isos 14001 e ohsas 18001 - estudo de caso

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    UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

    FACULDADE DE ENGENHARIA,ARQUITETURA EURBANISMOPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    PROPOSTA DE UM MODELO DE IMPLEMENTAO DE UMSISTEMA INTEGRADO DE GESTO DAS NORMAS ISOTS16949,

    ISO14001E OHSAS18001.

    SANTA BRBARA DOESTE

    2013

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    UNIVERSIDADEMETODISTADEPIRACICABA

    FACULDADE DE ENGENHARIA,ARQUITETURA EURBANISMO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    PROPOSTA DE UM MODELO DE IMPLEMENTAO DE UMSISTEMA INTEGRADO DE GESTO DAS NORMAS ISOTS16949,

    ISO14001E OHSAS18001.

    DAVID NUNES ZANETI DE SOUZA

    ORIENTADOR:PROF.DRA MARIA CLIA DE OLIVEIRA PAPA

    Dissertao apresentada ao programa de Ps-graduao em Engenharia de Produo: daFaculdade de Engenharia, Arquitetura eUrbanismo, da Universidade Metodista dePiracicaba - UNIMEP, como requisito paraobteno do titulo de Mestre em Engenharia deProduo.

    SANTA BRBARA DOESTE

    2013

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    PROPOSTA DE UM MODELO DE IMPLEMENTAO DE UMSISTEMA INTEGRADO DE GESTO DAS NORMAS ISOTS16949,

    ISO14001E OHSAS18001.

    David Nunes Zaneti De Souza

    Dissertao de Mestrado defendida e aprovada, no dia 24 de julho de 2013,

    pela Banca Examinadora constituda pelos Professores:

    Prof. Dra Maria Clia de Oliveira Papa.

    Universidade Metodista de Piracicaba

    Prof. Dr. Andr Luiz Helleno

    Universidade Metodista de Piracicaba

    Prof.Dr. Iris Bento da Silva

    EESC/DEP-USP

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    Dedico esta dissertao ao meu pai AbelNunes de Souza (in memorian) exemplo dededicao ao trabalho, humildade ehonestidade e a minha me Aparecida Mariade Oliveira Souza exemplo de dedicao famlia.

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus, que me concedeu sade e perseverana na consolidao destaconquista.

    Aos meus pais Abel (in memorian) e Aparecida, pela educao, orao e

    amor que proporcionaram em toda minha vida.

    A minha esposa, pelo companheirismo e compreenso durante a

    realizao deste trabalho.

    A minha esposa Fernanda, pela reviso gramatical do texto.

    Aos meus filhos, Mariana e Daniel pelas renuncias a eles proferidas.

    Ao amigo Shoji, pela inspirao e orientao na conduo da execuo

    do estudo de caso.

    Aos meus alunos(as), fonte de inspirao para docncia.

    A empresa que colaborou com a execuo do estudo de caso.

    Aos meus orientadores, Prof. Dra. Maria Clia de Oliveira Papa e Prof.

    Dr. Iris Bento Silva pelos ensinamentos transmitidos, pela orientao, ateno

    e dedicao dispensada no desenvolvimento deste trabalho, sempre me

    apoiando a superar as dificuldades.

    Aos membros da banca examinadora, pelas orientaes na avaliao

    deste trabalho.

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CAPES - BRASIL, pela bolsa concedida, sem a qual, no seria possvel a

    realizao deste trabalho.

    Aos professores e funcionrios do PPGEP Programa de PsGraduao de Engenharia de Produo da Faculdade de Engenharia,

    Arquitetura e Urbanismo da UNIMEP pelo apoio recebido.

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    SOUZA, D. N. Z. Proposta de um modelo de implementao de sistemaintegrado de gesto das normas ISO TS 16949, ISO 14001 e OHSAS 18001.106p. Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP, Santa Brbara DOeste,

    2013.RESUMO

    No processo de evoluo da gesto dos negcios as organizaes vm

    buscando novos modelos de sistemas de gesto para satisfazer as

    necessidades das partes interessadas (stakeholders). Neste contexto, o SIG -

    Sistema Integrado de Gesto, que contempla os seguintes sistemas: Gesto da

    Qualidade com base na ISO TS 16949; Gesto Ambiental - NBR ISO 14001;

    Gesto de Sade e Segurana ocupacional - OHSAS 18001, apresenta-secomo uma ferramenta para auxiliar a gesto dos negcios. Entretanto muitos

    problemas surgem com a integrao de diferentes tipos de sistemas de gesto,

    gerando dificuldades em sua implementao, o que no proporciona os

    benefcios esperados pela integrao. Alguns estudos apresentam modelos

    para facilitar a integrao de sistemas de gesto, entretanto poucos detalham o

    processo de implementao quando a integrao envolve a especificao

    tcnica ISO TS 16949 do setor automobilstico. Desta forma, este estudoapresenta um modelo para implementar um SIG, bem como os benefcios,

    dificuldades e aspectos importantes que devem ser levados em considerao

    pelos gestores na integrao dos sistemas de gesto. A eficcia do modelo foi

    comprovada pelas certificaes ISO TS 16949, ISO 14001 e OHSAS 18001 em

    uma organizao onde o modelo foi implementado.

    Palavras-chave: Sistema Integrado de Gesto, Sistema de Gesto, ISO TS

    16949, ISO 14001, OHSAS 18001.

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    SOUZA, D. N. Z. Proposal of a model for implementation integrated

    management system of ISO TS 16949, ISO 14001 and OHSAS 18001 . 106p.

    Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP, Santa Brbara DOeste, 2013.

    ABSTRACT

    In the process of evolution of the management of business organizations

    are seeking new models of management systems to meet stakeholders needs.

    In this context, IMS - Integrated Management System from the Quality

    Management System - ISO TS 16949, Environmental Management System -

    ISO 14001; Management System Occupational Health and Safety - OHSAS

    18001 is presented as a tool to assist business management. However, many

    problems arise with the integration of different types of management systems,

    creating difficulties in its implementation, which does not provide the expected

    benefits of integration. Some researchers have models to facilitate the

    integration of management systems, but few detail the implementation process

    when integration involves the technical specification ISO TS 16949 in the

    automotive sector.Thus, this study presents a model for IMS implementation.

    Furthermore, this paper presents the benefits, difficulties and important aspects

    that should be considered by managers in the integration of management

    systems. The effectiveness of the model was proven by ISO TS 16949, ISO

    14001 and OHSAS 18001 certification in an organization where the model was

    implemented.

    Keywords: Integrated Management System, Management System, ISO TS

    16949, ISO 14001, OHSAS 18001.

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    SUMRIO

    LISTADEFIGURAS .......................................................................... V

    LISTADETABELAS ........................................................................ VI

    LISTADEQUADROS .......................................................................VII

    LISTADEABREVIATURAS ...........................................................VIII

    1 INTRODUO ............................................................................ 1

    1.1 OBJETIVO PRINCIPAL ......................................................................... 8

    1.2

    OBJETIVOS ESPECFICOS ................................................................. 8

    1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAO ........................................................ 9

    2 MATERIAISEMTODO ........................................................... 10

    3 SISTEMASDEGESTONORMALIZADO............................... 17

    3.1 CONTEXTO HISTRICO .................................................................... 17

    3.2 SISTEMAS DE GESTO .................................................................... 20

    3.2.1 GESTO DA QUALIDADE NBR ISO 9001 ..................................... 23

    3.2.2

    GESTO DA QUALIDADE ISO TS 16949 ...................................... 30

    3.2.3 GESTO AMBIENTAL ISO 14001 .................................................. 36

    3.2.4 GESTO DE SADE E SEGURANA OCUPACIONAL OSHAS

    18001 ........................................................................................................ 41

    3.3 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTO ............................................ 46

    4 MODELODEINTEGRAOPROPOSTO ............................... 59

    4.1 MODELO ............................................................................................. 59

    4.1.1

    FUNCIONAMENTO DO MODELO PROPOSTO............................. 70

    4.1.2 CONSIDERAES SOBRE O MODELO PROPOSTO .................. 72

    5 APLICAODOMODELOPROPOSTO ................................. 74

    5.1 ORGANIZAO NA QUAL O MODELO FOI IMPLEMENTADO......... 74

    5.2 FASE DA ESTRATGIA DE IMPLEMENTAO................................ 74

    5.3 FASE DO PLANEJAMENTO DO SIG ................................................. 76

    5.4 FASE DA ESTRUTURAO DO SIG ................................................. 80

    5.5

    FASE DA IMPLEMENTAO, AVALIAO E MELHORIA DO SIG .. 82

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    5.6 RESULTADO E DISCUSSO DA APLICAO DO MODELO ........... 87

    6 CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS

    FUTUROS ........................................................................................ 91

    6.1 CONCLUSES ................................................................................... 91

    6.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS................................... 92

    REFERNCIASBIBLIOGRFICAS ............................................... 94

    APNDICE A - Interpretao dos requisitos similares entre as normas .........103

    ANEXO A - Cronograma de implementao do SIG .......................................105

    ANEXO B - Tabela de requisitos especficos dos clientes ..............................106

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    LISTADEFIGURAS

    Figura 1Sistema Integrado de Gesto ........................................................... 4

    Figura 2Figura da Metodologia .................................................................... 12

    Figura 3 - Fases da evoluo da qualidade. .................................................... 18

    Figura 4 - Evoluo das normas de gesto ...................................................... 20

    Figura 5 - Evoluo das normas de Qualidade. ............................................... 26

    Figura 6 - Modelo Sistema de Gesto da Qualidade. ...................................... 29

    Figura 7 - Ilustrao da estrutura ISO TS 16949.............................................. 31

    Figura 8 - Elementos do SGA .......................................................................... 38

    Figura 9 - Elementos do SGSO........................................................................ 44

    Figura 10 - Modelo sistmico de integrao de sistemas de gesto ................ 53

    Figura 11 - Requisitos da PAS 99: 2006. ......................................................... 57

    Figura 12 - Integrao dos requisitos comuns. ................................................ 57

    Figura 13 - Modelo de integrao SIG. ............................................................ 59

    Figura 14 - Diagrama da tartaruga ................................................................... 66

    Figura 15Fluxo do modelo proposto ............................................................. 71

    http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458663http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458663http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458663http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458663http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458676http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458676http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458676http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458676http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458676http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458663
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    LISTADETABELAS

