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1 IV SIMPÓSIO GÊNERO E POLÍTICAS UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA 08 a 10 de junho de 2016 GT8 Gênero, Educação e Escola A experiência educacional do Bachillerato Popular Trans Mocha Celis na visibilidade das travestis e transexuais em Buenos Aires/Argentina Luana Pagano Peres Molina (Universidade Federal de São Carlos/ Universidad de Buenos Aires. Doutoranda no Programa de Educação, Mestre em História Social, Especialista em Psicologia Aplicada à Educação e Graduada em História)

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IV SIMPÓSIO GÊNERO E POLÍTICAS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

08 a 10 de junho de 2016

GT8 Gênero, Educação e Escola

A experiência educacional do Bachillerato Popular Trans Mocha Celis na

visibilidade das travestis e transexuais em Buenos Aires/Argentina

Luana Pagano Peres Molina (Universidade Federal de São Carlos/ Universidad de Buenos Aires. Doutoranda no Programa

de Educação, Mestre em História Social, Especialista em Psicologia Aplicada à Educação e

Graduada em História)

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IV SIMPÓSIO GÊNERO E POLÍTICAS PÚBLICAS GT8 Gênero, Educação e Escola

A experiência educacional do Bachillerato Popular Trans Mocha Celis na visibilidade

das travestis e transexuais em Buenos Aires/Argentina

Luana Pagano Peres Molina1

Resumo: Esta pesquisa faz parte da tese em desenvolvimento pelo Programa de Pós-

Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos, em que se objetiva analisar e

refletir o processo de formação do Bachillerato Popular Mocha Celis, no ano de 2012, na

cidade de Buenos Aires/Argentina através da aplicação metodológica da etnografia. A

pesquisa parte de uma perspectiva pós-estruturalista e queer, e entende este espaço

educacional como uma iniciativa de proporcionar às travestis e transexuais a inclusão social

através do retorno ao sistema educacional no ciclo do ensino médio. Apresentam-se como

resultados alguns dos projetos pedagógicos pensados a partir da concepção de cidadania,

políticas públicas e da educação sexual às/aos estudantes com ênfase nas medidas

humanitárias e proativas no endossamento das práticas aos Direitos Humanos e a diversidade

sexual na Argentina.

Palavras-chaves: Diversidade Sexual; Educação Popular; Transgeneridade.

1 Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) / Universidad de Buenos Aires (UBA); Doutoranda no programa

de Educação, Mestre em História Social, Especialista em Psicologia Aplicada à Educação, Graduada em

História; [email protected].

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Introdução

Es la primera escuela pública laica, gratuita y con perspectiva

de género del mundo. La idea es acceder a derechos, como la

educación, el trabajo, la salud, la vivienda, desde una mirada

integral para que todas las personas puedan finalizar sus

estudios.

Francisco Quiñones2

O Bachillerato Popular Trans Mocha Celis foi criado no ano de 2011 pelos

fundadores Francisco Quiñones e Agustín Fuchs e iniciou seu funcionamento/ano letivo

em 2012 com 15 estudantes. Esta iniciativa educacional refletiu o período de ascensão dos

direitos conquistados pela comunidade LGBTTTI – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis,

Transexuais, Transgêneros e Intersexuais – a partir do início do século XXI nos governos

dos Kirchner.3

Os movimentos sociais argentinos passaram a organizar-se fortemente e se

reestruturam, a partir de meados dos anos de 1980 pós a ultima ditadura militar (1976-

1983), através de um discurso voltado aos direitos humanos e de reconhecimento as

necessidades das minorias sociais do país. O movimento feminista uniu-se aos movimentos

de direitos humanos e de diversidade sexual para alcançarem possíveis avanços sociais e

direitos que garantissem seu exercício de cidadania e liberdade. A teórica Dora Barrancos

define muito bem o contexto argentino nos ano de 1980, como:

[...] se cuenta la notable renovación y difusión de los estudios

feministas, los cambios epistemológicos, las transformaciones

de la historia social, el empinamiento internacional de la

historiografía de género, a lo que se unen los cambios de la vida

política y social argentina con el retorno a la democracia.

