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TRANSTORNOS ALIMENTARES - QUADRO CLÍNICO EATING DISORDERS – CLINICAL PICTURE Nádia Juliana Beraldo Goulart Borges 1 , Juliana Maria Faccioli Sicchieri 2 , Rosane Pilot Pessa Ribeiro 3 , Júlio Sérgio Marchini 4 , José Ernesto Dos Santos 4 1 Médica. Pós-Graduanda. Departamento de Clínica Médica. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –USP. 2 Nutricionista. Mestre. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto -USP. 3 Docente. Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP. 4 Docente. Divisão de Nutrologia. Departamento de Clínica Médica. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP CORRESPONDÊNCIA: Dra. Nádia Juliana Beraldo Goulart Borges. Avenida do Café, 1149 apto 404 bloco C Vila Amélia- CEP 14050-230 Ribeirão Preto- SP E-mail: [email protected] Borges NJBG, Sicchieri JMF, Ribeiro RPP, Marchini JS, Dos Santos JE. Transtornos alimentares - Quadro clínico. Medicina (Ribeirão Preto) 2006;39 (3): 340-8. RESUMO: A anorexia e bulimia nervosas são distúrbios da conduta alimentar caracterizados por abstenção voluntária de alimentos e pela ingestão compulsiva, seguida de métodos purga- tivos, respectivamente. Essas duas patologias estão intimamente relacionadas por apresenta- rem sintomas em comum: uma idéia prevalente envolvendo a preocupação excessiva com o peso, distorção da imagem corporal e um medo patológico de engordar. Geralmente, o perfil dos pacientes portadores de transtornos alimentares é: adolescentes do sexo feminino, raça branca, e alto nível sócio econômico cultural. Porém, o que se tem observado, é que esse grupo é cada vez mais heterogêneo, sendo realizado diagnóstico em adolescentes do sexo masculino, raça negra, pré adolescentes e pacientes com nível sócio econômico cultural baixo. Quanto à etiopa- togenia, não há uma única etiologia responsável pela anorexia nervosa. Acredita-se no modelo multifatorial, com contribuição de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares. Neste trabalho apresentamos como se inicia o quadro de transtorno alimentar, crité- rios diagnósticos, diferenças clínicas entre anorexia e bulimia, complicações clínicas inerentes, diagnóstico diferencial, comorbidades psiquiátricas associadas e acompanhamento e evolução desses transtornos. Considerando a elevada prevalência dessas síndromes associada à alta morbidade, preconiza-se o melhor conhecimento de suas manifestações clínicas, bem como complicações associadas para que o diagnóstico possa ser realizado mais precocemente evi- tando assim que essas pacientes cheguem para o tratamento apenas quando seu estado já esteja grave. Descritores: Transtornos da Alimentação. Anorexia Nervosa. Bulimia Nervosa. 340 1- INTRODUÇÃO Os transtornos alimentares são doenças psiquiá- tricas caracterizadas por graves alterações do com- portamento alimentar e que afetam, na sua maioria, adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, po- dendo originar prejuízos biológicos, psicológicos e au- mento da morbidade e mortalidade. Os dois principais transtornos alimentares são a anorexia e bulimia nervosas. A anorexia nervosa é caracterizada pela perda de peso à custa de dieta extremamente restrita, a bus- ca desenfreada pela magreza, distorção da imagem corporal e alterações do ciclo menstrual. A bulimia nervosa caracteriza-se por episódios repetidos de grande ingestão alimentar (episódios bu- Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: TRANSTORNOS ALIMENTARES: ANOREXIA E BULIMIA NERVOSAS 39 (3): 340-8, jul./set. 2006 Capítulo IV

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TRANSTORNOS ALIMENTARES - QUADRO CLÍNICO

EATING DISORDERS – CLINICAL PICTURE

Nádia Juliana Beraldo Goulart Borges1, Juliana Maria Faccioli Sicchieri2, Rosane Pilot Pessa Ribeiro3,Júlio Sérgio Marchini4, José Ernesto Dos Santos4

