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ORDEM CARMELITA DESCALÇA SECULAR PROVÍNCIA NOSSA SENHORA DO CARMO VOLUME 1: ANO MARIANO COMUNIDADE SANTA TERESA CURITIBA – PARANÁ - BRASIL

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ORDEM CARMELITA DESCALÇA SECULAR

PROVÍNCIA NOSSA SENHORA DO CARMO

VOLUME 1: ANO MARIANO

COMUNIDADE SANTA TERESA

CURITIBA – PARANÁ - BRASIL

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“Procurava solidão para rezar as minhas

devoções,

que eram muitas, em especial o Rosário,

do qual a minha mãe era muito devota

e assim nos fazia ser.”

(Santa Madre Teresa de Jesus, Livro da Vida)

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ORAÇÃO INICIAL

“O exame de consciência,

dizer a confissão e fazer o sinal da cruz,

já se sabe que será a primeira coisa.

Procurai logo, filhas, pois estais sós, arranjar companhia.

E que melhor que a do mesmo Mestre que ensinou a oração que ides rezar?

Representai-vos o mesmo Senhor junto de vós

e vede com que amor e humildade Ele vos está ensinando.

E crede-me, enquanto puderdes, não estejais sem tão bom Amigo.

Se vos acostumardes a trazê-lo junto a vós e Ele vir que o fazeis com amor e andais

procurando contentá-lo,

não podereis afastá-lo de vós; nunca vos faltará;

Ele ajudará em todos os vossos trabalhos; poderei encontrá-lo em toda a parte;

e pensais que é pouco ter um tal Amigo a vosso lado?

...Quem vos impede de voltar os olhos da alma,

mesmo que seja por um instante,

para este Senhor?”

(Santa Madre Teresa de Jesus, Caminho de Perfeição)

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Vossa sou, para vós nasci, que mandais fazer de mim?

Santa Teresa define santidade como o cumprimento da vontade de Deus nas nossas vidas.

Quanto mais conhecermos e atendermos ao plano que Deus tem para nós, mais santos seremos.

Quando essas vontades forem as mesmas, se romperá “a tela do doce encontro”, teremos

cumprido nossa missão.

Entender o que Deus nos pede, contudo, pode não ser uma tarefa fácil. Muitas vezes

sequer nos colocamos na sua presença. Em outras, não somos capazes de reconhecer e

entender o que Ele planeja para nós. E existe ainda a possibilidade de não termos a coragem

necessária de atender ao seu chamado, pois isso pode envolver algum grau de renúncia às

nossas próprias vontades.

Para auxiliar nesse momento de reflexão, em que vamos meditar a partir do segundo

trecho da frase que é o tema do nosso retiro, “que mandais fazer de mim”, abaixo colocamos

alguns trechos desta poesia de Santa Teresa.

Vossa sou, pois me criastes,

Vossa, pois me remistes,

Vossa, pois me atraístes

E porque me suportastes,

Vossa, porque me esperastes

E me salvastes, por fim:

Que mandais fazer de mim?

Que mandais, pois, bom Senhor,

Que faça tão vil criado?

Qual o ofício que haveis dado

A este escravo e pecador?

Amor doce, doce Amor,

Vede-me aqui, fraca e ruim:

Que mandais fazer de mim?

Eis aqui meu coração:

Deponho-o na vossa palma;

Minhas entranhas, minha alma,

Meu corpo, vida e afeição,

Dose Esposo e Redenção,

A vós entregar-me vim:

Que mandais fazer de mim?

Se me quereis descansando,

Por amor o quero estar;

Se me mandais trabalhar,

Morrer quero trabalhando.

Dizei: onde? Como? E quando?

Dizei, doce Amor, por fim:

Que mandais fazer de mim?

.

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INTRODUÇÃO

“Começamos agora, procuremos ir de bem a melhor”

(Santa Teresa de Jesus)

Queridas irmãs e irmãos que iniciam sua formação no Carmelo Descalço Secular, hoje em

dia, mais do que nunca, nosso carisma possui uma atualidade importantíssima, principalmente

para o estado laical. Parafraseando Santa Teresa podemos dizer: “São urgentes testemunhas da

experiência de Deus”. Como carmelitas seculares somos chamados a ser testemunhas de que

Deus pode realizar sua obra no ser humano quando nos abrimos à sua ação que nos recria e

possibilita alcançar a autêntica realização.

Convencidos de que Deus continua suscitando novas vocações ao Carmelo Secular,

entregamos este caderno de formação, esperando que seja uma ferramenta em seu processo de

discernimento para este estilo de vida no Carmelo Teresiano.

Com este primeiro ano de formação, pretendemos “ajudar a desenvolver no Carmelita

Secular uma maturidade humana, cristã e espiritual para o serviço da Igreja” (Constituições OCDS

nº 34).

Para cada tema elaboramos uma “Ficha” que pretende ser um roteiro para que cada

comunidade possa desenvolver a formação. Cada ficha é composta de quatro partes:

- Uma dinâmica, que tem um duplo objetivo: primeiro introduzir o tema e segundo fomentar

a fraternidade através da recreação, elemento muito teresiano.

- O desenvolvimento do tema nos ajuda a desenvolver o aspecto acadêmico da formação

de um Carmelita Teresiano para “poder dar razão à nossa esperança” (I Pe 3,15). Esta base

intelectual é o início de uma atitude de abertura ao estudo que o conduz a aprofundar o interesse

pela Sagrada Escritura, pela teologia, pelos documentos da Igreja e pela doutrina dos nossos

Santos.

- A oração, que por um lado nos ajuda a interiorizar o tema e por outro nos permite fomentar

de maneira assídua o trato de amizade, tanto de maneira individual como comunitária.

- Um espaço para a partilha, que tem como objetivo compartilhar como o tema ilumina a

vida pessoal. Além disso, para terminar cada unidade há uma oficina de oração e uma convivência

que nos ajuda a nos conhecer melhor e estreitar os laços que permitirão formar uma autêntica

comunidade.

Assim estamos trabalhando três pilares de nosso carisma: oração, fraternidade e formação.

Estes pilares nos preparam para a missão de sermos promotores de espiritualidade nas

realidades de que fazemos parte.

É importante esclarecer que este material é um roteiro, que não pretende ser um esquema

rígido a seguir. Cada comunidade é diferente e pode contribuir de maneira criativa para enriquecer

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o tema proposto. Confiamos que o Espírito Santo, que é o principal agente, guia e inspirador das

almas, lhes motive e enamore neste caminhar que agora iniciam e deem uma resposta generosa

ao chamado do Senhor.

ROTEIRO PARA O ANO INTRODUTÓRIO AO CARMELO SECULAR

Objetivo Geral: Oferecer um espaço de convivência e reflexão aos candidatos ao Carmelo

Secular, para introduzi-los no sentido de vida de comunidade e oração próprios do Carmelo

Teresiano.

Objetivos Específicos: - Trabalhar o aspecto humano

- Introduzir na oração cristã,

- Apresentar Maria como modelo do seguimento de Jesus.

INTRODUÇÃO1. Apresentação da Formação no Carmelo Secular

UNIDADE 1: Maria a primeira discípula de Jesus

Objetivo: Apresentar a figura de Maria como modelo de seguimento a Cristo.

Fichas formativas:

2 : Maria a primeira discípula de Jesus

3. Maria, mulher de oração

4. Nossa Mãe e Irmã: A Virgem do Carmo e A Virgem Maria em Santa Teresa de Jesus e

em São João da Cruz.

5. Oficina de oração (Rezar com o Magnificat)

UNIDADE 2: Através do caminho da oração

Objetivo: Introdução a oração cristã, tomando consciência da necessidade da oração para

alcançar nossa vocação.

6. Ouvintes da Palavra, A Lectio Divina

7. Orar com a Liturgia das Horas

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FICHA 1

APRESENTAÇÃO DA FORMAÇÃO NO CARMELO SECULAR

Este encontro tem objetivo de fazer uma apresentação da organização e processo de

formação no Carmelo Secular.

Aqui se fará uma apresentação da organização e plano de formação do Carmelo Secular

para que compreendam em que consiste e como será o processo.

. A Ordem no Brasil.

- Fazer um breve resumo de que a Ordem é composta por três ramos: Frades, Monjas e

Seculares.

- Explicar que a Ordem está presente em todo o mundo e que para uma melhor organização está

agrupada em províncias Nós pertencemos a Província do Sul do Brasil e se chama: Nossa

Senhora do Carmo.

A formação no Carmelo Secular:

Recordar que o Carmelo Secular é uma vocação, um chamado a viver o carisma da Ordem

nas realidades onde nos desenvolvemos. E por ser uma vocação necessitamos de um processo

formativo que nos ajude a discernir se somos chamados a esta vocação e se nos configuramos

com os elementos essenciais do carisma.

Para tanto temos um plano de formação inicial que dura cerca de cinco anos.

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Etapa Objetivo Duração

1ª Etapa Oferecer um período de

contato com a comunidade,

de tal maneira que o

candidato possa se

familiarizar mais com a

comunidade, com o estilo

de vida e com o serviço à

Igreja próprio da Ordem

Secular do Carmelo

Teresiano.

1 ano. Este período começa

com o retiro de iniciação.

2ª Etapa Orientar ao candidato para

as primeiras promessas de

viver o espírito dos

conselhos evangélicos e as

bem-aventuranças por um

período de três anos.

2 anos, que se inicia com a

petição de ingresso na

Ordem e a admissão na

mesma. Entrega-se o

Escapulário.

3ª Etapa Orientar o candidato para

as promessas definitivas de

viver os conselhos

evangélicos e as bem-

aventuranças por toda a

vida.

3 anos. Inicia com a

emissão das Primeiras

Promessas e conclui com

as Promessas Definitivas,

para toda a vida.

Durante o processo de formação temos uma instrução bíblica, teológica, espiritual,

doutrina dos santos da Ordem e preparação para apostolado da Ordem, de tal maneira

possamos atingir uma maturidade humana, cristã e espiritual para o serviço da Igreja.

Organização das comunidades do Carmelo Secular

O carmelita secular, diferente dos freis e monjas, não vive em comunidade, mas se

forma uma comunidade estreitando os laços de fraternidade de surgem ao compartilhar a

mesma vocação e sendo sinal de unidade em meio ao nosso mundo.

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Assim, uma comunidade do Carmelo Secular é formada por um grupo de irmãos e irmãs

que compartilham o carisma teresiano e vivem próximos de tal maneira que lhes permite

encontrar-se de maneira frequente para compartilhar a formação e estreitar os laços fraternos.

Cada comunidade elege um conselho, formado pelo presidente, três conselheiros e um

formador que se encarregam de dinamizar o caminhar da comunidade.

Para acolher novos membros ou formar novas comunidades seguiremos a dinâmica de

fichas de formação, outros encontros e retiros que marcam as etapas de pertença ao Carmelo

Secular.

A formação durante este ano:

O grupo se organizará de tal maneira que se eleja uma pessoa encarregada da formação.

Ele, com a ajuda do conselho, terá que organizar a maneira de repassar os temas, seja de

maneira individual ou no grupo.

Nosso grupo possui dois encontros mensais. Em um dia seguiremos o roteiro desta

apostila e no outro dia teremos a plenária de partilha na comunidade, na qual se tratam outros

temas que a comunidade considere oportuno para sua formação.

