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IX Fórum UNGASS AIDS Brasil “Desafios para Construção dos Novos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável do Milênio” (Agenda Pós 2015) – 01 a 03 de Setembro de 2014 – Recife/PE ECOS DE MELBOURNE IMPRESSÕES SOBRE A XX CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE AIDS Liandro Lindner Faculdade de Saúde Pública da USP

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Page 1: IX Fórum UNGASS AIDS Brasil “Desafios para Construção dos Novos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável do Milênio” (Agenda Pós 2015) – 01 a 03 de Setembro

IX Fórum UNGASS AIDS Brasil“Desafios para Construção dos Novos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável do Milênio”(Agenda Pós 2015) – 01 a 03 de Setembro de 2014 – Recife/PE

ECOS DE MELBOURNEIMPRESSÕES SOBRE A XX CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE AIDS

Liandro LindnerFaculdade de Saúde Pública da USP

 

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Modelos de militância e ativismo

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Manda quem tem a grana

PepfarFundo Global

Política InternacionalPop maior = + consumoEpidemia “controlada”

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Remédios a vista•O caminho medicamentoso é o que mais se vislumbra num futuro próximo como enfrentamento à Aids. A tendência de se entender como prevenção atividades de uso contínuo de medicamentos cresce e se apresenta como alternativa viável para conter novos casos. Os que defendem este ponto de vista alertam que tal medida democratizaria o acesso a medicamentos que hoje estão restritos a quem consegue comprá-los e que seriam um elemento a mais no “cardápio das opções” de insumos de prevenção. Do outro lado os críticos destacam que os efeitos colaterais do uso destes medicamentos, em largo espaço de tempo, podem prejudicar mais o organismo além de transmitirem uma sensação falsa de “liberalidade” que o uso das pílulas pode passar.

•POPULAÇÕES CHAVES

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A tal “falência” do preservativo parece ser um argumento pouco consistente pra justificar a medicamentalização da prevenção, o que sem dúvida seria um caminho mais fácil visto que mergulhar na realidade das populações mais atingidas (agora chamadas de populações-chave) entendendo seu funcionamento, seus limites e seus vácuos entre a informação e a prática, exige tempo, recursos e vontade política.

OUTRAS VOZES Os ativistas consideram que a recomendação da OMS deve ser interpretada com cuidado. A realidade da epidemia, dos sistemas de saúde, o preço e os fatores estruturais afetando as populações mais vulneráveis podem definir a implementação da estratégia, de inegável eficácia. Assim como a conferência, o debate sobre PrEP está só começando. Sinalizaram o futuro da discussão com a frase: “a única medida que funciona para prevenir o HIV é: tudo junto” ( Fórum HSH prévio)

“Apresentação após apresentação essa conferência destacou como ações e programas precisam ser adaptados local, contextual e historicamente. Precisamos entender melhor nossa epidemia local e específica. Em todos os países.” ( Relatório Vera Paiva Track B Ciências Sociais)

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Jovens do mundo: novo alvo•A AIDS é a principal causa de morte de adolescentes na África, assim como a segunda principal causa mundialmente entre indivíduos de 15 a 19 anos.

•A mortalidade relacionada ao HIV está diminuindo em todos os outros grupos etários, mas foi relatada com um crescimento de 50% entre os adolescentes. Por volta de dois terços dessas novas infecções entre adolescentes são em garotas.

•Várias sessões reuniram jovens e líderes de governo e pesquisa. Jovens vivendo com HIV se pronunciaram veemente durante as discussões da Temática D advogando por sua participação efetiva (não simbólica) como parte da solução. ( Relatório Vera Paiva Track B Ciências Sociais)

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A África é o caminho•Ficou evidente que as ações e financiamentos visando o controle da Aids no âmbito mundial terão como foco o continente africano nos próximos anos, ou décadas. Beirando os 70% de casos do mundo, esta região chama a atenção e exige respostas mais urgentes, apesar dos vários anos de grandes investimentos desaguados por lá. Das 33,5 milhões de pessoas que vivem com Aids no mundo, mais de 20 milhões estão ali. Em todo o planeta apenas pouco mais de 10 milhões estão em tratamento, sendo o grande vácuo nos países africanos, na Ásia e na America Latina e Caribe (sendo este continente totalmente esquecido dos debates da conferência). O Brasil está parece estar fora do mapa de recepção de recursos internacionais e várias agências e organizações com representação no país fecham suas portas e migram para o outro lado do oceano.

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Ciências Sociais não vieram•Outro ponto de destaque, no meu entender, foi a ausência de debates que fossem além da ciência básica, avançassem para os pontos de vista sociais e tentassem entender o andamento da epidemia em populações e regiões. As sessões plenárias- espaço mais nobre da conferência, ocorrem sempre no início dos dias, em grandes auditórios reunindo mais de duas mil pessoas e sendo transmitidas em telões, que dão o tom da discussão que se desdobra na programação diária. Na grande maioria delas o que se notou foram apresentação de dados, evolução de pesquisas, constatações parciais e algumas óbvias (“ao final concluímos que é preciso incrementar ações para ampliar a adesão ao tratamento”).•Por parte da sociedade civil se viu depoimentos muito ricos, emocionados, de superação e de força num trabalho difícil.

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Redução de Danos até ali•Talvez tenha sido a conferência em que o tema esteve mais presente, embora parcializado. A grande referência ao uso de drogas no cenário internacional ainda é o uso injetável. O uso deopiáceos (derivados do ópio, como heroína ou morfina) nos países da Ásia e Leste Europeu é muito grande gerando quadros dramáticos como o caso da Coréia do Norte com elevados registros de overdoses e mortes por ano. Na Austrália o uso que mais cresce é de comprimidos de oxicodona, um opiáceo comercial traficado a partir de prescrições médicas a pacientes com dor crônica. Os recursos, no entanto, destinados a estas ações são muito enxutos e insuficientes para ampliar o acesso a usuários e minimizar os danos em relação a Aids, hepatites e outras doenças.•Realidades envolvendo a Aids e drogas mais próximas das vividas no Brasil não apareceram em Melbourne. Pouco se falou em maconha, quase nada em crack e o álcool – a principal droga causadora de danos ao organismo e custos ao sistema de saúde nacional - não recebeu qualquer referência nos cinco dias da conferência. O imaginário social de que Redução de Danos está somente ligada a drogas injetáveis passa as fronteiras do Brasil e atinge níveis internacionais. Falar de técnicas de minimização de prejuízos com outras drogas soou como novidade para grande parte dos delegados da conferência.

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Cada um no seu quadrado• Finalmente chamou a atenção o crescimento de outros temas relacionados à Aids que tiveram relevância, do meu ponto de vista, maior que em outros encontros deste vulto. Com o crescimento dos índices de infecção entre mulheres africanas e asiáticas, e a prática cultural local de se ter vários filhos, o debate sobre tratamento infantil ampliou seu espaço. Também cresceu a dimensão das discussões envolvendo a população trans, e o mote dos debates ia além de questões de saúde, abordando direitos humanos, protagonismo e participação nas decisões. Houve um generoso espaço para debates envolvendo Aids e Tuberculose, doença que mais mata pessoas soropositivas no mundo e afeta uma em cada cinco pessoas que vivem com Aids no planeta. Num conjunto de estandes foram realizadas discussões interessantes que iam à busca de soluções para detecção, tratamento e adesão e aprofundavam a necessidade do andamento conjunto de questões sociais e sanitárias para busca de soluções.

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Obrigado !