    Tabela 1 - Evoluo das certificaes no mundo e no Brasil. ............................ 3

    Tabela 2 - Principais atividades do projeto implementao do SIG ................. 77

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    LISTADEQUADROS

    Quadro 1 - Estudos sobre implementao do SIG ............................................. 6

    Quadro 2 - Processo de normalizao ............................................................. 23

    Quadro 3 - Manuais de requisitos especficos dos cliente ............................... 33

    Quadro 4 - Estrutura da norma OHSAS 18001:2007 ....................................... 43

    Quadro 5 - Metodologias para integrao do sistema de gesto ..................... 48

    Quadro 6 - Dificuldades no processo de integrao ........................................ 50

    Quadro 7 - Benefcios proporcionados pela integrao ................................... 52

    Quadro 8 - Requisitos comuns da qualidade, gesto ambiental e gesto da

    segurana e sade no trabalho com a PAS 99:2006 ....................................... 56

    Quadro 9 - Requisitos similares entre as normas ............................................ 65

    Quadro 10 - Procedimentos integrados ........................................................... 68

    Quadro 11- Correlao entre o planejado e modelo proposto para integrao 78

    Quadro 12 - Atividades do programa de formao de gestores ....................... 80

    Quadro 13 - Correlao entre planejado e realizado ....................................... 82

    Quadro 14 - Planejamento para levantamento de aspectos e impactos

    ambientais ........................................................................................................ 83

    Quadro 15 - Treinamentos do programa de formao do comit e gestores ... 84

    Quadro 16 - planejamento para levantamento de perigos e riscos .................. 86

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    LISTADEABREVIATURAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ANFAVEAAssociao Nacional de Veculos Automotores

    ANFIA - Associazione Nazionale Fra Industrie Automobilistiche, ou Associao

    Nacional da Indstria AutomobilsticaItlia

    AVSQ - Associazione nazionale dei Valutatori di Sistemi Qualit (Italy), quesignifica Avaliao de Sistema da Qualidade da ANFIA

    BSIBritish Standards Instituion

    CWQC - Company Wide Quality Control

    EAQF - Evaluation Aptitude Quality Supplier

    IATF - International Automotive Task Force

    ISO - International Organization for Standardization

    NEPA - National Environmental Policy Act

    NBR - Norma Brasileira

    PAS - Publicly Available Specification

    PIB - Produto Interno Bruto

    PDCA - Plan, Do, Check, Action

    OCCOrganismos de certificao credenciado

    ONGOrganizao no Governamental

    OSHAS - Occupational Health and Safety Assessment Services

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    QS - Quality System

    SGA - Sistema de Gesto Ambiental

    SGQ - Sistema de Gesto da Qualidade

    SG - Sistemas de gesto

    SGRS - Sistema de Gesto Responsabilidade Social

    SGSA - Sistema de Gesto de Segurana Alimentar

    SGSO - Sistema de Gesto de Sade e Segurana Ocupacional

    SIG - Sistema Integrado de Gesto

    TQC - Total Quality Control

    TQM - Total Quality Management

    VDA - Verband der Automobilindustrieque (German),que significa Associao

    de fabricantes para a Indstria Automobilstica da Alemanha.

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    1

    1 INTRODUO

    O processo evolutivo das organizaes, associado globalizao da

    economia tem levado as empresas a buscarem novos modelos de gesto para

    o gerenciamento de seus negcios. Estes novos modelos visam satisfazer as

    partes interessadas: clientes, governo, funcionrios, fornecedores, comunidade

    local e investidores, denominados stakeholders.

    Segundo Karapetrovic (2002a), a evoluo da gesto da qualidade

    passou por mudanas importantes na ltima dcada. Estas mudanas so

    refletidas principalmente na expanso do papel da qualidade. Esta expanso

    visa estabelecer um bom relacionamento no somente com o cliente, mas

    tambm com as outras partes interessadas.

    Esta crescente necessidade das organizaes em estabelecer um bom

    relacionamento com os diversos stakeholders leva adoo, cada vez mais

    frequente, de diferentes sistemas de gesto, cada um cobrindo requisitosmnimos para atender determinado objetivo (ZUTSHI; SOHAL, 2005).

    Dentre os diferentes sistemas de gesto pode-se destacar:

    O SGQ - Sistema de Gesto da Qualidade automotivo com base

    na especificao tcnica ISO TS 16949, cujo objetivo

    desenvolver o gerenciamento do SGQ, na busca pela melhoria

    contnua, enfatizando a preveno de defeitos, a reduo davariabilidade dos processos e do desperdcio na cadeia de

    suprimentos;

    O SGQ - Sistema de Gesto da Qualidade com base na norma

    ISO 9001, que objetiva um modelo para gesto da qualidade nas

    organizaes, promovendo a padronizao e melhoria dos

    processos gerenciais e produtivos;

    O SGA - Sistema de Gesto Ambiental com base na norma NBRISO 14001, que tem por objetivo implementar poltica e objetivos

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    2

    que visam atender aos requisitos legais e mitigar os impactos

    ambientais;

    O SGSO - Sistema de Gesto de Sade e SeguranaOcupacional com base na OHSAS 18001, que busca implementar

    poltica e objetivos para atender os requisitos legais e administrar

    os perigos e riscos que possam causar danos sade e

    segurana dos colaboradores;

    O SGRS - Sistema de Gesto de Responsabilidade Social com

    base na norma SA8000 ou NBR ISO 16000, que tem por objetivo

    implementar uma poltica de responsabilidade social e atender legislao referente s questes de responsabilidade social. Este

    sistema inclui prticas relacionadas sade e segurana,

    trabalho infantil, trabalho forado, liberdade de associaes,

    discriminao, prticas disciplinares, horas de trabalho e

    remunerao;

    O SGSA - Sistema de Gesto de Segurana alimentar com base

    na norma NBR ISO 22000, que tem por objetivo assegurar asegurana alimentar ao longo da cadeia de fornecimento de

    alimentos, incluindo organizaes inter-relacionadas, tais como:

    fabricantes de mquinas e equipamentos, materiais de

    embalagem, agentes de limpeza, fornecedores de aditivos e

    ingredientes.

    Os SG - Sistemas de Gesto normalizados se desenvolveram de uma

    maneira sem precedentes nos ltimos anos. O impacto gerado por qualidade,meio ambiente, sade e segurana ocupacional e outros SG observado pela

    importncia de cada norma que certifica estes sistemas em todo o mundo

    (SIMON et al., 2012).

    O crescimento na adoo dos sistemas de gesto normalizados pode

    ser comprovado pelo crescente nmero de certificaes no Brasil e no mundo,

    conforme se observa naTabela 1.

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    3

    Tabela 1 - Evoluo das certificaes no mundo e no Brasil.

    Dezembro de 2001 Dezembro de 2011

    ISO 9001 Brasil 9.489 28.325Classificao - 9lugar Mundial 561.766 1.111.698

    ISO 14001 Brasil 350 3.517

    Classificao - 14lugar Mundial 36.464 267.457

    Dezembro de 2004 Dezembro de 2011

    ISO TS 16949 Brasil 299 1.172

    Classificao - 7lugar Mundial 10.019 47.512

    Dezembro de 2004 Dezembro de 2012

    OHSAS 18001(*) Mundial 217 748

    Fonte: ISO Survey 2011 e (*) Anurio Brasileiro de proteo 2012

    A Tabela 1 mostra que no perodo analisado ocorreu um grande

    crescimento no nmero de certificaes com base nas normas referenciadas,

    chegando a mais de 1 milho de certificaes da ISO 9001 no mundo.Este fato

    demonstra a grande aceitao pelas organizaes em adotar esses sistemas

    de gesto normalizados, na conduo de seus negcios.

    Outro fator de grande relevncia a classificao do Brasil em relao

    ao mundo em termos de certificaes, principalmente a ISO TS16949, na qual

    ocupa o 7 lugar. Este crescente nmero de certificaes est relacionado ao

    crescimento e importncia do setor automobilstico no pas.

    No entanto, a importncia e a difuso destes sistemas de gesto tm

    sido amplamente estudadas por vrios autores (CASADESUS et al., 2008;

    KARAPETROVIC et al., 2010; MARIMON et al., 2011).

    Com o aumento na adoo de diferentes sistemas de gesto pelas

    organizaes surgem as dificuldades para gerenciar estes sistemas. O que

    pode impactar na eficincia da gesto da organizao. (JONKER;

    KARAPETROVIC, 2004; KARAPETROVIC, 2003; POJASEK, 2006; ZUTSHI;

    SOHAL, 2005).

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    4

    Neste contexto, as organizaes com mltiplos sistemas de gesto

    normalizados esto buscando integr-los, a fim de control-los melhor e ao

    mesmo tempo explorar as sinergias a eles relacionados (DOUGLAS; GLEN,2000; KARAPETROVIC; WILLBORN, 1998; KARAPETROVIC; JONKER, 2003;

    KARAPETROVIC; CASADESS, 2009; WILKINSON; DALE, 1999; ZUTSHI;

    SOHAL, 2005).

    Na ltima dcada, as normas de SGQ, SGA e SGSO passaram por

    processos de revises, que dentre os vrios benefcios, proporcionou

    mudanas em seus requisitos. Estas mudanas abriram novas possibilidades

    para integrao dos seus requisitos, permitindo que os SG possam ser

    implementados de forma integrada (ISO, 2008). AFigura 1 apresenta:

    Figura 1Sistema Integrado de Gesto

    Desta forma o SIGSistema Integrado de Gesto (Gesto da Qualidade

    com base na ISO TS 16949; Gesto Ambiental NBR ISO 14001; Gesto de

    sade e Segurana ocupacional OHSAS 18001) surge como um modelo de

    ferramenta para auxiliar na gesto dos negcios, a fim de satisfazer as partes

    interessadas (SOUZA, 2012a).

    No entanto, muitos problemas decorrem desta integrao e geram

    dificuldades na implementao e no gerenciamento dos SG, por consequncia

    prejudica os benefcios esperados pela integrao. Dentre os diversos

    problemas destacam-se:

    Falta de auditores qualificados pelos rgos certificadores nas

    trs normas referenciadas do SIG (SOUZA, 2012a);

    SIG

    Meio ambiente

    ISO 14001

    Responsabilidade

    Social SA 8000

    Qualidade

    ISO 9001 e ISO TS16949

    Sade e

    SeguranaOHSAS 18001

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    5

    A resistncia das partes envolvidas por acharem que a integrao

    do sistema resultar em demisso de pessoas (ZUTSHI e

    SOHAL, 2005); A falta de recursos humanos qualificados para coordenar o

    processo de implementao e manuteno do SIG

    (KARAPETROVIC et al., 2006);

    A dificuldade de adaptao devido cultura da empresa;

    A falta de orientao tcnica e apoio de organismos certificadores

    (ZENG et al., 2007);

    A dificuldade constante dos gestores em alinhar a estratgia daempresa com a gesto integrada dos sistemas (LPEZ-FRESNO,

    2010).