(BARRANCOS, 2004:49)4

A mobilização política se concentrou especialmente na cidade de Buenos Aires,

mas aos poucos foi atingindo outras regiões do país. Neste contexto de mudanças sociais e

2 Fundador e Diretor do Bachillerato Popular Trans Mocha Celis em Buenos Aires/Argentina e ativista do

movimento LGBTTIQ. 3 Estamos nos referindo ao governo de Nestor Kirchner e posteriormente a Cristina Kirchner, ambos presidentes

da Argentina nos anos de 2003 até 2015. 4 Tradução Livre: [...] se aponta a renovação e difusão dos estudos feministas, as mudanças epistemológicas, as

transformações da história social, a ascensão internacional da historiografia de gênero, ao que se unem as

mudanças da vida política e social argentina com o retorno da democracia.

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políticas, vale ressaltar que foi também na década de 1980 que ocorreu o “boom” da

epidemia da HIV/AIDS, o que elevou as novas discussões a respeito das orientações

sexuais, com a necessidade de se falar sobre as formas de prevenções nas práticas sexuais e

que exigiu do governo reconhecimento das novas formações afetivas e criação de

campanhas de conscientização para o uso de preservativos, como a camisinha. Desta

maneira, se fizeram visíveis às situações de vulnerabilidade, injustiça e desigualdade frente

à população LGBTTTI daquele período.

Ainda na década de 1980 surgiu a Comunidad Homosexual Argentina (CHA), um

das organizações sociais LGBTTTI cujo foco foi de reivindicar ações na área do direito à

livre escolha sexual, assimilando conjuntamente os discursos dos direitos humanos e ações

participativas, como: grandes passeatas, manifestos e mobilizações públicas em defesa da

democracia e reivindicações aos direitos das/os homossexuais (PECHENY, JONES, 2008).

Um exemplo dessa articulação ocorre em 1992 quando é organizado por Carlos Luis

Jáuregui, a primeira Marcha do Orgulho Gay, com a presença de aproximadamente 250

pessoas participantes e cujo tema central foi a Libertad, Igualdad, Diversidad. Os/as

organizadores da Marcha se posicionaram, neste momento, como interlocutores/as entre o

Estado, os meios de comunicação e a sociedade em geral para fazerem visíveis as

demandas da diversidade sexual e entrarem nas agendas públicas.

Essas chamadas “Políticas de Visibilidades” ocorreram no decorrer da década de

1980 e 1990 quando organizações sociais começaram a denunciar a falta de representações

positivas e de impactos sobre as condições das existências de gays, lésbicas, travestis e

transexuais. Percebe-se então que é necessária a criação de uma série de estratégias que se

articulem e que causem ganhos sociais. Manifestando-se publicamente, o movimento

LGBTTTI desafia a fronteira do público-privado acerca da sexualidade humana e

denunciam o discurso heterossexista dos grupos sociais privilegiados a partir de uma

linguagem de direitos humanos e de inclusão (MORENO, 2008).

A tarefa de promover uma valorização positiva da diversidade sexual e os avanços

de uma legislação igualitária foi elevando cada vez mais ao longo dos anos e aumentando

os números dos participantes da Marcha do Orgulho Gay. No início, o número de pessoas

trans, por exemplo, foi mínima e com poucas participações no evento, a cada ano a Marcha

passou a comportar uma grande multiplicidade de manifestantes com espaços para todas as

demandas do coletivo LGBTTTI, incluindo a presença de pessoas cada vez mais jovens.

