irys letícia de oliveira¹- irys_reis@hotmail

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As da Geografia, sendo esta a ciência que estuda as relações desenvolvidas entre a sociedade e a natureza; o maior aproveitamento desta atividade consiste na reprodução do conhecimento com os familiares por parte dos alunos.Ir Irys Letícia de Oliveira¹- [email protected] Maria Rafaela Chaves Torres Galindo¹ - [email protected] Orientador: Prof.° Dr.° Russell Parry Scott² - [email protected] ¹ - Graduandas do curso de Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE ²- Professor Adjunto do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE / Coordenador do FAGES – Núcleo de Estudos Sobre Família Gênero e Sexualidade IV REA / XIII ABANNE IV Reunião Equatorial de Antropologia XVIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste FLUXOS MIGRATÓRIOS DE MULHERES NUM BAIRRO POPULAR DE RECIFE: RELAÇÕES DE GÊNERO, DINÂMICAS FAMILIARES E DE TRABALHO. Este trabalho tem como finalidade apresentar os resultados parciais da pesquisa “A Família no Meio do Mundo II: mobilidade na negociação de direitos”, a qual é coordenada pelo professor Russell Parry Scott do Departamento de Antropologia e Museologia da Universidade Federal de Pernambuco. Vale ressaltar que o este pôster também dialoga com a pesquisa PIBIC “Casamentos, Circulação de Mulheres e Relações entre Moradores de Bairros Ricos e Pobres no Recife”, de Ana Carolina Silva Cordeiro 2011-2013, assim como os resultados parciais são a partir da pesquisa em campo realizada nesse projeto, especificamente. Realizada na comunidade do Barbalho, Iputinga, Recife – PE, considerado um bairro economicamente carente e que está situado entre bairros de classe média de Recife, tal pesquisa tem como objetivo examinar as práticas de mobilidade (residência e circulação) de mulheres e homens entre bairros metropolitanos. Através da delimitação de alguns pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa acima citada, nos deteremos, neste trabalho, em analisar, através dos resultados parciais, o fluxo de mulheres entre bairros metropolitanos, atentando para as causas dessas migrações e ressaltando, sobretudo, as relações de gênero e as dinâmicas familiares e de trabalho envolvidos nesse processo. É importante ressaltar que essas relações acabam por se tornarem inerentes ao próprio mecanismo de migrações intraurbanas. As discussões teóricas desses resultados, bem como o estudo das dinâmicas migratórias existentes, foram norteadas através da leitura sobre migrações, relações de gênero, dinâmica familiar e relações de trabalho. A ideia é de examinar como a mobilidade contribui para uma redistribuição de homens e mulheres entre bairros, com atenção especial para mobilidade residencial relacionada com trabalho, com casamentos e com estratégias cotidianas associadas às dinâmicas familiares. Neste trabalho focaremos o envolvimento de mulheres em estratégias familiares de mobilidade intraurbana. Esta pesquisa foi realizada por uma equipe de cinco pesquisadores (Parry Scott, Ana Carolina Silva Cordeiro, Irys Leticia de Oliveira, Martin Fabreau e Silvia Magnata da Fonte, com a adesão posterior de Maria Rafaela Chaves Torres Galindo), que se conjuga na observação, formulários/questionários e entrevistas realizadas com 55 famílias numa quadra residencial no bairro popular de Barbalho. Além de buscar conversas informais em convívio e observação com a população e as suas agentes comunitárias de saúde, empregou-se um formulário-questionário curto e básico para mapear saídas e entradas de integrantes dos grupos residenciais nos últimos cinco anos. No final do formulário realizou-se conversas mais aprofundadas para entender práticas e significados em casos marcantes de mobilidade intraurbana. Encaminhados para pesquisar numa rua percebida como mais tranquila pelas agentes comunitárias que trabalhavam na USF – Unidade de Saúde da Família, do Distrito IV.1., na Vila União, percebemos que, internamente ao conjunto de comunidades associadas à USF, estávamos numa rua de condições privilegiadas onde aconteciam estratégias de melhoramento interno nas quais a mobilidade de membros da família tinha um papel importante. Ou seja, não somente se emigrava do bairro para melhorar de vida, mas se promovia a formação de redes familiares que podiam intensificar a melhora da coletividade no próprio bairro. Nisto as mulheres mostraram ser bastante polivalentes na sua atuação diante das estratégias