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_______________________________________________________________________________________ 55 ISSN XXX-XXX, V.1/N.1 - 2016 UMA FRUTÍFERA NO SEU QUINTAL - PRODUÇÃO E DOAÇÃO MUDAS Fiorella Perotti Chalco 1 Ina Lellys Ribeiro Dias 2 RESUMO O plantio de espécies frutíferas é uma boa opção de diversificação, pois contribui para melhorar a qualidade da alimentação da população. Este estudo teve como objetivo a produção de mudas desde a seleção das sementes até o estabelecimento do vegetal, ensinar técnicas de germinação, plantio e acompanhamento das mudas de espécies frutíferas doadas à população. Mostrando a importância do consumo de frutos orgânicos e de forma indireta contribuir com arborização do município. Foram selecionadas as espécies frutíferas endêmicas mais consumidas pela população do município de Parintins. As plântulas germinadas foram acompanhadas até chegarem a uma média de altura de 15 cm. Foram realizadas 10 Oficinas, 2 Mini cursos e 5 Exposições envolvendo aproximadamente 1.400 pessoas da comunidade em geral, Escolas Municipais e Estaduais dos ensinos Médio e Fundamental e acadêmicos de diferentes cursos da UEA. No Cesp ocorreram as Exposições recepcionando a comunidade geral. Foram feitas as doações de mudas na qual os alunos se comprometiam a plantar nos quintais de suas casas, acompanhar até o estabelecimento das mudas para pôr em prática o que aprenderam nas Oficinas. De forma geral, o público demonstrou um grande interesse em adquirir informações sobre as frutíferas e plantio. Adotaram as suas mudas e plantaram em seus quintais. Este trabalho foi de suma importância, pois, ao longo das oficinas os mesmos compreenderam de maneira significativa o intuito das explicações acerca de cada espécie frutífera sobre os procedimentos utilizados, como manter e como plantar. Palavras-chave: Frutíferas; Produção de mudas; Germinação de sementes. FRUIT TREES IN YOUR BACKYARD – SEEDLINGS PRODUCTION AND DONATION ABSTRACT The planting of fruit trees is a good option for diversification, helping to improve the population's diet quality. This study aimed at the production of seedlings from seed selection to the establishment of the plant, teach germination techniques, planting, and monitoring of fruit tree seedlings donated to the population. Showing the importance of the consumption of organic fruits and indirectly contributing to making the city greener. The endemic fruit species most consumed by the population of the city of Parintins were selected. The germinated seedlings were accompanied until they reached an average of 15 cm tall. 10 workshops, 2 Mini courses, and 5 exhibition were held involving about 1,400 people from the community in general, municipal and state schools at the primary and secondary levels, and academics from different courses at UEA. At CESP the exhibitions open the general community took place. Donations of seedlings were made in which students undertook the commitment to plant them in their backyards, as well as to accompany the establishment of the seedlings to put into practice what they had learned in the workshops. In general, the public has shown great interest in acquiring information on fruit trees and planting. They adopted their seedlings and planted in their yards. This work was very important, because throughout the workshops they understood in a significant way the reasoning behind the explanations on each fruit species with regards to the procedures used to maintain and how to plant. Keywords: Fruit trees; Seedling production; Germination of seeds. 1 Mestre em Botânica, Eng. Florestal, Docente da UEA-CESP, Rodovia Odovaldo Novo, s/n – Djard Vieira, Parintins/Amazonas – [email protected]. 2 Discente do curso de Ciências Biológicas, UEA-CESP, Rodovia Odovaldo Novo, s/n – Djard Vieira, Parintins/Amazonas.

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ISSN XXX-XXX, V.1/N.1 - 2016

