iob - legislação trabalhista - nº 21/2014 - 4ª sem maio · trabalho (rescisão indireta) e a...

12
Boletim j Manual de Procedimentos Veja nos Próximos Fascículos a Adicional de periculosidade a Suspensão disciplinar a Transferência de empregados Legislação Trabalhista e Previdenciária Fascículo N o 21/2014 / a Trabalhismo Licença remunerada e não remunerada 01 / a IOB Setorial Saúde Agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias 05 / a IOB Comenta Telefonista/recepcionista - Exercício simultâneo da atividade - Jornada de trabalho 07 / a IOB Perguntas e Respostas Licença remunerada e não remunerada Caracterização 10 Concessão 10

Upload: dangnga

Post on 10-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

Boletimj

Manual de Procedimentos

Veja nos Próximos Fascículos

a Adicional de periculosidade

a Suspensão disciplinar

a Transferência de empregados

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Fascículo No 21/2014

/a TrabalhismoLicença remunerada e não remunerada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

/a IOB Setorial

SaúdeAgente comunitário de saúde e agente de combate às endemias . . . 05

/a IOB ComentaTelefonista/recepcionista - Exercício simultâneo da atividade - Jornada de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07

/a IOB Perguntas e Respostas

Licença remunerada e não remunerada Caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10Concessão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Page 2: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

© 2014 by IOB FOLHAMATIC EBS > SAGE

Capa:Marketing IOB FOLHAMATIC EBS > SAGE

Editoração Eletrônica e Revisão: Editorial IOB FOLHAMATIC EBS > SAGE

Telefone: (11) 2188-7900 (São Paulo)0800-724-7900 (Outras Localidades)

Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).

Impresso no BrasilPrinted in Brazil Bo

letim

IOB

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Legislação trabalhista e previdenciária : licença remunerada e não remunerada.... -- 10. ed. -- São Paulo : IOB Folhamatic, 2014. -- (Coleção manual de procedimentos)

ISBN 978-85-379-2165-4

1. Previdência social - Leis e legislação - Brasil 2. Trabalho - Leis e legislação - Brasil I. Série.

CDU-34:368.4(81)(094)14-03811 -34:331(81)(094)

Índices para catálogo sistemático:

1. Brasil : Leis : Previdência social : Direito previdenciário 34:368.4(81)(094) 2. Leis trabalhistas : Brasil 34:331(81)(094)

Page 3: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

Manual de ProcedimentosLegislação Trabalhista e Previdenciária

Boletimj

21-01Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Maio/2014 - Fascículo 21 CT

Durante a vigência do contrato de trabalho

podem ocorrer situações em que o empregado se ausente do trabalho

por motivo justificado, sem prejuízo da respectiva remuneração, ou sem motivo

legal, que resulte no desconto do salário quando a ausência não é

abonada pelo empregador

a Trabalhismo

Licença remunerada e não remunerada SUMÁRIO 1. Introdução 2. Licença remunerada 3. Licença não remunerada

1. IntroduçãoNa vigência do contrato de trabalho podem

ocorrer situações em que o empregado se ausente do trabalho por motivo justificado (previsto em lei), com percepção do salário, ou sem motivo legal, que resulte no desconto do salário quando a ausência não é abonada pelo empregador.

Podem ocorrer, ainda, licenças concedidas pela empresa, em seu próprio interesse ou a pedido do empregado, remu-neradas ou não, cujos efeitos no contrato de trabalho veremos neste procedimento.

2. LIcença remuneradaNa licença remunerada,

o empregado deixa de prestar serviços, sem prejuízo do salário.

Essa licença pode ser conce-dida, entre outros motivos, por paralisa-ção total ou parcial dos serviços da empresa.

Nesse caso, o período de licença é computado como tempo de serviço, pois constitui uma interrup-ção do contrato de trabalho com percepção normal dos salários.

