada a consumidores

A utilizaccedilatildeo p hipossuficiecircncia do

A vulnerabilid ecircnciaporseu turno Coacutedigo como por I

10 A exigecircncia ~

Note-se que nl excessiva concretizl o fornecedor nos a1 para que o dispositi

Masoquevem mesmo da vantagen proacuteximos - satildeo sinocirc

11 Serviccedilos sem

A prestaccedilatildeo de apresentaccedilatildeo do Of

fornecedor possa da consumidor A esta 40 sect 2deg) desde que

Se o serviccedilo natilde realizado aplica-se serviccedilo por natildeo ter do fornecedor sem (

Se a autorizaccedil~ orccedilamento preacutevio shycomprovadamente

A posiccedilatildeo do S Consumidor di autorizaccedilatildeo do c torizaccedilatildeo eacuteimp pelo consumid( j 24062002) J

(atendimento L

necessidade de serviccedilo meacutedicoshyao afastamento elaboraccedilatildeo de IacuteI de serviccedilo prev

sobre a) o preccedilo da pagamento c) a data

e dos equipashyrecebimento pelo

Essa regra contudo

ele a um contrato firshytp~lnseu conteuacutedo

~menlto Havendo neshyse o auxiacutelio externo

pelo caput) o ser prestado se ao

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 273

pessoal limitada a alguns - ateacute mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores

A utilizaccedilatildeo pelo fornecedor de teacutecnicas mercadoloacutegicas que se aproveitem da hipossufiacutedecircncia do consumidor caracteriza a abusividade da praacutetica

A vulnerabilidade do consumidor justifica a existecircncia do Coacutedigo A hipossuficishyecircncia porseu turno legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do proacuteprio Coacutedigo como por exemplo a previsatildeo de inversatildeo do ocircnus da prova (art 6deg VIU)

10 A exigecircncia de vantagem excessiva (art 39 V)

Note-se que nesse ponto o Coacutedigo mostra a sua aversatildeo natildeo apenas agrave vantagem excessiva concretizada mas tambeacutem em relaccedilatildeo agrave mera exigecircncia Ou seja basta que o fornecedor nos atos preparatoacuterios ao contrato solicite vantagem dessa natureza para que o dispositivo legal tenha aplicaccedilatildeo integral

Mas o que vem a ser a vantagem excessiva O criteacuterio para o seu julgamento eacute o mesmo da vantagem exagerada (art 51 sect 1deg) Aliaacutes os dois termos natildeo satildeo apenas proacuteximos - satildeo sinocircnimos

11 Serviccedilos sem orccedilamento e autorizaccedilatildeo do consumidor (art 39 VI)

A prestaccedilatildeo de serviccedilo depende de preacutevio orccedilamento (art 40) Soacute que a simples apresentaccedilatildeo do orccedilamento natildeo implica autorizaccedilatildeo do consumidor Para que o fornecedor possa dar iniacutecio ao serviccedilo mister eacute que tenha a autorizaccedilatildeo expressa do consumidor A esta equivale a aprovaccedilatildeo que o consumidor decirc ao orccedilamento (art 40 sect 2deg) desde que expressa (v item 8)

Se o serviccedilo natildeo obstante a ausecircncia de aprovaccedilatildeo expressa do consumidor for realizado aplica-se por analogia o disposto no paraacutegrafo uacutenico do art 39 ou seja o serviccedilo por natildeo ter sido solicitado eacute considerado amostra graacutetis uma liberalidade do fornecedor sem qualquer contraprestaccedilatildeo exigida do consumidor

Se a autorizaccedilatildeo for parcial- por exemplo envolvendo soacute alguns itens do orccedilamento preacutevio - o pagamento do consumidor fica restrito agraves partes efetiva e comprovadamente aprovadas

A posiccedilatildeo do STj eacute exatamente nessa linha O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal aushytorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (STj REsp 332869-Rj rel Min Carlos Alberto Menezes Direito j 24062002) Acrescente-se que a Corte considerando circunstacircncias excepcionais (atendimento meacutedico emergencial) afastou no julgamento do REsp 1256703 a necessidade de orccedilamento preacutevio ( ) 3 Natildeo haacute duacutevida que houve a prestaccedilatildeo de serviccedilo meacutedico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes suficientes ao afastamento para o proacuteprio interesse do consumidor da necessidade de preacutevia elaboraccedilatildeo de instrumento contratual e apresentaccedilatildeo de orccedilamento pelo fornecedor de serviccedilo prevista no art 40 do CDC dado ser incompatiacutevel com a situaccedilatildeo meacutedica

274 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

emergencial experimentada pela filha do reacuteu 4 Os princiacutepios da funccedilatildeo social do contrato boa-feacute objetiva equivalecircncia material e moderaccedilatildeo impotildeem por um lado seja reconhecido o direito agrave retribuiccedilatildeo pecuniaacuteria pelos serviccedilos prestados e por outro lado constituem instrumentaacuterio que proporcionaraacute ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente (REsp 1256703-SP rel Min Luis Felipe Salomatildeoj 06092011 DJe 27092011)

Em existindo praacuteticas anteriores entre o consumidor e o fornecedor aquelas desde que provadas por este regram o relacionamento entre as partes

12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre o consumidor (art 39 VII)

Nenhum fornecedor pode divulgar informaccedilatildeo depreciativa sobre o consushymidor quando tal se referir ao exerciacutecio de direito seu Por exemplo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um tiacutetulo que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviccedilos que o consumidor eacute membro de uma associaccedilatildeo de consumidores ou que jaacute representou ao Ministeacuterio Puacuteblico ou propocircs accedilatildeo

O texto do art 39 VII difere substancialmente daquele do art 43 Aqui se trata de arquivo de consumo (Capiacutetulo X) Laacute ao reveacutes se cuida de mero repasse de informaccedilatildeo sem qualquer arquivamento Seria em linguagem vulgar a fofoca de consumo

Natildeo estaacute proibido contudo o repasse de informaccedilatildeo mesmo depreciativa quando o consumidor pratica ato que exorbita o exerciacutecio de seus direitos Assim se a associaccedilatildeo de consumidores vem a ser condenada por litigacircncia de maacute-feacute

13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII)

Existindo norma teacutecnica expedida por qualquer oacutergatildeo puacuteblico ou entidade privada credenciada pelo CONMETRO cabe ao fornecedor respeitaacute-la

O ST] tem declarado a legalidade e legitimidade das normas expedidas pelo CONshyMETRO como se observa pela seguinte decisatildeo proferida em abril de 2011 1 A Primeira SeccedilatildeoST] nojulgamento do REsp 1102578-MG (reI Min Eliana Calmon DJe 29102009) confirmou entendimento no sentido de que estatildeo revestidas de legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO e suas respectivas infraccedilotildees com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado de consumo seja porque estatildeo esses oacutergatildeos dotados da competecircncia legal atribuiacuteda pelas Leis 59661973 e 99331999 seja porque seus atos tratam de interesse puacuteblico e agregam proteccedilatildeo aos consumidores finais pois essa sistemaacutetica normativa tem como objetivo maior o respeito agrave dignidade humana e a harmonia dos interesses envolvidos nas relaccedilotildees de consumo dando aplicabilishydade agrave ratio do Coacutedigo de Defesa do Consumidor e efetividade agrave chamada Teoria da Qualidade 2 O art 5deg da Lei 99331999 estabelece que satildeo obrigadas a observar e a cumprir os deveres instituiacutedos pela lei mencionada e pelos atos normativos e regushy

lamentos teacutecnk as pessoas natu mercado para f~ bens mercadori o ato do INMET expor produto (c da certificaccedilatildeo n sentido REsp ll 1236315-RS reI

O Coacutedigo natildeo a como uacutetil agrave proteccedilatildeo ( ccedilatildeo no mercado de co normas expedidas pe existirem pela Associ ciada pelo Conselho - CONMETRO qu~

O dispositivo ap e NBR-2 conforme m agraves normas registradas

Eacute bom lembrar q e teacutecnica pois servem avaliar a conformidade ideais

De toda sorte natilde normalizaccedilatildeo e metrol e natildeo tetos Agraves vezes o dos consumidores ne econocircmicos de um dete com o interesse puacuteblic

14 A normalizaccedilatilde(

Para melhor com normalizaccedilatildeo satildeo neCf

Em uma sociedac mercado certa unifon zaccedilatildeo ou seja estabele tambeacutem da comerciali bens de consumo

Eacute por isso que o J

um dos mais im( dutos e serviccedilos seguranccedila seja pt

-

ios da funccedilatildeo social do CI impotildeem por um lado erviccedilos prestados e por ao julgador o adequado 56703-Sp rel Min Luis

o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

consumidores ou que

do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

mesmo depreciativa seus direitos Assim se

de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 2: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

i

266 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Natildeo se confundem com as praacuteticas de concorrecircncia desleal apesar de que estas embora funcionando no plano horizontal do mercado (de fornecedor a fornecedor) natildeo deixam de ter um reflexo indireto na proteccedilatildeo do consumidor Mas praacutetica abusiva no Coacutedigo eacute apenas aquela que de modo direto e no sentido vertical da relaccedilatildeo de consumo (do fornecedor ao consumidor) afeta o bem-estar do consumidor

As praacuteticas abusivas nem sempre se mostram como atividades enganosas Muitas vezes apesar de natildeo ferirem o requisito da veracidade carreiam alta dose de imoralidade econocircmica e de opressatildeo Em outros casos simplesmente datildeo causa a danos substanciais contra o consumidor Manifestam-se atraveacutes de uma seacuterie de atividades preacute e poacutes-contratuais assim como propriamente contratuais contra as quais o consumidor natildeo tem defesas ou se as tem natildeo se sente habilitado ou inshycentivado a exercecirc-las

Como se vecirc as praacuteticas abusivas natildeo estatildeo regradas apenas pelo art 39 Dishyversamente espalham-se por todo o Coacutedigo Desse modo satildeo praacuteticas abusivas a colocaccedilatildeo no mercado de produto ou serviccedilo com alto grau de nocividade ou perishyculosidade (art 10) a comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos improacuteprios (arts 18 sect 6deg e 20 sect 2deg) o natildeo emprego de peccedilas de reposiccedilatildeo adequadas (art 21) a falta de componentes e peccedilas de reposiccedilatildeo (art 32) a ausecircncia de informaccedilatildeo na venda a distacircncia sobre o nome e endereccedilo do fabricante (art 32) a veiculaccedilatildeo de publishycidade clandestina (art 36) e abusiva (art 37 sect 2deg) a cobranccedila irregular de diacutevidas de consumo (art 42) o arquivo de dados sobre o consumidor em desrespeito aos seus direitos de conhecimento de acesso e de retificaccedilatildeo (art 43) a utilizaccedilatildeo de claacuteusula contratual abusiva (art 51)

Tampouco limitam-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor Como decorrecircncia da norma do art 7deg caput satildeo tambeacutem praacuteticas abusivas outros comportamentos empresariais que afetem o consumidor diretamente mesmo que previstos em leshygislaccedilatildeo diversa do Coacutedigo Por conseguinte entre outras satildeo praacuteticas abusivas as atividades regradas nos arts 5deg (incs II e IlI) 6deg (incs I 11 e III) e 7deg (incs 111 1II IV V VII e IX) da Lei 813 71990 (lei dos crimes contra a ordem tributaacuteria econocircmica e contra as relaccedilocirces de consumo)

2 Classificaccedilatildeo

As praacuteticas abusivas podem ser classificadas com base em diversos criteacuterios

Pelo prisma do momento em que se manifestam no processo econocircmico satildeo produtivas ou comerciais Assim por exemplo eacute praacutetica produtiva abusiva a do art 39 VIII (produccedilatildeo de produtos ou serviccedilos em desrespeito agraves normas teacutecnicas) sendo comerciais aquelas previstas nos outros incisos do mesmo dispositivo

Tomando como referencial o aspecto juriacutedico-contratual natildeo mais o econocircshymico as praacuteticas abusivas podem ser contratuais (aparecem no interior do proacuteprio contrato) preacute-contratuais (atuam na fase do ajustamento contratual) e poacutes-contratuais (manifestam-se sempre apoacutes a contrataccedilatildeo) Satildeo praacuteticas abusivas preacute-contratuais aquelas estampadas nos incs I II e III do art 39 assim como a do art 40 De outra

formasatildeo~ depreciativ de reposiccedilatilde~ praacuteticasabu da obrigaccedilatildel

Emad trega de prc os meacutetodos acionar o cc

Asven forma de cc Daiacute a impor

3 A impo

Natildeo p( mercado de para o dia F meramente

A difilt 1914 Comm inclua campc defini( Se o C tarefa

Trecircsjar dar flexibili abusiva dev~ enumerativ( mostrando i to e decorrf nos incs IV

4 Assanccedil

A viol~ sanccedilatildeo civil

Aleacutem ( pensatildeodea praacuteticas abl causados ir

contratual) e poacutes-contratuais abusivas preacute-contratuais

como a do art 40 De outra

pensatildeo de atividade intervenccedilatildeo administrativa) e penais (Capiacutetulos XII e XIII) as praacuteticas abusivas detonam o dever de reparar Sempre cabe indenizaccedilatildeo pelos danos causados inclusive os morais tudo na forma do art 6deg VII

desleal apesar de que estas fornecedor a fornecedor)

liumiClor Maspraacutetica abusiva vertical da relaccedilatildeo de

do consumidor

atividades enganosas lault- carreiam alta dose de

contratuais contra as se sente habilitado ou inshy

apenas pelo art 39 Dishy satildeo praacuteticas abusivas a

grau de nocividade ou perishy_l11rlltimproacuteprios (arts 18

adequadas (art 21) a falta de informaccedilatildeo na venda

32) a veiculaccedilatildeo de publishyJobra1occedilairregular de diacutevidas IlSlllmlaC)r em desrespeito aos

(art 43) a utilizaccedilatildeO de

bUmllQ()r Como decorrecircncia outros comportamentos

mesmo que previstos em leshysatildeo praacuteticas abusivas as

I Il e III) e 7deg (ines 111 m ordem tributaacuteria econocircmica

base em diversos criteacuterios

~UIUUaUJIU natildeo mais o econocircshyn~celm no interior do proacuteprio

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 267

forma satildeo poacutes-contratuais as praacuteticas abusivas do art 39 VII (repasse de informaccedilatildeo depreciativa sobre o consumidor) e tambeacutem todas aquelas relativas agrave falta de peccedilas de reposiccedilatildeo (art 32) e agrave cobranccedila de diacutevidas de consumo (art 42) Finalmente satildeo praacuteticas abusivas contratuais a do art 39 XII (natildeo fixaccedilatildeo do prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo) e todas as outras previstas no art 51 (claacuteusulas contratuais abusivas)

Em adiccedilatildeo agrave lista exemplificativa do art 39 em particular ao seu inc III (enshytrega de produto ou serviccedilo natildeo solicitado) tambeacutem satildeo reputados abusivos todos os meacutetodos comerciais coercitivos (art 6deg IV) assim como todas as tentativas de acionar o consumidor em jurisdiccedilotildees longiacutenquas

As vendas fora do estabelecimento comercial satildeo normalmente utilizadas como forma de comercializaccedilatildeo coercitiva - abusiva portanto - de produtos e serviccedilos Daiacute a importatildencia do prazo de arrependimento (cooling-offperiod) fixado no art 49

3 A impossibilidade de exaustatildeo legislativa

Natildeo poderia o legislador de fato listar agrave exaustatildeo as praacuteticas abusivas O mercado de consumo eacute de extremada velocidade e as mutaccedilotildees ocorrem da noite para o dia Por isso mesmo eacute que se buscou deixar bem claro que a lista do art 39 eacute meramente exemplificativa urna simples orientaccedilatildeo ao inteacuterprete

A dificuldade como parece evidente natildeo eacute somente do legislador brasileiro Jaacute em 1914 a Catildemara dos Deputados dos Estados Unidos emrelatoacuterio sobre o Federal Trade Commission Act assim se manifestou uEacute impossiacutevel a composiccedilatildeo de definiccedilotildees que incluam todas as praacuteticas abusivas Natildeo haacute limite para a criatividade humana nesse campo Mesmo que todas as praacuteticas abusivas conhecidas fossem especificamente definidas e proibidas seria imediatamente necessaacuterio recomeccedilar tudo novamente Se o Congresso tivesse que adotar a teacutecnica da definiccedilatildeo estaria trazendo a si uma tarefa interminaacutevel

Trecircs janelas - uma impliacutecita e duas expliacutecitas - foram entatildeo introduzidas para dar flexibilidade ao preceito A primeira indicaccedilatildeo de que toda e qualquer praacutetica abusiva deve ser coibida vem no art 6deg IV A segunda tambeacutem indicativa do caraacuteter enumerativo do art 39 estava prevista no seu inc X vetado A terceira impliacutecita mostrando igualmente que o dispositivo eacute flexiacutevel estaacute no proacuteprio corpo do preceishyto e decorre da utilizaccedilatildeo de conceitos extremamente fluidos como os estampados nos ines IV e V

4 As sanccedilotildees

A violaccedilatildeo dos preceitos referentes agraves praacuteticas abusivas natildeo mais se sujeita agrave sanccedilatildeo civil prevista no art 45 que foi vetado

Aleacutem de sanccedilotildees administrativas (vg cassaccedilatildeo de licenccedila interdiccedilatildeo e susshy

268 MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

ojuiz pode tambeacutem com fulcro no art 84 determinar a abstenccedilatildeo ou praacutetica de conduta sob a forccedila de preceito cominatoacuterio

Finalmente as praacuteticas abusivas quando reiteradas impotildeem a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da empresa (art 28) A utilizaccedilatildeo de praacutetica abusiva caracshyteriza ora abuso de direito ora excesso de poder ora mera infraccedilatildeo da lei Em todos esses casos o mercado precisa ser saneado em favor do consumidor bem como em benefiacutecio da concorrecircncia

Sobre abuso de direito v o excelente trabalho de Heloiacutesa CARPENA Abuso do direito nos contratos de consumo A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica estaacute abordada no Capiacutetulo lI

5 O elenco exemplificativo das praacuteticas abusivas

O presidente da Repuacuteblica cedendo nesse ponto ao poderoso lobby empresarial contraacuterio ao CDC vetou o entatildeo inc X do texto legal que dispunha praticar outras condutas abusivas

Em tese o prejuiacutezo seria nenhum diante de duas janelas ampliatiacutevas (= claacuteusulas gerais) que permaneceram no Coacutedigo (arts 6deg IV e 39 IV e V) garantindo assim que o rol de praacuteticas abusivas estivesse legalmente posto de maneira exemplificativa Entretanto segmento da doutrina passou a defender que o veto conferia ao art 39 um caraacuteter de numerus clausus argumento este que visivelmente ao excluir um vasuacutessimo campo de praacuteticas maleacuteficas ao mercado de consumo favorecia os forneshycedores despreocupados com a proteccedilatildeo do consumidor

Por isso mesmo por ocasiatildeo da revisatildeo que fiz a pedido do entatildeo secretaacuterio nacional de direito econocircmico Rodrigo janot Monteiro de Barros do texto primitivo da medida provisoacuteria que deu origem agrave Lei 8884 de 11061994 - Lei Antitruste acrescentei entre outros dispositivos o atual art 87 que dispotildee O art 39 da Lei 8078 de 11 de setembro de 1990 passa a vigorar com a seguinte redaccedilatildeo acrescentando-se-Ihe os seguintes incisos Art 39 Eacute vedado ao fornecedor de produtos ou serviccedilos dentre outras praacuteticas abusivas IX- recusar a venda de bens ou a prestaccedilatildeo de serviccedilos direshytamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento ressalvados os casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis especiais X - elevar sem justa causa o preccedilo de produtos ou serviccedilos (grifo nosso)

Se duacutevida existia sobre a qualidade enunciativa do art 39 com o ajuste legisshylativo aqui efetuado termina de vez a querela

O administrador e o juiz tecircm aqui necessaacuteria e generosa ferramenta para comshybater praacuteticas abusivas natildeo expressamente listadas no art 39 mas que natildeo obstante tal violem os padrotildees eacutetico-constitucionais de convivecircncia no mercado de consumo ou ainda contrariem o proacuteprio sistema difuso de normas legais e regulamentares de proteccedilatildeo do consumidor

Tomando por guia os valores resguardados pela Constituiccedilatildeo Federal- mas eacute bom tambeacutem natildeo esquecer as Constituiccedilotildees estaduais - satildeo abusivas as praacuteticas que atentem jaacute aludimos contra a dignidade da pessoa humana (art 10 III da

CF) a igualdade de humanos (art 3deg J pessoas (art 5deg X

A seguir satildeo a

6 Condicionam

O Coacutedigo proiacute cimento de produ te

Na primeira deuro ser que o consumid Eacute a chamada venda ( e venda valendo tal fala em fornecimel

O STj em julg qua proibir o c adquiridos err ratio essendi d superioridade entre os prodt fornecedor de praacuteticas abusb mento de outn patente se a er suas dependecircl cognominada de produtos ali gratia os bare da norma por Rjj010320( venda casada ~ financeiro ou ( ser fator deten apoacutelice deva se poreleindicad expressament4 fornecedor de condiccedilotildees neg lha (REsp 80lt mesmo sentid seguro diretan Min Luis Feli

Na segunda h produto ou serviccedilc estabelece uma pn

a abstenccedilatildeo ou praacutetica

a desconsideraccedilatildeo praacutetica abusiva caracshy

Taan da lei Em todos

uumiddot praticar outras

ou serviccedilos dentre t-estalccedilatildeO de serviccedilos direshy

pagamento ressalvados elevar sem justa causa o

39 com o ajuste legisshy

ferramenta para comshymas que natildeo obstante mercado de consumo

e regulamentares

plltUlcao Federal- mas

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 269

CF) a igualdade de origem raccedila sexo cor e idade (art 39 IV do CDC) os direitos humanos (art 3deg lI da CF) a intimidade a vida privada a honra e a imagem das pessoas (art 5deg X da CF)

A seguir satildeo analisadas as hipoacuteteses previstas no art 39 do CDe

6 Condicionamento do fornecimento de produto ou serviccedilo (art 39 I)

o Coacutedigo proiacutebe expressamente duas espeacutecies de condicionamento do forneshycimento de produtos e serviccedilos

Na primeira delas o fornecedor nega-se a fornecer o produto ou serviccedilo a natildeo ser que o consumidor concorde em adquirir tambeacutem um outro produto ou serviccedilo Eacute a chamada venda casada Soacute que agora a figura natildeo estaacute limitada apenas agrave compra e venda valendo tambeacutem para outros tipos de negoacutecios juriacutedicos de vez que o texto fala em fornecimento expressatildeo muito mais ampla

o ST] em julgado relatado pelo Min Luiz Fux considera venda casada por via obliacuteshyqua proibir o consumidor de ingressar em salas de cinema com produtos alimentiacutecios adquiridos em outros estabelecimentos A denominada venda casada tem como ratio essendi da vedaccedilatildeo a proibiccedilatildeo imposta ao fornecedor de utilizando de sua superioridade econocircmica ou teacutecnica opor-se agrave liberdade de escolha do consumidor entre os produtos e serviccedilos de qualidade satisfatoacuteria e preccedilos competitivos 4 Ao fornecedor de produtos ou serviccedilos consectariamente natildeo eacute liacutecito dentre outras praacuteticas abusivas condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecishymento de outro produto ou serviccedilo (art 39 I do CDC) 5 A praacutetica abusiva revela-se patente se a empresa cinematograacutefica permite a entrada de produtos adquiridos na suas dependecircncias e interdita o adquirido alhures engendrando por via obliacutequa a

J

cognominada venda casada interdiccedilatildeo inextensiacutevel ao estabelecimento cuja venda de produtos alimentiacutecios constituiu a essecircncia da sua atividade comercial como verbi gratia os bares e restaurantes 6 O juiz na aplicaccedilatildeo da lei deve aferir as finalidades da norma por isso que in casu revela-se manifesta a praacutetica abusiva (REsp 744602shyR]j 0l032007 reI Min Luiz FuxD] 15032007) A Corte tambeacutem considerou ser venda casada a imposiccedilatildeo de contratar seguro habitacional diretamente com agente financeiro ou com seguradora por este indicada LIA despeito da aquisiccedilatildeo do seguro ser fator determinante para o financiamento habitacional a lei natildeo determina que a apoacutelice deva ser necessariamente contratada frente ao proacuteprio mutuante ou seguradora porele indicada Ademais tal procedimento caracteriza a denominada venda casada expressamente vedada pelo art 39 I do CDC que condena qualquer tentativa do fornecedor de se beneficiar de sua superioridade econocircmica ou teacutecnica para estipular condiccedilocirces negociais desfavoraacuteveis ao consumidor cerceando-lhe a liberdade de escoshylha (REsp804202-MGj19082008 reI Min NancyAndrighi D] 03092008) No mesmo sentido afastando a obrigatoriedade de o consumidor (mutuaacuterio) contratar seguro diretamente com o agente financeiro foi o julgamento do REsp 969129 reI Min Luis Felipe Salomatildeoj 09122009

Na segunda hipoacutetese a condiccedilatildeo eacute quantitativa dizendo respeito ao mesmo produto ou serviccedilo objeto do fornecimento Para tal caso contudo o Coacutedigo natildeo estabelece uma proibiccedilatildeo absoluta O limite quantitativo eacute admissiacutevel desde que

270 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

haja justa causa para a sua imposiccedilatildeo por exemplo quando o estoque do forneshycedor for limitado A prova da excludente evidentemente compete ao fornecedor

Em acoacuterdatildeo proferido em agosto de 2009 o ST] destaca que a justa causa referida pelo artigo 39 I refere-se unicamente aos limites quantitativos 1 O Tribunal a quo manteve a concessatildeo de seguranccedila para anular auto de infraccedilatildeo consubstanciado no art 391 do COC ao fundamento de que a impetrante apenas vinculou o pagamento a prazo da gasolina por ela comercializada agrave aquisiccedilatildeo de refrigerantes o que natildeo ocorreria se tivesse sido paga agrave vista 2 O art 39 I do COC inclui no rol das praacuteticas abusivas a popularmente denominada venda casada ao estabelecer que eacute vedado ao fornecedor condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecimento de outro produto ou serviccedilo bem como sem justa causa a limites quantitativos 3 Na primeira situaccedilatildeo descrita nesse dispositivo a ilegalidade se configura pela vinculaccedilatildeo de produtos e serviccedilos de natureza distinta e usualmente comercializados em separashydo tal como ocorrido na hipoacutetese dos autos 4 A dilaccedilatildeo de prazo para pagamento embora seja uma liberalidade do fornecedor assim como o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo no comeacutercio de determinado produto ou serviccedilo - natildeo o exime de observar normas legais que visam a coibir abusos que vieram a reboque da massificaccedilatildeo dos contratos na sociedade de consumo e da vulnerabilidade do consumidor 5 Tais normas de controle e saneamento do mercado ao contraacuterio de restringirem o princiacutepio da libershydade contratual o aperfeiccediloam tendo em vista que buscam assegurar a vontade real daquele que eacute estimulado a contratar 6 Apenas na segunda hipoacutetese do art 39 I do COC referente aos limites quantitativos estaacute ressalvada a possibilidade de exclusatildeo da praacutetica abusiva por justa causa natildeo se admitindo justificativa portanto para a imposiccedilatildeo de produtos ou serviccedilos que natildeo os precisamente almejados pelo consumishydor (REsp384284-RS j 20082009 reI Min HermanBenjamin OJe 15122009)

A justa causa poreacutem soacute tem aplicaccedilatildeo aos limites quantitativos que sejam inferiores agrave quantidade desejada pelo consumidor Ou seja o fornecedor natildeo pode obrigar o consumidor a adquirir quantidade maior que as suas necessidades Assim se o consumidor quer adquirir uma lata de oacuteleo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor condishycionar a venda agrave aquisiccedilatildeo de duas outras unidades A soluccedilatildeo tambeacutem eacute aplicaacutevel aos brindes promoccedilotildees e bens com desconto O consumidor sempre tem o direito de em desejando recusar a aquisiccedilatildeo quantitativamente casada desde que pague o preccedilo normal do produto ou serviccedilo isto eacute sem o desconto

7 Recusa de atendimento agravedemanda do consumidor (art 39 11)

O fornecedor natildeo pode recusar-se a atender agrave demanda do consumidor desde que tenha de fato em estoque os produtos ou esteja habilitado a prestar o serviccedilo Eacute irrelevante a razatildeo alegada pelo fornecedor Veja-se o caso do consumidor que a pretexto de ter passado cheque sem fundos em compra anterior tem a sua demanda com pagamento agrave vista recusada Ou ainda o motorista de taacutexi que ao saber da pequena distatildencia da corrida do consumidor lhe nega o serviccedilo

8 Fornecimento natildeo solicitado (art 39 111)

A regra do Coacutedigo nos termos do seu art 39 I1I eacute de que o produto ou sershyviccedilo soacute pode ser fornecido desde que haja solicitaccedilatildeo preacutevia O fornecimento natildeo

solicitado eacute uma pl obstante a proibiccedilatilde paraacutegrafo uacutenico de amostra graacutetis natildeo nem mesmo os dec conta do fornecedc

Outronatildeoeacuteo~

de prestaccedilatildeo dt do usuaacuterio pel inscriccedilatildeo ou CJ

dado a aludida em contraacuterio 1

Oestarte se af tal tiacutetulo e dt cadastro negat los danos mor 04042002) to cartatildeo de creacutedi considerada pt

adicionado ao~ para o cancela se tratando de I fatos circunst Sidnei Benetij

No que se refer tado pelo inc VI de

N os termos d() elaboraccedilatildeo de orccedila] decorrentes de praacuteti

O dispositivoshysalvados os decorrel na prestaccedilatildeo de sen Aquele a cargo do f inafastaacuteveis do fom juriacutedico de consum como liberalidade d

O art 40 compl estabelecendo seu Co

Nenhumserviccedil previsto no art 39 fala em entrega de

IA propoacutesito H

O art 39 VI (

inclui no rol das praacuteticas ttatJelecerque eacute vedado ao

ao fornecimento de quantitativos 3 Na

VJllllju pela vinculaccedilatildeo IlUlllllULltlVO em separashy

prazo para pagamento o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo

de observar normas lWsiticaccedilatildeo dos contratos

5 Tais normas de o princiacutepio da libershy

assegurar a vontade real hipoacutetese do art 39 1 do

IV de exclusatildeo Ificativa portanto para a tajlmE~ja(1os pelo consumishytnjaminD]e 15122009)

que sejam o fornecedor natildeo pode

necessidades Assim ao fornecedor condishy

tambeacutem eacute aplicaacutevel sempre tem o direito

desde que pague o

a prestar o serviccedilo do consumidor que a

tem a sua demanda taacutexi que ao saber da

que o produto ou sershyO fornecimento natildeo

como liberalidade do prestador

a art 40 complementa o art 39 VI detalhando o regime juriacutedico do orccedilamento estabelecendo seu conteuacutedo prazo de validade e eficaacutecia

Nenhumserviccedilo pode ser fornecido sem um orccedilamento preacutevio e tal jaacute havia sido previsto no art 39 VI E natildeo cabe o mero acerto verbal de vez que o dispositivo fala em entrega do orccedilamento ao consumidor

IA propoacutesito registre-se julgado relatado pelo Min Carlos Alberto Menezes Direito O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente

o estoque do forneshyIorrlDelteao fornecedor

a justa causa referida 1 O Tribunal a quo consubstanciado no

vinculou o pagamento refrigerantes o que natildeo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 271

solicitado eacute uma praacutetica corriqueira - e abusiva - do mercado Uma vez que natildeo obstante a proibiccedilatildeo o produto ou serviccedilo seja fornecido aplica-se o disposto no paraacutegrafo uacutenico do dispositivo o consumidor recebe o fornecimento como mera amostra graacutetis natildeo cabendo qualquer pagamento ou ressarcimento ao fornecedor nem mesmo os decorrentes de transporte Eacute ato cujo risco corre inteiramente por conta do fornecedor

Outro natildeo eacute o entendimento do ST] O produto ou serviccedilo natildeo inerente ao contrato de prestaccedilatildeo de telefonia ou quenatildeo seja de utilidade puacuteblica quando posto agravedisposiccedilatildeo do usuaacuterio pela concessionaacuteria - caso do tele-sexo - carece de preacutevia autorizaccedilatildeo inscriccedilatildeo ou credenciamento do titular da linha ( ) Sustentado pela autora natildeo ter dado a aludida anuecircncia cabe agrave companhia telefocircnica o ocircnusde provar o fato positivo em contraacuterio nos termos do art 6deg VIU da mesma Lei 80781990 o que inocorreu Destarte se afigura indevida a cobranccedila de ligaccedilotildees nacionais ou internacionais a tal tiacutetulo e de igual modo iliacutecita a inscriccedilatildeo da titular da linha como devedora em cadastro negativo de creacutedito gerando em contrapartida o dever de indenizaacute-la peshylos danos morais causados (ST] REsp 265 121-R] reL Min Aldir Passarinho]rj 04042002) Na mesma linha o ST] afirma ser praacutetica abusiva enviar ao consumidor cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39 Ill) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor mormente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RS reL Min Sidnei Benetij 04112008 D] 20112008)