UMA FRUTÍFERA NO SEU QUINTAL - PRODUÇÃO E DOAÇÃO MU DAS

Fiorella Perotti Chalco1 Ina Lellys Ribeiro Dias2

RESUMO

O plantio de espécies frutíferas é uma boa opção de diversificação, pois contribui para melhorar a qualidade da alimentação da população. Este estudo teve como objetivo a produção de mudas desde a seleção das sementes até o estabelecimento do vegetal, ensinar técnicas de germinação, plantio e acompanhamento das mudas de espécies frutíferas doadas à população. Mostrando a importância do consumo de frutos orgânicos e de forma indireta contribuir com arborização do município. Foram selecionadas as espécies frutíferas endêmicas mais consumidas pela população do município de Parintins. As plântulas germinadas foram acompanhadas até chegarem a uma média de altura de 15 cm. Foram realizadas 10 Oficinas, 2 Mini cursos e 5 Exposições envolvendo aproximadamente 1.400 pessoas da comunidade em geral, Escolas Municipais e Estaduais dos ensinos Médio e Fundamental e acadêmicos de diferentes cursos da UEA. No Cesp ocorreram as Exposições recepcionando a comunidade geral. Foram feitas as doações de mudas na qual os alunos se comprometiam a plantar nos quintais de suas casas, acompanhar até o estabelecimento das mudas para pôr em prática o que aprenderam nas Oficinas. De forma geral, o público demonstrou um grande interesse em adquirir informações sobre as frutíferas e plantio. Adotaram as suas mudas e plantaram em seus quintais. Este trabalho foi de suma importância, pois, ao longo das oficinas os mesmos compreenderam de maneira significativa o intuito das explicações acerca de cada espécie frutífera sobre os procedimentos utilizados, como manter e como plantar.

Palavras-chave: Frutíferas; Produção de mudas; Germinação de sementes.

FRUIT TREES IN YOUR BACKYARD – SEEDLINGS PRODUCTION AND DONATION

ABSTRACT

The planting of fruit trees is a good option for diversification, helping to improve the population's diet quality. This study aimed at the production of seedlings from seed selection to the establishment of the plant, teach germination techniques, planting, and monitoring of fruit tree seedlings donated to the population. Showing the importance of the consumption of organic fruits and indirectly contributing to making the city greener. The endemic fruit species most consumed by the population of the city of Parintins were selected. The germinated seedlings were accompanied until they reached an average of 15 cm tall. 10 workshops, 2 Mini courses, and 5 exhibition were held involving about 1,400 people from the community in general, municipal and state schools at the primary and secondary levels, and academics from different courses at UEA. At CESP the exhibitions open the general community took place. Donations of seedlings were made in which students undertook the commitment to plant them in their backyards, as well as to accompany the establishment of the seedlings to put into practice what they had learned in the workshops. In general, the public has shown great interest in acquiring information on fruit trees and planting. They adopted their seedlings and planted in their yards. This work was very important, because throughout the workshops they understood in a significant way the reasoning behind the explanations on each fruit species with regards to the procedures used to maintain and how to plant.

Keywords: Fruit trees; Seedling production; Germination of seeds.

1Mestre em Botânica, Eng. Florestal, Docente da UEA-CESP, Rodovia Odovaldo Novo, s/n – Djard Vieira, Parintins/Amazonas – [email protected]. 2Discente do curso de Ciências Biológicas, UEA-CESP, Rodovia Odovaldo Novo, s/n – Djard Vieira, Parintins/Amazonas.

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INTRODUÇÃO

As espécies frutíferas são cultivadas há milênios por populações indígenas, quando nas

proximidades de suas malocas cultivavam algumas plantas frutíferas da floresta. Em muitos casos,

esses pequenos pomares tinham acentuada conotação religiosa e grande sentido conservacionista,

pois na concepção dos primeiros habitantes da floresta, uma fruta bonita e saborosa era dádiva

divina e, como tal, deveria ser preservada e compartilhada (SILVA, 2001).

A fruticultura é uma das principais atividades socioeconômicas da agricultura, por constituir

uma excelente opção aos produtores rurais, promovendo, além da valorização das terras, redução no

êxodo rural, proporcionando aumento na oferta de empregos e em consequência maior renda no

campo (POSSE, 2005).

O sucesso de se obter uma árvore frutífera de qualidade está diretamente ligado à escolha da

variedade ou cultivar, à qualidade da muda e aos cuidados no plantio e condução. A muda é, na

verdade, o alicerce da fruticultura, pois dela depende o sucesso ou o fracasso na implantação de um

pomar (CHALFUN, 2002).

O plantio de espécies frutíferas é uma boa opção de diversificação, pois contribui para

melhorar a qualidade da alimentação da população. As frutíferas têm um grande potencial de uso,

não somente pelo fruto in natura, mas também pelo uso de subprodutos, no caso de compostos em

bebidas (licores, sucos), geleias, doces, sorvetes, picolés, condimentos, entre outras formas de uso

(BRACK et al., 2004).

