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IV Jornada Nacional de Pesquisa na Pós-Graduação em Filosofia da UFSM

Caderno de Resumos da IV Jornada Nacional de Pesquisa na Pós-Graduação em

Filosofia da UFSM

Editores

Prof. Dr. José Lourenço Pereira da Silva

Félix Flores Pinheiro

Gabriel Henrique Dietrich

Jonatan Willian Daniel

Kariel Antonio Giarolo

SANTA MARIA

2013

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COMITÊ CIENTÍFICO

Presidente

Prof. Dr. José Lourenço Pereira da Silva

Membros

Prof. Dr. Albertinho Luiz Gallina

Prof. Dr. César Schirmer dos Santos

Prof. Dr. Ricardo Bins Di Napoli

Prof. Dr. Christian Viktor Hamm

Prof. Dr. FlávioWilliges

Prof. Dr. Carlos Augusto Sartori

Prof. Dr. Noeli Dutra Rossato

Prof. Dr. Marcelo Fabri

Prof. Dr. Paulo Sérgio de Jesus Costa

Prof. Dr. Rogério Passos Severo

Prof. Dr. Silvestre Grzibowsk

COMISSÃO ORGANIZADORA

Docentes

Prof. Dr. José Lourenço Pereira da Silva

Prof. Dr. Albertinho Luiz Gallina

Discentes pós-graduação

Aline Ibaldo Gonçalves

Félix Flores Pinheiro

Gabriel Henrique Dietrich

Guilherme Freitas Soares

Jonatan Willian Daniel

Kariel Antonio Giarolo

Discentes graduação Allana Focking

Bruna Brambatti

Guilherme Pinto Ravazzi

Kariane Marques

Capa: Félix Flores Pinheiro

Projeto gráfico e diagramação: Félix

Flores Pinheiro e Kariel Antonio Giarolo

Revisão e correção ortográfica: Kariel

Antonio Giarolo

Promoção: Programa de Pós-Graduação

em Filosofia da UFSM

Apoio: Universidade Federal de Santa

Maria – UFSM, Centro de Ciências Sociais

e Humanas – CCSH, Programa de Pós-

Graduação em Filosofia da UFSM,

Departamento de Filosofia.

Universidade Federal de Santa Maria

Departamento de Filosofia

Avenida Roraima, n. 1000, Prédio 74a, Sala 2352

Bairro Camobi, Santa Maria, RS, CEP: 97115-970

Fone: (55) 3220 8132 – Ramal 38

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Sumário

IPSEIDADE E CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA ONTOLOGIA

FENOMENOLÓGICA DE SARTRE. ....................................................................................... 7

Adelar Conceição .................................................................................................................... 7

CONTRIBUIÇÃO DE KARL POPPER À CIÊNCIA MODERNA .......................................... 7

Alexandre Klock Ernzen .......................................................................................................... 7

SOBRE A RESPOSTA AO CETICISMO DE HUME NA DEDUÇÃO

TRANSCENDENTAL ............................................................................................................... 8

Alexandre Teles ....................................................................................................................... 8

O PAPEL DAS VIRTUDES INTELECTUAIS NA JUSTIFICAÇÃO EPISTÊMICA............. 9

Alexandre Ziani de Borba ........................................................................................................ 9

OS CAMINHOS DA LIBERDADE E A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO SARTREANO

.................................................................................................................................................. 10

Aline Ibaldo Gonçalves .......................................................................................................... 10

AS NOMINALIZAÇOES DE EVENTO E RESULTADO: UMA PESQUISA

LINGUISTICO-FILOSOFICA ................................................................................................ 11

Ana Clara Polakof .................................................................................................................. 11

O ASPECTO FENOMÊNICO DA MORALIDADE EM SCHOPENHAUER COMO

CONTRAPONTO AO RACIONALISMO ÉTICO ................................................................. 11

Anerson Gonçalves de Lemos ............................................................................................... 11

A UNIDADE DAS VIRTUDES NA REPÚBLICA DE PLATÃO .......................................... 12

Bruna de Almeida Brambatti ................................................................................................ 12

A GÊNESE TEMPORAL DA INTELIGIBILIDADE NA FENOMENOLOGIA DE

HEIDEGGER ........................................................................................................................... 13

Bruno De Prá Michels ........................................................................................................... 13

A BASE NÃO RACIONALISTA DA MORAL EM DAVID HUME .................................... 13

Bruno Martinez Portela ........................................................................................................ 13

UMA REVISÃO DE ESTUDOS DE VISUALIZAÇÃO E DIAGRAMAS DE VENN ......... 14

Bruno Ramos Mendonça ...................................................................................................... 14

OS FUNDAMTENTOS MORAIS DA JUSTIÇA TRIBUTÁRIA .......................................... 15

Carina da Cunha Alvez .......................................................................................................... 15

O SUMO BEM KANTIANO SEGUNDO A PERSPECTIVA RICOEURIANA: uma leitura a

partir do “Oitavo Estudo” de O si-mesmo como um outro ....................................................... 15

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Édison Martinho da Silva Difante ......................................................................................... 15

PEDRO ABELARDO E O CONCEPTUALISMO.................................................................. 16

Edsel Pamplona Diebe .......................................................................................................... 16

CAMPO: O NÓMOS DO ESPAÇO POLÍTICO ATUAL ....................................................... 17

Ésio Francisco Salvetti ........................................................................................................... 17

DA CONSCIÊNCIA POSICIONAL AO PARADOXO DA CONSCIÊNCIA: A

INTERPRETAÇÃO LEVINASIANA DE HUSSERL. ........................................................... 17

Felipe Bragagnolo. ................................................................................................................ 18

OS MODOS DE SER DA EXISTÊNCIA, DISPONIBILIDADE E SUBSISTÊNCIA COMO

CAMADAS DE BOLO? O DEBATE ENTRE ROBERT BRANDOM, MARK OKRENT E

JOHN HAUGELAND. ............................................................................................................. 18

Gabriel Henrique Dietrich ..................................................................................................... 18

A MORTE COMO MOVIMENTO PARA A LIBERDADE E O RECONHECIMENTO DO

OUTRO EM HEGEL ............................................................................................................... 19

Grasiela Cristine Celich Dani ................................................................................................. 19

UM BREVE ENSAIO SOBRE O BEM VIVER EM DIÓGENES DE SÍNOPE .................... 20

Guilherme de Freitas Soares ................................................................................................. 20

O FUNDACIONISMO DE BONJOUR É VIÁVEL? .............................................................. 20

Jonatan Willian Daniel .......................................................................................................... 20

AÇÃO E AUTOCONSTITUIÇÃO: A CRÍTICA DE ENOCH A KORSGAARD ................. 21

Karen Giovana Videla da Cunha Naidon ............................................................................... 21

A POSSIBILIDADE DE UMA LÓGICA DE IMPERATIVOS E O PROBLEMA DAS

INFERÊNCIAS PRÁTICAS .................................................................................................... 22

Kariel Antonio Giarolo ........................................................................................................... 22

O PAPEL DA SOCIOLOGIA A-RACIONAL NA RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO

DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA SEGUNDO LARRY LAUDAN. ............................. 23

Leonardo Edi Ignácio ............................................................................................................. 23

A CRÍTICA DE KANT À IDEIA DE UMA PSICOLOGIA RACIONAL A PARTIR DA

LEITURA DOS PARALOGISMOS DA RAZÃO PURA ....................................................... 24

Luciano Duarte da Silveira .................................................................................................... 24

O QUE DEU ERRADO COM O MONISMO ANÔMALO? .................................................. 24

Marcelo Fischborn ................................................................................................................ 24

A REALIDADE DOS FATOS E PROPRIEDADES MORAIS Sob o viés da Ontologia de

Karl R. Popper .......................................................................................................................... 25

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Mateus Romanini .................................................................................................................. 25

RICOEUR E A ECONOMIA DO DOM: UMA EXPERIÊNCIA DE RECONHECIMENTO

PACÍFICO ................................................................................................................................ 26

Paulo Gilberto Gubert ........................................................................................................... 26

A TEORIA DA SUBSTÂNCIA EM DESCARTES ................................................................ 26

Pedro Falcão Pricladnitzky .................................................................................................... 26

SOBRE O DESVIO ESPONTÂNEO NA TRAJETÓRIA RETILÍNEA DOS ÁTOMOS

SEGUNDO O EPICURISMO .................................................................................................. 27

Rogério Lopes dos Santos ..................................................................................................... 27

EDITH STEIN: UMA LEITORA CRÍTICA DE EDMUND HUSSERL ................................ 28

Rudimar Barea ...................................................................................................................... 28

SENSIBILIDADE ÉTICA COMO SABEDORIA: UM CONTRASTE ENTRE A

“SABEDORIA DO AMOR” E “AMOR A SABEDORIA” .................................................... 29

Silvério Costella ..................................................................................................................... 29

REGRAS E VALORES NAS TEORIAS HISTORICISTAS DA RACIONALIDADE

CIENTÍFICA ............................................................................................................................ 29

Tamires Dal Magro ................................................................................................................ 29

AÇÕES AFIRMATIVAS E A ANÁLISE DO CASO BAKKE .............................................. 30

Thaís Cristina Alves Costa ..................................................................................................... 30

(RE) SIGNIFICAÇÃO DA LÓGICA POR HEGEL – UM ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE

LÓGICA E METAFÍSICA ....................................................................................................... 31

Tomás Farcic Menk ............................................................................................................... 31

DA PARTICIPAÇÃO À SEPARAÇÃO: METAFÍSICA, EXISTENCIALISMO E

MELANCOLIA ........................................................................................................................ 31

Vítor Hugo dos Reis Costa ..................................................................................................... 31

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Adelar Conceição

[email protected]

O presente texto consiste em uma análise acerca do estatuto da subjetividade na ontologia

fenomenológica de Sartre a partir do problema da ipseidade da consciência. Ao criticar o

pressuposto do Ego transcendental da fenomenologia, o autor precisa dar contra de explicitar

como uma consciência não-egóica pode ainda assim manter sua unidade e individualidade.