(BARRANCOS, 2014)

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A partir de uma maior abertura da sociedade e dos avanços sociais referentes à

comunidade LGBTTTI apresentou-se uma proliferação de outros grupos e organizações

em todo país, como por exemplo, Grupo de Lesbianas feministas Las Lunas y las otras

(1990); Grupo Autogestivo de Lesbianas (GAL); Transexuales por el Derecho a la Vida y

la Identidad – Transdevia (1991); Grupo de Investigación em Sexualidad e Interracción

Social – ISIS (1992); Colectivo Eros (1993); Travestis Unidas (1993); Asociación de

Travestis, Transexuales y Transgéneros de Argentina – ATTTA (1996); Federación

Argentina de Lésbianas, Gays, Bisexuales y Trans – FLGBT (2005).

Diante de todo este contexto da década de 1990, dos direitos humanos à

visibilidade, possibilitou-se o surgimento e fortalecimento do coletivo para pessoas

travestis e transexuais. Desde o início deste período, na capital Buenos Aires, surgiu um

agrupamento para a busca de direitos das travestis e denúncia de violência, estas que já

vinham para capital em fuga de áreas muito conservadoras e interioranas com forte

influência da Igreja Católica (BERKINS y FERNÁNDEZ, 2005).

A organização das travestis e transexuais começou a manifestar-se e suas principais

denúncias e argumentações voltou-se para a visibilidade das suas condições, dificuldade ao

acesso à saúde e pelo fim dos Edictos Policiales. Para Barrancos (2014:24) podemos

esclarecer os Edictos como [...] normas inconstitucionales, elaboradas por los propios

cuerpos de policía [...] daban capacidad a las fuerzas policiales para actuar en materiales

tales como la prostitución y [...] contra la franca perturbación de las buenas costumbres5.

De forma que, por exemplo, para as travestis, o ato de homens estarem usando roupas e

acessórios considerados femininos já era motivo de voz de prisão.

Ainda a respeito dos Edictos Policiales pode ser entendido como prisões

compulsórias (de 6 a 21 dias) com multas de ate 2100 pesos para quem saísse na rua com

roupas do sexo contrário. Acredita-se que no fim dos anos de 1980 e inicio dos anos de

1990 cada travesti já teria entre três ou quatro detenções mensais. Além da prisão havia

ainda as humilhações, agressões, os roubos, as propinas e violações. (BAZAN, 2010:458).

Para o acolhimento das trans na cidade de Buenos Aires, que vinham de diversas

regiões do país e pela necessidade de acabar com a ditadura policial contra este grupo,

surge o ativismo da Asociación de Lucha por la Identidad Travesti y Transexual (ALITT),

sendo uma das suas fundadoras, a pesquisadora e militante Lohana Berkins. Ao longo da

5 Tradução Livre: [...] normas inconstitucionais, elaboradas pelo próprio corpo de polícia [...] que davam

capacidade as forças policiais para atuar em materiais como a prostituição e [...] contra a franca perturbação dos

bons costumes.

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década de 1990 as travestis e transexuais trouxeram ao espaço social e ao cenário público a

reivindicação por uma identidade e as denúncias a respeito do que esta comunidade vem

enfrentando a exclusão, a falta de reconhecimento social, a repressão social e a falta do

convívio familiar.

Apoiados em novos discursos, como a teoria queer, e com a força política crescente

dos movimentos sociais, a partir do início do século XXI a Argentina conquistou grandes

direitos para a população LGBTTTI, tornando-se referência internacional pela legalidade e

reconhecimento da diversidade sexual: A Lei da União Civil (2003), A Lei da Educação

Sexual Integral (2006), o Casamento Igualitário (2010), a Lei de Identidade de Gênero

(2012).

O avanço legislativo é notável, mas e os questionamentos referentes à reinserção

educacional da comunidade travesti e transexual? A transfobia no ambiente escolar foi e é

um dos principais motivos que levaram as pessoas trans a deixarem a escola, o que gerou e

gera dificuldades ao acesso profissional, reforçando a marginalização e cujos direitos são

negados, como seu próprio exercício a cidadania. Como então se adaptar a um espaço que

sempre se mostrou heteronormativo e excludente?