1Médica. Pós-Graduanda. Departamento de Clínica Médica. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –USP. 2Nutricionista. Mestre.Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto -USP. 3Docente. Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública. Escola deEnfermagem de Ribeirão Preto-USP. 4Docente. Divisão de Nutrologia. Departamento de Clínica Médica. Faculdade de Medicina deRibeirão Preto – USPCORRESPONDÊNCIA: Dra. Nádia Juliana Beraldo Goulart Borges.Avenida do Café, 1149 apto 404 bloco C Vila Amélia- CEP 14050-230 Ribeirão Preto- SPE-mail: [email protected]

Borges NJBG, Sicchieri JMF, Ribeiro RPP, Marchini JS, Dos Santos JE. Transtornos alimentares - Quadroclínico. Medicina (Ribeirão Preto) 2006;39 (3): 340-8.

RESUMO: A anorexia e bulimia nervosas são distúrbios da conduta alimentar caracterizadospor abstenção voluntária de alimentos e pela ingestão compulsiva, seguida de métodos purga-tivos, respectivamente. Essas duas patologias estão intimamente relacionadas por apresenta-rem sintomas em comum: uma idéia prevalente envolvendo a preocupação excessiva com opeso, distorção da imagem corporal e um medo patológico de engordar. Geralmente, o perfil dospacientes portadores de transtornos alimentares é: adolescentes do sexo feminino, raça branca,e alto nível sócio econômico cultural. Porém, o que se tem observado, é que esse grupo é cadavez mais heterogêneo, sendo realizado diagnóstico em adolescentes do sexo masculino, raçanegra, pré adolescentes e pacientes com nível sócio econômico cultural baixo. Quanto à etiopa-togenia, não há uma única etiologia responsável pela anorexia nervosa. Acredita-se no modelomultifatorial, com contribuição de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais efamiliares. Neste trabalho apresentamos como se inicia o quadro de transtorno alimentar, crité-rios diagnósticos, diferenças clínicas entre anorexia e bulimia, complicações clínicas inerentes,diagnóstico diferencial, comorbidades psiquiátricas associadas e acompanhamento e evoluçãodesses transtornos. Considerando a elevada prevalência dessas síndromes associada à altamorbidade, preconiza-se o melhor conhecimento de suas manifestações clínicas, bem comocomplicações associadas para que o diagnóstico possa ser realizado mais precocemente evi-tando assim que essas pacientes cheguem para o tratamento apenas quando seu estado jáesteja grave.

Descritores: Transtornos da Alimentação. Anorexia Nervosa. Bulimia Nervosa.

340

1- INTRODUÇÃO

Os transtornos alimentares são doenças psiquiá-tricas caracterizadas por graves alterações do com-portamento alimentar e que afetam, na sua maioria,adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, po-dendo originar prejuízos biológicos, psicológicos e au-mento da morbidade e mortalidade.

Os dois principais transtornos alimentares sãoa anorexia e bulimia nervosas.

A anorexia nervosa é caracterizada pela perdade peso à custa de dieta extremamente restrita, a bus-ca desenfreada pela magreza, distorção da imagemcorporal e alterações do ciclo menstrual.

A bulimia nervosa caracteriza-se por episódiosrepetidos de grande ingestão alimentar (episódios bu-

Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: TRANSTORNOS ALIMENTARES: ANOREXIA E BULIMIA NERVOSAS39 (3): 340-8, jul./set. 2006 Capítulo IV

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Transtornos alimentares - Quadro clínico

límicos, do inglês “binge eating”) e uma preocupaçãoexcessiva com o controle do peso corporal. O pacien-te chega a adotar medidas extremas, a fim de evitar oganho de peso, devido à ingestão exagerada de ali-mentos.1

Essas duas doenças estão intimamente relacio-nadas por apresentarem alguns sintomas em comum:uma idéia prevalente envolvendo a preocupação ex-cessiva com o peso, distorção da imagem corporal eum medo patológico de engordar.