Uma forma de aplicar a educação ambiental nas escolas é mostrando a importância e

ensinando na prática a melhor forma que a população pode melhorar o ambiente em que vive. E

assim, promover oficinas mostrando a importância do consumo de frutos e técnicas desde a

germinação até o estabelecimento das frutíferas serão aplicadas em escolas de ensino fundamental e

médio, eventos no Centro de estudos Superiores de Parintins como: Semanas acadêmicas,

Amostras, datas comemorativas, Semana de Ciência e Tecnologia, dentre outros. Atingindo, assim,

um público diversificado (crianças, adolescentes, adultos e idosos) do município de Parintins.

Estas práticas são ferramentas relevantes na conscientização de uma alimentação saudável,

preservação, conservação e conhecimento da biodiversidade como um todo, assim como arborizar a

cidade indiretamente. É usado o termo “ïndiretamente” porque a idéia é arborizar os quintais, ou

seja, o que não está diretamente visível ao público, mas que causará além de conforto térmico para

as casas, também proporcionará o consumo familiar.

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A multiplicação do conhecimento desperta o interesse dos alunos na questão ambiental, e

assim, promove a formação de um conhecimento da realidade, visando à formação de cidadãos

críticos e reflexivos, que possam perceber a complexidade do meio ambiente em que vivem e

participem da construção de uma sociedade sustentável. Mostrando a importância do consumo de

frutos e a oportunidade de ter um pé de uma frutífera em seu quintal com técnicas de germinação

até o estabelecimento das mudas.

Este estudo teve o objetivo de produzir mudas desde a seleção das sementes até o

estabelecimento do vegetal, ensinar técnicas de germinação, plantio e acompanhamento das mudas

de espécies frutíferas doadas à população. Mostrando a importância do consumo de frutos orgânicos

e de forma indireta contribuir com arborização do município. Participaram quatro bolsistas do

Progex e nove acadêmicos voluntários do curso de Biologia.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 Frutíferas

Há muito tempo as plantas frutíferas nativas de cada região vêm sendo usadas como

complemento alimentar significante para o ser humano. No Brasil, a maior parte da produção de

alimentos é sazonal, principalmente a de origem vegetal, e o desenvolvimento de métodos

essenciais que prolonguem o período de armazenamento se faz necessário. O Brasil é um dos

maiores produtores em vários mercados de frutas, sendo notável a grande variedade destes itens no

mercado (FERNANDES et al, 2010).

A Floresta Amazônica é a região de maior biodiversidade do mundo. Essa afirmação muito

usual representa que o ecossistema possui um número elevado de espécies com alta abundância,

podendo ser quantificada pela diversidade e agregação de espécies (PRANCE et al. 1976; LIMA

FILHO et al., 2001).

As frutas nativas já fazem parte da culinária da Amazônia e são consumidas in natura ou na

forma de doces, bolos, biscoitos, sorvetes, sucos, compotas, licores etc. Servem como complemento

alimentar, principalmente para as populações de baixa renda, que vêem na Floresta Amazônica uma

fonte de alimento. E ainda servem como fonte alternativa de renda para as populações locais, que as

comercializam em barracas de margens de estradas, feiras livres, mercados municipais etc.

(NASCENTE e NETO, 2005).

1.2 Germinação

A semente (do latim seminilla, diminutivo de sêmen, esperma) é o órgão responsável pela

dispersão e perpetuação das espermatófitas, as plantas que as produzem. O termo semente é

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utilizado para designar um óvulo maduro, possuindo um eixo embrionário em algum estágio de

desenvolvimento, material de reserva alimentar (raramente ausente) e um envoltório protetor, o

tegumento. As funções das sementes relacionam-se com a dispersão e a sobrevivência de plantas

sob condições favoráveis como também desfavoráveis, tais como extremos de temperatura (até

certos limites) e de seca (DAMIÃO FILHO, 1993).

O embrião da semente inicia sua formação a partir do momento da fertilização do óvulo e

desenvolve-se durante a maturação, até que seu crescimento cesse e o grau de umidade diminua a

um nível tão baixo que permita apenas reduzida atividade metabólica. A germinação, assim, pode

ser considerada como o reinício de crescimento do eixo embrionário, paralisado nas fases finais da

maturação.

A água é fator imprescindível, pois é com a absorção de água por embebição que se inicia o

processo da germinação. Para que isso aconteça, há necessidade de que a semente alcance um nível

adequado de hidratação, a qual permita a reativação dos processos metabólicos. A água influi na

germinação, atuando no tegumento, amolecendo-o, favorecendo a penetração do oxigênio, e

permitindo a transferência de nutrientes solúveis para as diversas partes da semente (TOLEDO e

MARCOS FILHO, 1977).

