iraque: a guerra da personalização

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Iraque: A guerra da personalização Análise do conteúdo jornalístico da revista Istoé durante a ação americana no Iraque Neise Silva Soares * Índice 1 Introdução 1 2 O texto em revista 2 3 A análise da cobertura da guerra 3 4 Conclusões 10 5 Referências bibliográficas 11 Resumo Este artigo se constitui a partir de uma aná- lise da revista Istoé na cobertura da ação americana no Iraque nos meses anteriores e posteriores a invasão. Neste, será traçado um estudo crítico a partir das reportagens ana- lisadas, oferecendo ao leitor a interpretação da “Guerra do Iraque” pela Istoé, que é o se- gundo maior semanário do país. O estudo permite constatar que a Istoé personalizou a guerra em Bush. E esta personalização foi gerada pela predominância do enquadra- mento político que acabou promovendo uma guerra de declarações levando ao esvaziando * Estudante do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo das Faculdades Jorge Amado e estagiaria do Núcleo Observatóro da Mídia no qual participa da pesquisa “ Guerra do Iraque: O jornalismo em conflito”. Este trabalho foi apresentado no Intercom Junior, XX- VIII Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Niterói/RJ, 05 a 09 de setembro de 2005. da capacidade que a reportagem tem de am- pliar a discussão. O texto da revista Istoé ser- viu muito mais de condenação as atitudes do presidente americano do que a informação, seu principal objetivo. 1 Introdução Em março de 2003, o mundo virou suas aten- ções para o Iraque. Os Estados Unidos, li- derados por Bush, invadem esse país, contra o aval da ONU (Organizações das Nações Unidas), à procura das armas de destruição em massa que o Iraque supostamente esta- ria produzindo. Vários meios de comunica- ção então noticiam a invasão. Este artigo fará uma analise da cobertura feita pela revista Is- toé durante a ação americana no Iraque con- tra o regime de Saddam Hussein, em março de 2003, mostrando que ela apresentará um padrão distinto dos outros meios de comu- nicação do país, pois, ao contrário da maio- ria das revistas semanais que foram partidá- rias ao presidente americano e deterioraram a imagem de Saddam, ela vai fugir do anti- jornalismo e da propaganda americana pra- ticado pela revista Veja e Época, respectiva- mente, apresentando uma cobertura baseada na personalização da guerra em Bush que vai se suceder nos editoriais, reportagens e fo-

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Page 1: Iraque: A guerra da personalização

Iraque: A guerra da personalizaçãoAnálise do conteúdo jornalístico da revistaIstoé

durante a ação americana no Iraque

Neise Silva Soares∗

Índice

1 Introdução 12 O texto em revista 23 A análise da cobertura da guerra 34 Conclusões 105 Referências bibliográficas 11

Resumo

Este artigo se constitui a partir de uma aná-lise da revistaIstoé na cobertura da açãoamericana no Iraque nos meses anteriores eposteriores a invasão. Neste, será traçado umestudo crítico a partir das reportagens ana-lisadas, oferecendo ao leitor a interpretaçãoda “Guerra do Iraque” pelaIstoé, que é o se-gundo maior semanário do país. O estudopermite constatar que aIstoé personalizoua guerra em Bush. E esta personalizaçãofoi gerada pela predominância do enquadra-mento político que acabou promovendo umaguerra de declarações levando ao esvaziando

∗Estudante do curso de Comunicação Social comHabilitação em Jornalismo das Faculdades JorgeAmado e estagiaria do Núcleo Observatóro da Mídiano qual participa da pesquisa “ Guerra do Iraque: Ojornalismo em conflito”.Este trabalho foi apresentado no Intercom Junior, XX-VIII Congresso Anual em Ciência da Comunicação,Niterói/RJ, 05 a 09 de setembro de 2005.

da capacidade que a reportagem tem de am-pliar a discussão. O texto da revistaIstoéser-viu muito mais de condenação as atitudes dopresidente americano do que a informação,seu principal objetivo.