É neste contexto que o Bachillerato Popular Trans Mocha Celis foi fundado, um

centro educativo, no bairro Chacaritas em Buenos Aires, e o primeiro no mundo a ser

fundado na perspectiva dos estudos de gênero e sexualidade. Além de produzir mudanças

significativas na forma que a comunidade trans está inserindo-se na sociedade, observamos

possibilidades de acesso à educação e ao mercado de trabalho.

Metodologia

Foi delimitada como metodologia a visão etnográfica. A Etnografia tem como

característica analisar e objetivar o comportamento social do sujeito inserido em seu

cenário cotidiano, a partir da obtenção de dados qualitativos por meio de uma série de

observações.

O teórico Lapassade (2001:72) pontua que a observação participante inicia-se com

a chegada do/da pesquisador/a ao campo da investigação e as negociações que lhe

permitirão ter acesso ao espaço investigativo, no desdobramento da pesquisa, até por fim, o

termino do estudo. A esse respeito, nesta pesquisa, a observação participante aplicou-se

desde o primeiro contato por e-mail, a minha chegada à cidade e os contatos iniciais, o

início da participação no Mocha Celis, o reconhecimento do espaço nas primeiras visitas, e

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de todo processo de que aos poucos me tornou uma “nativa” e que possibilitou- me

construir uma rede de relações naquele ambiente.

Estes aspectos apresentados possibilitam uma analise detalhada e aprofundada na

compreensão do significado das praticas e ações sociais. Ainda nessa perspectiva

metodológica da pesquisa, para Pereira e Lima (2010:4), a etnografia torna-se um plano

aberto e flexível, conforme o cotidiano é observado e descrito. Caracteriza-se pela

observação densa, criteriosa, detalhada, sobre o entorno sociocultural no qual os/as

participantes da pesquisa estão inseridos/as e destaca-se por formarem dois pilares

metodológicos: a interação prolongada entre o/a pesquisador/a e o/a participante da

pesquisa e a interação forjada no cotidiano do universo do/da participante.

O desenvolvimento da experiência no Mocha Celis, enquanto observadora, iniciou-

se em Junho de 2015 até Abril de 2016. A coleta de dados desdobrou-se através das

observações no ambiente escolar, com alguns encontros na disciplina Género e Educación

e apoiadas na confecção de um diário de campo.

Desenvolvimento

Para melhor compreensão do funcionamento deste sistema educacional, busco

apresentar uma breve conceituação do que são os Bachilleratos. A partir da grave crise

econômica vivenciada na Argentina no fim dos anos de 1990 e o início dos anos 2000

resultante da implosão do sistema neoliberal que prevaleceu no governo de Menem, as

classes populares passaram a pensar um tipo de educação autônoma, presentes nos

sindicatos e nas comunidades periféricas, para as minorias sociais e de caráter comunitário

(ARIEL, TERZIBACHIAN, 2012:519).

As autoras Ariel e Terzibachian (2012:529) definem os Bachilleratos como escolas

autogestionadas e populares. De forma que fazem parte de uma educação formal, mas que

ainda reivindicam sua autonomia frente ao Estado e obrigam que este reconheça as

diferentes realidades sociais em que estas escolas estão inseridas. Portanto, acredita-se que

o principal objetivo destes locais de ensino seja a educação popular e o empoderamento

das classes populares.

Os Bachilleratos Populares ressurgem das forças das assembleias de bairros, por

parte dos movimentos sociais e das estratégias para abrirem espaços que resolvam os

problemas educativos apresentados. Pensa-se em uma educação inclusiva, participativa e

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que se ajuste as necessidades do grupo que se apresenta, perdendo, principalmente, as

características das estruturas rígidas e hierárquicas das escolas tradicionais.

