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IVECO SUPERAV 8x8 e GUARANI 6x6 DOIS PROJETOS ITALIANOS A IVECO DEFENCE VEHICLES desenvolveu há algum tempo, o projeto para uma nova geração de veículos blindados anfíbios, conhecidos pelas siglas SAT e SUPERAV, que formam uma família, sendo o primeiro um 6x6 e o segundo um 8x8, os quais farão parte da família de veículos leves blindados, com peso inicialmente previsto entre 16 a 25 toneladas, como resposta às crescentes necessidades dos conflitos atuais para o transporte de tropas, com capacidade aerotransportável, além de poder operar em operações anfíbias, onde poderá empregar uma gama variada de armamentos dos calibres de 30 a 105 mm, dependendo da versão e com vistas à exportação. A versão SUPERAV 8x8 foi oficialmente apresentada na última edição da feira EUROSATORY 2010, ocorrida em Paris no período de 14 a 18 de junho pp., cercado de grande proteção, onde o protótipo se encontrava exposto no stand da IVECO, evitando-se ao máximo que se fizessem fotos próximas ao veículo e impediam as de seu interior, visto que o mesmo se encontrava com a única porta traseira totalmente aberta, inclusive usando seguranças da própria empresa e até mesmo alguns militares fardados para cumprirem esta função. Vista frontal e lateral do protótipo do SUPERAV 8x8 apresentado pela IVECO na Eurosatory 2010, em Paris. (Fotos: autor)

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IVECO SUPERAV 8x8 e GUARANI 6x6

DOIS PROJETOS ITALIANOS

A IVECO DEFENCE VEHICLES desenvolveu há algum tempo, o projeto para uma nova geração de veículos blindados anfíbios, conhecidos pelas siglas SAT e SUPERAV, que formam uma família, sendo o primeiro um 6x6 e o segundo um 8x8, os quais farão parte da família de veículos leves blindados, com peso inicialmente previsto entre 16 a 25 toneladas, como resposta às crescentes necessidades dos conflitos atuais para o transporte de tropas, com capacidade aerotransportável, além de poder operar em operações anfíbias, onde poderá empregar uma gama variada de armamentos dos calibres de 30 a 105 mm, dependendo da versão e com vistas à exportação. A versão SUPERAV 8x8 foi oficialmente apresentada na última edição da feira EUROSATORY 2010, ocorrida em Paris no período de 14 a 18 de junho pp., cercado de grande proteção, onde o protótipo se encontrava exposto no stand da IVECO, evitando-se ao máximo que se fizessem fotos próximas ao veículo e impediam as de seu interior, visto que o mesmo se encontrava com a única porta traseira totalmente aberta, inclusive usando seguranças da própria empresa e até mesmo alguns militares fardados para cumprirem esta função.

Vista frontal e lateral do protótipo do SUPERAV 8x8 apresentado pela IVECO na Eurosatory

2010, em Paris. (Fotos: autor)

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Vista traseira e detalhe do interior do SUPERAV 8x8, onde serão transportados os soldados. Notar

os propulsores traseiros e a porta hidráulica em forma de rampa. (Fotos: autor)

No interior do stand, em uma vitrine, exibia-se a maquete em escala reduzida da versão 6x6, do GUARANI, nas cores do Exército Brasileiro, inclusive tendo ao fundo um painel com o seu símbolo e os dizeres “EXÉRCITO BRASILEIRO - Braço Forte, Mão Amiga” que também estava restrito a fotos, e mostrava a futura versão que está sendo desenvolvida pela Iveco Defence Brasil em Sete Lagoas, MG, onde está prevista a construção do protótipo e das dezesseis pré-série que deverão ser testadas, e se aprovadas, existe a possibilidade de se produzir dois mil e quarenta e quatro exemplares até 2030, para mobiliarem as diversas unidades do exército, com diversas versões previstas que vão desde um 6x6 transporte de tropas a um 8x8 com torre e canhão de 105mm. A maquete em questão difere um pouco da do “mock-up” que foi apresentado em abril de 2009 na LAAD, no Rio de Janeiro, o qual foi construído na Itália, montado no Brasil e apresentado oficialmente naquele evento.

Maquete do GUARANI 6x6 VBTP-MR apresentada na Eurosatoty 2010. (Fotos: autor)

“Mock-up” do VBTP-MR, então URUTU III apresentado na LAAD 2009. (Fotos: Roberto

Bertazzo)

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Os catálogos disponíveis naquela feira mostram as duas versões, bem como uma outra 8x8 denominada de APC-W, com blindagem adicional e previsão para várias opções, de versões e armamentos. Percebe-se que todo o projeto já existia antes da concorrência ocorrida no Brasil, em 2007, vencida pela Fiat e mais tarde ficou a cargo da recém criada Iveco Defence Brasil, A versão 6x6 SAT se transformou no futuro GUARANI, o qual também já foi chamado de URUTU III, muito embora existam diversas diferenças entre as versões previstas para o Exército Italiano e o Brasileiro, ele é um produto italiano e está sendo adaptado para o que aqui é chamado de Veículo Blindado de Transporte de Pessoal – Médio sobre Rodas (VBTP-MR).

Capa dos catálogos da família SUPERAV 8x8 e SAT 6x6 (Guarani) distribuídos na Eurosatory

2010. (Coleção autor)

O projeto é muito interessante, mas vejo com preocupação como será está tão propalada transferência de tecnologia, até porque no contrato o exército é o dono do projeto. Mas até que ponto teremos capacidade em absorvê-la, recursos para mantê-la e qual será o grau de dependência em relação a seus componentes, visto que a maioria é de fora, e como será por exemplo a manutenção, até que nível, isto sem falar em outros itens vitais que compõem um veículo tão complexo como este, e com longa duração de uso, visto que nossa experiência se resume aos que aqui foram localmente projetados e produzidos nas décadas de 1970 e 1980 e que ainda permanecerão em uso por muitos anos, em razão de ser um projeto nacional do qual dominamos praticamente 100%, muito embora sejam de uma geração bem aquém deste, mas é a nossa realidade.

É bom lembrar que com relação a carros de combate, a experiência não tem sido das melhores, basta ver o que estamos desativando desde as compras ocorridas a partir de 1996 (128 Leopard 1 A1 e 59 M-60 A3 TTS) e os contratos de aquisição de modelos mais novos (250 Leopard 1 A5 e família) prevêem manutenção de até terceiro escalão, daí para frente a dependência é total, muito embora tivéssemos projetos nacionais superiores a estes.

Será que não estamos cometendo o mesmo erro em relação à fabricação de

helicópteros, onde passados trinta e dois anos estamos apenas montando alguns modelos e não absorvemos tecnologia suficiente para a partir daí, desenvolvermos um de projeto nacional, como o fez a Índia e a China, sonho este que está sendo tentado desde a década de 1950, e cuja previsão agora é para a partir de 2020.