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UNIDADE 1: MARIA PRIMEIRA DISCÍPULA DE JESUS

FICHA 2

MARIA, PRIMEIRA DISCÍPULA DE JESUS

Dinâmica

Acróstico

- Objetivo: introduzir a ideia de Maria como discípula de Cristo.

- Desenvolvimento: Peça para cada participante escrever o nome de Maria em forma de

acróstico e anote ao lado de cada letra uma palavra que a descreva. Em seguida cada um

mencionará uma das características que escreveu e com a mesma letra escreverá uma

característica de um discípulo de Cristo, em seguida, comentar como viveu a Virgem Maria.

Desenvolvimento do temaIniciamos com esta ficha uma série de temas sobre a Virgem

Maria. Nossa Ordem e uma ordem mariana, a figura de Maria tem um

papel fundamental em nossa vocação: “No dinamismo interior do

seguimento de Jesus, o Carmelo contempla a Maria como Mãe e irmã,

como modelo perfeito do discípulo do Senhor, e, portanto, modelo para a

vida dos membros da Ordem” (Constituições OCDS nº 29). Assim, em

Maria temos o modelo que como carmelitas queremos alcançar, sendo

essa a importância destes temas.

Sem dúvida, a Virgem Maria ocupa um papel importantíssimo na

História da Salvação, com a abertura ao plano de Deus em sua vida. Sua figura também ocupa

um papel decisivo para a evangelização dos povos, nela nós cristãos vemos a Mãe do Senhor e

nossa Mãe que sai em nosso auxílio.

Sem embargo, há uma dimensão na figura de Maria da qual muito pouco se fala, é seu

caminhar na fé como primeira discípula e crente de Jesus. Ela é o modelo do seguimento de

Jesus e de docilidade aos caminhos de Deus. Portanto, é necessário redescobrir a Maria do

evangelho, a Maria de Nazaré.

É muito importante que conheçamos a espiritualidade de Maria para que sua imitação se

encaminhe, sobretudo, a sua peregrinação espiritual em sua fé, em sua obediência e caridade.

Maria, mãe e discípula de Jesus.

A espiritualidade mariana é fundamentalmente vida, resposta pessoal ao Espírito.

Muitas vezes se reduziu esta dimensão fazendo-a consistir especialmente en atos devocionais.

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Estes sempre serão expressão, celebração e relançamento em formas mais radicais e

comprometidas de resposta a Deus.

Maria na vida de Jesus: Maria foi escolhida para ser a Mãe de Jesus e a esse

chamado divino respondeu com total disponibilidade (Lc 1, 26-38). Jesus nasceu de Maria (Mt 1,

16), segundo a carne (Gal 4, 4). Sua ooncepção foi original, pois foi gerad, pela ação do Espíritu,

únicamente de Maria, embora José, então seu prometido, seja considerado como o pai de Jesus

(Mt 1, 25). Segundo o costume judeu foi circuncidado aos oito dias e se lhe deu o nome de Jesus

(Le 2,21). Da mesma maneira aos quarenta dias, como prescreve a Lei de Moisés (Lev 12), os

pais de Jesus o levarão ao Templo para apresenta-lo e consagrá-lo ao Senhor, dando como oferta

o que correspondia as pessoas com recursos menores (Lc 2, 22-24).

A infância de Jesus transcorre em Nazaré e dela nada nos reportam os evangelhos, pois

estes não são biografias de Jesus, mas sim narrações kerigmáticas sobre Jesus. De forma

sintética esse período foi resumido nesta frase: "O menino crescia e se fortalecia, se enchendo de

sabedoria, e a graça de Deus estava com ele " (Lc 2, 40). Os pais de Jesus costumavam ir todos

os anos para celebrar a Páscoa em Jerusalém. Em uma dessas ocasiões, quando Jesus tinha

doze anos, ficou no Templo sem que seus pais lhe permitissem. O episódio serve ao evangelista

para recordar a seus pais que Jesus deve "ocupar-se das coisas de seu Pai" (Lc 2, 49).

Durante a vida pública de Jesus, Maria aparece em poucas ocasiões. Uma delas é nas

bodas de Caná de Galiléia (Jo 2, 1,12). A passagem teve sucessivas reelaborações e parece que

em sentido primário era de um certo distanciamento de Jesus e sua parentela, como reporta

também o evangelho de Marcos (Mc 3, 31-35). O evangelho de João menciona a Maria ao pé da

cruz, nos momentos cruciais da morte de Jesus. Nesta ocasião Maria é dada como mãe ao

discípulo amado (Jo 19, 26-27).

A vida de Maria foi determinada a partir do momento da Anunciação. Esta se converteu no

centro vivo de sua existência, desapegando-se e abandonando-se cada vez mais. Nesta hora

começou sua relação com o Filho de Deus, feito carne em suas entranhas. Na convivência

posterior com seu Filho, Maria fez e sentudo tudo o que faz e sente uma mãe. Mas, por outro

lado, Jesus era Filho de Deus e transcendia, portanto, toda possibilidade de uma relação

meramente humana (2Co 5,6). Por isso, na relação com seu Filho, em meio a mais entranhável

confiança, houve sempre uma certa distancia, uma certa falta de compreensão, que também

relatam os evangelhos. Maria cresceu na fé, ou seja, na relação com seu Filho: "Eles não

compreenderam as palavras que Ele lhes disse" (Lc 2,50). Continuamente as palavras, ações e

gestos de Jesus, sua maneira de viver e atuar, vão mais além da compreensão de Maria.

Na vida de Jesus, seguramente Maria não havia reconhecido nele o Filho de Deus, no

sentido pleno da revelação cristã. Ele era Filho de Deus e como tal estava na vida dela e, passo a

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passo, ia ganhando força nela. Com respeito e confiança sobrelevou esse mistério palpável,

perseverou nele, avançou na fé, até chegar a altura de uma compreensão que só lhe foi

outorgada plenamente no Pentecostes, quando Ele não estava exteriormente ao seu lado.

Também para Maria valem as palavras de Jesus aos seus discípulos: "Convem que eu me vá,

porque se não for, não virá a vós o Paráclito... Quando Ele vier os guiará até a verdade completa "

(Jo 16,7.13). No Pentecostes se iluminariam as palavras e feitos de Jesus que havia "guardando

en seu coração".

O testemunho da Escritura nos mostra como Maria soube aceitar e viver sua relação com

Cristo na fé. Crendo em Cristo, entra na comunidade dos discípulos, unida a eles no seguimento

de Cristo, mais fiel que eles na hora da cruz, é testemunha com eles da experiência do Espírito

Santo. Maria aparece no evangelho "não como uma mãe ciosamente fechada sobre seu próprio

Filho divino, mas como uma mulher que com sua ação favoreceu a fé da comunidade apostólica

em Cristo (Jo 2,1-12) e cuja função maternal se dilatou assumindo no calvário dimensões

universais" (Marilis Cultus 37). Podemos dizer que "se por meio da fé Maria se converteu em mãe

do Filho que lhe foi dado pelo Pai com o poder do Espírito Santo, conservando íntegra sua

virgindade, na fé descobriu e acolheu outra dimensão da maternidade, revelada por Jesus

durante sua missão messiânica" (RM 20). A partir de sua concreta e intensa relação de mãe,

Maria foi avançando na fé até participar, com seu amor de mãe, na missão universal de seu Filho.

Maria na vida da Igreja primitiva: Podemos distinguir neste período dois

momentos ou etapas:

No período imediatamente posterior a morte de Jesus, o livro dos Atos dos Apóstolos

afirma que Maria se encontrava com o grupo dos 11 apóstolos: "Todos eles perseveravam na

oração, com um mesmo espírito, na companhia de algumas mulheres, de Maria, a Mãe de Jesus,

e de seus irmãos " (At 1, 14).

A etapa posterior reflete alguns anos mais tarde, nos quais Maria é vista como membro

exemplar e representativo para a comunidade cristã. Isto está particularmente relatado no

Evangelho de Lucas. Maria é a jovem que tem ouvido a voz de Deus, e que apesar das

dificuldades, quer seguir a vocação de ser Mãe de Jesus, que o anjo lhe anuncia (Lc 1, 38). Maria

é para a comunidade cristã a mulher crente, "bem aventurada és tu que acreditaste, pois em ti se

cumpriram as coisas que lhe foram ditas pela parte do Senhor" (Lc 1, 45). É a jovem que confiou

em Deus e por isso se "alegra em Deus seu salvador", que se fixou em sua pessoa simples e

humilde, verdadeira "pobre de Yahvéh" (Lc 1, 47).

O Evangelho nos indicou a opção fundamental da vida espiritual de Maria:

submergir-se cada vez mais na econômia pascal salvífica, até ser totalmente dócil ao

Espírito de Cristo que orava nela.

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Experiência espiritual de Maria: a espiritualidade faz referência a atuação do

Espírito nas pessoas. É presença do Espírito, é ação regeneradora e transformante, é

santificação e vivificação da vida cristã. É "força de Deus", "alento", "sopro" que renova a pessoa

para conformá-la cada vez mais com Cristo. Definitivamente é fazer experiência de Deus em

nossa vida. Em tal sentido queremos falar da espiritualidade de Maria, descobrindo nela os traços

principais da atuação de Deus em sua vida. Esse caminhar se caracteriza pelo contínuo ato de

passar do viver segundo a carne ao viver segundo o Espírito. Maria redimida recebe a graça

participando no Mistério Pascal de Cristo.

Maria, para favorecer a obra do Mistério Pascal em seu ser pessoal, se abandonou

totalmente ao Espírito:

- "Pobre de Yahvéh" (Lc 1, 28-29), inteiramente disposta a deixar-se instruir pelo

Espírito (Jo 16, 13). Ser evangélicamente pobre significou para Maria ser humilde perante Deys e

afável com os homens. Pode receber tanto porque foi consciente de que não valia nada por si

mesma. Deus "olhou para a humildade de sua serva" (Lc 1, 48). Maria é a terra boa, preparada

por Deus, para semear nela sua Palavra. Maria acolherá esta Palavra com fé: "Faça-se em mim

segundo a tua palavra".

Neste sentido podemos dizer que Maria é, na verdade, a primeira cristã, a verdadeira

crente, que predestinada pela graça divina, entra em seu plano de salvação pela total entrega de

seu ser, pela obediência alegre e a plena confiança na Palavra de Deus. Deus não realiza a obra

apesar de Maria e sua pobreza, mas sim nela e com ela, dando-lhe pela graça a possibilidade de

unir-se e consentir com uma fé pura a verdade da Boa Nova.

- Maria se fez disponível ao Espírito não somente através do estado de serva

humilde, mas também mediante ao exercício cada vez mais perfeito das virtudes

teologais. Antes de tudo, a Virgem teve uma profunda experiência da virtude da fé,

concentrada fundamentalmente, na capacidade salvífica, a fé foi se desenvolvendo. O

Vaticano II fala de "peregrinação na fé" de Maria, que soube romper as limitações de sua

racionalidade, abrindo-se a luz do Espírito e distinguir qual era a vontade de Deus. Por esta fé

Maria foi chamada de bem aventurada (Lc l, 35.45).

- Maria é modelo e exemplo também da caridade. A caridade divina, tal como se

manifestou no Verbo encarnadao, é doação total a serviço dos demais (cf 1Jo 4, 8.16). "O maior

seja aquele que serve" (Lc 22,26; Jo 13, 13-15). É o modo como Maria viveu e segue vivendo sua

caridade, de sorte que se pode autodenominar "serca do Senhor- (Lc l, 38.48; cf LG 55), que se

dá toda ao serviço de Deus Pai e dos homens.