Estas experiencias se proponen incidir en la reconstrucción del

espacio público después de años de desmantelamiento de las

prestaciones sociales del Estado. Expresan además los debates más

amplios en torno a la definición de la escuela pública, su matriz

liberal y la exclusión sufrida por los sectores populares. (GLUZ,

2010:56)6

Uma das principais características dos Bachilleratos é ser uma organização

institucional horizontal, ou seja, as decisões de seu funcionamento, projetos e conteúdos são

tomados pelas/os docentes e estudantes, em assembleias, e não de maneira hierárquica e

vertical como em escolas tradicionais. Afinal, não se trata de um/uma ter mais conhecimento

que o/a outro/a, mas sim, terem saberes diferentes e tratarem de compartilharem estes saberes

para a possibilidade da construção do aprendizado (GLUZ, 2010).

As próprias assembleias fazem parte do processo educativo, onde se debate e discutem

os temas em grupo, exercendo a democracia, refletindo e adotando posturas sobre as

diferentes questões. Como consequência desta prática, surgem novas relações sociais dentro

do âmbito escolar e sua cotidianidade. As/os docentes, em sua maioria, são militantes e

universitários/as em processo de formação, portanto, ainda há o desafio de construir um novo

rol de profissionais preparados para trabalharem novos currículos, com uma visão de

desenvolverem práticas para uma educação popular. (PAEZ, PUTERO, 2012)

Quanto aos conteúdos trabalhados, estes são divididos por áreas que estão a cargo de

parceiras/os pedagógicas/os, que são formados por dois ou mais docentes, no intuito de

realizarem os programas, planificações e sistematização para refletirem sobre o que se

realizou e o que se pretende realizar. Os projetos educacionais variam de acordo com as

necessidades das/os estudantes.

Deste contexto político e social na Argentina, juntamente com esta nova prática

educacional que se popularizou pelo país, teremos o surgimento de um Bachillerato trans. O

objetivo foi de criar um espaço educativo, público e gratuito, voltado às pessoas travestis,

transexuais, transgêneros, da Capital Federal e dos arredores, de maneira a garantir o acesso a

uma educação livre de discriminação pela orientação sexual e/ou identidade de gênero.

6 Tradução Livre: Estas experiências se propõem incidir na reconstrução do espaço público depois de anos de

desmantelamento das prestações sociais do Estado. Expressam também os debates mais amplos em torno à

definição da escola pública, sua matriz liberal e a exclusão sofrida por setores populares.

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O estudo do livro La gesta del nombre propio de Josefina Fernandez e Lohana Berkins

(2005) que inspirou a formação do Bachillerato Mocha Celis apresenta um informe sobre a

situação da comunidade travesti na Argentina em que aponta a média de vida das pessoas

trans em 35 anos e analisa as principais causas de morte, em primeiro lugar, a violência

policial, logo em seguida, as doenças sexualmente transmissíveis e intervenções cirúrgicas

como produto da inacessibilidade deste coletivo ao sistema de saúde público. Enquanto que

na educação, este mesmo informe aponta que o nível de evasão da comunidade travesti

duplica a proporção da população geral (maiores de 15 anos) que não terminaram seus

estudos. Por isso a importância de se pensar em políticas públicas e de reconhecimento para

um grupo que é tão vulnerável.

Según datos ofrecidos por la organización, un 85% del colectivo

trans no terminó el secundario. Un 79% está en situación de

prostitución. La esperanza de vida es de 35 años, la mitad que la

media en Argentina. Este proyecto es una opción concreta de

integración y de aprendizajes, frente a la falta de una respuesta

educativa estructural por parte del Estado. En nuestro país la

formación primaria y secundaria es obligatoria. Paradójicamente,

es el mismo sistema, dominado por una perspectiva heterosexual y

patriarcal el que excluye a miles de jóvenes por su identidad de

género. (QUIÑONES, 2011:2)7

O nome do espaço educacional Mocha Celis foi escolhido em homenagem prestada à

travesti argentina Mocha Celis, que ficou conhecida no Bairro de Flores, devido à brutalidade

de sua morte em decorrência de três tiros que recebeu na cabeça. A travesti homenageada

Mocha Celis não sabia ler nem escrever por isso sempre pedia para lerem seus documentos.