O excesso de água, em geral, provoca decréscimo na germinação, visto que impede a

penetração do oxigênio e reduz todo o processo metabólico resultante. A deficiência hídrica

também é nociva à germinação, uma vez que a semente não terá condições de manter o

metabolismo adequado em condições de campo. A umidade adequada é variável entre as espécies.

A embebição varia, também, com a natureza do tegumento, com a composição química e tamanho

da semente e com a temperatura (CHING, 1972).

A germinação como resultado de uma série de reações bioquímicas, possui uma estreita

dependência da temperatura. Como em qualquer reação química, existe uma temperatura ótima na

qual o processo se realiza mais rápida e eficientemente, e as temperaturas máxima e mínima, a

germinação é zero. Esta faixa de temperatura é variável entre as diferentes espécies.

À medida que a semente deteriora, essa fica mais exigente quanto à temperatura, passando a

ter necessidades específicas para que a germinação ocorra (BEWLEY e BLACK, 1994). No que diz

respeito ao comportamento germinativo de espécies sensíveis à luz, encontram-se sementes que

germinam após rápida exposição à luz, outras que necessitam de período relativamente longo de luz

e outras em que a germinação é desencadeada somente no escuro (VIDAVER, 1980). Além disso,

existem as sementes que são indiferentes à luz, germinando em qualquer ambiente luminoso

(VAZQUEZ- YANES e OROZCO-SEGOVIA, 1991).

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Na germinação de sementes sensíveis à luz, deve-se levar em conta, também que a

sensibilidade das sementes ao regime luminoso pode ser alterada por vários fatores como,

temperatura, idade das sementes, condição de armazenamento, tratamento para superação de

dormência e condição de cultivo da planta. A luz pode ser considerada um fator importante na

quebra de dormência em sementes. Os efeitos da luz na quebra de dormência podem ser

dependentes da temperatura (FERREIRA e BORGHETTI, 2004).

A respiração da semente é também afetada por diversos outros elementos, tais como o tipo

de tegumento, o teor de água, a temperatura, a concentração de CO2, a dormência e alguns fungos e

bactérias. Antes que a radícula rompa o tegumento, as reações ocorrem em meio anaeróbico. Na

primeira fase de absorção de água, o oxigênio não é fator limitante, sendo-o, entretanto para a

emergência da radícula, isto é, a dependência de respiração aeróbica inicia-se na segunda fase de

absorção de água (BORGES e RENA, 1993).

De acordo com Groth e Liberal (1988), o estudo da morfologia interna das unidades

dispersoras é importante para a identificação das espécies e para o planejamento do tipo de

beneficiamento da semente. Estudos como este, também, permitem informações prévias sobre a

germinação das sementes, bem como, caracterizar problemas de dormência relacionados com a sua

morfologia, como por exemplo, testa impermeável, que impossibilita a entrada de água e gases, ou

mesmo dormência causada pela imaturidade do embrião.

A fase de plântula, além de crítica, é também pouco conhecida, pois, levando-se em

consideração a enorme diversidade de espécies existentes em nossa flora, ainda são poucos os

trabalhos sobre morfologia de plântulas de espécies arbóreas (DONADIO, 2000).

O conhecimento da estrutura e morfologia das sementes são essenciais, pois permitem tanto

padronizar condições de preparo e coloração das sementes, como avaliar a extensão dos danos

indicados pela localização das manchas sem coloração ou intensamente coloridas, a partir de

observações das partes vitais, eixo embrionário (radícula, hipocótilo, epicótilo e plúmula) e tecido

de reserva, conforme a espécie em estudo (PIÑA-RODRIGUES e AGUIAR, 1993).

1.3 Educação ambiental

A Educação Ambiental promove a formação de um conhecimento da realidade ambiental,

visando a formação de cidadãos críticos e reflexivos, que possam perceber a complexidade do meio

ambiente em que vivem e participem da (re)construção de uma sociedade mais justa e sustentável

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(OBARA, 2002). Ela deve procurar situações que favoreçam ações ambientais concretas, situações

de aprendizagem que desenvolvem compromisso afetivo, para isto o interesse deve ser espontâneo.