Assim, a imagem do perfeito discípulo se dá em primeiro lugar em Maria. Em todo o Novo

Testamento Maria é o modelo da abertura atenta, da docilidade fiel e da adesão virginal a Deus e

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ao seu Filho. "Por esse motivo é proclamada como membro excelentísimo e inteiramente singular

da Igreja e como tipo e exemplo acabadíssimo da mesma na fé e na caridade" (LG 53). Na frase

de Karl Rahner: "Maria é a realização concreta do cristão perfeito. Se o cristianismo, em sua

forma acabada, é a pura recepção da salvação do Deus eterno e trinitário que aparece em Jesus

Cristo, então Maria é o cristão perfeito, tendo em vista que ela recebeu na fé do Espírito em seu

bendito ventre – portanto, em corpo e alma e com todas as forças de seu ser – a Palavra eterna

do Pai".

A Santíssima Virgem e a Igreja (LG 60-65) o Concílio Vaticano II afirma claramente

a função mediadora única de Cristo. A missão maternal de Maria não obscurece nem diminui esta

mediação de Cristo. Toda a influência salvífica de Maria emana de Cristo e se apóia na mediação

deste, depende dela inteiramente nela alimenta sua força (LG 60).

Maria exerce uma maternidade espiritual na economia da graça, que se baseia na

cooperação que exerceu com Jesus durante toda sua vida, com a obediência, a fé, a esperança e

ardente caridade (LG 61). Maria segue exercendo essa maternidade mediante sua intercessão

ante ao Pai. Por isso é chamada: advogada, auxiliadora, socorro, medianeira. Esta última

expressão deve ser entendida de tal forma que não diminui e não muda em nada a mediação

única de Cristo. A Igreja não hesita em confessar a função subordinada de Maria (LG 62).

Maria é tipo (figura) da Igreja. O Vaticano II, citando Santo Ambrósio, diz que “A Mãe de

Deus é figura da Igreja na ordem da fé, da comunhão e da união perfeita com Cristo”. E outros

Padres da Igreja a apresentam como modelo da Igreja tanto de virgem como de mãe (LG 63-64).

Espiritualidade mariana para nosso tempo: de forma profética sentenciou a

exortação apostólica Marialis Cultus 37: "A leitura das Sagradas Escrituras, feita sob o sopro do

Espírito Santo e tendo presente as descobertas das ciências humanas e as variadas situações do

mundo contemporâneo, levará a descobrir como Maria pode ser tomada como espelho das

esperanças dos homens de nossos tempos". Verdadeiramente, a comunidade cristã pensa e

contempla a Virgem segundo as atuais exigências espirituais, a sente viver de maneira eminente

dentro de suas próprias expectativas evangélicas (Lumen Gentium 53).

Podemos recordar agum aspecto da espiritualidade mariana, da maneira que hoje é

eclesialmente meditada e proclamada.

- Se siente a necessidade de viver uma espiritualidade que esteja centrada no Espírito de

Cristo. "Nela a Igreja admira e exalta o fruto mais esplendido da redenção de Cristo" (SC

103).

- A Virgem ajuda a imprimir uma orientação espiritual na Igreja em seu processo de libertação.

A devoção mariana não se esgota no pedido de graças, suscitando nos devotos uma

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passividade perante a situações desagradáveis; orienta a levar uma efetica promoção

humana em toda a sociedade para cada pessoa.

- Maria oferece e comunica um singular exemplo de beleza. Ela mesma foi a obra prima que

Deus executou. Ela é modelo de formosura, nela se inspira o Espírito para completar a

harmonia do universo.

- Maria sabe apresentar-se como modelo para a missão espiritual que a mulher de hoje está

chamada a exercer. Hoje o Magistério eclesiástico nos convida a reconhecer que Maria,

"mesmo que tendo se abandonado a vontade do Senhor, foi totalmente diferente de uma

mulher passiva ou de religiosidade alienante, mas sim de uma mulher que não hesitou em

proclamar que Deus é defensor dos humildes e dos oprimidos e derruba do trono os

poderosos do mundo (cf Lc 1, 51-53)"; devendo reconhecer "em Maria, que se sobressai

entre os humildes e os pobres de espírito, uma mulher forte que conheceu a pobreza e o

sofrimento, a fuga e o exílio" (MC 37).

Para orar- Colocar uma imagen de Maria. Pode orar com as seguintes palavras.

- As mãos do oleiro buscam o barro para trabalha-lo. A semente busca a terra para

germinar nela a vida. A palavra sai correndo em busca de um coração que a acolha. Deus busca

ao ser humano; espera que este responda. O que acontece com a Palavra quando não é

recebida? O que acontece quando Deus está a porta e ninguém Lhe abre? Mas, o que acontece

quando alguém diz “sim” a Deus? Então se cumpre a promessa: "Minha Palavra não voltará a

mim vazia" (Is 55,101-11). Então, a terra se enche de vida.

- "Maria respondeu ao anjol: Como se dará isso, já que não conheço homem algum? O

anjo respondeu: O Espírito Santo virá sobre ti e o poder o Altíssimo te cobrirá com sua sombra;

por isso o que nascer de ti será santo e se chamará Filho de Deus...

Disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra" (Lc 1, 34-38).

- Tu és, Virgem Mãe, essa terra que se abriu a sua Palavra e a tornou fecunda, dando a

nós o melhor fruto do amor: Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus!

- Tu nos ensinas com teu sim sempre disposta a entrega. Mãe de todos os homens,

ensina-nos a dizer sim.

- Canto Vocacional , - Preces espontâneas - Pai Nosso, Ave Maria, Glória…

Para partilhar- Partilhar como é a experiência de cada um, a respeito da Virgem Maria e se a devoção a

Maria comprometer-se mais no seguimento de Cristo.

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FICHA 3

MARIA, MULHER DE ORAÇÃO

Dinâmica Escuta e desejo

- Objetivo: Concietizar-nos de que devemos saber escutar para conhecer a vontade de

Deus.

- No tema de hoje apresentamos Maria como modelo de oração por sua atitude de escuta

a Palavra de Deus. Para ganhar nesta dinâmica é necessário saber escutar, assim podemos

introduzir o tema. É necessário preparar algumas vendas e pacotes com doces, de acordo com

quantos grupos se formarão. Antes de começar a reunião esconder cada um dos pacotes com

doces (cada equipe deverá encontrar um pacote, portanto devem estar em lugares diferentes).

Dividir o grupo em duas ou mais equipes e solicitar um voluntário em cada equipe. Estes

vonluntários serão vendados e colocados no centro do lugar. Indicar que os membros da equipe

se coloquem nos cantos do lugar. Só com sinais, mostrar aos membros das equipes onde está

escondido o pacote com doces que lhes corresponde. Agora os voluntários têm três minutos para

encontrar o pacote de sua equipe e seus companheiros só poderão guia-lo pelas vozes. Quem

encontrar o pacote primeiro vence.

Para tirar as conclusões pode-se utilizar as seguintes perguntas: O que foi mais fácil no

momento de encontrar os doces?

Acredita que o fato de as pessoas da outra equipe também estarem falando, influenciou no

tempo de encontrar o doce? As indicações dos teus companheiros foram importantes? Você as

obedeceu, ou duvidou delas?

Muitas vezes em nosso caminhar com Cristo atravessamos por circunstâncias que nos fazem

duvidar sobre o caminho que devemos seguir. Nesses momentos é que devemos prestar mais

atenção ao que Deus nos diz e seguir suas indicações corretamente, apesar das distrações

externas e dúvidas internas. O mais importante é chegar a confiar Nele plenamente sabendo que

ele sempre nos leva ao que é realmente melhor para nós, assim

como fez Maria.

Desenvolvimento do tema

Não restam dúvidas de que o verdadeiro modelo de oração

para o cristão é Jesus, o Filho de Deus. Ele permaneceu unido ao

Pai e a Ele recorreu mos momentos mais transcendentais de sua

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missão salvadora. Retirou-se ao deserto no início de sua vida pública. E, desfeito em lágrimas e

suor de sangue, colocou toda sua confiança no Pai no momento mais dramático de sua paixão.

O próprio Jesus recomenda aos seus discípulos o espírito e o exercício da oração: "Vigiai e

orai” (Mt 26, 41), “É preciso orar em todo tempo e não desfalecer" (Lc 18, 1), "Pedi e recebereis”

(Mt 7, 7).

Sem perder de vista a perspectiva de Cristo, Paulo VI propõe Maria como modelo de

oração para a Igreja “a Virge Orante". Efetivamente, das poucas passagens do evangelho onde

aparece Maria, podemos deduzir que um aspecto que ressalta de sua personalidade é sua atitude

orante.

Na anunciação (Lc. 1,26 – 38): Meditando e orando estava Maria no dia da

Anunciação. Já no momento do anúncio do anjo, "ela se pergunta o que significa semelhante

saudação (Lc 1,29), Maria refletia e se perguntava qual era o plano de Deus para ela. O que

acontece é tao misterioso que é necessário questionar incansavelmente seu sentido, e a força de

sondar sua profundidade, seu coração se dilata, a medida do Espírito, que "sonda tudo, até as

profundezas de Deus" (1Cor 2,10). Estava absorta em Deus e disposta a cumprir sua vontade.

Orava incessantemente. E em meio a sua oração concebeu em seu ventre o Filho do Altíssimo

por obra do Espírito Santo. São João da Cruz nos dirá que Maria foi a mulher que sempre se

moveu sob a inspiração do Espírito Santo.

Na visitação (1,39 – 56): uma autêntica vida de oração dá fruto em obras "Para isto é

a oração, e disto serve o matrimônio espiritual, de que nasçam sempre obras, obras" (M VI1,4, 6), e

como dissemos anteriormente, o termômetro da oração são as virtudes. E assim vemos em Maria, que

imediatamente ao saber da condição de sua prima Isabel, foi ao seu serviço.

Neste momento temos a oração de Maria por exelência, o Magnificat. A primeira e principal

finalidade da oração é tributar todo louvor, glória e honra a Deus. Glorificar ao Pai é o que Jesus fazia na

tristeza de sua paixão (Jo 17, 1). E esta é a atitude de Maria quando recebe a saudação da prima

Isabel: “minha alma glorifica ao Senhor...”

“O magnificat anuncia a ruptura com um mundo velho e anuncia o início de uma histórioa

nova, na qual Deus derruba do trono aos poderosos e exalta os pobres… Maria é para o Secular

um modelo de entrega total ao Reino de Deus. Ela nos ensina a exutar a palavra de Deus na

Escritura e na vida” (Constituições OCDS nº 29)

A humildade estava na base da oração de Maria. “Deus resiste aos soberbos e dá sua

graça aos humildes” (1 Pe 5, 5). Por isso “olhou para a pequenes de sua serva” (Lc 1, 47). A

oração do humilde, como o publicano da parábola, lhe justifica diante do Senhor; enquanto que o

fariseu soberbo, que orava junto ao altar, merece o desprezo divino (Lc 18, 9).

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Modelo de escuta atenta a Palavra: A Virgem Mãe é o modelo do discípulo, ouvinte

profundo e não superficial da Palavra. Enquanto aqueles que "escutavam o que diziam os

pastores ficavam admirados" (Lc 2,18), mesmo que não saibamos nada sobre eles, "Maria, por

sua vez, guardava estas palavras e as meditava em seu coração" (Lc. 2,19). O mesmo se repete

ao final do capítulo: "Sua Mãe guardava estas recordações (palavras, fatos) em seu coração" (Lc

2,51). A repetição, so final dos relatos da infância, mostra a continuidade desta atitude de Maria.