Algumas companheiras, no período em que esteve presa8, começaram a alfabetiza-la, porém

ela faleceu antes de completar seus estudos.

A Escola desenvolve diariamente atividades no horário da uma da tarde até às seis e

meia, com turmas referentes aos três anos do ensino médio/secundário. Como incentivo e

colaboração para participação dos/as estudantes, estes/as inscrevem-se em vários programas

disponíveis em nível federal e estadual como bolsistas. E após os três anos do programa, além

7 Tradução Livre: Segundo dados oferecidos por organizações, 85% do coletivo trans não terminou o secundário.

E 79% estão em situação de prostituição. A esperança de vida é de 35 anos, a metade que a média na Argentina.

Este projeto é uma opção concreta de integração e de aprendizagens, frente à falta de uma resposta educativa

estrutural por parte do Estado. Em nosso país a formação primária e secundária é obrigatória. Paradoxalmente, é

o mesmo sistema, dominado por uma perspectiva heterossexual e patriarcal o que exclui milhares de jovens por

sua identidade de gênero. 8 Nos anos de 1990 estava em plena vigência à normativa dos Códigos de Faltas e Contravenciones que

sancionava as pessoas que exibissem publicamente roupas de outro sexo. Era uma época de repressão e

detenções as pessoas travestis.

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da certificação do ensino médio/secundário obtém um título técnico de “Perito Auxiliar em

Desarollo de las Comunidades”.

Este Bachillerato pretende ofrecer una respuesta a este círculo de

violencias desde la educación popular, rescatando los saberes

propios del colectivo trans* y canalizándolos en el armado de

proyectos cooperativos. A su vez el título que entregará (Perito/a en

el Desarrollo de las Comunidades) permite continuar estudiando en

cualquier Universidad o Instituto Superior, tanto público como

privado (QUIÑONES, 2012, p. 1)9

Esta iniciativa educacional é a primeira no mundo fundada a partir da perspectiva de

gênero e sexualidade, portanto se decidiu incorporar estas temáticas em todas as disciplinas,

como por exemplo, no inglês se ensina vocabulário LGBT, em matemática a ler os números

de alguma analise clínica de casos pertinente à problemática da sexualidade e em história se

fala de minorias, o movimento social LGBTTTI e sua formação e Direitos Humanos.

As/os estudantes realizam projetos com enfoques na literatura, cooperativismo,

matemática, noções digitais, memória, educação sexual. O currículo está dividido por

departamentos como: Area Cosmologica (para o departamento de Ciências Naturais e Exatas),

Areas Sociales (para o departamento de História e Formação de Cidadania), Area Lenguaje

(departamento de Línguas e Literatura).

Além disso, possuem uma área chamada de Area Formativo Ocupacional com um

Departamento de Orientació en Formativo Ocupacional com disciplinas em Formação

Ocupacional. Este módulo se baseia em outro programa do Ministério do Trabalho da Nação

chamado de “Programa Jóvenes com Más y Menor Trabajo” em que se desenvolve a

importância da inclusão do trabalho, começando com um perfil do trabalhador e depois com a

elaboração de um currículo, passando por leis trabalhistas e orientações de entrevistas.

E também ainda há uma disciplina de Educação e Gênero ministrada pela diretora

acadêmica Vida Morant. Nesta disciplina se tem como base o currículo implantado da

Educação Sexual Integral, para as/os estudantes desenvolverem atividades vistas como

ferramentas para expressarem suas emoções e sentimentos, respeitando a si e ao outro a partir

de um entendimento acerca da sexualidade humana e da diversidade sexual, construindo e

reconstruindo conceitos, ressignificando ações de cuidado da saúde e do corpo.

9 Tradução Livre: Este bachillerato pretende oferecer uma resposta a este círculo de violências desde a educação

popular, resgatando os saberes próprios do coletivo trans y canalizando-os no esquema de projetos cooperativos.