1 Introdução

Em março de 2003, o mundo virou suas aten-ções para o Iraque. Os Estados Unidos, li-derados por Bush, invadem esse país, contrao aval da ONU (Organizações das NaçõesUnidas), à procura das armas de destruiçãoem massa que o Iraque supostamente esta-ria produzindo. Vários meios de comunica-ção então noticiam a invasão. Este artigo faráuma analise da cobertura feita pela revistaIs-toédurante a ação americana no Iraque con-tra o regime de Saddam Hussein, em marçode 2003, mostrando que ela apresentará umpadrão distinto dos outros meios de comu-nicação do país, pois, ao contrário da maio-ria das revistas semanais que foram partidá-rias ao presidente americano e deteriorarama imagem de Saddam, ela vai fugir do anti-jornalismo e da propaganda americana pra-ticado pela revista Veja e Época, respectiva-mente, apresentando uma cobertura baseadana personalização da guerra em Bush que vaise suceder nos editoriais, reportagens e fo-

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tos. A revistaIstoéacreditava que a guerraestava centrada no fundamentalismo de Bushnão tendo nada a ver com o povo americanoe iraquiano. A ação americana foi apresen-tada como um duelo pessoal de Bush contraSaddam. Esse artigo está dividido didatica-mente em 3 partes: a primeira mostrará ascaracterísticas do texto em uma revista, tra-zendo a função da reportagem. A segundatrará a cobertura da revista e o que de mar-cante fica nesta. E a terceira, apresentará asconclusões desse artigo mostrando quais asconseqüências da personalização da guerrafeita pela revistaIstoé.

2 O texto em revista

Antes de entrar na análise da revista durantea guerra do Iraque, temos que entender o queé o jornalismo em revista e como se pro-cessa. Por ser um meio de comunicação ondea periodicidade é diferenciada (geralmentesemanais, quinzenais e até mensais), as re-vistas buscam explorar novos ângulos aindanão vistos, interpretando-os a partir do quejá foi noticiados sobre o evento por outrosmeios durante a semana. É o que mostra Sér-gio Vilas Boas1 lembrando que revista sema-nal preenche os vazios informativos deixa-dos pelas coberturas dos jornais, rádio e te-levisão:

As revistas fazem jornalismo daquilo queainda está em evidência nos noticiários,somando a estes pesquisas, documenta-ção e riqueza textual. O texto em revistase propõe mais abertamente a interpretaro fato através de uma das principais cate-gorias jornalísticas: a reportagem.

1 Vilas Boas, Sergio.O estilo magazine: o textoem revista. São Paulo: Afiliada, 1996.

A reportagem é a principal forma que asrevistas tem de interpretarem os fatos. Atra-vés dela elas mostram e expõem suas idéiassobre determinado evento explorando diver-sos ângulos. Sérgio Vilas Boas (1996) afirmaque:

A reportagem ocupa e sempre ocupou oprimeiro lugar na cobertura jornalística.Toda reportagem é notícia, mas nem todaa notícia é reportagem. A notícia mudade caráter quando demanda uma reporta-gem. A reportagem mostra como e por-que uma determinada notícia entrou paraa história. [...] Desdobra-se, pormeno-riza e dá amplo relato aos fatos principaise também os fatos subjacentes da notí-cia. Quando você a notícia salta de umasimples nota para uma reportagem, é pre-ciso ir além, detalhar, questionar causas eefeitos, interpretar, causar impacto. A re-portagem é uma notícia mas não uma no-tícia qualquer. É uma notícia avançada,na medida em que sua importância é pro-jetada em múltiplas versões, ângulos e in-dagações. Ao valorizar a notícia, a repor-tagem revitaliza o estilo jornalístico, sol-tando um pouco as amarras da padroniza-ção. Uma boa reportagem não deve abrirmão de pesquisa, sob pena de alterar oespírito de investigação, curiosidade, de-safio e surpresa, que estão acima de tudo.

Outra característica importante das revis-tas é que elas assumem o papel de forma-doras de opinião. Como mostra MariliaScalzo2:

As revistas acabaram tomando para si umpapel importante na complementação da

2Scalzo, Marília. Jornalismo de revista. SãoPaulo: Contexto, 2003.

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educação, relacionando-se intimamentecom a ciência e a cultura. Com recursosmais modestos do que os jornais, mui-tas vezes as revistas não conseguiam teracesso à mesma tecnologia e acabavamtendo que criar modelos paralelos.

3 A análise da cobertura daguerra

A revista Istoé foi criada em 1976 e é o se-gundo semanário mais lido no Brasil além deestar entre os 10 do mundo3. Durante o pe-ríodo analisado (05/02/03 à 28/05/03), cor-respondente as edições 1740 à 1756, a revistaproduziu 50 materiais jornalísticos sendo 5editoriais, 44 reportagens com 26 boxes e 1entrevista. Sua cobertura foi baseada em seucorrespondente Osmar Freitas Jr. em NovaYork, EUA. Ele foi responsável por quase30% do material jornalístico produzido notempo pesquisado, além de fornecer infor-mações para outros jornalistas da própria re-vista aqui no Brasil. Durante a ação ame-ricana no Iraque apresentará uma coberturaindistinta dos outros meios de comunicação.Sua cobertura se centralizará na personali-zação da guerra em Bush. Mas o que vema ser personalização? Segundo Nelson tra-quina emCultura Noticiosa4, personalizarsignifica valorizar as pessoas envolvidas noacontecimento, acentuar o fato a pessoa.