Argumentasse que a saída para essa aporia se dá através de uma radicalização do princípio de

intencionalidade, no sentido de compreender que toda consciência é consciência (posicional)

“de” alguma coisa, mas ao mesmo tempo consciência (não-posicional) de si. A „versão

própria‟ da fenomenologia proposta por Sartre tem, nesse caso, como foco a crítica ao Ego da

fenomenologia transcendental e ao mesmo tempo uma radicalização da mesma no sentido de

afirmar que a autoconsciência reflexiva, requerida pela pergunta pela possibilidade do

conhecimento, pressupõe e se fundamenta numa consciência de si pré-reflexiva, que tematiza

o ser próprio da consciência ao nível de uma ontologia. A ipseidade própria da consciência se

mostra aqui dependente da relação com uma exterioridade, não se dá de antemão como

pronta, mas depende antes de uma relação de „dupla implicação‟ entre consciência e mundo.

Assim, a questão da subjetividade em Sartre depende, sobretudo, dos desenvolvimentos da

sua ontologia fenomenológica e é a partir dela que se pode determinar a originalidade própria

da posição sartreana frente tanto a abordagem da fenomenologia transcendental, quando ao

desenvolvimento interno do seu próprio pensamento.

Alexandre Klock Ernzen

[email protected]

IPSEIDADE E CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA ONTOLOGIA

FENOMENOLÓGICA DE SARTRE.

CONTRIBUIÇÃO DE KARL POPPER À CIÊNCIA MODERNA

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Segundo Popper, os grandes cientistas operavam com programas de investigação apresentados

sob uma imagem de mundo unitária, ordenada e coerente, em grande medida metafísica, que

orientava metodologicamente suas decisões e descobertas acerca da realidade. Para o autor, a

modernidade errou ao separar a filosofia da ciência, sob o pretexto de que não haveria

colaboração mútua. A metafísica, na visão do autor, garante a especulação científica e permite

o surgimento de hipóteses e teorias científicas. À ciência (física) cabe depurar nossas

conjecturas como possíveis explicações da realidade. Popper pretende, com sua teoria do

conhecimento, apresentar sua colaboração – como filósofo – para a ciência ao tratar de um

programa metafísico que pode ser perfeitamente complementar à ciência do século XX. Uma

imagem unitária do mundo possibilita uma chave de leitura para compatibilizar a liberdade do

homem e a emergência de novas teorias, além de possibilitar a modificação da própria

realidade pelo homem. Todo ser humano está comprometido em buscar soluções teóricas para

a resolução destes problemas, bem como outros dele decorrentes. A tese de Popper é a de que

a ciência do século XX, expressa na teoria dos quanta, necessita de uma imagem metafísica

unitária do cosmos para que seja possível superar a crise da física. O conceito de emergência é

o que possibilita tratar da realidade de forma propensitiva. A liberdade do homem em relação

às criações teóricas e ações somente poderão ser efetivas se levarmos em conta a imagem do

universo como indeterminado. A interação entre os mundos possíveis, a emergência da razão

humana e sua transcendência com a linguagem permitem o conhecimento objetivo. A tese das

propensões possibilita a emergência do mundo do conhecimento como constituição linguística

indeterminada, cujo referente é a realidade física, igualmente indeterminada.

Alexandre Teles

[email protected]

Nesse seminário, tratarei de apresentar pontos cruciais de uma interpretação da Dedução

Transcendental das Categorias do Entendimento de Kant. A Dedução Transcendental, de acordo com a

hipótese que pretendo sustentar, oferece uma resposta ao ceticismo de Hume sem, no entanto, refutá-lo e

sua forma lógica consiste em um simples condicional. Sendo que o caráter elucidativo (*Tenho no

horizonte um desafio interpretativo levantado por Strawson, a saber: como conciliar o papel elucidativo e

SOBRE A RESPOSTA AO CETICISMO DE HUME NA DEDUÇÃO

TRANSCENDENTAL

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argumentativo da Dedução transcendental? (1966: 85-6, 87)) da dedução deve ser compreendido como

indissociável desse condicional, cujo texto é o seguinte: Se as faculdades cognitivas humanas são

entendimento – o qual é responsável pela espontaneidade dos conceitos - e sensibilidade – a qual é

responsável pela passividade das intuições-; e essas faculdades possuem um uso puro e empírico, a priori

e a posteriori, então a experiência é possível. Não logicamente possível, mas, é possível que uma mente

com essas capacidades cognitivas instancie o conceito de experiência. Dessa forma, temos a resposta a

Hume, que havia demonstrado que se concebermos diferentemente nossos poderes cognitivos, não é

possível que tenhamos experiência.

Com efeito, o debate com Hume se dá nos termos de uma disputa a respeito da possibilidade de

que o conceito de experiência tenha todas as suas notas satisfeitas. Essas notas seriam, basicamente: a

validade objetiva de noções como espaço, tempo, causalidade, substância, permanência e unidade dos

objetos e unidade de um único sujeito durante o curso da experiência. Cabe ressaltar que essa

interpretação será apresentada através de um debate com as interpretações de Karl Ameriks (1978) e

Peter Strawson (1966).

Alexandre Ziani de Borba

[email protected]

Uma das questões mais discutidas em epistemologia contemporânea é o problema da

justificação das crenças referentes ao mundo exterior. Este problema surge se aceitamos integral ou

parcialmente a definição tradicional de conhecimento, a saber, de que o conhecimento é uma “crença

verdadeira e justificada”. Destes três elementos constituintes da definição tradicional, os epistemólogos

têm interesse pela “justificação”. Filósofos desejam saber o que faz com que uma crença tenha a

propriedade de ser “justificada” ou, alternativamente, em que condições o agente epistêmico está

justificado em formar uma crença. Trata-se, portanto, de indicar o que é necessário e suficiente para

tornar justificada uma crença empírica qualquer. Muitas são as propostas, mas recentemente um grupo

de filósofos decidiu mudar a maneira como as teorias vinham abordando a questão. Em geral, os

epistemólogos tentaram entender que o que justifica uma crença é alguma propriedade dela. Este grupo

recente em epistemologia traz, porém, uma nova maneira de abordar a questão: segundo eles, devemos

deslocar o foco das propriedades da crença para um enfoque nas propriedades do sujeito formador da

crença. Esta abordagem ficou conhecida como “abordagem das virtudes epistêmicas”. De maneira geral,

O PAPEL DAS VIRTUDES INTELECTUAIS NA JUSTIFICAÇÃO EPISTÊMICA

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a abordagem das virtudes epistêmicas postula que o que justifica uma crença são certas condições

intelectuais do agente epistêmico que forma essa crença. Seus principais expoentes são Ernest Sosa,

Linda Zagzebski e John Greco. “Abordagem” é um termo mais correto por salientar que ainda não há

um consenso geral entre os teóricos das virtudes epistêmicas. Em meu ensaio pretendo discorrer sobre a

teoria perspectivista de Sosa e a teoria responsabilista de Zagzebski, opondo-as e mostrando a maneira

como John Greco tenta resolver o impasse entre elas.

Aline Ibaldo Gonçalves

[email protected]

Na trilogia “os Caminhos da Liberdade”, é possível visualizar uma evolução do pensamento

sartreano desde O Ser e o Nada até A Crítica da Razão Dialética (onde aparecerá uma preocupação com

a questão do social). Em A idade da Razão, o personagem principal Mathieu foge de qualquer

compromisso tentando preservar sua liberdade. Liberdade esta que é vazia e abstrata. Já em Sursis há

uma guerra que está prestes a explodir. Há um aumento significativo de personagens, onde a guerra

como cenário vai modificar a vida destes. Há uma relação de todos com a história, tendo as questões

pessoais uma importância reduzida. Na última obra, Com a morte na alma,Mathieu aparece como um

militar que se encontra em uma guerra na qual não teve de lutar. Mesmo com a guerra, ele permanece a

margem de tudo tentando preservar sua liberdade, tentando se colocar fora da história. Mas será

impossível se livrar, pois todas as suas ações ou fuga delas tem implicações.