    Apesar destas dificuldades, a integrao proporciona uma srie de

    benefcios como:

    a reduo de custos no processo de implementao dos SG

    (PHENGE e PONG, 2003); a melhoria na gesto de documentos; alinhamento de

    estratgias, polticas, objetivos, processos e gesto de recursos

    (BERNARDO et al., 2009; JORGENSEN, et al., 2006;

    MARTINHO; SOUZA, 2006; SALOMONE, 2008);

    a melhor utilizao dos recursos, melhoria na comunicao e

    menores custos com auditorias e treinamentos (ZUTSHI; SOHAL,

    2005).

    Considerando a diversidade de benefcios proporcionados pela

    integrao, alguns estudos empricos sobre a integrao do SIG confirma a

    ideia de que as organizaes preferem a integrao desintegrao dos SG

    (BERNARDO et al, 2009; DOUGLAS; GLEN, 2000; KARAPETROVIC et al.,

    2006; KARAPETROVIC; CASADESUS, 2009; SALOMONE, 2008; ZENG et al.,

    2007). Alm destes autores, a literatura apresenta diversos estudos sobre a

    implementao do SIG, conforme apresenta aQuadro 1.

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    Autores Normas de gesto

    Medeiros, 2003 ISO 9001 + ISO 14001 + OHSAS 18001

    Pheng e Pong, 2003 ISO 9001 + OHSAS 18001

    Chaib, 2005 ISO 9001 + ISO 14001 + OHSAS 18001

    Bernardo et al., 2009 ISO 9001 + ISO 14001 + Outros

    Grael, 2010 ISO 9001 + ISO 14001

    Vitoreli, 2010 ISO 9001 + OHSAS 18001

    Bernardo et al., 2011 ISO 9001 + ISO 14001 + OHSAS 18001

    Oliveira, 2011 ISO 9001 + ISO 14001 + OHSAS 18001

    Quadro 1 - Estudos sobre implementao do SIG

    Porm, observa-se que nos estudos apresentados na Quadro 1 noaparece a norma ISO TS 16949 no processo de integrao dos sistemas de

    gesto. Percebe-se tambm que na maioria dos casos a integrao contempla

    as normas ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001, ou a integrao de duas

    delas.

    Esta condio de integrao pode ser observada na pesquisa emprica

    realizada na Espanha por Bernardo et al., (2009) que aponta o nvel de

    integrao do SGA - ISO 14001 com o SGQ - ISO 9001 e outros sistemas degesto normalizados.

    Salomone (2008) realizou uma pesquisa surveycom 103 empresas na

    Itlia; Neste estudo o autor identificou como um dos principais obstculos para

    implementao do SIG a dificuldade de integrao da OHSAS 18001 e ISO

    14001 com a ISO 9001. Souza (2012a) associa uma dificuldade maior de

    integrao com a ISO TS 16949 por ser mais complexa que a ISO 9001.

    A escolha pelos sistemas de gesto que se deseja integrar deve ser

    cuidadosamente avaliada pela alta direo das organizaes, visto que autores

    como Karapetrovic (2003) e Salomone (2008) alertam para o fato de existir

    sistemas de gesto, ou aspectos dele, que necessitam de uma ateno

    especial devido sua criticidade para os negcios da organizao.

    Apesar de serem desenvolvidos essencialmente com a mesma

    estrutura, os SG possuem diferenas conceituais (BERNARDO et al., 2009).

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    Um exemplo desta diferena que o SGQ com base na ISO TS 16949

    fundamentado em uma abordagem por processo e nos oito princpios de

    gesto da qualidade, enquanto os SGA e SGSO propem um sistema combase no padro PDCA - Plan, Do, Check, Action.

    Para as organizaes certificadas na ISO TS 16949 no BRASIL,

    observa-se um grande nmero de organizaes que no integram o seu SGQ

    com outros SG, levando ao questionamento: Por que as organizaes no

    conseguem integrar a ISO TS 16949 com as outras normas de gesto?

    Ainda segundo Karapetrovic e Jonker (2003) muitas questes sobrecomo integrar os sistemas de gesto ainda permanecem sem resposta, tais

    como:

    Saber se a integrao significa a total fuso dos sistemas de

    gesto;

    Qual o tempo necessrio para implementar a integrao?;

    Qual o modelo a ser adotado no processo de integrao

    (BERNARDO et al.,2009)?;

    Qual a melhor sequncia de implementao dos SG

    (SALOMONE, 2008)?

    Portanto muitas destas questes ainda encontram-se sem

    respostas, principalmente a integrao contemplando a norma

    ISO TS 16949.

    Outro aspecto bastante abordado na literatura a elaborao demodelos para auxiliar na integrao das normas e na sua implementao

    (JONKER; KARAPETROVIC, 2004; ZENG et al., 2007) e algumas aplicaes

    prticas como por exemplo: (MARTINHO; SOUZA, 2006; OLIVEIRA et. al,

    2006) na indstria automotiva; (CHAIB, 2005) na indstria metal mecnica e

    (LPEZ-FRESNO, 2010) no setor de aviao.

    Entretanto, no existe uma norma que formalize, estabelea ou certifique

    um SIG, este tipo de padronizao no se encontra na agenda da ISO

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    (JORGENSEN et al.,2006), porm a ISO publicou em 2008 um livro chamado

    O Uso integrado de Normas do Sistema de Gesto'', que fornece referncia

    metodologia para implementao de um SIG, alm da ISO (2008) existem naliteratura documentos de orientao, publicados por organismos de

    normalizao, como AENOR (2005); BSI (2006); Dansk Standard (2005); SAI

    Global (1999).

    A partir da anlise destas referncias, observa-se que nenhum destes

    estudos, modelos e documentos de orientao apresentam no processo de

    integrao a norma ISO TS 16949 do setor automobilstico, o que tambm

    justifica o desenvolvimento deste estudo, que por sua abrangncia, pode ser

    uma referncia para outros trabalhos relacionados ao tema e uma fonte de

    consulta para implementao do SIG, nas organizaes com a mesma

    configurao da empresa aqui considerada.

    1.1 OBJETIVO PRINCIPAL

    Dada a importncia da integrao dos SG nas organizaes, o objetivodeste trabalho propor um modelo para implementao de um sistema

    integrado de gesto no setor automobilstico, com base no Sistema de Gesto

    da QualidadeISO TS 16949:2009; Sistema de Gesto Ambiental - NBR ISO

    14001:2004; Sistema de Gesto de Sade e Segurana ocupacional - OHSAS

    18001:2007.

    1.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Realizar estudo de caso e apresentar os resultados da implementao

    do modelo proposto para implementao do SIG no setor

    automobilstico;

    Identificar vantagens na integrao do SGs com base nas normas ISO

    TS 16949; NBR ISO 14001; OHSAS 18001;

    Identificar dificuldades na implementao do SIG;

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    Apresentar aspectos importantes que devem ser levados em

    considerao pelos gestores na integrao dos SG.

    1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAO

    Para atender o objetivo proposto, esta dissertao est dividida em 06

    captulos. O captulo 1 apresenta a introduo com a contextualizao,

    justificativa, problema de pesquisa, estrutura da dissertao, delimitaes e

    objetivos propostos para o trabalho. No captulo 2 encontram-se os materiais e

    mtodo detalhado para desenvolvimento deste trabalho, apresentando a

    sequncia de passos utilizados para realizar a pesquisa, a base de dados onde

    ela foi planejada e executada e os instrumentos metodolgicos.

    Na sequncia o captulo 3 apresenta a reviso bibliogrfica, com a base

    conceitual para o desenvolvimento da pesquisa. Nesta reviso so abordados

    os temas sobre sistemas de gesto normalizados e sistemas integrados de

    gesto. Este capitulo tambm aborda as caractersticas do SIG, suas

    dificuldades na implementao e vantagens e benefcios advindos daintegrao.

    O desenvolvimento do trabalho com apresentao do modelo proposto e

    as discusses sobre este modelo apresentado no captulo 4. A seguir, o

    captulo 5 apresenta o estudo de caso onde o modelo proposto foi aplicado,

    com detalhamento das fases de implementao e os resultados obtidos desta

    aplicao.

    Por fim, no captulo 6 so apresentadas as concluses da pesquisa onde

    se evidencia o alcance do seu objetivo, suas limitaes, suas contribuies

    prticas e cientficas e sugestes para realizao de trabalhos futuros.

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    2 MATERIAISEMTODO

    Este captulo apresenta os materiais e o mtodo utilizado para

    realizao da pesquisa, descrevendo as etapas necessrias para sua

    execuo. Estas etapas compreendem desde a escolha do mtodo de

    pesquisa at a avaliao do modelo proposto.

    Diante da grande diversidade de abordagens metodolgicas advindas

    das cincias exatas ou humanas, a metodologia escolhida para elaborao

    deste trabalho foi a pesquisa bibliogrfica com aplicao de um estudo de

    caso. Este estudo considera as contingncias tpicas de conduo da pesquisa,

    associadas ao objeto de estudo, ao tempo disponvel para a finalizao da

    pesquisa, bem como aos recursos financeiros e de prazos estabelecidos pelas

    agncias de fomento.

    Em relao natureza das variveis pesquisadas este trabalho

    classifica-se com uma pesquisa qualitativa, com base na anlise do fenmenoem relao ao referencial terico.

    A pesquisa qualitativa aqui proposta pode ser desenvolvida por meio de

    um estudo minucioso de um fenmeno ou um nmero reduzido deles, em que

    se devem utilizar mais de uma fonte de evidncia para coleta de informaes,

    sendo indicado para responder questes do tipo comoe porque(MIGUEL,

    2007; YIN, 2010).

    As variveis desta pesquisa foram definidas com base na integrao dos

    SG, considerando a ISO TS 16949 como referncia para o SGQ que no

    tratada de maneira detalhada na bibliografia da rea. Isto caracterstico de

    pesquisa exploratria que utilizada quando no se conhece muito sobre o

    assunto.