No que se refere especificamente aos serviccedilos o art 39 inc IlI eacute complemenshytado pelo inc VI do mesmo dispositivo e pelo art 40

Nos termos do art 39 VI eacute praacutetica abusiva executar serviccedilos sem a preacutevia elaboraccedilatildeo de orccedilamento e autorizaccedilatildeo expressa do consumidor ressalvadas as decorrentes de praacuteticas anteriores entre as partes

a dispositivo - que conteacutem erro de redaccedilatildeo pois o correto seria falar em resshysalvados os decorrentes (no masculino plural jaacute que se refere a serviccedilos) - impotildee na prestaccedilatildeo de serviccedilos dois requisitos a) orccedilamento e b) autorizaccedilatildeo expressa Aquele a cargo do fornecedor esta pelo consumidor Satildeo obrigaccedilotildees proacuteprias e inafastaacuteveis do fornecedor de cuja existecircncia depende a consumaccedilatildeo do negoacutecio juriacutedico de consumo Sem sua presenccedila eventuais serviccedilos fornecidos seratildeo tidos

bull

272 I MANUAL DE DIREITO 00 CONSUMIDOR

pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal autorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (REsp 332869-RJj 24062002 Dj02092002 p 184)

o orccedilamento deve conter necessariamente informaccedilotildees sobre a) o preccedilo da matildeo de obra dos materiais e equipamentos b) as condiccedilotildees de pagamento c) a data de iniacutecio e teacutermino do serviccedilo

Como prinCiacutepio o preccedilo orccedilado - da matildeo de obra dos materiais e dos equipashymentos - tem validade de 10 dias prazo este que eacute contado do seu recebimento pelo consumidor Ressalte-se recebimento e natildeo conhecimento Essa regra contudo pode ser afastada pela vontade das partes

Uma vez que o orccedilamento tenha sido aprovado equivale ele a um contrato firshymado pelas partes Por isso mesmo soacute a livre negociaccedilatildeo pode alterar o seu conteuacutedo

O consumidor contrata com aquele que lhe oferta o orccedilamento Havendo neshycessidade de serviccedilo de terceiro duas possibilidades se abrem se o auxiacutelio externo estaacute previsto no orccedilamento (com todas as especificaccedilotildees exigidas pelo caput) o consumidor eacute responsaacutevel pelo valor do serviccedilo que venha a ser prestado se ao contraacuterio o orccedilamento eacute omisso a tal respeito o consumidor por isso mesmo natildeo assume qualquer otildenus extra cabendo ao fornecedor principal arcar com os encargos acrescidos

9 O aproveitamento da hipossuficiecircncia do consumidor (art 39 IV)

O consumidor eacute reconhecidamente umser vulneraacutevel no mercado de consumo (art 4 0 1) Soacute que entre todos os que satildeo vulneraacuteveis haacute outros cuja vulnerabilidade eacute superior agrave meacutedia Satildeo os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento de idade pequena ou avanccedilada de sauacutede fraacutegil bem como aqueles cuja posiccedilatildeo social natildeo lhes permite avaliar com adequaccedilatildeo o produto ou serviccedilo que estatildeo adquirindo Em resumo satildeo os consumidores hipossuficientes Protege-se com este dispositivo pormeio de tratamento mais riacutegido que o padratildeo o consentimento pleno e adequado do consumidor hipossuficiente

No julgamento do REsp 1061500 jaacutereferido a Corte reconhece que a idade do consushymidor eacute fator a ser especialmente considerado no exame da praacutetica abusiva bem como no valor da indenizaccedilatildeo por dano moral O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39lII) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor morshymente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RSj 04112008 reI Min Sidnei Beneti)

A vulnerabilidade eacute um traccedilo universal de todos os consumidores ricos ou pobres educados ou ignorantes creacutedulos ou espertos Jaacute a hipossuficiecircncia eacute marca

pessoal limitada a consumidores

A utilizaccedilatildeo p hipossuficiecircncia do

A vulnerabilid ecircnciaporseu turno Coacutedigo como por I

10 A exigecircncia ~

Note-se que nl excessiva concretizl o fornecedor nos a1 para que o dispositi

Masoquevem mesmo da vantagen proacuteximos - satildeo sinocirc

11 Serviccedilos sem

A prestaccedilatildeo de apresentaccedilatildeo do Of

fornecedor possa da consumidor A esta 40 sect 2deg) desde que

Se o serviccedilo natilde realizado aplica-se serviccedilo por natildeo ter do fornecedor sem (

Se a autorizaccedil~ orccedilamento preacutevio shycomprovadamente

A posiccedilatildeo do S Consumidor di autorizaccedilatildeo do c torizaccedilatildeo eacuteimp pelo consumid( j 24062002) J

(atendimento L

necessidade de serviccedilo meacutedicoshyao afastamento elaboraccedilatildeo de IacuteI de serviccedilo prev

sobre a) o preccedilo da pagamento c) a data

e dos equipashyrecebimento pelo

Essa regra contudo

ele a um contrato firshytp~lnseu conteuacutedo

~menlto Havendo neshyse o auxiacutelio externo

pelo caput) o ser prestado se ao

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 273

pessoal limitada a alguns - ateacute mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores

A utilizaccedilatildeo pelo fornecedor de teacutecnicas mercadoloacutegicas que se aproveitem da hipossufiacutedecircncia do consumidor caracteriza a abusividade da praacutetica

A vulnerabilidade do consumidor justifica a existecircncia do Coacutedigo A hipossuficishyecircncia porseu turno legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do proacuteprio Coacutedigo como por exemplo a previsatildeo de inversatildeo do ocircnus da prova (art 6deg VIU)

10 A exigecircncia de vantagem excessiva (art 39 V)

Note-se que nesse ponto o Coacutedigo mostra a sua aversatildeo natildeo apenas agrave vantagem excessiva concretizada mas tambeacutem em relaccedilatildeo agrave mera exigecircncia Ou seja basta que o fornecedor nos atos preparatoacuterios ao contrato solicite vantagem dessa natureza para que o dispositivo legal tenha aplicaccedilatildeo integral

Mas o que vem a ser a vantagem excessiva O criteacuterio para o seu julgamento eacute o mesmo da vantagem exagerada (art 51 sect 1deg) Aliaacutes os dois termos natildeo satildeo apenas proacuteximos - satildeo sinocircnimos

11 Serviccedilos sem orccedilamento e autorizaccedilatildeo do consumidor (art 39 VI)

A prestaccedilatildeo de serviccedilo depende de preacutevio orccedilamento (art 40) Soacute que a simples apresentaccedilatildeo do orccedilamento natildeo implica autorizaccedilatildeo do consumidor Para que o fornecedor possa dar iniacutecio ao serviccedilo mister eacute que tenha a autorizaccedilatildeo expressa do consumidor A esta equivale a aprovaccedilatildeo que o consumidor decirc ao orccedilamento (art 40 sect 2deg) desde que expressa (v item 8)

Se o serviccedilo natildeo obstante a ausecircncia de aprovaccedilatildeo expressa do consumidor for realizado aplica-se por analogia o disposto no paraacutegrafo uacutenico do art 39 ou seja o serviccedilo por natildeo ter sido solicitado eacute considerado amostra graacutetis uma liberalidade do fornecedor sem qualquer contraprestaccedilatildeo exigida do consumidor

Se a autorizaccedilatildeo for parcial- por exemplo envolvendo soacute alguns itens do orccedilamento preacutevio - o pagamento do consumidor fica restrito agraves partes efetiva e comprovadamente aprovadas

A posiccedilatildeo do STj eacute exatamente nessa linha O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal aushytorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (STj REsp 332869-Rj rel Min Carlos Alberto Menezes Direito j 24062002) Acrescente-se que a Corte considerando circunstacircncias excepcionais (atendimento meacutedico emergencial) afastou no julgamento do REsp 1256703 a necessidade de orccedilamento preacutevio ( ) 3 Natildeo haacute duacutevida que houve a prestaccedilatildeo de serviccedilo meacutedico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes suficientes ao afastamento para o proacuteprio interesse do consumidor da necessidade de preacutevia elaboraccedilatildeo de instrumento contratual e apresentaccedilatildeo de orccedilamento pelo fornecedor de serviccedilo prevista no art 40 do CDC dado ser incompatiacutevel com a situaccedilatildeo meacutedica

274 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

emergencial experimentada pela filha do reacuteu 4 Os princiacutepios da funccedilatildeo social do contrato boa-feacute objetiva equivalecircncia material e moderaccedilatildeo impotildeem por um lado seja reconhecido o direito agrave retribuiccedilatildeo pecuniaacuteria pelos serviccedilos prestados e por outro lado constituem instrumentaacuterio que proporcionaraacute ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente (REsp 1256703-SP rel Min Luis Felipe Salomatildeoj 06092011 DJe 27092011)

Em existindo praacuteticas anteriores entre o consumidor e o fornecedor aquelas desde que provadas por este regram o relacionamento entre as partes

12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre o consumidor (art 39 VII)

Nenhum fornecedor pode divulgar informaccedilatildeo depreciativa sobre o consushymidor quando tal se referir ao exerciacutecio de direito seu Por exemplo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um tiacutetulo que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviccedilos que o consumidor eacute membro de uma associaccedilatildeo de consumidores ou que jaacute representou ao Ministeacuterio Puacuteblico ou propocircs accedilatildeo

O texto do art 39 VII difere substancialmente daquele do art 43 Aqui se trata de arquivo de consumo (Capiacutetulo X) Laacute ao reveacutes se cuida de mero repasse de informaccedilatildeo sem qualquer arquivamento Seria em linguagem vulgar a fofoca de consumo

Natildeo estaacute proibido contudo o repasse de informaccedilatildeo mesmo depreciativa quando o consumidor pratica ato que exorbita o exerciacutecio de seus direitos Assim se a associaccedilatildeo de consumidores vem a ser condenada por litigacircncia de maacute-feacute

13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII)

Existindo norma teacutecnica expedida por qualquer oacutergatildeo puacuteblico ou entidade privada credenciada pelo CONMETRO cabe ao fornecedor respeitaacute-la

O ST] tem declarado a legalidade e legitimidade das normas expedidas pelo CONshyMETRO como se observa pela seguinte decisatildeo proferida em abril de 2011 1 A Primeira SeccedilatildeoST] nojulgamento do REsp 1102578-MG (reI Min Eliana Calmon DJe 29102009) confirmou entendimento no sentido de que estatildeo revestidas de legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO e suas respectivas infraccedilotildees com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado de consumo seja porque estatildeo esses oacutergatildeos dotados da competecircncia legal atribuiacuteda pelas Leis 59661973 e 99331999 seja porque seus atos tratam de interesse puacuteblico e agregam proteccedilatildeo aos consumidores finais pois essa sistemaacutetica normativa tem como objetivo maior o respeito agrave dignidade humana e a harmonia dos interesses envolvidos nas relaccedilotildees de consumo dando aplicabilishydade agrave ratio do Coacutedigo de Defesa do Consumidor e efetividade agrave chamada Teoria da Qualidade 2 O art 5deg da Lei 99331999 estabelece que satildeo obrigadas a observar e a cumprir os deveres instituiacutedos pela lei mencionada e pelos atos normativos e regushy

lamentos teacutecnk as pessoas natu mercado para f~ bens mercadori o ato do INMET expor produto (c da certificaccedilatildeo n sentido REsp ll 1236315-RS reI

O Coacutedigo natildeo a como uacutetil agrave proteccedilatildeo ( ccedilatildeo no mercado de co normas expedidas pe existirem pela Associ ciada pelo Conselho - CONMETRO qu~

O dispositivo ap e NBR-2 conforme m agraves normas registradas

Eacute bom lembrar q e teacutecnica pois servem avaliar a conformidade ideais

De toda sorte natilde normalizaccedilatildeo e metrol e natildeo tetos Agraves vezes o dos consumidores ne econocircmicos de um dete com o interesse puacuteblic

14 A normalizaccedilatilde(

Para melhor com normalizaccedilatildeo satildeo neCf

Em uma sociedac mercado certa unifon zaccedilatildeo ou seja estabele tambeacutem da comerciali bens de consumo

Eacute por isso que o J

um dos mais im( dutos e serviccedilos seguranccedila seja pt

-

ios da funccedilatildeo social do CI impotildeem por um lado erviccedilos prestados e por ao julgador o adequado 56703-Sp rel Min Luis

o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

consumidores ou que

do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

mesmo depreciativa seus direitos Assim se

de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 3: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

contratual) e poacutes-contratuais abusivas preacute-contratuais

como a do art 40 De outra

pensatildeo de atividade intervenccedilatildeo administrativa) e penais (Capiacutetulos XII e XIII) as praacuteticas abusivas detonam o dever de reparar Sempre cabe indenizaccedilatildeo pelos danos causados inclusive os morais tudo na forma do art 6deg VII

desleal apesar de que estas fornecedor a fornecedor)

liumiClor Maspraacutetica abusiva vertical da relaccedilatildeo de

do consumidor

atividades enganosas lault- carreiam alta dose de

contratuais contra as se sente habilitado ou inshy

apenas pelo art 39 Dishy satildeo praacuteticas abusivas a

grau de nocividade ou perishy_l11rlltimproacuteprios (arts 18

adequadas (art 21) a falta de informaccedilatildeo na venda

32) a veiculaccedilatildeo de publishyJobra1occedilairregular de diacutevidas IlSlllmlaC)r em desrespeito aos

(art 43) a utilizaccedilatildeO de

bUmllQ()r Como decorrecircncia outros comportamentos

mesmo que previstos em leshysatildeo praacuteticas abusivas as

I Il e III) e 7deg (ines 111 m ordem tributaacuteria econocircmica

base em diversos criteacuterios

~UIUUaUJIU natildeo mais o econocircshyn~celm no interior do proacuteprio

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 267

forma satildeo poacutes-contratuais as praacuteticas abusivas do art 39 VII (repasse de informaccedilatildeo depreciativa sobre o consumidor) e tambeacutem todas aquelas relativas agrave falta de peccedilas de reposiccedilatildeo (art 32) e agrave cobranccedila de diacutevidas de consumo (art 42) Finalmente satildeo praacuteticas abusivas contratuais a do art 39 XII (natildeo fixaccedilatildeo do prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo) e todas as outras previstas no art 51 (claacuteusulas contratuais abusivas)

Em adiccedilatildeo agrave lista exemplificativa do art 39 em particular ao seu inc III (enshytrega de produto ou serviccedilo natildeo solicitado) tambeacutem satildeo reputados abusivos todos os meacutetodos comerciais coercitivos (art 6deg IV) assim como todas as tentativas de acionar o consumidor em jurisdiccedilotildees longiacutenquas

As vendas fora do estabelecimento comercial satildeo normalmente utilizadas como forma de comercializaccedilatildeo coercitiva - abusiva portanto - de produtos e serviccedilos Daiacute a importatildencia do prazo de arrependimento (cooling-offperiod) fixado no art 49

3 A impossibilidade de exaustatildeo legislativa

Natildeo poderia o legislador de fato listar agrave exaustatildeo as praacuteticas abusivas O mercado de consumo eacute de extremada velocidade e as mutaccedilotildees ocorrem da noite para o dia Por isso mesmo eacute que se buscou deixar bem claro que a lista do art 39 eacute meramente exemplificativa urna simples orientaccedilatildeo ao inteacuterprete

A dificuldade como parece evidente natildeo eacute somente do legislador brasileiro Jaacute em 1914 a Catildemara dos Deputados dos Estados Unidos emrelatoacuterio sobre o Federal Trade Commission Act assim se manifestou uEacute impossiacutevel a composiccedilatildeo de definiccedilotildees que incluam todas as praacuteticas abusivas Natildeo haacute limite para a criatividade humana nesse campo Mesmo que todas as praacuteticas abusivas conhecidas fossem especificamente definidas e proibidas seria imediatamente necessaacuterio recomeccedilar tudo novamente Se o Congresso tivesse que adotar a teacutecnica da definiccedilatildeo estaria trazendo a si uma tarefa interminaacutevel

Trecircs janelas - uma impliacutecita e duas expliacutecitas - foram entatildeo introduzidas para dar flexibilidade ao preceito A primeira indicaccedilatildeo de que toda e qualquer praacutetica abusiva deve ser coibida vem no art 6deg IV A segunda tambeacutem indicativa do caraacuteter enumerativo do art 39 estava prevista no seu inc X vetado A terceira impliacutecita mostrando igualmente que o dispositivo eacute flexiacutevel estaacute no proacuteprio corpo do preceishyto e decorre da utilizaccedilatildeo de conceitos extremamente fluidos como os estampados nos ines IV e V

4 As sanccedilotildees

A violaccedilatildeo dos preceitos referentes agraves praacuteticas abusivas natildeo mais se sujeita agrave sanccedilatildeo civil prevista no art 45 que foi vetado

Aleacutem de sanccedilotildees administrativas (vg cassaccedilatildeo de licenccedila interdiccedilatildeo e susshy

268 MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

ojuiz pode tambeacutem com fulcro no art 84 determinar a abstenccedilatildeo ou praacutetica de conduta sob a forccedila de preceito cominatoacuterio

Finalmente as praacuteticas abusivas quando reiteradas impotildeem a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da empresa (art 28) A utilizaccedilatildeo de praacutetica abusiva caracshyteriza ora abuso de direito ora excesso de poder ora mera infraccedilatildeo da lei Em todos esses casos o mercado precisa ser saneado em favor do consumidor bem como em benefiacutecio da concorrecircncia

Sobre abuso de direito v o excelente trabalho de Heloiacutesa CARPENA Abuso do direito nos contratos de consumo A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica estaacute abordada no Capiacutetulo lI

5 O elenco exemplificativo das praacuteticas abusivas

O presidente da Repuacuteblica cedendo nesse ponto ao poderoso lobby empresarial contraacuterio ao CDC vetou o entatildeo inc X do texto legal que dispunha praticar outras condutas abusivas

Em tese o prejuiacutezo seria nenhum diante de duas janelas ampliatiacutevas (= claacuteusulas gerais) que permaneceram no Coacutedigo (arts 6deg IV e 39 IV e V) garantindo assim que o rol de praacuteticas abusivas estivesse legalmente posto de maneira exemplificativa Entretanto segmento da doutrina passou a defender que o veto conferia ao art 39 um caraacuteter de numerus clausus argumento este que visivelmente ao excluir um vasuacutessimo campo de praacuteticas maleacuteficas ao mercado de consumo favorecia os forneshycedores despreocupados com a proteccedilatildeo do consumidor

Por isso mesmo por ocasiatildeo da revisatildeo que fiz a pedido do entatildeo secretaacuterio nacional de direito econocircmico Rodrigo janot Monteiro de Barros do texto primitivo da medida provisoacuteria que deu origem agrave Lei 8884 de 11061994 - Lei Antitruste acrescentei entre outros dispositivos o atual art 87 que dispotildee O art 39 da Lei 8078 de 11 de setembro de 1990 passa a vigorar com a seguinte redaccedilatildeo acrescentando-se-Ihe os seguintes incisos Art 39 Eacute vedado ao fornecedor de produtos ou serviccedilos dentre outras praacuteticas abusivas IX- recusar a venda de bens ou a prestaccedilatildeo de serviccedilos direshytamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento ressalvados os casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis especiais X - elevar sem justa causa o preccedilo de produtos ou serviccedilos (grifo nosso)

Se duacutevida existia sobre a qualidade enunciativa do art 39 com o ajuste legisshylativo aqui efetuado termina de vez a querela

O administrador e o juiz tecircm aqui necessaacuteria e generosa ferramenta para comshybater praacuteticas abusivas natildeo expressamente listadas no art 39 mas que natildeo obstante tal violem os padrotildees eacutetico-constitucionais de convivecircncia no mercado de consumo ou ainda contrariem o proacuteprio sistema difuso de normas legais e regulamentares de proteccedilatildeo do consumidor

Tomando por guia os valores resguardados pela Constituiccedilatildeo Federal- mas eacute bom tambeacutem natildeo esquecer as Constituiccedilotildees estaduais - satildeo abusivas as praacuteticas que atentem jaacute aludimos contra a dignidade da pessoa humana (art 10 III da

CF) a igualdade de humanos (art 3deg J pessoas (art 5deg X

A seguir satildeo a

6 Condicionam

O Coacutedigo proiacute cimento de produ te

Na primeira deuro ser que o consumid Eacute a chamada venda ( e venda valendo tal fala em fornecimel

O STj em julg qua proibir o c adquiridos err ratio essendi d superioridade entre os prodt fornecedor de praacuteticas abusb mento de outn patente se a er suas dependecircl cognominada de produtos ali gratia os bare da norma por Rjj010320( venda casada ~ financeiro ou ( ser fator deten apoacutelice deva se poreleindicad expressament4 fornecedor de condiccedilotildees neg lha (REsp 80lt mesmo sentid seguro diretan Min Luis Feli

Na segunda h produto ou serviccedilc estabelece uma pn

a abstenccedilatildeo ou praacutetica

a desconsideraccedilatildeo praacutetica abusiva caracshy

Taan da lei Em todos

uumiddot praticar outras

ou serviccedilos dentre t-estalccedilatildeO de serviccedilos direshy

pagamento ressalvados elevar sem justa causa o

39 com o ajuste legisshy

ferramenta para comshymas que natildeo obstante mercado de consumo

e regulamentares

plltUlcao Federal- mas

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 269

CF) a igualdade de origem raccedila sexo cor e idade (art 39 IV do CDC) os direitos humanos (art 3deg lI da CF) a intimidade a vida privada a honra e a imagem das pessoas (art 5deg X da CF)

A seguir satildeo analisadas as hipoacuteteses previstas no art 39 do CDe

6 Condicionamento do fornecimento de produto ou serviccedilo (art 39 I)

o Coacutedigo proiacutebe expressamente duas espeacutecies de condicionamento do forneshycimento de produtos e serviccedilos

Na primeira delas o fornecedor nega-se a fornecer o produto ou serviccedilo a natildeo ser que o consumidor concorde em adquirir tambeacutem um outro produto ou serviccedilo Eacute a chamada venda casada Soacute que agora a figura natildeo estaacute limitada apenas agrave compra e venda valendo tambeacutem para outros tipos de negoacutecios juriacutedicos de vez que o texto fala em fornecimento expressatildeo muito mais ampla

o ST] em julgado relatado pelo Min Luiz Fux considera venda casada por via obliacuteshyqua proibir o consumidor de ingressar em salas de cinema com produtos alimentiacutecios adquiridos em outros estabelecimentos A denominada venda casada tem como ratio essendi da vedaccedilatildeo a proibiccedilatildeo imposta ao fornecedor de utilizando de sua superioridade econocircmica ou teacutecnica opor-se agrave liberdade de escolha do consumidor entre os produtos e serviccedilos de qualidade satisfatoacuteria e preccedilos competitivos 4 Ao fornecedor de produtos ou serviccedilos consectariamente natildeo eacute liacutecito dentre outras praacuteticas abusivas condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecishymento de outro produto ou serviccedilo (art 39 I do CDC) 5 A praacutetica abusiva revela-se patente se a empresa cinematograacutefica permite a entrada de produtos adquiridos na suas dependecircncias e interdita o adquirido alhures engendrando por via obliacutequa a

J

cognominada venda casada interdiccedilatildeo inextensiacutevel ao estabelecimento cuja venda de produtos alimentiacutecios constituiu a essecircncia da sua atividade comercial como verbi gratia os bares e restaurantes 6 O juiz na aplicaccedilatildeo da lei deve aferir as finalidades da norma por isso que in casu revela-se manifesta a praacutetica abusiva (REsp 744602shyR]j 0l032007 reI Min Luiz FuxD] 15032007) A Corte tambeacutem considerou ser venda casada a imposiccedilatildeo de contratar seguro habitacional diretamente com agente financeiro ou com seguradora por este indicada LIA despeito da aquisiccedilatildeo do seguro ser fator determinante para o financiamento habitacional a lei natildeo determina que a apoacutelice deva ser necessariamente contratada frente ao proacuteprio mutuante ou seguradora porele indicada Ademais tal procedimento caracteriza a denominada venda casada expressamente vedada pelo art 39 I do CDC que condena qualquer tentativa do fornecedor de se beneficiar de sua superioridade econocircmica ou teacutecnica para estipular condiccedilocirces negociais desfavoraacuteveis ao consumidor cerceando-lhe a liberdade de escoshylha (REsp804202-MGj19082008 reI Min NancyAndrighi D] 03092008) No mesmo sentido afastando a obrigatoriedade de o consumidor (mutuaacuterio) contratar seguro diretamente com o agente financeiro foi o julgamento do REsp 969129 reI Min Luis Felipe Salomatildeoj 09122009

Na segunda hipoacutetese a condiccedilatildeo eacute quantitativa dizendo respeito ao mesmo produto ou serviccedilo objeto do fornecimento Para tal caso contudo o Coacutedigo natildeo estabelece uma proibiccedilatildeo absoluta O limite quantitativo eacute admissiacutevel desde que

270 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

haja justa causa para a sua imposiccedilatildeo por exemplo quando o estoque do forneshycedor for limitado A prova da excludente evidentemente compete ao fornecedor

Em acoacuterdatildeo proferido em agosto de 2009 o ST] destaca que a justa causa referida pelo artigo 39 I refere-se unicamente aos limites quantitativos 1 O Tribunal a quo manteve a concessatildeo de seguranccedila para anular auto de infraccedilatildeo consubstanciado no art 391 do COC ao fundamento de que a impetrante apenas vinculou o pagamento a prazo da gasolina por ela comercializada agrave aquisiccedilatildeo de refrigerantes o que natildeo ocorreria se tivesse sido paga agrave vista 2 O art 39 I do COC inclui no rol das praacuteticas abusivas a popularmente denominada venda casada ao estabelecer que eacute vedado ao fornecedor condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecimento de outro produto ou serviccedilo bem como sem justa causa a limites quantitativos 3 Na primeira situaccedilatildeo descrita nesse dispositivo a ilegalidade se configura pela vinculaccedilatildeo de produtos e serviccedilos de natureza distinta e usualmente comercializados em separashydo tal como ocorrido na hipoacutetese dos autos 4 A dilaccedilatildeo de prazo para pagamento embora seja uma liberalidade do fornecedor assim como o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo no comeacutercio de determinado produto ou serviccedilo - natildeo o exime de observar normas legais que visam a coibir abusos que vieram a reboque da massificaccedilatildeo dos contratos na sociedade de consumo e da vulnerabilidade do consumidor 5 Tais normas de controle e saneamento do mercado ao contraacuterio de restringirem o princiacutepio da libershydade contratual o aperfeiccediloam tendo em vista que buscam assegurar a vontade real daquele que eacute estimulado a contratar 6 Apenas na segunda hipoacutetese do art 39 I do COC referente aos limites quantitativos estaacute ressalvada a possibilidade de exclusatildeo da praacutetica abusiva por justa causa natildeo se admitindo justificativa portanto para a imposiccedilatildeo de produtos ou serviccedilos que natildeo os precisamente almejados pelo consumishydor (REsp384284-RS j 20082009 reI Min HermanBenjamin OJe 15122009)

A justa causa poreacutem soacute tem aplicaccedilatildeo aos limites quantitativos que sejam inferiores agrave quantidade desejada pelo consumidor Ou seja o fornecedor natildeo pode obrigar o consumidor a adquirir quantidade maior que as suas necessidades Assim se o consumidor quer adquirir uma lata de oacuteleo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor condishycionar a venda agrave aquisiccedilatildeo de duas outras unidades A soluccedilatildeo tambeacutem eacute aplicaacutevel aos brindes promoccedilotildees e bens com desconto O consumidor sempre tem o direito de em desejando recusar a aquisiccedilatildeo quantitativamente casada desde que pague o preccedilo normal do produto ou serviccedilo isto eacute sem o desconto

7 Recusa de atendimento agravedemanda do consumidor (art 39 11)

O fornecedor natildeo pode recusar-se a atender agrave demanda do consumidor desde que tenha de fato em estoque os produtos ou esteja habilitado a prestar o serviccedilo Eacute irrelevante a razatildeo alegada pelo fornecedor Veja-se o caso do consumidor que a pretexto de ter passado cheque sem fundos em compra anterior tem a sua demanda com pagamento agrave vista recusada Ou ainda o motorista de taacutexi que ao saber da pequena distatildencia da corrida do consumidor lhe nega o serviccedilo

8 Fornecimento natildeo solicitado (art 39 111)

A regra do Coacutedigo nos termos do seu art 39 I1I eacute de que o produto ou sershyviccedilo soacute pode ser fornecido desde que haja solicitaccedilatildeo preacutevia O fornecimento natildeo

solicitado eacute uma pl obstante a proibiccedilatilde paraacutegrafo uacutenico de amostra graacutetis natildeo nem mesmo os dec conta do fornecedc

Outronatildeoeacuteo~

de prestaccedilatildeo dt do usuaacuterio pel inscriccedilatildeo ou CJ

dado a aludida em contraacuterio 1

Oestarte se af tal tiacutetulo e dt cadastro negat los danos mor 04042002) to cartatildeo de creacutedi considerada pt

adicionado ao~ para o cancela se tratando de I fatos circunst Sidnei Benetij

No que se refer tado pelo inc VI de

N os termos d() elaboraccedilatildeo de orccedila] decorrentes de praacuteti

O dispositivoshysalvados os decorrel na prestaccedilatildeo de sen Aquele a cargo do f inafastaacuteveis do fom juriacutedico de consum como liberalidade d

O art 40 compl estabelecendo seu Co

Nenhumserviccedil previsto no art 39 fala em entrega de

IA propoacutesito H

O art 39 VI (

inclui no rol das praacuteticas ttatJelecerque eacute vedado ao

ao fornecimento de quantitativos 3 Na

VJllllju pela vinculaccedilatildeo IlUlllllULltlVO em separashy

prazo para pagamento o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo

de observar normas lWsiticaccedilatildeo dos contratos

5 Tais normas de o princiacutepio da libershy

assegurar a vontade real hipoacutetese do art 39 1 do

IV de exclusatildeo Ificativa portanto para a tajlmE~ja(1os pelo consumishytnjaminD]e 15122009)

que sejam o fornecedor natildeo pode

necessidades Assim ao fornecedor condishy

tambeacutem eacute aplicaacutevel sempre tem o direito

desde que pague o

a prestar o serviccedilo do consumidor que a

tem a sua demanda taacutexi que ao saber da

que o produto ou sershyO fornecimento natildeo

como liberalidade do prestador

a art 40 complementa o art 39 VI detalhando o regime juriacutedico do orccedilamento estabelecendo seu conteuacutedo prazo de validade e eficaacutecia

Nenhumserviccedilo pode ser fornecido sem um orccedilamento preacutevio e tal jaacute havia sido previsto no art 39 VI E natildeo cabe o mero acerto verbal de vez que o dispositivo fala em entrega do orccedilamento ao consumidor

IA propoacutesito registre-se julgado relatado pelo Min Carlos Alberto Menezes Direito O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente

o estoque do forneshyIorrlDelteao fornecedor

a justa causa referida 1 O Tribunal a quo consubstanciado no

vinculou o pagamento refrigerantes o que natildeo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 271

solicitado eacute uma praacutetica corriqueira - e abusiva - do mercado Uma vez que natildeo obstante a proibiccedilatildeo o produto ou serviccedilo seja fornecido aplica-se o disposto no paraacutegrafo uacutenico do dispositivo o consumidor recebe o fornecimento como mera amostra graacutetis natildeo cabendo qualquer pagamento ou ressarcimento ao fornecedor nem mesmo os decorrentes de transporte Eacute ato cujo risco corre inteiramente por conta do fornecedor

Outro natildeo eacute o entendimento do ST] O produto ou serviccedilo natildeo inerente ao contrato de prestaccedilatildeo de telefonia ou quenatildeo seja de utilidade puacuteblica quando posto agravedisposiccedilatildeo do usuaacuterio pela concessionaacuteria - caso do tele-sexo - carece de preacutevia autorizaccedilatildeo inscriccedilatildeo ou credenciamento do titular da linha ( ) Sustentado pela autora natildeo ter dado a aludida anuecircncia cabe agrave companhia telefocircnica o ocircnusde provar o fato positivo em contraacuterio nos termos do art 6deg VIU da mesma Lei 80781990 o que inocorreu Destarte se afigura indevida a cobranccedila de ligaccedilotildees nacionais ou internacionais a tal tiacutetulo e de igual modo iliacutecita a inscriccedilatildeo da titular da linha como devedora em cadastro negativo de creacutedito gerando em contrapartida o dever de indenizaacute-la peshylos danos morais causados (ST] REsp 265 121-R] reL Min Aldir Passarinho]rj 04042002) Na mesma linha o ST] afirma ser praacutetica abusiva enviar ao consumidor cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39 Ill) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor mormente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RS reL Min Sidnei Benetij 04112008 D] 20112008)