Há uma transição na trilogia de uma história totalmente pessoal de Mathieu, e a partir de uma

uma ameaça de guerra, as histórias pessoais vão girar em torno de uma história comum. Em Com a

morte na alma vai surgir de vez a história em meio à guerra onde Mathieu aparecerá lutando. Haverá

uma tentativa do personagem em agir concretamente. Sartre parte de um homem que tem uma situação

determinada, mas que este pode engajar-se assumindo sua liberdade, É pelo engajamento que será

possível conciliar liberdade e situação histórica.

OS CAMINHOS DA LIBERDADE E A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO

SARTREANO

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Ana Clara Polakof

[email protected]

Nesse trabalho vou apresentar uma sínteses da pesquisa que tenho feito no processo de

elaboração de minha dissertação no mestrado em Filosofia Contemporânea (UdelaR-Uruguai) que parte

de minha formação de graduação e mestrado em linguística. A ideia para a dissertação surgiu quando

concluí meu mestrado em linguística com uma pesquisa sob as nominalizaçõesem -ción (-çao) y -miento

(-mento) no espanhol do século XVIII e ficaram algumas perguntas a serem respondidas. Para responder

essas questões, que tinham um forte teor semântico, achei que poderia ser interessante fazer uma

pesquisa que tentasse, a partir de uma pesquisa em linguística formal, chegar a um novo conhecimento

desde uma ontologia como a davidsoniana, e logo desde uma semântica como a de Frege, que permitisse

compreender de uma melhor maneira porque existem essas estruturas na língua e se poderiam ter

alguma relação com o mundo e com uma semântica como a de Frege. As estruturas que estudei foram as

nominalizaçóes de evento e resultado que tem a peculiaridade linguística de expressarem valores

tipicamente verbais: como ser o significado eventivo (que pode ser visto em La traduccióndel libro por

Juan está siendollevada a cabo) e o significado de objeto que resulta de um verbo de realização –que

tem um evento e após dele um estado ou objeto resultante como traducir)– (que pode ser visto em La

traduccióndel libro de Juan está sobre la mesa). Após fazer uma proposta da estrutura linguística,

estudei essas construções no âmbito da filosofia para ver o que era que poderia encontrar. Nessa

apresentação tentarei demonstrar que é possível fazer uma filosofia da linguagem que combine

conhecimentos da linguística teórica com conhecimentos da filosofia analítica.

Anerson Gonçalves de Lemos

[email protected]

Em meio a uma discussão sempre renovada envolvendo a oposição entre uma moral fundada

nos sentimentos e uma moral centrada na razão, apresentaremos nesse trabalho um dos capítulos mais

significativos de tal embate filosófico, a saber, a crítica de Schopenhauer ao racionalismo ético, tal como

AS NOMINALIZAÇOES DE EVENTO E RESULTADO: UMA PESQUISA

LINGUISTICO-FILOSOFICA

O ASPECTO FENOMÊNICO DA MORALIDADE EM SCHOPENHAUER COMO

CONTRAPONTO AO RACIONALISMO ÉTICO

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ele supôs em sua obra Sobre o Fundamento da Moral. Nossa exposição dessas questões se dará na

seguinte ordem: primeiramente apresentaremos a interpretação de Schopenhauer do predomínio de

elementos racionalistas, em detrimentos de noções empíricas, na filosofia moral moderna, o que faremos

por meio da exposição de sua genealogia do intelectualismo moral de Kant. Em seguida apresentaremos

uma exposição e análise do que Schopenhauer denomina de “experimetumcrucis [prova decisiva]”,

procedimento considerado por ele como uma avaliação da eficácia de vários tipos de motivos que

podem determinar a conduta de um indivíduo, em que é proposta uma situação problema e as

motivações de ordem intelectuais – em sua maioria princípios éticos racionalistas –, e motivações

empíricas, que por sua vez é representado pelo sentimento de compaixão, como teste da eficácia das

mesmas, enquanto motivadores da conduta moral. Com base nesses dois estágios, portanto,

apresentaremos alguns dos principais elementos da crítica de Schopenhauer ao intelectualismo ético,

assim como, a defesa e justificação de uma moral que abre espaço para os sentimentos como motivações

morais e elemento de aproximação da ética com a vivência cotidiana.

A UNIDADE DAS VIRTUDES NA REPÚBLICA DE PLATÃO

Bruna de Almeida Brambatti

[email protected]

A tese da unidade das virtudes é frequentemente apresentada apenas nos diálogos socráticos de

Platão, diferentemente, o intuito do presente trabalho é apresentar uma maneira de ler, sobretudo, o livro

IV da República, como um argumento a favor da tese de unidade e identidade das virtudes. Embora seja

comum defender a tese da unidade das virtudes cardeais platônicas a partir da defesa da inseparabilidade

das mesmas, buscaremos sustentar que partindo de uma das máximas socráticas: que pessoa alguma

erra voluntariamente, a sabedoria pode vir a ser o lugar comum das virtudes, assim como sua essência

(ousía), já que só se age erroneamente por ignorância. Dessa forma, a unidade das virtudes, enquanto

idênticas, pode ser afirmada por meio de sua essência comum, a saber, um tipo de conhecimento

(epistēmē) que se faz necessário a cada uma das virtudes, mas que convergem em unidade a partir da

afirmação que conhecimento é igual à sabedoria (sophia). Assim, partindo de uma análise dos diálogos

socráticos, em que já são apontadas características essenciais para a defesa da tese de unidade,

buscaremos fazê-los conversar com um diálogo já da maturidade de Platão, a fim de afirmar a tese de

unidade e identidade, não só nos diálogos de sua juventude, como é o comum, mas também em seu

período maduro.

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Bruno De Pra Michels

[email protected]

O escopo de Heidegger em Ser e tempo é clarificar as condições de inteligibilidade que

possibilitam que os entes se mostrem como o que eles são. Conforme a descrição da transcendência do

dasein como ser-no-mundo, na seção I, os entes adquirem sentido ou significação a partir do espaço da

significatividade (mundo) aberto previamente pela compreensão. É em virtude da abertura de mundo

que o existente humano pode encontrar os entes enquanto entes inteligíveis. Heidegger apresenta três

modos de ser em termos dos quais os entes se mostram inteligíveis para o existente humano, que são a

existência, a disponibilidade e a subsistência. Na seção II de Ser e tempo, Heidegger desenvolve uma

fenomenologia do tempo, a fim de explicitar a gênese temporal da inteligibilidade, por meio de uma

reinterpretação dos resultados obtidos na primeira parte, aprofundando, assim, o nível da análise. Tal

fenomenologia do tempo descreve três modos do tempo, a saber, o tempo comum, o tempo do mundo e

a temporalidade originária, subscrevendo assim a chamada tese generativa, isto é, a tese de que a

concepção tradicional de tempo é derivada em termos explicativos da temporalidade originária que

perfaz o sentido temporal da existência. Tomando por base uma intelecção sugerida por William

Blattner, o objetivo do presente trabalho é apresentar em linhas gerais a fenomenologia do tempo

elaborada por Heidegger, de modo a exibir o vínculo entre as formas do tempo e os modos do ser,

contribuindo, desse modo, para uma apreciação do significado teórico da gênese temporal da

inteligibilidade presente na ontologia fundamental.

A BASE NÃO RACIONALISTA DA MORAL EM DAVID HUME

Bruno Martinez Portela

[email protected]

A história da filosofia é rica em controvérsias. Em se tratando de filosofia moral, podemos

destacar a disputa que ocorreu em meados do século XVII acerca dos fundamentos últimos da

A GÊNESE TEMPORAL DA INTELIGIBILIDADE NA FENOMENOLOGIA DE

HEIDEGGER

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moralidade, se calcada na razão ou natureza sensível do homem. A partir da filosofia do egoísmo de

Thomas Hobbes (1588) e o ceticismo dela derivado, muitas tentativas de resposta foram esboçadas. No

presente trabalho pretendo expor parte da proposta de David Hume (1711) no que tange as bases da

moralidade enquanto resposta ao ceticismo hobbesiano e o racionalismo tradicional.

A filosofia humeana foi por séculos conhecida como sucessora do empirismo de John Locke

(1632) tornando-se uma das maiores referências em ceticismo na história da filosofia. Curiosamente,

Hume esforçou-se por apresentar e desenvolver no decorrer de sua obra uma minuciosa investigação

sobre os princípios da moral. No entanto, a repercussão de sua teoria moral foi mal recebida em sua

época e equivocadamente interpretada nos séculos subsequentes. Nesse sentido, os comentadores de

Hume quase em sua totalidade o consideraram cético e tomaram sua filosofia moral por infrutífera. Isso

é facilmente explicado se levarmos em consideração que a resposta humeana ao racionalismo tem como

pano de fundo a ciência newtoniana e a perspectiva de uma reestruturação do método filosófico.