de mobilidade. Entre as ações mais importantes reconhecidas pela equipe, foram : 1. Ações de mães que articulavam uma organização de espaços residenciais contíguas, fazendo com que as suas casas fossem segmentadas numa série de residências relacionadas que pareciam formas incipientes de residências em prédios de apartamentos de pessoas aparentadas; 2. Filhas e jovens mulheres adultas que saíram para morar e trabalhar em outros bairros, solteiras ou casadas, normalmente procurando uma melhora nas suas condições socioeconômicas, e que mantinham contato com as suas famílias de origem, às quase contribuíam eventualmente com recursos e ações; 3. Noras que vinham de fora e filhas que voltavam para residir próximas as suas mães e sogras, habilitando-se a ter apoio nas suas atividades extra- bairro com os cuidados que estas mães e sogras ofereciam a elas; 4. Mulheres que se negavam a ter mobilidade própria em nome da formação destas redes de cuidado que habilitavam as outras (e os outros) a circularem fora do bairro (e dentro dele); 5. Eventuais integrantes de casas, especialmente de gerações mais velhas, que haviam realizado migrações para locais mais distantes (São Paulo, Portugal, etc.) e cuja experiência as tornavam referencias para conversar sobre a importância da mobilidade na montagem de estratégias para cada pessoa e cada família. Embora inicialmente a equipe pensasse focar as e migrações intraurbanas das mulheres que melhoravam de vida com a mudança, percebemos, diante das características especificas da parte do bairro pesquisado, que era necessário concentrar mais nos fluxos multidirecionais e formação de redes em torno de famílias que elaboravam estratégias de migração, para poder identificar maneiras diferentes pelas quais as mulheres se inseriam nessas redes de GODELIER, Maurice 1999 The Enigma of the Gift University of Chicago, Chicago. LÉVI-STRAUSS, Claude. 1967[1947]), Les structures élémentaires de la parenté Haye, Mouton. MAUSS, Marcel. (1997 [1950]), Essai sur le don: forme et raison de l'échange dans les sociétés archaïques, in _________, Sociologie et anthropologie, Paris, PUF (ed. original: Année Sociologique, seconde série, tome 1, Paris, 1923-1924). MEILLASOUX, Claude. 1976 Mulheres, celeiros e capitais. Porto, Editora Afrontamento, 1976 SCOTT, R. Parry. _________. Vulnerabilidade masculina, curso de vida e moradia urbana: um dilemma para homens adultos de bairros populares, em Romeu Gomes, Sobre Masculinidade Saúde, Fiocruz, Rio de Janeiro, 2011 METODOLOGIA Os dados sobre a composição etária e de sexo de bairros pobres e ricos no Recife, publicados na coletânea sobre Saúde dos Homens pela FIOCRUZ (Scott 2011), são a base para esta pesquisa pontual sobre mobilidade, circulação e residência de homens e mulheres na Região Metropolitana do Recife. As questões subjacentes a este trabalho serão norteadas a partir da ideia de mobilidade que desafia grupos locais para re-articularem a sua adesão a espaços de origem e de memórias. As consequências disso para famílias e grupos domésticos, e no caso em tela, especialmente para mulheres, envolvem intensas trocas e negociações onde buscas de emancipação e de liberdade se coadunam com a preservação de redes sociais e de conectividade que conferem significados permeados por obrigações e favores. Poderes e direitos estão sempre em jogo. Quais os fluxos de recursos? Quais as demandas de retribuição? Estamos diante de questões sobre os significados sociais de circulação que o estudo clássico de Mauss (1997) sobre o Dom situou no cerne das relações sociais. A exigência da circulação é uma exigência de mobilidade que diferencia receptores e doadores em torno do poder entre as coletividades das quais participam. A hierarquização entre essas coletividades se evidencia na descrição dos contatos realizados entre elas, e a mobilidade de pessoas entre os grupos é negociado entre “autoridades” das coletividades. O controle da circulação e as conseqüências dele para a construção de redes sociais RESULTADOS REFERÊNCIAS INTRODUÇÃO OBJETIVOS FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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As da Geografia, sendo esta a ciência que estuda as relações desenvolvidas entre a sociedade e a natureza; o maior aproveitamento desta atividade consiste na reprodução do conhecimento com os familiares por parte dos alunos .I r. IV REA / XIII ABANNE IV Reunião Equatorial de Antropologia - PowerPoint PPT Presentation