No que se refere especificamente aos serviccedilos o art 39 inc IlI eacute complemenshytado pelo inc VI do mesmo dispositivo e pelo art 40

Nos termos do art 39 VI eacute praacutetica abusiva executar serviccedilos sem a preacutevia elaboraccedilatildeo de orccedilamento e autorizaccedilatildeo expressa do consumidor ressalvadas as decorrentes de praacuteticas anteriores entre as partes

a dispositivo - que conteacutem erro de redaccedilatildeo pois o correto seria falar em resshysalvados os decorrentes (no masculino plural jaacute que se refere a serviccedilos) - impotildee na prestaccedilatildeo de serviccedilos dois requisitos a) orccedilamento e b) autorizaccedilatildeo expressa Aquele a cargo do fornecedor esta pelo consumidor Satildeo obrigaccedilotildees proacuteprias e inafastaacuteveis do fornecedor de cuja existecircncia depende a consumaccedilatildeo do negoacutecio juriacutedico de consumo Sem sua presenccedila eventuais serviccedilos fornecidos seratildeo tidos

bull

272 I MANUAL DE DIREITO 00 CONSUMIDOR

pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal autorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (REsp 332869-RJj 24062002 Dj02092002 p 184)

o orccedilamento deve conter necessariamente informaccedilotildees sobre a) o preccedilo da matildeo de obra dos materiais e equipamentos b) as condiccedilotildees de pagamento c) a data de iniacutecio e teacutermino do serviccedilo

Como prinCiacutepio o preccedilo orccedilado - da matildeo de obra dos materiais e dos equipashymentos - tem validade de 10 dias prazo este que eacute contado do seu recebimento pelo consumidor Ressalte-se recebimento e natildeo conhecimento Essa regra contudo pode ser afastada pela vontade das partes

Uma vez que o orccedilamento tenha sido aprovado equivale ele a um contrato firshymado pelas partes Por isso mesmo soacute a livre negociaccedilatildeo pode alterar o seu conteuacutedo

O consumidor contrata com aquele que lhe oferta o orccedilamento Havendo neshycessidade de serviccedilo de terceiro duas possibilidades se abrem se o auxiacutelio externo estaacute previsto no orccedilamento (com todas as especificaccedilotildees exigidas pelo caput) o consumidor eacute responsaacutevel pelo valor do serviccedilo que venha a ser prestado se ao contraacuterio o orccedilamento eacute omisso a tal respeito o consumidor por isso mesmo natildeo assume qualquer otildenus extra cabendo ao fornecedor principal arcar com os encargos acrescidos

9 O aproveitamento da hipossuficiecircncia do consumidor (art 39 IV)

O consumidor eacute reconhecidamente umser vulneraacutevel no mercado de consumo (art 4 0 1) Soacute que entre todos os que satildeo vulneraacuteveis haacute outros cuja vulnerabilidade eacute superior agrave meacutedia Satildeo os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento de idade pequena ou avanccedilada de sauacutede fraacutegil bem como aqueles cuja posiccedilatildeo social natildeo lhes permite avaliar com adequaccedilatildeo o produto ou serviccedilo que estatildeo adquirindo Em resumo satildeo os consumidores hipossuficientes Protege-se com este dispositivo pormeio de tratamento mais riacutegido que o padratildeo o consentimento pleno e adequado do consumidor hipossuficiente

No julgamento do REsp 1061500 jaacutereferido a Corte reconhece que a idade do consushymidor eacute fator a ser especialmente considerado no exame da praacutetica abusiva bem como no valor da indenizaccedilatildeo por dano moral O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39lII) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor morshymente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RSj 04112008 reI Min Sidnei Beneti)

A vulnerabilidade eacute um traccedilo universal de todos os consumidores ricos ou pobres educados ou ignorantes creacutedulos ou espertos Jaacute a hipossuficiecircncia eacute marca

pessoal limitada a consumidores

A utilizaccedilatildeo p hipossuficiecircncia do

A vulnerabilid ecircnciaporseu turno Coacutedigo como por I

10 A exigecircncia ~

Note-se que nl excessiva concretizl o fornecedor nos a1 para que o dispositi

Masoquevem mesmo da vantagen proacuteximos - satildeo sinocirc

11 Serviccedilos sem

A prestaccedilatildeo de apresentaccedilatildeo do Of

fornecedor possa da consumidor A esta 40 sect 2deg) desde que

Se o serviccedilo natilde realizado aplica-se serviccedilo por natildeo ter do fornecedor sem (

Se a autorizaccedil~ orccedilamento preacutevio shycomprovadamente

A posiccedilatildeo do S Consumidor di autorizaccedilatildeo do c torizaccedilatildeo eacuteimp pelo consumid( j 24062002) J

(atendimento L

necessidade de serviccedilo meacutedicoshyao afastamento elaboraccedilatildeo de IacuteI de serviccedilo prev

sobre a) o preccedilo da pagamento c) a data

e dos equipashyrecebimento pelo

Essa regra contudo

ele a um contrato firshytp~lnseu conteuacutedo

~menlto Havendo neshyse o auxiacutelio externo

pelo caput) o ser prestado se ao

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 273

pessoal limitada a alguns - ateacute mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores

A utilizaccedilatildeo pelo fornecedor de teacutecnicas mercadoloacutegicas que se aproveitem da hipossufiacutedecircncia do consumidor caracteriza a abusividade da praacutetica

A vulnerabilidade do consumidor justifica a existecircncia do Coacutedigo A hipossuficishyecircncia porseu turno legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do proacuteprio Coacutedigo como por exemplo a previsatildeo de inversatildeo do ocircnus da prova (art 6deg VIU)

10 A exigecircncia de vantagem excessiva (art 39 V)

Note-se que nesse ponto o Coacutedigo mostra a sua aversatildeo natildeo apenas agrave vantagem excessiva concretizada mas tambeacutem em relaccedilatildeo agrave mera exigecircncia Ou seja basta que o fornecedor nos atos preparatoacuterios ao contrato solicite vantagem dessa natureza para que o dispositivo legal tenha aplicaccedilatildeo integral

Mas o que vem a ser a vantagem excessiva O criteacuterio para o seu julgamento eacute o mesmo da vantagem exagerada (art 51 sect 1deg) Aliaacutes os dois termos natildeo satildeo apenas proacuteximos - satildeo sinocircnimos

11 Serviccedilos sem orccedilamento e autorizaccedilatildeo do consumidor (art 39 VI)

A prestaccedilatildeo de serviccedilo depende de preacutevio orccedilamento (art 40) Soacute que a simples apresentaccedilatildeo do orccedilamento natildeo implica autorizaccedilatildeo do consumidor Para que o fornecedor possa dar iniacutecio ao serviccedilo mister eacute que tenha a autorizaccedilatildeo expressa do consumidor A esta equivale a aprovaccedilatildeo que o consumidor decirc ao orccedilamento (art 40 sect 2deg) desde que expressa (v item 8)

Se o serviccedilo natildeo obstante a ausecircncia de aprovaccedilatildeo expressa do consumidor for realizado aplica-se por analogia o disposto no paraacutegrafo uacutenico do art 39 ou seja o serviccedilo por natildeo ter sido solicitado eacute considerado amostra graacutetis uma liberalidade do fornecedor sem qualquer contraprestaccedilatildeo exigida do consumidor

Se a autorizaccedilatildeo for parcial- por exemplo envolvendo soacute alguns itens do orccedilamento preacutevio - o pagamento do consumidor fica restrito agraves partes efetiva e comprovadamente aprovadas

A posiccedilatildeo do STj eacute exatamente nessa linha O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal aushytorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (STj REsp 332869-Rj rel Min Carlos Alberto Menezes Direito j 24062002) Acrescente-se que a Corte considerando circunstacircncias excepcionais (atendimento meacutedico emergencial) afastou no julgamento do REsp 1256703 a necessidade de orccedilamento preacutevio ( ) 3 Natildeo haacute duacutevida que houve a prestaccedilatildeo de serviccedilo meacutedico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes suficientes ao afastamento para o proacuteprio interesse do consumidor da necessidade de preacutevia elaboraccedilatildeo de instrumento contratual e apresentaccedilatildeo de orccedilamento pelo fornecedor de serviccedilo prevista no art 40 do CDC dado ser incompatiacutevel com a situaccedilatildeo meacutedica

274 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

emergencial experimentada pela filha do reacuteu 4 Os princiacutepios da funccedilatildeo social do contrato boa-feacute objetiva equivalecircncia material e moderaccedilatildeo impotildeem por um lado seja reconhecido o direito agrave retribuiccedilatildeo pecuniaacuteria pelos serviccedilos prestados e por outro lado constituem instrumentaacuterio que proporcionaraacute ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente (REsp 1256703-SP rel Min Luis Felipe Salomatildeoj 06092011 DJe 27092011)

Em existindo praacuteticas anteriores entre o consumidor e o fornecedor aquelas desde que provadas por este regram o relacionamento entre as partes

12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre o consumidor (art 39 VII)

Nenhum fornecedor pode divulgar informaccedilatildeo depreciativa sobre o consushymidor quando tal se referir ao exerciacutecio de direito seu Por exemplo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um tiacutetulo que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviccedilos que o consumidor eacute membro de uma associaccedilatildeo de consumidores ou que jaacute representou ao Ministeacuterio Puacuteblico ou propocircs accedilatildeo

O texto do art 39 VII difere substancialmente daquele do art 43 Aqui se trata de arquivo de consumo (Capiacutetulo X) Laacute ao reveacutes se cuida de mero repasse de informaccedilatildeo sem qualquer arquivamento Seria em linguagem vulgar a fofoca de consumo

Natildeo estaacute proibido contudo o repasse de informaccedilatildeo mesmo depreciativa quando o consumidor pratica ato que exorbita o exerciacutecio de seus direitos Assim se a associaccedilatildeo de consumidores vem a ser condenada por litigacircncia de maacute-feacute

13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII)

Existindo norma teacutecnica expedida por qualquer oacutergatildeo puacuteblico ou entidade privada credenciada pelo CONMETRO cabe ao fornecedor respeitaacute-la

O ST] tem declarado a legalidade e legitimidade das normas expedidas pelo CONshyMETRO como se observa pela seguinte decisatildeo proferida em abril de 2011 1 A Primeira SeccedilatildeoST] nojulgamento do REsp 1102578-MG (reI Min Eliana Calmon DJe 29102009) confirmou entendimento no sentido de que estatildeo revestidas de legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO e suas respectivas infraccedilotildees com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado de consumo seja porque estatildeo esses oacutergatildeos dotados da competecircncia legal atribuiacuteda pelas Leis 59661973 e 99331999 seja porque seus atos tratam de interesse puacuteblico e agregam proteccedilatildeo aos consumidores finais pois essa sistemaacutetica normativa tem como objetivo maior o respeito agrave dignidade humana e a harmonia dos interesses envolvidos nas relaccedilotildees de consumo dando aplicabilishydade agrave ratio do Coacutedigo de Defesa do Consumidor e efetividade agrave chamada Teoria da Qualidade 2 O art 5deg da Lei 99331999 estabelece que satildeo obrigadas a observar e a cumprir os deveres instituiacutedos pela lei mencionada e pelos atos normativos e regushy

lamentos teacutecnk as pessoas natu mercado para f~ bens mercadori o ato do INMET expor produto (c da certificaccedilatildeo n sentido REsp ll 1236315-RS reI

O Coacutedigo natildeo a como uacutetil agrave proteccedilatildeo ( ccedilatildeo no mercado de co normas expedidas pe existirem pela Associ ciada pelo Conselho - CONMETRO qu~

O dispositivo ap e NBR-2 conforme m agraves normas registradas

Eacute bom lembrar q e teacutecnica pois servem avaliar a conformidade ideais

De toda sorte natilde normalizaccedilatildeo e metrol e natildeo tetos Agraves vezes o dos consumidores ne econocircmicos de um dete com o interesse puacuteblic

14 A normalizaccedilatilde(

Para melhor com normalizaccedilatildeo satildeo neCf

Em uma sociedac mercado certa unifon zaccedilatildeo ou seja estabele tambeacutem da comerciali bens de consumo

Eacute por isso que o J

um dos mais im( dutos e serviccedilos seguranccedila seja pt

-

ios da funccedilatildeo social do CI impotildeem por um lado erviccedilos prestados e por ao julgador o adequado 56703-Sp rel Min Luis

o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

consumidores ou que

do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

mesmo depreciativa seus direitos Assim se

de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

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o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 4: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

268 MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

ojuiz pode tambeacutem com fulcro no art 84 determinar a abstenccedilatildeo ou praacutetica de conduta sob a forccedila de preceito cominatoacuterio

Finalmente as praacuteticas abusivas quando reiteradas impotildeem a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da empresa (art 28) A utilizaccedilatildeo de praacutetica abusiva caracshyteriza ora abuso de direito ora excesso de poder ora mera infraccedilatildeo da lei Em todos esses casos o mercado precisa ser saneado em favor do consumidor bem como em benefiacutecio da concorrecircncia

Sobre abuso de direito v o excelente trabalho de Heloiacutesa CARPENA Abuso do direito nos contratos de consumo A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica estaacute abordada no Capiacutetulo lI

5 O elenco exemplificativo das praacuteticas abusivas

O presidente da Repuacuteblica cedendo nesse ponto ao poderoso lobby empresarial contraacuterio ao CDC vetou o entatildeo inc X do texto legal que dispunha praticar outras condutas abusivas

Em tese o prejuiacutezo seria nenhum diante de duas janelas ampliatiacutevas (= claacuteusulas gerais) que permaneceram no Coacutedigo (arts 6deg IV e 39 IV e V) garantindo assim que o rol de praacuteticas abusivas estivesse legalmente posto de maneira exemplificativa Entretanto segmento da doutrina passou a defender que o veto conferia ao art 39 um caraacuteter de numerus clausus argumento este que visivelmente ao excluir um vasuacutessimo campo de praacuteticas maleacuteficas ao mercado de consumo favorecia os forneshycedores despreocupados com a proteccedilatildeo do consumidor

Por isso mesmo por ocasiatildeo da revisatildeo que fiz a pedido do entatildeo secretaacuterio nacional de direito econocircmico Rodrigo janot Monteiro de Barros do texto primitivo da medida provisoacuteria que deu origem agrave Lei 8884 de 11061994 - Lei Antitruste acrescentei entre outros dispositivos o atual art 87 que dispotildee O art 39 da Lei 8078 de 11 de setembro de 1990 passa a vigorar com a seguinte redaccedilatildeo acrescentando-se-Ihe os seguintes incisos Art 39 Eacute vedado ao fornecedor de produtos ou serviccedilos dentre outras praacuteticas abusivas IX- recusar a venda de bens ou a prestaccedilatildeo de serviccedilos direshytamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento ressalvados os casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis especiais X - elevar sem justa causa o preccedilo de produtos ou serviccedilos (grifo nosso)

Se duacutevida existia sobre a qualidade enunciativa do art 39 com o ajuste legisshylativo aqui efetuado termina de vez a querela

O administrador e o juiz tecircm aqui necessaacuteria e generosa ferramenta para comshybater praacuteticas abusivas natildeo expressamente listadas no art 39 mas que natildeo obstante tal violem os padrotildees eacutetico-constitucionais de convivecircncia no mercado de consumo ou ainda contrariem o proacuteprio sistema difuso de normas legais e regulamentares de proteccedilatildeo do consumidor

Tomando por guia os valores resguardados pela Constituiccedilatildeo Federal- mas eacute bom tambeacutem natildeo esquecer as Constituiccedilotildees estaduais - satildeo abusivas as praacuteticas que atentem jaacute aludimos contra a dignidade da pessoa humana (art 10 III da

CF) a igualdade de humanos (art 3deg J pessoas (art 5deg X

A seguir satildeo a

6 Condicionam

O Coacutedigo proiacute cimento de produ te

Na primeira deuro ser que o consumid Eacute a chamada venda ( e venda valendo tal fala em fornecimel

O STj em julg qua proibir o c adquiridos err ratio essendi d superioridade entre os prodt fornecedor de praacuteticas abusb mento de outn patente se a er suas dependecircl cognominada de produtos ali gratia os bare da norma por Rjj010320( venda casada ~ financeiro ou ( ser fator deten apoacutelice deva se poreleindicad expressament4 fornecedor de condiccedilotildees neg lha (REsp 80lt mesmo sentid seguro diretan Min Luis Feli

Na segunda h produto ou serviccedilc estabelece uma pn

a abstenccedilatildeo ou praacutetica

a desconsideraccedilatildeo praacutetica abusiva caracshy

Taan da lei Em todos

uumiddot praticar outras

ou serviccedilos dentre t-estalccedilatildeO de serviccedilos direshy

pagamento ressalvados elevar sem justa causa o

39 com o ajuste legisshy

ferramenta para comshymas que natildeo obstante mercado de consumo

e regulamentares

plltUlcao Federal- mas

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 269

CF) a igualdade de origem raccedila sexo cor e idade (art 39 IV do CDC) os direitos humanos (art 3deg lI da CF) a intimidade a vida privada a honra e a imagem das pessoas (art 5deg X da CF)

A seguir satildeo analisadas as hipoacuteteses previstas no art 39 do CDe

6 Condicionamento do fornecimento de produto ou serviccedilo (art 39 I)

o Coacutedigo proiacutebe expressamente duas espeacutecies de condicionamento do forneshycimento de produtos e serviccedilos

Na primeira delas o fornecedor nega-se a fornecer o produto ou serviccedilo a natildeo ser que o consumidor concorde em adquirir tambeacutem um outro produto ou serviccedilo Eacute a chamada venda casada Soacute que agora a figura natildeo estaacute limitada apenas agrave compra e venda valendo tambeacutem para outros tipos de negoacutecios juriacutedicos de vez que o texto fala em fornecimento expressatildeo muito mais ampla

o ST] em julgado relatado pelo Min Luiz Fux considera venda casada por via obliacuteshyqua proibir o consumidor de ingressar em salas de cinema com produtos alimentiacutecios adquiridos em outros estabelecimentos A denominada venda casada tem como ratio essendi da vedaccedilatildeo a proibiccedilatildeo imposta ao fornecedor de utilizando de sua superioridade econocircmica ou teacutecnica opor-se agrave liberdade de escolha do consumidor entre os produtos e serviccedilos de qualidade satisfatoacuteria e preccedilos competitivos 4 Ao fornecedor de produtos ou serviccedilos consectariamente natildeo eacute liacutecito dentre outras praacuteticas abusivas condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecishymento de outro produto ou serviccedilo (art 39 I do CDC) 5 A praacutetica abusiva revela-se patente se a empresa cinematograacutefica permite a entrada de produtos adquiridos na suas dependecircncias e interdita o adquirido alhures engendrando por via obliacutequa a

J

cognominada venda casada interdiccedilatildeo inextensiacutevel ao estabelecimento cuja venda de produtos alimentiacutecios constituiu a essecircncia da sua atividade comercial como verbi gratia os bares e restaurantes 6 O juiz na aplicaccedilatildeo da lei deve aferir as finalidades da norma por isso que in casu revela-se manifesta a praacutetica abusiva (REsp 744602shyR]j 0l032007 reI Min Luiz FuxD] 15032007) A Corte tambeacutem considerou ser venda casada a imposiccedilatildeo de contratar seguro habitacional diretamente com agente financeiro ou com seguradora por este indicada LIA despeito da aquisiccedilatildeo do seguro ser fator determinante para o financiamento habitacional a lei natildeo determina que a apoacutelice deva ser necessariamente contratada frente ao proacuteprio mutuante ou seguradora porele indicada Ademais tal procedimento caracteriza a denominada venda casada expressamente vedada pelo art 39 I do CDC que condena qualquer tentativa do fornecedor de se beneficiar de sua superioridade econocircmica ou teacutecnica para estipular condiccedilocirces negociais desfavoraacuteveis ao consumidor cerceando-lhe a liberdade de escoshylha (REsp804202-MGj19082008 reI Min NancyAndrighi D] 03092008) No mesmo sentido afastando a obrigatoriedade de o consumidor (mutuaacuterio) contratar seguro diretamente com o agente financeiro foi o julgamento do REsp 969129 reI Min Luis Felipe Salomatildeoj 09122009

Na segunda hipoacutetese a condiccedilatildeo eacute quantitativa dizendo respeito ao mesmo produto ou serviccedilo objeto do fornecimento Para tal caso contudo o Coacutedigo natildeo estabelece uma proibiccedilatildeo absoluta O limite quantitativo eacute admissiacutevel desde que

270 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

haja justa causa para a sua imposiccedilatildeo por exemplo quando o estoque do forneshycedor for limitado A prova da excludente evidentemente compete ao fornecedor

Em acoacuterdatildeo proferido em agosto de 2009 o ST] destaca que a justa causa referida pelo artigo 39 I refere-se unicamente aos limites quantitativos 1 O Tribunal a quo manteve a concessatildeo de seguranccedila para anular auto de infraccedilatildeo consubstanciado no art 391 do COC ao fundamento de que a impetrante apenas vinculou o pagamento a prazo da gasolina por ela comercializada agrave aquisiccedilatildeo de refrigerantes o que natildeo ocorreria se tivesse sido paga agrave vista 2 O art 39 I do COC inclui no rol das praacuteticas abusivas a popularmente denominada venda casada ao estabelecer que eacute vedado ao fornecedor condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecimento de outro produto ou serviccedilo bem como sem justa causa a limites quantitativos 3 Na primeira situaccedilatildeo descrita nesse dispositivo a ilegalidade se configura pela vinculaccedilatildeo de produtos e serviccedilos de natureza distinta e usualmente comercializados em separashydo tal como ocorrido na hipoacutetese dos autos 4 A dilaccedilatildeo de prazo para pagamento embora seja uma liberalidade do fornecedor assim como o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo no comeacutercio de determinado produto ou serviccedilo - natildeo o exime de observar normas legais que visam a coibir abusos que vieram a reboque da massificaccedilatildeo dos contratos na sociedade de consumo e da vulnerabilidade do consumidor 5 Tais normas de controle e saneamento do mercado ao contraacuterio de restringirem o princiacutepio da libershydade contratual o aperfeiccediloam tendo em vista que buscam assegurar a vontade real daquele que eacute estimulado a contratar 6 Apenas na segunda hipoacutetese do art 39 I do COC referente aos limites quantitativos estaacute ressalvada a possibilidade de exclusatildeo da praacutetica abusiva por justa causa natildeo se admitindo justificativa portanto para a imposiccedilatildeo de produtos ou serviccedilos que natildeo os precisamente almejados pelo consumishydor (REsp384284-RS j 20082009 reI Min HermanBenjamin OJe 15122009)

A justa causa poreacutem soacute tem aplicaccedilatildeo aos limites quantitativos que sejam inferiores agrave quantidade desejada pelo consumidor Ou seja o fornecedor natildeo pode obrigar o consumidor a adquirir quantidade maior que as suas necessidades Assim se o consumidor quer adquirir uma lata de oacuteleo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor condishycionar a venda agrave aquisiccedilatildeo de duas outras unidades A soluccedilatildeo tambeacutem eacute aplicaacutevel aos brindes promoccedilotildees e bens com desconto O consumidor sempre tem o direito de em desejando recusar a aquisiccedilatildeo quantitativamente casada desde que pague o preccedilo normal do produto ou serviccedilo isto eacute sem o desconto

7 Recusa de atendimento agravedemanda do consumidor (art 39 11)

O fornecedor natildeo pode recusar-se a atender agrave demanda do consumidor desde que tenha de fato em estoque os produtos ou esteja habilitado a prestar o serviccedilo Eacute irrelevante a razatildeo alegada pelo fornecedor Veja-se o caso do consumidor que a pretexto de ter passado cheque sem fundos em compra anterior tem a sua demanda com pagamento agrave vista recusada Ou ainda o motorista de taacutexi que ao saber da pequena distatildencia da corrida do consumidor lhe nega o serviccedilo

8 Fornecimento natildeo solicitado (art 39 111)

A regra do Coacutedigo nos termos do seu art 39 I1I eacute de que o produto ou sershyviccedilo soacute pode ser fornecido desde que haja solicitaccedilatildeo preacutevia O fornecimento natildeo

solicitado eacute uma pl obstante a proibiccedilatilde paraacutegrafo uacutenico de amostra graacutetis natildeo nem mesmo os dec conta do fornecedc

Outronatildeoeacuteo~

de prestaccedilatildeo dt do usuaacuterio pel inscriccedilatildeo ou CJ

dado a aludida em contraacuterio 1

Oestarte se af tal tiacutetulo e dt cadastro negat los danos mor 04042002) to cartatildeo de creacutedi considerada pt

adicionado ao~ para o cancela se tratando de I fatos circunst Sidnei Benetij

No que se refer tado pelo inc VI de

N os termos d() elaboraccedilatildeo de orccedila] decorrentes de praacuteti

O dispositivoshysalvados os decorrel na prestaccedilatildeo de sen Aquele a cargo do f inafastaacuteveis do fom juriacutedico de consum como liberalidade d

O art 40 compl estabelecendo seu Co

Nenhumserviccedil previsto no art 39 fala em entrega de

IA propoacutesito H

O art 39 VI (

inclui no rol das praacuteticas ttatJelecerque eacute vedado ao

ao fornecimento de quantitativos 3 Na

VJllllju pela vinculaccedilatildeo IlUlllllULltlVO em separashy

prazo para pagamento o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo

de observar normas lWsiticaccedilatildeo dos contratos

5 Tais normas de o princiacutepio da libershy

assegurar a vontade real hipoacutetese do art 39 1 do

IV de exclusatildeo Ificativa portanto para a tajlmE~ja(1os pelo consumishytnjaminD]e 15122009)

que sejam o fornecedor natildeo pode

necessidades Assim ao fornecedor condishy

tambeacutem eacute aplicaacutevel sempre tem o direito

desde que pague o

a prestar o serviccedilo do consumidor que a

tem a sua demanda taacutexi que ao saber da

que o produto ou sershyO fornecimento natildeo

como liberalidade do prestador

a art 40 complementa o art 39 VI detalhando o regime juriacutedico do orccedilamento estabelecendo seu conteuacutedo prazo de validade e eficaacutecia

Nenhumserviccedilo pode ser fornecido sem um orccedilamento preacutevio e tal jaacute havia sido previsto no art 39 VI E natildeo cabe o mero acerto verbal de vez que o dispositivo fala em entrega do orccedilamento ao consumidor

IA propoacutesito registre-se julgado relatado pelo Min Carlos Alberto Menezes Direito O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente

o estoque do forneshyIorrlDelteao fornecedor

a justa causa referida 1 O Tribunal a quo consubstanciado no

vinculou o pagamento refrigerantes o que natildeo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 271

solicitado eacute uma praacutetica corriqueira - e abusiva - do mercado Uma vez que natildeo obstante a proibiccedilatildeo o produto ou serviccedilo seja fornecido aplica-se o disposto no paraacutegrafo uacutenico do dispositivo o consumidor recebe o fornecimento como mera amostra graacutetis natildeo cabendo qualquer pagamento ou ressarcimento ao fornecedor nem mesmo os decorrentes de transporte Eacute ato cujo risco corre inteiramente por conta do fornecedor

Outro natildeo eacute o entendimento do ST] O produto ou serviccedilo natildeo inerente ao contrato de prestaccedilatildeo de telefonia ou quenatildeo seja de utilidade puacuteblica quando posto agravedisposiccedilatildeo do usuaacuterio pela concessionaacuteria - caso do tele-sexo - carece de preacutevia autorizaccedilatildeo inscriccedilatildeo ou credenciamento do titular da linha ( ) Sustentado pela autora natildeo ter dado a aludida anuecircncia cabe agrave companhia telefocircnica o ocircnusde provar o fato positivo em contraacuterio nos termos do art 6deg VIU da mesma Lei 80781990 o que inocorreu Destarte se afigura indevida a cobranccedila de ligaccedilotildees nacionais ou internacionais a tal tiacutetulo e de igual modo iliacutecita a inscriccedilatildeo da titular da linha como devedora em cadastro negativo de creacutedito gerando em contrapartida o dever de indenizaacute-la peshylos danos morais causados (ST] REsp 265 121-R] reL Min Aldir Passarinho]rj 04042002) Na mesma linha o ST] afirma ser praacutetica abusiva enviar ao consumidor cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39 Ill) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor mormente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RS reL Min Sidnei Benetij 04112008 D] 20112008)

No que se refere especificamente aos serviccedilos o art 39 inc IlI eacute complemenshytado pelo inc VI do mesmo dispositivo e pelo art 40

Nos termos do art 39 VI eacute praacutetica abusiva executar serviccedilos sem a preacutevia elaboraccedilatildeo de orccedilamento e autorizaccedilatildeo expressa do consumidor ressalvadas as decorrentes de praacuteticas anteriores entre as partes

a dispositivo - que conteacutem erro de redaccedilatildeo pois o correto seria falar em resshysalvados os decorrentes (no masculino plural jaacute que se refere a serviccedilos) - impotildee na prestaccedilatildeo de serviccedilos dois requisitos a) orccedilamento e b) autorizaccedilatildeo expressa Aquele a cargo do fornecedor esta pelo consumidor Satildeo obrigaccedilotildees proacuteprias e inafastaacuteveis do fornecedor de cuja existecircncia depende a consumaccedilatildeo do negoacutecio juriacutedico de consumo Sem sua presenccedila eventuais serviccedilos fornecidos seratildeo tidos

bull

272 I MANUAL DE DIREITO 00 CONSUMIDOR

pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal autorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (REsp 332869-RJj 24062002 Dj02092002 p 184)

o orccedilamento deve conter necessariamente informaccedilotildees sobre a) o preccedilo da matildeo de obra dos materiais e equipamentos b) as condiccedilotildees de pagamento c) a data de iniacutecio e teacutermino do serviccedilo

Como prinCiacutepio o preccedilo orccedilado - da matildeo de obra dos materiais e dos equipashymentos - tem validade de 10 dias prazo este que eacute contado do seu recebimento pelo consumidor Ressalte-se recebimento e natildeo conhecimento Essa regra contudo pode ser afastada pela vontade das partes

Uma vez que o orccedilamento tenha sido aprovado equivale ele a um contrato firshymado pelas partes Por isso mesmo soacute a livre negociaccedilatildeo pode alterar o seu conteuacutedo

O consumidor contrata com aquele que lhe oferta o orccedilamento Havendo neshycessidade de serviccedilo de terceiro duas possibilidades se abrem se o auxiacutelio externo estaacute previsto no orccedilamento (com todas as especificaccedilotildees exigidas pelo caput) o consumidor eacute responsaacutevel pelo valor do serviccedilo que venha a ser prestado se ao contraacuterio o orccedilamento eacute omisso a tal respeito o consumidor por isso mesmo natildeo assume qualquer otildenus extra cabendo ao fornecedor principal arcar com os encargos acrescidos

9 O aproveitamento da hipossuficiecircncia do consumidor (art 39 IV)

O consumidor eacute reconhecidamente umser vulneraacutevel no mercado de consumo (art 4 0 1) Soacute que entre todos os que satildeo vulneraacuteveis haacute outros cuja vulnerabilidade eacute superior agrave meacutedia Satildeo os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento de idade pequena ou avanccedilada de sauacutede fraacutegil bem como aqueles cuja posiccedilatildeo social natildeo lhes permite avaliar com adequaccedilatildeo o produto ou serviccedilo que estatildeo adquirindo Em resumo satildeo os consumidores hipossuficientes Protege-se com este dispositivo pormeio de tratamento mais riacutegido que o padratildeo o consentimento pleno e adequado do consumidor hipossuficiente

No julgamento do REsp 1061500 jaacutereferido a Corte reconhece que a idade do consushymidor eacute fator a ser especialmente considerado no exame da praacutetica abusiva bem como no valor da indenizaccedilatildeo por dano moral O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39lII) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor morshymente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RSj 04112008 reI Min Sidnei Beneti)

A vulnerabilidade eacute um traccedilo universal de todos os consumidores ricos ou pobres educados ou ignorantes creacutedulos ou espertos Jaacute a hipossuficiecircncia eacute marca

pessoal limitada a consumidores

A utilizaccedilatildeo p hipossuficiecircncia do

A vulnerabilid ecircnciaporseu turno Coacutedigo como por I

10 A exigecircncia ~

Note-se que nl excessiva concretizl o fornecedor nos a1 para que o dispositi

Masoquevem mesmo da vantagen proacuteximos - satildeo sinocirc

11 Serviccedilos sem

A prestaccedilatildeo de apresentaccedilatildeo do Of

fornecedor possa da consumidor A esta 40 sect 2deg) desde que

Se o serviccedilo natilde realizado aplica-se serviccedilo por natildeo ter do fornecedor sem (