2.1 requisitosAo conceder a licença, o empregador deve

observar os preceitos legais que regulam as relações de trabalho, entre os quais destacamos:

a) as relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes inte-ressadas em tudo quanto não contravenha as disposições de proteção ao trabalho, as con-

venções e os acordos coletivos que lhes se-jam aplicáveis e as decisões das autoridades competentes;

b) nos contratos individuais de trabalho só é líci-ta a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento e, ainda assim, desde que não resultem direta ou indiretamente em prejuízos ao empregado, sob pena de nulida-de da cláusula infringente dessa garantia.

A não observância desses preceitos pode condu-zir o empregado a considerar rescindido o contrato de trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-

gador não ter cumprido com as obrigações do contrato.

Ressalte-se que a Constitui-ção Federal de 1988 assegura

ao trabalhador o direito à irredutibilidade salarial, salvo disposto em convenção ou acordo coletivo.

2.2 efeitosAo empregado afastado do

emprego são asseguradas, por ocasião de sua volta, todas as vanta-

gens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa.

2.2.1 décimo terceiro salárioO 13º salário devido a todo empregado, indepen-

dentemente da remuneração a que fizer jus, corres-ponde a 1/12 da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente.

Observe-se que a fração igual ou superior a 15 dias de trabalho é havida como mês integral para efeito do 13º salário.

Como a licença remunerada é computada como tempo de serviço, o empregado faz jus ao 13º salário relativo ao período.

Page 4: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

21-02 CT Manual de Procedimentos - Maio/2014 - Fascículo 21 - Boletim IOB

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

2.2.2 FériasTodo empregado tem direito ao gozo anual de

férias, sem prejuízo da remuneração, após cada período de 12 meses de trabalho.

Na hipótese de licença remunerada, o empre-gado terá direito a férias, exceto nos casos em que, no curso do período aquisitivo:

a) permanecer em gozo de licença, com percep-ção de salários, por mais de 30 dias (licença individual);

b) deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 dias, em virtude de paralisa-ção parcial ou total dos serviços da empresa (licença coletiva, extensiva a toda empresa ou a determinados setores).

Se o empregado já completou o período aquisitivo, com o direito às férias garantido, o gozo da licença remunerada não implica a perda desse direito.

A - Perda do direito às férias

Ocorrendo a perda do direito às férias em conse-quência de gozo de licença remunerada superior a 30 dias, dentro do mesmo período aquisitivo, o decurso de um novo período aquisitivo se iniciará quando o empregado retornar ao trabalho.

PERDA DO DIREITO A FÉRIAS EM VIRTUDE DE GOZO DE LICENÇA REMUNERADA SUPERIOR A 30 DIAS -

EXEMPLO

Considere-se um empregado, cujo período aquisi-tivo de férias está compreendido entre 11.09.2012 e 10.09.2013, que permanece em licença remune-rada por 45 dias, de 02.07 a 15.08.2013.Nesse caso perde o direito às férias e o seu novo período aquisitivo inicia-se a partir de 16.08.2013 (data de retorno ao trabalho). Assim, teremos:

Período aquisitivo anterior

Licença remunerada Novo período aquisitivo

11.09.2012 a 10.09.2013

02.07 a 15.08.2013 16.08.2013 a 15.08.2014

B - Pagamento do abono constitucional

É assegurado a todo empregado urbano, rural e doméstico o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais do que o salário normal.

O pagamento da remuneração das férias deverá ser efetuado até 2 dias antes do início do respectivo período de gozo.

No caso de licença remunerada por mais de 30 dias, há dúvidas sobre o pagamento do abono constitucional, pois não existe dispositivo legal a esse respeito.

Ressalte-se, porém, que se a licença remunerada for concedida por interesse do empregador, o não pagamento de 1/3 poderá caracterizar má-fé do empregador.

2.2.2.1 Perda das férias em decorrência de licença remunerada e o direito ao terço constitucional

Quando o empregado perde o direito às férias por ter, no curso do respectivo período aquisitivo, gozado licença remunerada por mais de 30 dias, surge a dúvida sobre ser ou não devido o pagamento do terço constitucional sobre as férias perdidas.