A personalização da notícia permite aojornalista comunicar a um nível que umvasto público composto por não profissi-onais é capaz de entender. Inúmeros es-

3 Fonte: site da revista www.istoe.com.br4Traquina,Nelson. O que é jorna-

lismo?.Quimera:Rio de Janeiro, 2002.

tudos sobre o discurso jornalístico apon-tam para a importância da personalizaçãocomo estratégia para agarrar o leitor, poisas pessoas se interessam por outras pes-soas.

Essa personalização acaba criando este-reótipos que simplificam o acontecimentoapresentando um confronto maniqueísta, ouseja, do bem X mal, como informa José Ar-bex Jr. emShowrnalismo5:

O imaginário construído pela mídia écomposto por uma vasta rede de símbo-los e signos, de referências culturais, so-ciais, políticas e artísticas que prefigurama constituição de uma espécie de memó-ria coletiva ‘globalizada’ em um mundocada vez mais desterritorializado[...] Amídia cria diariamente a sua própria nar-rativa e a apresenta aos telespectadores-ou aos leitores- como se essa narrativafosse a própria história do mundo. [...]Omaior problema, para o pensamento crí-tico, é tornar visível não apenas o oculto,censurado ou ausente como texto ou ima-gem, mas o que as tecnologias da infor-mação tornam aparente visível por umprocesso de exposição extrema que, fin-gindo tudo mostrar, de fato nada revela

E essa personalização será exemplificadaatravés das imagens que a revista construíade Bush e Saddam. Antes de mostrar comoa revista trabalhou a imagem de Bush e deSaddam, cabe aqui fazer uma distinção en-tre o que é imagem pública e imagem plás-tica, citando Wilson Gomesem Transforma-ções da política na era da comunicação de

5 Arbex. José Jr.Showrnalismo: a notícia comoespetáculo. 3a ed. Casa amarela: São Paulo, 2003

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massa6 onde o autor faz distinção entre es-ses dois tipos de imagem. A primeira se-ria composta por elementos visuais associ-ado aos discursos e a segunda, seria apenas arepresentação visual, como veremos abaixo:

A imagem em sentido visual nem mesmopode ser considerada um ingrediente es-sencial para a construção de imagens pú-blicas. Imagem se faz com ações e comdiscursos, principalmente, e, além disso,com configurações expressivas que in-cluem, claro, elementos visuais mas aolado de outros tantos elementos. Não setem essa ou aquela imagem de alguémapenas apoiado numa determinada confi-guração visual a ele atribuída. Claro queelementos visuais podem contribuir paraa formação de uma imagem, desde que sesubmetam a uma conversão em indícios,pistas, sintomas que sirvam para susten-tar inferências lógicas.[...] Com efeito,um objeto, uma corporação ou um atorpolítico podem ser representados- e nor-malmente o são- do ponto de vista grá-fico, visual, icônico. Desse modo obte-remos sua imagem plástica ou represen-tação visual. Além disso, esses mesmosobjetos podem ser representados por nós-e com freqüência o são- através de figura-ções mentais e assim temos outro tipo deimagem, a imagem mental. As imagensplásticas ou visuais podem ser, portanto,tanto gráficas como mentais.

E aqui quando faço referência a imagem,estou utilizando o conceito de imagem pú-blica mostrado acima.

6 Gomes, Wilson.Transformações da política naera da comunicação de massa. Paulus: São Paulo,2004

A revista, como personalizou a guerra emBush, caracterizava-o como insensato, cre-tino e arrogante, uma continuação de seu pai,porém aIstoéainda o classificava como inte-ligente alegando que ele não ira cometer osmesmos erros do pai, porque, para a revistao fato de ele querer atacar o Iraque não signi-ficava que ele não estava atento a economiado país( Juízo final adiado- 05/02/03).

A economia está mal das pernas e a popu-laridade do presidente Bush – que chegoua 90% de aprovação depois de 11 de se-tembro – voltou a níveis pré-ataques ter-roristas, meros 58%. “O país já se per-gunta se este George Bush não é igualao outro George Bush, que parecia só de-dicado à política externa, sem nenhumapercepção dos desacertos da agenda do-méstica”, diz Kerry. Bush pai perdeu seucargo porque não entendia, como seu su-cessor, Bill Clinton, que era “a econo-mia, estúpido!” que importava para osamericanos. Mas Bush não quer repetiro mesmo erro e, antes de começar umaguerra, procurou mostrar que assa a sar-dinha ao mesmo tempo que vigia o gato;ou seja, o fato de querer derrubar Saddamnão significa que não esteja atento à eco-nomia do país.

