ip sistema nacional de inovação jan2013

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Emerson H S Chenta IP – INOVATEC - Jan/13 Sistema Nacional de Inovação: oportunidades de fomento e incentivos “O Brasil está implementando políticas mais sistemáticas de apoio à inovação, e, mais especialmente, vem objetivando engajar as empresas em estratégias de inovação de produtos, de processos, de formas de uso, de distribuição, de comercialização, etc., visando a atingir, dessa forma, um patamar superior de desenvolvimento e de geração de renda.” (Mário Sérgio Salerno e Luiz Cláudio Cubota, Estado e Inovação, IPEA, 2009. http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/inovacaotecnologica/capitulo01.pdf). Os benefícios e vantagens têm se tornado tão significativos, que as empresas que não aproveitarem dos ganhos gerados pelos benefícios estarão em grande desvantagem mercadológica com relação àquelas que os aproveitam. Dessa forma, apresentamos a seguir em que consiste esses incentivos e as exigências para se lograr a sua obtenção. Sistema Nacional de Inovação O papel da inovação como um dos motores do crescimento econômico foi primeiramente detectado e inserido nos modelos macroeconômicos por Robert Solow (1956), do Michigan Institute of Technology. Nos seus estudos sobre os fatores de produção que determinavam o desenvolvimento econômico de uma nação (até então população, recursos naturais e capital), Solow identificou a necessidade de se inserir uma nova variável nos cálculos para explicar os dados históricos. Essa variável de ajuste foi logo identificada como o que se chama hoje de inovação tecnológica, rendendo a Solow o prêmio Nobel de economia em 1987.

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  • 1. Emerson H S ChentaIP INOVATEC - Jan/13Sistema Nacional de Inovao: oportunidades de fomento e incentivosO Brasil est implementando polticas mais sistemticas de apoio inovao, e, maisespecialmente, vem objetivando engajar as empresas em estratgias de inovao deprodutos, de processos, de formas de uso, de distribuio, de comercializao, etc.,visando a atingir, dessa forma, um patamar superior de desenvolvimento e de geraode renda. (Mrio Srgio Salerno e Luiz Cludio Cubota, Estado e Inovao, IPEA,2009. http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/inovacaotecnologica/capitulo01.pdf).Os benefcios e vantagens tm se tornado to significativos, que as empresas que noaproveitarem dos ganhos gerados pelos benefcios estaro em grande desvantagemmercadolgica com relao quelas que os aproveitam. Dessa forma, apresentamos aseguir em que consiste esses incentivos e as exigncias para se lograr a sua obteno.Sistema Nacional de InovaoO papel da inovao como um dos motores do crescimento econmico foiprimeiramente detectado e inserido nos modelos macroeconmicos por Robert Solow(1956), do Michigan Institute of Technology. Nos seus estudos sobre os fatores deproduo que determinavam o desenvolvimento econmico de uma nao (at entopopulao, recursos naturais e capital), Solow identificou a necessidade de se inseriruma nova varivel nos clculos para explicar os dados histricos. Essa varivel deajuste foi logo identificada como o que se chama hoje de inovao tecnolgica,rendendo a Solow o prmio Nobel de economia em 1987.
  • 2. J o embrio do conceito de Sistema Nacional de Inovao foi inicialmente divulgadopelos trabalhos dos argentinos Jorge Sbato e Natlio Botana (1967). O chamadoTringulo de Sbato previa a articulao de polticas governamentais, infra-estruturade C&T e a estrutura produtiva como um sistema para o desenvolvimento econmico esocial de uma nao. Esses trabalhos, entretanto, no tiveram grande repercussomundial.Henry Etzkowitz (1996) props um novo modelo que descrevia a interao entre auniversidade, indstria e governo. Contrastando com o modelo tradicional, em que ofluxo do conhecimento ocorria em um sentido nico da pesquisa bsica para ainovao, Etzkowitz mostrou que h tambm um fluxo inverso de conhecimento daindstria para a academia. Esse modelo ficou conhecido como Triple Helix.Anteriormente, Rosenberg (1976) j apontava a bi-direcionalidade no estabelecimentode agenda entre Cincia e Tecnologia. Etzkowitz complementou essas conclusesinserindo o estabelecimento de agenda de C&T tambm pelos agentes econmicos.Esses estudos, oriundos da escola britnica vm inspirando muitos pases aestruturarem seus Sistemas Nacionais de Inovao.Alm disso, da Teoria de Sistemas, sabemos que um sistema constitudo porcomponentes que estabelecem entre si relaes bem definidas. Desse modo, cadacomponente possui sua funo e h fronteiras que distinguem o papel de atuao decada um deles.No Sistema Nacional de inovao brasileiro temos, por exemplo, as agncias defomento e financiamento (como o BNDES, FINEP e FAPs), as universidades e centrosde P&D pblico e privados (que formam a estrutura de C&T no pas), as empresas queintroduzem as inovaes no mercado e as agncias governamentais que criam polticase leis para regular o ambiente.Ora, a combinao desses componentes e de suas funes com objetivo de fomentar ainovao em um pas gera o Sistema Nacional de Inovao. interessante que no processo de alocao de recursos escassos os agentesfinanciadores tendem a priorizar a disponibilizao de recursos para etapas maisavanadas do processo de inovao, devido percepo de risco. Alm disso,atividades econmicas mais estruturadas e com um histrico de atuao conhecidotambm so priorizadas na alocao desses recursos.