Estudos epidemiológicos demonstram que hádificuldades relacionadas ao diagnóstico correto dostranstornos alimentares, como por exemplo, a recusado paciente em procurar ajuda profissional ou por nãoadmitir que está doente ou por achar que conseguiráse tratar sozinho. Com isso somente os casos maisgraves procuram tratamento, o que pode implicar emincidência e prevalência subestimadas.

A incidência de novos casos de anorexia ner-vosa em mulheres jovens, de acordo com trabalhosnos Estados Unidos e Europa, pode variar de 1,432 a503 por 100 mil pessoas anualmente. A incidência debulimia nervosa é de 2 a 4% em países de primeiromundo3.

Existe uma tendência ao aumento de incidên-cia, em parte pela realização de um diagnóstico maispreciso por parte dos médicos ou da familiaridade coma doença por parte dos pais dos pacientes e por outrolado pela apologia atual do culto ao “corpo perfeito”,inatingível pela maior parte da população.

A prevalência dos transtornos alimentares podevariar se considerarmos as síndromes parciais, isto é,pacientes que não apresentam a doença totalmentedesenvolvida seja pela presença dos ciclos mens-truais, seja pelo fato de a perda de peso não ser tãointensa quanto esperada.

Embora a anorexia se inicie na adolescência(geralmente entre 13 a 17 anos), casos com início nainfância e após 40 anos têm sido observados. Na buli-mia nervosa o início dos sintomas ocorre nos últimosanos da adolescência ou até os 40 anos, estando aidade média de início por volta dos 20 anos de idade.1,4

Geralmente, o perfil dos pacientes portadoresde transtornos alimentares é: adolescentes do sexofeminino, raça branca, e alto nível sócio econômicocultural. Porém, o que se tem observado, é que essegrupo é cada vez mais heterogêneo, sendo realizadodiagnóstico em adolescentes do sexo masculino, raçanegra, pré-adolescentes e pacientes com nível sócioeconômico cultural baixo.

Quanto à etiopatogenia, não há uma etiologiaúnica responsável pela anorexia nervosa. Acredita-seno modelo multifatorial, com contribuição de fatoresbiológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais efamiliares.

São ditos fatores de predisposição: sexo femi-nino, história familiar de transtorno alimentar, baixaauto-estima, perfeccionismo, dificuldade em expres-sar emoções.

Fatores precipitantes: dieta, separação e perda,alterações da dinâmica familiar, expectativas irreais,proximidade da menarca.

Fatores mantenedores: alterações endócrinas,distorção da imagem corporal, distorções cognitivas,práticas purgativas 4.

2- QUADRO CLÍNICO

2.1- Anorexia nervosa

O início do quadro clínico ocorre freqüente-mente a partir da elaboração de uma dieta, em que opaciente inicia a restrição de grupos alimentares, eli-minando aqueles que julga mais calóricos. Essa restri-ção alimentar aumenta progressivamente, com dimi-nuição do número de refeições, podendo evoluir dras-ticamente, até o jejum. O paciente tem como metaemagrecer, cada vez mais, desejando a todo custo fi-car cada vez mais magro.4.

Geralmente os pacientes relatam que o iníciodo quadro se deu após um fator estressante como al-gum comentário sobre seu peso, ou o término de rela-cionamento, ou perda de ente querido. Paulatinamen-te o paciente passa a viver exclusivamente em funçãoda dieta, do peso, da forma corporal, das atividadesfísicas, de tabela de calorias e do medo patológico deengordar. Concomitantemente esses pacientes apre-sentam traços de personalidade como preocupaçõese cautela em excesso, medo de mudanças, hipersen-sibilidade e gosto pela ordem.

Existem dois tipos de apresentação da anore-xia nervosa: o restritivo e o purgativo. No primeiro, ospacientes utilizam comportamentos restritivos associ-ados à dieta. Na anorexia tipo purgativa, acontecemepisódios de compulsão alimentar, seguidos de méto-dos compensatórios, como vômitos auto induzidos e ouso de laxantes e diuréticos.