Se a autorizaccedil~ orccedilamento preacutevio shycomprovadamente

A posiccedilatildeo do S Consumidor di autorizaccedilatildeo do c torizaccedilatildeo eacuteimp pelo consumid( j 24062002) J

(atendimento L

necessidade de serviccedilo meacutedicoshyao afastamento elaboraccedilatildeo de IacuteI de serviccedilo prev

sobre a) o preccedilo da pagamento c) a data

e dos equipashyrecebimento pelo

Essa regra contudo

ele a um contrato firshytp~lnseu conteuacutedo

~menlto Havendo neshyse o auxiacutelio externo

pelo caput) o ser prestado se ao

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 273

pessoal limitada a alguns - ateacute mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores

A utilizaccedilatildeo pelo fornecedor de teacutecnicas mercadoloacutegicas que se aproveitem da hipossufiacutedecircncia do consumidor caracteriza a abusividade da praacutetica

A vulnerabilidade do consumidor justifica a existecircncia do Coacutedigo A hipossuficishyecircncia porseu turno legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do proacuteprio Coacutedigo como por exemplo a previsatildeo de inversatildeo do ocircnus da prova (art 6deg VIU)

10 A exigecircncia de vantagem excessiva (art 39 V)

Note-se que nesse ponto o Coacutedigo mostra a sua aversatildeo natildeo apenas agrave vantagem excessiva concretizada mas tambeacutem em relaccedilatildeo agrave mera exigecircncia Ou seja basta que o fornecedor nos atos preparatoacuterios ao contrato solicite vantagem dessa natureza para que o dispositivo legal tenha aplicaccedilatildeo integral

Mas o que vem a ser a vantagem excessiva O criteacuterio para o seu julgamento eacute o mesmo da vantagem exagerada (art 51 sect 1deg) Aliaacutes os dois termos natildeo satildeo apenas proacuteximos - satildeo sinocircnimos

11 Serviccedilos sem orccedilamento e autorizaccedilatildeo do consumidor (art 39 VI)

A prestaccedilatildeo de serviccedilo depende de preacutevio orccedilamento (art 40) Soacute que a simples apresentaccedilatildeo do orccedilamento natildeo implica autorizaccedilatildeo do consumidor Para que o fornecedor possa dar iniacutecio ao serviccedilo mister eacute que tenha a autorizaccedilatildeo expressa do consumidor A esta equivale a aprovaccedilatildeo que o consumidor decirc ao orccedilamento (art 40 sect 2deg) desde que expressa (v item 8)

Se o serviccedilo natildeo obstante a ausecircncia de aprovaccedilatildeo expressa do consumidor for realizado aplica-se por analogia o disposto no paraacutegrafo uacutenico do art 39 ou seja o serviccedilo por natildeo ter sido solicitado eacute considerado amostra graacutetis uma liberalidade do fornecedor sem qualquer contraprestaccedilatildeo exigida do consumidor

Se a autorizaccedilatildeo for parcial- por exemplo envolvendo soacute alguns itens do orccedilamento preacutevio - o pagamento do consumidor fica restrito agraves partes efetiva e comprovadamente aprovadas

A posiccedilatildeo do STj eacute exatamente nessa linha O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal aushytorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (STj REsp 332869-Rj rel Min Carlos Alberto Menezes Direito j 24062002) Acrescente-se que a Corte considerando circunstacircncias excepcionais (atendimento meacutedico emergencial) afastou no julgamento do REsp 1256703 a necessidade de orccedilamento preacutevio ( ) 3 Natildeo haacute duacutevida que houve a prestaccedilatildeo de serviccedilo meacutedico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes suficientes ao afastamento para o proacuteprio interesse do consumidor da necessidade de preacutevia elaboraccedilatildeo de instrumento contratual e apresentaccedilatildeo de orccedilamento pelo fornecedor de serviccedilo prevista no art 40 do CDC dado ser incompatiacutevel com a situaccedilatildeo meacutedica

274 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

emergencial experimentada pela filha do reacuteu 4 Os princiacutepios da funccedilatildeo social do contrato boa-feacute objetiva equivalecircncia material e moderaccedilatildeo impotildeem por um lado seja reconhecido o direito agrave retribuiccedilatildeo pecuniaacuteria pelos serviccedilos prestados e por outro lado constituem instrumentaacuterio que proporcionaraacute ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente (REsp 1256703-SP rel Min Luis Felipe Salomatildeoj 06092011 DJe 27092011)

Em existindo praacuteticas anteriores entre o consumidor e o fornecedor aquelas desde que provadas por este regram o relacionamento entre as partes

12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre o consumidor (art 39 VII)

Nenhum fornecedor pode divulgar informaccedilatildeo depreciativa sobre o consushymidor quando tal se referir ao exerciacutecio de direito seu Por exemplo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um tiacutetulo que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviccedilos que o consumidor eacute membro de uma associaccedilatildeo de consumidores ou que jaacute representou ao Ministeacuterio Puacuteblico ou propocircs accedilatildeo

O texto do art 39 VII difere substancialmente daquele do art 43 Aqui se trata de arquivo de consumo (Capiacutetulo X) Laacute ao reveacutes se cuida de mero repasse de informaccedilatildeo sem qualquer arquivamento Seria em linguagem vulgar a fofoca de consumo

Natildeo estaacute proibido contudo o repasse de informaccedilatildeo mesmo depreciativa quando o consumidor pratica ato que exorbita o exerciacutecio de seus direitos Assim se a associaccedilatildeo de consumidores vem a ser condenada por litigacircncia de maacute-feacute

13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII)

Existindo norma teacutecnica expedida por qualquer oacutergatildeo puacuteblico ou entidade privada credenciada pelo CONMETRO cabe ao fornecedor respeitaacute-la

O ST] tem declarado a legalidade e legitimidade das normas expedidas pelo CONshyMETRO como se observa pela seguinte decisatildeo proferida em abril de 2011 1 A Primeira SeccedilatildeoST] nojulgamento do REsp 1102578-MG (reI Min Eliana Calmon DJe 29102009) confirmou entendimento no sentido de que estatildeo revestidas de legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO e suas respectivas infraccedilotildees com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado de consumo seja porque estatildeo esses oacutergatildeos dotados da competecircncia legal atribuiacuteda pelas Leis 59661973 e 99331999 seja porque seus atos tratam de interesse puacuteblico e agregam proteccedilatildeo aos consumidores finais pois essa sistemaacutetica normativa tem como objetivo maior o respeito agrave dignidade humana e a harmonia dos interesses envolvidos nas relaccedilotildees de consumo dando aplicabilishydade agrave ratio do Coacutedigo de Defesa do Consumidor e efetividade agrave chamada Teoria da Qualidade 2 O art 5deg da Lei 99331999 estabelece que satildeo obrigadas a observar e a cumprir os deveres instituiacutedos pela lei mencionada e pelos atos normativos e regushy

lamentos teacutecnk as pessoas natu mercado para f~ bens mercadori o ato do INMET expor produto (c da certificaccedilatildeo n sentido REsp ll 1236315-RS reI

O Coacutedigo natildeo a como uacutetil agrave proteccedilatildeo ( ccedilatildeo no mercado de co normas expedidas pe existirem pela Associ ciada pelo Conselho - CONMETRO qu~

O dispositivo ap e NBR-2 conforme m agraves normas registradas

Eacute bom lembrar q e teacutecnica pois servem avaliar a conformidade ideais

De toda sorte natilde normalizaccedilatildeo e metrol e natildeo tetos Agraves vezes o dos consumidores ne econocircmicos de um dete com o interesse puacuteblic

14 A normalizaccedilatilde(

Para melhor com normalizaccedilatildeo satildeo neCf

Em uma sociedac mercado certa unifon zaccedilatildeo ou seja estabele tambeacutem da comerciali bens de consumo

Eacute por isso que o J

um dos mais im( dutos e serviccedilos seguranccedila seja pt

-

ios da funccedilatildeo social do CI impotildeem por um lado erviccedilos prestados e por ao julgador o adequado 56703-Sp rel Min Luis

o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

consumidores ou que

do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

mesmo depreciativa seus direitos Assim se

de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 5: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

a abstenccedilatildeo ou praacutetica

a desconsideraccedilatildeo praacutetica abusiva caracshy

Taan da lei Em todos

uumiddot praticar outras

ou serviccedilos dentre t-estalccedilatildeO de serviccedilos direshy

pagamento ressalvados elevar sem justa causa o

39 com o ajuste legisshy

ferramenta para comshymas que natildeo obstante mercado de consumo

e regulamentares

plltUlcao Federal- mas

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 269

CF) a igualdade de origem raccedila sexo cor e idade (art 39 IV do CDC) os direitos humanos (art 3deg lI da CF) a intimidade a vida privada a honra e a imagem das pessoas (art 5deg X da CF)

A seguir satildeo analisadas as hipoacuteteses previstas no art 39 do CDe

6 Condicionamento do fornecimento de produto ou serviccedilo (art 39 I)

o Coacutedigo proiacutebe expressamente duas espeacutecies de condicionamento do forneshycimento de produtos e serviccedilos

Na primeira delas o fornecedor nega-se a fornecer o produto ou serviccedilo a natildeo ser que o consumidor concorde em adquirir tambeacutem um outro produto ou serviccedilo Eacute a chamada venda casada Soacute que agora a figura natildeo estaacute limitada apenas agrave compra e venda valendo tambeacutem para outros tipos de negoacutecios juriacutedicos de vez que o texto fala em fornecimento expressatildeo muito mais ampla

o ST] em julgado relatado pelo Min Luiz Fux considera venda casada por via obliacuteshyqua proibir o consumidor de ingressar em salas de cinema com produtos alimentiacutecios adquiridos em outros estabelecimentos A denominada venda casada tem como ratio essendi da vedaccedilatildeo a proibiccedilatildeo imposta ao fornecedor de utilizando de sua superioridade econocircmica ou teacutecnica opor-se agrave liberdade de escolha do consumidor entre os produtos e serviccedilos de qualidade satisfatoacuteria e preccedilos competitivos 4 Ao fornecedor de produtos ou serviccedilos consectariamente natildeo eacute liacutecito dentre outras praacuteticas abusivas condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecishymento de outro produto ou serviccedilo (art 39 I do CDC) 5 A praacutetica abusiva revela-se patente se a empresa cinematograacutefica permite a entrada de produtos adquiridos na suas dependecircncias e interdita o adquirido alhures engendrando por via obliacutequa a

J

cognominada venda casada interdiccedilatildeo inextensiacutevel ao estabelecimento cuja venda de produtos alimentiacutecios constituiu a essecircncia da sua atividade comercial como verbi gratia os bares e restaurantes 6 O juiz na aplicaccedilatildeo da lei deve aferir as finalidades da norma por isso que in casu revela-se manifesta a praacutetica abusiva (REsp 744602shyR]j 0l032007 reI Min Luiz FuxD] 15032007) A Corte tambeacutem considerou ser venda casada a imposiccedilatildeo de contratar seguro habitacional diretamente com agente financeiro ou com seguradora por este indicada LIA despeito da aquisiccedilatildeo do seguro ser fator determinante para o financiamento habitacional a lei natildeo determina que a apoacutelice deva ser necessariamente contratada frente ao proacuteprio mutuante ou seguradora porele indicada Ademais tal procedimento caracteriza a denominada venda casada expressamente vedada pelo art 39 I do CDC que condena qualquer tentativa do fornecedor de se beneficiar de sua superioridade econocircmica ou teacutecnica para estipular condiccedilocirces negociais desfavoraacuteveis ao consumidor cerceando-lhe a liberdade de escoshylha (REsp804202-MGj19082008 reI Min NancyAndrighi D] 03092008) No mesmo sentido afastando a obrigatoriedade de o consumidor (mutuaacuterio) contratar seguro diretamente com o agente financeiro foi o julgamento do REsp 969129 reI Min Luis Felipe Salomatildeoj 09122009

Na segunda hipoacutetese a condiccedilatildeo eacute quantitativa dizendo respeito ao mesmo produto ou serviccedilo objeto do fornecimento Para tal caso contudo o Coacutedigo natildeo estabelece uma proibiccedilatildeo absoluta O limite quantitativo eacute admissiacutevel desde que

270 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

haja justa causa para a sua imposiccedilatildeo por exemplo quando o estoque do forneshycedor for limitado A prova da excludente evidentemente compete ao fornecedor

Em acoacuterdatildeo proferido em agosto de 2009 o ST] destaca que a justa causa referida pelo artigo 39 I refere-se unicamente aos limites quantitativos 1 O Tribunal a quo manteve a concessatildeo de seguranccedila para anular auto de infraccedilatildeo consubstanciado no art 391 do COC ao fundamento de que a impetrante apenas vinculou o pagamento a prazo da gasolina por ela comercializada agrave aquisiccedilatildeo de refrigerantes o que natildeo ocorreria se tivesse sido paga agrave vista 2 O art 39 I do COC inclui no rol das praacuteticas abusivas a popularmente denominada venda casada ao estabelecer que eacute vedado ao fornecedor condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecimento de outro produto ou serviccedilo bem como sem justa causa a limites quantitativos 3 Na primeira situaccedilatildeo descrita nesse dispositivo a ilegalidade se configura pela vinculaccedilatildeo de produtos e serviccedilos de natureza distinta e usualmente comercializados em separashydo tal como ocorrido na hipoacutetese dos autos 4 A dilaccedilatildeo de prazo para pagamento embora seja uma liberalidade do fornecedor assim como o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo no comeacutercio de determinado produto ou serviccedilo - natildeo o exime de observar normas legais que visam a coibir abusos que vieram a reboque da massificaccedilatildeo dos contratos na sociedade de consumo e da vulnerabilidade do consumidor 5 Tais normas de controle e saneamento do mercado ao contraacuterio de restringirem o princiacutepio da libershydade contratual o aperfeiccediloam tendo em vista que buscam assegurar a vontade real daquele que eacute estimulado a contratar 6 Apenas na segunda hipoacutetese do art 39 I do COC referente aos limites quantitativos estaacute ressalvada a possibilidade de exclusatildeo da praacutetica abusiva por justa causa natildeo se admitindo justificativa portanto para a imposiccedilatildeo de produtos ou serviccedilos que natildeo os precisamente almejados pelo consumishydor (REsp384284-RS j 20082009 reI Min HermanBenjamin OJe 15122009)

A justa causa poreacutem soacute tem aplicaccedilatildeo aos limites quantitativos que sejam inferiores agrave quantidade desejada pelo consumidor Ou seja o fornecedor natildeo pode obrigar o consumidor a adquirir quantidade maior que as suas necessidades Assim se o consumidor quer adquirir uma lata de oacuteleo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor condishycionar a venda agrave aquisiccedilatildeo de duas outras unidades A soluccedilatildeo tambeacutem eacute aplicaacutevel aos brindes promoccedilotildees e bens com desconto O consumidor sempre tem o direito de em desejando recusar a aquisiccedilatildeo quantitativamente casada desde que pague o preccedilo normal do produto ou serviccedilo isto eacute sem o desconto

7 Recusa de atendimento agravedemanda do consumidor (art 39 11)

O fornecedor natildeo pode recusar-se a atender agrave demanda do consumidor desde que tenha de fato em estoque os produtos ou esteja habilitado a prestar o serviccedilo Eacute irrelevante a razatildeo alegada pelo fornecedor Veja-se o caso do consumidor que a pretexto de ter passado cheque sem fundos em compra anterior tem a sua demanda com pagamento agrave vista recusada Ou ainda o motorista de taacutexi que ao saber da pequena distatildencia da corrida do consumidor lhe nega o serviccedilo

8 Fornecimento natildeo solicitado (art 39 111)

A regra do Coacutedigo nos termos do seu art 39 I1I eacute de que o produto ou sershyviccedilo soacute pode ser fornecido desde que haja solicitaccedilatildeo preacutevia O fornecimento natildeo

solicitado eacute uma pl obstante a proibiccedilatilde paraacutegrafo uacutenico de amostra graacutetis natildeo nem mesmo os dec conta do fornecedc

Outronatildeoeacuteo~

de prestaccedilatildeo dt do usuaacuterio pel inscriccedilatildeo ou CJ

dado a aludida em contraacuterio 1

Oestarte se af tal tiacutetulo e dt cadastro negat los danos mor 04042002) to cartatildeo de creacutedi considerada pt

adicionado ao~ para o cancela se tratando de I fatos circunst Sidnei Benetij

No que se refer tado pelo inc VI de

N os termos d() elaboraccedilatildeo de orccedila] decorrentes de praacuteti

O dispositivoshysalvados os decorrel na prestaccedilatildeo de sen Aquele a cargo do f inafastaacuteveis do fom juriacutedico de consum como liberalidade d

O art 40 compl estabelecendo seu Co

Nenhumserviccedil previsto no art 39 fala em entrega de

IA propoacutesito H

O art 39 VI (

inclui no rol das praacuteticas ttatJelecerque eacute vedado ao

ao fornecimento de quantitativos 3 Na

VJllllju pela vinculaccedilatildeo IlUlllllULltlVO em separashy

prazo para pagamento o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo

de observar normas lWsiticaccedilatildeo dos contratos

5 Tais normas de o princiacutepio da libershy

assegurar a vontade real hipoacutetese do art 39 1 do

IV de exclusatildeo Ificativa portanto para a tajlmE~ja(1os pelo consumishytnjaminD]e 15122009)

que sejam o fornecedor natildeo pode

necessidades Assim ao fornecedor condishy

tambeacutem eacute aplicaacutevel sempre tem o direito

desde que pague o

a prestar o serviccedilo do consumidor que a

tem a sua demanda taacutexi que ao saber da

que o produto ou sershyO fornecimento natildeo

como liberalidade do prestador

a art 40 complementa o art 39 VI detalhando o regime juriacutedico do orccedilamento estabelecendo seu conteuacutedo prazo de validade e eficaacutecia

Nenhumserviccedilo pode ser fornecido sem um orccedilamento preacutevio e tal jaacute havia sido previsto no art 39 VI E natildeo cabe o mero acerto verbal de vez que o dispositivo fala em entrega do orccedilamento ao consumidor

IA propoacutesito registre-se julgado relatado pelo Min Carlos Alberto Menezes Direito O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente

o estoque do forneshyIorrlDelteao fornecedor

a justa causa referida 1 O Tribunal a quo consubstanciado no

vinculou o pagamento refrigerantes o que natildeo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 271

solicitado eacute uma praacutetica corriqueira - e abusiva - do mercado Uma vez que natildeo obstante a proibiccedilatildeo o produto ou serviccedilo seja fornecido aplica-se o disposto no paraacutegrafo uacutenico do dispositivo o consumidor recebe o fornecimento como mera amostra graacutetis natildeo cabendo qualquer pagamento ou ressarcimento ao fornecedor nem mesmo os decorrentes de transporte Eacute ato cujo risco corre inteiramente por conta do fornecedor

Outro natildeo eacute o entendimento do ST] O produto ou serviccedilo natildeo inerente ao contrato de prestaccedilatildeo de telefonia ou quenatildeo seja de utilidade puacuteblica quando posto agravedisposiccedilatildeo do usuaacuterio pela concessionaacuteria - caso do tele-sexo - carece de preacutevia autorizaccedilatildeo inscriccedilatildeo ou credenciamento do titular da linha ( ) Sustentado pela autora natildeo ter dado a aludida anuecircncia cabe agrave companhia telefocircnica o ocircnusde provar o fato positivo em contraacuterio nos termos do art 6deg VIU da mesma Lei 80781990 o que inocorreu Destarte se afigura indevida a cobranccedila de ligaccedilotildees nacionais ou internacionais a tal tiacutetulo e de igual modo iliacutecita a inscriccedilatildeo da titular da linha como devedora em cadastro negativo de creacutedito gerando em contrapartida o dever de indenizaacute-la peshylos danos morais causados (ST] REsp 265 121-R] reL Min Aldir Passarinho]rj 04042002) Na mesma linha o ST] afirma ser praacutetica abusiva enviar ao consumidor cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39 Ill) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor mormente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RS reL Min Sidnei Benetij 04112008 D] 20112008)

No que se refere especificamente aos serviccedilos o art 39 inc IlI eacute complemenshytado pelo inc VI do mesmo dispositivo e pelo art 40

Nos termos do art 39 VI eacute praacutetica abusiva executar serviccedilos sem a preacutevia elaboraccedilatildeo de orccedilamento e autorizaccedilatildeo expressa do consumidor ressalvadas as decorrentes de praacuteticas anteriores entre as partes

a dispositivo - que conteacutem erro de redaccedilatildeo pois o correto seria falar em resshysalvados os decorrentes (no masculino plural jaacute que se refere a serviccedilos) - impotildee na prestaccedilatildeo de serviccedilos dois requisitos a) orccedilamento e b) autorizaccedilatildeo expressa Aquele a cargo do fornecedor esta pelo consumidor Satildeo obrigaccedilotildees proacuteprias e inafastaacuteveis do fornecedor de cuja existecircncia depende a consumaccedilatildeo do negoacutecio juriacutedico de consumo Sem sua presenccedila eventuais serviccedilos fornecidos seratildeo tidos

bull

272 I MANUAL DE DIREITO 00 CONSUMIDOR

pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal autorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (REsp 332869-RJj 24062002 Dj02092002 p 184)

o orccedilamento deve conter necessariamente informaccedilotildees sobre a) o preccedilo da matildeo de obra dos materiais e equipamentos b) as condiccedilotildees de pagamento c) a data de iniacutecio e teacutermino do serviccedilo

Como prinCiacutepio o preccedilo orccedilado - da matildeo de obra dos materiais e dos equipashymentos - tem validade de 10 dias prazo este que eacute contado do seu recebimento pelo consumidor Ressalte-se recebimento e natildeo conhecimento Essa regra contudo pode ser afastada pela vontade das partes

Uma vez que o orccedilamento tenha sido aprovado equivale ele a um contrato firshymado pelas partes Por isso mesmo soacute a livre negociaccedilatildeo pode alterar o seu conteuacutedo

O consumidor contrata com aquele que lhe oferta o orccedilamento Havendo neshycessidade de serviccedilo de terceiro duas possibilidades se abrem se o auxiacutelio externo estaacute previsto no orccedilamento (com todas as especificaccedilotildees exigidas pelo caput) o consumidor eacute responsaacutevel pelo valor do serviccedilo que venha a ser prestado se ao contraacuterio o orccedilamento eacute omisso a tal respeito o consumidor por isso mesmo natildeo assume qualquer otildenus extra cabendo ao fornecedor principal arcar com os encargos acrescidos

9 O aproveitamento da hipossuficiecircncia do consumidor (art 39 IV)

O consumidor eacute reconhecidamente umser vulneraacutevel no mercado de consumo (art 4 0 1) Soacute que entre todos os que satildeo vulneraacuteveis haacute outros cuja vulnerabilidade eacute superior agrave meacutedia Satildeo os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento de idade pequena ou avanccedilada de sauacutede fraacutegil bem como aqueles cuja posiccedilatildeo social natildeo lhes permite avaliar com adequaccedilatildeo o produto ou serviccedilo que estatildeo adquirindo Em resumo satildeo os consumidores hipossuficientes Protege-se com este dispositivo pormeio de tratamento mais riacutegido que o padratildeo o consentimento pleno e adequado do consumidor hipossuficiente

No julgamento do REsp 1061500 jaacutereferido a Corte reconhece que a idade do consushymidor eacute fator a ser especialmente considerado no exame da praacutetica abusiva bem como no valor da indenizaccedilatildeo por dano moral O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39lII) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor morshymente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RSj 04112008 reI Min Sidnei Beneti)

A vulnerabilidade eacute um traccedilo universal de todos os consumidores ricos ou pobres educados ou ignorantes creacutedulos ou espertos Jaacute a hipossuficiecircncia eacute marca

pessoal limitada a consumidores

A utilizaccedilatildeo p hipossuficiecircncia do

A vulnerabilid ecircnciaporseu turno Coacutedigo como por I

10 A exigecircncia ~

Note-se que nl excessiva concretizl o fornecedor nos a1 para que o dispositi

Masoquevem mesmo da vantagen proacuteximos - satildeo sinocirc

11 Serviccedilos sem

A prestaccedilatildeo de apresentaccedilatildeo do Of

fornecedor possa da consumidor A esta 40 sect 2deg) desde que

Se o serviccedilo natilde realizado aplica-se serviccedilo por natildeo ter do fornecedor sem (

Se a autorizaccedil~ orccedilamento preacutevio shycomprovadamente

A posiccedilatildeo do S Consumidor di autorizaccedilatildeo do c torizaccedilatildeo eacuteimp pelo consumid( j 24062002) J

(atendimento L

necessidade de serviccedilo meacutedicoshyao afastamento elaboraccedilatildeo de IacuteI de serviccedilo prev

sobre a) o preccedilo da pagamento c) a data

e dos equipashyrecebimento pelo

Essa regra contudo

ele a um contrato firshytp~lnseu conteuacutedo

~menlto Havendo neshyse o auxiacutelio externo

pelo caput) o ser prestado se ao

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 273

pessoal limitada a alguns - ateacute mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores

A utilizaccedilatildeo pelo fornecedor de teacutecnicas mercadoloacutegicas que se aproveitem da hipossufiacutedecircncia do consumidor caracteriza a abusividade da praacutetica

A vulnerabilidade do consumidor justifica a existecircncia do Coacutedigo A hipossuficishyecircncia porseu turno legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do proacuteprio Coacutedigo como por exemplo a previsatildeo de inversatildeo do ocircnus da prova (art 6deg VIU)

10 A exigecircncia de vantagem excessiva (art 39 V)

Note-se que nesse ponto o Coacutedigo mostra a sua aversatildeo natildeo apenas agrave vantagem excessiva concretizada mas tambeacutem em relaccedilatildeo agrave mera exigecircncia Ou seja basta que o fornecedor nos atos preparatoacuterios ao contrato solicite vantagem dessa natureza para que o dispositivo legal tenha aplicaccedilatildeo integral

Mas o que vem a ser a vantagem excessiva O criteacuterio para o seu julgamento eacute o mesmo da vantagem exagerada (art 51 sect 1deg) Aliaacutes os dois termos natildeo satildeo apenas proacuteximos - satildeo sinocircnimos

11 Serviccedilos sem orccedilamento e autorizaccedilatildeo do consumidor (art 39 VI)

A prestaccedilatildeo de serviccedilo depende de preacutevio orccedilamento (art 40) Soacute que a simples apresentaccedilatildeo do orccedilamento natildeo implica autorizaccedilatildeo do consumidor Para que o fornecedor possa dar iniacutecio ao serviccedilo mister eacute que tenha a autorizaccedilatildeo expressa do consumidor A esta equivale a aprovaccedilatildeo que o consumidor decirc ao orccedilamento (art 40 sect 2deg) desde que expressa (v item 8)

Se o serviccedilo natildeo obstante a ausecircncia de aprovaccedilatildeo expressa do consumidor for realizado aplica-se por analogia o disposto no paraacutegrafo uacutenico do art 39 ou seja o serviccedilo por natildeo ter sido solicitado eacute considerado amostra graacutetis uma liberalidade do fornecedor sem qualquer contraprestaccedilatildeo exigida do consumidor

Se a autorizaccedilatildeo for parcial- por exemplo envolvendo soacute alguns itens do orccedilamento preacutevio - o pagamento do consumidor fica restrito agraves partes efetiva e comprovadamente aprovadas

A posiccedilatildeo do STj eacute exatamente nessa linha O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal aushytorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (STj REsp 332869-Rj rel Min Carlos Alberto Menezes Direito j 24062002) Acrescente-se que a Corte considerando circunstacircncias excepcionais (atendimento meacutedico emergencial) afastou no julgamento do REsp 1256703 a necessidade de orccedilamento preacutevio ( ) 3 Natildeo haacute duacutevida que houve a prestaccedilatildeo de serviccedilo meacutedico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes suficientes ao afastamento para o proacuteprio interesse do consumidor da necessidade de preacutevia elaboraccedilatildeo de instrumento contratual e apresentaccedilatildeo de orccedilamento pelo fornecedor de serviccedilo prevista no art 40 do CDC dado ser incompatiacutevel com a situaccedilatildeo meacutedica

274 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

emergencial experimentada pela filha do reacuteu 4 Os princiacutepios da funccedilatildeo social do contrato boa-feacute objetiva equivalecircncia material e moderaccedilatildeo impotildeem por um lado seja reconhecido o direito agrave retribuiccedilatildeo pecuniaacuteria pelos serviccedilos prestados e por outro lado constituem instrumentaacuterio que proporcionaraacute ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente (REsp 1256703-SP rel Min Luis Felipe Salomatildeoj 06092011 DJe 27092011)

Em existindo praacuteticas anteriores entre o consumidor e o fornecedor aquelas desde que provadas por este regram o relacionamento entre as partes

12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre o consumidor (art 39 VII)

Nenhum fornecedor pode divulgar informaccedilatildeo depreciativa sobre o consushymidor quando tal se referir ao exerciacutecio de direito seu Por exemplo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um tiacutetulo que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviccedilos que o consumidor eacute membro de uma associaccedilatildeo de consumidores ou que jaacute representou ao Ministeacuterio Puacuteblico ou propocircs accedilatildeo

O texto do art 39 VII difere substancialmente daquele do art 43 Aqui se trata de arquivo de consumo (Capiacutetulo X) Laacute ao reveacutes se cuida de mero repasse de informaccedilatildeo sem qualquer arquivamento Seria em linguagem vulgar a fofoca de consumo

Natildeo estaacute proibido contudo o repasse de informaccedilatildeo mesmo depreciativa quando o consumidor pratica ato que exorbita o exerciacutecio de seus direitos Assim se a associaccedilatildeo de consumidores vem a ser condenada por litigacircncia de maacute-feacute

13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII)

Existindo norma teacutecnica expedida por qualquer oacutergatildeo puacuteblico ou entidade privada credenciada pelo CONMETRO cabe ao fornecedor respeitaacute-la

O ST] tem declarado a legalidade e legitimidade das normas expedidas pelo CONshyMETRO como se observa pela seguinte decisatildeo proferida em abril de 2011 1 A Primeira SeccedilatildeoST] nojulgamento do REsp 1102578-MG (reI Min Eliana Calmon DJe 29102009) confirmou entendimento no sentido de que estatildeo revestidas de legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO e suas respectivas infraccedilotildees com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado de consumo seja porque estatildeo esses oacutergatildeos dotados da competecircncia legal atribuiacuteda pelas Leis 59661973 e 99331999 seja porque seus atos tratam de interesse puacuteblico e agregam proteccedilatildeo aos consumidores finais pois essa sistemaacutetica normativa tem como objetivo maior o respeito agrave dignidade humana e a harmonia dos interesses envolvidos nas relaccedilotildees de consumo dando aplicabilishydade agrave ratio do Coacutedigo de Defesa do Consumidor e efetividade agrave chamada Teoria da Qualidade 2 O art 5deg da Lei 99331999 estabelece que satildeo obrigadas a observar e a cumprir os deveres instituiacutedos pela lei mencionada e pelos atos normativos e regushy

lamentos teacutecnk as pessoas natu mercado para f~ bens mercadori o ato do INMET expor produto (c da certificaccedilatildeo n sentido REsp ll 1236315-RS reI

O Coacutedigo natildeo a como uacutetil agrave proteccedilatildeo ( ccedilatildeo no mercado de co normas expedidas pe existirem pela Associ ciada pelo Conselho - CONMETRO qu~

O dispositivo ap e NBR-2 conforme m agraves normas registradas

Eacute bom lembrar q e teacutecnica pois servem avaliar a conformidade ideais

De toda sorte natilde normalizaccedilatildeo e metrol e natildeo tetos Agraves vezes o dos consumidores ne econocircmicos de um dete com o interesse puacuteblic

14 A normalizaccedilatilde(

Para melhor com normalizaccedilatildeo satildeo neCf

Em uma sociedac mercado certa unifon zaccedilatildeo ou seja estabele tambeacutem da comerciali bens de consumo

Eacute por isso que o J

um dos mais im( dutos e serviccedilos seguranccedila seja pt

-

ios da funccedilatildeo social do CI impotildeem por um lado erviccedilos prestados e por ao julgador o adequado 56703-Sp rel Min Luis

o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

consumidores ou que

do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

mesmo depreciativa seus direitos Assim se

de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 6: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

270 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

haja justa causa para a sua imposiccedilatildeo por exemplo quando o estoque do forneshycedor for limitado A prova da excludente evidentemente compete ao fornecedor