  • 3. Esses dois fatores de anlise (risco e histrico) so resultantes dos nveis de incertezaenvolvidos no desenvolvimento de C,T&I (Cincia, Tecnologia e Inovao), bem comoda necessidade dos agentes financiadores receberem de volta os recursosemprestados. Dessa forma, pode-se concluir que o desenvolvimento de inovaotecnolgica em um pas, apesar de ser um item fundamental para o desenvolvimentoeconmico, individualmente no priorizado pelos agentes econmicos, fazendo comque o fomento a essas atividades fique a cargo de polticas mais amplas e de longoprazo. Nesse ponto que entra o papel do Estado e sua funo de incentivo inovao.Os instrumentos de incentivos basicamente se constituem de mecanismos de funding,de equity e de benefcios fiscais.Os instrumentos de funding e finance dependem, em muito, da maturidade financeirade um pas. Enquanto o finance basicamente se concretiza atravs de emprstimosbancrios e exige um sistema bancrio forte e desenvolvido, o funding se realizaatravs de operaes de equity, isto , compra de participao societria no negcio,que exige um mercado de capitais mais desenvolvido.No Brasil sabe-se que o sistema bancrio j bastante desenvolvido, embora omercado de capitais ainda no tenha atingido o grau de maturidade dos pases maisdesenvolvidos. Dessa forma, o governo j possui aes bastante estruturadas definance em suas agncias de fomento e vem, pouco a pouco, criando aes defunding. Essas aes, principalmente as de funding, visam fomentar a maturao domercado de capitais, gerando demanda e formando recursos humanos paradesenvolvimento dessa indstria no pas, a exemplo do que aconteceu nos EstadosUnidos com o fomento estatal no desenvolvimento inicial de sua indstria de VentureCapital.Outro ponto fundamental nesse processo que, apesar do subsdio estatal a agenteseconmicos ser proibido pelas leis de comrcio exterior, havendo inclusive retaliaesno mbito da Organizao Mundial de Comrcio (OMC) para aes desse tipo, osubsdio estatal s atividades de P&D,I uma das poucas permitidas nas mesmasregras de comrcio internacional.Isso compreensvel considerando as informaes apresentadas anteriormente, ouseja, que a alocao dos recursos para etapas de maior risco no processo de inovaono priorizado pela iniciativa privada, cabendo ao Estado fomentar esse tipo de
  • 4. iniciativa. Alm disso, a principal fonte de financiamento para projetos de inovao nasempresas so os recursos prprios, resultado do reinvestimento dos lucros excedentesauferidos. A participao do Estado de forma complementar nesse processo,principalmente nas fases de maior risco para as empresas, impulsiona as empresas aarriscarem em parceria com o poder pblico, de forma a reduzir riscos e custos nodesenvolvimento de seus projetos, gerando, inclusive, adicionalidade de investimento(De Negri, 2008).Nas polticas pblicas tambm se empregam mecanismos de incentivos fiscais inovao. Esse mecanismo tende a favorecer o alto risco e grandes projetos,penalizando as pequenas e mdias empresas que no possuem atividades de P,D&I(Pesquisa, Desenvolvimento e Inovao) com economias de escala e escopo.Incentivos fiscais inovao so subsdios considerados lcitos na esfera do comrciointernacional.Portanto, o governo criou diversos tipos de mecanismos para estimular a inovao emno pas. Esses instrumentos preveem as necessidades nas diversas etapas dedesenvolvimento de C,T&I de uma nao. Com isso, o governo torna-se capaz deinterferir e influenciar no contexto de gerenciamento do risco produtivo de diversasmaneiras (CORDER, 2005): assumir completamente certos riscos produtivos rejeitados pelos investidores privados; oferecer garantias de emprstimos, reduzindo o risco de insolvncia dos prestamistas; assumir parte do risco do investidor, qualquer que seja a forma que ele pode tomar; subsidiar ou reduzir as taxas de juros, encurtando o tempo necessrio para o investimento produzir um retorno; influenciar o modo pelo qual os investidores privados percebem o risco atravs de parcerias pblico-privadas; atuar como acionista; proteger e estimular a propriedade intelectual como forma de estmulo a inventividade e benefcio econmico individual.
  • 5. Como apontado pela OCDE, em um mundo ideal, para o financiamento de um nmeromximo de projetos factveis, o sistema de financiamento inovao seria um coqueteladequado a cada estgio do ciclo do projeto correspondente estrutura deinvestimento e ao grau de incerteza de cada etapa (OCDE, 1995).Incentivos fiscaisHistoricamente a estrutura de Cincia, Tecnologia e Inovao brasileira trilhou ocaminho tradicional percorrido pelos pases desenvolvidos, estabelecendo-seprimeiramente as universidades voltadas para pesquisa, com a criao dos cursos deps-graduao, a partir da dcada de 1970, e posteriormente, ao final da dcada de1980, no Governo Sarney, a criao o Programa de Desenvolvimento TecnolgicoIndustrial (PDTI) e o Programa de Desenvolvimento Tecnolgico na Agricultura (PDTA)que visavam envolver as empresas na funo de desenvolvimento de pesquisatecnolgica e desenvolvimento de inovao tecnolgica.A Lei 10.973/04, conhecida como Lei de Inovao de 2004 foi um marco importante.Regulamentada pelo decreto 5.563/05, teve como objetivo criar um ambiente propciono pas s parcerias estratgicas entre as universidades, institutos de pesquisa e asempresas.Baseada na legislao francesa, que tratou sobre o tema em 1999, a Lei de Inovaoestabeleceu medidas de incentivo pesquisa cientfica e tecnolgica no ambienteprodutivo, com vistas capacitao, ao alcance da autonomia tecnolgica e aodesenvolvimento industrial do pas.Os principais temas de que a Lei trata podem ser divididos da seguinte forma: Medidas para a construo de ambientes especializados e cooperativos deinovao; Mecanismos que estimulem a participao das ICTs (Instituio Cientfica eTecnolgica) no processo de inovao; Medidas de estmulo inovao nas empresas; Apoio ao inventor independente; Autorizao para criao de fundos de investimento com dinheiro pblico parainovao.