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As da Geografia, sendo esta a ciência que estuda as relações desenvolvidas entre a sociedade e a natureza; o maior aproveitamento desta atividade consiste na reprodução do conhecimento com os familiares por parte dos alunos.Ir

Irys Letícia de Oliveira¹- [email protected] Maria Rafaela Chaves Torres Galindo¹ - [email protected]

Orientador: Prof.° Dr.° Russell Parry Scott² - [email protected]¹ - Graduandas do curso de Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE²- Professor Adjunto do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE / Coordenador do FAGES – Núcleo de Estudos Sobre Família Gênero e Sexualidade

IV REA / XIII ABANNEIV Reunião Equatorial de Antropologia

XVIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste

FLUXOS MIGRATÓRIOS DE MULHERES NUM BAIRRO POPULAR DE RECIFE: RELAÇÕES DE GÊNERO, DINÂMICAS FAMILIARES E DE TRABALHO.

Este trabalho tem como finalidade apresentar os resultados parciais da pesquisa “A Família no Meio do Mundo II: mobilidade na negociação de direitos”, a qual é coordenada pelo professor Russell Parry Scott do Departamento de Antropologia e Museologia da Universidade Federal de Pernambuco. Vale ressaltar que o este pôster também dialoga com a pesquisa PIBIC “Casamentos, Circulação de Mulheres e Relações entre Moradores de Bairros Ricos e Pobres no Recife”, de Ana Carolina Silva Cordeiro 2011-2013, assim como os resultados parciais são a partir da pesquisa em campo realizada nesse projeto, especificamente.

Realizada na comunidade do Barbalho, Iputinga, Recife – PE, considerado um bairro economicamente carente e que está situado entre bairros de classe média de Recife, tal pesquisa tem como objetivo examinar as práticas de mobilidade (residência e circulação) de mulheres e homens entre bairros metropolitanos. Através da delimitação de alguns pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa acima citada, nos deteremos, neste trabalho, em analisar, através dos resultados parciais, o fluxo de mulheres entre bairros metropolitanos, atentando para as causas dessas migrações e ressaltando, sobretudo, as relações de gênero e as dinâmicas familiares e de trabalho envolvidos nesse processo. É importante ressaltar que essas relações acabam por se tornarem inerentes ao próprio mecanismo de migrações intraurbanas. As discussões teóricas desses resultados, bem como o estudo das dinâmicas migratórias existentes, foram norteadas através da leitura sobre migrações, relações de gênero, dinâmica familiar e relações de trabalho.

A ideia é de examinar como a mobilidade contribui para uma redistribuição de homens e mulheres entre bairros, com atenção especial para mobilidade residencial relacionada com trabalho, com casamentos e com estratégias cotidianas associadas às dinâmicas familiares. Neste trabalho focaremos o envolvimento de mulheres em estratégias familiares de mobilidade intraurbana.

Esta pesquisa foi realizada por uma equipe de cinco pesquisadores (Parry Scott, Ana Carolina Silva Cordeiro, Irys Leticia de Oliveira, Martin Fabreau e Silvia Magnata da Fonte, com a adesão posterior de Maria Rafaela Chaves Torres Galindo), que se conjuga na observação, formulários/questionários e entrevistas realizadas com 55 famílias numa quadra residencial no bairro popular de Barbalho. Além de buscar conversas informais em convívio e observação com a população e as suas agentes comunitárias de saúde, empregou-se um formulário-questionário curto e básico para mapear saídas e entradas de integrantes dos grupos residenciais nos últimos cinco anos. No final do formulário realizou-se conversas mais aprofundadas para entender práticas e significados em casos marcantes de mobilidade intraurbana.