Entre os sintomas que podem ser referidos pe-los pacientes estão: intolerância ao frio, fadiga, quedade cabelos, constipação, dor abdominal, anorexia, le-

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targia, pés e mãos frios, amenorréia, dificuldade deconcentração, etc. Como em geral os pacientes nãoadmitem estar doentes, eles tendem a não relatar es-pontaneamente suas queixas, ficando a cargo do mé-dico de questioná-las.

Os achados clássicos no exame físico dessespacientes estão relacionados à desnutrição e à disfun-ção hipotalâmica e incluem pele seca, hipotermia, bra-dicardia, hipotensão, bradipnéia e edema de membros.A gravidade da desnutrição pode ser avaliada pelo ín-dice de massa corpórea (IMC), que é obtido pela divi-são do peso pelo quadrado da altura ( faixa de desnu-trição inferior a 18kg/m2 para adultos)1,4,5.

2.2- Bulimia nervosa

Na bulimia nervosa, tipicamente o paciente co-meça a sentir uma vontade de comer incontrolável e,ao deparar-se com a geladeira, “devora” tudo. Sente-se depois culpado e até mesmo mal estar físico emrazão da quantidade ingerida de alimentos, ocorren-do-lhe a idéia de induzir o vômito para não engordar.Este comportamento lhe traz satisfação e alívio mo-mentâneos. O paciente bulímico pensa em ter desco-berto a forma ideal de manter o peso sem restringir osalimentos que considera proibidos. A progressão, to-davia, é uma catástrofe. Após o vômito, surge a sen-sação de estar fazendo algo fora do normal. Sente-seansioso, culpado e com piora na auto-estima, o quefaz retomar a dieta às vezes de forma mais intensapor acreditar erroneamente que detém o controle so-bre esse processo. Ao aumentar a restrição, facilitaos episódios bulímicos, piora os vômitos, a ansiedadee a auto-estima virando um círculo vicioso6.

Os episódios bulímicos são definidos como “aingestão, em um curto espaço de tempo, de uma quan-tidade de alimento muito superior ao que a maioriadas pessoas conseguiria comer durante um períodode tempo igual e sob circunstâncias similares”7. Alémdisso, deve haver um sentimento de perda de controlesobre a alimentação, ou seja, um sentimento de nãopoder parar de comer ou não controlar o quê e quantose come7. A freqüência desses episódios é variávelpodendo ocorrer várias vezes em um único dia ou emuma semana.

Durante esses episódios, o paciente come sozi-nho e escondido, não dá atenção ao sabor e a texturado alimento, comendo sem nenhum critério na hora dacompulsão. Porém o paciente é muito criterioso naescolha dos alimentos. Há também uma grande varia-bilidade nas calorias ingeridas durante o período da

compulsão. Mitchell e Laine, em 1985, estudaram pa-cientes hospitalizadas com bulimia nervosa que des-creveram seus episódios de “binge eating” (ingestãocompulsiva seguida de vômitos). Esses pacientes re-lataram ingestões variadas de 1.436 a 25.755 Kcal,que eram muitas vezes semelhantes à dieta habitual.A compulsão alimentar não está somente relacionadaao número de calorias ingeridas, mas também aos sen-timentos, perda de controle e ingestão de determina-dos tipos de alimentos. Alguns dos pacientes devoramo alimento até que a compulsão trouxesse dor físicaou sono. A média dos episódios por semana foi treze(variando entre seis a trinta) 8.

Wallin et al., em 1994, relataram que a seleçãoalimentar durante os episódios segue um padrão se-melhante: pães, bolos, massas, sanduíches, chocola-tes, pizzas e doces. Segundo elas a seleção dos ali-mentos é resultado da “compulsão” ou do “desejoirresistível” por esse alimentos9. Segundo Hetheringtone Rolls, 1991, o perfil da alimentação depende de umasérie de fatores, incluindo a oportunidade de purga-ção, o tipo de alimento disponível e o humor10.