Não obstante, é preciso ressaltar que a obra humeana deve ser concebida como um sistema

filosófico complexo onde ceticismo e naturalismo possuem lugar, ou seja, seu ceticismo é capaz de

abalar as bases teóricas de nossas crenças, mas seu naturalismo garante que o homem não se desespere

diante das lacunas causadas pela séria reflexão cética. Se compreendermos os escritos de Hume como

integrantes de um sistema filosófico ficará claro que as conclusões de sua filosofia moral não

contradizem seus escritos sobre os limites da razão. O ceticismo humeano é elemento essencial para o

deslocamento da discussão sobre as bases da moral, mas diz respeito a uma parcela de sua teoria, a qual

é mais bem compreendida como uma nova tentativa de justificar nossas crenças.

Bruno Ramos Mendonça

[email protected]

Apresentamos um panorama do problema da visualização em filosofia das ciências formais e

indicamos as principais teses sobre o tema presentes na literatura. Por fim, indicamos uma proposta

original sobre como essas teses sobre visualização podem ser avaliadas a partir da análise de exemplos

paradigmáticos de representação gráfica tais como os diagramas de Venn. O problema da visualização

diz respeito ao interesse por examinar quais são as funções epistemológicas específicas que diagramas

podem cumprir em provas e formalizações. A partir de trabalhos recentes podemos associar provas e

formalizações diagramáticas à função epistemológica de ectesis tal como concebida na filosofia

UMA REVISÃO DE ESTUDOS DE VISUALIZAÇÃO E DIAGRAMAS DE VENN

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leibniziana. Ora, uma série de propostas filosóficas procuram justamente explicar como

diagramascumprem função ectética, não sem enfrentar dificuldades quando confrontadas com a prática

real com métodos de representação gráficos. Buscamos aqui mostrar um caso específico de desempenho

da função ectética em diagramas de Venn e indicar os obstáculos que esse caso específico impõe àquelas

teses sobre visualização. Por fim, buscamos indicar quais dentre essas teses esse caso específico parece

favorecer.

Carina da Cunha Alvez

[email protected]

A temática apresentada, é de extrema importância na sociedade atual, pois envolve a realização

de uma reflexão acerca dos fundamentos morais que devem servir de sustentáculo da justiça tributária

que viabilize a efetividade da justiça. As injustiças ocorridas no cotidiano são inúmeras, em razão da

ausência de critérios éticos envolvendo a justiça tributária. Para o estudo proposto, importante estabelecer

o conceito de justiça, atuação moral, tutela da propriedade individual e obrigação tributária, a fim de se

verificar quais os principais elementos que devem ser considerados para a efetivação de uma justiça

tributária. É sabido que os tributos constituem a principal fonte de arrecadação de receitas para o Estado

manter-se e assegurar a utilização, pelos cidadãos, dos direitos sociais que lhes são assegurados, tais

como saúde, educação, segurança, lazer, dentre outros – áreas que têm se demonstrado extremamente

problemáticas. Desta forma, percebe-se a necessidade de uma análise pormenorizada da teoria de justiça

de John Rawls, investigando os aspectos positivos e negativos da mesma, bem como as críticas que essa

teoria recebe, a fim de se elaborar uma proposta de modificação da situação atual que, estando

fundamentada em critérios morais, possa ensejar uma verdadeira justiça tributária.

Édison Martinho da Silva Difante

[email protected].

OS FUNDAMTENTOS MORAIS DA JUSTIÇA TRIBUTÁRIA

O SUMO BEM KANTIANO SEGUNDO A PERSPECTIVA RICOEURIANA: UMA

LEITURA A PARTIR DO “OITAVO ESTUDO” DE O SI-MESMO COMO UM OUTRO

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O presente estudo trata-se de uma análise do conceito kantiano de sumo bem presente no

“Oitavo Estudo” da obra O si-mesmo como um outro de Paul Ricoeur, intitulado “O si e a norma moral”.

O sumo bem é vagamente mencionado por Ricoeur em sua pequena ética, de modo que, a referência

principal para o trabalho constitui-se em uma única nota de rodapé. A ética ricoeuriana pode ser

analisada a partir de uma relação de complementaridade entre a deontologia kantiana e a ética

aristotélica. No que diz respeito especificamente ao conceito de sumo bem, embora isso não fique bem

claro em Ricoeur, é possível pensar que Kant ao trazer o problema do sumo bem, enquanto objeto da

moralidade, de alguma forma está servindo-se da teleologia aristotélica. O presente texto está dividido

em duas partes: na primeira, tomando-se por base principal a passagem do “Oitavo Estudo”, na qual

Ricoeur fala do sumo bem kantiano, buscar-se-á unicamente reconstruir a sua argumentação. Na

segunda, por outro lado, partindo da interpretação de Ricoeur, buscar-se-á apresentar o sumo bem

kantiano e o bem supremo aristotélico como conceitos análogos; uma vez que, ambos podem ser

descritos como o coroamento dos respectivos sistemas filosóficos utilizados por Ricoeur em sua ética.

Edsel Pamplona Diebe

[email protected]

Pedro Abelardo (1079-1142) é comumente conhecido como um conceptualista entre os

comentadores contemporâneos. A nomenclatura atribuída lhe faz jus devido ao posicionamento que

sustentou acerca dos universais. A problemática filosófica foi desenvolvida a partir de Porfírio (século

III), que, ao escrever o opúsculo Isagoge, lançou aos seus posteriores três questões acerca do estatuto

ontológico dos gêneros e das espécies. As questões foram deixadas sem solução. No século XII,

Abelardo tenta conduzir uma solução à essas questões enfrentando dois posicionamentos filosóficos

presentes em seu tempo, a saber: o realismo e o nominalismo. O realismo, tendo como representante

Guilherme de Champeaux (1070-1121), propunha a doutrina das coisas (res) e afirmava a existência real

dos universais nos sensíveis; o nominalismo, tendo como representante Roscelino de Compiègne (1050-

1125), propunha a doutrina das palavras (uoces) e afirmava os universais com existência dependente do

intelecto. Abelardo refuta ambas as posições no opúsculo Glossaesuperporphyrium (primeira parte da

Logica ingredientibus), assim como lança uma quarta questão no intuito de saber se os universais ainda

significariam algo se suas realidades fossem destruídas, “comoocorre com o nome da rosa, quando já

PEDRO ABELARDO E O CONCEPTUALISMO

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não existem mais rosas, o que, entretanto, ainda é significativo em virtude do intelecto, embora

careça de denominação, pois de outra sorte não haveria a seguinte proposição: nenhuma rosa existe.”. A

partir do nominalismo, Abelardo desenvolve seu ponto de vista acerca do problema e concebe o

universal não enquanto uoces, pois ele as têm como palavras soltas, literalmente, apenas como sopro de

palavra (flatusuocis), destituída de significado. Para ele, os universais passam a ter existência nas

palavras enquanto sermo, que ao serem proferidas, produzem uma intelecção.

CAMPO: O NÓMOS DO ESPAÇO POLÍTICO ATUAL

Ésio Francisco Salvetti

[email protected]

Procuraremos, neste artigo demonstrar a influência de Adorno e Horkheimer na concepção de

“campo” cunhada por Agamben. Por mais que logo na introdução do Homo sacer: o poder soberano e a

vida nua Agamben evoque a companhia de dois importantes pensadores dos tempos modernos: Michel

Foucault e Hannah Arendt, para auxiliá-lo na compreensão dos problemas atuais, nossa compreensão é

de há primeiramente uma contribuição implícita de Adorno e Horkheimer, principalmente pela crítica

que estes pensadores da Escola de Frankfurt fazem à instrumentalização da razão levada a cabo em

Auschwitz.

Uma das teses mais impactantes do filósofo italiano Giorgio Agamben é a defesa de que “o

campo é o paradigma biopolítico do moderno”, tese esta defendida e analisada na obra Homo sacer: o

poder soberano e a vida nua I. O aprofundamento de suas teses sobre o homo sacer, a vida nua e o

campo se tornaram indispensáveis no momento em que testemunhamos acontecimentos como os da

prisão de Guantánamo, onde supostos terroristas árabes são martirizados, além do elevado extermínio da

população palestina na Faixa de Gaza. O homo sacer é apresentado como um ser no limiar da

animalidade, uma criatura desprovida de significado e suscetível ao descarte.

DA CONSCIÊNCIA POSICIONAL AO PARADOXO DA CONSCIÊNCIA: A

INTERPRETAÇÃO LEVINASIANA DE HUSSERL.

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Felipe Bragagnolo.