A revista também apresentava Bush comoum fundamentalista que desobedeceu a ONUpara satisfazer sua obsessão guerrilheira.Fundamentalismo aqui é mostrado a partir davisão de Martin E. Marty e R. Scott Appleby,apud Armstrong 2001Em nome de Deus,7

que apresenta o termo:

7 Armstrong, Karen.Em nome de Deus: o fun-damentalismo no judaísmo, no cristianismo e no isla-mismo. Cia das Letras: São Paulo, 2001.

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São formas de espiritualidade combati-vas, que surgiram como reação a algumacrise. Enfrentam inimigos cujas políticase crenças secularistas parecem contráriasà religião. Os fundamentalistas não vêemessa luta como uma batalha política con-vencional, e sim como uma guerra cós-mica entre forças do bem e do mal.

Já Saddam era visto como o ditador san-guinário, o açougueiro de Bagdá, ou o mons-tro de Bagdá. Uma reprodução do que suaconcorrente Veja, mostrava em seu texto.Como revela esse trecho da reportagens Mui-tos mistérios: “Nesta semana, o primeirofilme conta a vida do‘ açougueiro de Bagdá’,epíteto dado a Saddam Hussein por causa dasinúmeras mortes pelas quais ele foi respon-sável”. Outra reportagem que mostra essaimagem negativa de Saddam é“Pedras noCaminho′′ publicada no dia 26/02/03 e “Facedo terror” publicada no dia 02/04/2003:

Falou-se da possibilidade real de SaddamHussein incendiar os poços de petróleode seu país e tentar o mesmo com o Ku-ait e a Arábia Saudita. E mais: o mons-tro de Bagdá poderá empregar armas quí-micas e biológicas durante a duração doconflito. Pedras no Caminho.

Saddam assumiu o poder através de umgolpe palaciano em 1979. No ano se-guinte, lançou-se numa guerra contra oIrã, onde tinha sido instaurado um re-gime islâmico antiocidental. Duranteoito anos, a guerra devastou os dois paí-ses. Com o apoio velado ou explícitodo Ocidente, o ditador usou e abusoudas armas químicas contra os iranianos,primeiro, e, depois, contra os iraquianos

curdos, no final do conflito, em 1988. Ohomem do terror foi o mesmo que iniciouum vistoso processo de modernização doIraque. A face do terror.

Observando a postura da revista Veja du-rante a Guerra do Iraque perceberemos quea revista Veja trará uma visão americanizadados fatos ao mostrar a imagem de Bush em-bebida do exemplo da democracia enquantoa imagem de Saddam cerceada pela barbárie.É o que mostra Vanderlei Dorneles(2003)8:

A cobertura de Veja dos preparativosamericanos para a guerra contra o Ira-que atribui consistentemente estereótiposideológicos de tribalismo, crueldade, in-justiça e atraso a Saddam, ao passo queBush e os Estados Unidos são descritos emostrados com símbolos positivos comodemocracia, desenvolvimento, força, jus-tiça e libertação. A guerra, portanto, émostrada como oposição entre democra-cia e barbárie, liberdade e totalitarismo.

A linha da revista Veja, segundo o artigoda estudante de Relações Internacionais AnaVirgínia(2005)9, remete ao pensamento doorientalista Bernard Lewis10 onde o escritortraça um perfil das sociedades muçulmanasmuito convenientes para os interesses e in-vestidas do ocidente, assim os muçulmanos

8 Dorneles, Vanderlei.A revista imperialista. Esteartigo faz parte do trabalho apresentado no Núcleode Semiótica da Comunicação apresentado no XXVICongresso Anual em Ciência da Comunicação reali-zado em Belo Horizonte/MG, de 02 a 06 de setembrode 2003.

9 Queiroz, Ana V.A ocidentalização da informa-ção.Texto inédito.

10 Lewis, Bernard T.O que deu errado no OrienteMédio?Jorge Zarah: Rio de Janeiro, 2002.

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são vistos como atrasados e inferiores em re-lação ao mundo ocidental. Segundo Lewis,os muçulmanos que já foram “superiores”ao Ocidente em todos os aspectos materi-ais e culturais e teriam se acomodado, en-quanto isso, os europeus com suas invençõese experimentos ultrapassaram os muçulma-nos, passando a ser detentores do modeloeconômico, político, militar e cultural, queespalhava e continua disseminando o pólenda prosperidade. Ambos afirmam que a re-sistência é uma conseqüência da inveja e doódio ao Ocidente que se proliferou pelo Ori-ente porque os ocidentais teriam superadoem todos as matérias os muçulmanos.