Para que haja conscientização, o trabalho deve se basear na ação e proporcionar a reflexão

dos alunos sobre o papel que podem desempenhar em seu meio ambiente. Neste sentido cabe

destacar que a Educação Ambiental assume cada vez mais a função transformadora, na qual a

correspondência dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de

desenvolvimento.

Ao realizar um projeto de educação para o ambiente, se está promovendo aos alunos e à

população, de um modo geral, uma compreensão fundamental dos problemas existentes, da

presença humana no ambiente, da sua responsabilidade e do seu papel crítico como cidadãos de um

país e de um planeta, propiciando ao aluno aprender a propósito do ambiente que o cerca.

As oficinas devem trabalhar com a relação de interdisciplinaridade visando à unidade do

saber. Por fim, a oficina é uma aula prática e deve ser desenvolvida de forma que complemente e

explique a teoria e vice versa, isto é, elas devem ser desenvolvidas concomitantemente, mas para se

adotar essa metodologia em sala de aula, o professor deve estar preparado para assumir uma postura

de orientador/motivador, que guiará os alunos durante o desenvolvimento da prática, mas deverá

deixar que o aluno chegue aos resultados corretos por seu próprio raciocínio, desta forma o ensino

torna-se interessante para o educando (VIEIRA e VOLQUIND, 2002).

Assim, oficina deve estabelecer uma relação entre o que o aluno aprendeu e a sua realidade

cotidiana, deve dar condições de relacionar o que aprendeu com o que conhece e de utilizar o

conhecimento adquirido em outras situações, ou seja, ela contempla a necessidade que o aluno tem

de construir seu conhecimento de forma a torná-lo útil em sua vida, faz com que a curiosidade e a

busca de esclarecimentos tornem a aprendizagem um prazer.

METODOLOGIA

2.1 Escolha das espécies

Foram selecionadas as espécies frutíferas endêmicas mais consumidas pela população do

município de Parintins. Assim, ocorreram as visitas aos mercados e feiras livres do município para a

verificação das espécies frutíferas. De acordo com esse levantamento, foi elaborada uma listagem

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com os nomes científicos e populares (vulgares) das espécies. E a partir dessas informações foram

selecionadas dez espécies, levando em consideração as mais consumidas e o período de frutificação,

também foi levado em consideração o tamanho que uma planta adulta atinge e se as raízes são

expostas prejudicando as construções, já que a ideia é plantar nos quintais das casas.

2.2 Coleta de frutos

A coleta dos frutos foi realizada diretamente das árvores. As ferramentas utilizadas foram:

podão, tesoura de poda, bandejas plásticas para o transporte. Os dados referentes às árvores

matrizes foram anotados em ficha de campo e posteriormente digitalizados para a elaboração de

banco de dados interno.

Após a coleta dos frutos, os mesmos foram transportados, as sementes extraídas dos frutos

maduros e lavadas em água corrente, com a intenção de retirar o excesso de resíduos de polpa

(Figura 01).

Figura 01 – Coleta de frutos e preparação das sementes.

2.3 Preparação do substrato

Para a preparação do solo foi utilizado Adubo Orgânico e Terra preta. Essa mistura foi feita

com água colocada nas sementeiras para a espera das germinações. Este substrato também foi

utilizado para os saquinhos de mudas (Figura 02).

Figura 02 – Preparação do substrato.

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2.4 Semeadura e Produção de mudas

As sementes foram colocadas em bandejas de plástico com areia lavada misturada com pó

de serra, a céu aberto. A irrigação foi feita diariamente. Após a germinação, em torno de 25 a 30

dias, as mudas sofreram uma repicagem e foram transferidas para os sacos plásticos de polietileno

de 10 x 20 cm de altura para facilitar o desenvolvimento da raiz e onde continuaram seu processo de

formação.

Figura 03 – Semeadura e Preparação das mudas.

As plântulas germinadas foram acompanhadas até chegarem a uma média de altura de 15

cm. O êxito no estabelecimento da plântula depende de vários fatores, entre os quais está a

utilização de sementes de boa qualidade e a escolha do melhor substrato. Este exerce grande

influência sobre a emergência de plantas e formação das mudas de boa qualidade.

2.5 Escolha do público

Para a realização das oficinas foram escolhidas algumas escolas de ensino fundamental e

médio, eventos no Centro de Estudos Superiores de Parintins como Semanas acadêmicas, Amostras,

datas relacionadas ao meio ambiente, Semana de Ciência e Tecnologia, dentre outros. Atingindo um

público diversificado (crianças, adolescentes, adultos e idosos) do município de Parintins.