Mesmo não sendo a única prática usada paracompensar o episódio bulímico ou para evitar ganhode peso excessivo, o vômito auto-induzido é o maisfreqüentemente encontrado. Também é comum a prá-tica intensa de exercícios físicos, podendo causar da-nos aos ligamentos e aos músculos. Também podeocorrer o uso de laxantes, diuréticos, inibidores deapetite e de hormônios tireoidianos6.

Diferentemente do paciente anoréxico, o paci-ente bulímico não tem desejo de emagrecer cada vezmais. Em geral, seu peso está normal ou, em menornúmero de casos com sobrepeso. As irregularidadesmenstruais podem ocorrer, mas a amenorréia é ca-racterística da anorexia nervosa6.

É possível encontrar aumento da impulsividade,manifestada pela associação com outros quadros psi-quiátricos, como cleptomania, tricotilomania e outrostipos de automutilação, abuso de drogas ilícitas e álcool,promiscuidade sexual e risco de suicídio11.

3- CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: DSM IV(anorexia e bulimia nervosas)

O diagnóstico da anorexia e bulimia nervo-sas é feito segundo os critérios estabelecidos peloDSM IV (Diagnostic and Statistical Manual of Men-tal Disorders; APA, 1994)7, conforme referido na Ta-bela I.

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Transtornos alimentares - Quadro clínico

4- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

A anorexia e bulimia nervosas são distúrbios daconduta alimentar caracterizados por uma obsessãopela perfeição do corpo e visão distorcida da imagemcorporal.

Antes que se faça o diagnóstico de anorexia oubulimia nervosas é importante excluir causas orgâni-cas que podem simular os quadros de transtornos ali-mentares como o descrito na Tabela II.

5- COMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA ANO-REXIA E BULIMIA NERVOSAS

As complicações clínicas relacionadas à ano-rexia nervosa são decorrentes da própria desnutrição.Já na bulimia nervosa as complicações clínicas sãomais freqüentes, estando principalmente relacionadoao distúrbio hidroeletrolítico. No atendimento ambula-torial de pacientes portadores de transtornos alimen-tares do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medi-

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cina de Ribeirão Preto – USP, geralmente observa-mos uma prevalência aumentada de hipocalemia, sen-do muitas vezes esse o motivo da internação de ur-gência. As complicações clínicas estão representadasna Tabela III.

6- DIFERENÇAS CLÍNICAS ENTRE ANORE-XIA E BULIMIA

A anorexia e bulimia nervosas apresentam di-ferenças clínicas significativas. Porém muitas vezeselas podem se confundir no subtipo purgativo da ano-

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Transtornos alimentares - Quadro clínico

rexia nervosa. O aspecto em questão que auxilia nodiagnóstico é que na anorexia do tipo bulímico o pesodo paciente está abaixo do desejado enquanto quena bulimia ele é normal ou acima do desejável. A Ta-bela IV mostra diferenças entre os quadros de trans-torno alimentar.

7- AVALIAÇÃO LABORATORIAL DOSTRANSTORNOS ALIMENTARES

Como o diagnóstico dos transtornos alimen-tares é clínico, não existem testes laboratoriais pato-gnomônicos. Na verdade, as alterações encontradassão resultados dos hábitos utilizados para perder peso(p. ex. hipopotassemia devido vômitos excessivos).

É importante esclarecer à família que os exa-mes laboratoriais solicitados são métodos para acom-panhamento da doença e não para diagnóstico. Estapostura decorre do fato de que os pacientes não acre-ditam estar doentes e poderem se utilizar do fato dosexames estarem normais para justificar que não hánada de errado com eles5.

No Ambulatório de Transtornos Alimentares(GRATA-HCFMRP-USP) do Hospital das Clínicasda Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP,na primeira consulta solicita-se vários exames afimde diagnosticar possíveis alterações associadas aostranstornos alimentares. São eles:• Hemograma: geralmente esses pacientes tem ane-

mia hipocrômica microcítica leucopenia associada.