  • 6. Esses mecanismos visaram regulamentar e operacionalizar, no Brasil, os mecanismosexplicitados anteriormente.Na prtica, criaram-se mecanismos de fomento pblico s atividades de inovao nasempresas, incentivos fiscais (Lei do Bem), fundos de capital semente para financiarempresas nascentes de base tecnolgica, alm dos NITs (Ncleo de InovaoTecnolgica) nas universidades.Lei do BemUma mudana de qualidade ocorreu em 2005, com a disponibilizao de um conjuntoindito de instrumentos de apoio inovao nas empresas, bem como de algumasinstituies para ajudar nesse movimento. O Pas passou a contar, ento, com lei deincentivo fiscal Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) nas empresas, semelhante dosprincipais pases do mundo, e, em alguns casos, melhor e mais eficiente, pois deadoo automtica, sem exigncias burocrticas, como no caso dos incentivos fiscaisprevistos na Lei do Bem; com a possibilidade de subveno a projetos de empresasconsiderados importantes para o desenvolvimento tecnolgico; com subsdio para afixao de pesquisadores nas empresas; com programas de financiamento inovao;com programas de capital empreendedor; e com arcabouo legal mais propcio para ainterao universidade/empresa. (Mrio Srgio Salerno e Luiz Cludio Cubota, Estadoe Inovao, IPEA, 2009.http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/inovacaotecnologica/capitulo01.pdf ).A Lei de Inovao previu que o Estado poderia criar mecanismos de incentivo inovao, como incentivos fiscais. A Lei 11.196/05, conhecida como Lei do Bem, veiocriar esses incentivos. Alm de oferecer diversos benefcios sociedade atravs demecanismos de incentivo exportao de servios de tecnologia da informao(REPES), para aquisio de bens de capital por empresas exportadoras (RECAP), paraprogramas de incluso digital, para apoio a micro e pequena empresa (SIMPLES),tambm criou os incentivos fiscais inovao tecnolgica no seu terceiro captulo.A finalidade desses incentivos oferecer um ganho de caixa s empresas, atravs deredues da base de clculo do imposto de renda (IR) e da CSLL (Contribuio Socialsobre Lucro Lquido); da reduo de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e
  • 7. da gerao de crditos de IR para remessas ao exterior para atividades de pesquisatecnolgica e desenvolvimento de inovao tecnolgica.Os incentivos fiscais oferecidos pela Lei do Bem so: Excluso adicional (alm dos 100% j apurados) de 60% a 80% dos dispndioscom inovao tecnolgica da base de clculo do IR e da CSLL, alm de 20% adicionalpara os dispndios vinculados pesquisa tecnolgica e desenvolvimento de inovaotecnolgica objeto de patente concedida ou cultivar registrado; Reduo de 50% na alquota do IPI dos equipamentos, mquinas,instrumentos, aparelhos, acessrios sobressalentes e ferramentas que acompanhamesses bens destinados pesquisa e desenvolvimento tecnolgico; Desde 17 de setembro de 2008 (Lei 11.774/08): depreciao integral, noprprio ano da aquisio, de mquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos,novos, destinados utilizao nas atividades de pesquisa tecnolgica edesenvolvimento de inovao tecnolgica, para efeito de apurao do IRPJ e da CSLL.Entre 13 de maio de 2008 e 17 de setembro de 2008 (MP 428) a depreciao integralpoderia ser aplicada apenas para a apurao do IR, excetuando-se a CSLL. Dapromulgao dos incentivos em 2006 at 13 de maio de 2008, a depreciao eraacelerada em duas vezes, alm da depreciao usual, apenas para o IR; Amortizao integral no ano de aquisio, mediante deduo como custo oudespesa operacional, no perodo de apurao em que forem efetuados, dos dispndiosrelativos aquisio de bens intangveis, vinculados exclusivamente s atividades depesquisa tecnolgica e desenvolvimento de inovao tecnolgica, classificveis no ativodiferido do beneficirio, para efeito de apurao do IRPJ; Crdito do imposto sobre a renda retido na fonte, incidente sobre os valorespagos, remetidos ou creditados a beneficirios residentes ou domiciliados no exterior,a ttulo de royalties, de assistncia tcnica ou cientfica e de servios especializados,previstos em contratos de transferncia de tecnologia averbados ou registrados nostermos da Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996 (20% de crdito at 2008 e 10% entre2009 e 2013);
  • 8. Reduo a zero da alquota do imposto sobre a renda retido na fonte nasremessas efetuadas para o exterior destinadas ao registro e manuteno de marcas,patentes e cultivares.Com relao ao primeiro item, a definio da faixa de benefcio entre 60% e 80%adicionais dos dispndios ser definida pelo incremento da mdia do nmero depesquisadores contratados no ano-calendrio de gozo do incentivo. Caso no hajaincremento ou, at mesmo reduo no nmero de pesquisadores contratados, aempresa utilizaria a taxa de 60%. Um incremento de at 5% no nmero depesquisadores contratados elevaria a taxa do incentivo para 70%. Incrementosmaiores que 5% elevariam a taxa do incentivo para 80%.Pesquisador contratado, para a Lei do Bem, o graduado, ps-graduado, tecnlogoou tcnico de nvel mdio, com relao formal de emprego com a pessoa jurdica queatue exclusivamente em atividades de pesquisa tecnolgica e desenvolvimento deinovao tecnolgica. Alm disso, a legislao define que o incremento deva sercalculado em relao mdia do ano calendrio atual com relao mdia do anocalendrio anterior, salvo os incentivos utilizados at 2008 que poderiam ter o nmerode pesquisadores contratados comparados com o ano de 2005, a escolha da empresa.Resumindo: a empresa pode obter de 20,4% (alquota de impostos IR e CSLL34%*60% de deduo adicional da base) de economia do gasto com o projeto deinovao 34% (alquota de impostos IR e CSLL 34%*100% de deduo adicional dabase) dos valores gastos no projeto.Leis EstaduaisA Lei de Inovao permitiu que a Unio adotasse diversas medidas de incentivo inovao. Muitos estados promulgaram leis estaduais, passando a oferecer subvenoeconmica s empresas privadas, incentivos estaduais para atividades de inovaotecnolgica e estmulos para criao de incubadoras e parques tecnolgicosfortalecendo a relao de cooperao entre as universidades e empresas e governo.Um ponto forte nas legislaes estaduais a criao dos NITs (Ncleo de InovaoTecnolgica) nas universidades. A eles foram concedidos alguns poderes, tais como adefinio da maneira de transferir as tecnologias desenvolvidas para as empresas e os