Ao classificar Saddam de ditador, ela re-flete a maneira americana de julgar Saddame esquece que Bush foi ditador na medidaque invadiu o Iraque sem o consentimento daONU e teve uma eleição presidencial duvi-dosa., como afirma Tariq Ali11 (2003).

Bush e Blair são líderes eleitos. Mesmoque se ponha em dúvida a eleição deBush, o que está claro é que ele teveapoio praticamente unânime tanto do Se-nado quanto do Congresso, assim comodo partido Democrático, cujas maioresestrelas, Sr. e Sra. Clinton, tiveram pa-pel importante para convergir a opiniãopública a favor da guerra.

Assim como a maioria dos meios de co-municação, a revistaIstoé procurou basearsua cobertura no enquadramento político(72,7 % de todo o material analisado), mos-trando o processo de tomada de decisões eexercício do poder, com suas relações de ali-anças e repúdios, e seus efeitos para a or-

11 Ali, Tariq. Bush na Babilônia: a recolonizaçãodo Iraque. Rio de Janeiro: Record, 2003

dem internacional. Pouco apareceu o enqua-dramento humano (4,5%), militar e tecno-lógico (13,6%) e o econômico (9,2%). En-quadramento aqui é entendido a partir dadefinição de Gitlin,1980( apud Mauro Porto200212, ou seja, “como recursos que orga-nizam o discurso através de práticas especí-ficas (seleção, ênfase ,exclusão,etc.) e queacabam por construir uma determinada in-terpretação dos fatos”. Outra definição deenquadramento é a de Entman, 1994(apudMauro Porto 2002). Para este autor, enqua-drar significa “selecionar alguns aspectos deuma realidade percebida e fazê-los mais sa-lientes em um texto comunicativo, de formaa promover uma definição particular do pro-blema, uma interpretação casual, uma avali-ação moral e/ou uma recomendação de trata-mento para o item descrito”.

Na realidade o enquadramento humano sóvai surgir em duas reportagens: quando ogaroto Ali Ismael Abbas perdeu seus pais eseus membros superiores e inferiores, ondenessa mesma reportagem ( A marca humana-16/04/2003) tratará da morte do cinegrafistada Reuters. E quando a revista vai mostrar otratamento dado a crueldade com os presosde guerra americanos. Segundo a jornalistae escritora Alessandra Aldé13 (2003), o en-quadramento que justifica a cobertura jorna-

12 Mauro Porto,Enquadramentos da mídia e po-lítica. Trabalho apresentado ao 25o Congresso daSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares daComunicação (INTERCOM), Salvador/BA, 3 a 6 desetembro de 2002.

13 Aldé, Alessandra. Mídia e guerra: enquadra-mentos do Iraque. Este artigo faz parte do trabalhoapresentado no simpósio “A guerra do Iraque e asconseqüências da doutrina de segurança nacional dosEstados Unidos da América de setembro de 2002”,realizado em julho de 2003 pelo Centro de EstudosPolítico-Estratégico da Escola de Guerra Naval ( RJ).

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lística da guerra é o humano onde são mos-trados os efeitos da guerra sobre a populaçãosubmetida e na destruição civil:

Numa guerra, é difícil dissociar o inte-resse público ou nacional do interesse doEstado; a posição dos jornalistas de umpaís em guerra é complicada, portanto,pelo patriotismo inscrito em sua próprianacionalidade. O comando da guerra, porsua vez, empenha-se em mobilizar estesentimento, convencendo a opinião pú-blica da validade e legitimidade do con-flito; para isso, ter os jornalistas alinha-dos ao enquadramento oficial é estraté-gia fundamental. No esforço de guerra,cada parte envolvida procurará ofereceraos meios as “melhores histórias”. O Es-tado procurará inevitavelmente restringire orientar os enquadramentos disponíveissobre uma guerra – que, no entanto, sem-pre possui o “outro lado”, dada a pró-pria lógica do antagonismo. Assim, damesma forma que despejar folhetos depropaganda traduzidos para o árabe – ouo governo do Iraque fazer circular vídeoscom discursos de Saddam Hussein – oesforço de guerra envolve garantir, tantoquanto possível, a divulgação pela im-prensa livre da “versão oficial” dos acon-tecimentos.