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• Lipidograma: cerca de 40% dos pacientes com ano-rexia nervosa cursam com elevação do colesteroltotal ou podem apresentar diminuição do colesterole triglicérides devido à própria desnutrição. Os pos-síveis mecanismos relacionados a hipercolesterole-mia são: redução dos níveis de T3, diminuição daproteína carregadora do colesterol, perda do coles-terol intra-hepático e diminuição da excreção fecalde ácidos biliares e colesterol5.

• Glicemia: geralmente esses pacientes cursam comhipoglicemia sendo que a exclusão do diagnósticode diabetes melito é fundamental.

• Albumina e proteínas totais: esses pacientes podemapresentar hipoalbuminemia, sendo essa uma con-dição incomum devido à lenta e progressiva perdade peso.

• Eletrólitos sódio, potássio, cálcio iônico, magnésio)• Zinco: muitas pacientes portadores de anorexia ner-

vosa cursam com hipozinquemia que está relacio-nada à baixa ingestão alimentar.

• Estudo do ferro (ferro, ferritina, transferrina): paradiagnóstico das anemias ferroprivas.

• Vitaminas (Vitaminas A, C, B12, ácido fólico e betacaroteno): diagnóstico de hipovitaminose relaciona-da à desnutrição.

• Testes tireoidianos: solicitamos TSH para triagemde hiper ou hipotireoidismo relacionada ao uso ounão de hormônios tireoidianos.

• Função renal: geralmente nesses pacientes os ní-veis de uréia e creatinina estão normais. Porémdevido à desidratação ou ao catabolismo protéicoesses valores podem se alterar.

• Função hepática: pacientes com anorexia nervosapodem cursar com esteatose hepática relacionadaao jejum.

• Eletrocardiograma: pacientes com transtornos ali-mentares podem cursar com bradicardia sinusal,arritmias sinusal ou ventriculares, principalmentedevido ao prolongamento do intervalo QT. Caso sedetecte essa alteração, deve-se monitorizar os ní-veis de eletrólitos desses pacientes, sobretudo seeles vomitam ou usam laxantes. A disfunção car-díaca mais séria é a taquiarritmia ventricular quepode resultar em morte súbita.

Esses pacientes podem cursar com outras alte-rações gonadais e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenalalém de alterações ósseas como a osteoporose. Nes-te sentido, os pacientes são avaliados não só do pontode vista nutrológico, mas também do metabolismo in-termediário.

8- COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS AS-SOCIADAS AOS TRANSTORNOS ALI-MENTARES

Na prática clínica observa-se que os transtor-nos alimentares se apresentam muitas vezes associa-dos com outras doenças psiquiátricas. É descrito aassociação com:• Abuso e dependência de drogas e álcool (12-40%)• Síndromes depressivas (50-75%)• Transtornos ansiosos como fobia social e transtor-

no obsessivo compulsivo (15-35%)• Transtornos de personalidade (40-75%)1.

9- CURSO E EVOLUÇÃO DA ANOREXIANERVOSA

As taxas de recuperação da anorexia nervosasão variáveis. Estima-se, no entanto, que em torno de30 a 40% dos pacientes tenham recuperação com-pleta, não voltando a apresentar outros episódios dadoença. Outros 30 a 40% têm uma evolução media-na, oscilando entre períodos de melhora e de recidivada doença, podendo evoluir para bulimia nervosa13. Orestante dos pacientes tem um curso grave, com com-plicações físicas e psicológicas mais sérias.

O índice de mortalidade pode chegar a 20%,em razão das complicações decorrentes da própriadoença e suicídio14.

Alguns fatores são preditivos de uma evoluçãodesfavorável, como peso muito baixo no início do tra-tamento, aparecimento tardio da doença, demora paraprocurar ajuda médica, presença de práticas purgati-vas, relações familiares comprometidas e comorbidadepsiquiátrica.