Maria mantém um diálogo íntimo com a Palavra que lhe foi dada, deixando que a palavra

ocupe seu espaço interior. O que recebe, Maria conserva em seu coração. Ela pensa nas

palavras, as compara, as relaciona com outras coisas. As palavras ouvidas, como os fatos

vividos, a sobrepassam. O Filho, que foi sua alegria, cresce e se torna em seu tormento: a

espada de dor que lhe transpassa a alma. Esta não só a transpassou de dor no momento do

Calvário. Durante toda sua vida, Maria vive o martírio da fé, morrendo a si mesma. Até o dia da

Páscoa, em que a morte se torna ressurreição, meste dia já não necessita mais fazer perguntas

(Jo 16,23), nele a mãe pode crer na alegria luminosa do Espírito, que lhe "ensina todas as coisas"

(Jo 14,29).

Intercede pelas necessidades: ao longo de sua vida Maria recorre ao seu Filho,

rogando pela necessidade de seus outros filhos. O exemplo mais claro é o de Caná da Galiléia

onde consegue que Jesus mude a água em vinho, para socorrer as necessidades dos recém-

casados (cf. Jo.2, 1-11). E com seus pedidos conseguiu que Jesus adiantasse a hora de se

manifestar ao mundo como salvador e fazer com que seus discípulos acreditassem Nele. E o que

é mais consolador para nós é que essa oração de intercessão segue sendo exercida no céu,

porque "Ela - como afirma Paulo VI-não abandonou sua missão de intercessão e salvação".

Junto com a Igreja: o último que sabemos de Maria através das Sagradas

Escrituras, é que persevera em oração junto com a comunidade dos primeiros discípulos, na

espera pelo Espírito Santo (cf. At 1,14).

Desde o Pentecostes, Maria não necessita mais conservar todas as coisas no seu coração.

Desde este momento é o próprio Cristo que ela leva no coração. Para Maria valem as palavras

dirigidas aos apóstolos: "Naquele dia sabereis que eu estou em meu Pai, vós em mim e eu em

vós" (Jo 14,20). Paulo diz sobre si: "Cristo está em mim" (Gl 2,20); mas afirma o mesmo também

de todos os crentes: "Cristo em vós" (1Cor 1,30). Nascido de Maria pelo Espírito Santo, Jesus

este novamente presente nela, inefavelmente, pelo mesmo Espírito que o Pai ressuscita o Filho

no coração dos fiéis. Como Paulo, e mais que ele, ela pode dizer: "Cristo vive en mim".

Assim Maria é a imagem do homem criado e redimido, que responde em fidelidade ao

diálogo com Deus. Maria se coloca realmente em sua situação de crente perante o chamado de

Deus, interpelada por Ele. No sim de Maria, fruto da graça, resplandece a gratuidade criadora de

Deus e o consentimento da liberdade humana ao projeto divino. O Senhor, que elege a Maria e

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recebe seu consentimento na fé, não é rival do homem, mas o Deus que nos criou por amor e

para o amor. Deus escolhe e chama gratuitamente, e o homem, eleito e chamado, responde na

liberdade e gratuidade com seu assentimento. Esta é a figura realizada de Maria. Ela, Virgem fiel,

imagem de acolhida do Filho, é a crente que na fé escuta, acolhe, consente, ela, Mãe fecunda.

Imagem da paternidade de Deus, é a que gera a vida, que no amor doa, oferece, transmite; ela a

Esposa casta, figura da nupcialidade do Espírito, é a criatura na qual a esperança une o presente

dos homens com o futuro da promessa de Deus.

Para orar- Vamos orar como a primeira comunidade, unidos, junto com Maria.

- A convivência dos irmãos, com Maria no meio, é como um aroma que nos envolve e

penetra ao respirar profundamente, é como o frescor do orvalho que entra pelos poros da pele.

Onde dois ou mais se reúnem com Maria, ali Deus manda seu amor sempre, como o melhor

antídoto contra o desamor.

- “Todos eles se dedicavan a oração em comum, junto com algumas mulheres, entre elas

Maria, a mãe de Jesus, e seus irmãos” (At 1,14).

- Quando a primeira comunidade cristã está dando seus primeiros passos, ali está Maria.

Não quer ficar a margem da comunidade de Jesus. De forma discreta, silenciosa, se coloca no

meio, sempre no meio da Igreja. Maria vive no grupo de amor crescente pela alegria, os abraços

sinceros entre eles, os planos missionários. Maria contempla repleta de alegria um envio

missionário inacabável para trazer presente o Reino.

- De ti aprendemos a ser ouvintes da Palavra a medita-la em nosso coração.

- Canto Mariano

- Ajuda-nos Mãe nossa a meditar tudo em nosso coração para saber discernir o plano de

Deus em nossa vida. Ajuda-nos a estar abertos a sua vontade. Ensina-nos a ser ouvintes de sua

Palavra.

- Ajuda-nos Maria, a viver intensamente o amor a Igreja, e a fazer nela as experiências

mais vitais. Mantem sempre teu calor, para que entre os amigos de Jesus vivamos uma

experiência de família, e se estreitem cada dia os caminhos de reconciliação e de paz.

Acompanha-nos com sua intercessão, para que em atitude de escuta, descubramos a cada dia

que tudo é graça.

- Preces espontâneas

- Pai Nosso, Ave Maria, Glória…

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Para partilhar

FICHA 4

MÃE E IRMÃ NOSSA

Dinâmica Uma apresentação sem palavras

- Refletir sobre a importancio que os símbolos têm em nossa maneira de nos comunicar.

- O tema de hoje é sobre a Virgem do Carmo e seu escapulário, este é um símbolo através

do qual transmitimos a mensagem de que somos discípulos de Cristo. Por isso esta dinâmica nos

ajudará a se dar conta sobre a importância dos símbolos.

- Pedir a alguns voluntários que fiquem a frente. Pedir para que façam mimicas

descrevendo alguém da comunidade ou outra pessoa. Esta atividade será sem a utilização de

palavras. Podem utilizar imagens, fotografias, símbolos, gestos, sinais, qualquer coisa sem utilizar

palavras. Se for necessário podem, por exemplo, mostrar uma aliança, para dar a entender que é

uma pessoa casada, simular que vai correr, etc. os demais interpretam os gestos.

Desenvolvimento do tema A Virgem do Carmo uma das principais características da espiritualidade do

Carmelo é a presença da Virgem Maria em nossa vida. Maria no Carmelo é

modelo de oração e abnegação para o caminho da fé, modelo de entrega a

escuta e contemplação da Palavra de Deus, sempre dócil aos impulsos do

Espírito e associada ao mistério pascal de Cristo pelo amor, a dor e a alegria.

Estes traços evangélicos de Maria a colocam como modelo acabado do espírito da

Ordem.

Desde as origens da Orde, no século XII há testemunhos de que os primeiros

eremitas do monte Carmelo dedicaram uma capela a “Nossa Senhora” e a ela

dedicavam seus serviços. Isto indica que os eremitas queriam dedicar-se por inteiro a viver em

obséquio de Jesus Cristo, sob o olhar amoroso da Virgem Mãe; ou seja, ela presidiu desde as

origens da Ordem e é, portanto, considerada como sua patrona. Quando a Ordem foi para a

Europa em 1252, lhe foi dado o nome de “Irmãos da Ordem de Santa Maria do monte Carmelo”.

Este nome indica o sentido de familiaridade e intimidade com a Virgem.

A consagração religiosa e a vida cristã vivida no Carmelo tem como meta, segundo a

espiritualidade da Ordem, a perfeição da caridade, do amor de Deus e do próximo, a busca da

santidade que caracteriza nossa vida, tem na Virgem Maria não só o modelo mais alto, mas

também a companhia mais eficaz, nossa vida consagrada ao serviço de Cristo e da Igreja tem no

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amor a Virgem seu exemplo mais instrutivo, também a doutrina e experiência de nossos Santos,

indicam que Maria é a Mãe que acompanha nosso cainho de vida espiritual para que cheguemos,

por sua mão, "até o cumo do Monte da perfeição que é Cristo".

Santa Teresa e a Virgem Maria: Nascida em uma família em que se valorizava

especialmente a fé e moral cristã, a Santa tem uma grande devoção a Maria, inculcada por sua

mãe, como nos conta no livro da Vida (V. 1, 1-7). Atribui-lhe de maneira especial a graça de sua

conversão "me fez voltar a mim" A santa fala também de sua devoção ao rosário nos momentos

em que não conseguia concentrar-se na oração mental (V. 29,7; 3 8, l).

Sua devoção vai amadurecendo até chegar a aprofundar nos mistérios da vida da Virgem,

comtempla com estupor o mistério da Encarnação e da presença do Senhor em nosso interior, a

imagem da Virgem que leva dentro de si o Salvador: "Quis (o Senhor) caber no ventre de sua

Sacratísima Mãe. Como é Senhor, consigo tres Señor, consigo traz a liberdade e como nos ama

faz-se a nossa medida" (C. 48,1 l). Tem uma intuição especial da presença de Maria no mistério

pascal de seu Filho; participa com ela na pena de sua desolação e na alegria da Ressurreição do

Senhor. Teresa gosta de contemplar a fortaleza de Maria e sua comunhão com o mistério de

Cristo aos pés da Cruz (C. 26,8). Nos Conceitos de Amor de Deus (3,11) descreve a atitude da

Vrigem: "Estava em pé e não adormecida, mas padecendo em sua santíssima alma e morrendo

dura morte".

A virgem também é sua mestra espiritual, podemos afirmar que entre as virtudes

características da Virgem que Santa Teresa propõe para imitar, há uma que resume todas. Maria

é a primeira cristã, a discípula do Senhor, a seguidora de Cristo até os pés da Cruz (C. 26,8). A

humildade que trouxe Deus dos céus "nas entranhas da Virgem" (C. 1692) e por isso é uma das

principais virtudes que temos que imitar: “assemelhemo-nos em algo a grande humildade da

Santíssima Virgem" (C. 13,3). Em resumo ela se converte no modelo de contemplação dos

mistérios de Cristo.

A Virgem Maria e São João da Cruz: As alusões marianas que o Santo Padre tem

em seus escritos são muito sóbrias, mas estão dotadas desse toque de genualidade própria do

Santo, para nos introduzir nos aspectos mais sublimes do mistério de Maria, até chegar a dizer:

“A Mãe de Deus é minha" (Oração da alma enamorada). Seu pensamento sobre a Virgem pode

ser sintetizado assim:

Maria é chamada como todo homem a comunhão com a Trindade, em sua missão

particular de ser Mãe do Verbo Encarnado, na aceitação e consentimento da obra da redenção.

“É 'Mãe graciosa” que traz em seus braços a Deus, Esposa-Igreja e Humanidade nas quais se

consumaram os desposórios de Deus com o homem: "abraçado com sua esposa, que em seus

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braços a trazia". O vértice desta comunhão se alcança na cruz, quando a Virgem participa na dor

redentora de Cristo, (Cântico B, 20, 10; Cântico A 29,7).

É a mulher sempre guiada pelo Espírito identificando-se totalmente com sua vontade. “tais

eram as virtudes da gloriosissíma Virgem nossa Senhora, a qual, estando desde o princípio

elevada a este alto estado, nunca teve em sua alma impressa forma de alguma criatura, nem por

ela se moveu, mas sempre teve sua moção pelo Espírito Santo" (3 S. 2 5, 10).