Em acoacuterdatildeo proferido em agosto de 2009 o ST] destaca que a justa causa referida pelo artigo 39 I refere-se unicamente aos limites quantitativos 1 O Tribunal a quo manteve a concessatildeo de seguranccedila para anular auto de infraccedilatildeo consubstanciado no art 391 do COC ao fundamento de que a impetrante apenas vinculou o pagamento a prazo da gasolina por ela comercializada agrave aquisiccedilatildeo de refrigerantes o que natildeo ocorreria se tivesse sido paga agrave vista 2 O art 39 I do COC inclui no rol das praacuteticas abusivas a popularmente denominada venda casada ao estabelecer que eacute vedado ao fornecedor condicionar o fornecimento de produto ou de serviccedilo ao fornecimento de outro produto ou serviccedilo bem como sem justa causa a limites quantitativos 3 Na primeira situaccedilatildeo descrita nesse dispositivo a ilegalidade se configura pela vinculaccedilatildeo de produtos e serviccedilos de natureza distinta e usualmente comercializados em separashydo tal como ocorrido na hipoacutetese dos autos 4 A dilaccedilatildeo de prazo para pagamento embora seja uma liberalidade do fornecedor assim como o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo no comeacutercio de determinado produto ou serviccedilo - natildeo o exime de observar normas legais que visam a coibir abusos que vieram a reboque da massificaccedilatildeo dos contratos na sociedade de consumo e da vulnerabilidade do consumidor 5 Tais normas de controle e saneamento do mercado ao contraacuterio de restringirem o princiacutepio da libershydade contratual o aperfeiccediloam tendo em vista que buscam assegurar a vontade real daquele que eacute estimulado a contratar 6 Apenas na segunda hipoacutetese do art 39 I do COC referente aos limites quantitativos estaacute ressalvada a possibilidade de exclusatildeo da praacutetica abusiva por justa causa natildeo se admitindo justificativa portanto para a imposiccedilatildeo de produtos ou serviccedilos que natildeo os precisamente almejados pelo consumishydor (REsp384284-RS j 20082009 reI Min HermanBenjamin OJe 15122009)

A justa causa poreacutem soacute tem aplicaccedilatildeo aos limites quantitativos que sejam inferiores agrave quantidade desejada pelo consumidor Ou seja o fornecedor natildeo pode obrigar o consumidor a adquirir quantidade maior que as suas necessidades Assim se o consumidor quer adquirir uma lata de oacuteleo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor condishycionar a venda agrave aquisiccedilatildeo de duas outras unidades A soluccedilatildeo tambeacutem eacute aplicaacutevel aos brindes promoccedilotildees e bens com desconto O consumidor sempre tem o direito de em desejando recusar a aquisiccedilatildeo quantitativamente casada desde que pague o preccedilo normal do produto ou serviccedilo isto eacute sem o desconto

7 Recusa de atendimento agravedemanda do consumidor (art 39 11)

O fornecedor natildeo pode recusar-se a atender agrave demanda do consumidor desde que tenha de fato em estoque os produtos ou esteja habilitado a prestar o serviccedilo Eacute irrelevante a razatildeo alegada pelo fornecedor Veja-se o caso do consumidor que a pretexto de ter passado cheque sem fundos em compra anterior tem a sua demanda com pagamento agrave vista recusada Ou ainda o motorista de taacutexi que ao saber da pequena distatildencia da corrida do consumidor lhe nega o serviccedilo

8 Fornecimento natildeo solicitado (art 39 111)

A regra do Coacutedigo nos termos do seu art 39 I1I eacute de que o produto ou sershyviccedilo soacute pode ser fornecido desde que haja solicitaccedilatildeo preacutevia O fornecimento natildeo

solicitado eacute uma pl obstante a proibiccedilatilde paraacutegrafo uacutenico de amostra graacutetis natildeo nem mesmo os dec conta do fornecedc

Outronatildeoeacuteo~

de prestaccedilatildeo dt do usuaacuterio pel inscriccedilatildeo ou CJ

dado a aludida em contraacuterio 1

Oestarte se af tal tiacutetulo e dt cadastro negat los danos mor 04042002) to cartatildeo de creacutedi considerada pt

adicionado ao~ para o cancela se tratando de I fatos circunst Sidnei Benetij

No que se refer tado pelo inc VI de

N os termos d() elaboraccedilatildeo de orccedila] decorrentes de praacuteti

O dispositivoshysalvados os decorrel na prestaccedilatildeo de sen Aquele a cargo do f inafastaacuteveis do fom juriacutedico de consum como liberalidade d

O art 40 compl estabelecendo seu Co

Nenhumserviccedil previsto no art 39 fala em entrega de

IA propoacutesito H

O art 39 VI (

inclui no rol das praacuteticas ttatJelecerque eacute vedado ao

ao fornecimento de quantitativos 3 Na

VJllllju pela vinculaccedilatildeo IlUlllllULltlVO em separashy

prazo para pagamento o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo

de observar normas lWsiticaccedilatildeo dos contratos

5 Tais normas de o princiacutepio da libershy

assegurar a vontade real hipoacutetese do art 39 1 do

IV de exclusatildeo Ificativa portanto para a tajlmE~ja(1os pelo consumishytnjaminD]e 15122009)

que sejam o fornecedor natildeo pode

necessidades Assim ao fornecedor condishy

tambeacutem eacute aplicaacutevel sempre tem o direito

desde que pague o

a prestar o serviccedilo do consumidor que a

tem a sua demanda taacutexi que ao saber da

que o produto ou sershyO fornecimento natildeo

como liberalidade do prestador

a art 40 complementa o art 39 VI detalhando o regime juriacutedico do orccedilamento estabelecendo seu conteuacutedo prazo de validade e eficaacutecia

Nenhumserviccedilo pode ser fornecido sem um orccedilamento preacutevio e tal jaacute havia sido previsto no art 39 VI E natildeo cabe o mero acerto verbal de vez que o dispositivo fala em entrega do orccedilamento ao consumidor

IA propoacutesito registre-se julgado relatado pelo Min Carlos Alberto Menezes Direito O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente

o estoque do forneshyIorrlDelteao fornecedor

a justa causa referida 1 O Tribunal a quo consubstanciado no

vinculou o pagamento refrigerantes o que natildeo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 271

solicitado eacute uma praacutetica corriqueira - e abusiva - do mercado Uma vez que natildeo obstante a proibiccedilatildeo o produto ou serviccedilo seja fornecido aplica-se o disposto no paraacutegrafo uacutenico do dispositivo o consumidor recebe o fornecimento como mera amostra graacutetis natildeo cabendo qualquer pagamento ou ressarcimento ao fornecedor nem mesmo os decorrentes de transporte Eacute ato cujo risco corre inteiramente por conta do fornecedor

Outro natildeo eacute o entendimento do ST] O produto ou serviccedilo natildeo inerente ao contrato de prestaccedilatildeo de telefonia ou quenatildeo seja de utilidade puacuteblica quando posto agravedisposiccedilatildeo do usuaacuterio pela concessionaacuteria - caso do tele-sexo - carece de preacutevia autorizaccedilatildeo inscriccedilatildeo ou credenciamento do titular da linha ( ) Sustentado pela autora natildeo ter dado a aludida anuecircncia cabe agrave companhia telefocircnica o ocircnusde provar o fato positivo em contraacuterio nos termos do art 6deg VIU da mesma Lei 80781990 o que inocorreu Destarte se afigura indevida a cobranccedila de ligaccedilotildees nacionais ou internacionais a tal tiacutetulo e de igual modo iliacutecita a inscriccedilatildeo da titular da linha como devedora em cadastro negativo de creacutedito gerando em contrapartida o dever de indenizaacute-la peshylos danos morais causados (ST] REsp 265 121-R] reL Min Aldir Passarinho]rj 04042002) Na mesma linha o ST] afirma ser praacutetica abusiva enviar ao consumidor cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39 Ill) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor mormente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RS reL Min Sidnei Benetij 04112008 D] 20112008)

No que se refere especificamente aos serviccedilos o art 39 inc IlI eacute complemenshytado pelo inc VI do mesmo dispositivo e pelo art 40

Nos termos do art 39 VI eacute praacutetica abusiva executar serviccedilos sem a preacutevia elaboraccedilatildeo de orccedilamento e autorizaccedilatildeo expressa do consumidor ressalvadas as decorrentes de praacuteticas anteriores entre as partes

a dispositivo - que conteacutem erro de redaccedilatildeo pois o correto seria falar em resshysalvados os decorrentes (no masculino plural jaacute que se refere a serviccedilos) - impotildee na prestaccedilatildeo de serviccedilos dois requisitos a) orccedilamento e b) autorizaccedilatildeo expressa Aquele a cargo do fornecedor esta pelo consumidor Satildeo obrigaccedilotildees proacuteprias e inafastaacuteveis do fornecedor de cuja existecircncia depende a consumaccedilatildeo do negoacutecio juriacutedico de consumo Sem sua presenccedila eventuais serviccedilos fornecidos seratildeo tidos

bull

272 I MANUAL DE DIREITO 00 CONSUMIDOR

pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal autorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (REsp 332869-RJj 24062002 Dj02092002 p 184)

o orccedilamento deve conter necessariamente informaccedilotildees sobre a) o preccedilo da matildeo de obra dos materiais e equipamentos b) as condiccedilotildees de pagamento c) a data de iniacutecio e teacutermino do serviccedilo

Como prinCiacutepio o preccedilo orccedilado - da matildeo de obra dos materiais e dos equipashymentos - tem validade de 10 dias prazo este que eacute contado do seu recebimento pelo consumidor Ressalte-se recebimento e natildeo conhecimento Essa regra contudo pode ser afastada pela vontade das partes

Uma vez que o orccedilamento tenha sido aprovado equivale ele a um contrato firshymado pelas partes Por isso mesmo soacute a livre negociaccedilatildeo pode alterar o seu conteuacutedo

O consumidor contrata com aquele que lhe oferta o orccedilamento Havendo neshycessidade de serviccedilo de terceiro duas possibilidades se abrem se o auxiacutelio externo estaacute previsto no orccedilamento (com todas as especificaccedilotildees exigidas pelo caput) o consumidor eacute responsaacutevel pelo valor do serviccedilo que venha a ser prestado se ao contraacuterio o orccedilamento eacute omisso a tal respeito o consumidor por isso mesmo natildeo assume qualquer otildenus extra cabendo ao fornecedor principal arcar com os encargos acrescidos

9 O aproveitamento da hipossuficiecircncia do consumidor (art 39 IV)

O consumidor eacute reconhecidamente umser vulneraacutevel no mercado de consumo (art 4 0 1) Soacute que entre todos os que satildeo vulneraacuteveis haacute outros cuja vulnerabilidade eacute superior agrave meacutedia Satildeo os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento de idade pequena ou avanccedilada de sauacutede fraacutegil bem como aqueles cuja posiccedilatildeo social natildeo lhes permite avaliar com adequaccedilatildeo o produto ou serviccedilo que estatildeo adquirindo Em resumo satildeo os consumidores hipossuficientes Protege-se com este dispositivo pormeio de tratamento mais riacutegido que o padratildeo o consentimento pleno e adequado do consumidor hipossuficiente

No julgamento do REsp 1061500 jaacutereferido a Corte reconhece que a idade do consushymidor eacute fator a ser especialmente considerado no exame da praacutetica abusiva bem como no valor da indenizaccedilatildeo por dano moral O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39lII) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor morshymente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RSj 04112008 reI Min Sidnei Beneti)

A vulnerabilidade eacute um traccedilo universal de todos os consumidores ricos ou pobres educados ou ignorantes creacutedulos ou espertos Jaacute a hipossuficiecircncia eacute marca

pessoal limitada a consumidores

A utilizaccedilatildeo p hipossuficiecircncia do

A vulnerabilid ecircnciaporseu turno Coacutedigo como por I

10 A exigecircncia ~

Note-se que nl excessiva concretizl o fornecedor nos a1 para que o dispositi

Masoquevem mesmo da vantagen proacuteximos - satildeo sinocirc

11 Serviccedilos sem

A prestaccedilatildeo de apresentaccedilatildeo do Of

fornecedor possa da consumidor A esta 40 sect 2deg) desde que

Se o serviccedilo natilde realizado aplica-se serviccedilo por natildeo ter do fornecedor sem (

Se a autorizaccedil~ orccedilamento preacutevio shycomprovadamente

A posiccedilatildeo do S Consumidor di autorizaccedilatildeo do c torizaccedilatildeo eacuteimp pelo consumid( j 24062002) J

(atendimento L

necessidade de serviccedilo meacutedicoshyao afastamento elaboraccedilatildeo de IacuteI de serviccedilo prev

sobre a) o preccedilo da pagamento c) a data

e dos equipashyrecebimento pelo

Essa regra contudo

ele a um contrato firshytp~lnseu conteuacutedo

~menlto Havendo neshyse o auxiacutelio externo

pelo caput) o ser prestado se ao

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 273

pessoal limitada a alguns - ateacute mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores

A utilizaccedilatildeo pelo fornecedor de teacutecnicas mercadoloacutegicas que se aproveitem da hipossufiacutedecircncia do consumidor caracteriza a abusividade da praacutetica

A vulnerabilidade do consumidor justifica a existecircncia do Coacutedigo A hipossuficishyecircncia porseu turno legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do proacuteprio Coacutedigo como por exemplo a previsatildeo de inversatildeo do ocircnus da prova (art 6deg VIU)

10 A exigecircncia de vantagem excessiva (art 39 V)

Note-se que nesse ponto o Coacutedigo mostra a sua aversatildeo natildeo apenas agrave vantagem excessiva concretizada mas tambeacutem em relaccedilatildeo agrave mera exigecircncia Ou seja basta que o fornecedor nos atos preparatoacuterios ao contrato solicite vantagem dessa natureza para que o dispositivo legal tenha aplicaccedilatildeo integral

Mas o que vem a ser a vantagem excessiva O criteacuterio para o seu julgamento eacute o mesmo da vantagem exagerada (art 51 sect 1deg) Aliaacutes os dois termos natildeo satildeo apenas proacuteximos - satildeo sinocircnimos

11 Serviccedilos sem orccedilamento e autorizaccedilatildeo do consumidor (art 39 VI)

A prestaccedilatildeo de serviccedilo depende de preacutevio orccedilamento (art 40) Soacute que a simples apresentaccedilatildeo do orccedilamento natildeo implica autorizaccedilatildeo do consumidor Para que o fornecedor possa dar iniacutecio ao serviccedilo mister eacute que tenha a autorizaccedilatildeo expressa do consumidor A esta equivale a aprovaccedilatildeo que o consumidor decirc ao orccedilamento (art 40 sect 2deg) desde que expressa (v item 8)

Se o serviccedilo natildeo obstante a ausecircncia de aprovaccedilatildeo expressa do consumidor for realizado aplica-se por analogia o disposto no paraacutegrafo uacutenico do art 39 ou seja o serviccedilo por natildeo ter sido solicitado eacute considerado amostra graacutetis uma liberalidade do fornecedor sem qualquer contraprestaccedilatildeo exigida do consumidor

Se a autorizaccedilatildeo for parcial- por exemplo envolvendo soacute alguns itens do orccedilamento preacutevio - o pagamento do consumidor fica restrito agraves partes efetiva e comprovadamente aprovadas

A posiccedilatildeo do STj eacute exatamente nessa linha O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal aushytorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (STj REsp 332869-Rj rel Min Carlos Alberto Menezes Direito j 24062002) Acrescente-se que a Corte considerando circunstacircncias excepcionais (atendimento meacutedico emergencial) afastou no julgamento do REsp 1256703 a necessidade de orccedilamento preacutevio ( ) 3 Natildeo haacute duacutevida que houve a prestaccedilatildeo de serviccedilo meacutedico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes suficientes ao afastamento para o proacuteprio interesse do consumidor da necessidade de preacutevia elaboraccedilatildeo de instrumento contratual e apresentaccedilatildeo de orccedilamento pelo fornecedor de serviccedilo prevista no art 40 do CDC dado ser incompatiacutevel com a situaccedilatildeo meacutedica

274 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

emergencial experimentada pela filha do reacuteu 4 Os princiacutepios da funccedilatildeo social do contrato boa-feacute objetiva equivalecircncia material e moderaccedilatildeo impotildeem por um lado seja reconhecido o direito agrave retribuiccedilatildeo pecuniaacuteria pelos serviccedilos prestados e por outro lado constituem instrumentaacuterio que proporcionaraacute ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente (REsp 1256703-SP rel Min Luis Felipe Salomatildeoj 06092011 DJe 27092011)

Em existindo praacuteticas anteriores entre o consumidor e o fornecedor aquelas desde que provadas por este regram o relacionamento entre as partes

12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre o consumidor (art 39 VII)

Nenhum fornecedor pode divulgar informaccedilatildeo depreciativa sobre o consushymidor quando tal se referir ao exerciacutecio de direito seu Por exemplo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um tiacutetulo que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviccedilos que o consumidor eacute membro de uma associaccedilatildeo de consumidores ou que jaacute representou ao Ministeacuterio Puacuteblico ou propocircs accedilatildeo

O texto do art 39 VII difere substancialmente daquele do art 43 Aqui se trata de arquivo de consumo (Capiacutetulo X) Laacute ao reveacutes se cuida de mero repasse de informaccedilatildeo sem qualquer arquivamento Seria em linguagem vulgar a fofoca de consumo

Natildeo estaacute proibido contudo o repasse de informaccedilatildeo mesmo depreciativa quando o consumidor pratica ato que exorbita o exerciacutecio de seus direitos Assim se a associaccedilatildeo de consumidores vem a ser condenada por litigacircncia de maacute-feacute

13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII)

Existindo norma teacutecnica expedida por qualquer oacutergatildeo puacuteblico ou entidade privada credenciada pelo CONMETRO cabe ao fornecedor respeitaacute-la

O ST] tem declarado a legalidade e legitimidade das normas expedidas pelo CONshyMETRO como se observa pela seguinte decisatildeo proferida em abril de 2011 1 A Primeira SeccedilatildeoST] nojulgamento do REsp 1102578-MG (reI Min Eliana Calmon DJe 29102009) confirmou entendimento no sentido de que estatildeo revestidas de legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO e suas respectivas infraccedilotildees com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado de consumo seja porque estatildeo esses oacutergatildeos dotados da competecircncia legal atribuiacuteda pelas Leis 59661973 e 99331999 seja porque seus atos tratam de interesse puacuteblico e agregam proteccedilatildeo aos consumidores finais pois essa sistemaacutetica normativa tem como objetivo maior o respeito agrave dignidade humana e a harmonia dos interesses envolvidos nas relaccedilotildees de consumo dando aplicabilishydade agrave ratio do Coacutedigo de Defesa do Consumidor e efetividade agrave chamada Teoria da Qualidade 2 O art 5deg da Lei 99331999 estabelece que satildeo obrigadas a observar e a cumprir os deveres instituiacutedos pela lei mencionada e pelos atos normativos e regushy

lamentos teacutecnk as pessoas natu mercado para f~ bens mercadori o ato do INMET expor produto (c da certificaccedilatildeo n sentido REsp ll 1236315-RS reI

O Coacutedigo natildeo a como uacutetil agrave proteccedilatildeo ( ccedilatildeo no mercado de co normas expedidas pe existirem pela Associ ciada pelo Conselho - CONMETRO qu~

O dispositivo ap e NBR-2 conforme m agraves normas registradas

Eacute bom lembrar q e teacutecnica pois servem avaliar a conformidade ideais

De toda sorte natilde normalizaccedilatildeo e metrol e natildeo tetos Agraves vezes o dos consumidores ne econocircmicos de um dete com o interesse puacuteblic

14 A normalizaccedilatilde(

Para melhor com normalizaccedilatildeo satildeo neCf

Em uma sociedac mercado certa unifon zaccedilatildeo ou seja estabele tambeacutem da comerciali bens de consumo

Eacute por isso que o J

um dos mais im( dutos e serviccedilos seguranccedila seja pt

-

ios da funccedilatildeo social do CI impotildeem por um lado erviccedilos prestados e por ao julgador o adequado 56703-Sp rel Min Luis

o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

consumidores ou que

do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

mesmo depreciativa seus direitos Assim se

de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 7: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

inclui no rol das praacuteticas ttatJelecerque eacute vedado ao

ao fornecimento de quantitativos 3 Na

VJllllju pela vinculaccedilatildeo IlUlllllULltlVO em separashy

prazo para pagamento o eacute a proacutepria colocaccedilatildeo

de observar normas lWsiticaccedilatildeo dos contratos

5 Tais normas de o princiacutepio da libershy

assegurar a vontade real hipoacutetese do art 39 1 do

IV de exclusatildeo Ificativa portanto para a tajlmE~ja(1os pelo consumishytnjaminD]e 15122009)

que sejam o fornecedor natildeo pode

necessidades Assim ao fornecedor condishy

tambeacutem eacute aplicaacutevel sempre tem o direito

desde que pague o

a prestar o serviccedilo do consumidor que a

tem a sua demanda taacutexi que ao saber da

que o produto ou sershyO fornecimento natildeo

como liberalidade do prestador

a art 40 complementa o art 39 VI detalhando o regime juriacutedico do orccedilamento estabelecendo seu conteuacutedo prazo de validade e eficaacutecia

Nenhumserviccedilo pode ser fornecido sem um orccedilamento preacutevio e tal jaacute havia sido previsto no art 39 VI E natildeo cabe o mero acerto verbal de vez que o dispositivo fala em entrega do orccedilamento ao consumidor

IA propoacutesito registre-se julgado relatado pelo Min Carlos Alberto Menezes Direito O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente

o estoque do forneshyIorrlDelteao fornecedor

a justa causa referida 1 O Tribunal a quo consubstanciado no

vinculou o pagamento refrigerantes o que natildeo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 271

solicitado eacute uma praacutetica corriqueira - e abusiva - do mercado Uma vez que natildeo obstante a proibiccedilatildeo o produto ou serviccedilo seja fornecido aplica-se o disposto no paraacutegrafo uacutenico do dispositivo o consumidor recebe o fornecimento como mera amostra graacutetis natildeo cabendo qualquer pagamento ou ressarcimento ao fornecedor nem mesmo os decorrentes de transporte Eacute ato cujo risco corre inteiramente por conta do fornecedor

Outro natildeo eacute o entendimento do ST] O produto ou serviccedilo natildeo inerente ao contrato de prestaccedilatildeo de telefonia ou quenatildeo seja de utilidade puacuteblica quando posto agravedisposiccedilatildeo do usuaacuterio pela concessionaacuteria - caso do tele-sexo - carece de preacutevia autorizaccedilatildeo inscriccedilatildeo ou credenciamento do titular da linha ( ) Sustentado pela autora natildeo ter dado a aludida anuecircncia cabe agrave companhia telefocircnica o ocircnusde provar o fato positivo em contraacuterio nos termos do art 6deg VIU da mesma Lei 80781990 o que inocorreu Destarte se afigura indevida a cobranccedila de ligaccedilotildees nacionais ou internacionais a tal tiacutetulo e de igual modo iliacutecita a inscriccedilatildeo da titular da linha como devedora em cadastro negativo de creacutedito gerando em contrapartida o dever de indenizaacute-la peshylos danos morais causados (ST] REsp 265 121-R] reL Min Aldir Passarinho]rj 04042002) Na mesma linha o ST] afirma ser praacutetica abusiva enviar ao consumidor cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39 Ill) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor mormente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RS reL Min Sidnei Benetij 04112008 D] 20112008)

No que se refere especificamente aos serviccedilos o art 39 inc IlI eacute complemenshytado pelo inc VI do mesmo dispositivo e pelo art 40

Nos termos do art 39 VI eacute praacutetica abusiva executar serviccedilos sem a preacutevia elaboraccedilatildeo de orccedilamento e autorizaccedilatildeo expressa do consumidor ressalvadas as decorrentes de praacuteticas anteriores entre as partes

a dispositivo - que conteacutem erro de redaccedilatildeo pois o correto seria falar em resshysalvados os decorrentes (no masculino plural jaacute que se refere a serviccedilos) - impotildee na prestaccedilatildeo de serviccedilos dois requisitos a) orccedilamento e b) autorizaccedilatildeo expressa Aquele a cargo do fornecedor esta pelo consumidor Satildeo obrigaccedilotildees proacuteprias e inafastaacuteveis do fornecedor de cuja existecircncia depende a consumaccedilatildeo do negoacutecio juriacutedico de consumo Sem sua presenccedila eventuais serviccedilos fornecidos seratildeo tidos

bull

272 I MANUAL DE DIREITO 00 CONSUMIDOR

pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal autorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (REsp 332869-RJj 24062002 Dj02092002 p 184)

o orccedilamento deve conter necessariamente informaccedilotildees sobre a) o preccedilo da matildeo de obra dos materiais e equipamentos b) as condiccedilotildees de pagamento c) a data de iniacutecio e teacutermino do serviccedilo

Como prinCiacutepio o preccedilo orccedilado - da matildeo de obra dos materiais e dos equipashymentos - tem validade de 10 dias prazo este que eacute contado do seu recebimento pelo consumidor Ressalte-se recebimento e natildeo conhecimento Essa regra contudo pode ser afastada pela vontade das partes

Uma vez que o orccedilamento tenha sido aprovado equivale ele a um contrato firshymado pelas partes Por isso mesmo soacute a livre negociaccedilatildeo pode alterar o seu conteuacutedo

O consumidor contrata com aquele que lhe oferta o orccedilamento Havendo neshycessidade de serviccedilo de terceiro duas possibilidades se abrem se o auxiacutelio externo estaacute previsto no orccedilamento (com todas as especificaccedilotildees exigidas pelo caput) o consumidor eacute responsaacutevel pelo valor do serviccedilo que venha a ser prestado se ao contraacuterio o orccedilamento eacute omisso a tal respeito o consumidor por isso mesmo natildeo assume qualquer otildenus extra cabendo ao fornecedor principal arcar com os encargos acrescidos

9 O aproveitamento da hipossuficiecircncia do consumidor (art 39 IV)

O consumidor eacute reconhecidamente umser vulneraacutevel no mercado de consumo (art 4 0 1) Soacute que entre todos os que satildeo vulneraacuteveis haacute outros cuja vulnerabilidade eacute superior agrave meacutedia Satildeo os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento de idade pequena ou avanccedilada de sauacutede fraacutegil bem como aqueles cuja posiccedilatildeo social natildeo lhes permite avaliar com adequaccedilatildeo o produto ou serviccedilo que estatildeo adquirindo Em resumo satildeo os consumidores hipossuficientes Protege-se com este dispositivo pormeio de tratamento mais riacutegido que o padratildeo o consentimento pleno e adequado do consumidor hipossuficiente

No julgamento do REsp 1061500 jaacutereferido a Corte reconhece que a idade do consushymidor eacute fator a ser especialmente considerado no exame da praacutetica abusiva bem como no valor da indenizaccedilatildeo por dano moral O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39lII) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor morshymente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RSj 04112008 reI Min Sidnei Beneti)

A vulnerabilidade eacute um traccedilo universal de todos os consumidores ricos ou pobres educados ou ignorantes creacutedulos ou espertos Jaacute a hipossuficiecircncia eacute marca

pessoal limitada a consumidores

A utilizaccedilatildeo p hipossuficiecircncia do

A vulnerabilid ecircnciaporseu turno Coacutedigo como por I

10 A exigecircncia ~

Note-se que nl excessiva concretizl o fornecedor nos a1 para que o dispositi

Masoquevem mesmo da vantagen proacuteximos - satildeo sinocirc

11 Serviccedilos sem

A prestaccedilatildeo de apresentaccedilatildeo do Of

fornecedor possa da consumidor A esta 40 sect 2deg) desde que

Se o serviccedilo natilde realizado aplica-se serviccedilo por natildeo ter do fornecedor sem (

Se a autorizaccedil~ orccedilamento preacutevio shycomprovadamente

A posiccedilatildeo do S Consumidor di autorizaccedilatildeo do c torizaccedilatildeo eacuteimp pelo consumid( j 24062002) J

(atendimento L

necessidade de serviccedilo meacutedicoshyao afastamento elaboraccedilatildeo de IacuteI de serviccedilo prev

sobre a) o preccedilo da pagamento c) a data

e dos equipashyrecebimento pelo

Essa regra contudo

ele a um contrato firshytp~lnseu conteuacutedo

~menlto Havendo neshyse o auxiacutelio externo

pelo caput) o ser prestado se ao

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 273

pessoal limitada a alguns - ateacute mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores

A utilizaccedilatildeo pelo fornecedor de teacutecnicas mercadoloacutegicas que se aproveitem da hipossufiacutedecircncia do consumidor caracteriza a abusividade da praacutetica

A vulnerabilidade do consumidor justifica a existecircncia do Coacutedigo A hipossuficishyecircncia porseu turno legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do proacuteprio Coacutedigo como por exemplo a previsatildeo de inversatildeo do ocircnus da prova (art 6deg VIU)

10 A exigecircncia de vantagem excessiva (art 39 V)

Note-se que nesse ponto o Coacutedigo mostra a sua aversatildeo natildeo apenas agrave vantagem excessiva concretizada mas tambeacutem em relaccedilatildeo agrave mera exigecircncia Ou seja basta que o fornecedor nos atos preparatoacuterios ao contrato solicite vantagem dessa natureza para que o dispositivo legal tenha aplicaccedilatildeo integral

Mas o que vem a ser a vantagem excessiva O criteacuterio para o seu julgamento eacute o mesmo da vantagem exagerada (art 51 sect 1deg) Aliaacutes os dois termos natildeo satildeo apenas proacuteximos - satildeo sinocircnimos

11 Serviccedilos sem orccedilamento e autorizaccedilatildeo do consumidor (art 39 VI)

A prestaccedilatildeo de serviccedilo depende de preacutevio orccedilamento (art 40) Soacute que a simples apresentaccedilatildeo do orccedilamento natildeo implica autorizaccedilatildeo do consumidor Para que o fornecedor possa dar iniacutecio ao serviccedilo mister eacute que tenha a autorizaccedilatildeo expressa do consumidor A esta equivale a aprovaccedilatildeo que o consumidor decirc ao orccedilamento (art 40 sect 2deg) desde que expressa (v item 8)

Se o serviccedilo natildeo obstante a ausecircncia de aprovaccedilatildeo expressa do consumidor for realizado aplica-se por analogia o disposto no paraacutegrafo uacutenico do art 39 ou seja o serviccedilo por natildeo ter sido solicitado eacute considerado amostra graacutetis uma liberalidade do fornecedor sem qualquer contraprestaccedilatildeo exigida do consumidor

Se a autorizaccedilatildeo for parcial- por exemplo envolvendo soacute alguns itens do orccedilamento preacutevio - o pagamento do consumidor fica restrito agraves partes efetiva e comprovadamente aprovadas

A posiccedilatildeo do STj eacute exatamente nessa linha O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal aushytorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (STj REsp 332869-Rj rel Min Carlos Alberto Menezes Direito j 24062002) Acrescente-se que a Corte considerando circunstacircncias excepcionais (atendimento meacutedico emergencial) afastou no julgamento do REsp 1256703 a necessidade de orccedilamento preacutevio ( ) 3 Natildeo haacute duacutevida que houve a prestaccedilatildeo de serviccedilo meacutedico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes suficientes ao afastamento para o proacuteprio interesse do consumidor da necessidade de preacutevia elaboraccedilatildeo de instrumento contratual e apresentaccedilatildeo de orccedilamento pelo fornecedor de serviccedilo prevista no art 40 do CDC dado ser incompatiacutevel com a situaccedilatildeo meacutedica

274 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

emergencial experimentada pela filha do reacuteu 4 Os princiacutepios da funccedilatildeo social do contrato boa-feacute objetiva equivalecircncia material e moderaccedilatildeo impotildeem por um lado seja reconhecido o direito agrave retribuiccedilatildeo pecuniaacuteria pelos serviccedilos prestados e por outro lado constituem instrumentaacuterio que proporcionaraacute ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente (REsp 1256703-SP rel Min Luis Felipe Salomatildeoj 06092011 DJe 27092011)

Em existindo praacuteticas anteriores entre o consumidor e o fornecedor aquelas desde que provadas por este regram o relacionamento entre as partes

12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre o consumidor (art 39 VII)

Nenhum fornecedor pode divulgar informaccedilatildeo depreciativa sobre o consushymidor quando tal se referir ao exerciacutecio de direito seu Por exemplo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um tiacutetulo que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviccedilos que o consumidor eacute membro de uma associaccedilatildeo de consumidores ou que jaacute representou ao Ministeacuterio Puacuteblico ou propocircs accedilatildeo

O texto do art 39 VII difere substancialmente daquele do art 43 Aqui se trata de arquivo de consumo (Capiacutetulo X) Laacute ao reveacutes se cuida de mero repasse de informaccedilatildeo sem qualquer arquivamento Seria em linguagem vulgar a fofoca de consumo