[email protected]

O presente trabalho apresenta as ideias gerais do projeto de mestrado que está sendo

desenvolvido no programa de pós-graduação em Filosofia na Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM), com início no segundo semestre deste ano de 2013 para findar em meados do primeiro

semestre de 2014. Apresenta-se então, primeiramente um estudo do conceito husserliano de

“consciência dóxica, ou posicional” e sua relação com os dados hiléticos (sensíveis) desta consciência,

consequentemente, a análise da interpretação levinasiana do pensamento de Husserl, buscando, ao final,

ponderar a ideia de Levinas referente a “consciência afetada pela alteridade” principiada pelos estudos já

realizados por Husserl dos conteúdos não intencionais. Adotamos o seguinte esquema de apresentação:

1) recuperação dos parágrafos § 19, § 84-85, § 103-105, do livro Ideias para uma fenomenologia pura e

para uma filosofia fenomenológica (1913) de Husserl; 2) interpretação levinasiana de Husserl a partir da

obra intitulada Descobrindo a existência com Husserl e Heidegger (1997), mais especificamente do

capítulo denominado “Novos Comentários”, subdividido em “Reflexões sobre a «técnica»

fenomenológica”, “A ruína da representação”, “Intencionalidade e metafísica” e “Intencionalidade e

sensação”; 3) e, por fim, alguns pontos específicos do livro Entre nós: ensaios sobre a alteridade (1997)

de Levinas, especialmente o capítulo intitulado “A consciência não-intencional”, buscando compreender

a ideia de uma “consciência afetada pela alteridade" (para-doxo).

OS MODOS DE SER DA EXISTÊNCIA, DISPONIBILIDADE E SUBSISTÊNCIA

COMO CAMADAS DE BOLO? O DEBATE ENTRE ROBERT BRANDOM, MARK

OKRENT E JOHN HAUGELAND.

Gabriel Henrique Dietrich

[email protected]

Em Ser e Tempo Heidegger destaca e caracteriza pelo menos três modos de ser ou sentidos de

ser, a saber, o da existência, o da disponibilidade e o da subsistência. Os modos de ser são padrões que

conferem identidade ontológica aos entes ou, dito de outro modo, são padrões de inteligibilidade de

acordo com os quais os entes são compreendidos e que são os correlatos de atitudes intencionais

específicas. Robert Brandom, em Dasein, o ente que tematiza, lança uma série de criticas ao modelo

interpretativo dos modos de ser que ele próprio denomina de “o modelo por camadas de bolo”. Este

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modelo, cujos representantes destacados por Brandom são Mark Okrent, Hubert Dreyfus e John

Haugeland, defende que 1) há um tipo de atitude intencional ou intencionalidade prática e não-

linguísticaautônomacom relação à intencionalidade linguística, 2) que Heidegger defenderia o ponto 1

por meio da descrição da cotidianidade e 3) que isso implicaria a possibilidade de haver entes

quaexistentes e qua disponíveis, mas não quasubstência. Brandom considera inaceitável esta implicação

e seu argumento procede através da reconstrução do vínculo interno dos existenciais, o que implicaria a

aceitação dos três modos de ser em conjunto e, portanto, o abandono do modelo por camadas de bolo.

Por caminhos diferentes, Haugeland e Okrent responderam as críticas de Brandom. O objetivo principal

deste trabalho é reconstruir o debate em torno da adequação interpretativa do modelo por camadas de

bolo. A tese interpretativa que norteia nossa reconstrução é a de que Brandom têm razão em atacar o

modelo por camadas de bolo, mas que é preciso restringir algumas das suas pretensões.

Grasiela Cristine Celich Dani

[email protected]

Este trabalho é proveniente de pesquisa em nível de mestrado em Filosofia, iniciado em março

de 2013. Está baseado na Fenomenologia do Espírito, obra de Hegel (2008). Trata sobre temas como

vida, morte, reconhecimento do outro e liberdade. Sendo assim, a pesquisa tem por objetivo demonstrar

que é possível os sujeitos libertarem-se de suas crenças e preconceitos, para assim buscarem o

reconhecimento um do outro através do ato de morrer. Ocorre que, esse ato de morrer não significa a

morte biológica, mas sim, deve ser compreendido como um ato de transformação pelo qual os sujeitos

necessitam passar em sua alma, para poder suprassumir seu preconceito e crença sensível. Entretanto,

quando há a suprassunção de algo, os sujeitos, para se libertarem daquilo que os prendem a uma

consciência sensível, a algo dado, estático e não refletido por eles, bem como não reconhecente do outro,

necessitam, também, conservá-lo. Desse modo, é necessário haver a conservação daquilo que foi

suprassumido, posto que, somente assim, os sujeitos podem se elevar para um novo nível de consciência,

bem como para uma nova etapa de reconhecimento entre si, cada vez mais exigente. Aduz-se isso, pois,

realizando esse movimento, os sujeitos também realizam o ato de passar pela morte, pois, através desta

os sujeitos transformam sua alma e, assim, tornam-se livres, compreendem-se e reconhecem-se um ao

outro, além de afastarem de si suas crenças e preconceitos. Aduz-se, portanto que os sujeitos

A MORTE COMO MOVIMENTO PARA A LIBERDADE E O RECONHECIMENTO

DO OUTRO EM HEGEL

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encontraram a vida e sabem como viver, visto que possuem, dentro de si, o saber morrer quando

necessário, isto é, o saber realizar o movimento de suprassumir, conservar e elevar de sua crença e

preconceito. Compreende-se isso, afinal, vida e morte permanecem sempre entrelaçadas, pois esta é o

caminho para aquela, bem como para a liberdade e o mútuo reconhecimento entre os sujeitos.

Guilherme de Freitas Soares

[email protected]

Este trabalho pretende expor, ainda que de modo breve, o filosofar de Diógenes de Sínope,

também conhecido como Diógenes, o cínico. Diógenes foi um filósofo grego, nascido em Sínope (na

costa da atual Turquia). Ele foi discípulo do filósofo Antístenes, que é o fundador do cinismo, embora

Diógenes seja considerado o mais relevante membro da escola cínica. O nosso objetivo é apresentar

como, no contexto do mundo antigo, a filosofia cínica era concebida não apenas como uma reflexão

teórica, mas sobretudo como uma maneira de viver. Para tal fim, ilustraremos com Diógenes, o cínico,

esse “filosofar” enquanto modo de vida, pois os testemunhos que dele nos chegaram apontam para uma

figura ímpar entre os filósofos de seu tempo, bem como em relação aos seus concidadãos. Para ele, a

filosofia consistia na busca da virtude, a qual era entendida como a finalidade da vida humana e que não

poderia ser encontrada na cultura e nas convenções da sociedade, mas na natureza. Dessa forma, o bem

maior consiste no retorno ao estado natural, que só pode ser alcançado pela autarquia, ou seja, a falta de

necessidade, a autossuficiência. Assim, o ser virtuoso enquanto possuidor de autocracia não está em

buscar mais do que a natureza lhe dá. Com efeito, Diógenes tinha se desvencilhado das preocupações

humanas cotidianas que supostamente distinguem os homens dos animais e, portanto, queria salientar

que tinha alcançado a plena independência, liberdade e indiferença, vivendo como um "cão" - daí o

nome de cínico, do grego kynikós, como um cão.

O FUNDACIONISMO DE BONJOUR É VIÁVEL?

Jonatan Willian Daniel

[email protected]

UM BREVE ENSAIO SOBRE O BEM VIVER EM DIÓGENES DE SÍNOPE

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O objetivo do presente trabalho é avaliar a alternativa fundacionista para a solução do problema

do regresso epistêmico proposta por Laurence BonJour. De acordo com ele, uma resposta para este

problema pode ser vislumbrada quando nos damos conta de que ao entretermos uma crença atual

entretemos a consciência de seu conteúdo proposicional e do endosso deste. Tal consciência é

constitutiva da crença em questão e não deve ser concebida como uma meta-crença aperceptiva. Uma

vez que tal consciência não é ainda uma meta-crença, ela mesma não tem forma proposicional como tem

o conteúdo ao qual se dirige, e por isso não carece de justificação. Contudo ela ainda assim é um estado

cognoscitivo, pois “reflete o caráter específico do estado apreendido”. Para BonJour, tal consciência

constitutiva de uma crença atual seria capaz de justificar uma meta-crença acerca de seu conteúdo. Por

analogia, se a percepção sensorial é um estado consciente, embora seu conteúdo não seja proposicional,

também apresenta a consciência não-aperceptiva constitutiva e esta seria capaz de justificar uma crença

acerca de nossa experiência sensorial, consistindo assim na base para o conhecimento almejada pelos

fundacionistas. Nossa crítica à proposta de BonJour se deterá em três pontos: (1) analisar em que sentido

é possível a comparação entre um conteúdo sem forma proposicional, como o da experiência sensorial, e

um conteúdo proposicional, da crença aperceptiva que a descreve; (2) se tal comparação for possível,

avaliar se a cognição da correção da descrição proposicional não consiste na crença contingente de que

tal é o caso, o que demandaria por sua vez uma justificação para essa crença, impedindo a interrupção

fundacionista do regresso epistêmico e; (3) avaliar se a descrição proposta por BonJour acerca do que é

entreter uma crença ocorrente possui acurácia fenomenológica.