Maria é também para o Santo, modelo de contemplação e de intecessão. Modelo de

confianção, discrição e atenção nas bodas de Caná, a Virgem faz valer sua poderosa intercessão

ante seu Filho: “O que discretamente ama no deixa de pedir o que lhe falta e não deseja outra

coisa a não ser representar sua necesidade para que o Amado faça o que for preciso, como

quando a bendita Virgem disse ao amado Filho nas bodas de Caná da Galiléia, não lhe pedindo

diretamente o vinho, mas dizendo-lhe: não tem mais vinho (Jo 2,3)” (Cântico B 2,8).

A presença da Virgem este implícita no pensamento do Santo: “Uma palavra falou o Pai,

que é seu Filho, e esta fala sempre em eterno silêncio, e no silêncio há de ser sempre ouvida pela

alma (Ditos de luz e amor 104; cf. Subida II, 2.3-6)”. Maria é o silencia contemplativo que acolheu

a palavra.

O Escapulário, um sinal de fé e de compromisso cristão: vivemos em um mundo

com inúmeras realidades tomadas como símbolos: o raio de, a chama de fogo, a água que brota.

Na vida de cada dia existem também gestos que expressam e simbolizam valores mais profundos

como o partilhar a comida (sinal de amizade), o colocar-se em fila para uma manifestação (sinal

de solidaridade), o estar todos em pé (respeito). Como homens temos necessidade de sinais ou

símbolos que nos ajudem a entender e viver. Além disso, nossa liturgia está repleta de símbolos.

E Existem na Igreja outros sinais, ligados a um acontecimento, a uma tradição, a uma pessoa.

Um destes sinais é o escapulário do Carmo.

Origem do Escapulário: diz a história que no ano de 1251, a Virgem o entregou, em

uma visão, a São Simão Stock o hábito da Ordem. Na Idade Média muitos cristãos queriam se unir

às Ordens religiosas, assim cada família deu aos leigos um sinal de afiliação e de participação em

seu espírito e apostolado Este sinal era constituído por uma parte do hábito. Entre os Carmelitas

se estabeleceu o Escapulário, em forma reduzida, como expressão de pertença a Ordem e de

compartilhar sua devoção mariana.

Atualmente o Escapulário da Virgem do Carmo é um sinal aprovado pela Igreja e proposto

pela Ordem Carmelitana que representa o compromisso de seguir a Cristo como Maria, modelo

perfeito de todos os discípulos de Cristo. Este compromiso tem sua origem no batismo que nos

transforma en filhos de Deus.

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Portanto, carregar o escapulário implica:

- O Escapulário nos introduz na fraternidade do Carmelo, ou seja, em uma grande

comunidade de religiosos e leigos. Comprometendo-se a viver o ideal desta família

religiosa, que é de ser “comunidades fraternas, orantes ao serviço do reino”.

- Coloca o exemplo dos santos e santas do Carmelo com quem se estabelece uma

relação familiar de irmãos e irmãs.

- Expressa a fé no encontro com Deus na vida eterna pela intercessão de Maria e sua

proteção.

Em síntese e em concreto o Escapulário

NÃO É É Nenhum objeto de proteção mágica (um

amuleto)

Nenhuma garantia automática de salvação

Nenhuma dispensa para não viver as

exigências da vida cristã.

Um sinal “forte”, já que representa nosso

compromisso de seguir a Jesus como Maria:

abertos a Deus e a sua vontade, guiados pela fé,

pela esperança e pelo amor, próximos dos

irmãos necessitados, orando constantemente e

descobrindo a Deus presente em todas as

circusntâncias.

Um sinal que alimenta a esperança do

encontro com Deus na vida eterna sob a

proteção de Maria Santíssima.

Um dinal que introduz na família do Carmelo

Para orar- Vamos orar agradecendo a presença de Maria em nosso caminhar, sua presença próxima

e silenciosa, mas que nos estimula e anima a caminhar rumo a santidade. Pedir que todos

segurem seu escapulário. Distribuir a cada um a oração “Virgem do Carmo”.

- Obrigado Mãe por tua ternura, pela intercessão contínua da Virgem. Proteção na vida.

Somos frágeis e podemos cair na tentação de abandonar a Jesus, ajuda-nos a ser fiéis como tu.

Reveste-nos para o caminho, ensina-nos um novo estilo de vida, uma opção pela santidade,

alimentada pela oração e pelos sacramentos. Traduz tudo em um compromisso de amor a todos,

especialmente aos mais pobres. Ensina-nos a olhar o mundo com o carinho e amor com que

Deus olha.

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- Abre tuas maõs, recebe o que a Virgem do Carmo te dá e conta aos demais. Maria

“oferece a vitória da esperança sobre a angustia, da comunhão sobre a solidão, da paz sobre a

tribulação, da alegria e da beleza sobre o tédio e o cansaço, das perpectivas eternas sobre as

passageiras, da vida sobre a morte” .

- Todos repetimos:

Virgem do Carmo,

reveste-nos com teu escapulário,

reveste-nos com teu amor.

Consagra-nos na profunfidade de teu amor,

Consagra-nos na beleza de teu olhar.

Acolhe-nos em teu coração

para que falamos de nosso coração

uma casa que te acolha.

Vem conosco no caminho,

cuida de nosso frágil barquinho.

Não esqueces que és Mãe de cada um

e de cada uma de nós,

que levas nosso rosto gravado em teu coração.

Cuida-nos para que não sucumbamos

nos mil perigos do mar

até que cheguemos um dia felizes

ao ansiado porto da glória celestial.

“Atraí-nos ó Virgem Maria,

caminharemos depois de ti”.

- Que Maria faça de nós homens e mulheres de hoje, que vivemo o momento presente,

com as luzes e sombras de hoje, com valentia e lucidez, sem nos envergonharmos de ser amigos

de Jesus neste início de século XXI. Que faça de nós pessoas criativas, com a esperança sempre

no coração, capazes de servir com o melhor que temos, porque, como recordamos o que nos foi

dado de graça, foi dado pelo Senhor não para que guardemos a sete chaves dentro de nós

mesmos, mas sim para que o coloquemos a serviço e ajude aos demais. O Escapulário é um dom

da Mãe do Carmo e, por ser dom, é tarefa: ser santos, ser testemunhas da luz de Cristo.

Para partilhar- Você se sente convidade a tomar parte desta família que leva o escapulário e viver

segundo o estilo de vida que ele implica? Como tem vivido esse caminhar de santidade, que

desafios te propõe?

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FICHA 5

ORAR COM O MAGNIFICAT

OFICINA DE ORAÇÃO

Indicações: com esta oficina fechamos o primeiro ano de formação, foi um caminhar no

qual pudemos discernir ao chamado que Deus nos faz ao estilo de vida do Carmelo Secular. E

como modelo acabado desse ideal que desejamos viver, temos Maria, através desta oficina

pretendemos colocar em suas mãos nossa vocação, pedindo que ela seja, com seu exemplo e

maternal proteção quem nos ajude a cantar as maravilhas que Deus faz em nós dizendo um

“sim”.

Pode preparar o lugar com os seguintes símbolos: uma imagem da Virgem do Carmo,

velas, uma Bíblia. Música de fundo para orar e uma canção de inovocação ao Espírito Santo. Vai

guiando a oração com o seguinte material, fazendo uma leitura pausada e deixando momentos de

silêncio.

É necessário que todos tenham uma cópia do Magnificat, para que possam procrama-lo

juntos no momento apropriado.

Antes da oficina se dá aproximadamente 15 a 20 minutos para que cada um responda as

seguintes perguntas, se for possível, providenciar por escrito.

- Escutas o desafio do Espírito, que te convida a colaborar na história da salvação?

Sabemos escutar aos demais, que atitudes fazem falta para que possas escutar bem?

- Há alguma situação que te impede de confiar em Deus e nos irmãos?

- Parilhamos a dor dos demais? Que luzes as atitudes de Maria me oferecem para

enfrentar os momentos de dor e sofrimento?

- ¿Que maravilhas Deus realizou em ti, durante esse tempo?

Ambientação

Vamos orar hoje com Maria, ela é a Mãe e Irmã maior que acompanha nossa caminhar,

coloquemos em suas mãos todas as nossas inquietações para que ela nos ensine a ser dóceis à

vontade de Deus.

Deus é alegre. E o diálogo com Ele também. A alegria se reflete nas canções que

acompanham a vida de cada dia. O canto do Magnificat é o espelho da alma de Maria. E na alma

leva gravadas a ternura e a compaixão de Deus com os mais pobres.

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Encontramos a alegria no mais profundo do manancial, onde Deus é Deus. Maria se abre

ao mistério de Deus e é tanta a alegria que sente ao ver como é Deus que não pode fazer outra

coisa que não seja cantar seu júbilo. Sua canção é uma grande notícia para toda pessoa.

A canção é como um resplandor de profecia para o mundo. Deus toca as ferida e as cura.

Deus olhou a pequenez de Maria, tocou e beijou sua pobreza. Nela se anuncia a boa nova do

Evangelho, se adiantam as bem-aenturanças de Jesus. Aprendamos dela e nos abramos ao

diálogo fecundo com Deus.

Exercício de relaxamento- Convida-los a se colocar em uma posição comoda.

- Exercício de respiração profunda.

- Dispor-se para o encontro com Ele.

Invocação ao Espírito SantoSão João da Cruz diz que a Virgem Maria sempre se moveu pelo Espírito Santo,

aprendamos com ela e abramo-nos a ação do Espírito (canto de invocação)

Desenvolvimento: - Maria é a virgem ouvinte, que acolhe a Palavra de Deus. A mulher que faz silêncio para

escutar a Deus e para escutar aos demais. Nosso mundo está cheio de pressa, de ruídos. Fata

capacidade para ouvir, é um tempo louco, cheio de palavras vazias, de egoísmo. Mas, apesar de

tudo isso também há buscas, e ainda que não acreditemos, sempre há oportunidade para

aprender novamente o valor da escuta atenta. Estcutas ao desafio do Espírito, que te convida a

colaborar na história da salvação? Sabemos escutar aos demais, que atitudes fazem falta para

escutar bem? Maria se coloca a caminho.

- Com Maria nos abrimos cada dia a Palavra, fonte de vida cristã. Com Maria acolhemos

confiadamente o projeto de salvação do Pai para a humanidade. Recordamos seu “sim” dado ao

Senhor. Nos alegramos das maravilhas que Deus faz aos que lhe abrem a porta do coração. Que

ressoe em nós seu convite a centrar o olhar em Jesus: “Fazei o que Ele vos disser”. Ela nos abre

a confiança e a obediência. Maria nos ensina a deixar de lado nossos desejos para fazer a

vontade de Deus, confiando nele. Não é fácil confiar em outra pessoal, portanto, confiança é um

valor fundamental, a falta de confiança faz crescer os temores. Mas quando aprendemos a confiar

se possibilita o diálogo, a amizade, a paz. O que te impede a confiar em Deus e nos irmãos?

- Maria é a mulher forte e acolhedora em meio a dor. Maria desde o momento em que deu o seu

“sim” foi fiel aos caminhos do Senhor até a dor da cruz, ela está aos pés da cruz. A dor e o

sofrimento são nossos problemas mais sérios, que cedo ou tarde temos que enfrentar. Maria nos

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ensina a ser fortes e a compartilhar a dor com Jesus para contribuir com a redenção. Como

vivemos o sofrimento: com desalento, com rebeldia ou com ânimo e esperança? Compartilhamos a

dor dos demais? Que luzes as atitudes de Maria me oferecem para enfrentar os momentos de dor

e sofrimento?