Para elucidar a questão, é necessário analisar não só a legislação como também o entendimento doutrinário e jurisprudencial sobre o tema.

Assim, vejamos.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) deter-mina, em seu art. 133, incisos II e III, que:

Art. 133 - Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo:

I - [...]

II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias;

III - deixar de trabalhar, com percepção de salário, por mais de 30 (trinta) dias em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e

IV - [...]

A legislação é silente quanto ao fato de ser ou não devido o pagamento do terço constitucional quando ocorre a perda do direito às férias, mesmo porque esse direito (terço constitucional) só surgiu com a promulgação da Constituição Federal de 1988; portanto, posteriormente aos mandamentos contidos nos mencionados incisos.

Ante a omissão legal, surgiram 2 correntes de entendimento acerca do assunto. A primeira defende a posição de que, em sendo as férias o direito principal e o terço constitucional sobre elas o direito acessório, havendo a perda das férias, deixa de existir o princi-pal e, por princípio jurídico, o acessório segue a sorte deste; logo, deixando de existir as férias, elimina-se consequentemente o terço constitucional sobre elas, pois não há acessório sem principal.

A segunda corrente defende posição contrária, alegando que o terço sobre férias é direito constitu-cionalmente assegurado ao trabalhador e, portanto, é devido mesmo quando ocorre a perda do direito às férias em virtude do gozo de licença remunerada por mais de 30 dias. Tal corrente sustenta, ainda,

Page 5: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

21-03Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Maio/2014 - Fascículo 21 CT

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

que admitir o não pagamento do terço constitucional, nesta situação, implicaria possibilitar ao empregador a concessão de licença remunerada para eximir-se do pagamento do terço.

Nosso entendimento acerca do assunto coaduna--se com o da segunda corrente e fundamenta-se, ainda, no fato de que, quando da redação dos incisos II e III do citado art. 133 da CLT, a substituição das férias pela licença não trazia prejuízo algum ao traba-lhador, uma vez que os 2 institutos (férias e licenças) se equivaliam; assim, a compensação era total, o que acarretava a sua licitude.

Após o surgimento do direito ao terço constitu-cional, tais institutos passaram a ter valores diferen-ciados; consequentemente, não mais se compensam integralmente, não havendo a substituição de um pelo outro sem que o trabalhador seja ressarcido do prejuízo sofrido.

Assim, ocorrendo a perda das férias em virtude do gozo de licença remunerada por mais de 30 dias no curso do respectivo período aquisitivo, entendemos que o trabalhador beneficiado pela licença tem direito ao recebimento do respectivo terço constitucional.

A maioria das decisões judiciais sobre o assunto é também no mesmo sentido, conforme se verifica nas ementas transcritas a seguir:

Licença remunerada - Período de trinta dias - Substituição das férias - Admissibilidade - Terço constitucional - Paga-mento devido “Recurso de revista - Licença remunerada - Terço constitucional de férias - Em que pese o art. 133, inciso II, da CLT eximir o empregador de remunerar as férias na hipótese de licença remunerada por mais de trinta dias, o terço constitucional é direito do trabalhador, previsto no art. 7º, XIV, da Constituição Federal de 1988, sendo devido o pagamento, independente de estar o empregado de licença remunerada.” (TST - RR 439.211/98.7 - 1ª T. - Rel. Juiz Conv. Aloysio Corrêa da Veiga - DJU 19.11.2004 - pág. 540)

Licença remunerada por mais de trinta dias direito ao terço constitucional de férias - Em que pese o art. 133, II da CLT eximir o empregador de remunerar as férias na hipótese de o empregado ter gozado de licença remunerada por mais de trinta dias no curso do período aquisitivo, o terço constitucional é direito do trabalhador e a sua supressão importa prejuízo ao empregado. Além disso, a concessão de licença remunerada por período superior a trinta dias poderia ser utilizada pelos empregadores como substituto das férias, para isentarem-se do pagamento do terço constitucional, fraudando, com isso, o disposto no art. 7º, XVII, da CF. Precedentes: RR-575506/1999.1, 1ª Turma, Min Emmanoel Pereira, DJ 3.6.2005, RR-439211/1998, 1ª Turma, Juiz convocado Aloysio Correia da Veiga, DJ 19.11.2004, RR-669911/2000, 5ª Turma, Juiz convocado Walmir Oliveira da Costa, DJ 16.8.2002, RR-369605/1997, 5ª Turma, Min. Gelson de Azevedo, DJ 8.2.2002, E-RR-360606/1997, Min. Rider Nogueira de Brito, DJ 26.10.2001. Recurso conhecido e provido. (TST - RR 418/2002-254-02-00.4 - 4ª T. - Rel. Juiz Conv. José Antonio Pancotti - DJU 16.09.2005)

Terço constitucional - Férias não gozadas formalmente em razão de concessão de licença remunerada por mais de trinta dias - O adicional correspondente a um terço do salário constitui um direito do trabalhador que se encontra em gozo de férias, assegurado pela Carta Magna (art. 7º, XVII), com o objetivo de proporcionar ao trabalhador possibilidade de efe-tivamente gozar de suas férias. Levando-se em considera-ção que o empregado, em razão da paralisação da empresa, deixou de trabalhar por mais de trinta dias, com percepção de salário, ou seja, embora formalmente não estivesse gozando de garantia constitucionalmente assegurada, usu-fruiu do respectivo descanso, tem-se que faz jus a receber o aludido terço como se estivesse formalmente em gozo de férias. Conclui-se, portanto, que, nessa hipótese, a ausência de fruição das férias remuneradas não afasta o direito do empregado de receber o terço constitucional. Embargos não conhecidos. (TST - ERR 360606 - SBDI 1 - Rel. Min. Rider Nogueira de Brito - DJU 26.10.2001 - pág. 564)

Terço constitucional - Licença remunerada - O terço constitucional é devido ao trabalhador ainda que não lhe seja assegurado o direito ao gozo de férias em razão de concessão de licença remunerada superior a trinta dias. Revista conhecida e provida. (TST - RR 360606 - 2ª T. - Rel. Min. Vantuil Abdala - DJU 28.04.2000 - pág. 378)

Terço constitucional - Licença remunerada - É devido o pagamento do terço destinado às férias que deixaram de ser gozadas em razão da concessão da licença. Não se pode permitir que o disposto no artigo cento e trinta e três, inciso dois, da CLT seja utilizado com o fim de permitir aos empregadores que substituam a licença remunerada pelas férias e, com isso, isentar-se do pagamento do terço constitucional, burlando dessa forma o disposto na Carta Magna. Recurso conhecido e desprovido. (TST - RR 216589/1995 - 2ª T. - Rel. Min. Jose Luciano de Castilho Pereira - DJU 30.04.1998 - pág. 317)

Fruição de licença remunerada de trinta dias. Substituição pelo período de férias. Incidência do adicional de um terço. É viável o pagamento do adicional de um terço sobre as licenças Constituição Federal de 1988, em seu art. 7º, inciso XVII, assegura aos trabalhadores trinta dias de repouso após um ano de trabalho, bem como o adicional de férias de pelo menos um terço a mais do que o salário normal. (Acórdão unânime da 1ª Turma do TRT da 12ª Região - RO 01918-2001-027-12-00-9 - Rel. Juíza Licélia Ribeiro - DJ SC 24.09.2002, pág. 155)

Recurso de Revista. Licença remunerada. Terço constitu-cional de férias. Em que pese o art. 133, inciso II, da CLT eximir o empregador de remunerar as férias na hipótese de licença remunerada por mais de trinta dias, o terço cons-titucional é direito do trabalhador, previsto no art. 7º, XIV, da Constituição Federal de 1988, sendo devido o paga-mento, independente de estar o empregado de licença remunerada. (Acórdão unânime da 1ª Turma do TST - RR 439.211/98.7-15ª R - Rel. Juiz Aloysio Corrêa da Veiga, Convocado - DJU 1 19.11.2004, pág. 540)

Observe-se que, apesar do entendimento antes descrito, considerando-se a inexistência de dispositivo legal que discipline especificamente o procedimento a ser observado na situação em comento, o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrência concreta da situação ora retratada, sendo-lhe aconselhável, por medida preventiva, consultar o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), bem como o sindicato da respectiva

Page 6: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

21-04 CT Manual de Procedimentos - Maio/2014 - Fascículo 21 - Boletim IOB

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

categoria profissional sobre o assunto, lembrando-se que caberá à Justiça do Trabalho a decisão final acerca do tema caso seja proposta ação nesse sentido.

2.3 Incidências

Há incidência de contribuição previdenciária e retenção do Imposto de Renda na fonte, se for o caso, em relação à remuneração percebida pelo empre-gado durante o período de licença.

2.3.1 FGtS

O depósito do FGTS é também obrigatório em todos os casos em que o trabalhador, por força de lei ou acordo entre as partes, se afaste do serviço, mas continue percebendo remuneração ou contando o tempo de afastamento como de serviço efetivo, a exemplo da licença remunerada.

Nessa hipótese, o depósito do FGTS incidirá, durante o período de afastamento, sobre o valor contratual mensal da remuneração, inclusive sobre a parcela variável, calculada segundo os critérios da CLT e legislação esparsa.

A remuneração deverá ser atualizada sempre que ocorrer aumento para o quadro geral da empresa ou para a categoria a que pertencer o empregado.

3. LIcença não remunerada

A licença não remunerada depende de expressa convenção entre as partes. Ocorre, normalmente, a pedido do empregado e está sujeita, portanto, à con-cordância do empregador.

Apresentamos, como mera sugestão, modelos do pedido de licença pelo empregado e da autorização a ser concedida pelo empregador, se for o caso.

NotaPor precaução, o empregador pode solicitar ao empregado algum com-

provante do fato que ocasionou o pedido de licença, como, por exemplo, comprovante de conclusão do curso realizado, ou visto no passaporte em caso de viagem ao exterior.

3.1 características

A licença não remunerada não é computada como tempo de serviço, caracterizando a suspensão do contrato de trabalho.

Em consequência, não são devidos o 13º salário e o FGTS, e o período de duração da licença não é computado para efeito de férias.

Assim, por exemplo, um empregado que se afasta em licença não remunerada de 2 a 31.08.2010 não terá direito ao 13º salário integral (12/12), pois durante o ano não cumpriu integralmente a jornada de trabalho.

3.2 empregado eleito para exercer mandato sindical

Considera-se licença não remunerada, salvo assentimento da empresa ou cláusula contratual, o tempo em que o empregado se ausenta do trabalho para, em decorrência de eleição prevista em lei, exer-cer cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive perante o órgão de deliberação coletiva.

Page 7: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

21-05Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Maio/2014 - Fascículo 21 CT

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

3.2.1 FGtS

O recolhimento do FGTS e da contribuição social, pelo empregador, incidirá também sobre o valor da remuneração paga pela entidade de classe ao empregado licenciado para desempenho de mandato sindical, idêntico ao que perceberia caso não estivesse em licença, inclusive com as variações salariais ocorridas durante o licenciamento, obrigato-

riamente informadas pelo empregador à respectiva entidade.

(Constituição Federal/1988, art. 7º, VI, XVII, XXVI e pará-grafo único; CLT, arts. 129, 130, 133, II e III, § 2º, 145, caput, 444 e 471, art. 472, art. 468, caput, art. 475, art. 476, art. 483, “d”, art. 543, caput e §§ 2º e 4º; Lei nº 4.090/1962; Instrução Normativa SIT nº 99/2012, arts. 5º, 6º e 8º)

N

a IOB SetorialSaúde

Agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias1. Introdução

As atividades de Agente Comunitário de Saúde e de Agente de Combate às Endemias são regidas pelo disposto na Lei nº 11.350, de 05.10.2006.