Karen Giovana Videla da Cunha Naidon

[email protected]

De acordo com Christine Korsgaard (2003), as ações praticadas por um agente seriam

constitutivas dele próprio e referida característica das ações seria, por sua vez, constitutiva das mesmas.

Praticar uma ação, portanto, seria essencialmente autoconstituição e uma ação praticada poderia ser

considerada boa conforme ela realize aquilo que lhe é essencial, ou seja, a autoconstituição. Segundo

Korsgaard, essa abordagem teria vantagem em relação a outras alternativas no trato com o desafio cético,

visto que padrões de correção decorrentes de características constitutivas de algo não podem facilmente

ser postos em dúvida. David Enoch (2006), porém, considera errôneo tentar explicar o que seja uma boa

ação a partir de supostas características constitutivas da ação e ele acaba por dirigir uma crítica contra

AÇÃO E AUTOCONSTITUIÇÃO: A CRÍTICA DE ENOCH A KORSGAARD

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algumas tentativas de levar a cabo tal projeto, dentre as quais a elaborada por Korsgaard. Diante disso, o

presente trabalho tem como objetivo proceder a uma breve reconstrução e avaliação da crítica de Enoch

a essa tentativa de Korsgaard. O núcleo da crítica de Enoch consiste na alegação de que a abordagem de

Korsgaard não possui a vantagem no trato com o desafio cético que ela alega, pois o cético, mesmo

assumindo a concepção da autora, poderia não se importar se as ações que pratica são boas ou não. Para

realizar a reconstrução e a avaliação pretendidas, o trabalho é dividido em duas partes principais. Na

primeira delas, é apresentada a concepção de Korsgaard da ação como autoconstituição, bem como a

maneira como, segundo a autora, essa concepção responderia ao desafio cético e explicaria a origem da

normatividade. Na segunda parte, é apresentada a crítica que Enoch dirige contra a concepção de

Korsgaard.

Kariel Antonio Giarolo

[email protected]

A discussão acerca da relação entre sentenças indicativas e imperativas e, como uma de suas

consequências, a discussão sobre a aplicação da lógica às sentenças imperativas obteve certa importância

a partir dos anos 30 do século passado. Filósofos como Henri Poincaré, Jörgen Jörgensen, Grue-

Sorensen, Alf Ross, Richard Hare, entre outros, procuraram explicar, cada um à sua maneira, quais as

relações tidas entre estes tipos de discurso. O problema central girou em torno da tentativa de legitimar

inferências que continham ao menos uma sentença de caráter imperativo, prescritivo ou prático. No

discurso cotidiano frequentemente identificamos inferências em que ao menos uma das premissas é uma

sentença imperativa. Porém, a definição tradicionalmente aceita de inferência lógica não permite que um

dos componentes dos raciocínios seja pertencente a este grupo de sentenças. Uma inferência será

constituída por premissas e conclusão, sendo que a conclusão, se a inferência é válida, segue-se

diretamente das premissas. Para a lógica clássica, o valor de verdade das sentenças é fundamental para

que tenhamos uma inferência válida. De premissas verdadeiras não podemos obter uma conclusão que

seja falsa. Imperativos, porém, por definição, não são verdadeiros nem falsos. Assim nos deparamos

com uma situação delicada: como podemos lidar com este tipo de inferências que contém sentenças

imperativas? É possível ampliar a noção de inferência lógica e aplicá-la também a imperativos ou tal tipo

A POSSIBILIDADE DE UMA LÓGICA DE IMPERATIVOS E O PROBLEMA DAS

INFERÊNCIAS PRÁTICAS

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de sentença é simplesmente desprovida de conteúdo cognitivo como sustentavam os positivistas lógicos

e, portanto incapaz de fazer parte de inferências? Tendo como base essa discussão, meu trabalho tem

dois objetivos principais: (1) reconstruir a discussão histórica sobre o tratamento lógico de sentenças

imperativas (especialmente Jörgensen, Ross e Hare) e (2) apresentar a proposta de Paul Grice, a qual

possui uma série de vantagens, principalmente devido à sua amplitude, com respeito aos outros autores.

O PAPEL DA SOCIOLOGIA A-RACIONAL NA RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO

DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA SEGUNDO LARRY LAUDAN.

Leonardo Edi Ignácio

[email protected]

Quando tratamos da reconstrução histórica de qualquer campo de estudos, por vezes, levamos

em conta argumentos de ordem psicológica e sociológica. Essas questões nos instigam a sabermos quais

fatos são decisivos para compreendermos o desenvolvimento histórico e, mais precisamente no nosso

caso, o desenvolvimento histórico e a reconstrução racional da ciência. Crenças como 2+2=4 são aceitas

em uma ampla variedade de contextos e culturas e nos sugerem que o conhecimento sociológico nem

sempre é necessário para compreendermos a atividade científica. De modo mais claro, devemos

determinar se damos crédito somente aos fatos internos a comunidade científica, ou, de outro lado, se

ocorrências externas a comunidade científica, como os fatores sociais, políticos e religiosos também

devem obter lugar nesse processo de reconstrução como desempenhando um papel fundamental para a

sua compreensão. Larry Laudan, no seu livro intitulado “O progresso e seus problemas” nos diz que o

historiador racional da ciência, na medida em que escreve a história deve levar em conta unicamente

fatores racionais, ou seja, fatores internos a comunidade científica e somente quando o historiador notar,

por exemplo, que a adesão de algum cientista a uma teoria menos progressiva em um determinado

tempo não for passível de explicação racional é que deve então entrar em jogo a avaliação sociológica.

Pretendemos examinar nesse trabalho quais critérios, segundo Larry Laudan, devem se constituir

necessários para a explicação histórico-sociológica da ciência, e quais contribuições podem decorrer

desse campo.

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Luciano Duarte da Silveira

[email protected]

As questões acerca da possibilidade do conhecimento acerca da natureza da alma, sua

existência, relação espacial com outros objetos (e de como se dá esta relação), bem como, sua relação

consigo própria (ideia de uma autopercepção) e, também, possível imortalidade, encontram-se no centro

das discussões filosóficas sobre a psicologia desde a antiguidade, sendo a ideia de alma uma das três

ideias centrais da metafísica clássica moderna. Em sua primeira obra crítica, a saber, Kritik der reinen

Vernunft(1781/87), Kant acompanha a metafísica clássica no sentido de considerar que liberdade,

imortalidade da alma e Deus são ideias pelas quais a razão necessariamente se vê constantemente

atormentada (belästigt) (KrV, AVII). Neste sentido, a presente investigação buscará um entendimento

mais correto sobre como Kant empreendeu sua investigação no sentido de estabelecer o estatuto,

capacidades e limites da alma (enquanto eu penso – unidade transcendental da consciência) em relação

ao conhecimento, e, a partir de tal investigação, buscar uma melhor compreensão acerca da crítica que o

autor empreende em relação à ideia de uma pretensa psicologia racional.

O QUE DEU ERRADO COM O MONISMO ANÔMALO?

Marcelo Fischborn

[email protected]

Em 1970, Donald Davidson defendeu uma posição em filosofia da mente que chamou de

monismo anômalo. „Monismo‟, por defender que eventos mentais são eventos físicos, e „anômalo‟ por

defender que não há leis precisas com base nas quais se poderia prever eventos mentais (contrariamente

a eventos físicos) nem, consequentemente, reduzir teorias envolvendo termos mentais a teorias

puramente físicas. Para defender essa posição, Davidson ofereceu um argumento separado para a tese da

anomalia do mental, e a tomou como premissa de um argumento em favor do monismo.

Embora incontáveis objeções tenham sido apresentadas aos mais variados aspectos do monismo

anômalo e da argumentação peculiar que Davidson empregou para defendê-lo, parece não haver acordo

na literatura especializada sobre precisamente por quais razões a teoria falha. Para dar apenas um

A CRÍTICA DE KANT À IDEIA DE UMA PSICOLOGIA RACIONAL A PARTIR DA

LEITURA DOS PARALOGISMOS DA RAZÃO PURA

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exemplo, uma das objeções mais famosas – a qual acusa o monismo anômalo de acarretar a impotência

causal das propriedades mentais dos eventos – já foi proposta e rebatida por um número equiparável de

autores (entre os proponentes da objeção estão Ted Honderich, Jaegwon Kim, Ernest Sosa e Brian

McLaughlin; entre os críticos estão o próprio Davidson, Tim Crane, Neil Campbell, Sophie Gibb e John

Heil).