Já o enquadramento militar é mostrado em6 reportagens. Nelas a revista trará o arse-nal que os Estados Unidos usaram no Ira-que (As armas do império- 16/04/03), alémdas táticas americanas para chegar logo etomar Bagdá (O cerco a Bagdá- 09/04/03).Nas reportagens em que mostrou o enqua-dramento econômico, a revista trouxe comoconteúdo o boicote aos produtos americanos,

afirmando que “a fúria beligerante de Bush”estava sendo decisiva para o crescimento domercado de consumidores que boicotam osprodutos americanos. E a preocupação comeconomia brasileira em caso de guerra en-focando quais os benefícios que a economiabrasileira terá com a guerra, além das con-seqüências que guerra trará para o mundo,como se pode ver no exemplo abaixo:

No meio da tragédia, o Brasil pode en-contrar oportunidades para sair a salvo..a guerra pode representar uma janela deoportunidades ao Brasil, já que os produ-tos americanos e britânicos despertariamantipatia em partes do mundo árabe.”(12/03/2003 – O preço da guerra)

Como qualquer meio de comunicação im-presso semanal, a revistaIstoéprocurou ex-plorar os vários ângulos ainda não vistos so-bre o conflito. Como a cobertura é caracteri-zada pelo predomínio do enquadramento po-lítico (72,7% de todo o material produzidosobre a guerra), como já foi citado acima,a revista promoveu uma guerra de declara-ções. E por causa dessa guerra de declara-ções a primeira baixa da guerra é a verdade,como mostrou José Rodrigues dos Santos ci-tando Philip Knightley no livroA verdade daguerra14. A conseqüência dessa guerra dedeclarações, será a personalização da guerraem Bush, como já foi mostrado.

Os editorial é a oportunidade que o veí-culo de comunicação, ou grupo, tem para de-finir sua opinião sobre determinado aconteci-mento. Em seus editoriais (5), aIstoé, mos-tra uma constante personalização da guerraonde à revista afirmava que a ação americana

14 Santos, José Rodrigues. A verdade da guerra. 3a

ed. Gradativa:Lisboa, 2002.

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ao Iraque não era uma ação do povo ame-ricano contra o povo iraquiano e, sim, umaguerra pessoal entre, E.U.A de Bush contra oIraque de Saddam, como observamos nessefragmento do editorial do dia 26/03/2003 (Cretinice e Insensatez).

Bush, com o seu inconfundível ar parvo,decorava o discurso, ajeitava-se na ca-deira e experimentava expressões dramá-ticas que se adequassem à tarefa, en-tre sorrisos e caretas cínicas, patéticas econstrangedoras. A exibição de cretiniceexplícita foi feita defronte às câmeras –em transmissão global da BBC, que foidepois reprisada por outras emissoras –enquanto seus cabelos eram ajeitados poruma auxiliar. A cretinice só não é maiorque a insensatez” (26/03/03- Cretinice eInsensatez).

A armadilha de Bush (02/04/2003) foi ou-tro editorial que refletia a mesma opinião.

A invasão do Iraque começou mal. Apósa primeira semana de guerra já está claroque a arrogância superou a prudência nasestratégias bélicas da coalizão lideradapor Bush. Pressionado pela opinião mun-dial, já furiosa com a invasão, Bush op-tou por chegar logo a Bagdá e acabarlogo com a brincadeira, reduzindo Sad-dam Hussein a pó.

Outra característica importante encon-trada nos editoriais foi à presença das proje-ções. A revista sempre estava alertando quea vitória de Bush levaria ao início de umaera de incertezas para o mundo. È o que vemneste trecho do editorial do dia 16/04/2003(Triste simbologia):

Antes de derrubar o ditador, o soldadohasteou em sua cara a bandeira ame-ricana, deixando para a posteridade ainequívoca autoria do feito. Mas o sím-bolo também serve como alerta, poismarca a vitória dos falcões de Bush –a turma liderada pelo secretário de De-fesa Donald Rumsfeld e seu auxiliar PaulWolfowitz – e o início de uma era de in-certezas para o resto do mundo. Bagdádemorou muito pouco para ser conquis-tada e cobrou poucas vidas de soldadosamericanos, e isso coroou e legitimou,dentro do ninho dos falcões, a nova dou-trina de invadir antes de perguntar.