    Por outro lado, esta pesquisa tambm pode ser caracterizada como

    pesquisa descritiva tendo em vista um grande nmero de informaes

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    encontrado na literatura sobre integrao de SG, contemplando as normas

    (ISO 9001 ISO 14001 OHSAS 18001), o que permite a formulao de

    hipteses com base em conhecimentos prvios.

    Pelo fato de utilizar uma abordagem de estudo de caso, com base nos

    dados e/ou mtodos de natureza qualitativa tambm pode se caracterizar como

    uma pesquisa descritiva (MIGUEL, 2007). Assim justifica a classificao desta

    pesquisa como sendo descritiva e exploratria uma vez que seu objetivo

    apresentar um modelo para implementao do SIG, a partir da anlise da

    bibliografia e experincia profissional do autor.

    O estudo de caso aqui desenvolvido visa implementar e avaliar o modelo

    aqui proposto. Segundo Miguel (2007) o estudo de caso uma das mais

    frequentes abordagens metodolgicas utilizadas no desenvolvimento dos

    trabalhos de pesquisa no Brasil na rea de engenharia de produo.

    Ainda segundo (MIGUEL, 2007) o estudo de caso uma pesquisa de

    natureza emprica que investiga um determinado fenmeno, dentro de um

    contexto real de vida.

    A principal tendncia em todos os tipos de estudo de caso, que estes

    tentam esclarecer o motivo pelo qual uma deciso ou um conjunto de decises

    foram tomada, como foram implementadas e quais os resultados alcanados

    (YIN, 2001).

    Para Severino, (2002, p.73)

    A preparao metdica e planejada de um trabalho cientficosupe uma sequncia de momentos, compreendendo asseguintes etapas: determinao do tema-problema do trabalho,levantamento da bibliografia referente a esse tema, leitura edocumentao dessa bibliografia aps seleo, construolgica do trabalho e redao do texto.

    Nesta linha de pensamento, o desenvolvimento deste estudo ser

    realizado em quatro etapas principais: a) definio do escopo da pesquisa; b)

    desenvolvimento do referencial terico; c) desenvolvimento do modelo; d)aplicao do modelo; e) avaliao do modelo, como apresenta aFigura 2.

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    a) Definio do escopo da pesquisa

    Em um processo de implementao do SIG a alta direo deve estar

    totalmente comprometida, uma alternativa para esta falta de comprometimento

    a avaliao hierrquica do escopo da integrao. Karapetrovic (2003) sugere

    que a companhia decida este escopo considerando em primeiro lugar o

    tamanho da organizao.

    Algumas companhias necessitam de uma integrao completa,

    passando por todos os nveis hierrquicos, enquanto que outras podero focar

    a integrao no topo e nos nveis mais baixos somente.

    Na definio do escopo desta pesquisa ser incluindo a norma ISO TS

    16949, devido a sua complexidade e a quantidade de requisitos especficos

    dos clientes que devem ser atendidos.

    Para o desenvolvimento deste trabalho foram escolhidos os sistemas de

    gesto da qualidade com base na ISO TS 16949; gesto ambiental NBR ISO

    14001 e gesto de sade e segurana ocupacional OHSAS 18001 e a sua

    integrao, no entanto outros sistemas de gesto tambm podem ser

    integrados ao modelo apresentado, como o sistema de gesto de

    responsabilidade social com base na norma SA8000 ou NBR ISO 16000.

    a) Definir o escopo da pesquisa

    b) Desenvolver referencial terico

    e) Avaliar o modelo

    d) Aplicao do modelo

    Estudo de caso

    c) Desenvolver o modelo

    TS 1800114001peridicos, Congressos,livros,revistas, teses e dissertaes

    SIG

    Figura 2Figura da Metodologia

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    Portanto, esta pesquisa delimita-se em relao ao SG referenciados e

    sua integrao, ao segmento de atuao da organizao a ser estudada -

    neste caso o setor automobilstico - e ao nvel de exigncias dos requisitosespecficos dos clientes.

    b) Desenvolver o referencial terico

    O referencial terico importante para delimitar as fronteiras do

    problema investigado neste estudo, proporcionar os fundamentos para a

    pesquisa e tambm apresentar o estado da arte sobre o tema estudado, alm

    de ser um indicativo da familiaridade e conhecimento do pesquisador sobre oassunto (MIGUEL, 2007).

    Desta forma, a reviso bibliogrfica consiste da consulta de peridicos

    nacionais e internacionais, revistas especializadas, livros, teses e dissertaes.

    Em relao aos peridicos internacionais destaca-se o Journal of cleaner

    Productioncom uma diversidade de artigos referente ao tema estudado.

    Os peridicos nacionais e anais dos principais congressos na rea deengenharia de produo devem ser considerados para consultas de artigos e

    resumos expandidos.

    No processo de levantamento bibliogrfico verifica-se grande

    contribuio do pesquisador Stanislav Karapetrovic professor do departamento

    de engenharia mecnica da Universidade de Alberta no Canad com a

    publicao de diversos artigos sobre a integrao de SG na ltima dcada.

    c) Desenvolvimento do modelo

    A proposta do modelo baseia-se nas pesquisas bibliogrficas e

    experincia prtica do autor. A literatura apresenta uma diversidade de

    modelos, artigos e casos prticos sobre integrao de SG, dos quais foram

    selecionadas algumas referncias como base para estruturao do modelo

    proposto, como:

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    O trabalho de Grael (2010) que apresenta um modelo de SIG com base

    nas normas ISO 9001 e ISO 14001, este modelo est fundamentado na

    pesquisa bibliogrfica e em estudos de casos em empresas do setormoveleiro;

    O trabalho de Bernardo et al.(2012) que aborda como as dificuldades no

    processo de implementao influenciam os nveis de integrao do SIG;

    A PAS 99:2006 que um modelo integrado de gesto elaborado com o

    propsito de auxiliar as organizaes a se beneficiar com a consolidao

    e gesto eficaz dos requisitos comuns das normas/especificaes de SG

    (VASCONCELOS, 2010); A pesquisa de Bernardo et al.(2009) que avaliou o nvel de integrao

    do SGA com o SGQ e outros SG normalizados em 362 empresas na

    Espanha, apresentando quatro fatores importantes que devem ser

    identificados no processo de integrao dos SG: estratgia de

    implementao a ser adotado, escolha da metodologia de integrao,

    nvel de integrao entre os SG e integrao da auditoria interna e

    externa; Na pesquisa survey com 103 empresas na Itlia executada por

    Salomone (2008), para investigar o potencial para integrao dos SG,

    tendo como um dos temas abordados a questo da sequncia de

    implementao dos SG e apontando os elementos do SG mais

    integrados nas organizaes, como sendo: processo de comunicao,

    processo de auditoria, tratamento de no conformidade, manual,

    controle de documentos, controle de registros, poltica, objetivos e

    metas, anlise crtica da direo e melhoria contnua;

    O modelo de integrao desenvolvido por Karapetrovic (2003) que

    oferece a base para o agrupamento de diferentes SG em um nico

    modelo.

    d) Aplicao do modelo

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    O modelo proposto ser aplicado em uma empresa do setor automotivo

    que permite integrar os SG referenciados, est organizao localiza-se no

    interior do estado de So Paulo, na regio de Sorocaba, e fornecedora diretapara uma montadora de veculos automotores e diversos sistemistas1.

    Para aplicar o modelo proposto necessrio avaliar a quantidade de

    requisitos especficos dos clientes a serem atendidos. Esta uma

    particularidade do setor automobilstico na qual as organizaes (montadoras e

    sistemistas) exigem que, alm das normas certificveis, sejam atendidos os

    requisitos expressos em seus manuais de requisitos especficos para a cadeia

    de fornecimento.

    O no atendimento destes requisitos pode inviabilizar a integrao da

    norma ISO TS 16949 com outras normas de gesto, devido dificuldade em

    atender os requisitos especficos dos clientes e integr-los com as normas ISO

    14001 e OHSAS 18001 (SOUZA, 2012a).

    No caso especfico da empresa considerada neste estudo, ela possui

    poucos requisitos especficos dos clientes por fornecer diretamente para

    apenas uma montadora e outros sistemistas.

    A escolha da empresa seguiu o princpio da intencionalidade (no

    aleatria) o que classifica esta amostra como no probabilstica, devido s

    particularidades apontadas anteriormente e que limitaram a escolha da

    organizao para aplicao do modelo. Segundo Yin (2005), o princpio da

    intencionalidade adequado no contexto da pesquisa social com nfase nosaspectos qualitativos.

    O modelo proposto ser aplicado em apenas uma organizao,

    impossibilitando a aplicao de estudo de casos mltiplos, que se justifica em

    funo do tempo necessrio para implementar o SIG em uma organizao,

    podendo levar de 02 at 04 anos para implementar um SIG com base nas

    normas referenciadas.

    1Sistemistas so empresas que fornecem peas, conjuntos e sub conjuntos de peasdiretamente para as montadoras de veculos automotivos.

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    Na adoo de estudo de casos mltiplos, pode-se ter um maior grau de

    generalizao dos resultados, porm espera-se uma profundidade menor na

    avaliao de cada um dos casos, alm de consumir muito mais recursos (YIN,2001).

    e) Avaliao do modelo

    A avaliao de qualquer SG se d por meio de um processo de auditoria

    realizada por um organismo certificador2cadastrado no INMETRO (VITORELI,

    2011). Segundo Grael (2009, p.35) auditorias so exames sistemticos e

    independentes para avaliar o funcionamento e a eficcia de um sistema degesto.

    Barbeiro (2005) afirma que as auditorias constituem a base para a

    autoavaliao da capacidade da organizao em atender os requisitos exigidos

    pelas partes interessadas, relacionados, por exemplo, com a qualidade e o

    meio ambiente.

    Ainda segundo Barbeiro (2005), a finalidade especfica da realizao deauditorias geralmente baseia-se em prioridades administrativas, intenes

    comerciais, avaliaes de risco e requisitos obrigatrios, como exemplo:

    determinar se o SG est em conformidade com os requisitos de uma norma,

    regulamentao, lei ou contrato, e determinar se o SG atende aos objetivos da

    organizao e se est sendo implementado de forma eficaz.