  • 9. critrios para a diviso da propriedade intelectual dos projetos desenvolvidos em suasinstalaes.Alm disso, as leis incentivam o processo de inovao nas micro e pequenas empresasna medida em que direcionam a elas as aes de fomento inovao e estimulam acriao de empresas com profissionais altamente qualificados quando propiciam aospesquisadores pblicos a oportunidade de se licenciarem para a criao de novosnegcios de base tecnolgica.Os Estados de So Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Amazonas, Bahia, Mato Grossoe Cear promulgaram suas respectivas leis estaduais de inovao. J os Estados deGois, Rio Grande do Sul, Par, Sergipe, Rio de Janeiro, Pernambuco, Esprito Santo,Paran, Mato Grosso do Sul, Maranho, Alagoas, Rio Grande do Norte e o DistritoFederal esto discutindo seus projetos para leis estaduais.Mecanismos no-reembolsveis inovaoDo que foi apresentado acima, pode-se afirmar que h diversos mecanismos sendocriados pelos governos estaduais e federais para fomentar a inovao nas empresas.Anteriormente havia-se demonstrado o papel fundamental do Estado nas fases iniciaisdo processo de inovao, justamente quando os riscos so maiores e o historio dasempresas nascentes so ainda insuficientes para os agentes financiadores liberaremrecursos via mecanismos de finance.Com isso, entre os diversos mecanismos possveis para incentivar a inovaotecnolgica no pas, o fomento no reembolsvel de fundamental importncia, sendoque, na esfera federal, desde que foi promulgada a Lei de Inovao em 2004, cerca deR$ 1 bilho foi disponibilizado de forma no reembolsvel a cerca de 500 projetos nopas. Os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro j realizaram programas de fomentosemelhantes, disponibilizando mais de R$ 20 milhes e R$ 24 milhes,respectivamente.Alm dos programas diretos de subveno econmica, h os programas setoriais,como o CT-Mineral, o FUNTTEL entre outros, e programas de insero do pesquisadorna empresa, como o Pesquisador na Empresa, ambos do CNPq (Conselho Nacional deDesenvolvimento Cientfico e Tecnolgico). H programas especficos para fomentar
  • 10. projetos junto a ICTs em parceria com empresas, como o FUNTEC (FundoTecnolgico) do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social) e osConvnios Empresa-FAPESP.Essa quantidade de programas de fomento visa justamente elencar o mximo possvelde possibilidades para o desenvolvimento de inovao, incentivando-a em seusdiversos estgios (pesquisa bsica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental)e tamanhos (micro, pequena, mdia e grande empresa), at efetivamente chegar aomercado. Uma vez estabelecido o plano do projeto de inovao possvel verificarsuas fases e os incentivos mais adequados para tal.FINEP Subveno EconmicaO programa Subveno Econmica da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) jest em sua quarta edio, tendo disponibilizado at o momento mais de R$ 1 bilhopara cerca de 500 projetos.O objetivo deste programa promover um significativo aumento das atividades deinovao e o incremento da competitividade das empresas e da economia do pas.O programa funciona na forma de editais. A empresa interessada deve submeter oprojeto detalhado com evoluo do cronograma fsico e financeiro, time envolvido eimpactos tecnolgicos, econmicos e sociais do projeto, entre outras informaes.Nos editais so contemplados algumas linhas tecnolgicas especficas para asubmisso de projetos. No edital de 2009 estavam disponveis R$ 450 milhes, sendocontempladas as seguintes reas: Tecnologia da Informao e Comunicao Biotecnologia Sade Programas Estratgicos Energia Desenvolvimento Social
  • 11. Nesse programa exigida uma contrapartida da empresa beneficiada. O valor varia deacordo com o tamanho da empresa. Empresas que faturam at R$ 2,4 milhes devemoferecer uma contrapartida de 5%. De R$ 2,4 milhes a R$ 10,5 milhes esse valorsobe para 20%. De R$ 10,5 milhes at R$ 60 milhes a contrapartida de 100%.Acima de R$ 60 milhes, exige-se 200% de contrapartida.Como explicado anteriormente, este um programa que visa compartilhar custos eriscos da iniciativa privada com o governo, de forma a estimular o desenvolvimentoeconmico do pas via inovao tecnolgica. possvel acompanhar os editais abertosno diretamente na seo de subveno:http://www.finep.gov.br/como_obter_financiamento/editais_financiamento_ini.aspFINEP PRIMEO programa PRIME foi criado pela FINEP para financiar a inovao tecnolgica e aascenso ao mercado de pequenas empresas no pas. H reservado um oramento deaproximadamente R$ 1,3 bilhes para fomentar cerca de 5.000 empresas em 4 anos.O mecanismo utilizado no programa PRIME oferece R$ 120 mil no-reembolsvel emuma primeira etapa para contratao de tcnicos, administradores e consultores paraestruturar a empresa para o mercado. Em uma segunda etapa so fornecidos R$ 120mil atravs do programa Juro Zero.A empresa interessada em se beneficiar desse programa deve ter at dois anos deexistncia e inscrever o seu plano de negcio em uma das 18 incubadoras selecionadaspara intermediar a distribuio dos recursos pblicos. O projeto da empresa seravaliado dentro dos critrios do programa e os empreendedores devero participar deum curso de imerso em negcios, perodo no qual avaliaro se esto aptos ou no areceberem o capital.As incubadoras ncoras so: Incubadora Tecnolgica Gnesis (PUC-RJ) Habitat Incubadora de Empresas (Fundao Biominas-MG) Centro Incubador de Empresas Tecnolgicas (Cietec-USP)
  • 12. Incubadora de Empresas e Projetos do Instituto Nacional de Telecomunicaes(Inatel-MG) Incubadora de Empresas da Coppe (RJ) Incubadora de Empresas de Base Tecnolgica em Informtica (INSOFTBH MG) Centro de Incubao e Desenvolvimento Empresarial (Cide-AM) Fundao Centros de Referncia em Tecnologias Inovadoras (Certi -SC) Centro de Estudos e Sistemas Avanados do Recife (Cesar-PE) Incubadora Tecnolgica Univap (SP) Centro Incubador de Aracaju (Cise-SE) Instituto Gene de Blumenau (SC) Fundao Parque Tecnolgico da Paraba (PaqTcPB) Incubadora de Empresas Bio-Rio (RJ) Incubadora Tecnolgica Cientec (RS) Incubadora de Empresas de Base Tecnolgica da Unicamp (Incamp-SP) Fundao de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (RS)FAPEMIG PAPPE SubvenoO programa PAPPE da FAPEMIG distribuiu em 2008 R$ 20 milhes no-reembolsveispara empresas sediadas em Minas Gerais.Apesar do carter amplo do programa, ao final verificou-se a predominncia departicipao de pequenas e mdias empresas. O motivo que talvez tenha afastado asgrandes empresas desse edital foi o valor mximo por projeto que poderia sersolicitado: R$ 500 mil.
  • 13. Os projetos deveriam ter durao de 24 meses, ser de cunho tecnolgico e proporsolues com potencial de insero no mercado, de alto impacto social e/ou comercial.Alm disso, a empresa deveria aportar uma contrapartida de 10%.As reas prioritrias foram: frmacos e medicamentos, eletro-eletrnicos, tecnologia dainformao e comunicao, nanotecnologia, biotecnologia, bens de capital, cadeia dopetrleo e gs, cadeia automobilstica, tecnologia ambiental, energia, cadeia dealimentos, agronegcio, minero-metalrgico, qumicos e derivados.At o momento no se tem notcias de um novo programa de fomento a ser realizadopela FAPEMIG.FAPERJ PAPPE SubvenoO programa PAPPE Subveno da FAPERJ distribuiu em 2008 R$ 24 milhes no-reembolsveis para micro e pequenas empresas estabelecidas no estado do Rio deJaneiro.Para participar desse programa a empresa solicitante deveria ter auferido receitaoperacional bruta de at R$ 10.500.000 (dez milhes e quinhentos mil reais). Osprojetos enviados ao edital deveriam estar na faixa de R$ 50 mil a R$ 700 mil e ter at18 meses de durao.O programa fomenta despesas em geral mo de obra interna, material de consumo,servios de terceiros, viagens, estadias e pequenas reformas e adaptaes de infra-estrutura e instalaes.Dentre as linhas atendidas pelo edital esto atividades portadoras de futuro comobiotecnologia, nanotecnologia, biomassa e energias alternativas.At o momento no se tem notcias de um novo programa de fomento a ser realizadopela FAPERJ.CNPq RHAE Pesquisador na Empresa
  • 14. A linha de fomento do CNPq RHAE visa apoiar atividades de pesquisa tecnolgica e deinovao mediante a seleo de propostas para apoio financeiro a projetos que visamestimular a insero de mestres e doutores nas empresas.Os projetos submetidos devem estar dentro das reas prioritrias ou de interesseestratgico do PITCE (Poltica Industrial, Tecnolgica e de Comrcio Exterior):Semicondutores, Software, Frmacos e Medicamentos, Bens de Capital, Biotecnologia,Nanotecnologia, Biomassa e Energias Alternativas, Biocombustveis, Energia Nuclear,Aeronutica e Aeroespacial.So elegveis a este edital micro, pequenas e mdias empresas com faturamento deat R$ 12 milhes anuais.As bolsas fornecidas variam de acordo com a formao do pesquisador e a regio dopas na qual ser executado o projeto. Na ltima verso (bolsa SET) os valoresvariavam de R$ 2.200 a R$ 4.500. Alm da bolsa SET a empresa tambm tem direito aduas bolsas de Iniciao Cientfica Industrial (ITI-A R$ 300) e uma bolsa deDesenvolvimento Tecnolgico Industrial (DTI nvel 3 - R$ 1.045), fazendo uso ou node acordo com seu interesse.BNDES-FUNTECO FUNTEC destina-se a apoiar projetos que estimulem o desenvolvimento tecnolgicoe inovaes de interesse estratgico para o pas.So fornecidos recursos no reembolsveis a ICTs em projetos em parcerias comempresas. Os projetos preferidos so aqueles com claro potencial de mercado.No momento, as linhas estratgicas que consomem 85% dos recursos do fundo so: Energias renovveis, particularmente os desenvolvimentos tecnolgicos capazesde assegurar no longo prazo posio de destaque ou mesmo liderana para o Pasnesta rea; Meio ambiente, voltados a solues para o controle de emisses poluentes deveculos e de indstrias;
  • 15. Sade, especificamente princpios ativos e medicamentos para doenasnegligenciadas; frmacos obtidos por biotecnologia avanada; e apoio construo deinfra-estrutura de inovao em sade, envolvendo biotrios, pesquisa pr-clnica epesquisa clnica.Os 15% de recursos restantes so destinados a outras questes definidas pelasdiretrizes do fundo. Entre elas, pode-se destacar o apoio a projetos que contenhammecanismos para clara introduo da inovao no mercado e temas em que asempresas brasileiras possam vir a assumir papel de destaque no plano internacional.Vale ressaltar que as ICTs incluem tanto pessoas jurdicas de direito pblico quanto dedireito privado sem fins lucrativos. Para grandes empresas isso seria possvel atravsda utilizao de um instituto de pesquisa independente.FAPESP Convnios com EmpresasA FAPESP possui linhas de fomento a projetos de pesquisa em ICTs que podem seroperacionalizados em convnios especficos com empresas. Esses convnios prevem aabertura de um edital no qual a empresa se utiliza da estrutura da FAPESP pararecebimento e seleo das propostas. As linhas temticas do convnio so definidas deacordo com a estratgia tecnolgica das empresas. O aporte de recursos de fomentonas ICTs nesses convnios realizado de forma igualitria entre FAPESP e empresa(50% para cada agente).No momento da elaborao desse estudo estavam disponveis 9 editais de convnios.As reas de pesquisa envolvidas nesses convnios eram TI, Bioenergia, Biotecnologia,sade animal, entre outras.A empresa interessada em estabelecer esse tipo de convnio com a FAPESP devecontat-la de forma a estabelecer os critrios para a captao de projetos eoperacionalizao das parcerias com os interessados.Financiamento inovao