2.6 Realização das oficinas e Doação de mudas

As oficinas foram constituídas de informações sobre a importância do consumo de frutos, o

benefício de ter pelo menos uma árvore em casa, técnica de como plantar e acompanhar e manter as

espécies frutíferas. As mudas foram doadas de acordo com o interesse do público que participaram

das oficinas, tendo como finalidade plantios domésticos, nos quintais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira espécie a germinar foi o mamão (Carica papaya) com 100% de germinação.

Outra espécie que não teve dificuldade para germinar, foram as sementes de acerola (Malpighia

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glabra), em um período de 19 dias surgiu a primeira muda. Posteriormente, germinaram as

sementes de goiaba (Psidium guajava), em um período de 20 dias surgiu a primeira muda. Depois a

ata (Annona squamosa), em um período de 40 dias. Em seguida germinaram o limão (Citrus limon)

e laranja (Citrus sinensis). Foram utilizados os mesmos substratos para todas as espécies.

Foram realizadas 10 Oficinas, 2 Minicursos e 5 Exposições envolvendo aproximadamente

1.400 pessoas da comunidade em geral, Escolas Municipais e Estaduais dos ensinos Médio e

Fundamental e acadêmicos de diferentes cursos da UEA. No Cesp ocorreram as Exposições

recepcionando alunos do Ensino Médio e Fundamental, acadêmicos e professores. As oficinas e

minicursos foram direcionadas para a comunidade geral, na qual participaram acadêmicos de

Pedagogia, Química e Física, acontecendo na Semana de Biologia e de Ciência e Tecnologia

(Figura 04).

Figura 04 – Exposições, Oficinas e Mini cursos no CESP.

Algumas oficinas foram realizadas em cinco Escolas Estaduais e Municipais de Parintins

(Figura 05), mostrando as etapas desde preparação do substrato, cuidados com as sementes,

germinação e plantio de mudas e cuidados com a planta frutífera até o desenvolvimento adulto.

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Nas escolas em que foram realizadas as oficinas também foram feitas as doações de mudas.

Nas quais os alunos se comprometiam a plantar nos quintais de suas casas, acompanhar até o

estabelecimento das mudas para pôr em prática o que aprenderam nas Oficinas. Também foi

entregue um folder com o passo a passo mostrando a escolha do local, a instalação da muda,

iluminação, regas e acompanhamento diário (Figura 06).

Figura 06 – Doação de mudas na Escola Estadual Suzana de Jesus Azedo.

Também ocorreram doações de mudas nos eventos realizados no CESP-UEA (Figura 07)

como: Semana de Ciência e Tecnologia, Semana de Biologia, Dia do Meio Ambiente, dentre outros. Chegando a doar aproximadamente 1.500 mudas entre 2014 2015.

Figura 07 – Doação de mudas em eventos do CESP-UEA.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Figura 05 – Etapas de uma das Escola Estadual Dom Gino Malvestio, Parintins.

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Existe uma necessidade de mudar o comportamento do homem em relação à natureza e ao

ambiente, no sentido de promover sob um modelo de desenvolvimento sustentável a

compatibilização de práticas econômicas e conservacionistas, com reflexos positivos evidentes

junto à qualidade de vida de todos.

De forma geral, o público demonstrou um grande interesse em adquirir informações sobre as

plantas frutíferas e o plantio. Adotaram as suas mudas e plantaram em seus quintais. O trabalho

desenvolvido com os alunos das escolas foi de suma importância, pois, ao longo das oficinas os

mesmos compreenderam de maneira significativa o intuito das explicações acerca de cada espécie

frutífera sobre os procedimentos utilizados, como manter e como plantar.

A Educação Ambiental é componente indispensável no processo de formação e educação

permanente, com uma abordagem direcionada para a resolução de problemas, contribui para o

envolvimento ativo do público, tornando assim sendo a escola, o espaço social e o local onde o

aluno será sensibilizado para as ações ambientais e fora do âmbito escolar ele será capaz de dar

sequência ao seu processo de socialização. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser

aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos

responsáveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. New York: Plenum Press, 1994. 445 p.

BORGES, E. E.; RENA, A. B. Germinação de sementes. In: AGUIAR, I. B.; PIÑA-RODRIGUES, F. C. M.; FIGLIOLIA, M. B. (Ed.). Sementes florestais tropicais. Brasília, DF: ABRATES, 1993. p.137-174.

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