2. exercícIo da atIvIdadeO exercício das atividades de Agente Comunitário

de Saúde e de Agente de Combate às Endemias, nos termos da Lei nº 11.350/2006, dar-se-á exclusiva-mente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), na execução das atividades de responsabilidade dos entes federados, mediante vínculo direto entre os refe-ridos agentes e o órgão ou entidade da administração direta, autárquica ou fundacional.

3. aGente comunItárIo de Saúde

3.1 atribuiçãoO Agente Comunitário de Saúde tem como atribui-

ção o exercício de atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde, mediante ações domiciliares ou comunitárias, individuais ou coletivas, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervi-são do gestor municipal, distrital, estadual ou federal.

3.2 atividadesSão consideradas atividades do Agente Comuni-

tário de Saúde, na sua área de atuação:a) a utilização de instrumentos para diagnóstico

demográfico e sociocultural da comunidade;b) a promoção de ações de educação para a

saúde individual e coletiva;c) o registro, para fins exclusivos de controle e pla-

nejamento das ações de saúde, de nascimen-tos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde;

d) o estímulo à participação da comunidade nas políticas públicas voltadas para a área da saúde;

e) a realização de visitas domiciliares periódicas para monitoramento de situações de risco à família; e

f) a participação em ações que fortaleçam os elos entre o setor saúde e outras políticas que promovam a qualidade de vida.

4. aGente de comBate àS endemIaS - atrIBuIçãoO Agente de Combate às Endemias tem como

atribuição o exercício de atividades de vigilância, pre-venção e controle de doenças e promoção da saúde, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor de cada ente federado.

5. mInIStérIo da Saúde - atrIBuIçãoO Ministério da Saúde disciplinará as atividades

de prevenção de doenças, de promoção da saúde, de controle e de vigilância a que se referem os itens 3 e 4 deste texto e estabelecerá os parâmetros dos cursos previstos nas letras “b” do item 6 e “a” do item 7, observadas as diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação.

6. aGente comunItárIo de Saúde - exercícIo da atIvIdade - requISItoSO Agente Comunitário de Saúde deverá preencher

os seguintes requisitos para o exercício da atividade:a) residir na área da comunidade em que atuar,

desde a data da publicação do edital do pro-cesso seletivo público;

b) haver concluído, com aproveitamento, curso introdutório de formação inicial e continuada; e

c) haver concluído o ensino fundamental.

Não se aplica a exigência a que se refere a letra “c” do parágrafo anterior aos que, na data de publi-cação da Medida Provisória nº 297/2006, estavam

Page 8: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

21-06 CT Manual de Procedimentos - Maio/2014 - Fascículo 21 - Boletim IOB

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

exercendo atividades próprias de Agente Comunitário de Saúde.

Compete ao ente federativo responsável pela execução dos programas a definição da área geográ-fica a que se refere a letra “a” do primeiro parágrafo, observados os parâmetros estabelecidos pelo Minis-tério da Saúde.

7. aGente de comBate àS endemIaS - exercícIo da atIvIdade - requISItoSO Agente de Combate às Endemias deverá

preencher os seguintes requisitos para o exercício da atividade:

a) haver concluído, com aproveitamento, curso introdutório de formação inicial e continuada; e

b) haver concluído o ensino fundamental.

Não se aplica a exigência a que se refere a letra “b” do parágrafo anterior aos que, na data de publicação da Medida Provisória nº 297/2006, estavam exercendo ati-vidades próprias de Agente de Combate às Endemias.

8. aGenteS comunItárIoS de Saúde e aGenteS de comBate àS endemIaS - reGIme jurídIcoOs Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de

Combate às Endemias admitidos pelos gestores locais do SUS e pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na forma do disposto no § 4º do art. 198 da Constituição Federal/1988, submetem-se ao regime jurídico estabe-lecido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), salvo se, no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, lei local dispuser de forma diversa.