Natildeo estaacute proibido contudo o repasse de informaccedilatildeo mesmo depreciativa quando o consumidor pratica ato que exorbita o exerciacutecio de seus direitos Assim se a associaccedilatildeo de consumidores vem a ser condenada por litigacircncia de maacute-feacute

13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII)

Existindo norma teacutecnica expedida por qualquer oacutergatildeo puacuteblico ou entidade privada credenciada pelo CONMETRO cabe ao fornecedor respeitaacute-la

O ST] tem declarado a legalidade e legitimidade das normas expedidas pelo CONshyMETRO como se observa pela seguinte decisatildeo proferida em abril de 2011 1 A Primeira SeccedilatildeoST] nojulgamento do REsp 1102578-MG (reI Min Eliana Calmon DJe 29102009) confirmou entendimento no sentido de que estatildeo revestidas de legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO e suas respectivas infraccedilotildees com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado de consumo seja porque estatildeo esses oacutergatildeos dotados da competecircncia legal atribuiacuteda pelas Leis 59661973 e 99331999 seja porque seus atos tratam de interesse puacuteblico e agregam proteccedilatildeo aos consumidores finais pois essa sistemaacutetica normativa tem como objetivo maior o respeito agrave dignidade humana e a harmonia dos interesses envolvidos nas relaccedilotildees de consumo dando aplicabilishydade agrave ratio do Coacutedigo de Defesa do Consumidor e efetividade agrave chamada Teoria da Qualidade 2 O art 5deg da Lei 99331999 estabelece que satildeo obrigadas a observar e a cumprir os deveres instituiacutedos pela lei mencionada e pelos atos normativos e regushy

lamentos teacutecnk as pessoas natu mercado para f~ bens mercadori o ato do INMET expor produto (c da certificaccedilatildeo n sentido REsp ll 1236315-RS reI

O Coacutedigo natildeo a como uacutetil agrave proteccedilatildeo ( ccedilatildeo no mercado de co normas expedidas pe existirem pela Associ ciada pelo Conselho - CONMETRO qu~

O dispositivo ap e NBR-2 conforme m agraves normas registradas

Eacute bom lembrar q e teacutecnica pois servem avaliar a conformidade ideais

De toda sorte natilde normalizaccedilatildeo e metrol e natildeo tetos Agraves vezes o dos consumidores ne econocircmicos de um dete com o interesse puacuteblic

14 A normalizaccedilatilde(

Para melhor com normalizaccedilatildeo satildeo neCf

Em uma sociedac mercado certa unifon zaccedilatildeo ou seja estabele tambeacutem da comerciali bens de consumo

Eacute por isso que o J

um dos mais im( dutos e serviccedilos seguranccedila seja pt

-

ios da funccedilatildeo social do CI impotildeem por um lado erviccedilos prestados e por ao julgador o adequado 56703-Sp rel Min Luis

o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

consumidores ou que

do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

mesmo depreciativa seus direitos Assim se

de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 8: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

bull

272 I MANUAL DE DIREITO 00 CONSUMIDOR

pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal autorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (REsp 332869-RJj 24062002 Dj02092002 p 184)

o orccedilamento deve conter necessariamente informaccedilotildees sobre a) o preccedilo da matildeo de obra dos materiais e equipamentos b) as condiccedilotildees de pagamento c) a data de iniacutecio e teacutermino do serviccedilo

Como prinCiacutepio o preccedilo orccedilado - da matildeo de obra dos materiais e dos equipashymentos - tem validade de 10 dias prazo este que eacute contado do seu recebimento pelo consumidor Ressalte-se recebimento e natildeo conhecimento Essa regra contudo pode ser afastada pela vontade das partes

Uma vez que o orccedilamento tenha sido aprovado equivale ele a um contrato firshymado pelas partes Por isso mesmo soacute a livre negociaccedilatildeo pode alterar o seu conteuacutedo

O consumidor contrata com aquele que lhe oferta o orccedilamento Havendo neshycessidade de serviccedilo de terceiro duas possibilidades se abrem se o auxiacutelio externo estaacute previsto no orccedilamento (com todas as especificaccedilotildees exigidas pelo caput) o consumidor eacute responsaacutevel pelo valor do serviccedilo que venha a ser prestado se ao contraacuterio o orccedilamento eacute omisso a tal respeito o consumidor por isso mesmo natildeo assume qualquer otildenus extra cabendo ao fornecedor principal arcar com os encargos acrescidos

9 O aproveitamento da hipossuficiecircncia do consumidor (art 39 IV)

O consumidor eacute reconhecidamente umser vulneraacutevel no mercado de consumo (art 4 0 1) Soacute que entre todos os que satildeo vulneraacuteveis haacute outros cuja vulnerabilidade eacute superior agrave meacutedia Satildeo os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento de idade pequena ou avanccedilada de sauacutede fraacutegil bem como aqueles cuja posiccedilatildeo social natildeo lhes permite avaliar com adequaccedilatildeo o produto ou serviccedilo que estatildeo adquirindo Em resumo satildeo os consumidores hipossuficientes Protege-se com este dispositivo pormeio de tratamento mais riacutegido que o padratildeo o consentimento pleno e adequado do consumidor hipossuficiente

No julgamento do REsp 1061500 jaacutereferido a Corte reconhece que a idade do consushymidor eacute fator a ser especialmente considerado no exame da praacutetica abusiva bem como no valor da indenizaccedilatildeo por dano moral O envio de cartatildeo de creacutedito natildeo solicitado conduta considerada pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor como praacutetica abusiva (art 39lII) adicionado aos incocircmodos decorrentes das providecircncias notoriamente dificultosas para o cancelamento do cartatildeo causam dano moral ao consumidor morshymente em se tratando de pessoa de idade avanccedilada proacutexima dos cem anos de idade agrave eacutepoca dos fatos circunstatildencia que agrava o sofrimento moral (REsp 1061500-RSj 04112008 reI Min Sidnei Beneti)

A vulnerabilidade eacute um traccedilo universal de todos os consumidores ricos ou pobres educados ou ignorantes creacutedulos ou espertos Jaacute a hipossuficiecircncia eacute marca

pessoal limitada a consumidores

A utilizaccedilatildeo p hipossuficiecircncia do

A vulnerabilid ecircnciaporseu turno Coacutedigo como por I

10 A exigecircncia ~

Note-se que nl excessiva concretizl o fornecedor nos a1 para que o dispositi

Masoquevem mesmo da vantagen proacuteximos - satildeo sinocirc

11 Serviccedilos sem

A prestaccedilatildeo de apresentaccedilatildeo do Of

fornecedor possa da consumidor A esta 40 sect 2deg) desde que

Se o serviccedilo natilde realizado aplica-se serviccedilo por natildeo ter do fornecedor sem (

Se a autorizaccedil~ orccedilamento preacutevio shycomprovadamente

A posiccedilatildeo do S Consumidor di autorizaccedilatildeo do c torizaccedilatildeo eacuteimp pelo consumid( j 24062002) J

(atendimento L

necessidade de serviccedilo meacutedicoshyao afastamento elaboraccedilatildeo de IacuteI de serviccedilo prev

sobre a) o preccedilo da pagamento c) a data

e dos equipashyrecebimento pelo

Essa regra contudo

ele a um contrato firshytp~lnseu conteuacutedo

~menlto Havendo neshyse o auxiacutelio externo

pelo caput) o ser prestado se ao

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 273

pessoal limitada a alguns - ateacute mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores

A utilizaccedilatildeo pelo fornecedor de teacutecnicas mercadoloacutegicas que se aproveitem da hipossufiacutedecircncia do consumidor caracteriza a abusividade da praacutetica

A vulnerabilidade do consumidor justifica a existecircncia do Coacutedigo A hipossuficishyecircncia porseu turno legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do proacuteprio Coacutedigo como por exemplo a previsatildeo de inversatildeo do ocircnus da prova (art 6deg VIU)

10 A exigecircncia de vantagem excessiva (art 39 V)

Note-se que nesse ponto o Coacutedigo mostra a sua aversatildeo natildeo apenas agrave vantagem excessiva concretizada mas tambeacutem em relaccedilatildeo agrave mera exigecircncia Ou seja basta que o fornecedor nos atos preparatoacuterios ao contrato solicite vantagem dessa natureza para que o dispositivo legal tenha aplicaccedilatildeo integral

Mas o que vem a ser a vantagem excessiva O criteacuterio para o seu julgamento eacute o mesmo da vantagem exagerada (art 51 sect 1deg) Aliaacutes os dois termos natildeo satildeo apenas proacuteximos - satildeo sinocircnimos

11 Serviccedilos sem orccedilamento e autorizaccedilatildeo do consumidor (art 39 VI)

A prestaccedilatildeo de serviccedilo depende de preacutevio orccedilamento (art 40) Soacute que a simples apresentaccedilatildeo do orccedilamento natildeo implica autorizaccedilatildeo do consumidor Para que o fornecedor possa dar iniacutecio ao serviccedilo mister eacute que tenha a autorizaccedilatildeo expressa do consumidor A esta equivale a aprovaccedilatildeo que o consumidor decirc ao orccedilamento (art 40 sect 2deg) desde que expressa (v item 8)

Se o serviccedilo natildeo obstante a ausecircncia de aprovaccedilatildeo expressa do consumidor for realizado aplica-se por analogia o disposto no paraacutegrafo uacutenico do art 39 ou seja o serviccedilo por natildeo ter sido solicitado eacute considerado amostra graacutetis uma liberalidade do fornecedor sem qualquer contraprestaccedilatildeo exigida do consumidor

Se a autorizaccedilatildeo for parcial- por exemplo envolvendo soacute alguns itens do orccedilamento preacutevio - o pagamento do consumidor fica restrito agraves partes efetiva e comprovadamente aprovadas

A posiccedilatildeo do STj eacute exatamente nessa linha O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal aushytorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (STj REsp 332869-Rj rel Min Carlos Alberto Menezes Direito j 24062002) Acrescente-se que a Corte considerando circunstacircncias excepcionais (atendimento meacutedico emergencial) afastou no julgamento do REsp 1256703 a necessidade de orccedilamento preacutevio ( ) 3 Natildeo haacute duacutevida que houve a prestaccedilatildeo de serviccedilo meacutedico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes suficientes ao afastamento para o proacuteprio interesse do consumidor da necessidade de preacutevia elaboraccedilatildeo de instrumento contratual e apresentaccedilatildeo de orccedilamento pelo fornecedor de serviccedilo prevista no art 40 do CDC dado ser incompatiacutevel com a situaccedilatildeo meacutedica

274 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

emergencial experimentada pela filha do reacuteu 4 Os princiacutepios da funccedilatildeo social do contrato boa-feacute objetiva equivalecircncia material e moderaccedilatildeo impotildeem por um lado seja reconhecido o direito agrave retribuiccedilatildeo pecuniaacuteria pelos serviccedilos prestados e por outro lado constituem instrumentaacuterio que proporcionaraacute ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente (REsp 1256703-SP rel Min Luis Felipe Salomatildeoj 06092011 DJe 27092011)

Em existindo praacuteticas anteriores entre o consumidor e o fornecedor aquelas desde que provadas por este regram o relacionamento entre as partes

12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre o consumidor (art 39 VII)

Nenhum fornecedor pode divulgar informaccedilatildeo depreciativa sobre o consushymidor quando tal se referir ao exerciacutecio de direito seu Por exemplo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um tiacutetulo que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviccedilos que o consumidor eacute membro de uma associaccedilatildeo de consumidores ou que jaacute representou ao Ministeacuterio Puacuteblico ou propocircs accedilatildeo

O texto do art 39 VII difere substancialmente daquele do art 43 Aqui se trata de arquivo de consumo (Capiacutetulo X) Laacute ao reveacutes se cuida de mero repasse de informaccedilatildeo sem qualquer arquivamento Seria em linguagem vulgar a fofoca de consumo

Natildeo estaacute proibido contudo o repasse de informaccedilatildeo mesmo depreciativa quando o consumidor pratica ato que exorbita o exerciacutecio de seus direitos Assim se a associaccedilatildeo de consumidores vem a ser condenada por litigacircncia de maacute-feacute

13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII)

Existindo norma teacutecnica expedida por qualquer oacutergatildeo puacuteblico ou entidade privada credenciada pelo CONMETRO cabe ao fornecedor respeitaacute-la

O ST] tem declarado a legalidade e legitimidade das normas expedidas pelo CONshyMETRO como se observa pela seguinte decisatildeo proferida em abril de 2011 1 A Primeira SeccedilatildeoST] nojulgamento do REsp 1102578-MG (reI Min Eliana Calmon DJe 29102009) confirmou entendimento no sentido de que estatildeo revestidas de legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO e suas respectivas infraccedilotildees com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado de consumo seja porque estatildeo esses oacutergatildeos dotados da competecircncia legal atribuiacuteda pelas Leis 59661973 e 99331999 seja porque seus atos tratam de interesse puacuteblico e agregam proteccedilatildeo aos consumidores finais pois essa sistemaacutetica normativa tem como objetivo maior o respeito agrave dignidade humana e a harmonia dos interesses envolvidos nas relaccedilotildees de consumo dando aplicabilishydade agrave ratio do Coacutedigo de Defesa do Consumidor e efetividade agrave chamada Teoria da Qualidade 2 O art 5deg da Lei 99331999 estabelece que satildeo obrigadas a observar e a cumprir os deveres instituiacutedos pela lei mencionada e pelos atos normativos e regushy

lamentos teacutecnk as pessoas natu mercado para f~ bens mercadori o ato do INMET expor produto (c da certificaccedilatildeo n sentido REsp ll 1236315-RS reI

O Coacutedigo natildeo a como uacutetil agrave proteccedilatildeo ( ccedilatildeo no mercado de co normas expedidas pe existirem pela Associ ciada pelo Conselho - CONMETRO qu~

O dispositivo ap e NBR-2 conforme m agraves normas registradas

Eacute bom lembrar q e teacutecnica pois servem avaliar a conformidade ideais

De toda sorte natilde normalizaccedilatildeo e metrol e natildeo tetos Agraves vezes o dos consumidores ne econocircmicos de um dete com o interesse puacuteblic

14 A normalizaccedilatilde(

Para melhor com normalizaccedilatildeo satildeo neCf

Em uma sociedac mercado certa unifon zaccedilatildeo ou seja estabele tambeacutem da comerciali bens de consumo

Eacute por isso que o J

um dos mais im( dutos e serviccedilos seguranccedila seja pt

-

ios da funccedilatildeo social do CI impotildeem por um lado erviccedilos prestados e por ao julgador o adequado 56703-Sp rel Min Luis

o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

consumidores ou que

do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

mesmo depreciativa seus direitos Assim se

de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 9: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

sobre a) o preccedilo da pagamento c) a data

e dos equipashyrecebimento pelo

Essa regra contudo

ele a um contrato firshytp~lnseu conteuacutedo

~menlto Havendo neshyse o auxiacutelio externo

pelo caput) o ser prestado se ao

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 273

pessoal limitada a alguns - ateacute mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores

A utilizaccedilatildeo pelo fornecedor de teacutecnicas mercadoloacutegicas que se aproveitem da hipossufiacutedecircncia do consumidor caracteriza a abusividade da praacutetica

A vulnerabilidade do consumidor justifica a existecircncia do Coacutedigo A hipossuficishyecircncia porseu turno legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do proacuteprio Coacutedigo como por exemplo a previsatildeo de inversatildeo do ocircnus da prova (art 6deg VIU)

10 A exigecircncia de vantagem excessiva (art 39 V)

Note-se que nesse ponto o Coacutedigo mostra a sua aversatildeo natildeo apenas agrave vantagem excessiva concretizada mas tambeacutem em relaccedilatildeo agrave mera exigecircncia Ou seja basta que o fornecedor nos atos preparatoacuterios ao contrato solicite vantagem dessa natureza para que o dispositivo legal tenha aplicaccedilatildeo integral

Mas o que vem a ser a vantagem excessiva O criteacuterio para o seu julgamento eacute o mesmo da vantagem exagerada (art 51 sect 1deg) Aliaacutes os dois termos natildeo satildeo apenas proacuteximos - satildeo sinocircnimos

11 Serviccedilos sem orccedilamento e autorizaccedilatildeo do consumidor (art 39 VI)

A prestaccedilatildeo de serviccedilo depende de preacutevio orccedilamento (art 40) Soacute que a simples apresentaccedilatildeo do orccedilamento natildeo implica autorizaccedilatildeo do consumidor Para que o fornecedor possa dar iniacutecio ao serviccedilo mister eacute que tenha a autorizaccedilatildeo expressa do consumidor A esta equivale a aprovaccedilatildeo que o consumidor decirc ao orccedilamento (art 40 sect 2deg) desde que expressa (v item 8)

Se o serviccedilo natildeo obstante a ausecircncia de aprovaccedilatildeo expressa do consumidor for realizado aplica-se por analogia o disposto no paraacutegrafo uacutenico do art 39 ou seja o serviccedilo por natildeo ter sido solicitado eacute considerado amostra graacutetis uma liberalidade do fornecedor sem qualquer contraprestaccedilatildeo exigida do consumidor

Se a autorizaccedilatildeo for parcial- por exemplo envolvendo soacute alguns itens do orccedilamento preacutevio - o pagamento do consumidor fica restrito agraves partes efetiva e comprovadamente aprovadas

A posiccedilatildeo do STj eacute exatamente nessa linha O art 39 VI do Coacutedigo de Defesa do Consumidor determina que o serviccedilo somente pode ser realizado com a expressa autorizaccedilatildeo do consumidor Em consequecircncia natildeo demonstrada a existecircncia de tal aushytorizaccedilatildeo eacute imprestaacutevel a cobranccedila devido apenas o valor autorizado expressamente pelo consumidor (STj REsp 332869-Rj rel Min Carlos Alberto Menezes Direito j 24062002) Acrescente-se que a Corte considerando circunstacircncias excepcionais (atendimento meacutedico emergencial) afastou no julgamento do REsp 1256703 a necessidade de orccedilamento preacutevio ( ) 3 Natildeo haacute duacutevida que houve a prestaccedilatildeo de serviccedilo meacutedico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes suficientes ao afastamento para o proacuteprio interesse do consumidor da necessidade de preacutevia elaboraccedilatildeo de instrumento contratual e apresentaccedilatildeo de orccedilamento pelo fornecedor de serviccedilo prevista no art 40 do CDC dado ser incompatiacutevel com a situaccedilatildeo meacutedica

274 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

emergencial experimentada pela filha do reacuteu 4 Os princiacutepios da funccedilatildeo social do contrato boa-feacute objetiva equivalecircncia material e moderaccedilatildeo impotildeem por um lado seja reconhecido o direito agrave retribuiccedilatildeo pecuniaacuteria pelos serviccedilos prestados e por outro lado constituem instrumentaacuterio que proporcionaraacute ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente (REsp 1256703-SP rel Min Luis Felipe Salomatildeoj 06092011 DJe 27092011)

Em existindo praacuteticas anteriores entre o consumidor e o fornecedor aquelas desde que provadas por este regram o relacionamento entre as partes

12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre o consumidor (art 39 VII)

Nenhum fornecedor pode divulgar informaccedilatildeo depreciativa sobre o consushymidor quando tal se referir ao exerciacutecio de direito seu Por exemplo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um tiacutetulo que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviccedilos que o consumidor eacute membro de uma associaccedilatildeo de consumidores ou que jaacute representou ao Ministeacuterio Puacuteblico ou propocircs accedilatildeo

O texto do art 39 VII difere substancialmente daquele do art 43 Aqui se trata de arquivo de consumo (Capiacutetulo X) Laacute ao reveacutes se cuida de mero repasse de informaccedilatildeo sem qualquer arquivamento Seria em linguagem vulgar a fofoca de consumo

Natildeo estaacute proibido contudo o repasse de informaccedilatildeo mesmo depreciativa quando o consumidor pratica ato que exorbita o exerciacutecio de seus direitos Assim se a associaccedilatildeo de consumidores vem a ser condenada por litigacircncia de maacute-feacute

13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII)

Existindo norma teacutecnica expedida por qualquer oacutergatildeo puacuteblico ou entidade privada credenciada pelo CONMETRO cabe ao fornecedor respeitaacute-la

O ST] tem declarado a legalidade e legitimidade das normas expedidas pelo CONshyMETRO como se observa pela seguinte decisatildeo proferida em abril de 2011 1 A Primeira SeccedilatildeoST] nojulgamento do REsp 1102578-MG (reI Min Eliana Calmon DJe 29102009) confirmou entendimento no sentido de que estatildeo revestidas de legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO e suas respectivas infraccedilotildees com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado de consumo seja porque estatildeo esses oacutergatildeos dotados da competecircncia legal atribuiacuteda pelas Leis 59661973 e 99331999 seja porque seus atos tratam de interesse puacuteblico e agregam proteccedilatildeo aos consumidores finais pois essa sistemaacutetica normativa tem como objetivo maior o respeito agrave dignidade humana e a harmonia dos interesses envolvidos nas relaccedilotildees de consumo dando aplicabilishydade agrave ratio do Coacutedigo de Defesa do Consumidor e efetividade agrave chamada Teoria da Qualidade 2 O art 5deg da Lei 99331999 estabelece que satildeo obrigadas a observar e a cumprir os deveres instituiacutedos pela lei mencionada e pelos atos normativos e regushy

lamentos teacutecnk as pessoas natu mercado para f~ bens mercadori o ato do INMET expor produto (c da certificaccedilatildeo n sentido REsp ll 1236315-RS reI

O Coacutedigo natildeo a como uacutetil agrave proteccedilatildeo ( ccedilatildeo no mercado de co normas expedidas pe existirem pela Associ ciada pelo Conselho - CONMETRO qu~

O dispositivo ap e NBR-2 conforme m agraves normas registradas

Eacute bom lembrar q e teacutecnica pois servem avaliar a conformidade ideais

De toda sorte natilde normalizaccedilatildeo e metrol e natildeo tetos Agraves vezes o dos consumidores ne econocircmicos de um dete com o interesse puacuteblic

14 A normalizaccedilatilde(

Para melhor com normalizaccedilatildeo satildeo neCf

Em uma sociedac mercado certa unifon zaccedilatildeo ou seja estabele tambeacutem da comerciali bens de consumo

Eacute por isso que o J

um dos mais im( dutos e serviccedilos seguranccedila seja pt

-

ios da funccedilatildeo social do CI impotildeem por um lado erviccedilos prestados e por ao julgador o adequado 56703-Sp rel Min Luis

o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

consumidores ou que

do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

mesmo depreciativa seus direitos Assim se

de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

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o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 10: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

274 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

emergencial experimentada pela filha do reacuteu 4 Os princiacutepios da funccedilatildeo social do contrato boa-feacute objetiva equivalecircncia material e moderaccedilatildeo impotildeem por um lado seja reconhecido o direito agrave retribuiccedilatildeo pecuniaacuteria pelos serviccedilos prestados e por outro lado constituem instrumentaacuterio que proporcionaraacute ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente (REsp 1256703-SP rel Min Luis Felipe Salomatildeoj 06092011 DJe 27092011)

Em existindo praacuteticas anteriores entre o consumidor e o fornecedor aquelas desde que provadas por este regram o relacionamento entre as partes

12 Divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees negativas sobre o consumidor (art 39 VII)

Nenhum fornecedor pode divulgar informaccedilatildeo depreciativa sobre o consushymidor quando tal se referir ao exerciacutecio de direito seu Por exemplo natildeo eacute liacutecito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um tiacutetulo que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviccedilos que o consumidor eacute membro de uma associaccedilatildeo de consumidores ou que jaacute representou ao Ministeacuterio Puacuteblico ou propocircs accedilatildeo

O texto do art 39 VII difere substancialmente daquele do art 43 Aqui se trata de arquivo de consumo (Capiacutetulo X) Laacute ao reveacutes se cuida de mero repasse de informaccedilatildeo sem qualquer arquivamento Seria em linguagem vulgar a fofoca de consumo

Natildeo estaacute proibido contudo o repasse de informaccedilatildeo mesmo depreciativa quando o consumidor pratica ato que exorbita o exerciacutecio de seus direitos Assim se a associaccedilatildeo de consumidores vem a ser condenada por litigacircncia de maacute-feacute

13 Produtos ou serviccedilos em desacordo com as normas teacutecnicas (art 39 VIII)

Existindo norma teacutecnica expedida por qualquer oacutergatildeo puacuteblico ou entidade privada credenciada pelo CONMETRO cabe ao fornecedor respeitaacute-la

O ST] tem declarado a legalidade e legitimidade das normas expedidas pelo CONshyMETRO como se observa pela seguinte decisatildeo proferida em abril de 2011 1 A Primeira SeccedilatildeoST] nojulgamento do REsp 1102578-MG (reI Min Eliana Calmon DJe 29102009) confirmou entendimento no sentido de que estatildeo revestidas de legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO e suas respectivas infraccedilotildees com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado de consumo seja porque estatildeo esses oacutergatildeos dotados da competecircncia legal atribuiacuteda pelas Leis 59661973 e 99331999 seja porque seus atos tratam de interesse puacuteblico e agregam proteccedilatildeo aos consumidores finais pois essa sistemaacutetica normativa tem como objetivo maior o respeito agrave dignidade humana e a harmonia dos interesses envolvidos nas relaccedilotildees de consumo dando aplicabilishydade agrave ratio do Coacutedigo de Defesa do Consumidor e efetividade agrave chamada Teoria da Qualidade 2 O art 5deg da Lei 99331999 estabelece que satildeo obrigadas a observar e a cumprir os deveres instituiacutedos pela lei mencionada e pelos atos normativos e regushy

lamentos teacutecnk as pessoas natu mercado para f~ bens mercadori o ato do INMET expor produto (c da certificaccedilatildeo n sentido REsp ll 1236315-RS reI

O Coacutedigo natildeo a como uacutetil agrave proteccedilatildeo ( ccedilatildeo no mercado de co normas expedidas pe existirem pela Associ ciada pelo Conselho - CONMETRO qu~

O dispositivo ap e NBR-2 conforme m agraves normas registradas

Eacute bom lembrar q e teacutecnica pois servem avaliar a conformidade ideais

De toda sorte natilde normalizaccedilatildeo e metrol e natildeo tetos Agraves vezes o dos consumidores ne econocircmicos de um dete com o interesse puacuteblic

14 A normalizaccedilatilde(

Para melhor com normalizaccedilatildeo satildeo neCf

Em uma sociedac mercado certa unifon zaccedilatildeo ou seja estabele tambeacutem da comerciali bens de consumo

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o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

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do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

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de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 11: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

-

ios da funccedilatildeo social do CI impotildeem por um lado erviccedilos prestados e por ao julgador o adequado 56703-Sp rel Min Luis

o fornecedor aquelas as partes

IUmidor (art 39

dativa sobre o consushykemplo natildeo eacute liacutecito ao ~ consumidor sustou o ~QuIUlaaaede produtos

consumidores ou que

do art 43 Aqui se de mero repasse de vulgar a fofoca de

mesmo depreciativa seus direitos Assim se

de maacute-feacute

expedidas pelo CONshyem abril de 2011 L A

Min Eliana Calmon que estatildeo revestidas de

e suas respectivas a confonnidade de

esses oacutergatildeos dotados 999 seja porque seus

~I1SUmiacute(lores finais pois agrave dignidade humana

lDSumo dando aplicabilishyagrave chamada Teoria da

obrigadas a observar e atos normativos e regu-

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 275

lamentos teacutecnicos e administrativos expedidos pelo CONMETRO e pelo INMETRO as pessoas naturais e as pessoas juriacutedicas nacionais e estrangeiras que atuem no mercado para fabricar importar processar montar acondicionar ou comercializar bens mercadorias e produtos e prestar serviccedilos Nesse contexto mostra-se legiacutetimo o ato do INMETRO que autuou o comerciante (ou varejista) no caso dos autos por expor produto (cordotildees conectores) destinado agrave venda sem siacutembolo de identificaccedilatildeo da certificaccedilatildeo no atildembito do Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo de Conformidade Nesse sentido REsp 1118302-SC 2aT reI Min Humberto Martins D]e 14102009 (REsp 1236315-RS reI Min Mauro CampbellMarques 2aTj 2604201 1D]e0505201 l)

O Coacutedigo natildeo altera a sistemaacutetica da normalizaccedilatildeo Limita-se a reconhececirc-la como uacutetil agrave proteccedilatildeo do consumidor Ao caracterizar como praacutetica abusiva a colocashyccedilatildeo no mercado de consumo de qualquer produto ou serviccedilo em desacordo com as normas expedidas pelos oacutergatildeos oficiais competentes ou se normas especiacuteficas natildeo existirem pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ou outra entidade credenshyciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial - CONMETRO quis legitimar o esforccedilo metroloacutegico e normalizador

O dispositivo aplica-se apenas agraves normas obrigatoacuterias isto eacute agraves normas NBR-l e NBR-2 conforme melhor desenvolveremos em seguida Natildeo daacute caraacuteter vinculado agraves normas registradas e agraves probatoacuterias

Eacute bom lembrar que mesmo as normas natildeo obrigatoacuterias tecircm relevacircncia juriacutedica e teacutecnica pois servem de guia ao juiz e ao administrador no momento que precisam avaliar a conformidade do comportamento do fornecedor compadrotildees considerados ideais

De toda sorte natildeo fica o juiz adstrito aos criteacuterios fixados pelos organismos de normalizaccedilatildeo e metrologia Estes estabelecem padrotildees miacutenimos verdadeiros pisos e natildeo tetos Agraves vezes os padrotildees promulgados natildeo refletem as expectativas legiacutetimas dos consumidores nem o estado da arte ciecircncia ou teacutecnica mas sim os objetivos econotildemicos de um determinado setor produ tivo natildeo coincidentes necessariamente com o interesse puacuteblico

14 A normalizaccedilatildeo

Para melhor compreender o disposto no art 39 VIII algumas palavras sobre a normalizaccedilatildeo satildeo necessaacuterias

Em uma sociedade de produccedilatildeo em massa eacute mister para o proacuteprio sucesso do mercado certa uniformidade entre produtos ou serviccedilos Esse eacute o papel da normalishyzaccedilatildeo ou seja estabelecer normas para o regramento da produccedilatildeo e em certos casos tambeacutem da comercializaccedilatildeo E muitas vezes tal significa melhorar a qualidade dos bens de consumo

Eacute por isso que o processo de nonnalizaccedilatildeo interessa aos consumidores de vez que um dos mais importantes problemas da tutela do consumidor eacute a qualidade dos proshydutos e serviccedilos (Ross CRANSTON Consumers and the law p 103) seja pelo acircngulo da seguranccedila seja pelo seu aspecto da adequaccedilatildeo A qualidade eacute sem duacutevida o objetivo

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 12: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

I

276 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

maior da normalizaccedilatildeo No mercado poacutes-industrial eacute impossiacutevel alcanccedilar a qualidade - como padratildeo universal- sem um esforccedilo de normalizaccedilatildeo Natildeo eacute por outra razatildeo que se diz que a qualidade tem ligaccedilotildees tatildeo estreitas com a normalizaccedilatildeo que podem ser consideradas como indispensaacuteveis a espiral da normalizaccedilatildeo acompanha sempre a da qualidade (L A Palhano PEDROSO Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT p 141)

Tudo leva a crer que quanto maior o nuacutemero de normas teacutecnicas maior eacute o grau de desenvolvimento do paiacutes

Reconhece-se hoje haver uma relaccedilatildeo direta entre o nuacutemero de normas teacutecnicas produzidas e em vigor em um paiacutes e o seu niacutevel de desenvolvimento global social e material Satildeo exemplos inequiacutevocos os fatos de existirem nos Estados Unidos da Ameacuteshyrica do Norte e no Japatildeo cerca de 45000 normas em vigor na Uniatildeo Sovieacutetica 40000 na Franccedila 25000 e no Brasil 6000 (Thomaz Marcello DAacutevuA A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito p 371) Mas a normalizaccedilatildeo desempenha tambeacutem um papel na orientaccedilatildeo do consumidor Natildeo deixa ela de ser um meio de informar o consumidor sobre as qualidades que ele pode esperar de um produto (Denise BAUMANN Droit de la consommation p 130) assim atuando como genuiacuteno serviccedilo prestado no mercado Realmente as normas existem natildeo apenas para conhecimento dos profissionais mas igualmente para consciecircncia dos consumidores

A normalizaccedilatildeo surgiu a partir da Primeira Guerra Mundial como um esforccedilo entre os proacuteprios profissionais para assegurar a compatibilizaccedilatildeo de produtos necesshysidade esta que emergia como consequecircncia da complexidade crescente do mercado poacutes-industriaL Hoje entretanto os objetivos e o modo de atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo satildeo muito mais vastos