  • 16. Alm dos programas de fomento inovao, uma possvel estratgia de finance ofinanciamento subsidiado para reduo de risco e custo em projetos de inovao.No pas h basicamente trs grandes programas de incentivo inovao atravs definanciamento subsidiado: Pr-Inovao; Inovao Tecnolgica; Capital InovadorAlm disso, h o programa Juro Zero de fomento a micro e pequenas e empresasinovadoras.As principais caractersticas desses programas so a taxa de juros subsidiada e o prazode pagamento, alm de algumas caractersticas particulares como prazo de carncia efomento a projeto especfico ou empresa como um todo.FINEP Pr-InovaoO programa Pr-Inovao constitui-se de financiamento com encargos reduzidos paraa realizao de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovao com at 2 anos dedurao, bem como para a capacitao tecnolgica de empresas brasileiras. Ofinanciamento mnimo fornecido de R$ 1 milho e s est disponvel para empresasque faturam um valor acima de R$ 10,5 milhes ao ano.Essas operaes de crdito so praticadas com encargos financeiros que dependemdas caractersticas dos projetos. Os requisitos para obter benefcios so listadosabaixo:a) Projetos que resultem em aumento de competitividade da empresa, no mbitoda atual Poltica Industrial, Tecnolgica e de Comrcio Exterior - PITCE;b) Projetos que resultem em aumento nas atividades de pesquisa edesenvolvimento tecnolgico realizadas no pas e cujos gastos em P&D sejamcompatveis com a dinmica tecnolgica dos setores em que atuam;c) Projetos de inovao que tenham relevncia regional ou estejam inseridos emarranjos produtivos locais, objeto de programas do Ministrio de Cincia e Tecnolgica;
  • 17. d) Projetos que resultem em adensamento tecnolgico e dinamizao de cadeiasprodutivas;e) Projetos que sejam desenvolvidos em parceira com universidades, instituiesde pesquisa e/ou outras empresas;f) Projetos que contemplem a criao ou expanso, em no mnimo 10%, dasequipes de P&D, com a contratao de pesquisadores ps-graduados, com titulao demestre ou doutor;g) Projetos cujas atividades estejam inseridas em segmento industrial priorizadocomo estratgico na PITCE: semicondutores/microeletrnica, software, bens de capital,frmacos/medicamentos, biotecnologia, nanotecnologia, biomassa.Conforme os itens acima so atendidos pelo projeto da empresa, podem-se obter asseguintes condies de financiamento:Encargos (%a.a.) Atendimento aos RequisitosTJLP + 5% - Projetos de P,D&I no enquadrados nos requisitos do programa Pr-Inovao;TJLP Atendimento de pelo menos um dos requisitos de (a) a (e)TJLP 2% Atendimento de pelo menos um dos requisitos de (a) a (e) eatendimento ao requisito (f)TJLP 3% Atendimento de pelo menos um dos requisitos de (a) a (e) eatendimento ao requisito (g)TJLP 5% Atendimento de pelo menos um dos requisitos de (a) a (e) eatendimento aos requisitos (f) e (g)Caso a empresa enquadre seu projeto nos requisitos para atingir o mximo debenefcio obteria, nessa linha de financiamento, uma taxa de juros em torno de 1,0%a.a.Alm do benefcio da taxa de juros reduzida, h tambm um prazo de carncia de at36 meses para incio do pagamento do financiamento. A dvida pode ser paga em at120 meses e a FINEP participa com at 90% do valor do projeto.
  • 18. Os itens financiveis nesse programa so:- Equipe prpria- Contratao de pesquisadores e especialistas- Aquisio de insumos e material de consumo- Investimento em mquinas e equipamentos- Outros custos e despesas envolvidos em atividades de P,D&IRessalta-se que a FINEP no financia investimento para expanso da produo, massomente atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovao incluindo ativostangveis e intangveis.Nesse tipo de financiamento so exigidas garantias por parte da FINEP.Para solicitao desse financiamento deve-se realizar uma Consulta Prvia a FINEP e,uma vez essa aprovada, elabora-se a Solicitao de Financiamento detalhada com ocronograma fsico-financeiro do projeto.A FINEP iniciou um processo de reformulao do programa, sendo que algumasmodificaes foram introduzidas e somente foram disponveis a partir do dia 5 dejaneiro de 2009.FINEP Juro ZeroEste programa constitui-se em uma modalidade de financiamento para apoio aprojetos desenvolvidos por micro e pequenas empresas inovadoras que representamuma inovao em seu setor de atuao seja nos aspectos comerciais, de processo oude produtos/servios.Para as grandes empresas que no podem se utilizar diretamente deste programa este financiamento pode ser til desde que elas possuam incubadoras coorporativasque fomentem novos negcios, sendo o capital injetado diretamente nessas pequenasempresas incubadas. Uma das linhas prioritria desse programa o financiamento biotecnologia e nanotecnologia.