- A última coisa que nos diz o Novo Testamento sobre Maria, é que perseverava em oração

junto com a comunidade na espera pelo Espírito Santo. Ela medita todas as coisas em seu

coração e isso permite descobrir a ação de Deus em sua vida. Com Maria aprendemos a saber

esperar, mas com uma confiança ativa que lhe mantém colaborando com o Espírito que leva

adiante seu plano de salvação em nós. Colocando-nos a serviço dos outros, a cada um de nós

cabe buscar e cumprir a vontade de Deus para que Cristo seja gerado no mundo atual.

- Reconhece as maravilhas que Deus fez em tua vida, olha quanto Deus te ama e te

convida a segui-lo. Faz tuas as Palavras do Magnificat, une-se a <aria para proclamar que o

Reino de Deus está entre nós. - Glorifiquemos junto con Maria, ao Deus que faz maravilhas em

nós.

Todos proclamam o Magnificat.

A minha alma glorifica o Senhor.

Meu espirito se alegra em Deus, meu Salvador.

Porque pôs os olhos na humildade da sua serva.

Doravante todas as gerações me proclamarão Bem-aventurada.

Porque o Todo-poderoso fez em mim maravilhas.

Santo é o seu nome.

A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem.

Ele manifesta maravilhas com o seu braço:

Dispersa corações orgulhosos.

Derruba o trono dos poderosos,

e exalta os humildes.

Aos famintos ele enche de bens

Despede os ricos de mãos vazias.

Socorre seu povo, seu servo,

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lembrando sua própria misericórdia.

Como havia prometido aos nossos Pais,

em favor de Abraão e de sua descendência

Para sempre.

(Lc 1,46-55)

- Preces espontâneas /Padre Nosso, Ave Maria, Glória.

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UNIDADE 2: ATRAVÉS DO CAMINHO DA ORAÇÃO

FICHA 6

OUVINTES DA PALAVRA

A “LECTIO DIVINA” OU “LEITURA ORANTE DA BÍBLIA”

Dinámica O concurso de João

- Objetivo: ter um contato com a Palavra de Deus.

- O tema de hoje é sobre a leitura orante da Bíblia, esta dinâmica nos permita aproximar-

nos dela através de um jogo organizar, os participantes em pequenos grupos e entregar a cada

grupo uma folha com vários textos bíblicos que estão incompletos, a tarefa dos participantes é

completa-los. A seguir há um modelo da folha com os textos. Seria bom que cada grupo tenha

uma folha com textos diferentes, podem acrescentar textos não tão conhecidos para que o

trabalho leve mais tempo e aproximar os participantes de textos que talvez nunca tenham lido.

1. Veio para o ______________, mas os ________ não o _____________. (Jo 1,11)

2. Em verdade, ____________ te digo: quem não nascer ________ não poderá _______ o

_______ de Deus. (Jo 3,3)

3. Com efeito, de tal modo _______________ o _______, que lhe deu seu ________________,

para que todo o que nele _______ não ______, mas __________________________________.

(Jo 3,16)

4. Em verdade, em verdade vos digo: quem não ________ pela _________ no __________ das

ovelhas, mas sobe por outra ________, é _________ e _____________.

Mas quem entra pela porta é ___________ das ovelhas.

A este ____________ abre, e as ovelhas __________ a sua voz. Ele chama as ovelhas pelo

______e as conduz à pastagem.

Depois de conduzir todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas; e as ovelhas

____________, pois lhe conhecem _______.

Mas não seguem ____________ ; antes fogem dele, porque não conhecem ______ dos

___________.

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Jesus disse-lhes essa __________, mas não entendiam do que ele queria falar. (Jo 10, 1-6)

Y cuando ha sacado fuera todas las propias, va delante de ellas; y las ovejas le ______, porque

conocen su _____.

Más al ______ no seguirán, sino huirán de él, porque no conocen la _____ de los _________.

5. Eu sou a ______________________, e meu Pai é o __________. (Jo 15.1)

Desenvolvimento do tema

Na regra de Santo Alberto, a regra de vida entregue aos

Carmelitas, nos convida “a meditar dia e noite a Lei do Senhor” (Nº

10). E São João da Cruz nos diz: “Trazer um ordinário apetite de

saber imitar a Cristo em todas as coisas, conformando-se com sua

vida, a qual devemos conhecer para saber imitar”. Tal e como nos

diz o Santo para ser como Jesus precisamos conhecer sua vida e is

so só se consegue ao “considerando-na”, ou seja meditando-na

especialmente através dos Evangelhos.

Uma grande ferramente para meditar os Evangelhos e toda a

Palavra de Deus é a Lectio Divina ou leitura orante da Palavra de Deus. Esta é uma ferramenta

que a Igreja tem soube desde os tempos antigos, especialmente na vida monástica, mas com a

renovação do Concílio Vaticano II a Igreja sabiamente a propôs para todo o cristão.

Se nos fixamos nos escritos dos santos do Carmelo estão repletos de citações bíblicas.

Nossos santos souberam aproximar-se da Palavra de Deus e deixaram-se interpelar por ela.

Disto que o carmelita secular deve ser assíduo orante da Palavra de Deus, descobrindo na

vontade de Deus para sua vida pessoal e comunitária.

Conceito de “Lectio Divina”

Lectio (= leitura) e divina são dois termos que, conjuntamente, indicam um encontro dialogal

entre Deus que “fala” e a pessoa que “escuta”, estabelecendo entre ambos uma comunicação de

amor, que é precisamente uma característica essencial da Revelação divina: “...o Deus invisível

(cf Col 1, 15; 1 Tm 1, 17), levado por seu grande amor, fala aos homens como amigos (cf Ex 33,

11 Jo 15, 12-15), e se entrentretem com eles (cf Ba 3, 38) para convida-los a ter comunhão com

ele e nela recebe-los” (DV 2).

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Estamos diante de uma leitura saborosa e orante da Bíblia, realizada sob o impulso do

Espírito Santo, tendo em vista um diálogo amoroso com o Senhor que faz crescer a fé e aumenta

a esperança. Com certeza podemos falar de uma leitura existencial da Palavra que supera de

longe a curiosidade intelectual, envolvendo toda a vida de uma pessoa ou comunidade. Se busca

a “água viva” para saciar a “sede do coração”, ou seja, a busca do sentido, paz, felicidade, enfim,

de salvação.

“A leitura de Deus” é uma leitura agradável, saborosa. É saborear o Verbo, saborear a Deus,

no Espírito Santo, que vivifica a palavra e suscita no leitor um gosto secreto para que se situe em

harmonia com o que leu e responda com sua oração e toda sua vida a Palavra do Pai.

Sim, “pela Lectio Divina pretendemos alcançar o que diz a Bíblia: 'A Palavra está muito perto

de ti: em tua boca e em teu coração, para que a coloques em prática' (Dt 30, 14). Na boca, pela

leitura; no coração, através da meditação e pela oração e na prática através da contemplação. O

objetivo da Lectio Divina é o objetivo da própria Bíblia: 'Comunicar a sabedoria que leva a

salvação pela fé em Jesus Cristo' (2 Tm 3, 15); 'instruir, refutar, corrigir, formar na justiça, e deste

modo, preparar ao homem de Deus para toda boa obra' (2 Tm 3, 16-17); 'dar perseverança,

consolo e esperança' (Rm 15, 4); ajudar-nos a aprender com os erros dos antepassados (cf 1 Co

10, 6-10)”

Duas modalidades de “Lectio”

A “leitura orante” a nível pessoal

Eis aqui um encontro mais estritamente pessoal e íntimo com a Palavra de Deus. Se trata de

um contato frequente, de preferência diário, e interior com a Bíblia em uma experiência vital com

Deus. Por meio de minha reação de fé, amor e esperança a mensagem divina contida na

Escritura se converte em chamada para mim, “se passa comigo”. “Ainda que eminentemente

“ativa”, a lectio divina podde chamar-se ao mesmo tempo “passiva”, enquanto que consiste

também em deixar ressoar em nós a voz de Deus que nos fala, em deixar que sua Palavra nos

transforme, em nos abandonar em Deus”.

A “leiruea orante” a nível comunitário

A Lectio pode (e deve) ser feita também junto com meus irmãos e irmãs, em um colóquio

fraterno que os antigos chamavam de collatio (colação). Compartilhar as experiências pessoais

vividas em contato com a Escritura, compartilhá-las com as experiências dos outros “ouvintes da

Palavra”, não deixa de ser um forte estímulo para prosseguir na prática da lectio.

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Na “Vida de Santo Antonio”, escrita no ano 357 por Santo Atanásio, lemos este dado

significativo: “Certo dia todos os monges foram vê-lo e pediram que lhes dirigisse a palavra. Lhes

disse em egípcio: 'As santas escrituras bastam para nosso ensinamento, mas é bom que nos

exortemos mutuamente na fé e nos animemos com conversações. Vocês, meus filhos, ensinam

muito a seu pai o que sabem, eu, mais velho do que vocês lhes comunico o que a experiência me

ensinou. Que nossos esforço comum seja, sobretudo, para que não abandonemos o que

começamos e não desanimenos no trabalho...”

Disposções interiores da “Lectio”

Quando entramos em comunhão com o Senhor através de sua Palavra viva e eficaz,

devemos, como Moisés, “tirar as sandálias dos pés” (cf Ex 3, 5). É necessário despojar-se de

tudo quanto impeça uma comunicação vital com Deus. um profundo respeito pela presença real

do Senhor que vem a nós através de sua Palavra deve levar-nos a criar em nós e ao redor de nós

um clima propício para a escuta. Algumas sugestões podem ser úteis nesse sentido: encontrar

um local que seja propício, ter um lugar preparado para a “leitura orante”, onde estejam: Bíblia,

vela, ícone (pode ser da Santíssima Trindade ou de Cristo) e um assento ou almofada. É

importante também adotar uma posição corporal correta que não canse e que favoreça a

concentração. Há alguns que gostam de usar insenso quando meditam. Tudo isso pode ajudar

para obter interiormente uma atitude de acolhida, de recepitividade. Tomando consciência, de que

como diz o salmista: “Tu estás perto, Senhor” (Sl 119, 151). Algumas vezes com extrema

dificuldade interior, às vezes com entusiasmo e rapidez, tomamos consciência de que Deus está

ali, de que estamos em sua presença. (cf Sl 84) e que somos capazes de colocar nosso coração

em suas mãos, em seu coração. (cf Sl 61 e 91).

Seja como for, a Lectio sempre exigirá austeridade e pressupõe um espírito de sacríficio,

como acontece com todos os verdadeiros valores que são adquiridos em nossoa vida.

Essa atitude básica de escuta só é possível em uma existência em que a escuta é

cultivada expressamente, tornando-se uma maneira de ser da pessoa, que se reflete na abertura

e disponibilidade na convivência.