10- CURSO E EVOLUÇÃO DA BULIMIA NER-VOSA

De acordo com cada estudo, o critério de me-lhora é variável. Alguns autores15 consideram a buli-mia recuperada, mesmo quando houver a ocorrênciade um episódio bulímico ou vômito mensal, enquantooutros exigem o término completo da compulsão e daspráticas purgativas.

Há boa recuperação em torno de 60% dos pa-cientes bulímicos, sendo 30% com evolução medianae 10% com um curso ruim13.

Alguns fatores são considerados preditivos demau prognóstico, tais como: grande freqüência de

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vômitos, aparecimento tardio da doença, maior seve-ridade no quadro e relações interpessoais conturba-das. Porém, ainda cabem estudos prospectivos.

O tratamento tanto da anorexia quanto da buli-mia nervosa deve ser multidisciplinar, com atendimentopsiquiátrico, psicológico e nutricional, uma vez quevários fatores contribuem para o a aparecimento e amanutenção dos transtornos alimentares 16.

Caso haja comorbidade psiquiátrica, é necessá-ria a sua abordagem, em geral psicofarmacológica1,17.

No Grupo de Assistência em Transtornos Ali-mentares (GRATA) do Hospital das Clínicas da Fa-culdade de Medicina de Ribeirão Preto -USP, a abor-dagem inicial é feita a nível ambulatorial, com retor-nos freqüentes. De acordo com a evolução clínica,esses retornos são reavaliados, agendado mais amiú-de, postergado, ou se uma evolução clínica desfavo-

rável, os pacientes são internados. Os critérios para ainternação são: distúrbio hidroeletrolítico grave,ideações suicidas, quadros infecciosos, bradicardia,hipotermia, e peso menor que 75% do mínimo espera-do. Além da adesão do paciente, é imprescindível, quea família esteja envolvida no tratamento. É oferecidoassistência a família, com realização de grupos deapoio, para esclarecimento de dúvidas médicas, nutri-cionais e apoio psicológico, o que certamente influen-cia no bom prognóstico. Apesar da anorexia e bulimianervosas, serem doenças com critérios clínicos bemdefinidos, os sistemas classificatórios não conseguemcobrir a variedade de alterações comportamentais ali-mentares, e, portanto há a necessidade de continuar ainvestigar e cuidar de pacientes portadores de trans-tornos alimentares clássicos, e dos que não apresen-tam os quadros tradicionais de tal transtorno.

Borges NJBG, Sicchieri JMF, Ribeiro RPP, Marchini JS, Dos Santos JE. Eating disorders – Clinical picture.Medicina (Ribeirão Preto) 2006; 39 (3): 340-8.

ABSTRACT: Anorexia and bulimia nervosa are eating disorders characterized by voluntaryabstention and compulsive ingestion of food, followed by purgative methods, respectively. Bothpathologies are related, once they present symptoms in common: a prevalent idea involvingexcessive preoccupation about weight, a distortion of body image, and a pathological fear ofgaining weight. Generally, the profile of patients with eating disorders is: white female adoles-cents who have a high social, cultural and economic status. However, increasingly, such condi-tions have been involving other classes, including male Afro adolescents; pre-teens and patientswho have lower social, cultural and economic status. As for the etiopathogeny of anorexia nervosa,there is not only one etiology behind it. A multifactor model is believed to exist, including family,social, cultural, psychological, economic, genetic, and biological factors. In this study we showhow such conditions start, criteria for diagnoses, clinical differences between bulimia and anor-exia, underling clinical complications, diagnoses differentials, related psychiatric comorbidities,progress, and follow up of such disorders. Considering the high prevalence and morbidity of suchsyndromes a better understanding of their manifestations and related complications is manda-tory to reach early diagnoses. This way, patients will not seek treatment only when they alreadyexhibit severe conditions.

Keywords: Eating Disorders. Anorexia Nervosa. Bulimia Nervosa.

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