Encaminhados para pesquisar numa rua percebida como mais tranquila pelas agentes comunitárias que trabalhavam na USF – Unidade de Saúde da Família, do Distrito IV.1., na Vila União, percebemos que, internamente ao conjunto de comunidades associadas à USF, estávamos numa rua de condições privilegiadas onde aconteciam estratégias de melhoramento interno nas quais a mobilidade de membros da família tinha um papel importante. Ou seja, não somente se emigrava do bairro para melhorar de vida, mas se promovia a formação de redes familiares que podiam intensificar a melhora da coletividade no próprio bairro. Nisto as mulheres mostraram ser bastante polivalentes na sua atuação diante das estratégias de mobilidade. Entre as ações mais importantes reconhecidas pela equipe, foram :1. Ações de mães que articulavam uma organização de espaços residenciais contíguas, fazendo com que as suas casas fossem segmentadas numa série de residências relacionadas que pareciam formas incipientes de residências em prédios de apartamentos de pessoas aparentadas; 2. Filhas e jovens mulheres adultas que saíram para morar e trabalhar em outros bairros, solteiras ou casadas, normalmente procurando uma melhora nas suas condições socioeconômicas, e que mantinham contato com as suas famílias de origem, às quase contribuíam eventualmente com recursos e ações;3. Noras que vinham de fora e filhas que voltavam para residir próximas as suas mães e sogras, habilitando-se a ter apoio nas suas atividades extra-bairro com os cuidados que estas mães e sogras ofereciam a elas; 4. Mulheres que se negavam a ter mobilidade própria em nome da formação destas redes de cuidado que habilitavam as outras (e os outros) a circularem fora do bairro (e dentro dele);5. Eventuais integrantes de casas, especialmente de gerações mais velhas, que haviam realizado migrações para locais mais distantes (São Paulo, Portugal, etc.) e cuja experiência as tornavam referencias para conversar sobre a importância da mobilidade na montagem de estratégias para cada pessoa e cada família.

Embora inicialmente a equipe pensasse focar as emigrações intraurbanas das mulheres que melhoravam de vida com a mudança, percebemos, diante das características especificas da parte do bairro pesquisado, que era necessário concentrar mais nos fluxos multidirecionais e formação de redes em torno de famílias que elaboravam estratégias de migração, para poder identificar maneiras diferentes pelas quais as mulheres se inseriam nessas redes de mobilidade

GODELIER, Maurice 1999 The Enigma of the Gift University of Chicago, Chicago.

LÉVI-STRAUSS, Claude. 1967[1947]), Les structures élémentaires de la parenté Haye, Mouton.

MAUSS, Marcel. (1997 [1950]), Essai sur le don: forme et raison de l'échange dans les sociétés archaïques, in

_________, Sociologie et anthropologie, Paris, PUF (ed. original: Année Sociologique, seconde série, tome 1, Paris,

1923-1924).  

MEILLASOUX, Claude. 1976 Mulheres, celeiros e capitais. Porto, Editora Afrontamento, 1976

SCOTT, R. Parry. _________. Vulnerabilidade masculina, curso de vida e moradia urbana: um dilemma para

homens adultos de bairros populares, em Romeu Gomes, Sobre Masculinidade Saúde, Fiocruz, Rio de Janeiro, 2011

METODOLOGIAMETODOLOGIA

Os dados sobre a composição etária e de sexo de bairros pobres e ricos no Recife, publicados na coletânea sobre Saúde dos Homens pela FIOCRUZ (Scott 2011), são a base para esta pesquisa pontual sobre mobilidade, circulação e residência de homens e mulheres na Região Metropolitana do Recife. As questões subjacentes a este trabalho serão norteadas a partir da ideia de mobilidade que desafia grupos locais para re-articularem a sua adesão a espaços de origem e de memórias. As consequências disso para famílias e grupos domésticos, e no caso em tela, especialmente para mulheres, envolvem intensas trocas e negociações onde buscas de emancipação e de liberdade se coadunam com a preservação de redes sociais e de conectividade que conferem significados permeados por obrigações e favores. Poderes e direitos estão sempre em jogo. Quais os fluxos de recursos? Quais as demandas de retribuição?Estamos diante de questões sobre os significados sociais de circulação que o estudo clássico de Mauss (1997) sobre o Dom situou no cerne das relações sociais. A exigência da circulação é uma exigência de mobilidade que diferencia receptores e doadores em torno do poder entre as coletividades das quais participam. A hierarquização entre essas coletividades se evidencia na descrição dos contatos realizados entre elas, e a mobilidade de pessoas entre os grupos é negociado entre “autoridades” das coletividades. O controle da circulação e as conseqüências dele para a construção de redes sociais se embasam nas ideias de Levi-Strauss (1967), Meillasoux (1976), e Godelier (1999) que revelam facetas da construção de poder em esferas de trocas desiguais e na construção de subjetividades e de direitos e em estruturas de poder no cenário urbano.

RESULTADOSRESULTADOS

REFERÊNCIASREFERÊNCIAS

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

OBJETIVOSOBJETIVOS

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICAFUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA