iv congresso florianópolis direito de crédito de pis e cofins sobre insumos e despesas de venda

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IV Congresso Brasileiro de Estudos Tributários Tributação e Desenvolvimento Industrial Creditamento de PIS/PASEP e COFINS na aquisição de insumos e na realização de despesas de venda de produtos industrializados Tácio Lacerda Gama Doutor e Mestre em direito do Estado pela PUC-SP Professor de Direito Tributário da PUC-SP e do IBET Advogado

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Page 1: Iv congresso florianópolis   direito de crédito de pis e cofins sobre insumos e despesas de venda

IV Congresso Brasileiro de Estudos TributáriosTributação e Desenvolvimento Industrial

Creditamento de PIS/PASEP e COFINS na aquisição de insumos e na realização de

despesas de venda de produtos industrializados

Tácio Lacerda GamaDoutor e Mestre em direito do Estado pela PUC-SPProfessor de Direito Tributário da PUC-SP e do IBET

Advogado

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Não-cumulatividade tributária

Origem da não-cumulatividade e função que deve desempenhar nos tributos a que é aplicada:

1. Distorções de uma tributação cumulativa em tributosmultifásicos e incidentes sobre a receita;

2. Valor que pretende alcançar: neutralidade fiscal,assegurando a realização das livres concorrência e iniciativa.

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Page 3: Iv congresso florianópolis   direito de crédito de pis e cofins sobre insumos e despesas de venda

não-cumulatividade

neutralidade fiscal

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PIS/COFINS não-cumulativos

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Contribuição ao PIS e COFINS

Dinâmica da não-cumulatividade na Contribuição ao PIS e na COFINS

Duas formas de se implementar a não-cumulatividade:

1) Incidência monofásica: tributo devido numa etapa única, não pode ser cumulativo;

2) Sistema de débitos e créditos: sistemática distinta da do IPI e do ICMS

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Para a apuração da contribuição ao PIS, o artigo

3 , inciso II, da Lei n 10.637/2002, prevê o

desconto, na base de cálculo da contribuição, dos:

“bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de

serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos

destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto

em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº

10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou

importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega

dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI.”

PIS/COFINS não-cumulativos: insumos

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Para apuração da base de cálculo da COFINS, a

legislação contempla a mesma disposição no artigo 3º,

inciso III, da Lei n° 10.833/2003.

Em razão destas previsões, discute-se a definição do conceito de INSUMO para estas contribuições.

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PIS/COFINS não-cumulativos: insumos

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Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendem-se como insumos:

I - utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda:a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalageme quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o danoou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da açãodiretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejamincluídas no ativo imobilizado;b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ouconsumidos na produção ou fabricação do produto;

II - utilizados na prestação de serviços:a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que nãoestejam incluídos no ativo imobilizado; eb) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ouconsumidos na prestação do serviço.

Instruções Normativas nº 247/2002 (PIS) e nº 404/2004 (COFINS)

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Contribuição ao PIS e COFINS

Onde está o problema?

Maior ou menor amplitude na possibilidade de tomar créditos.

Tensão Fisco x Contribuintes

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Teorias sobre a amplitude do conceito de insumo para PIS/COFINS

1) Teoria que equipara à definição de insumo para o IPI:

1.1. Como funciona: a definição do conceito de insumo empregada para o

IPI é integralmente trazida para a contribuição ao PIS e para a COFINS.

Assim, geram crédito a matéria-prima, produto intermediário e material

de embalagem adquiridos para emprego na industrialização, desde que

se integrem ao novo produto ou sejam consumidos no processo

industrial.

1.2. Aspectos indesejáveis: a legislação do IPI leva a uma definição

bastante restritiva do conceito de insumo, a qual pode ser compreendida

no contexto de um tributo incidente exclusivamente sobre a

industrialização de produtos, mas que não se adequa a tributos

incidentes sobre receita, recolhidos por pessoas jurídicas que atuam nas

mais diversas áreas.

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Teorias sobre a amplitude do conceito de insumo para PIS/COFINS

2) Teoria que equipara às definições de custo e despesa para oIRPJ:

2.1. Como funciona: as definições de “custo” e “despesa”, utilizadas para

definir as deduções autorizadas por lei na base de cálculo do IRPJ, são

equiparadas a insumos para fins de creditamento de PIS e COFINS.

Nessa linha, tudo o que for custo ou despesa para o IRPJ, é insumo

passível de crédito para a contribuição ao PIS e para a COFINS.

2.2. Aspectos indesejáveis: custos e despesas, em matéria de IRPJ, podem

ser muito abrangentes. Nem todos os custos e despesas dedutíveis para

fins de apuração do Imposto sobre a Renda podem ser considerados

insumos em matéria de PIS e COFINS, haja vista tratar-se de tributos

com hipóteses de incidência tão diversas.

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3) Teoria funcional:

3.1. Como funciona: insumos corresponderiam aos gastos geraisque a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ouserviços por ela realizada e, ainda, todos os custos e despesasnão expressamente vedados pela legislação aplicável àscontribuições.

3.2. Aspectos desejáveis: há um regime jurídico próprio deapuração de créditos para a contribuição para o PIS e para aCOFINS, não se confundindo com a forma restritiva (créditofísico) aplicável ao IPI, nem com a forma excessivamentepermissiva (que inclui custos e despesas amplamenteconsiderados) trazida da sistemática do IRPJ.

Insumos para PIS/COFINS: critérios próprios

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Aquisição de insumos: frete

O frete pago na aquisição de insumos dá direito a crédito?