Em primeiro lugar a normalizaccedilatildeo ampliou suas fronteiras para aleacutem da simples compatibilizaccedilatildeo de bens Passa entatildeo a ter outras preocupaccedilotildees a busca de proshydutos ou serviccedilos de acordo com as expectativas e seus destinataacuterios em particular quanto agrave sua seguranccedila agrave economia de energia e agrave proteccedilatildeo do meio ambiente Oean CALAIS-AuLOY Droit de la consommation p 195)

o mercado pelo prisma da qualidade eacute controlado por duas teacutecnicas principais a regulamentaccedilatildeo e a normalizaccedilatildeo Se os objetivos dos dois fenocircmenos satildeo idecircnticos Oean CAlAls-AuLOY Droit de la consommation p 195) natildeo implica dizer que tambeacutem satildeo idecircnticos os seus conceitos modos de operaccedilatildeo e fundamentos De fato estamos diante de noccedilotildees distintas apesar de ambas terem a mesma ratio A regulamentaccedilatildeo eacute produzida diretamente pelo Estado proveacutem de um ato de autoridade Odem ibidem) enquanto a normalizaccedilatildeo adveacutem de um trabalho misto cooperado entre o Estado e entidades privadas Aleacutem disso ao contraacuterio do que sucede com a normalizaccedilatildeo a regulamentaccedilatildeo se impotildee de pleno direito com um caraacuteter de obrigatoriedade absoshyluta a todos os agentes econocircmicos Diversamente muitas das normas permitem uma adesatildeo voluntaacuteria em particular quando emanadas de organismos totalmente privados

Em segundo lugar a normalizaccedilatildeo deixa de ser um fenocircmeno entre profissioshynais e ganha um caraacuteter mais democraacutetico mais heterogecircneo dando voz tambeacutem a outros sujeitos natildeo profissionais como os consumidores

As normasslt Interessem notad consumidor ao tn junto com a regula

Na proteccedilatildeo alcanccedilar os objeti

No final da dade dos ben the law p la de autoridad produtos e se

OCoacutedigodel da qualidade de pn lamentares como Teacutecnicas (ABNT) que cria uma gara terceiro lugar pern o territoacuterio naciom alteraccedilatildeo na compc uso ou consumo reJ de pessoal (art 1e e inutilizar produt serviccedilos) entre OUI

O Brasil adota privadas (em I comum Todo Sistema Nacio O Estado de ql Assim por exe uma vez regisl Industrial (IN] de Normas T eacutel RiodeJaneiro o Foacuterum Nacilt Nacional de ~ por finalidade industrial e ce LOcaput)Eacutee1 relacionadas CI

produtosindw de Metrologia o oacutergatildeo norm Industrial (leuro Normalizaccedilatildeomiddot

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

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Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 13: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

-

ossiacutevel alcanccedilar a qualidade lccedilatildeO Natildeo eacute por outra razatildeo a normalizaccedilatildeo que podem llizaccedilatildeo acompanha sempre rasileira e a ABNT p 141)

irmas teacutecnicas maior eacute o

~uacutemero de normas teacutecnicas ~volvimento global social e nos Estados Unidos da Ameacuteshy na Uniatildeo Sovieacutetica 40000

DAacuteVllA A normalizaccedilatildeo tambeacutem um papel na

informar o consumidor (Denise BAUMANN Droit de

prestado no mercado dos profissionais mas

11 como um esforccedilo de produtos necesshy

crescente do mercado atuaccedilatildeo da normalizaccedilatildeo

para aleacutem da simples lulpaccedilcles a busca de proshy

em particular do meio ambiente Oean

duas teacutecnicas principais a fenotildemenos satildeo idecircnticos

implica dizer que tambeacutem ~lmlenltos De fato estamos

ratio A regulamentaccedilatildeo eacute autoridade (idem ibidem) cooperado entre o Estado e

com a normalizaccedilatildeo a de obrigatoriedade absoshy

dasnormas permitem uma IaIlIacuteSIlnostotalmente privados

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 277

As normas satildeo hoje imprescindiacuteveis para o bom funcionamento do mercado Interessem notadamente agrave sauacutede agrave seguranccedila agrave economia de energia agrave proteccedilatildeo do consumidor ao transporte agrave compatibilizaccedilatildeo de produtos e serviccedilos Constituem-se junto com a regulamentaccedilatildeo legal em umdos sustentaacuteculos da poliacutetica de qualidade

Na proteccedilatildeo do consumidor a normalizaccedilatildeo nem sempre eacute suficiente para alcanccedilar os objetivos de poliacutetica puacuteblica requeridos pela sociedade

No final das contas a regulamentaccedilatildeo puacuteblica eacute necessaacuteria para melhorar a qualishydade dos bens em adiccedilatildeo aos esforccedilos voluntaacuterios (Ross CRANSTON Consumers and the law p 107) Eacute aiacute que entra em cena a produccedilatildeo de regras legais agora como atos de autoridade - regulamentaccedilatildeo - como forma de aperfeiccediloamento da qualidade de produtos e serviccedilos

o Coacutedigo de Defesa do Consumidor faz uso de uma seacuterie de teacutecnicas de controle da qualidade de produtos e serviccedilos Em primeiro lugar haacute os controles autorregushylamentares como aqueles exercidos atraveacutes da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) emseguida cabe citar a regulamentaccedilatildeo obrigatoacuteria como aquela que cria urna garantia legal de adequaccedilatildeo do produto ou serviccedilo (arts 23 e 24) em terceiro lugar permite-se ao Judiciaacuterio compelir o Poder Puacuteblico a proibir em todo o territoacuterio nacional a produccedilatildeO divulgaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou venda ou a determinar alteraccedilatildeo na composiccedilatildeo estrutura foacutermula ou acondicionamento de produto cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso agrave sauacutede puacuteblica e agrave incolumidashyde pessoal (art 102) Finalmente permite-se ao proacuteprio Poder Puacuteblico apreender e inutilizar produtos cassar seu registro suspender seu fornecimento (tambeacutem de serviccedilos) entre outras sanccedilotildees administrativas (art 56)

O Brasil adota umsistema misto de normalizaccedilatildeo participaccedilatildeo do Estado e de entidades privadas (em particular a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas) em um esforccedilo comum Todos os organismos de normalizaccedilatildeo privados ou puacuteblicos integram o Sistema Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (SINMETRO) O Estado de qualquer modo manteacutem um controle final do processo de normalizaccedilatildeo Assim por exemplo uma norma elaborada pela ABNT soacute se torna norma brasileira uma vez registrada no Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (IN METRO ) Fundada em 28 de setembro de 1940 a Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) eacute uma sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Rio deJaneiro Tem utilidade puacuteblica nos termos da Lei 41501962 sendo considerada o Foacuterum Nacional de Normalizaccedilatildeo (Resoluccedilatildeo 1483 do CONMETRO) O Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (SINMETRO) tem por finalidade formular e executar a poliacutetica nacional de metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo de qualidade de produtos industriais (Lei 59661973 art 1deg caput) Eacuteele integrado por entidades puacuteblicas ou privadas que exerccedilam atividades relacionadas com metrologia normalizaccedilatildeo industrial e certificaccedilatildeo da qualidade de

Ilenotildem~no entre profissioshydando voz tambeacutem a

produtos industriais (Lei 59661973 art 10 paraacutegrafo uacutenico) O Conselho Nacional de Metrologia NormalizaccedilatildeO e Qualidade Industrial (CONMETRO) por sua vez eacute o oacutergatildeo normativo do Sistema Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (Lei 59661973 art 2deg caput) Jaacute o Instituto Nacional de Metrologia Normalizaccedilatildeo e Qualidade Industrial (INMETRO) uma autarquia federal eacute o oacutergatildeo

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

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Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 14: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

278 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

executivo central do SINMETRO cabendo-lhe mediante autorizaccedilatildeo do CONMEshyTRO credenciar entidades puacuteblicas ou privadas para a execuccedilatildeo de atividades de sua competecircncia exceto as de metrologia legal (Lei 59661973 art 5deg)

A normalizaccedilatildeo como a proacutepria denominaccedilatildeo o diz funciona atraveacutes da elashyboraccedilatildeo e promulgaccedilatildeo de normas

Nem todas as normas teacutecnicas satildeo obrigatoacuterias Algumas satildeo meramente facultashytivas De qualquermodo em havendo a obrigatoriedade nenhum produto ou serviccedilo que a contrarie nacional ou estrangeiro pode ser produzido ou comercializado

A bem da verdade natildeo existe em termos juriacutedicos norma inteiramente faculshytativa pois mesmo aquelas assim denominadas podem ser utilizadas pelo adminisshytrador e pelo magistrado nojulgamento da adequaccedilatildeo teacutecnica do comportamento do fornecedor Se eacute certo que a norma dita facultativa indica uma meta a ser alcanccedilada nem por isso deixa de afirmar um patamar de qualidade que no estado da arte do momento eacute considerado alcanccedilaacutevel e adequado Negar-se o fornecedor a acompanhar e acolher aquilo que eacute tecnicamente viaacutevel ou ateacute praticado de forma cotidiana em outros paiacuteses constitui forte indiacutecio de abusividade de sua conduta

As normas particularmente aquelas que tecircm a ver com a proteccedilatildeo do consushymidor apresentam-se sempre como um paratildemetro miacutenimo Vale dizer tanto a adshyministraccedilatildeo puacuteblica como o juiz podem impor standard mais elevado uma vez que considerem o fixado insuficiente

Emoutras palavras a normalizaccedilatildeo natildeo impede ou mesmo limita o trabalho de controle da administraccedilatildeo e do Judiciaacuterio Mostra-se apenas como um criteacuterio de conformishydade miacutenima criteacuterio esse que natildeo raras vezes leva mais em conta os interesses dos fornecedores (aiacute incluindo-se o Estado) do que propriamente dos consumidores Eacute por isso mesmo que uma norma embora obrigatoacuteria pode de outra forma ser conshysiderada insuficientemente protetoacuteria (Gerard CAS e Didier FERlER TraiU de droit de la consommatiacuteon p 201) No Brasil haacute basicamente quatro tipos de normas teacutecnicas NBR-l (normas compulsoacuterias aprovadas pelo CONMETRO com uso obrigatoacuterio em todo o territoacuterio nacional) NBR-2 (normas referenciais tambeacutem aprovadas pelo CONMETRO sendo de uso obrigatoacuterio para o Poder Puacuteblico) NBR-3 (normas regisshytradas de caraacuteter voluntaacuterio com registro efetuado no INMETRO de conformidade com as diretrizes e criteacuterios fixados pelo CONMETRO) NBR-4 (normas probatoacuterias registradas no INMETRO ainda em fase experimental possuindo vigecircncia limitada)

15 Recusa de venda direta (art 39 IX)

Como fruto do casamento entre a proteccedilatildeo do consumidor e a salvaguarda da concorrecircncia surge este dispositivo trazido pela Lei 88841994 A presente praacutetica abusiva distingue-se daquela prevista no inc 11 Neste a recusa eacute em atender agraves deshymandas dos consumidores ao passo que aqui cuida-se de imposiccedilatildeo de intermediaacuterios agravequele que se dispotildee a adquirir diretamente produtos e serviccedilos mediante pronto pagamento

o texto legal E

dais Veja-se con as hipoacuteteses previs inferiores

Por se tratar de contratual pela viacutetill como claacuteusula abusi

16 Elevaccedilatildeo de p

Esse inciso tall gime de liberdade de controle do chamadl

AqUi natildeo se cui de anaacutelise casuiacutestica concreto

A regra entatildeo f justa causa vale dize pio numa economia presunccedilatildeo - relativa

Nesta mateacuteria t inversatildeo do otildenus da I

17 Reajuste diver~

Novamente por Provisoacuteria 1477-42 9870 de 23111999

Eacute comum no rr de reajuste nos negl biliaacuterios de educaccedil~ comportamento cri administrativamentl

Eacute claro que tal F pelos ines IV (obriga dade exageradament preccedilo) e XIII (modifi

Entretanto com - ser ou natildeo ser varia original do CDC

Ao referir-se a J decircncia crescente da de alternativos no mesm

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

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de outras sanccedilotildees

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o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 15: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

llVll atraveacutes da ela-

meramente facultashyproduto ou serviccedilo comercializado

a proteccedilatildeo do consushyVale dizer tanto a adshyelevado uma vez que

de controle criteacuterio de conformishy

conta os interesses dos dos consumidores Eacute

de outra forma ser conshyFERIER Traiteacute de droit de

de normas teacutecnicas com uso obrigatoacuterio

tambeacutem aprovadas pelo NBR-3 (normas regisshy

de conformidade

e a salvaguarda da A presente praacutetica eacute em atender agraves de-

mediante pronto

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 279

o texto legal excepciona casos de intermediaccedilatildeo regulados em leis espeshyciais Veja-se contudo que nas palavras do legislador a ressalva soacute vale para as hipoacuteteses previstas em lei nunca em regulamentos ou atos administrativos inferiores

Por se tratar de norma de ordem puacuteblica e interesse social eventual aceitaccedilatildeo contratual pela viacutetima da intermediaccedilatildeo eacute nula de pleno direito caracterizando-se como claacuteusula abusiva nos termos do art 51 do CDC (ver Capiacutetulo XI)

16 Elevaccedilatildeo de preccedilo sem justa causa (art 39 X)

Esse inciso tambeacutem sugerido por mim visa a assegurar que mesmo num reshygime de liberdade de preccedilos o Poder Puacuteblico e oJudiciaacuterio tenham mecanismos de controle do chamado preccedilo abusivo

Aqui natildeo se cuida de tabelamento ou controle preacutevio de preccedilo (art 41) mas de anaacutelise casuiacutestica que o juiz e a autoridade administrativa fazem diante de fato concreto

A regra entatildeo eacute que os aumentos de preccedilo devem sempre estar alicerccedilados em justa causa vale dizer natildeo podem ser arbitraacuterios leoninos ou abusivos Em princiacuteshypio numa economia estabilizada elevaccedilatildeo superior aos iacutendices de inflaccedilatildeo cria uma presunccedilatildeo - relativa eacute verdade - de carecircncia de justa causa

Nesta mateacuteria tanto o consumidor como o Poder Puacuteblico podem fazer uso da inversatildeo do ocircnus da prova prevista no art 6deg VIII do CDC

17 Reajuste diverso do previsto em lei ou no contrato (art 39 XI)

Novamente por sugestatildeo minha o CDC foi alterado pelo art 8deg da Medida Provisoacuteria 1477-42 de 06111997 (mensalidades escolares) (convertida na Lei 9870 de 23111999) acrescentando-se mais um inciso

Eacute comum no mercado a modificaccedilatildeo unilateral dos iacutendices ou foacutermulas de reajuste nos negoacutecios entre consumidores e fornecedores (contratos imoshybiliaacuterios de educaccedilatildeo e planos de sauacutede por exemplo) O dispositivo veda tal comportamento criando um iliacutecito de consumo que pode ser atacado civil ou administrativamente

Eacute claro que tal praacutetica condenaacutevel jaacute estava proibida como claacuteusula abusiva pelos incs IV (obrigaccedilocirces iniacutequas abusivas incompatiacuteveis com a boa-feacute ou a equishydade exageradamente desvantajosas para o consumidor) X (variaccedilatildeo unilateral do preccedilo) e XIII (modificaccedilatildeo unilateral do conteuacutedo do contrato) do art 51 do CDC

Entretanto com o intuito de evitar-se discussatildeo sobre a natureza do reajuste - ser ou natildeo ser variaccedilatildeo de preccedilo - entendi importante fazer o acreacutescimo ao texto original do CDC

Ao referir-se a foacutermula ou iacutendice no singular o texto legal adotando tenshydecircncia crescente da dou trina e da jurisprudecircncia proiacutebe a utilizaccedilatildeo de vaacuterios iacutendices alternativos no mesmo contrato posto que praacutetica claramente abusiva

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 16: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

280 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

18 A inexistecircncia ou deficiecircncia de prazo para cumprimento da obrigaccedilatildeo (art 39 XII)

Natildeo eacute raro encontrar no mercado contratos em que o consumidor tem prazo certo para cumprir a sua prestaccedilatildeo (o pagamento do preccedilo normalmente) enquanto o fornecedor possui ampla margem de manobra em relaccedilatildeo agrave sua contraprestaccedilatildeo

Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliaacuterios em que se fixa um prazo certo para a conclusatildeo das obras a partir do iniacutecio ou teacutermino das fundaccedilotildees Soacute que para estes natildeo haacute qualquer prazo

O dispositivo eacute claro todo contrato de consumo deve trazer necessaacuteria e clashyramente o prazo de cumprimento das obrigaccedilotildees do fornecedor

19 Tabelamento de preccedilos

Estabelece o art 41 No caso de fornecimento de produtos ou de serviccedilos sushyjeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preccedilos os fornecedores deveratildeo respeitar os limites oficiais sob pena de natildeo o fazendo responderem pela restituiccedilatildeo da quantia recebida em excesso monetariamente atualizada podendo o consumidor exigir agrave sua escolha o desfazimento do negoacutecio sem prejuiacutezo de outras sanccedilotildees cabiacuteveis

Ateacute haacute pouco tempo o tabelamento de preccedilos era visto precipuamente pelo prisshyma administrativo e penal (Lei de Economia Popular) O Coacutedigo altera o tratamento da mateacuteria introduzindo um outro mecanismo de implementaccedilatildeo a reparaccedilatildeo civiL

Duas satildeo as opccedilotildees do consumidor a) a restituiccedilatildeo da quantia paga em excesso b) o desfazimento do negoacutecio

Caso o consumidor opte pelo desfazimento do contrato cabe evidentemente restituiccedilatildeo da quantia paga monetariamente atualizada

Tudo isso sem prejuiacutezo de sanccedilotildees de outra natureza sejam administrativas sejam criminais aiacute incluindo-se a multa

20 A cobranccedila de diacutevidas de consumo

Cobrar uma diacutevida eacute atividade corriqueira e legiacutetima O Coacutedigo natildeo se opotildee a tal Sua objeccedilatildeo resume-se aos excessos cometidos no afatilde do recebimento daquilo de que se eacute credor E abusos haacute

A Seccedilatildeo V do CDC sofreu grande influecircncia do projeto do National Consumer Act na versatildeo do seu First Final Draft preparado pelo National Consumer Law Center e da lei none-americana conhecida por Fair Debt Collection Practices Act promulgada em 1977 O preceito natildeo constava do texto original da Comissatildeo de juristas Foi novidade trazida pelo Substitutivo Ministeacuterio Puacuteblico - Secretaria de Defesa do Consumidor Na defesa de sua adoccedilatildeo assim escrevi na justificativa juntada ao Substitutivo A tutela do consumidor ocorre antes durante e apoacutes a formaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo Satildeo do conhecimento de todos os abusos que satildeo praticados na cobranccedila dediacutevidasdeconsumo

Os artifiacuteCIacute05 ameaccedilas teI pessoas No sumidor-e seuambient muitos dele Estados Uni nheceuque abusivas en contribuem a perda de el

O problema mo jaacute que o creacuted credor - mesmo ( remuneraccedilatildeo Pai judicial Soacute que e opccedilatildeo primeira d

Em decorr~ provavelmel ESPTEIN eSte

Osabusossu do das mais varia -se toda uma Seacuterii vizinhos amigos a perder o empre~ humilhaccedilotildees por

Um caso en consumidor inadishySeacute no centro de Satilde de cobranccedila natildeo s resolveu colocar r palhaccedilos com car tivos os mais varia

21 Objeto do d

Essa parte d sumo Limita-se ~ fornecedor

Diga-se inici eacute agravequela exercida Destina-se portar efetuadas por em

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 17: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

do recebimento daquilo

National Consuma Act na Consuma Law Center e da

1Irnuumls Act promulgada em de juristas Foi novidade

Defesa do Consumidor Na ao Substitutivo A tutela

relaccedilatildeO de consumo Satildeo do de diacutevidas deconsumo

21 Objeto do dispositivo (art 42 caput)

Essa parte do Coacutedigo natildeo se preocupa com a formaccedilatildeo do contrato de conshysumo Limita-se a regrar alguns aspectos de sua implementaccedilatildeo (execuccedilatildeo) pelo fornecedor

Diga-se inicialmente que o dispositivo natildeo se consagra agrave cobranccedila judicial isto eacute agravequela exercida em funccedilatildeo de processo judicial atraveacutes de funcionaacuterios puacuteblicos Destina-se portanto a controlar as cobranccedilas extrajudiciais em especial aquelas efetuadas por empresas de cobranccedila

timlel11to da

tem prazo 11 enquanto sua contraprestaccedilatildeo

em que se fixa um leacutermirlO das fundaccedilotildees

necessaacuteria e c1ashy

ou de serviccedilos sushyfornecedores deveratildeo

nrpTTl pela restituiccedilatildeo DOl1erloo o consumidor

de outras sanccedilotildees

Igtrecipluanlenllepelo prisshyaltera o tratamento

Inltaccedilao a reparaccedilatildeo civil

I1lJlanuapaga em excesso

cabeevidentemente

sejam administrativas

o Coacutedigo natildeo se opotildee a

PRATICAS ABUSIVAS I 281

Os artifiacutecios satildeo os mais distintos e elaborados natildeo sendo raros contudo os casos de ameaccedilas telefonemas anocircnimos cartasfantasiosas e ateacute a utilizaccedilatildeo de nomes de outras pessoas No Brasil infelizmente natildeo haacute qualquer proteccedilatildeo contra tais condutas O conshysumidor - especialmente o de baixa renda - eacute exposto ao ridiacuteculo principalmente em seu ambiente de trabalho tendo ainda seu descanso no lar perturbado por telefonemas muitos deles em cadeia e ateacute em altas horas da madrugada O proacuteprio Congresso dos Estados Unidos na Exposiccedilatildeo de Motivos do Fair Debt Collection Practices Act recoshynheceu que haacute prova abundante do uso porpane de cobradores de deacutebitos de praacuteticas abusivas enganosas e injustas em tal atividade Praacuteticas abusivas de cobranccedila de diacutevidas contribuem para o nuacutemero de insolvecircncias civis para a instabilidade matrimonial para a perda de emprego e para a invasatildeo da privacidade individual

O problema natildeo eacute apenas brasileiro Eacute inerente mesmo agrave sociedade de consushymo jaacute que o creacutedito transformou-se em sua mola mestra E evidentemente todo credor - mesmo o usuraacuterio - quer receber de volta o que emprestou somado agrave sua remuneraccedilatildeo Para tanto vai muitas vezes agraves uacuteltimas consequecircncias a cobranccedila judicial Soacute que esta em face dos obstaacuteculos inerentes ao processo natildeo eacute nunca a opccedilatildeo primeira do credor

Em decorrecircncia da demora e custo envolvidos em um processo judicial o credor provavelmente faraacute uso a princiacutepio de taacuteticas extrajudiciais de cobranccedila (David G ESPTEIN eSteve H NICKLES Consumer law in a nutshell p 372)

Os abusos surgem exatamente nessa fase extrajudicial O consumidor eacute abordashydo das mais variadas formas possiacuteveis em seu trabalho residecircncia e lazer Utilizashy-se toda uma seacuterie de procedimentos vexatoacuterios enganosos e molestadores Seus vizinhos amigos e colegas de trabalho satildeo incomodados Natildeo raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes As humilhaccedilotildees por sua vez natildeo tecircm limites

Um caso entre tantos outros levado ao Procon de Satildeo Paulo eacute ilustrativo O consumidor inadimplente trabalhava em um escritoacuterio nas vizinhanccedilas da Praccedila da Seacute no centro de Satildeo Paulo uma das regiotildees mais movimentadas da cidade A empresa de cobranccedila natildeo satisfeita com os telefonemas diaacuterios que fazia ao chefe do devedor resolveu colocar na porta de seu serviccedilo uma banda de muacutesica acompanhando palhaccedilos com cartazes e que gritavam o nome do consumidor e o cobriam de adjeshytivos os mais variados Um exagero a que o nosso direito natildeo dava tratamento eficaz

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 18: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

282 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Ao contraacuterio do Fair Debt Collection Practices Act o dispositivo do Coacutedigo brasishyleiro regra qualquer tipo de cobranccedila extrajudicial mesmo que exercida diretamente pelo proacuteprio credor sem a intermediaccedilatildeo de empresa especializada na prestaccedilatildeo desse tipo de serviccedilo

o nosso texto entatildeo acompanha o modelo mais avanccedilado de algumas leis estaduais dos Estados Unidos como eacute o caso do Estado de Wisconsin cuja lei tem aplicaccedilatildeo contra qualquer umque cobre deacutebitos natildeo se limitando agraves empresas especializadas em tal negoacutecio Cabe destacar que por meio da Lei 12039 de 1deg102009 acrescentoushy-se ao dispositivo (art 42) apoacutes seu paraacutegrafo uacutenico o art 42-A que estabelece Em todos os documentos de cobranccedila de deacutebitos apresentados ao consumidor deveratildeo constar o nome o endereccedilo e o nuacutemero de inscriccedilatildeo no Cadastro de Pessoas Fiacutesicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Juriacutedica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviccedilo correspondente

De modo resumido protegem-se a privacidade e a imagem puacuteblica do cidashydatildeo na sua qualidade de consumidor Por esse prisma tudo eacute novidade Proiacutebe-se fundamentalmente a sua exposiccedilatildeo a ridiacuteculo a interferecircncia na sua privacidade e a utilizaccedilatildeO de inverdades

22 Os contatos do credor com terceiros

O deacutebito de consumo decorre de uma relaccedilatildeo limitada agraves pessoas do forneceshydor e do consumidor Como consequecircncia qualquer esforccedilo de cobranccedila haacute de ser dirigido contra a pessoa deste Natildeo pode envolver terceiros (a natildeo ser aqueles que garantem o deacutebito) nem mesmo os familiares do consumidor Soacute excepcionalmente tal eacute possiacutevel e tatildeo soacute para a aquisiccedilatildeo de informaccedilatildeo sobre o paradeiro do devedor

Daiacute que satildeo inadmissiacuteveis as praacuteticas de cobranccedila que direta ou indiretamenshyte afetem pessoas outras que natildeo o proacuteprio consumidor Eacute um seriiacutessimo indiacutecio do intuito do credor de envergonhar ou vexar o inadimplente Significa em outras palavras violaccedilatildeo do art 42 caput

23 As praacuteticas proibidas

O art 42 tem de ser lido em conjunto com o art 71 sua face penal Diz este Utilizar na cobranccedila de diacutevidas deameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor injustificadamente a ridiacuteculo ou interfira com seu trabalho descanso ou lazer Pena - detenccedilatildeo de 3 (trecircs) meses a 1 (um) ano e multa

Satildeo violaccedilotildees per se dos dois dispositivos a) a utilizaccedilatildeo de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral b) o emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

Esses dois grupos de afronta legal satildeo proibidos de maneira absoluta Em outras palavras jamais eacute justificaacutevel em cobranccedila extrajudicial o uso de ameaccedila coaccedilatildeo constrangimento fiacutesico ou moral assim como de afirmaccedilotildees desconformes com a realidade

Mas haacute outras absoluto Admite-s midor a ridiacuteculo b

24 As proibiccedilotildee

Existem certas aquele que cobra di presunccedilatildeo juns et agrave a) a ameaccedila b) a co maccedilotildees falsas inco

25 Aameaccedila

Nenhum cred( um deacutebito O conce 147) Eacute muito mais

Natildeo se exige ( ameaccedila o consum ou colegas de traba

Em segundo h o consumidor Tam) patrimonial ou mora Eacute o caso do propriet aluno de fazer seus f

Tudo isso natildeo q ameaccedila e baste pan exclui-se a toda evi juriacutedico Assim se ( accedilatildeo de cobranccedila aiacute cedimento acobertai blefe caracterizac (emprego de afirm~

26 A coaccedilatildeo e o f

O Coacutedigo ness emprego de vis absoi cobranccedila de diacutevidas

O consumidor uma relaccedilatildeo de con ou moral Naquela 1 diversamente em fa viciado (o cobradon

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 19: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

do Coacutedigo brasishydiretamente

na prestaccedilatildeo

pessoas do fomeceshycobranccedila haacute de ser

natildeo ser aqueles que excepcionalmente

tiTn do devedor

ou indiretamenshyseriissimo indicio

Significa em outras

face penal Diz este fiacutesico ou moral

de ameaccedila coaccedilatildeo falsas incorretas ou

de ameaccedila coaccedilatildeo desconformes com a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 283

Mas haacute outras formas de cobranccedila que natildeo satildeo vedadas pelo Coacutedigo de modo absoluto Admite-se por exceccedilatildeo sua utilizaccedilatildeo Satildeo elas a) a exposiccedilatildeo do consushymidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer do consumidor

24 As proibiccedilotildees absolutas

Existem certas praacuteticas que natildeo podem em nenhuma hipoacutetese ser utilizadas por aquele que cobra diacutevida de consumo Paira sobre elas proibiccedilatildeo absoluta havendo presunccedilatildeo juris et de jure de prejuiacutezo para o consumidor Satildeo proibiccedilotildees absolutas a) a ameaccedila b) a coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral c) o emprego de afirshymaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas Eacute o que analisaremos a seguir

25 Aameaccedila

Nenhum credor ou preposto seu pode ameaccedilar o consumidor na cobranccedila de um deacutebito O conceito de ameaccedila aqui natildeo eacute idecircntico agravequele do Coacutedigo Penal (art 147) Eacute muito mais amplo

Natildeo se exige em primeiro lugar a gravidade do mal Portanto se o cobrador ameaccedila o consumidor de espalhar a notiacutecia do deacutebito entre todos os seus amigos ou colegas de trabalho configurado estaacute o ataque ao art 42 bem como ao art 71

Em segundo lugar natildeo eacute necessaacuterio que a ameaccedila tenha o condatildeo de assustar o consumidor Tampouco se requer diga ela respeito a mal fiacutesico A simples ameaccedila patrimonialou moral quando desprovida de fundamentojaacute se encaixa nodispositivo Eacute o caso do proprietaacuterio de escola que ao cobrar deacutebito atrasado ameaccedila impedir o aluno de fazer seus exames

Tudo isso natildeo quer dizer que qualquer palavra ou gesto do cobrador configure ameaccedila e baste para a aplicaccedilatildeo dos dispositivos mencionados De seu conceito exclui-se a toda evidecircncia o exerciacutecio de direitos assegurados pelo ordenamento juriacutedico Assim se o credor avisa o consumidor que em sete dias estaraacute propondo accedilatildeo de cobranccedila aiacute natildeo haacute qualquer ameaccedila mas sim a comunicaccedilatildeo de um proshycedimento acobertado pelo direito Claro que mesmo nesse caso se houver puro blefe caracterizada estaacute a infringecircncia ao preceito mas sob outro fundamento (emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas)

26 A coaccedilatildeo e o constrangimento fiacutesico ou moral

O Coacutedigo nesse ponto utilizou sinocircnimos para proibir o mesmo fenocircmeno o emprego de vis absoluta (violecircncia absoluta) e de vis relativa (violecircncia relativa) na cobranccedila de diacutevidas de consumo

O consumidor ao ser cobrado extrajudicialmente por um deacutebito oriundo de uma relaccedilatildeo de consumo estaacute protegido contra qualquer constrangimento fiacutesico ou moral Naquela hipoacutetese tem ele sua vontade absolutamente anulada Nesta diversamente em face de uma grave ameaccedila sua vontade eacute manifestada de modo viciado (o cobrador que armado com um revoacutelver diz o pagamento ou sua vida)

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 20: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

284 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

27 O emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas ou enganosas

No direito tradicional a verdade como valor juriacutedico soacute tinha importacircncia na fase preacute-negociaI Uma vez que faltasse o negoacutecio poderia estar irremediavelmente viciado Consumado o contrato muito pouco estava a impedir o credor de utilizar-se de artifiacutecios incluindo-se a mentira para ver adimplida a obrigaccedilatildeo

Com o Coacutedigo de Defesa do Consumidor a correccedilatildeo das informaccedilotildees utilizadas pelo cobrador eacute fundamental Inadmissiacutevel a cobranccedila de diacutevida de consumo alashyvancada por informaccedilotildees que natildeo estejam totalmente em sintonia com a realidade dos fatos

Afirmaccedilatildeo falsa eacute aquela que natildeo tem sustentaccedilatildeo em dados reais Eacute a mentira pura e simples Exemplos o cobrador que se diz advogado sem o ser a cobranccedila que afirma ter o consumidor cometido um crime sem que tal esteja caracterizado a afirshymaccedilatildeo de que a cobranccedila jaacute estaacute no departamento juriacutedico sem que assim o seja bem como a de que a cobranccedila daquele deacutebito seraacute feita judicialmente quando o cobrador natildeo tem a menor intenccedilatildeo ou condiccedilatildeo material (o deacutebito natildeo compensa) de fazecirc-lo

Jaacute na informaccedilatildeo incorreta a desconformidade eacute parcial Haacute um casamento de verdade e inverdade