Neste trabalho, defenderei que os problemas cruciais do monismo anômalo residem na

justificação e até mesmo na possibilidade da tese monista. O argumento de Davidson para o monismo

deve ser rejeitado por depender da tese problemática de que a física fornece leis causais estritas para

relações causais em geral. E a mera possibilidade do tipo de monismo em questão é duvidosa devido a

problemas na ontologia de eventos que pressupõe. Quanto às teses da anomalia e irredutibilidade do

vocabulário mental, argumentarei que, apesar de os argumentos de Davidson terem sido criticados, elas

permanecem aceitáveis diante do conhecimento atualmente disponível sobre a mente e o cérebro.

Mateus Romanini

[email protected]

Visa-se, através do presente trabalho, apresentar uma proposta que possibilita a afirmação de que

propriedades e fatos morais são reais e, portanto, podem servir de parâmetro objetivo para avaliações

morais. Tal proposta está fundamentada na tese de Karl R. Popper, a qual afirma que a realidade, pelo

menos a realidade do modo que os seres humanos conhecem, é composta por três mundos: o mundo

físico ou Mundo 1, composto por todas as entidades físicas e materiais que são objetos da experiência

empírica; o mundo mental ou Mundo 2, composto por todas as vivências e experiências subjetivas

como, por exemplo, sentimentos e emoções; e, por fim, o mundo das entidades abstratas objetivas ou

Mundo 3, que é composto por objetos possíveis do pensamento como teorias, mitos, ideologias,

instituições e, como se visa sugerir aqui, propriedades e fatos morais. Para apresentar tal proposta o

trabalho será dividido em três partes: inicialmente, far-se-á uma caracterização da teoria dos Três

Mundos que explique como eles se desenvolvem e de que modo a interação entre eles compõe a

realidade humana; em segundo lugar, buscar-se-á estabelecer como se deve compreender a realidade das

entidades que compõem o Mundo 3, demonstrando de que modo se deve compreender sua autonomia,

A REALIDADE DOS FATOS E PROPRIEDADES MORAIS SOB O VIÉS DA

ONTOLOGIA DE KARL R. POPPER

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normatividade e institucionalidade; por fim, visa-se demonstrar de que modo se pode atribuir realidade

aos fatos e propriedades morais enquanto entidades do Mundo 3.

Paulo Gilberto Gubert

[email protected]

O objetivo do trabalho é demonstrar como Ricoeur apresenta, de forma seminal, sua

interpretação acerca da economia do dom como alternativa à luta pelo reconhecimento, em uma

conferência intitulada A luta por reconhecimento e a economia do dom. Ainda próximo da interpretação

do antropólogo Marcel Mauss, Ricoeur indaga se há alguma forma de reconhecimento do outro que não

esteja de certa forma vinculada ao desejo de deposição ou até de morte do outro. A constatação de

ambos os autores é de que na vivência cotidiana se pode encontrar esta experiência de reconhecimento, a

partir da troca que se estabelece na dinâmica da economia do dom. A economia do dom não funciona da

mesma forma que a economia comercial. A troca que se efetiva não assume um caráter monetário, nem

comercial, mas trata-se de um caráter cerimonial da troca, de um dom que demanda um “contra dom”.

Este sentimento de retribuição, que reside na “coisa trocada”, não é algo mágico, que teria o poder de

retornar a sua origem. O próprio doador se dá a si mesmo naquilo que foi dado. Trata-se de uma forma

de reconhecimento simbólico que foge à ideia de preço: é o “sem preço”. Portanto, uma troca de

presentes, não é simplesmente uma troca de mercadorias, marcada pela “sede insaciável” por dinheiro,

mas uma troca de gratidão, revestida de um aspecto cerimonial. Neste sentido, o dom não se opõe à

troca, mas à forma comercial da troca. Enfim, cada pessoa que tiver experimentado o caráter cerimonial

de não recompensa na troca do dom terá sido reconhecida pelo outro e reconhecido o outro pelo menos

uma vez na vida. Estas “experiências raras” de reconhecimento é que, segundo Ricoeur, permitem que a

luta por reconhecimento não desencadeie um retorno à violência do estado de natureza hobbesiano.

A TEORIA DA SUBSTÂNCIA EM DESCARTES

Pedro Falcão Pricladnitzky

[email protected]

RICOEUR E A ECONOMIA DO DOM: UMA EXPERIÊNCIA DE

RECONHECIMENTO PACÍFICO

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Parece haver uma oscilação no conceito de substância no pensamento cartesiano. Na Terceira

Meditação, ao longo do percurso argumentativo que pretende demonstrar a existência de Deus, bem

como no apêndice às Segundas Respostas, Descartes parece defender a tese de que a substância opera

como último sujeito de predicação. Porém, o que já pode ser interpretado como implicitamente

necessário para a prova da distinção real na Sexta Meditação, e que fica explícito através da tese do

atributo único nos Princípios de Filosofia, parece comprometê-lo com uma concepção de substância

diversa. Ainda que essa concepção favoreça o dualismo, como pretendem alguns comentadores, ela

parece rejeitar a ideia de que haja um substrato ulterior às propriedades mentais e corpóreas que

discriminamos nos objetos: os nossos pensamentos e as formas que observamos apresentam a natureza

da substância na qual eles inerem. Nessa concepção, é ao menos problemático conceber que haja algo

decomum entre a substância pensante e a substância extensa e que, de algum modo, não há algo como a

substância nela mesma operando como um substrato dos tipos de substância. Meu objetivo é discutir os

modelos de substância em Descartes e como eles repercutem na concepção de que a metafísica é o

estudo do ser enquanto ser. No primeiro modelo não parece ser problemático associar a teoria cartesiana

a essa concepção de metafísica. Contudo, o segundo modelo já torna tal associação menos imediata.

Assim, se Descartes recusa a concepção de que o objeto da metafísica é o estudo do ser enquanto ser,

como devemos compreender a sua metafísica e o seu projeto filosófico?

Rogério Lopes dos Santos

[email protected]

O objetivo do presente trabalho é apresentar e analisar a teoria do desvio espontâneo dos átomos,

o qual o epicurista romano Tito Lucrécio em seu poema intitulado De rerum natura, chamou de

clinamen. Durante a presente análise buscaremos compreender de que modo esse mesmo princípio

físico (o clinamen) pode ser a explicação para duas ordens diferentes, a saber, física, visto que esse

desvio é condição de possibilidade dos choques atômicos e, consequentemente, da geração do mundo, e

ética, uma vez que o clinamen também se apresenta como fundamento do livre arbítrio entre os seres

vivos. Para tanto, além da análise do poema de Lucrécio, realizaremos um confronto entre as teses de

alguns comentadores que rejeitam ou que defendem a autenticidade do clinamen. O desacordo entre

SOBRE O DESVIO ESPONTÂNEO NA TRAJETÓRIA RETILÍNEA DOS ÁTOMOS

SEGUNDO O EPICURISMO

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comentadores existe por dois motivos: a) devido a presença do desvio espontâneo dos átomos não

constar nos poucos textos que chegaram até nós e que são atribuídos ao próprio Epicuro; b) a suposta

falta de coerência na tese do desvio dos átomos. Por esses dois motivos, muitos comentadores foram

levados a investigar o clinamen no intuito de esclarecer se essa teoria apresentada pelos epicuristas seria

uma teoria “genuína”, ou seja, elaborada pelo próprio Epicuro, mas presente em textos que não

chegaram até nós, ou se a tese do clinamen tem sua origem em um daqueles momentos em que o

discípulo (como é o caso de Lucrécio em alguns pontos de seu poema) busca, de alguma forma, se

desvincular do mestre na tentativa de explicar, a partir de um esforço próprio, a teoria, neste caso, como é

possível a origem do mundo e a liberdade humana.

Rudimar Barea

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O objetivo deste artigo tem o intuito de apontar a leitura crítica que Edith Stein faz de seu mestre

Edmund Husserl. Num primeiro momento apresenta-se uma breve biografia da filosofa alemã, desde

sua origem até o seu ingresso na academia. Na sequência observa-se o seu caminho até chegar ao cargo

de assistente de Husserl, o desenvolver de seu trabalho como assistente, a compreensão de Edith Stein

sobre o método fenomenológico e a defesa que a mesma fazia frente as críticas e comentários acerca do

método, o qual era julgado estar muito próximo do idealismo kantiano. Com a compreensão da

importância e a defesa desse método Edith Stein buscou suas conquistas e também chegou a algumas

inquietações pela qual era provocada com outras leituras de filósofos contemporâneos seus. No decorrer

do trabalho identificar-se-á o grande desafio e a necessidade de Stein deixar seu cargo de assistente para

produzir filosoficamente com mais liberdade. O texto servirá como uma base para apontar o

desenvolvimento do tema da empatia que lhe foi indicada por Husserl desde que se conheceram e que

ela não abandonou até o resto de seus dias. A partir deste estudo poder-se-á debater

fenomenologicamente as importantes obras produzidas por Edith Stein, uma mulher que seguiu firme

seus ideais, inspiradora das mulheres de sua época e que ainda tem muito a contribuir para a filosofia e a

fenomenologia. Neste artigo será feito um trabalho de aproximação da vida pessoal de Edith Stein com a

filosofia fenomenológica de Husserl, e uma leitura crítica fenomenológica de Husserl, para seguir um

caminho próprio que lhe permita tempo e dedicação para fenomenologicamente firmar seus conceitos.