Page 13: Iv congresso florianópolis   direito de crédito de pis e cofins sobre insumos e despesas de venda

A intepretação da RFB:

Aquisição de insumos: frete

• Predomina o entendimento no sentido de que o frete deve sercompreendido como parte integrante do custo do bemtransportado. Nesse sentido, se a aquisição daquele bem derdireito a crédito, o frete também dará.

• Nesse sentido: Processo de Consulta nº 87 e 89/12, da 10ª RegiãoFiscal; Processo de Consulta nº 15/11, da 4ª Região Fiscal;Processo de Consulta nº 248/06, 1ª Região Fiscal.

Page 14: Iv congresso florianópolis   direito de crédito de pis e cofins sobre insumos e despesas de venda

A intepretação do CARF:

Aquisição de insumos: frete

• No CARF, entende-se, hoje, que tudo aquilo que representarcusto para a pessoa jurídica, deve dar direito a crédito, por seenquadrar na hipótese prevista pelo inciso II do art. 3º da Lei nº10.833/03.

• Nesse sentido, o frete seria considerado “insumo”, dando direitoa crédito sempre que contratado de terceiros, na forma da lei.

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PIS/COFINS não-cumulativo: créditos sobre despesas com venda de produtos

industrializados

Que gastos incorridos na venda de produtos industrializados ensejam

aproveitamento de créditos de PIS/COFINS?

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1) Créditos sobre despesas com frete

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Lei nº 10.833/03:

Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderádescontar créditos calculados em relação a: [...]II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços ena produção ou fabricação de bens ou produtos destinados àvenda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação aopagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pelaintermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e87.04 da Tipi; [...]IX - armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, noscasos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor.

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1.1. A intepretação da Receita Federal:

1) Créditos sobre despesas com frete

Aplicação literal e restritiva da lei (10.833/03) para a concessão decrédito: só há crédito na operação de saída (venda) direta para oadquirente. (Solução de Divergência COSIT nº 11, de 27.09.07)

1.2. A intepretação do CARF:

Aplicação da lei (art. 3º, VI, Lei nº 10.833/03) para concessão doscréditos.

OBS: frete para estabelecimento exportador: equiparação ao fretesobre venda (Acórdão n.º 3403-00.485, 3ª Turma da 4ª Câmara,julgado em 30/07/2010)

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RECURSO ESPECIAL. VALOR DO PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS PELACONCESSIONÁRIA PARA REVENDA. DESCONTOS DE CRÉDITOS CALCULADOSEM RELAÇÃO A FRETE NA OPERAÇÃO DE VENDA. EXEGESE DOS ARTIGOS 2º,3º, INCISOS I E IX, E 15, INCISO II, DA LEI N. 10.833/2003.Na apuração do valor do PIS/COFINS, permite-se o desconto de créditoscalculados em relação ao frete também quando o veículo é adquirido dafábrica e transportado para a concessionária – adquirente – com o propósitode ser posteriormente revendido.Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1.215.773/RS)

1.3. A interpretação do Poder Judiciário:

O STJ firmou, em 2012, entendimento no sentido de que o frete pagopelo adquirente na aquisição de produtos para revenda também devegerar crédito, nos termos do art. 3º, IX, da Lei nº 10.833/03, porintegrar a operação de venda:

1) Créditos sobre despesas com frete

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• Até meados de 2007, a RFB autorizava, em muitos casos, oaproveitamento de créditos relativos às despesas comtransporte de mercadorias entre os estabelecimentos de umamesma pessoa jurídica.

• Solução de Consulta nº 71/05, da 9ª Região Fiscal

• Naquele ano, no entanto, firmou-se entendimento no sentidode impedir o aproveitamento de créditos de PIS e COFINS nashipóteses em que o bem transferido entre estabelecimentos jáestá acabado. Tal entendimento prevalece até a presente data.

• Solução de Divergência COSIT nº 11, de 27.09.07; Processos deConsulta nº 64/11, 296/10, 370/09 e 344/09, todos da 8ª RegiãoFiscal

2) Frete interno: entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica

2.1. A interpretação da RFB:

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Critério adotado para a negativa do crédito:

• O bem transportado estar acabado.

Justificativa:

• Nesta hipótese, o frete entre estabelecimentos não éequiparável ao frete para venda, não corresponde adespesas de armazenagem e tampouco integra o custodo bem transportado, não se enquadrando, portanto,em nenhuma hipótese legal que autorize o crédito.

2) Frete interno: entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica

2.1. A interpretação da RFB:

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• Predominava na jurisprudência do CARF o mesmoentendimento no sentido de que não haveria direito acrédito quando já tivesse acabado o processo produtivo.

• Nesse sentido: Acórdão nº 3301-00.424, 3ª Seção, 1ªTurma, 3ª Câmara, de 03/02/2010;

• A partir de 2013, no entanto, começaram a ser proferidasdecisões – inclusive sob a relatoria de Conselheirosrepresentantes da Fazenda – no sentido de que as despesascom frete dessa naturezarepresentariam, também, custos, dando direito a créditosnos termos do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03.

2) Frete interno: entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica

2.2. A interpretação do CARF:

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• O Poder Judiciário ainda aplica, em grande parte de suasdecisões, o entendimento defendido pela RFB, negando odireito ao crédito relativo ao frete entre estabelecimentos damesma pessoa jurídica, quando o produto está acabado.

• Nesse sentido: Resp nº 1.147.902/RS; TRF3, AMS 11814 SP0011814-22.2011.4.03.6105;

• A decisão proferida no REsp 1.215.773/RS, anteriormentemencionado, pode, no entanto, abrir caminho para umamudança nesse entendimento.

2) Frete interno: entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica

2.3. A interpretação do Judiciário:

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