  • 19. Financiam-se projetos no valor de R$ 100 mil a R$ 900 mil, e que tenham at 18meses de durao. O financiamento sem carncia e seu pagamento pode ser feitoem at 100 parcelas.BNDES Capital InovadorA linha de financiamento reembolsvel Capital Inovador tem como objetivo apoiar asempresas com forte potencial inovador no desenvolvimento de suas capacidades paraempreender atividades inovativas de forma sistemtica. Essa linha foi constituda paracapacitar a empresa na realizao dos esforos previstos em um Plano de Investimentoem Inovao.Esse programa foca a empresa como um todo (ou alguma unidade de negciorelevante). Pode-se financiar desde o apoio a construo de edificaes relacionadasas atividades de P&D contanto que no realizada de forma isolada - a aquisio deativos tangveis e intangveis, bem como despesas correntes com atividades deinovao.Os financiamentos solicitados devem estar em uma faixa entre R$ 1 milho e R$ 200milhes. Valores at R$ 10 milhes podem ser dispensados da constituio degarantias reais, a critrio do BNDES. Financia-se at 100% do valor do Plano deInvestimento em Inovao, com prazo de pagamento de at 12 anos.A taxa de juros fornecida de TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) acrescida de umataxa de risco de crdito. Para empresas que faturam acima de R$ 60 milhes ao ano,essa taxa de risco pode atingir at 3,57% a.a, conforme avaliao realizada pelobanco. Para MPMEs (Micro, Pequena e Mdia empresa), a taxa de risco de crdito 0%.BNDES Inovao TecnolgicaA linha Inovao Tecnolgica do BNDES um financiamento reembolsvel com focoem projetos especficos de inovao tecnolgica empreendido por empresas. Osprojetos financiados pelo banco devem possuir natureza tecnolgica e buscar odesenvolvimento de produtos e/ou processos novos ou significativamente aprimorados,
  • 20. ao menos para o mercado nacional. Alm disso, devem envolver risco tecnolgico eoportunidades de mercado.Para a solicitao do financiamento deve-se elaborar um Plano de Investimento emInovao.O banco financia at 100% do valor do projeto. O valor mnimo a ser solicitado deR$ 1 milho. A taxa de juros fornecida de 4,0% a.a e o prazo de pagamento de at14 anos.Investimento em inovaoComo explicitado no incio desse trabalho, entre as estratgias de incentivo inovaoest o funding, ou seja, participaes em equity que permitem a viabilizao denegcios inovadores. No Brasil, esse tipo de mecanismo est em funcionamentoatravs de fundos de capital semente com recursos pblicos e gesto privada, comvistas a atingir empresas que no encontram no sistema de crdito e equity tradicionalrecursos para desenvolver seus projetos.Atualmente existem no pas algumas iniciativas importantes nessa direo. A primeira ase citar seria o fundo Criatec, criado pelo BNDES e gerido por uma gestora de recursosprivada. H tambm iniciativas da FINEP, que j lanou trs editais para criao defundos em parceria com a iniciativa privada para investimento em micros e pequenasempresas.Isso mostra que h, na esfera federal, um forte movimento para criar mecanismos defunding no pas. Apesar de j existir uma indstria de capital de risco estabelecida,mas ainda pouco madura comparada a outros pases, essas iniciativas visamjustamente estimular investimentos em etapas de alto risco do negcio, de forma aestimular empreendedores a avanarem em um terreno que anteriormente no existiamuito apoio.BNDES Criatec
  • 21. O Criatec, fundo de capital semente, visa estimular empresas que faturem de zero aR$ 6 milhes de reais, chamadas empresas em estgio inicial. O fundo foi criado peloBNDES em 2007 e contempla um oramento de R$ 80 milhes. A grande vantagemdesse tipo de fundo que, alm do aporte financeiro, o empreendedor tambm ter oapoio gerencial para desenvolver a empresa.Trata-se de um fundo de dez anos, sendo que nos quatro primeiros deve realizar todoo seu investimento. O valor mximo de investimento por empresa de R$ 1,5 milho,sendo que, do total de recursos disponveis, 25% deve ser aplicado em empresas quefaturam at R$ 1,5 milho no ano anterior a realizao do investimento.O foco do fundo investimentos em setores como TI, Biotecnologia, Novos Materiais,Nanotecnologia, Agronegcio e Mecnica de Preciso. A expectativa que o fundoinvista em at 60 empresas.FINEP Fundos Inovar Venture CapitalA FINEP, atravs do seu programa Fundos Inovar Venture Capital j comprometeu ato momento R$ 90 milhes em fundos de Venture Capital, com a expectativa debeneficiar cerca de 100 empresas.Desde o seu incio, em 2001, o programa j realizou sete convites pblicos. Oresultado at o momento foram 79 propostas recebidas, 32 due diligences realizadas e7 fundos aprovados, capitalizados e em operao: GP Tecnologia, Stratus VC, SPTec,Rio Bravo Investech II, Novarum, CRP Venture VI e Stratus VC III. Alm disso, h maisquatro fundos aprovados e que no momento esto em fase de captao: JBVC I,FIPAC, Fundotech II e RB Nordeste II.O foco dos fundos capitalizados pela FINEP investir em empresas emergentes debase tecnolgica com alto potencial de crescimento. Alm da FINEP, seus diversosparceiros tambm vm aportando recursos nesses fundos, tais como o FundoMultilateral de Investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento -BID/Fumin, o Fundo de Penso dos Funcionrios da Petrobras Petros, o Fundo dePenso dos Funcionrios da Caixa Econmica Federal Funcef, o BB Banco deInvestimentos S.A. BB-BI, a Caixa de Previdncia dos Funcionrios do Banco doBrasil PREVI, entre outros.