Finalmente informaccedilatildeo enganosa eacute aquela capaz de induzir o consumidor em erro mesmo que literalmente verdadeira Tal se daacute especialmente porque eacute ambiacutegua ou dado necessaacuterio agrave sua boa compreensatildeo eacute omitido Tomada isoladamente natildeo eacute falsa nem incorreta Mas quando vista de maneira contextual tem o condatildeo de levar o consumidor a se comportar erradamente acreditando em algo que natildeo eacute real Isso no caso da omissatildeo Mas fica tambeacutem caracterizada no uso de palavras expressotildees e frases de sentido duacutebio ou muacuteltiplo

Eacute informaccedilatildeo enganosa aquela cujo suporte material (impresso por exemshypio) traz timbres ou expressotildees que implicam qualidade ou poder que o cobrador natildeo tem Assim quando o impresso utiliza brasotildees do Municiacutepio do Estado ou da Uniatildeo ou qualquer outro siacutembolo que leve o consumidor a imaginar que se trata de correspondecircncia oficial O mesmo raciociacutenio vale para correspondecircncias redishygidas de modo a simular a forma ou aparecircncia de procedimento judicial Tambeacutem quando a pessoa que assina a correspondecircncia se daacute tiacutetulo que induz o consumidor a imaginar-se cobrado por funcionaacuterio do Estado (agente de cobranccedila ou oficial de cobranccedila etc)

28 As proibiccedilotildees relativas

Ao lado dessas praacuteticas de cobranccedila que satildeo termiacutenantementevedadas haacute outras que recebem uma prOibiccedilatildeo relativa Como regra satildeo interditadas Excepcionalshymente poreacutem o ordenamento as admite desde que preenchidos certos requisitos E a prova da presenccedila destes compete ao cobrador Satildeo proibiccedilotildees relativas a) a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo b) a interferecircncia no trabalho descanso ou lazer Vejamos

29 A exposiccedilatildeo d

O Coacutedigo proiacute cobranccedila de diacutevida ~ a ridiacuteculo Afinal ni para a configuraccedilatildeo quando o ato de cobr maioria das vezes

O que o Coacutedigo de cobranccedila da diacutevid

Expora ridiacuteculc em situaccedilatildeo de humi ao conhecimento de perigo de que tal oco

Qualquer ato 01

do Coacutedigo Mesmo o se transformar em UI

Tanto assim qu comunicaccedilatildeo fo de toda linguagl zaccedilatildeo do nome lt

cobranccedila (artl

A exposiccedilatildeo a ril res Eacute praacutetica comum

Igual resultado branccedila sem qualqt por terceiros (satildeo O vergonha)

30 A interferecircncieacute

N a tramitaccedilatildeo d derrubar o art 42 afi poderia ser cobrado l natildeo poderia ser cobn

Natildeo eacute assim O mitou-se a fixar limit descanso ou lazer do

Os vocaacutebulos tri aos locais onde o COl

entendam-se os morr missos sociais (festas

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 21: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

Drnllacloesutilizadas

Iisc_ladlamlente natildeo eacute o condatildeo de levar

que natildeo eacute real Isso llallaVlras expressotildees

bull ll~~ que se trata tresponOjmC1aS redishy

judicial Tambeacutem o consumidor

tolJralllca ou oficial

tltE~veldadLashaacuteoutras bull1IU Excepcionalshy

certos requisitos IbicOtildeE~S relativas a) a

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 285

29 A exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo

O Coacutedigo proiacutebe a exposiccedilatildeo do consumidor a ridiacuteculo Eacute certo que uma cobranccedila de diacutevida sempre traz um potencial por miacutenimo que seja de exposiccedilatildeo a ridiacuteculo Afinal ningueacutem gosta de ser cobrado Por isso que o legislador exige para a configuraccedilatildeo da infraccedilatildeo que a exposiccedilatildeo seja injustificaacutevel Esta tem lugar quando o ato de cobranccedila pode ser efetuado sem tal exposiccedilatildeo E assim o eacute na grande maioria das vezes

O que o Coacutedigo quer aqui eacute evitarque o vexame seja utilizado como ferramenta de cobranccedila da diacutevida

Expor a ridiacuteculo quer dizer envergonhar colocar o consumidor perante terceiros em situaccedilatildeo de humilhaccedilatildeo Pressupotildee entatildeo que o fato seja presenciado ou chegue ao conhecimento de terceiros Em certas circunstacircncias basta a possibilidade ou perigo de que tal ocorra

Qualquer ato ou coisa associada agrave cobranccedila pode servir para violar o comando do Coacutedigo Mesmo o simples design do envelope utilizado pelo cobrador eacute capaz de se transformar em uma forma indireta de vexar o consumidor

Tanto assim que o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA) proiacutebe quando a comunicaccedilatildeo for feita por correio ou por telegrama o uso em qualquer envelope de toda linguagem ou siacutembolo que natildeo o endereccedilo do cobrador exceccedilatildeo feita agrave utilishyzaccedilatildeo do nome comercial se tal denominaccedilatildeo natildeo indicar que se trata de negoacutecio de cobranccedila (art 808-8)

A exposiccedilatildeo a ridiacuteculo tambeacutem se daacute quando o credor divulga lista dos devedoshyres Eacute praacutetica comum em condomiacutenios e escolas

Igual resultado vexatoacuterio consegue-se com o emprego de cartotildees de coshybranccedila sem qualquer invoacutelucro permitindo assim a leitura de seu conteuacutedo por terceiros (satildeo os chamados nos Estados Unidos shame cards shy cartotildees da vergonha)

30 A interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Na tramitaccedilatildeo do Coacutedigo no Congresso Nacional os empresaacuterios no intuito de derrubar o art 42 afirmaram que com a aprovaccedilatildeo do texto nenhum consumidor poderia ser cobrado em seu trabalho residecircncia ou mesmo na rua (lazer) Ou seja natildeo poderia ser cobrado nunca

Natildeo eacute assim O legislador natildeo proibiu a cobranccedila do deacutebito nesses locais Lishymitou-se a fixar limites Permitida eacute a cobranccedila desde que natildeo inteifira no trabalho descanso ou lazer do consumidor

Os vocaacutebulos trabalho e descanso referem-se respectiva e fundamentalmente aos locais onde o consumidor exerce sua profissatildeo e tem sua residecircncia Por lazer entendam-se os momentos de folga do consumidor fim de semana feacuterias comproshymissos sociais (festas de aniversaacuterio casamento)

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

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X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 22: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

286 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Por conseguinte continua liacutecito enviar cartas e telegramas de cobranccedila ao consumidor no seu endereccedilo comercial ou residencial Ainda eacute permitido telefonar para ele nesses dois locais O que se proiacutebe eacute que a pretexto de efetuar cobranccedila se interfira no exerciacutecio de suas atividades profissionais de descanso e de lazer O grau de interferecircncia seraacute avaliado caso a caso Alguns paracircmetros podem contudo ser fixados apriori

Uma vez que o cobrador saiba ou seja informado pelo consumidor de que seu empregador proiacutebe contatos telefocircnicos seus qualquer tentativa de cobranccedila por essa via em seu ambiente de trabalho passa a ser iliacutecita

Eacute idecircntica a soluccedilatildeo do direito norte-americano o cobrador natildeo pode comunicar-se com o consumidor no seu lugar de trabalho se o cobrador da diacutevida sabe ou tem razatildeo para saber que o empregador do consumidor proiacutebe-o de receber tal comunicaccedilatildeo - art 805(a)(3)

Eacute iliacutecito pelas mesmas razotildees telefonar ao chefe colegas vizinhos ou familiashyres do devedor Tambeacutem natildeo se admitem telefonemas em seu horaacuterio de descanso noturno Vedados estatildeo igualmente telefonemas ou visitas sucessivos Tampouco podem os contatos com o consumidor ter lugar em horaacuterios inconvenientes finalshymente sempre que o consumidor de maneira clara afirme sua impossibilidade de pagar o deacutebito ou indique o nome de seu advogado tais comunicaccedilotildees e contatos devem terminar

A utilizaccedilatildeo de linguagem rude ou obscena eacute tida como importunadora Eacute o que sucede tambeacutem com os telefonemas natildeo identificados as ligaccedilotildees anocircnimas e os trotes

31 Sanccedilotildees civis administrativas e penais

Uma vez que o procedimento do cobrador (o proacuteprio fornecedor ou empresa de cobranccedila) cause danos ao consumidor moral ou patrimonial tem este direito agrave indenizaccedilatildeo Eacute a regra do art 6deg VII

Se o consumidor perdeu o emprego ganhou a antipatia de seus vizinhos foi envergonhado publicamente teve sua reputaccedilatildeo ferida viu seu casamento afetado em todos estes e em outros casos de prejuiacutezos faz jus agrave reparaccedilatildeO Aliaacutes igual eacute o tratamento do direito norte-americano (art 813)

O Poder Puacuteblico natildeo deve assistir impassiacutevel aos abusos praticados na cobranccedila de diacutevidas de consumo Afora a propositura de accedilotildees civis nos termos da legitimidade que lhe daacute o art 82 tem ele como verdadeiro dever-poder de aplicar nos casos de infringecircncia ao art 42 as sanccedilotildees administrativas previstas no Coacutedigo

Em especial satildeo pertinentes as penas de multa de suspensatildeo do fornecimento do serviccedilo (a cobranccedila de diacutevidas) de suspensatildeo temporaacuteria de atividade e cassaccedilatildeo de licenccedila do estabelecimento ou da atividade (Capiacutetulo XII)

Jaacute mencionamos que o regramento das cobranccedilas de diacutevidas de consumo mais que qualquer outra parte do Coacutedigo vem casado com dispositivo da parte penal

Quando a cc ocorrer um confli Coacutedigo Penal (ex consumo aplica-s 345 eacute de accedilatildeo pet1

Por derradeiacute entre o crime espeuro

Na hipoacutetese ( no Coacutedigo Penal ficados no Coacutedigo no Coacutedigo Penal euro

32 Repeticcedilatildeo d

O paraacutegrafo em valor maior qt encontra-se no art

33 O regime d(

Nos termos ( diacutevida jaacute paga no mais do que for de bro do que houver houver prescriccedilatildeo

O art 941 pc se aplicaratildeo quand o direito de haver i

Cuida-se no - como agrave eacutepoca da

Na liccedilatildeo prec do autor ao reclarr anteriormente rec doloso e extorsivo

34 Pressuposto

A pena do art subjetivo (= engal

No plano obj( aleacutem disso a cobn uma diacutevida de COnsi

Sem que estej~ o sistema geral do (

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

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de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 23: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 287

Quando a cobranccedila for efetuada pelo proacuteprio credor pode em certos casos ocorrer um conflito aparente de normas entre o preceito do art 71 e o do art 345 do Coacutedigo Penal (exerciacutecio arbitraacuterio das proacuteprias razotildees) Tratando-se de divida de consumo aplica-se o tipo especial Ressalte-se que este ao contraacuterio daquele do art 345 eacute de accedilatildeo penal puacuteblica incondicionada

Por derradeiro havendo lesotildees corporais ou morte daacute-se concurso material entre o crime especial e os dos arts 121 e 129 do Coacutedigo Penal (Capiacutetulo XIll)

Na hipoacutetese de constrangimento a violecircncia eacute punida separadamente combase no Coacutedigo Penal Tudo isso em face da determinaccedilatildeo do art 61 de que os crimes tipishyficados no Coacutedigo de Defesa do Consumidor assim o satildeo sem prejuiacutezo do disposto no Coacutedigo Penal e leis especiais

32 Repeticcedilatildeo do indeacutebito

O paraacutegrafo uacutenico do art 42 traz sanccedilatildeo civil para aquele que cobrar diacutevida em valor maior que o reaL Regra parecida - com traccedilos distintos como veremos shyencontra-se no art 940 do Coacutedigo Civil (art 1531 do CCJ1916)

33 O regime do Coacutedigo Civil

Nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil de 2002 aquele que demandar por

lnSumtiacuted()r de que seu de cobranccedila por

pode comunicar-se sabeou tem razatildeo tal comunicaccedilatildeo

importunadora Eacute o ligaccedilotildees anocircnimas e

diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido ficaraacute obrigado a pagar ao devedor no primeiro caso o doshybro do que houver cobrado e no segundo o equivalente do que dele exigir salvo se houver prescriccedilatildeo

O art 941 por sua vez estabelece As penas previstas nos arts 939 e 940 natildeo se aplicaratildeo quando o autor desistir da accedilatildeo antes de contestada a lide salvo ao reacuteu o direito de haver indenizaccedilatildeo por algum prejuiacutezo que prove ter sofrido

Cuida-se no art 940 de excesso de pedido re plus petiacutetur O dispositivo hoje - como agrave eacutepoca da elaboraccedilatildeo do Coacutedigo Civil- eacute oportuno

Na liccedilatildeo preciosa de Washington de Barros MONTEIRO comprovada a maacute-feacute do autor ao reclamar diacutevida jaacute paga no todo ou em parte sem ressalva das quantias anteriormente recebidas deve arcar com a pena cominada ao seu procedimento doloso e extorsivo (Curso de direito civil p 404)

34 Pressupostos da sanccedilatildeo no regime do CDC

A pena do art 42 paraacutegrafo uacutenico rege-se por trecircs pressupostos objetivos e um subjetivo (= engano justificaacutevel)

No plano objetivo a multa civil soacute eacute possiacutevel nos casos de cobranccedila de divida aleacutem disso a cobranccedila deve ser extrajudicial finalmente deve ela ter por origem uma diacutevida de consumo

Sem que estejam preenchidos esses trecircs pressupostos aplica-se no que couber o sistema geral do Coacutedigo Civil

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 24: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

288 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

35 O pressuposto da cobranccedila de diacutevida

o dispositivo natildeo deixa duacutevida sobre seu campo de aplicaccedilatildeo primaacuterio o consumidor cobrado em quantia indevida Logo soacute a cobranccedila de divida justifica a aplicaccedilatildeo da multa civil em dobro Por conseguinte natildeo se tratando de cobranccedila de divida mas sim de transferecircncia de numeraacuterio de uma conta corrente para outra injustificaacutevel eacute a condenaccedilatildeo em dobro do prejuiacutezo efetivamente suportado pela vitima (STj REsp 257075j 20112001 reI Min Barros Monteiro)

36 O pressuposto da extrajudicial idade da cobranccedila

jaacute fizemos referecircncia ao fato de que toda esta Seccedilatildeo V destina-se somente agraves cobranccedilas extrajudiciais Natildeo interfere em momento algum com a atuaccedilatildeo judicial de cobranccedila Eventual excesso ou desvio nesta seraacute sancionado nos termos do art 940 do Coacutedigo Civil

A sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico dirige-se tatildeo somente agravequelas cobranccedilas que natildeo tecircm o munus do juiz a presidi-las Daiacute que em sendo proposta accedilatildeo visando agrave cobranccedila do devido mesmo que se trate de divida de consumo natildeo mais eacute aplicaacutevel o citado dispositivo mas sim natildeo custa repetir o Coacutedigo Civil

No sistema do Coacutedigo Civil a sanccedilatildeo soacute tem lugar quando a cobranccedila eacute judicial ou seja pune-se aquele que movimenta a maacutequina dojudiciaacuterio injustificadamente

Natildeo eacute esse o caso do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Usa-se aqui o verbo cobrar enquanto o Coacutedigo Civil refere-se a demandar Por conseguinte a sanccedilatildeo no casoda lei especial aplica-se sempre que o fornecedor (direta ou indiretamente) cobrar e receber extrajudicialmente quantia indevida

Ocoacutedigo de Defesa do Consumidor preventivo por excelecircncia enxerga o proshyblema em estaacutegio anterior ao tratado pelo Coacutedigo Civil E natildeo poderia ser de modo diverso pois se o paraacutegrafo uacutenico do art 42 do CDC tivesse aplicaccedilatildeo restrita agraves mesmas hipoacuteteses faacuteticas do art 940 do CC faltar-lhe-ia utilidade praacutetica no sentido de apetrfeiccediloar a proteccedilatildeo do consumidor contra cobranccedilas irregulares a proacutepria ratio que levu em uacuteltima instacircncia agrave intervenccedilatildeo do legislador

Aleacutem disso o paraacutegrafo uacutenico sob anaacutelise eacute norma complementar ao caput do art 42 - e ningueacutem diz ou defende que o caput rege apenas a cobranccedila judicial de deacutebitos de consumo

Exatamente por regrar no iter da cobranccedila estaacutegio diverso e anterior (mas nem porissmenosgravosoao consumidor) agravequele tratado pelo CC eacute que o CDC impotildee requisita inexistente na norma comum Note-se que ao reveacutes do que sucede com o regime civil haacute necessidade de que o consumidor tenha de fato pago indevidamente Natildeo basta a simples cobranccedila No art 940 eacute suficiente a simples demanda

Por tudo o que se disse cabe a aplicaccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico a toda e qualquer cobranccedila extrajudicial de divida de consumo Consequentemente a neshygativaccedilatildeo do nome do consumidor em SPC SERASA ou outro serviccedilo de proteccedilatildeo ao creacutedlito enseja ao devedor cobrado ilegalmente pleitear a multa civil no dobro do

valor indevido ser inclusatildeo sem justa honra pessoal e reI

A incerteza qu ato iliacutecito de cobran ramente apareccedilam

37 O pressupos

Sabemos o C consumo Aiacute estaacute ( lado um forneced( lei especial os atos I

Daiacute que a sanccedil isto eacute agravequelas oriu pode ser de compra

Fundando-se com seu art 940 eacute a diacutevidas decorrentl

38 A suficiecircncia

Se o engano eacute j

No Coacutedigo Ch cial tanto a maacute-feacute Ct

agrave puniccedilatildeo

O engano eacutejm Eacute aquele que natildeo o -credor manifesta-s

A propoacutesito as 42 paraacutegrafo uacute que o Tribunal tiacutetulo de tarifa I duta da SABES subjudice ao f aplique a regra engano na cob ou culpa na co das premissas [ incorreu em en 5 In casu cabe (REsp 107906 davia emjulga do engano jw

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 25: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

corrente para outra suportado pela

lonltelro)

liestiIIa-~e somente agraves a atuaccedilatildeo judicial

nos termos do art

agravequelas cobranccedilas Inlnncl~~ accedilatildeo visando

natildeo mais eacute aplicaacutevel

a cobranccedila eacute judicial injustificadamente

Usa-se aqui o verbo tonseguLnt~e a sanccedilatildeo

ou indiretamente)

ll11i1eUrleIlluumlU ao caput do a cobranccedila judicial de

e anterior (mas nem CC eacute que o CDC impotildee

do que sucede com o

_ v uacutenico a toda e Igtnsecluentemfnt1e a neshy

serviccedilo de proteccedilatildeo multa civil no dobro do

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 289

valor indevido sem prejuiacutezo de perdas e danos de cunho moral decorrentes da sua inclusatildeo sem justa causa no rol dos devedores praacutetica que sem duacutevida ofende sua honra pessoal e reputaccedilatildeo de consumo (Capiacutetulo X)

A incerteza que reina na jurisprudecircncia nesse ponto decorre da confusatildeo entre ato iliacutecito de cobranccedila e ato iliacutecito de negativaccedilatildeo Embora as duas situaccedilotildees costumeishyramente apareccedilam como irmatildes siamesas nem sempre eacute assim

37 O pressuposto da qualidade de consumo da diacutevida cobrada

Sabemos o Coacutedigo de Defesa do Consumidor soacute regra relaccedilotildees juriacutedicas de consumo Aiacute estaacute o seu objeto os chamados atos mistos que apresentam de um lado um fornecedor e do outro um consumidor Satildeo excluiacutedos do regramento da lei especial os atos estritamente comerciais e os civis

Daiacuteque a sanccedilatildeo do art 42 paraacutegrafo uacutenico soacute se aplica agraves diacutevidas de consumo isto eacute agravequelas oriundas de uma relaccedilatildeo de consumo de regra um contrato E este pode ser de compra e venda de locaccedilatildeo de leasing etc

Fundando-se a cobranccedila extrajudicial em deacutebito de consumo o Coacutedigo Civil com seu art 940 eacute afastado pelo regime especial mantendo-se contudo aplicaacutevel a diacutevidas decorrentes de outros fatos ou atos que natildeo os de consumo

38 A suficiecircncia de culpa para aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo

Se o engano eacute justificaacutevel natildeo cabe a repeticcedilatildeo

No Coacutedigo Civil soacute a maacute-feacute permite a aplicaccedilatildeo da sanccedilatildeo Na legislaccedilatildeo espeshycial tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensejo agrave puniccedilatildeo

O engano eacute justificaacutevel exatamente quando natildeo decorre de dolo ou de culpa Eacute aquele que natildeo obstante todas as cautelas razoaacuteveis exercidas pelo fornecedorshy-credor manifesta-se

A propoacutesito assim jaacutese posicionou o ST] Consumidor - Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC- Engano justificaacutevel- Natildeo configuraccedilatildeo L Hipoacutetese em que o Tribunal de origem afastou a repeticcedilatildeo dos valores cobrados indevidamente a tiacutetulo de tarifa de aacutegua e esgoto por considerar que natildeo se configurou a maacute-feacute na conshyduta da SABESp ora recorrida 2 A recorrente visa agrave restituiccedilatildeo em dobro da quantia subjudice ao fundamento de que basta a verificaccedilatildeo de culpa na hipoacutetese para que se aplique a regra do art 42 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo de Defesa do Consumidor 3 O engano na cobranccedila indevida soacute eacute justificaacutevel quando natildeo decorrer de dolo (maacute-feacute) ou culpa na conduta do fornecedor do serviccedilo Precedente do ST] 4 Dessume-se das premissas faacuteticas do acoacuterdatildeo recorrido que a concessionaacuteria agiu com culpa pois incorreu em erro no cadastramento das unidades submetidas ao regime de economias 5 In casu cabe a restituiccedilatildeo em dobro do indeacutebito cobrado apoacutes a vigecircncia do CDC (REsp 1079064-Sp reI Min Herman Benjaminj 02042009 DJe 20042009) Toshydavia em julgados mais recentes a orientaccedilatildeo da Corte eacute no sentido de que a anaacutelise do engano justificaacutevel implica de regra reexame de prova (Suacutemula 07 do STj)

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 26: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

290 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Como exemplo Consumidor Repeticcedilatildeo de indeacutebito - Energia eleacutetrica - Art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDC - Ausecircncia de culpa ou maacute-feacute da concessionaacuteria - Engano justificaacutevel-Devoluccedilatildeo em dobro -Impossibilidade 1 O ST] firmou a orientaccedilatildeo de que tanto a maacute-feacute como a culpa (imprudecircncia negligecircncia e imperiacutecia) datildeo ensej o agrave puniccedilatildeo do fornecedor do produto na restituiccedilatildeo em dobro 2 O Tribunal a quo ao apreciar o conjunto faacutetico-probatoacuterio entendeu pela ausecircncia de maacute-feacute da Enersul por considerar que a cobranccedila indevida decorreu do laudo elaborado pela empresa Advanced razatildeo pela qual determinou a restituiccedilatildeo de forma simples do valor averishyguado como indevidamente pago pela recorrente 3 Caracteriza-se o engano justishyficaacutevel na espeacutecie notadamente porque a Corte de origem natildeo constatou a presenccedila de culpa ou maacute-feacute devendo-se afastar a repeticcedilatildeo em dobro 4 Ademais modificar o entendimento consolidado no acoacuterdatildeo recorrido implica reexame de fatos e provas obstado pelo teor da Suacutemula 71ST] (REsp 1250553-MS reI Min Herman Benjamin j 07062011 DJe 15062011) A prova dajustificabilidadedo engano na medida em que eacute mateacuteria de defesa compete ao fornecedor O consumidor ao reclamar o que pagou a mais e o valor da sanccedilatildeo prova apenas que o seu pagamento foi indevido e teve por base uma cobranccedila desacertada do credor

Exemplo tiacutepico de natildeo justificabilidade do engano eacute o que ocorre com as coshybranccedilas por computador A automaccedilatildeo das cobranccedilas natildeo pode levar o consumidor a sofrer prejuiacutezos Mais ainda quando se sabe que na sociedade de consumo o consumidor em decorrecircncia da facilidade de creacutedito natildeo tem um uacutenico deacutebito a pagar e a controlar E isso dificulta sua verificaccedilatildeo riacutegida Assim os erros atribuiacutedos ao manuseio pessoal do computador satildeo imputaacuteveis ao fornecedor Consideram-se injustificaacuteveis pois lhe cabe o dever de conferir todas as suas cobranccedilas em especial aquelas computadorizadas

De outro modo eacute justificaacutevel o engano quando decorrente de viacuterus no proshygrama do computador de mau funcionamento da maacutequina de demora do correio na entrega de retificaccedilatildeo da cobranccedila original

Natildeo eacute engano justificaacutevel o erro de caacutelculo elaborado porempregadodo fornecedor Eacutehipoacutetese bastante comumnos contratos imobiliaacuterios particularmente nas aquisiccedilotildees da casa proacutepria onde as variaacuteveis satildeo muacuteltiplas e as bases de caacutelculo tecircm enorme comshyplexidade Como a maioria dos consumidores de regra em tais casos natildeo descobre o equiacutevoco haacute sempre um enriquecimento imerecido por parte do fornecedor

Eacutedespiciendo dizer que em todos esses casos de cobranccedila indevida eacuteadmissiacutevel a class action (accedilatildeo coletiva para a defesa de interesses individuais homogecircneos) dos arts 91 a 100 (Capiacutetulo XIV)

39 Cobranccedila indevida por uso de claacuteusulas ou criteacuterios abusivos

Muitas vezes a cobranccedila indevida natildeo decorre de erro de caacutelculo stricto sensu mas da adoccedilatildeo pelo credor de criteacuterios de Caacutelculo e claacuteusulas contratuais financeiras natildeo conformes com o sistema legal de proteccedilatildeo do consumidor

ITal se daacute por exemplo quando o fornecedor utiliza claacuteusula contratual abusiva assim considerada pela lei ou por decisatildeo judicial Nesse sentido jaacute se manifestou o ST] pela

voz do Min Aldil em virtude de cl injustificado do ( ]r) No mesmo razatildeo de claacuteusuh aquisiccedilatildeo de veiacutec j 15042003 Mi

Igual eacutea situaccedilatildeo dos por lei proacutepria satilde tais contrataccedilotildees as ir uma seacuterie de despesa consumidor (locataacuteril permitidos aplica-se iI contravenccedilotildees penais

40 Os juros e a COI

Ao contraacuterio do ( a atualizaccedilatildeo monetaacuteri determina-se o pagam

Claro estaacute que aI indevidamente e dos j no dispositivo - faz ju regra geral do art 6deg

41 O valor da san~

A sanccedilatildeo nem ser ser que este por inteIacuteI

O mais comum e devido acoplado a algo da sanccedilatildeo (o seu dobn

Praacutetica abusiva 7 desl

Relaccedilatildeo de praacuteticas at

PRAacuteTICAS ABUSIVAS Pro

(MOMENTO) Cor

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 27: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

PRAacuteTICAS ABUSIVAS I 291

o engano justishyconstatou a presenccedila Ademais modificar o

lUme ae fatos e provas Herman Benjamin

I elnlSnO na medida em ao reclamar o que

ltamento foi indevido e

de consumo o um uacutenico deacutebito a os erros atribuiacutedos

Consideram-se tgt1l~ratlccedilas em especial

voz do Min Aldir Passarinho 1r Admite-se a repeticcedilatildeo do indeacutebito de valores pagos em virtude de claacuteusulas ilegais em razatildeo do princiacutepio que veda o enriquecimento injustificado do credor (STl REsp 453 782-RSj 15102002 Min Aldir Passarinho lr) No mesmo sentido Deve ser restituiacuteda em dobro a quantia cobrada a mais em razatildeo de claacuteusulas contratuais nulas constantes de contrato de financiamento para aquisiccedilatildeo de veiacuteculo com garantia de alienaccedilatildeo fiduciaacuteria (STl REsp 328338-MG j 15042003 Min Ruy Rosado de Aguiar)

Igual eacute a situaccedilatildeo nos contratos de locaccedilatildeo residencial que embora administrashydos por lei proacutepria satildeo inegavelmente contratos de consumo (art 7deg caput) Em tais contrataccedilotildees as imobiliaacuterias muitas vezes agrave revelia do proacuteprio locador cobram uma seacuterie de despesas indevidas E uma vez que o fornecedor (locador) cobre do consumidor (locataacuterio) por exemplo quantia ou valor aleacutem do aluguel e encargos permitidos aplica-se integralmente o art 42 paraacutegrafo uacutenico do CDe Isso aleacutem das contravenccedilotildees penais previstas no art 43 da Lei 8245199l

40 Os juros e a correccedilatildeo monetaacuteria

Ao contraacuterio do Coacutedigo Civil o art 42 paraacutegrafo uacutenico prevecirc expressamente a atualizaccedilatildeo monetaacuteria do valor pago indevidamente (eda proacutepria sanccedilatildeo) Tambeacutem determina-se o pagamento de juros legais

Claro estaacute que aleacutem da sanccedilatildeo propriamente dita da restituiccedilatildeo do que pagou indevidamente e dos juros legais o consumidor embora natildeo dito expressamente no dispositivo - faz jus a perdas e danos desde que comprovados novamente a regra geral do art 6deg VIL

41 O valor da sanccedilatildeo

A sanccedilatildeo nem sempre tomaraacute por paracircmetro o valor daquilo que foi pago a natildeo ser que este por inteiro seja indevido

O mais comum em tais casos eacute o consumidor pagar a um soacute tempo algo que eacute devido acoplado a algo que natildeo O eacute Soacute sobre este uacuteltimo eacute calculado entatildeo o quantum da sanccedilatildeo (o seu dobro) bem como os juros legais e correccedilatildeo monetaacuteria

QUADRO SINOacuteTICO

Praacutetica abusiva ~ desconformidade com padrotildees mercadoloacutegicos de boa conduta

Relaccedilatildeo de praacuteticas abusivas (art 39) ~ rol exemplificativo

PRAacuteTICAS ABUSIVAS 1Produtivas (MOMENTO) Comerciais

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute

Page 28: IX. Práticas Abusivas - core.ac.uk · Não poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O . mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações

292 I MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Preacute-contratuais PRAacuteTICAS ABUSIVAS Contratuais (ASPECTO JURrDICO-CONTRATUAl) P

os-contratuais1 Necessidade e requisitos do orccedilamento 7 art 40

Cobranccedila abusiva de diacutevida 7 art 42 caput

AmeaccedilaPROIBiCcedilOtildeES ABSOlUTAS Coaccedilatildeo(COBRANCcedilA DE DIVIDA) 1Emprego de afirmaccedilotildees falsas incorretas enganosas

PROIBiCcedilOtildeES RELATIVAS J (

Exposiccedilatildeo do consumidor ao ridiacuteculo (COBRANCcedilA DE DIVIDA) [Interferecircncia no trabalho descanso ou lazer

Devoluccedilatildeo em dobro 7 art 42 paraacutegrafo uacutenico

BIBLIOGRAFIA

BAUMANN Denise Droit de la consommation Paris Ubrairies Techniques [sd] BENJAMIN Antocircnio Herman de V et aI Coacutedigo Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto 9 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 2007 CALAIS-AULOY Jean Droitde la consommation 2 ed Paris Dalloz 1985 CARshyPENA Heloiacutesa Abuso do direito nos contratos de consumo Rio de Janeiro Renovar 2001 CAS Gerard FERIER Didier Traiteacute de droit de la consummation Paris Presses Universitaires de France 1986 CRANSTON Ross Consumers and the law London Weindnfeld amp Nicolson 1984 DAVILA Thomaz Marcello A normalizaccedilatildeo teacutecnica e o direito Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de NormasT eacutecnicas 1990 ESPTEIN David G NICKLES Steve H Consumer law in a nutshell St Paul West Publishing 1981 MONTEIRO Washington de Barros Curso de direito civil Satildeo Paulo Saraiva 1977 v 5 PEDROSO L A Palhano Normalizaccedilatildeo brasileira e a ABNT Anais do Congresso Internacional de Normalizaccedilatildeo e Qualidade Rio de Janeiro ABNT 1990 STIGUTZ Gabriel A Proteccioacuten jurfdica deI consumidor Buenos Aires Depalma 1990

X Bancos de Con~

SUMAacuteRIO 1 Ir sumo-3 Ba maccedilotildees-51 -7 Relevacircn( controle am dos pessoaismiddot Modelos eUfI do Coacutedigo de - 16 SanccedilOtildeeuro materiais - 21 bancodedac das informaccedil ensatildeo 26 I excessivaevi favor do con Direito agrave retifi Prazo e contE limiacutetestemp( prescricional

1 Introduccedilatildeo

Basicamente sumidor disciplino todo consumidor

Embora pem dinamicidade da e evidente preocup_ os arquivos de cor

degenfoque d (SPC Serasa CCF despertado maior do consumidor e

Em 9 dejunh Lei do Cadastro P plinar o tralamenl para possibilitar r diaacutelogo com o Coacute