A invocação ao Espírito Santo é absolutamente imprescindível ao iniciar a “leitura orante”,

porque ter acesso a Palavra de Deus é, antes de tudo, um dom doEspírito, o Novo Teólogo (+

1022), não duvida em dizer que “a Palavra somente se torna fecunda quando o Espírito de Deus

anima àquele que lê. E São Gregório Magno (+ 604) afirma categoricamente que “as palavras de

Deus não podem ser compreendidas sem sua sabedoria.quem não recebeu seu Espírito não

pode de maneira nenhuma entender suas palavras” (Mor. 18,39.60). De fato, estamos sob a

dependência do Espírito em nossa busca por Cristo para contemplar ao Deus único, nosso

princípio e fim.

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En resumo, “se trata de escutar e de acolher, antes inclusive, que de refletir. Ou seja,

escutar a Palavra de uma maneira vital. A escuta é feita com todo o ser: com o corpo, pois

normalmente se pronunciam as palavras com os lábios; com a memória que as fixa; com a

inteligência que as compreende. O fruto de tal leitura é a experiência”.

Uma característica essencial da “Lectio” é sua gratuidade: deve ser completamente

desinteresada. Não se lê a Palavra de Deus, em primeiro lugar, para “tirar provecho” dela, no

sentido comum da expressão. Sua primeira finalidade é simplesmente querer “estar com o

Senhor”, gozar de sua “presença amorosa”. Daí se segue que a “Leitura orante” deve ser

pausada, longe de toda pressa. Deve-se procurar saborear, mais do que ler; admirar, mais do que

raciocinar ou questionar. O ouvinte da Palavra deseja a proximidade de seu Senhor que sai ao

encontro “como amigo” (cf DV 2). Quer ouvir sua voz e sentir sua presença inclusive antes de

captar ao conteúdo formal das palavras. Exatamente esta experiência de comunhão recíproca é

motivo de grande alegria interior.

Devemos nos esforçar para permanecer na Palavra (cf Jo 8, 31-32) e assim, como

discípulos do Senhor, conhecer a verdade. O que é possível se há assiduidade. Exorta João

Cassiano (+ 453): “Eis aqui aquilo a que deves apirar por todos os meios: aplicar-se com

constância e assiduidade a leitura sagrada até que uma incessante meditação impregne teu

espírito e desse modo possa dizer que a Escritura te transforma a sua semelhança.” (Conferencia

XIV,11).

Os passos da “Lectio divina”

a) La Leitura

“O objetivo da leitura é ler e estudar ao texto até que o mesmo, se torne um reflexo de nós

mesmos e nos reflita algo de nossa própria experiência de vida. A leitura deve nos familiarizar

com o texto até o ponto de qie se torne nossa palavra”. Então percebemos que Deus, através do

texto, quer falarr conosco e comunicar-se.

b) A Meditação

A meditação é um processo de “apropriação” pessoal do texto mediante uma atualização e

repetição.

Enquanto a leitura iluminou o trecho bíblico em sua realidade objetiva, a meditação quer

interiorizar o texto, buscando seu sentido para nossa vida hoje. Nesta “atualização” o ponto de

partida é nossa situação presente. Em função da mesma interrogamos ao Livro Sagrado,

buscando nele luz para nosso atuar. O texto, por si mesmo, é trazido à nossa existência concreta,

tanto pessoal como comunitária.

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Ao lado de uma “atualização” do texto é importante acentuar a repetição ou o ruminar, uma

espécie de “mastigação” e “digestão” da palavra com o objetivo de asimilá-la melhor. Deixamos

passar a Palavra de Deus da cabeça ao coração. Um método simples e comprovado em uma

tradição religiosa secular que é o mantra: um incessante repetir ao longo do dia uma frase ou

uma palavra que resume a substância da leitura bíblica.

Temos aqui um instrumento espiritual adequado para consercar viva a recordação do

encontro com o Senhor na mensagem de sua Palavra. Também, através deste ruminar nos

colocamos sob o juízo de Deus e deixamos que ele nos penetre, como uma espada de dois

gumes (Hb 4,12), pois já sabemos que a água que cai sobre a pedra dura a acaba perfurando.

c) A Oração

A oração é uma resposta, solicitada pela palavra que nos foi dirigida por Deus. Foi ele

quem tomou a iniciativa de falar conosco. (cf Dt 4,12), “porque nos amou primeiro” (1 Jo 4,10.19).

Agora vem nossa resposta, em forma de oração e de gestos de amor e obediência. A atividade

orante brota espontaneamente da oração e se traduz em uma admiração silenciosa e adoração

ao Deus da vida. Mas, em sua simplicidade, a oração “deve ser realista e não ingenua y no

ingenua, o que se alcança mediante a leitura”. Deve nascer da experiência de nosso nada e dos

problemas reiais da vida, o que se obtem pela meditação. Deve tornar-se uma atitude

permanente de vida, o que se alcança pela contemplação.

Com frequência a oração vem acompanhada de moções de penitência e converção, no

sentido de uma sincera mudança de coração (cf At 2,37s), que a tradição monástica indica com o

termo compunção. É natural que aconteça isso a uma pessoa em sintonia com a Palavra do

Senhor. Esta, de fato, “penetra até o mais recôndito, aos mais íntimo do ser, onde o espírito

sobrenatural se encontra com nosso espírito vital. E é aí, no interior do homem, há uma

capacidade de julgar e sentenciar, pois obriga o homem a tomar posição, perante a essa palavra

não é possível o compromisso nem a simulação(...) Precisamente porque “a Palavra de Deus

pode exigir de mim hoje uma coisa que não exige sempre” (escreve H.U.von Balthasar (, 'devo

permanecer aberto e atento para escutar o que exige'.

d) A Contemplação

Neste quarto passo a experiência de Deus se intensifica e aprofunda. Fixamos nosso olhar

e nosso coração em Deus e vemos a realidade a luz de sua Palavra. Aprendemos assim a

“pensar conforme Deus” (cf Mt 16,23) e a interpretar cada situação segundo “o pensamento do

Senhor” (cf 1 Co 2,16). A realidade se torna cristalina e penetramos na essência das coisas, onde

vislumbramos e saboreamos a presença viva, amorosa e criativa de Deus.

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A contemplatio contm em si a operatio. A palavra de vida dá vida quando é realizada.

Assim, pois a palavra de Deus nos acompanha na vida, portanto é experimentada na ação. Esta

experiência cotidiana serve, por sua vez, para compreender a palavra de Deus. Santo Ambrósio

(+ 397) resume assim: “A Lectio Divina nos leva a prática das boas obras. Realmente, da mesma

forma que a meditação das palavras tem como finalidade sua memorização, de modo que nos

recordemos destas palavras, assim também a meditação da lei, da Palavra de Deus, nos faz

“derramar” na ação, nos implete a atuar”.

A contemplação não deve ser confundida com uma simples introspecção psicoanalítica,

nem com uma capacidade visionária. Ao contrário, ela nos faz contemplar as coisas a partir de

Deus.

Por outro lado, a contemplatio já permite saborear algo da alegria e do gozo que Deus

preparou para os que o amam” (1 Cor 2, 9). Nos introduz em uma conversação tranquila com

Deus, sem outro desejo a não ser estar e permanecer ao seu lado. Esta presença e proximidade

vão se tornando cada vez mais silenciosas, como em um passeio entre amado e amante, em que,

em certo momento, depois do diálogo e da alegria do reencontro, ficam simplesmente um junto ao

outro. E já não se pronunciam palavras, apenas falam os olhos e o coração. Assim, sempre mais

próximo de Deus, se conhece profundamente seu pensamento, se coloca claramente seu

coração no texto e se abandona nele.

Através da Lectio o ouvinte deve preguntar a si mesmo: Como minha vida, minha atividade,

meu apostolado, se tornam, de fato, “palavra de Deus”, a luz daquela Palavra de Deus definitiva

que é Jesus Cristo, misteriosamente presente na Escritura? Por isso, a Lectio situa nossa fé no

ritmo do cotidiano, no serviço diário ao Reino, tendo três impulsos particularmente significativos:

-A discretio, ou seja, a capacidade adquirida no Espírito para acolher na vida o que é

conforme o Evangelho, e rejeito o que é contrário. É o discernimento para que conheçamos a

vontade de Deus em situações concretas.

-A deliberatio, ou seja, a seleção consciente daquilo que corresponde a verdade da Palavra

de Deus, ouvida com amor e assimilada com fé.

- A actio, ou seja, o atuar constantemente dentro de um comportamento “segundo Deus”:

um estilo de vida que traduz vitalmente nossa “experiência de Deus”.

Os frutos da “Lectio”

A Lectio Divina é um meio de se colocar a disposição do Espírito para que nos conceda “a

mentalidade de Cristo”. A teologia ortodoxa usa aqui dois termos característicos: o homem

pneumatóforo (portador do espírito) se faz cristóforo (portador do Cristo); comunicando-lhe a

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graça do Espírito Santo, através da Palavra, o Senhor configura de tal forma o fiel a Cristo, que

chega a reproduzir em si a imagem de Jesus.

O contato pessoal (e comunitário), assíduo e profundo, com a Palavra de Deus produz no

ouvinte uma mensagem bíblica: as ideias, expressões e imagens da Escritura se tornam seu

“patrimônio espiritual”. A pessoa começa a pensar e falar a partir da Bíblia e como a Bíblia.

A “Leitura Orante” da Escritura concede também a piedade um caráter mais objetivo.

“Longe de basea-la em imaginações e sentimentalismos inconscientes, a edifica sobre fatos,

modelos e mistérios reais, com os quais o cristão procura identificar-se. Se centra em Deus, ou,

mai exatamente, em Cristo e na Santísima Trindade”.

Quem pratica a Lectio sabe por experiência própria como ela exerce uma função

purificadora, questionando-nos e, muitas vezes, levando-nos na direção contrária. A Palavra de

Deus convida a conversão, é um “espelho” que revela nossas incoerências e disfarces. Mostra-se

“viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes; penetra até dividir alma e

espírito, das juntas e medulas: discerne as disposições do coração” (Hb 4,12).

Através da prática perseverante da Lectio o ouvinte se converte em “homem de Deus”,

servidor y testemunha da Palavra. Se torna sensível ao passo do Senhor a as inspirações de sua

vontate, “pleno de seu Espírito de sabedoria, solícito ao louvor santo, disposto a servir a Deus em

todas as circunstâncias da vida de comunidade e testemunho do Senhor por meio de sua vida”.

Para orar- Preparar um lugar onde o centro seja ocupado pela Palavra de Deus.

Invoca ao Espírito Criador

- Ele silencia em ti os ruídos do dia.

- Ele te coloca junto a fonte para que bebas.

- Ele entoa em ti a canção do coração. Quando cessam os ruídos, começa a canção do

coração. Se desatam as línguas do Espírito e Deus se aproxima em viva voz.

- Escuta a Palavra

- Texto bíblico Mc 7,36-37.

- Canto Bíblico

- Não morras de sede a beira da fonte.

- Diz a Jesus que te abra o ouvido, para que possas compreender o amor de Deus que é

para todos.

Felizes vocês se esperam em silêncio a chegada da Palavra. Ela lhes renova dia a dia.

Felizes vocês se dialogam no coração com a Palavra. Ela fará nascer em vocês o amor de

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Jesus.

Felizes vocês se ouvem juntos a Palavra. Ela lhes converterá em povo que proclama as

maravilhas de Deus.

Felizes vocês se guardais a Palavra no coração. Ela lhes ensinará a orar.

Para partilharPartilhar a experiência que cada um tem tido com respeito a Palavra de Deus, como a

leitura e orar com a Palavra lhes tem animado na vida, quais as dificuldades para

compreende-la, etc.

Também seria oportuno programar uma Leccio Divina como comunidade.