9. aGenteS comunItárIoS de Saúde e aGenteS de comBate àS endemIaS - contrataçãoA contratação de Agentes Comunitários de Saúde

e de Agentes de Combate às Endemias deverá ser precedida de processo seletivo público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade de suas atribuições e os requisitos específicos para o exercício das atividades, que atenda aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Caberá aos órgãos ou entes da administração direta dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios certificar, em cada caso, a existência de anterior processo de seleção pública, para efeito da dispensa referida no parágrafo único do art. 2º da Emenda Constitucional nº 51/2006, considerando-se como tal aquele que tenha sido realizado com obser-vância dos princípios referidos no parágrafo anterior.

NotaO parágrafo único do art. 2º da Emenda Constitucional nº 51/2006 dispõe:“Art. 2ºParágrafo único. Os profissionais que, na data de promulgação des-

ta Emenda e a qualquer título, desempenharem as atividades de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias, na forma da lei, ficam dispensados de se submeter ao processo seletivo público a que se refere o § 4º do art. 198 da Constituição Federal, desde que tenham sido contratados a partir de anterior processo de Seleção Pública efetuado por órgãos ou entes da administração direta ou indireta de Estado, Distrito Federal ou Município ou por outras instituições com a efetiva supervisão e autorização da administração direta dos entes da federação.”

10. aGenteS comunItárIoS de Saúde e aGenteS de comBate àS endemIaS - reScISão do contrato - HIPóteSeSA administração pública somente poderá rescin-

dir unilateralmente o contrato do Agente Comunitário de Saúde ou do Agente de Combate às Endemias, de acordo com o regime jurídico de trabalho adotado, na ocorrência de uma das seguintes hipóteses:

a) prática de falta grave, entre as enumeradas no art. 482 da CLT;

b) acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;

c) necessidade de redução de quadro de pes-soal, por excesso de despesa, nos termos da Lei nº 9.801/1999; ou

d) insuficiência de desempenho, apurada em pro-cedimento no qual se assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado de efeito suspen-sivo, que será apreciado em 30 dias, e o prévio conhecimento dos padrões mínimos exigidos para a continuidade da relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo com as peculiaridades das atividades exercidas.

O contrato do Agente Comunitário de Saúde tam-bém poderá ser rescindido unilateralmente na hipó-tese de não atendimento ao disposto na letra “a” do item 6, ou em função de apresentação de declaração falsa de residência.

11. quadro SuPLementar de comBate àS endemIaS - crIação e deStInaçãoFica criado, no Quadro de Pessoal da Funasa,

Quadro Suplementar de Combate às Endemias, destinado a promover, no âmbito do SUS, ações com-plementares de vigilância epidemiológica e combate a endemias, nos termos do inciso VI do caput e do parágrafo único do art. 16 da Lei nº 8.080/1990.

Ao quadro suplementar aplica-se, no que couber, além do disposto na Lei nº 11.350/2006, o disposto na Lei nº 9.962/2000, cumprindo-se jornada de trabalho de 40 horas semanais.

12. ProceSSo SeLetIvo PúBLIco - dISPenSaAos profissionais não ocupantes de cargo efetivo

em órgão ou entidade da administração pública fede-

Page 9: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

21-07Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Maio/2014 - Fascículo 21 CT

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

ral que, em 14.02.2006, a qualquer título, se achavam no desempenho de atividades de combate a ende-mias no âmbito da Funasa é assegurada a dispensa de se submeterem ao processo seletivo público a que se refere o § 4º do art. 198 da Constituição, desde que tenham sido contratados por meio de anterior processo de seleção pública efetuado pela Funasa ou por outra instituição, sob a efetiva supervisão da Funasa e mediante a observância dos princípios a que se refere o primeiro parágrafo do item 9.