    Para complementar, Oliveira (2011) afirma que a auditoria o

    procedimento que permite verificar o cumprimento dos requisitos de uma ou

    mais normas de gesto de forma integrada ou individual.

    2E um rgo credenciado para certificar sistemas de gesto por meio de auditorias.

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    3 SISTEMASDEGESTONORMALIZADO

    Este captulo apresenta a evoluo histrica da qualidade e os conceitos

    dos SGQ, SGA e SGSO, alm das normas relacionadas a estes sistemas, que

    so fundamentais para desenvolvimento da integrao dos SG nas

    organizaes.

    3.1 CONTEXTO HISTRICO

    Como requisito do produto a qualidade conhecida h milnios, mas s

    recentemente ela surgiu como uma funo gerencial.

    Ao longo do tempo, ocorreram transformaes na funo qualidade que,

    segundo Garvin (1992) pode ser organizadas em quatro eras distintas:

    inspeo, controle estatstico da qualidade, garantia da qualidade e gesto

    estratgica da qualidade.

    Na era da inspeo (Sec. XVIII e XIX) os produtos eram fabricados porartesos, que era um especialista que tinha domnio completo de todo o ciclo

    de produo, tendo como foco o controle da qualidade do produto a fim de

    atender s necessidades dos clientes (CARVALHO et al.,2005).

    A revoluo industrial trouxe uma nova ordem produtiva, na qual a

    customizao foi substituda pela padronizao e a produo em larga escala,

    esta nova ordem s foi possvel graas inveno de mquinas para produo

    de grandes volumesvalidada na linha de montagem da Ford - e a nova forma

    de organizao de trabalho, baseada na teoria da administrao cientfica ou

    modelo Taylorista (CARVALHO et al.,2005). Nessa poca surgiu a funo do

    inspetor, responsvel pela qualidade do produto.

    A era do controle estatstico da qualidade surgiu com o desenvolvimento

    das tcnicas de amostragem o que reduziu as inspees a 100% do produto, a

    criao dos grficos de controle estatstico do processo e o desenvolvimento

    do ciclo do PDCA por Shewhart (GARVIN, 1992).

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    Na era da garantia a qualidade passou a ter uma dimenso mais ampla

    e, tendo como objetivo a preveno de problemas, esta dimenso foi baseada

    em quatro elementos distintos: quantificao dos custos da qualidadeapresentado por J. Juran, o controle total da qualidade difundidopor Armand

    Feigenbaun - que foi o primeiro a tratar a qualidade de forma sistmica nas

    organizaes, o programa zero defeito lanado por Philip Crosby e as

    ferramentas da qualidade criada por Kaoru Ishikawa (GARVIN, 1992).

    Na era da gesto estratgica da qualidade (dcadas 70, 80 e 90) os

    aspectos estratgicos da qualidade foram reconhecidos e incorporados no

    processo de planejamento estratgico das organizaes pelos diretores epresidentes de empresas, tornando a qualidade uma responsabilidade de todos

    os membros de uma organizao.

    No final da dcada de 1980 surgiu prmio Malcom Baldrige no Estados

    Unidos similar ao prmio Deming de qualidadeiniciado no ano de 1951- e na

    Europa o prmio europeu da Qualidade iniciado no ano de 1991, e com

    grande destaque o surgimento das normas de gesto: a srie ISO 9000

    (Gesto da Qualidade), a srie ISO 14000 (Gesto Ambiental); a OHSAS

    18000 (Gesto de sade e segurana) e a QS 9000 (Gesto da Qualidade

    automotiva).

    O processo evolutivo da qualidade pode ser visto naFigura 3.

    Figura 3 - Fases da evoluo da qualidade.

    Fonte: Miguel (2001)

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    A Figura 3 apresenta as fases desta evoluo com as suas principais

    contribuies, predominando na primeira metade do sculo uma abordagem

    corretiva e posteriormente uma abordagem preventiva e sistmica. importante notar que essas fases no so excludentes, e sua delimitao

    temporal aproximada (CARVALHO et al.,2005).

    Em 1987, em meio a expanso da globalizao, surgiu o modelo

    normativo da ISO para Sistemas de Garantia da Qualidade, a srie 9000.

    Segundo Carvalho et al. (2005) a ISO 9000 difundiu-se rapidamente,

    tornando-se um requisito de ingresso em muitas cadeias produtivas, emespecial a automobilstica, que no tardou a criar diretrizes adicionais, como a

    QS 9000, que convergiu para a especificao tcnica ISO TS16949.

    Em 2000, ocorreu a terceira reviso da srie ISO 9000, apresentando

    novos conceitos e fundamentos da gesto da qualidade para as organizaes,

    com uma viso mais sistmica de gesto da qualidade - no mais de garantia

    como na verso anterior, introduzindo a gesto por processo, a melhoria

    continua e a busca da satisfao do cliente.

    Esta reviso tambm facilitou a integrao com as verses da ISO

    14001:1996 e OHSAS:1999, devido o alinhamento de requisitos e estruturao

    da norma com base no ciclo do PDCA. Paralelamente viu-se a criao, em

    1996 da ISO 14001, norma de sistema de gesto ambiental com forte

    relacionamento com a norma OHSAS 18001 por estarem estruturadas no

    padro do ciclo PDCA,e

    principalmente com o alinhamento de requisitos daISO 9001 em sua reviso no ano de 2004.

    Posteriormente a OHSAS editou o manual OHSAS 18002:2008 com o

    objetivo de auxiliar na implantao da OHSAS 18001:2007, a qual substituiu a

    OHSAS 18001:1999. Uma das principais alteraes na norma OHSAS 18001

    foi a maior nfase dada sade, e no tanto segurana, alm da expressiva

    melhoria no alinhamento com a norma ISO 14001:2004, facilitando a

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    integrao destes SG. Na Figura 4 observa-se com detalhes a evoluo das

    normas de gesto.

    Figura 4 - Evoluo das normas de gesto

    Este processo evolutivo levou as organizaes a buscarem nestas

    normas de gesto uma forma para melhoria do gerenciamento dos negcios, a

    fim de melhorar a qualidade de seus produtos e servios visando a satisfao

    de seus clientes, funcionrios, fornecedores, comunidade local e,

    principalmente, sistemas de gesto que proporcionem retorno financeiro aos

    investidores, incluindo neste grupo o governo.

    Para isso muitas organizaes vm adotando o SIG como modelo para

    auxiliar na gesto dos negcios, a fim de atender as necessidades das partesinteressadas (SOUZA, 2012a).

    Portanto, para entender sobre qualquer tipo de sistema de gesto, seja

    de qualidade, meio ambiente ou de sade e segurana ocupacional

    importante que a integrao destes sistemas comece pela construo do

    conceito de sistema de gesto.

    3.2 SISTEMAS DE GESTO

    Senge (1999, p. 169) descreve que um sistema qualquer coisa cuja

    integridade e forma depende da interao contnua entre suas partes .

    Complementa dizendo que os sistemas so definidos pelo fato de que seus

    elementos tm um objetivo comum e se comportam de formas comuns, porque

    esto inter-relacionados na direo deste objetivo.

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    Chiavenato (2000) conceitua sistema como sendo um conjunto de

    elementos interdependentes, cujo resultado final maior do que a soma dos

    resultados que esses elementos teriam caso operassem de maneira isolada.

    Para Karapetrovic (2002), um sistema uma composio de processos

    interligados que funcionam harmonicamente, compartilham os mesmos

    recursos, e esto direcionados para alcanar um conjunto de objetivos e metas.

    Convergindo os diferentes conceitos sobre sistema define-se um sistema

    como um conjunto de elementos/componentes que interagem entre si, visando

    atingir um resultado, uma meta ou um objetivo pr-determinado. Ter um

    enfoque sistmico significa abordar um assunto ou um problema de modo

    global, no por meio de detalhes especficos.

    Aps ter uma definio sobre o conceito de sistema, o termo gesto

    deve ser conhecido e pode ser definido como: Atividades coordenadas para

    atingir e controlar uma organizaoNBR ISO 9000 (2005).

    Ampliando mais est terminologia, possvel tratar este termo como o

    planejamento, organizao, liderana e controle das pessoas que constituemuma organizao e das tarefas e atividades por elas realizadas (CHIAVENATO,

    2000).

    importante destacar que o termo gesto abrange no s atuao

    sobre as pessoas, mas tambm a atuao sobre mquinas, recursos,

    instalaes e o ambiente de trabalho.

    Desta forma, os sistemas de gesto podem ser entendidos como umconjunto de elementos dinamicamente relacionados (pessoas, recursos,

    mquinas, procedimentos etc.) que interagem entre si para funcionar como um

    todo, tendo como funo dirigir e controlar um propsito determinado numa

    organizao, seja especfico ou global (SOUZA, 2012b).

    No caso dos sistemas de gesto normalizados estes elementos se

    referem aos requisitos e o objetivo macro funo a qual o sistema de gesto

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    est relacionado (qualidade, meio ambiente, sade e segurana etc.)

    (VITORELLI et al., 2010).

    Assim adota-se a definio de sistema de gesto dada por Hoyle (2009)

    um conjunto de processos que interagem entre si e que so projetados para

    funcionar juntos de maneira a atender um objetivo especfico.

    O crescente nmero de normas nacionais e internacionais de

    certificao disponveis possibilitam s organizaes atuais um nvel de

    excelncia sem precedentes para aquelas que buscam implementar um SG

    para gerir o seu negcio.

    Todavia, esta proliferao de novas ferramentas cria tambm um

    ambiente que dificulta a escolha do tipo, ou dos tipos de SG mais adequados;

    qual a ordem de implementao a seguir e ainda, qual o nvel de integrao

    entre os SG escolhidos e quando a organizao deve optar em buscar mais de

    um SG.

    Possuir um SG certificvel, quase um pr-requisito para asorganizaes que buscam expandir operaes no s no seu prprio pas, mas

    principalmente em mercados externos. No possuir uma certificao pode ser

    uma barreira para a expanso das atividades de uma empresa.

    Analisando-se sob o aspecto empresarial, os objetivos de um sistema de

    gesto so o de aumentar constantemente o valor percebido pelo cliente nos

    produtos ou servios oferecidos. O sucesso no segmento de mercado ocupado

    pode se dar por meio da melhoria contnua dos resultados operacionais e pela

    satisfao dos funcionrios e sociedade em relao organizao pela

    contribuio social e o respeito ao meio ambiente (VITERBO JNIOR, 1998).