  • 22. Pode-se olhar o que ocorreu com as empresas investidas de um desses fundos. OStratus VC, por exemplo, tem um patrimnio de R$ 24 milhes e conta com recursosda FINEP, BID/Fumin, FAPES, Banco PEBB e Bovespa. So exemplos de algumasempresas investidas por esse fundo: Scua Solues de segurana da informao trabalha com identificao depessoas (biometria), confidencialidade de informaes e ferramentas de gesto desegurana; Innovaction Softwares de governana de TI oferece solues de gesto deTI de mdias e grandes corporaes; Neovia oferece servios de comunicao de dados de banda larga utilizando atecnologia Wimax; Pulso desenvolvimento de aplicaes e solues de e-business, com foco nomercado financeiro, tais como comrcio eletrnico, retail, corporate e mobile banking.H vantagens em ser uma empresa que tenha como acionista um fundo de venturecapital. Alm do capital, h o aporte de prticas de gesto, utilizao de network ecriao de sinergias com as outras empresas do fundo de investimento. No caso dofundo Stratus VC, as empresa Scua e Innovaction se fundiram para aproveitaroportunidades de sinergia entre os produtos e mercados de atuao.Isso mostra como a estratgia de funding voltada a aes de Venture Capital vemgerando resultados. Alm da formao de recursos humanos no pas, essa iniciativavisa estimular os investidores a tambm aportarem recursos nesses fundos de forma aalavancar o investimento privado em fundos com patrimnios maiores,compartilhando-se riscos e custos com o governo.FINEP Fundos Inovar SementeO programa da FINEP Fundos Inovar Semente uma iniciativa voltada a fomentarempresas nascentes de base tecnolgica e que se encontrem preferencialmente emum estgio pr-operacional. O objetivo do programa criar 24 fundos com patrimnioentre R$ 10 milhes e R$ 12 milhes. O modelo por trs desse programa a FINEP
  • 23. aportar 40% dos recursos; outros 40% sero aplicados por um agente local e os 20%restantes viro de um investidor privado.Um ponto interessante nesse programa que se pretende atrair para participar dessesfundos os investidores pessoa-fsica conhecidos como Angels. A FINEP garante nesseprograma que, caso os investimentos no alcancem o sucesso desejado, o valornominal por eles aportado ser devolvido. Isso uma clara estratgia de absoro derisco por parte do governo para estimular a iniciativa privada a investir.At o momento o programa j realizou trs chamadas pblicas e comprometeu at omomento cerca de R$ 60 milhes. O investimento mdio da FINEP ficar em torno deR$ 8 milhes por fundo. Cada fundo ir apoiar de 10 a 12 empresas, cominvestimentos que variam entre R$ 500 mil e R$ 1 milho. O objetivo que em seisanos se apiem cerca de 300 empreendimentos inovadores.Esse programa mais um exemplo de estratgia de funding adotada pelo governo, detal forma que visa incentivar uma outra fase dos empreendimentos, que a fase pr-operacional. Dessa forma, pretende-se oferecer, como explicado, um arcabouo deinstrumentos que tentam prever as necessidades nas diversas etapas dodesenvolvimento de C,T&I no Brasil.ConclusesA velocidade das inovaes em modelos de negcios, produtos, processos e sistemas,atrelada internacionalizao e competio mundial de uma economia globalimpem s indstrias esforos contnuos de renovao e de gesto mais rigorosa dosseus ciclos de negcios e exige dos governos uma agenda sistemtica de incentivos pesquisa, ao desenvolvimento e inovao.A regulamentao e a estruturao de incentivos cientficos e financeiros favorveisaos esforos empresariais dos agentes da inovao no pas tm crescido a cada ano noBrasil e as empresas que no se enquadram ou se aproveitam desse ambientefavorvel esto perdendo competitividade em relao aos demais.Entretanto, o acesso aos recursos financeiros liberado pelos agentes governamentais(FINEP, BNDES) s empresas sob o respaldo de uma anlise meticulosa de impacto nomercado, na gerao de empregos e na sua viabilidade como negcio futuro. Sendo
  • 24. assim, as anlises de identificao de valor ao mercado apresentadas como princpiosde formulao estratgica tornam-se importantes para submisso de projetos com seurespectivo plano fsico e financeiro.Os mecanismos fiscais disponveis no pas so relevantes e ignor-los podecomprometer aprovaes de projetos estratgicos, uma vez que, como apresentado, autilizao desses incentivos gera uma economia de caixa em torno de 20,4 a 34% dovalor gasto no projeto, alterando completamente o seu payback e o seu retornoesperado.Projetos tecnolgicos em fases embrionrias podem ser subsidiados por subvenesgovernamentais antes de entrarem em fase de maturao tecnolgica e pr-produoe muitas vezes particionar as fases em projetos separados, tratando cada parte comoum projeto de comeo, meio e fim pode mudar radicalmente o custo dessedesenvolvimento, sobretudo o retorno futuro, somada minimizao do risco.Diversos incentivos so voltados para empresas de pequeno porte e empresas de basetecnolgica incubadas ou no em instituies cientficas e tecnolgicas. Isso sugere adoo de uma estratgia interessante para empresas de grande porte criaremincubadoras internas para projetos estratgicos de longo prazo ainda em faseembrionria para se beneficiarem de incentivos s pequenas empresas.As alternativas do Sistema Nacional de Inovao brasileiro atualmente esto bemdesenvolvidas e diversificadas. De forma sistemtica, os diretores e gestores de novosprojetos devem ficar atentos para tais alternativas e adot-las convenientemente,sabendo que para todas elas ser necessrio justificar a sua materialidade para omercado e a sua viabilidade como negcio.BibliografiaCORDER, S.; Salles-Filho, S. Aspectos Conceituais do Financiamento Inovao(2005). Revista Brasileira de Inovao, volume 5, nmero 1, janeiro-junho 2006. 33-76ETZKOWITZ, H.; LEYDESDORFF, L. The Triple Helix-University, Industry, GovernmentRelations: A Laboratory for Knowledge Based Economic Development. The Triple Helixof University-Industry-Government Relations: The Future Location of ResearchConference, Amsterdam, 1996.
  • 25. OCDE, National Systems for financing innovation, Paris: Head of Publications Service,1995.SBATO J. A. BOTANA N. La ciencia y la tecnologa en el desarrollo futuro de AmricaLatina, en Revista de la Integracin, INTAL, Buenos Aires 1968, Ao 1, n. 3, pp. 15-36.SOLOW, Robert M., A Contribution to the Theory of Economic Growth (1956).Quarterly Journal of Economics 70 (1): 6594. Something new under the Sun, TheEconomist, Special Reports, 11/out/2007.Site BNDES www.bndes.gov.brSite FAPEMIG www.fapemig.brSite FAPERJ www.faperj.brSite CNPq www.cnpq.brPortal Capital de Risco Brasil www.venturecapital.gov.brMinistrio de Cincia e Tecnologia: www.mct.gov.brFinanciadora de Estudos e Projetos: www.finep.gov.brFundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo: www.fapesp.brConselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico: www.cnpq.br