A reportagem, como já foi citado, é aprincipal forma das revistas explorarem osfatos. A revista Istoé, em suas repor-tagens, explorou sua opinião contraria aguerra mostrada nos editoriais que se prolon-gou em capas como “O atoleiro de Bush′′,“Insensatez′′ e “As garras do império”. Ne-las percebe-se, mais uma vez, uma per-sonalização da guerra em Bush, principal-mente através de títulos como: “Os ho-mens de Saddam” (19/03/2003), “Bush dáas cartas”(23/04/2003) e “A doutrina Bush”(26/03/2003). Além disso, como já foi ci-tado, foram mostrados, também nas reporta-gens, os efeitos da guerra para a economiamundial, a insistência de Bush e sua turmaem atacar o Iraque, os devastadores ataquesàs cidades iraquianas e o perigo da ação ame-ricana prolongar-se a países como Coréia doNorte e Síria. Nas reportagens a revista tam-bém mostrou que o não apoio da França e daAlemanha a guerra era porque eles não viamcom bons olhos que os Estados Unidos co-locassem a mão nas torneiras de petróleo doIraque (Eixo Paris-Berlim? - 19/02/03):

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A inquebrantável decisão do presidenteamericano, George W. Bush, de atacaro Iraque para forçá-lo a se desarmar –ou para pôr as mãos no petróleo de Sad-dam Hussein – está criando condiçõespara que os dois países mais poderosos daUnião Européia, a França e a Alemanha,esbocem a formação de um eixo Paris-Berlim – o “eixo da paz” ou o “eixo da in-veja”, conforme o ângulo em que se vê –,fazendo um contraponto europeu ao uni-lateralismo de Washington.

Em seu texto, a revista apontava tambémque o principal objetivo da ação americanano Iraque era o petróleo iraquiano. “Nãoao derramamento de sangue pelo petróleo”,(26/02/03.- As ruas dizem não). Ela acredi-tava que a invasão americana no Iraque ocor-reu porque Bush queria controlar o petróleoiraquiano. E essa será a mesma justificativaencontrada por José Arbex Jr.15 para a açãoamericana no Iraque:

[....] todos sabem que Bush filho nãoataca o Iraque por “motivos humanitá-rios”, mas por petróleo (em 1991, Bushpai teve um sucesso bem maior, ao ven-der a versão de que atacava Bagdá paraliberar o Kuwait e salvar o mundo do“novo Hittler” que surgiu no Oriente Mé-dio); todos sabem que Saddam Husseinnão tem “armas de destruição em massa”– fato atestado pelos enviados das Or-ganização das Nações Unidas, e ampla-mente divulgado pelos meios de comu-nicação, e comprovado pela ausência deevidencias após a ocupação do Iraque.

15 Arbex, José Junior.Jornalismo Canalha:a pro-míscua relação entre a mídia e poder. Casa Amarela:São Paulo, 2003

Sabem que Bush despreza solenemente aONU, os tratados internacionais, os maiselementares princípios humanitários.

Tariq Ali (2003) contrapõe essa idéia afir-mando que a guerra não era só pelo petróleoe explica:

A expedição a Bagdá foi planejada comoo primeiro movimento da nova posturadoze anos de bloqueio e os bombardeiosanglo-americanos não conseguiram des-truir o regime do Baath nem remover seulíder. Não poderia haver melhor demons-tração da mudança para uma estratégiaimperial mais ofensiva do que dar logoum exemplo disso. Se nenhuma razãoisolada explica a escolha do Iraque comalvo, há pouco mistério sobre a série decálculos por trás dela. Em termos econô-micos, o Iraque possui a segunda maiorreserva de petróleo barato do mundo; adecisão de Bagdá, em 2000, em cobrarsuas exportações em euros em vez de dó-lares arriscou-se a ser imitada por Chá-vez na Venezuela e pelos mulas irania-nos; a privatização dos poços iraquianossob controle norte-americano ajudaria aenfraquecer a OPEP; em termos estraté-gicos, a existência de um regime árabeindependente em Bagdá sempre irritouos militares israelenses- mesmo quandoSaddam era aliado do ocidente, as forçasde defesa israelenses forneceram peçassobressalentes a Teerã durante a guerraIrã- Iraque; com a nomeação de republi-canos fanáticos próximos ao Likud paracargos importantes em Washington, eli-minar um adversário tradicional tornou-se objeto imediato para Jerusalém.

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Outro ponto abordado nesse gênero jor-nalístico foram às manifestações da opiniãopública classificadas como uma ‘contrapontoao poderio americano’. As manifestaçõeseram uma vista como uma barreira a Bush,como se pode perceber nesse fragmento:

Se as manifestações da opinião públicapoderão deter a obsessão guerreira deW. Bush, só o tempo dirá. De qual-quer modo, nada será como antes dosdois lados do Atlântico ”. Além disso,foram mostrados também os efeitos daguerra para a economia mundial, a insis-tência de Bush e sua turma em atacar oIraque, os devastadores ataques as cida-des iraquianas e o perigo da ação ameri-cana prolongar-se a países como Coréiado Norte e Síria. Em seu texto, apontavatambém que o principal objetivo da açãoamericana no Iraque era o petróleo ira-quiano. “Não ao derramamento de san-gue pelo petróleo”, (26/02/03.- As ruasdizem não).