EDITH STEIN: UMA LEITORA CRÍTICA DE EDMUND HUSSERL

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Silvério Costella

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O objetivo deste artigo é fazer uma reflexão entre “amor a sabedoria” e “sabedoria do amor” a

partir da Ética Fenomenológica. Sentir compaixão pelo outro a partir da escuta do sofrimento, acolhendo

as diferenças pela alteridade ética é a condição para a sabedoria do amor. Contrasta com o amor a

sabedoria em que predomina o racional sobre o afetivo e o cuidado de si, reduzindo o outro no mesmo.

Na sabedoria do amor predomina o afetivo sobre o racional, priorizando o cuidado ao outro. A partir

dessas “duas” sabedorias, aponta que a saída da “atitude natural” para a “atitude filosófica” não garante

uma sabedoria plena, como um vivido plenamente livre da ingenuidade. No sentido ético, a “atitude

natural” pode não ser plenamente ingênua e a atitude filosófica não plenamente livre da ingenuidade.

Isto permite aosujeito não ser surpreendido ao realizar um projeto de vida de modo ingênuo e

inautêntico. Assim, no amor a sabedoria, só era ingênuo o que não tinha acesso ao saber. Na sabedoria

do amor, todos podem ser ingênuos. O elevado nível de conhecimento não implica, sabedoria como

plenitude e sentido da vida. Contudo, a Ética Fenomenológica permite a unificação da sabedoria ao

fazer emergir um “amor que sabe” e uma “sabedoria que ama”, sabedoria ética a serviço da alteridade

ética.

Tamires Dal Magro

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A atividade científica é seguidamente apresentada como um modelo de racionalidade e

objetividade. Das disciplinas humanas, talvez as que mais mereçam ser descritas como sendo guiadas

por padrões e critérios racionais e objetivos sejam as científicas – isso, ao menos, é o que a nossa tradição

de uso das palavras “ciência”, “racionalidade” e “objetividade” parece sugerir. A história dessas

palavras, no entanto, registra vários usos, e não é imediatamente claro o que cada uma significa, ou se há

SENSIBILIDADE ÉTICA COMO SABEDORIA: UM CONTRASTE ENTRE A

“SABEDORIA DO AMOR” E “AMOR A SABEDORIA”

REGRAS E VALORES NAS TEORIAS HISTORICISTAS DA RACIONALIDADE

CIENTÍFICA

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um uso unívoco para cada uma. Este trabalho analisa alguns modelos de racionalidade influentes na

filosofia da ciência recente, concentrando-se nas chamadas “teorias historicistas da racionalidade

científica”. Estas teorias são caracterizadas por considerar os dados extraídos da própria história da

ciência como constituintes do conceito de racionalidade científica. Três teorias historicistas da

racionalidade científica são devidas a Kuhn (1962), Lakatos (1970) e Laudan (1977), as quais propõem

abordagens distintas para o problema da objetividade das decisões científicas entre modelos de pesquisa

rivais. Um desafio para as concepções historicistas é o de conciliar uma análise empiricamente adequada

da história da ciência com critérios normativos de racionalidade. Alguns autores, como Lakatos e

Laudan, salientam que a racionalidade científica deve poder ser descrita em termos de critérios precisos

(ou regras) que possam ser aplicados universalmente. Outros, como Kuhn, apontam limites para esse

tipo de abordagem e afirmam que a racionalidade científica é essencialmente permeada por valores ou

outros elementos que nem sempre se deixam descrever em termos de regras com aplicação unívoca.

Neste trabalho avaliaremos comparativamente algumas das principais análises historicistas da

racionalidade científica apresentadas nos últimos anos (devidas a Kuhn, Lakatos e Laudan), analisando

os principais problemas que as propostas de Lakatos e Laudan enfrentam e a alternativa kuhniana de

tratar critérios de escolha como valores. Por fim, apresentaremos alguns desdobramentos posteriores

dessa discussão, especialmente em Friedmam (2002) e Mcmullin (2008).

AÇÕES AFIRMATIVAS E A ANÁLISE DO CASO BAKKE

Thaís Cristina Alves Costa

[email protected]

Trata-se da análise reconstrutiva do modelo de ação afirmativa, em sentido forte, presente na

hermenêutica principiológica do pensador anglo saxão Ronald Dworkin a partir de suas obras Sovereign

Virtue, Taking Rights Seriously e A matter of principle. Com o objetivo de minorar as desigualdades

sociais, este modelo se pauta em uma política de igualdade de oportunidades baseada na discriminação

inversa (discriminação positiva), voltada para o sistema de cotas étnico raciais nas Universidades norte -

americanas. Para a melhor compreensão dessa proposta de política pública (policies) de Dworkin

utilizaremos como fio condutor a análise interpretativa do caso Allan Bakke. Esse caso chegou até a

Suprema Corte Americana na década de 70 e representou um marco nas discussões acerca da

legitimidade e justificabilidade do modelo de ação afirmativa pautado nas questões de raça e etnia. Ao

longo do texto buscaremos demonstrar que a proposta de ação afirmativa tal como proposta por Ronald

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Dworkin se revela injusta, limitada e insatisfatória para solucionar problemas de ordem pública, bem

como a desigualdade social. Diante disso, como alternativa para tal insuficiência, consideramos ser mais

defensável um modelo de ação afirmativa mitigada que não possui como base a discriminação inversa

ou qualquer menção à raça dos indivíduos.

Tomás Farcic Menk

[email protected]

Hegel refere-se, tanto no primeiro prefácio (1812) à Ciência da Lógica quanto no segundo

(1831), a queda que as questões metafísicas tiveram frente à grandiosidade do sistema kantiano e as

necessidades práticas dos tempos modernos. Ele pretende retomar estas questões, e para tanto elabora a

sua Ciência da Lógica. Mas porque utiliza a Lógica como ciência básica para isto, visto que ela não

parece se relacionar com a lógica clássica, como o próprio Hegel reconhece? Por que não construir uma

nova ciência, que não se utilize da lógica? A nossa proposta, desta forma, é analisar estes dois prefácios,

demonstrando o porquê de Hegel utilizar (ou revalorar) a lógica para analisar questões que eram tidas

como assuntos metafísicos (como a ontologia, psicologia racional, cosmologia e teologia natural) e em

que ele se distancia desta lógica clássica, onde ele se refere de forma abrangente ao que ele denomina de

lógica de escola, lógica aristotélica, e por fim, da lógica kantiana. Nesse sentido, mostraremos que Hegel

entende por lógica, tal como Aristóteles, como uma ciência do pensar sobre o pensar, porém, argumenta

que este pensar deve ser ativo e estruturante tanto do próprio pensar quanto do ser, e, desta forma, cria

uma nova lógica, que não pode ser enquadrada nos moldes das lógicas anteriores.

Vítor Hugo dos Reis Costa (FAPAS)

[email protected]

(RE) SIGNIFICAÇÃO DA LÓGICA POR HEGEL – UM ESTUDO DA RELAÇÃO

ENTRE LÓGICA E METAFÍSICA

DA PARTICIPAÇÃO À SEPARAÇÃO: METAFÍSICA, EXISTENCIALISMO E

MELANCOLIA

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Resumo: O presente trabalho pretende apresentar alguns momentos do desenvolvimento do

pensamento metafísico até seu relativo colapso e culminância no existencialismo. Nossa chave de leitura

é inspirada nas obras Sartre, metafísica e existencialismo de Gerd Bornheim (1929 – 2002) e Melancolia

de Ernildo Stein (1934 –). Com base em tais obras identificamos quatro momentos decisivos da

metafísica ocidental: 1) o momento ontológico-metafísico grego e medieval; 2) o momento lógico-

gnosiológico iniciado na modernidade e sistematizado por Kant; 3) o momento lógico-ontológico

representado por Hegel e 4) o momento ontológico-existencial culminado por Heidegger em uma linha

que iniciam com Kant passa por Husserl. Sob a luz de tal perspectiva de leitura pretendemos apresentar

como a ontologia fenomenológica de Jean-Paul Sartre (1905 – 1980), apresentada em O Ser e o Nada, se

insere no contexto ontológico-existencial, mas padece de uma franca melancolia do momento lógico-

ontológico hegeliano. Tal melancolia impregna todos os setores da ontologia sartreana e se verifica de

forma privilegiada na referida obra, sobretudo no que tange alguns dos temas centrais da obra, a saber, os

temas da constituição da ipseidade e da alteridade, bem como no apelo final por ética e metafísica que

estampam suas páginas finais.