Além do título que possibilitará (Perito/a no desenvolvimento das comunidades) permite continuar estudando em

qualquer Universidade ou Instituto Superior, tanto público como privado.

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De acordo com o projeto pedagógico da disciplina (2015) o enfoque é abranger e

debater as noções, os tabus e as ideias que envolvem e cercam as construções de gênero e

sexualidade. Neste processo os debates perpassam temáticas como: a prostituição, a

identidade de gênero, sexualidade na adolescência, discriminações e preconceitos, abuso

sexual, violências simbólicas, papéis sexuais, orientações sexuais, entre outras categorias.

O recorte para este trabalho faz parte do acompanhamento de quatro aulas da

disciplina de Gênero e Educação nos mês de Setembro de 2015. As aulas ocorreram na

quinta-feira com a turma do 3o. ano e a proposta da aula foi o desenvolvimento de um projeto

para confecção de um Spot Publicitário dentro da temática da diversidade sexual. O objetivo

da proposta da professora Vida Morant foi de que as/os estudantes teriam autonomia para

construírem uma campanha publicitária que conscientizasse sobre a diversidade sexual

humana e também ensinasse conceitos como orientação sexual e identidade de gênero para

um público que não tivesse conhecimento dessas conceitualizações, de maneira a valorizar o

combate às práticas de homofobia e transfobia.

Para isso a professora exemplificou o que eram spots publicitários com “peças” que

foram utilizadas durante as campanhas do movimento LGBTTTI de Buenos Aires no período

da campanha para o casamento igualitário e Lei de Identidade de Gênero. Conforme vemos

alguns dos exemplos das peças publicitárias a seguir:

Fonte 1: Campanha Casamento Igualitário.

Disponível em:

http://www.falgbt.org/matrimonio-igualitario/

09/05/2016.

Fonte 2: Campanha Lei de Identidade de Gênero.

Disponível em: http://www.falgbt.org/ley-de-

identidad/ 09/05/2016.

Na primeira aula, a professora apresentou as instruções para o processo de

desenvolvimento da atividade: os spots poderiam (ou não) ser em grupos e sua apresentação

deveria ser entre 2 a 3 minutos. Poderia ser um vídeo gravado e editado, cartazes ou para as

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pessoas que não teriam como gravar poderiam encenar como propaganda ali mesmo no

espaço e no horário da aula.

Após a explanação, esta aula dividiu-se em dois momentos: a explicação do que era

um Spot Publicitário e a retomada de alguns conceitos já trabalhados sobre a diversidade

sexual que poderiam ser abordados nos trabalhos, como: identidade de gênero, homofobia,

transfobia, orientação sexual. A partir destas instruções ocorreram as divisões dos grupos e

nas próximas duas aulas as/os estudantes prepararam seus materiais.

Um grupo quis falar sobre o que era a Lei da Educação Sexual implantada em 2006,

outro grupo falou sobre o que era a Lei de Identidade de Gênero de 2012, outros dois falaram

sobre homofobia e transfobia, e por fim, mais dois grupos apresentaram a temática da

transexualidade. A maioria recorreu à biblioteca para buscarem materiais e referenciais

teóricos para tornar as narrativas bem coerentes, com uma linguagem clara e objetiva,

justamente adaptada a um modelo de spot publicitário.

No último dia foram apresentados dois vídeos: um sobre relatos do dia a dia de um

transexual em um ambiente escolar tradicional sofrendo Bullying dos/as colegas de sala de

aula com gracinhas e piadinhas sobre sua identidade e perseguições no intervalo, o que fez

com que o estudante retratado deixasse a escola; o outro grupo recriou no vídeo um momento/

ato de transfobia, onde duas amigas, uma travesti e outra transexual, foram juntas tomar café

em uma cafeteria famosa na cidade e tiveram situações de discriminações por meio de olhares

e comentários de outros/outras clientes e do próprio garçom que as atenderam de maneira

grosseira. Outros grupos apresentaram cartazes: um sobre o combate à homofobia com os

dizeres “A homossexualidade não é uma enfermidade. A homofobia sim.” e outro sobre a

importância da Lei de Identidade de Gênero que diz “Nós éramos invisíveis, não existíamos,

agora com a Lei 26.743 – Lei de Identidade de Gênero – somos alguém, agora existimos e

temos identidade”:

Fonte 3: Elaborada pela autora. 17/09/2015

Fonte 4: Elaborada pela autora. 17/09/2015.