    Para Machado et al. (2010), aspectos relacionadas a qualidade, meio

    ambiente, segurana e sade ocupacional e responsabilidade social so hoje

    as principais metas para a implantao de um SG, cada uma delas possui

    normas, ou padres nacionais e internacionais especficos, os quais nemsempre so comuns ou interagem de forma harmnica.

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    Tendo em vista a importncia dos SG para melhoria do negcio nas

    organizaes, o foco do presente trabalho, so os Sistemas de Gesto da

    Qualidade (SGQ), Sistema de Gesto Ambiental (SGA) e Sistema de Gestode Sade e Segurana Ocupacional (SGSO) de forma integrada.

    3.2.1 GESTO DA QUALIDADE NBR ISO 9001

    Quando se compra um equipamento ou uma pea de vesturio, deve-se

    ficar atento as variaes que podem ocorrer de um produto para o outro do

    mesmo fabricante, problemas estes relacionados falta padronizao de um

    produto ou servio.

    Para minimizar essas incompatibilidades e possibilitar a produo e uso

    adequado de suprimentos, equipamentos e munies, surgiram as primeiras

    normas militares aps a 2 guerra mundial.

    A indstria atenta a esses problemas, logo seguiu o exemplo militar, e

    desenvolveu suas normas por meios de organismos nacionais (ARNOLD,

    1994). OQuadro 2 descreve algumas normas que surgiram ao longo do tempo.

    ANO NORMA FONTE

    1963 MIL-Q-9858 Exrcito dos EUA

    1969 AQAP OTAN

    1971 ASME BOILER CODE Sociedade Americana de Engenharia Mecnica

    1973 DEFSTAN 05 Reino Unido

    1973 API14 Instituto Americano de Petrleo

    1975 CSA Z299 Norma Canadense1975 AS 1821/22/23 Norma Australiana

    1979 BS 5750 Norma Britnica

    1985 API QI Instituto Americano de Petrleo

    Quadro 2 - Processo de normalizao

    Fonte: Arnold, 1994

    Em 1947 foi fundada A ISO (Internacional Standards Organization) uma

    instituio internacional, sem fins lucrativos por se tratar de uma organizaono governamental (ONG) com sede em Genebra, na Sua. Esta organizao

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    responsvel pela elaborao de padres internacionais para normalizao.

    No Brasil as contribuies dessa ONG tm sido adotadas e publicadas pela

    Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT).

    A sigla ISO, derivada da palavra grega ISOS que significa igual,

    tambm a forma abreviada que foi adotada como recurso para uniformizar a

    sua citao nos mais diversos pases.

    Atualmente pode ser constatado que a instituio ISO tem sido a maior

    fomentadora de padres do mundo, implicando em fortes repercusses

    econmicas e sociais importantes nas situaes em que foram adotados,dentre os padres, destaca-se o padro da qualidade (SANTANA, 2006).

    De acordo com Paula (2004), o grupo ISO TC 176 (comit tcnico da

    ISO para a qualidade) foi criado em 1979 com o objetivo de elaborar normas

    sobre a qualidade, uniformizando conceitos, padronizando modelos para

    garantia da qualidade e fornecendo diretrizes para implementao da gesto

    da qualidade nas organizaes.

    Apenas em 1987 as normas foram aprovadas, passando a se constituir

    na srie ISO 9000, baseada na ltima verso da norma BS 5750: 1987, mas

    tambm foi influenciada por outras normas existentes nos Estados Unidos e

    por normas de defesa militar (Military Standards).

    A srie ISO 9000 subdividia-se em trs modelos de gerenciamento da

    qualidade, conforme a natureza das atividades da organizao:

    ISO 9001:1987 Modelo de garantia da qualidade para design,

    desenvolvimento, produo, montagem e prestadores de servio -

    aplicava-se a organizaes cujas atividades eram voltadas

    criao de novos produtos;

    ISO 9002:1987 Modelo de garantia da qualidade para produo,

    montagem e prestao de servio - compreendia essencialmente

    o mesmo material da anterior, mas sem abranger a criao denovos produtos;

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    ISO 9003:1987 Modelo de garantia da qualidade para inspeo

    final e teste - abrangia apenas a inspeo final do produto e no

    se preocupava como o produto era feito.

    Seguindo o processo de revises da ISO 9000, a reviso da norma em

    1994 contemplava sua estrutura, por requisitos, tendo como base para

    certificao, a garantia da qualidade.

    No ano 2000 a srie ISO 9000 passou por um processo de grande

    reviso, e passou a ser composta por quatro normas primrias apoiadas por

    um nmero de documentos de suporte (constitudos por normas, diretrizes,cadernos tcnicos e especificaes tcnicas) (MELLO et al., 2007). Dessa

    forma, segundo a ISO (2008) as quatro normas primrias que passaram a

    compor a famlia de normas ISO 9000 foram:

    ISO 9000 Fundamentos e Vocabulrio: essa norma apresenta os

    fundamentos e vocabulrio, utilizados em toda a famlia de

    normas ISO, para compreenso dos elementos bsicos do

    sistema de gesto da qualidade, alm de introduzir os oito

    princpios de gesto da qualidade total e a abordagem por

    processos;

    ISO 9001 Requisitos: norma genrica que pode ser utilizada por

    qualquer organizao para estabelecimento de um sistema de

    gesto da qualidade, podendo ser certificado por um organismo

    externo;

    ISO 9004 Diretrizes para melhoria de desempenho: essa norma

    um guia complementar para a melhoria contnua do sistema de

    gesto da qualidade da organizao, entretanto, no se destina

    para fins contratuais ou certificao;

    ISO 19011 Diretrizes para auditorias do sistema de gesto da

    qualidade e/ou ambiental: abrange a rea de auditoria dos

    sistemas de gesto da qualidade e ambiental e fornece um guia

    para programas de auditoria, conduo de auditorias internas e

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    externas e informaes sobre as competncias necessrias de

    um auditor.

    Como resultado da reviso no ano 2000, destacam-se os requisitos

    voltados para gesto por processos, melhoria continua e a satisfao do

    cliente. Com a reviso, a norma passou a adotar uma viso mais sistmica de

    gesto da qualidade e no mais de garantia como a verso anterior, como se

    observa naFigura 5.

    Figura 5 - Evoluo das normas de Qualidade.

    Posteriormente, em 2008 a norma sofreu uma nova reviso com poucas

    alteraes em relao verso 2000, destacando apenas alteraes na

    redao e detalhamento de alguns requisitos ainda um tanto confusos, dando

    maior preciso ao texto e melhorando a sua interpretao, alm disto, procurou

    reforar a consistncia com as demais normas da famlia 9000 (em especial a

    ISO 9004) e compatibilizar com a atual verso da ISO 14001, favorecendo a

    integrao dos sistemas gesto da qualidade e ambiental (GRAEL, 2009).

    O principal objetivo da ISO 9001:2008 auxiliar organizaes que

    queiram desenvolver, implementar e manter SGQ que possibilitem atender s

    necessidades dos clientes de maneira consistente e sem custos excessivos. As

    orientaes para gesto oferecidas nesta norma so fundamentadas em oito

    princpios de gesto (ISO 9000, 2005).

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    conveniente ressaltar que, de acordo com a ABNT/CB-25

    Associao Brasileira de Normas Tcnicas, um princpio de gesto da

    qualidade uma crena ou regra fundamental e abrangente para conduzir eoperar uma organizao, visando melhorar continuamente seu desempenho

    em longo prazo, pela focalizao nos clientes e, ao mesmo tempo,

    encaminhando as necessidades de todas as partes interessadas.

    Segundo Mello et al. (2007), os oito princpios da qualidade so:

    Foco no cliente: as organizaes dependem de seus clientes e,

    portanto, recomendvel que atendam suas necessidades atuaise futuras, bem como seus requisitos e procurem exceder suas

    expectativas;

    Liderana: lderes estabelecem a unidade de propsitos e o rumo

    da organizao. Convm que eles criem e mantenham um

    ambiente interno no qual as pessoas possam estar envolvidas no

    atendimento dos objetivos da organizao;

    Envolvimento das pessoas: as pessoas de todos os nveis, so aessncia de uma organizao e seu real envolvimento com o

    SGQ possibilita que suas habilidades sejam usadas para o

    benefcio do sistema do gesto e, consequentemente, da

    organizao;

    Abordagem de processos: um resultado desejado alcanado

    mais eficientemente quando as atividades e os recursos

    relacionados so gerenciados como um processo, onde osrecursos e materiais so previstos antecipadamente, processados

    e seu resultado verificado ao final;

    Abordagem sistmica para a gesto: identificar, compreender e

    gerenciar os processos inter-relacionados como um sistema

    contribui para a eficcia e a eficincia da organizao atingir seus

    objetivos;

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    Melhoria contnua: a melhoria contnua de desempenho global da

    organizao deve ser um objetivo permanente e de

    monitoramento intenso e constante; Abordagem factual para a tomada de deciso: decises eficazes

    so baseadas em anlise estatstica de dados e em informaes

    confiveis;

    Benefcios mtuos nas relaes com os fornecedores: uma

    organizao e seus fornecedores so interdependentes e uma

    relao de benefcios mtuos aumenta a capacidade de ambos

    em agregar valor aos clientes.

    Os requisitos da norma ISO 9001 esto divididos em cinco sees (ISO

    9001, 2008):

    Seo 4 - Sistema de Gesto da Qualidade: requisitos gerais para

    o desenvolvimento e documentao do sistema de gesto da

    qualidade;

    Seo 5 - Responsabilidade da Direo: contm a poltica daqualidade, objetivos da qualidade, responsabilidade e autoridade,

    planejamento e administrao do sistema da qualidade e anlise

    crtica do sistema;

    Seo 6 - Gesto de Recursos: sobre recursos humanos,

    treinamento, instalaes e ambiente de trabalho;

    Seo 7 - Realizao do Produto: abrange todos os requisitos

    referentes ao controle do: desenvolvimento do produto eprocesso, compras, produo, verificao e controle, entrega e

    processos relacionados com o cliente;

    Seo 8 - Medio, Anlise e Melhoria: dedicada medio das

    caractersticas do produto e do processo, ao monitoramento do

    desempenho do sistema de gesto da qualidade e busca

    constante da melhoria contnua.

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    A Figura 6 ilustra as relaes existentes entre as sees acima

    apresentadas.