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FICHA 7

A LITURGIA: ORAÇÃO PESSOAL E COMUNITÁRIA

Dinâmica Os papagaios

- Objetivo: Analisar os problemas da comunicação e a oração, quando não existe uma

escuta atica ou simplesmente se trata de palavras vazias e sem sentido.

- O tema deste encontro é a liturgia, para que a liturgia seja autêntica oración é necessário

cuidar para que não seja simplesmente repetição de palavras sem sentido. Esta dinâmica nos

ajuda a tomar conciencia disto. Solicitar ao grupo que se divida en duas metades iguais. Formar

duas filas e os posicione de tal forma que fiquem de costas um para o outro, formando duplas. Ao

dar o sinal, os participantes se viram rapidamente e ficarão cara a cara com seu companheiro.

Pedir aos participantes que deveram falar um com o outro sem parar, ambos deverão falar ao

mesmo tempo, de qualquer coisa, mesmo que sem sentido! Todos deverão continuar falando

durante cinco minutos. Ao final perguntar aos participantes como se sentiram. Pode-se recordar

de ocasiões quando a oração comunitária, seja na Missa, terço ou liturgia das horas foi

simplesmente repetir palavras.

Desenvolvimento do tema

O carmelita é chamado o viver a oração também no âmbito

comunitário, sobretudo na liturgia. Assim pedem as constituições

da OCDS. “A vida de oração pessoa do Secular, entendida como

trato de amizade com Deus, se nutre e expressa também na

liturgia, fonte inesgotável da vida espiritual. A oração litúrgica

enriquece a oração pessoal e esta, por sua vez, encarna a ação

litúrgica na vida. Na Ordem Secular se dá um lugar especial a liturgia entendida como Palavra

de Deus celebrada na esperança ativa depois de have-la acolhido pela fé e com o

compromisso de vivê-la em amor eficaz... no ano litúrgico experimentará presente os mistérios

da redenção que impulsionam a coloborar no plano de Deus. A Liturgia das Horas, por sua

vez, o fará entrar em comunhão com a oração de Jesus e com a Igreja... Tratarão de rezar a

oração da manhã (Laudes) e da tarde (Vésperas) da Liturgia das Horas em união com a Igreja

espalhada no mundo inteiro…” (n. 23-24).

Portanto é importante que neste encontro, partilhemos algumas ideias sobre a oração

litúrgica em especial a da Liturgia das Horas.

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No evangelho de Lucas nos diz que os apóstolos depois da Ascenção «estavam sempre

no templo bendizendo a Deus» (Lc, 24,53) e os Atos dos Apóstolos dizem da Igreja primitiva que

«eran constantes em escutar os ensinamentos dos apóstolos, na vida comum, na fração do

pão e nas orações» (2,42) e que «se reunião de comum acordo no pórtico de Salomão».

(5,12).

Oração pessoal-comunitária, como Jesus lhes havia ensinado, oração feita em

assembleia, que herdada em parte, da tradição judaica, mas com um conteúdo e dimensão

definitivamente cristocêntrica, ocupa um lugar importante na igreja nascente.

Assim começa a surgir a liturgia da Igreja: seu «serviço» a humanidade, como o de Jesus.

A liturgia continua e atualiza no tempo, de forma cultual, a obra de salvação da humanidade rea-

lizada por Cristo mediante sua entrega até a morte na cruz e sua glorificação.

Através dela a Igreja «ora incessantemente» (Lc. 1,18) com Cristo ao Pai. Cada um dos que

oran «emprestam» sua voz, seu canto, seus lábios, sua mente e seu coração a Cristo para que

ressoe na terra, com voz humana, seu mesmo canto de louvor, de ação de graças, de benção e

de súplica ao Pai pela salvação de todos os homens e mulheres da história, e ele mesmo ora por

nós, como expressa Santo Agostinho: « …é éle, o único Salvador de seu corpo, nosso Senhor

Jesus Cristos, o Filho de Deus, o que reza por nós, reza em nós e é rezado por nós. Reza por nós

como nosso sacerdote, reza em nós como nossa cabeça e o rezamos com ao nosso Deus.

Reconheçamos, pois nele nossas vozes e sua voz em nós ».

Os batizados, convertidos em «filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus» (Gal. 3,26)

entram em um único diálogo de Amor deste com o Pai, como ele, o comunicam a humanidade.

É a oração da Igreja: pessoal e comunitária, porque o ser humano é, por natureza,

individual e social e toda oração cristã, pela própria essência de atitude relacional, de

amor, é sempre pessoal; ao contrário se converte em um rito ou em um ato no qual só é

utilizada a memória e/ou os lábios, com o qual deixa de ser um ato humano; e como ato

humano é, portanto, individual e social ou comunitário.

A comunidade – e neste caso a Igreja – comunidade de crentes pela presença do

Espírito de Jesus que lhe dá vida, unidade e coesão interna – lhe ensina, lhe propícia e lhe

comunica o mesmo ato de oração, e a comunidade, por sua vez, se beneficia dela.

A Oração das Horas: A Igreja, já desde seus inícios celebra a Eucaristia que é a

fonte, o centro e o culme de toda a liturgia.

Mas a Eucaristia e os demais sacramentos não esgotam a liturgia, e a Igreja, fiel ao

mandamento do Senhor de que «deveriam orar sempre sem desanimar» (Lc 18,1) usa também,

desde o princípio, outras formas de oração, entre as quais a Liturgia das Horas é a mais

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importante: seguindo a mais antiga tradição cristã serve, por sua vez, para santificar o decurso inteiro do

dia e da noite. Esta oração, que tem um conteúdo primordiariamente bíblico é, prioritariamente uma

oração comunitária e, ao longo da história, foi se modificando até chegar a nossa Oração das Horas.

O povo de Israel orava de forma preeminente na primeira hora da manhã e ao

entardecer, oração que, relacionada com os sacríficios que eram oferecidos no Templo ,

tinha seu núcleo central na recitação do «shemá Israel» = «ouve Israel» (Dt. 6,4-9) profissão de fé

é uma das orações preferidas da piedade judaica, a qual vem a ser como uma oblação

espiritual de todo o povo. Mas, esta oração do « shemá» devia também ser recitá-la durante o dia.

A comunidade cristã primitiva acrescenta a celebração cristão da «fração do pão», a Eucaristía, a

oração própria de Israel. No príncipio segue seu mesmo ritmo de oração, mas já a primeira geração

cristã dá um novo conteúdo a oração judaica e lhe substitui pelo Pai Nosso, rezando-o três vezes ao

dia, como toda certeza ao levantar-se, ao meio-dia e ao por do sol.

São os momentos básicos de oração que mais adiante, por sua vez, se ampliam para

metade da manhã e metade da tarde, adquirem uma dimensão cristocêntrica e passam

a ser uma referência ao mistério pascal de Jesus: a do amanhecer ou Laudes, em

memória e louvor a Ressurreição do Senhor, a oração do entardecer ou Vésperas, na

qual, junto com a memória da morte do Senhor, quando as trevas começam a cobrir a

terra, nos traz a esperança de que a luz vai renascer, preludio do retorno de Cristo.

São as duas principais horas de oração da Igreja que depois, e seguindo a nomenclatura

que usavam os judeus para marcar as diferentes horas do dia, se ampliam em outras três que

nos fazem reviver: a meia manhã ou tércia, o envio do Espírito sobre a Igreja, ao meio-dia, ou

sexta, a crucificação do Senhor; e a primeira hora da tarde, ou nona, a morte de Jesus, cuja

sombra cobre a tarde até as vésperas.

Esta oração era a que desde os inícios o povo cristão fazia. No ocidente, por ser a

língua se que falava em todo o império romano, se rezava em latim, mas ao passar do

tempo quando este dá lugar as línguas vulgares, o povo leigo acaba por não compreender o

que reza e a Oração das Horas fica quase exclusiva para sacerdotes, monjes e monjas.

Hoje, depois do Concílio Vaticano II, com a reestruturação e tradução em língua vernácula

da Oração das Horas, esta se coloca ao alcance de todos e a Igreja oferece e recomenda a fim de

que «penetre, anime e oriente profundamente toda a oração cristã, se converta em sua

expressão e alimente com eficácia a vida espiritual do povo de Deus » (Const. « Laudis

Canticum» n.- 8).

A Oração das Horas, como toda oração comunitária nos ajuda a fomentar nossa

consciência de filhos da mesma família que ao longo dos séculos, através de todos os louvores,

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ação de graças e prece, não faz outra coisa a não ser expressar o desejo comum de toda a

humanidade, ainda que para muitos permaneça inconsciente: «Vem, Senhor Jesus!» (Ap. 22,20).

A lirturgia é oração vocal: A liturgia é uma oração vocal, ou rezar como se

conhece, e para que esta dê maiores frutos é bom levar em conta alguns conselhos que santa

Teresa nos propõe em seu livro Caminho de Perfeição. Teresa exige que toda oração seja um

autêntico diálogo e para isto temos que compreender quem somos, os interlocutores. Assim é que

a oração vocal bem feita conduz precisamente a contemplação. Por isso nos diz: “Que se não

estiver nossa fraqueza tão fraca e nossa devoção tão tíbia, não seriam necessários outros

concertos de oraçãos, nem seriam necessários outros livros” (C 21,3). Se não fossemos tão

destraidos bastaria orar como o Pai Nosso e a Ave Maria para chegar a contemplação.

A oração vocal nos ajuda a interiorizar na medida em que tomamos consciência de com

quem falamos, por isso nos diz para não nos contentarmos em somente pronunciar as palavras.

Devemos rezar recordando-nos do Mestre. Como orar vocalmente?

- Jamais contentar-se com a oração só de palavras (24,2).

- Ter consciência do que dizemos. Porque quando digo creio é importante entender o que

creio (24,2).

- A sós (24, 4-5) ou seja, deixar de lado pensamentos e ocupações que não tem nada a

ver com a oração.

Assim o rezar se converte em autentica oração, por isso nos dirá Eu tenho que colocar

sempre juntas a oração vocal e mental (V.22,3) e a partir daqui podemos inclusive chegar até a

contemplação. Portanto, o que mais importa não são os graus, mas sim a oração.

E como conclusão, podemos dizer que toda oração vocal só será verdadeira quando for a

expressão exterior de uma reflexão interior (ou consideração como a santa chama) e diálogo com

Deus. a súplica dos lábios tem que ser a mente, feita e nascida do interior do ser humano que a

pronuncia. Em alguns casos será a preparação para a oração mental e em outras será um

irradiação, quando a língua se coloca em louvor depois da contemplação.

Para orarA reunião deste dia pode terminar com a oração comunitária da Liturgia das Horas, de

acordo com a hora em que se reúne a comunidade. Se nem todos tiverem a liturgia pode-se

providenciar cópias do matéria no seguinte site: http://www.liturgiadashoras.org/

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ÂNGELUS

V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria.

R. E Ela concebeu do Espírito Santo.

Ave Maria…

V. Eis a escrava do Senhor.

R. Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra.

Ave Maria…

V. E o Verbo divino encarnou.

R. E habitou no meio de nós.

Ave Maria…

V. Rogai por nós Santa Mãe de Deus.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos. Infundi, Senhor, como Vos pedimos, a Vossa graça nas nossas almas, para que nós, que pela

Anunciação do Anjo conhecemos a Encarnação de Cristo, Vosso Filho, pela sua Paixão e Morte

na Cruz, sejamos conduzidos à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso

Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.