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O interessante desta atividade foi o envolvimento que as/os estudantes

apresentaram na confecção dos spots como também na própria apresentação, em que

retrataram muitas vivências particulares das suas realidades. Como vemos na dificuldade

da convivência no ambiente escolar, a aceitação da sociedade em relação às identidades

trans, a violência gerada pela homofobia fundada em um discurso patológico a respeito das

orientações sexuais homossexuais, gays e lésbicas, e por fim, exaltando as mudanças

geradas a partis da Lei de Identidade de Gênero criada no ano de 2012.

A Lei de identidade de gênero deu um passo essencial à dignidade trans: o do

reconhecimento da identidade baseada exclusivamente na autodeterminação. Tornou-se

pioneira em todo o mundo ao deslocar o discurso médico e transferi-lo unicamente para o

discurso dos Direitos Humanos, para a noção de identidade. A Lei No. 26.743 que autoriza

travestis e transexuais a escolher seu sexo no registro civil. A norma estabelece que

qualquer pessoa possa solicitar a retificação de seu sexo no registro civil, incluindo o nome

de batismo e a foto de identidade. Com a vigência da medida, a mudança de sexo não

necessita mais do aval da justiça e do laudo psiquiátrico para reconhecimento, e o sistema

de saúde deve incluir operações e tratamentos para a adequação ao gênero escolhido.

(ARGENTINA, Lei 26.743, Art. 2, 2012)

Por fim, apontamos uma das atividades realizadas no Mocha Celis, dentro de uma

perspectiva de Gênero e Sexualidade, em uma disciplina com base curricular para se

desenvolver estas temáticas de maneira emancipatória, positiva e transformadora. A

proposta do Bachillerato Popular Mocha Celis é um espaço educacional que visa o

combate de qualquer forma de discriminação, colocando –se como uma reconstrução, uma

nova possibilidade do sistema educativo que historicamente resultou-se excludente.

Considerações Finais

São diversas as violências cometidas contra as pessoas LGBTTTI, em diversos

espaços sociais, inclusive o escolar. Por isso, um dos desafios enfrentados para quem lida com

educação e políticas públicas educacionais é refletir sobre a evasão escolar desse coletivo, em

especial às vivências das pessoas trans.

Este Bachillerato busca oferecer e desenvolver uma resposta a um círculo de

violências simbólicas que ocorrem no cotidiano escolar que marginalizam minorias,

resgatando principalmente os saberes próprios do coletivo trans e transformando-os em um

projeto cooperativista, de cidadania e reinserção laboral.

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Alguns dos prêmios recebidos pelo Bachillerato desde 2012 foram: Declaración de

interés en la promoción de los Derechos Humanos por la Legislatura de la Ciudad Autónoma

de Buenos Aires; Subsidios del Ministerio de Educación de la Nación- Auspicio del INADI;

Reconocimiento oficial del Ministerio de Educación de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires;

Mocha Celis desenvolve e representa ações no âmbito político, educacional e social

que se tornaram igualmente indispensáveis na luta e nos esforços ao combate as

discriminações. Ações que nos orientam por princípios que propõem atitudes críticas,

dialógicas e humanitárias. Entendidas como permanentemente abertas para negociar e

reconstruir sentidos, desestabilizar relações de poder e doutrinas opressivas, bem como

subverter lógicas concentradoras de recursos e geradoras de novas modalidades de opressão.

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