    Figura 6 - Modelo Sistema de Gesto da Qualidade.

    Fonte: ABNT, 2008

    O modelo de um sistema de gesto da qualidade, baseado em processomostrado na Figura 6, ilustra as ligaes dos processos apresentados nas

    sees 4 a 8 da norma, tendo como entrada destes processos a necessidade

    dos requisitos dos clientes e como sada a satisfao do mesmo.

    Santos e Silva (2008) apresentam em seu trabalho as vantagens da

    certificao na norma ISO 9001. Neste trabalho, os autores desenvolveram um

    estudo de caso em uma empresa do setor metal mecnica localizada no Rio

    Grande do Sul.

    Dentre os principais resultados obtidos, os autores destacam: maior

    visibilidade junto a clientes e consumidores; o aumento de clientes; o aumento

    de fidelizao de clientes; a padronizao de processos; a confiabilidade nas

    informaes; observao de menos retrabalho; maior participao e o

    envolvimento dos funcionrios na resoluo de problemas.

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    Estes benefcios tambm so apresentados no trabalho de Vitoreli

    (2011) realizado em 04 organizaes de seguimentos diferentes com

    certificao ISO 9001, identificando as seguintes vantagens: padronizao deprocessos; reduo de custos e desperdcios produtivos; padronizao do

    controle e reviso dos documentos; melhoria na gesto do negcio; melhoria

    da imagem da empresa; aumento da motivao dos colaboradores; aumento

    das vendas em funo da certificao.

    3.2.2 GESTO DA QUALIDADE ISO TS 16949

    H muitas dcadas, o segmento automobilstico tem sido consideradoum dos mais representativos em termos faturamento e mo de obra

    empregada no setor industrial. Segundo a ANFAVEAAssociao Nacional de

    Veculos Automotores (2012), o setor automobilstico Brasileiro concentra 26

    montadoras e 500 auto peas que empregam 1,5 milho (diretos e indiretos) de

    funcionrios, representando 21,5% do PIB industrial e 5% do PIB nacional, com

    capacidade de produzir 4,3 milhes de veculos por ano dados referentes ao

    ano de 2011 - que demonstram a importncia e relevncia deste setor nocenrio nacional.

    Segundo Barbeiro (2005), a indstria automotiva e a sua cadeia de

    fornecimento foram pioneiras na adoo de metodologias de controle da

    qualidade, garantia da qualidade e gesto da qualidade no final dos anos 1980.

    Estas iniciativas trouxeram benefcios qualidade e produtividade das

    indstrias brasileiras como um todo, que posteriormente foram incorporados

    aos SGQ tendo como referncia a srie ISO 9000.

    O aumento das exigncias dos consumidores, a fidelidade marca de

    determinados produtos e o aumento da concorrncia, elevaram as reclamaes

    dos clientes em relao aos problemas causado pelas falhas do produto

    durante o uso, denominadas de falhas de campo.

    Essa preocupao de tal grandeza, que as montadoras de veculos

    automotivos elaboraram requisitos adicionais aos da ISO 9001, que ao longo

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    dos anos foram exigidos pelas montadoras de forma individualizada para sua

    cadeia de fornecedores (SANTOS, 2006).

    Essas imposies se consolidaram na dcada de 1990 com adoo de

    novos referenciais automotivos como o EAQF (Evaluation dAptitude la

    Qualit pour les Fournisseurs) pelas montadoras francesas, VDA6 (Verbrand

    der Automobilindustrie) pelas montadoras alems, o AVSQ (Associazione

    nazionale dei Valutatori di Sistemi Qualit) pelas montadoras Italianas e a QS

    9000 pelas montadoras americanas, (MIGUEL et al., 2008).

    Porm, a QS 9000 no era reconhecida pela organizao ISO, por isso,surgiu a necessidade de elaborar uma norma para atender os padres ISO e

    as exigncias das montadoras. Com objetivo de atender esta carncia e evitar

    mltiplas auditorias de certificao, as normas do setor automobilstico foram

    integradas.

    Esta integrao deu origem, em 1999, especificao tcnica ISO TS

    16949 (MIGUEL et al., 2008). Esta especificao foi desenvolvida pelo

    International Automotive Task Force (IATF) com apoio da ISO. Para alinhar

    com as revises que ocorreram na norma ISO 9001, est especificao e

    sofreu revises em 2002 e 2009. Assim, a ISO TS 16949 foi estruturada no

    seguinte formato, como apresenta aFigura 7.

    Figura 7 - Ilustrao da estrutura ISO TS 16949

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    A Figura 7 mostra que ISO TS 16949 fundamentada nos requisitos

    normativos da ISO 9001, ou seja, toda empresa com certificao ISO TS 16949

    tambm certificada ISO 9001, alm dos requisitos da ISO 9001 so acrescidoos requisitos do setor automotivo, que so oriundos de outras normas

    automotivas (QS 9000, VDA, EAQF, AVSQ). Alm disso, somou-se ela os

    requisitos especficos dos clientes, que variam em funo do tipo e quantidade

    de clientes na cadeia automotiva.

    A especificao tcnica ISO TS 16949 tem como objetivo o

    desenvolvimento de um SGQ que proporcione a melhoria continua, e enfatize a

    preveno de defeitos e a reduo da variao e desperdcio na cadeia de

    suprimentos (ISO TS 16949, 2009).

    A ISO TS16949, define os requisitos para o SGQ para projeto e

    desenvolvimento, produo e, quando relevante, instalao e servios

    associados de produtos automotivos. Esta especificao aplicvel s plantas

    da organizao nas quais so fabricadas peas para produo e/ou assistncia

    de toda a cadeia de fornecimento automotiva (ISO TS 16949, 2009).

    Para aumentar a compatibilidade com outros SG, a ISO TS 16949

    possibilita o alinhamento e ou a integrao de seu SGQ com outros requisitos

    de SG relacionados, entretanto a mesma no inclui requisitos especficos para

    outros SG (ISO TS 16949, 2009).

    Para que uma empresa fornecedora da cadeia automotiva seja

    certificada em ISO TS16949, alm de atender a especificao tcnica, ela deveapresentar ao organismo certificador evidncias de que atende aos requisitos

    adicionais de cada cliente.

    Esses requisitos se encontram listados junto especificao tcnica,

    podendo variar em funo do cliente atendido, cabe a cada fornecedor

    consultar seu cliente e solicitar ao mesmo, de forma oficial, uma relao de

    requisitos especificos adicionais necessrios certificao ISO TS16949

    (SANTOS, 2006).

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    Considerando que um dos objetivos para o desenvolvimento da ISO TS

    16949 foi integrar as normas do setor automotivo, observa-se que a mudana

    foi apenas a reduo de mltiplas certificaes, porque os requisitosespecficos de cada cliente continuam a ser solicitados individualmente, por

    meio dos manuais de fornecedores, no qual os emitentes relacionam os seus

    requisitos especficos, como apresenta oQuadro 3.

    Montadoras Documentos

    General MotorsBrasil

    GM Customer Specifics - ISO/TS 16949 October 2010 IncludingGM Specific Instructions for PPAP 4th Ed.

    Carta de esclarecimentos e adies referentes ISO/TS 16949,

    aplicveis aos fornecedores externos da GMB e da GM PowertrainBrasil.

    Volkswagem

    Quality Capability Suppliers Assessment Guide (Formel-QCapability)

    Acordo de Gesto da Qualidade entre o Grupo Volkswagen e seusFornecedores

    Fiat

    Carta de Requisitos Especficos Referentes ISO/TS 16949Aplicveis Aos Fornecedores Fiasa/Powertrain

    FIAT S.P.A. Customer-Specifics for use withISO/TS 16949:2009FIAT Powertrain / FPT Industrial Technologies Customer-Specifics

    for use with ISO/TS 16949:2009

    Ford

    Ford Motor Company Customer-Specific Requirements For UseWith ISO/TS 16949

    Ford Motor Company Customer-Specific Requirements For usewith PPAP 4.0

    Carta sobre aplicabilidade dos Requisitos Especficos FORD paraos fornecedores da TROLLER

    Renaut / Nissan

    Customer-Specific Requirements For Use With ISO/TS 16949Second Edition

    DAM-QUAPO-2005-0509 v 2.1, Requisitos Especficos paraFornecedores POE

    Chrysler

    Chrysler Customer-Specific Requirements For Use With ISO/TS

    16949:2009 e ISO 14001:2004

    Chrysler Customer-Specific Requirements For Use With PPAP 4thEdition

    PeugeotPSA Peugeot Citron Customer-Specific Requirements

    for use with ISO/TS 16949:2009Requisitos Especficos PSA PEUGEOT CITROEN

    Mercedes Benz Requisitos Especficos do Cliente Mercedes Benz do Brasil Ltda.Scania STD3868, Scania Customer Specific Requirements

    Quadro 3 - Manuais de requisitos especficos dos cliente

    Fonte: Suporte Assessoria Empresarial (2012) .

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    O Quadro 3 apresenta os principais manuais de requisitos especficos

    exigidos pelas principais montadoras do pas, sendo necessrio o seu

    atendimento no processo de certificao da ISO TS 16949.

    Independentemente do tipo da organizao, do seu porte, linha de

    produtos ou processos, h muito tempo, os fornecedores automotivos enfretam

    dificuldades para se manter em conformidade com o atendimento aos

    requisitos especificos de seus clientes (BONNA, 2011). Ainda segundo Bonna

    (2011), a medida que a cadeia de fornecimento foi desenvolvendo os seus SG

    normalizados, os requisitos especificos passaram a ser vistos como uma

    atividade suplementar que causam muitas dificuldades para a maioria das

    organizaes em seu processo de implementao.

    Dentre as principais dificuldades Bonna (2011) destaca:

    O grande nmero de manuais (ver Quadro 3) totalizando um

    grande nmero de requisitos especificos de clientes na cadeia

    automotiva a ser implementando;

    Manuais com diferentes estruturas e termos utilizados,

    dificultando a interpretao do texto;

    Interpretao do manual, j que alguns manuais so editados

    apenas na lngua de origem da empresa (ingls, alemo, italiano,

    francs etc.);

    A difcil tarefa de analisar os requisitos e distribu-los aos

    processos, j que os mesmos devem ser implementados em

    diferentes processos da organizao, o que pode demandar um

    endereamento no adequado;

    Manter as revises dos manuais atualizadas.