As armas de destruição em massa foramvistas como uma charada, como vemos nessasituação: “As armas de destruição em massaperfazem a charada mais difícil de se deci-frar” (14/05/2003). Quanto às armas TariqAli (2003) afirma que:

O presidente Bush, apoiado pelas redesde televisão domesticadas, viera refor-çando a questão das armas nos sete mesesanteriores a invasão. A propaganda caiusobre o público americano como umatonelada de tijolos, mas afora do paíspoucos acreditaram nos exageros grotes-cos. [...] O império americano usava seuimenso arsenal militar para ensinar o Sul

uma lição sobre o poder do Norte de inti-midar e controlar.

4 Conclusões

A revista Istoéantes e durante a ação ame-ricana em março de 2003, no Iraque, apre-sentou uma cobertura diferente dos outrosmeios de comunicação, pois caracterizou suacobertura na personalização da guerra emGeorge W. Bush e isso aconteceu devido opredomínio do enquadramento político, tor-nando a guerra um confronto de discursose simplificando o conflito. Para a revista, aguerra era pessoal e nada tinha a ver comos americanos e iraquianos. Partindo disso,ela utilizou títulos, fotos e capas como “ Oatoleiro de Bush” e “As Garras do Império”para mostrar o fundamentalismo e unilatera-lidade do presidente americano explicitandoque a ofensiva ao Iraque era a ‘Guerra deBush’. Em seu texto vai estar presente suaopinião contraria a guerra mostrada no edi-torial e presente nas reportagens e sucedidaaté em capas. Ao tratar da imagem de Bushe Saddam, mostrará o primeiro como ‘in-sensato’, ‘cretino’ porém, inteligente, e, osegundo como o ‘ditador sanguinário’ ou o‘monstro de Bagdá’, fazendo uma reprodu-ção da abordagem de sua concorrente, Veja.Ao classificar Saddam de ditador, ela refletea maneira americana de julgar Saddam e es-quece que Bush foi ditador na medida queinvadiu o Iraque sem o consentimento daONU e teve uma eleição presidencial duvi-dosa, como afirma Tariq Ali emBush na Ba-bilônia (2003). É necessário lembrar tam-bém que o presidente americano hoje gastamuito mais com guerra do que com a saúde

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dos americanos, como expressa Tarek Aziz,em Iraque: a guerra permanente16:

Hoje, o governo americano gasta menospara o ensino, a saúde, os serviços soci-ais do que para o Pentágono. Todo essedinheiro é dado a sociedades próximasao governo que produzem armamentos emunições. Depende então do interessedesses estabelecimentos, de seu interessefinanceiro particular, criar um sentimentode perigo, de angústia nos americanospara que eles aceitem esses gastos em vezde reclamar contra a diminuição dos or-çamentos para o ensino e para a saúde.

O principal dessa personalização daguerra foi à simplificação do conflito, pois,a reportagem, que deveria trazer aos leitoresuma abordagem maior dos fatos para ampliaro conhecimento dos leitores da revista ofere-cendo assim ângulos ainda não visto sobreos fatos, preenchendo assim o vazio deixadopelo jornalismo diário (jornal, rádio e tele-visão). Numa reportagem é preciso ir além.É necessário detalhar os fatos, questionar einterpretar suas causas e efeitos e essa foia principal falha encontrada na revistaIstoé.Adelmo Genro Filho17 mostra que é necessá-rio repensar a reportagem para que não sejaapenas “operacional” para o editor. Comoveremos na citação abaixo:

Na reportagem, a singularidade atinge aparticularidade sem, no entanto, superar-se ou diluir-se nela. [...] Mas essa pre-

16 Denaud, Patrick.Iraque: a guerra permanente.Qualitymark: Rio de Janeiro, 2003

17 GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâ-mide - para uma teoria marxista do jornalismo. PortoAlegre, Tchê, 1987. pp. 183-202

servação do singular pode se dar, na re-portagem, não só numa totalidade es-tética como igualmente numa totalidadesintético-analítica, que tanto pode pro-piciar um nível de apreensão teórico-científica propriamente dita, como sim-plesmente intuitiva.

Concluindo, o que fica claro da analise darevistaIstoé, como já vimos, é a personali-zação da revista em Bush que só se deu por-que a revista baseou-se no enquadramentopolítico, tornando a guerra simplificada e umconfronto de diálogos e reduzindo a reporta-gem a uma guerra de declarações.

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