    Considerando que todas as dificuldades referenciadas tenham sido

    implementadas de forma adequada, resta ao gestor deste processo o

    monitoramento, a verificao da eficcia da implementao e a atualizao das

    revises dos manuais.

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    Toda essa complexidade e nvel de exigncia em relao aos requisitos

    especificos dos clientes automotivos pode inviabilizar a integrao da ISO TS

    16949 com outros SG (SOUZA, 2012a).

    Entretanto, apesar das dificuldades com a implementao dos requisitos

    especficos, a norma ISO TS 16949 possui muitas vantagens que segundo

    Correa (2004) so visveis para as organizaes, pois consolida em um nico

    SG todos os requisitos necessrios para atendimento a todas as montadoras

    instalada no pas.

    Portanto trata-se de uma forte ferramenta para estruturar, organizar edirecionar a gesto de negcios como um todo. Entre os diversos benefcios

    proporcionados pela implantao de um SGQ com base na ISO/TS 16949-

    2009, pode-se destacar:

    Melhoria da qualidade dos componentes e processos da cadeia

    de fornecimento;

    Aplicao de exigncias internacionais padronizadas e

    consistentes de um SGQ;

    Aumento de sua confiana como fornecedor global de qualidade;

    Introduo de auditorias fundamentadas no processo, com foco

    na satisfao do cliente;

    Reduo de custos operacionais com a diminuio dos

    retrabalhos dos produtos ou servios e reduo da variabilidade

    dos processos produtivos;

    Melhoria da qualidade nos processos produtivos;

    Facilidade de compreenso dos requisitos de qualidade para toda

    a cadeia de fornecimento (fornecedores e subcontratados);

    Aumento da produtividade.

    Para complementar as vantagens com a certificao da ISO TS 16949

    este estudo referencia o trabalho desenvolvido por Silva (2006). Neste trabalho,

    o autor descreve que, aps a certificao da ISO TS 16949 a organizaoanalisada obteve as seguintes melhorias: reduo de custo da m-qualidade

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    (falha interna e falha externa); melhoria da qualidade dos servios de

    laboratrio; maior padronizao do trabalho; melhor viso do negcio pelo do

    mapeamento dos processos; melhoria na gesto dos processos; aumento donvel de satisfao dos clientes.

    Ao longo deste trabalho, a ISO TS 16949 referenciada como uma

    norma, entretanto at o momento ela considerada como uma especificao

    tcnica pelos rgos normativos. A principal diferena entre uma norma e uma

    especificao tcnica que, na segunda, o processo de aprovao depende de

    um nmero menor de aprovadores, por possuir um nmero menor de estgios

    para seu desenvolvimento, quando comparado com uma norma ISO.

    Alm disso, uma especificao tcnica tem uma vida til definida por trs

    anos aps a sua publicao, passado esse perodo, pode sofrer revises que

    duram por mais trs anos ou pode ser desativada, entretanto a ISO TS 16949

    referenciada como norma no meio cientfico e no mundo corporativo das

    organizaes.

    3.2.3 GESTO AMBIENTAL ISO 14001

    O desenvolvimento tecnolgico, associado a divulgao da informao

    de forma globalizada, faz com que outros aspectos e atributos dos produtos e

    servios sejam considerados, como o caso do impacto ambiental que este

    produto ou servio pode causar ao meio ambiente(MEDEIROS, 2003).

    Por isso, questes ligadas ao meio ambiente vm atraindo a ateno e o

    interesse de todos, principalmente nas ltimas dcadas. A sua degradao e

    sua relao com o crescimento econmico de forma sustentvel uma

    preocupao mundial (MEDEIROS, 2003).

    Segundo Magrini (2001) quatro eventos relevantes interferiram nas

    questes ambientais no Brasil apesar de terem ocorrido em mbito

    internacionalsendo:

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    Promulgao da Poltica Nacional Ambiental Americana (NEPA), em

    1969: de carter corretivo, buscava essencialmente o controle da

    poluio gerada; Conferncia das Naes Unidas em Estocolmo, em 1972: foi um

    encontro mundial para tentar organizar as relaes entre o Homem e

    Meio Ambiente;

    Publicao do relatrio Nosso Futuro Comum, em 1987: elaborado

    pela Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

    documento que deu origem ao conceito de desenvolvimento sustentvel;

    A Conferncia das Naes Unidas no Rio de Janeiro, em 1992: a ECO-92, que teve um papel fundamental no redirecionamento da poltica

    ambiental mundial.

    Alm destes eventos, deve-se considerar a primeira crise do petrleo em

    1973, que desencadeou as preocupaes para a busca de alternativas

    energticas de fontes renovveis. Outros acontecimentos de grande

    repercusso internacional elevaram a discusso sobre as questes ambientais

    como aponta Gutberlet (1997):

    Alasca Acidente com petroleiro Exxon Valdez, causando

    prejuzo de 10 bilhes de dlares;

    Em Cubato, duas exploses e incndio causados por vazamento

    de gs causaram a morte de 150 pessoas na Vila Soc;

    Vazamento de Isocianeto de Metila, nas fbricas associadas

    Union Carbide, na ndia, causando 2.500 mortos e 200.000intoxicados;

    Na Unio Sovitica, ocorreu a exploso do reator em Tchernobyl,

    espalhando contaminao radioativa pelo continente Europeu e

    Asatico (Csio 137).

    Diante desses fatores cada vez maior a presso da sociedade pelo

    controle sobre os impactos ambientais gerados pelas organizaes. Isto

    evidente, no apenas pelos impactos visveis, como tambm pela crescente

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    conscientizao de todos os stakeholders com relao ao conceito de

    sustentabilidade, que no se restringe mais a um negcio, ou uma empresa, e

    sim ao planeta e perpetuao da espcie que nele habita incluindo o Homem(SANTANA et al., 2010).

    Em 1991 a ISO estabeleceu o grupo Strategic Advisory Group on the

    Enviroment para realizar um estudo das normas internacionais sobre o meio

    ambiente. Utilizando a norma BS 7750 como referncia inicial, e analisando

    outros padres normativos nacionais de SGA, que atravs do comit TC 207

    iniciou o desenvolvimento da serie ISO 14000, com publicao de sua verso

    final em outubro de 1996 (CORREA, 2004).

    Em sua concepo, a srie das normas ISO 14000 tem como objetivo

    principal estabelecer um SGA que auxilia as organizaes a cumprirem seus

    compromissos em relao ao meio ambiente (CORREA, 2004).

    O SGA consiste em um conjunto de atividades planejadas, formalmente,

    que a organizao realiza para gerir sua relao com o meio ambiente. a

    forma pela qual a empresa se mobiliza para atingir e demonstrar um

    desempenho ambiental correto, pelo controle dos impactos de suas atividades,

    produtos e servios no meio ambiente. A Figura 8 representa os elementos

    pertinentes do SGA conforme ISO 14001.

    Figura 8 - Elementos do SGAFonte: ABNT ISO 14001:2004

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    A Figura 8 - Elementos do SGA,mostra que a estrutura da norma ISO

    14001 est fundamentada no ciclo do PDCA constitudo pela definio e

    implementao da poltica ambiental na fase de planejamento, em seguida pelafase de implementao e operao do SGA, sendo verificada a sua eficcia

    pelo monitoramento, ao corretiva e execuo da anlise crtica pela

    administrao, com execuo contnua deste ciclo visando a melhoria contnua

    do SGA.

    A gesto ambiental uma oportunidade interessante para as

    organizaes melhorarem seus processos, sua imagem e tornarem-se mais

    competitivas. Atravs dos controles operacionais e melhoria dos elementos

    relacionados com o meio ambiente, ambos podem sair ganhando nesta

    relao: empresa e sociedade (SILVA, 2004).

    A gesto ambiental motivada por uma mudana nos valores da cultura

    empresarial, substituindo a ideologia do crescimento econmico para a

    ideologia da sustentabilidade.

    Para Tachizawa (2004), a gesto ambiental envolve uma mudana do

    pensamento mecanicista para o pensamento sistmico e, por conseguinte, a

    adoo de um novo estilo de gesto, conhecido como administrao sistmica,

    onde a percepo do mundo como mquina cede lugar percepo do mundo

    como sistema vivo.

    A implementao de um SGA tem por objetivo a melhoria do

    desempenho ambiental da organizao, preveno da poluio e ocumprimento da legislao ambiental vigente, de tal forma que este sistema

    seja avaliado periodicamente, a fim de identificar oportunidades de melhoria

    (GRAEL, 2010).

    Arajo (2004) destaca os principais benefcios s organizaes gerados

    pela implementao de um SGA:

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    Reduo de custos associados melhoria do desempenho

    ambiental (reciclagem de resduos, economia de energia e gua

    etc.); Aumento ou manuteno da atrao de capital (acionistas);

    Preveno de riscos e potencial reduo de custos com seguro;

    Imagem voltada responsabilidade social;

    Boa reputao junto aos rgos ambientais, comunidade e s

    ONG;

    Possibilidade de obter financiamentos com taxas reduzidas;

    Gerenciamento ambiental homogeneizado em toda a empresa; Benefcios intangveis devido cultura sistmica, como a melhoria

    da gesto da organizao, padronizao de comportamento em

    relao as questes ambientais pelos funcionrios,

    rastreabilidade de informaes tcnicas etc.

    Segundo Zutshi e Sohal (2005), com a certificao de um SGA a

    empresa pode efetivamente:

    Gerenciar regulamentaes ambientais que valem milhes de

    dlares;

    Determinar o sucesso das organizaes na manuteno positiva

    do pblico e da percepo das partes interessadas em acordo

    com o meio ambiente;

    Reduzir o risco da ocorrncia de incidentes ambientais;

    Auxiliar na demonstrao da due diligence3.

    Para Lopes (2004), com a implementao do SGA uma organizao

    pode minimizar os custos e o preo final de seus produtos, aperfeioar seus

    sistemas de garantia da qualidade, dos processos produtivos, dos produtos e

    servios ao consumidor, aumentando assim a produtividade e garantindo a

    proteo ambiental na produo.

    3

    Due Diligence compreende um conjunto de atos investigativos que devem serrealizados antes de uma negociao empresarial, pelo interessado em adquirir ou associar uma organizao.

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    No setor automobilstico, as montadoras exigem de seus fornecedores,

    por meio de seus manuais de requisitos especficos, o compromisso com as

    questes ambientais, e em alguns casos esta e