Ato conjunto dos Ministros de Estado da Saúde e do Controle e da Transparência instituirá comissão com a finalidade de atestar a regularidade do processo sele-tivo para fins da dispensa prevista no parágrafo anterior.

A comissão será integrada por 3 representantes da Secretaria Federal de Controle Interno da Controla-doria-Geral da União (um dos quais a presidirá), pelo Assessor Especial de Controle Interno do Ministério da Saúde e pelo Chefe da Auditoria Interna da Funasa.

13. aGenteS de comBate àS endemIaS - convênIo com o SuS ou conSórcIo PúBLIcoOs Agentes de Combate às Endemias integrantes

do quadro suplementar a que se refere o item 11 poderão ser colocados à disposição dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito do SUS, mediante convênio, ou para gestão associada de serviços públicos, mediante contrato de consórcio público, nos termos da Lei nº 11.107/2005, mantida a vinculação à Funasa e sem prejuízo dos respectivos direitos e vantagens.

14. crIação de carGoS ou emPreGoS PúBLIcoS - reSPonSaBILIdadeO gestor local do SUS responsável pela contra-

tação dos Agentes Comunitários de Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias disporá sobre a criação dos cargos ou empregos públicos e sobre demais aspectos inerentes à atividade, observadas as especificidades locais.

15. contratação temPorárIa - vedaçãoFica vedada a contratação temporária ou terceiri-

zada de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias, salvo na hipótese de com-bate a surtos endêmicos, na forma da lei aplicável.

16. exercícIo de atIvIdade na data da PuBLIcação da medIda ProvISórIa nº 297/2006 - PermanêncIaOs profissionais que, na data de publicação da

Medida Provisória nº 297/2006, exerciam atividades próprias de Agente Comunitário de Saúde e de Agente de Combate às Endemias, vinculados diretamente aos gestores locais do SUS ou a entidades de administração indireta, não investidos em cargo ou emprego público e não alcançados pelo disposto no segundo parágrafo do item 9, poderão permanecer no exercício dessas atividades, até que seja concluída a realização de pro-cesso seletivo público pelo ente federativo, com vistas ao cumprimento do disposto na Lei nº 11.350/2006.

17. aGente comunItárIo de Saúde - PrevIdêncIa SocIaL - contrIBuIçãoO Agente Comunitário de Saúde com vínculo

direto com o Poder Público local deve contribuir obri-gatoriamente na qualidade de segurado empregado:

a) até 15.12.1998, desde que não amparado por Regime Próprio de Previdência Social (RPPS);

b) desde 16.12.1998, por força da Emenda Cons-titucional nº 20/1998, desde que não seja titu-lar de cargo efetivo amparado por RPPS.

O vínculo previdenciário do Agente Comunitário de Saúde contratado por intermédio de entidades civis de interesse público dar-se-á com essas entida-des, na condição de segurado empregado do Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

(Lei nº 11.350/2006; Instrução Normativa RFB nº 971/2009, art. 6º, caput, inciso XXIX e §§ 10 e 11, observada a redação da Instrução Normativa RFB nº 1.453/2014)

N

a IOB ComentaTelefonista/recepcionista - Exercício simultâneo da atividade - Jornada de trabalho

É comum a empresa contratar trabalhador para exercer, cumulativamente, as funções de telefonista e recepcionista. Daí surge a dúvida acerca da duração

da jornada de trabalho a ser observada neste caso, uma vez que a telefonista tem, por determinação legal, jornada reduzida, e a recepcionista observa a jornada normal.

Estabelecem a Constituição Federal/1988, art. 7º, XIII, e a CLT, art. 58, que a jornada normal de trabalho para os empregados, em qualquer atividade privada,

Page 10: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

21-08 CT Manual de Procedimentos - Maio/2014 - Fascículo 21 - Boletim IOB

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

não excederá 8 horas diárias e 44 horas semanais, desde que não seja fixado expressamente outro limite. A lei estabelece outros limites a determinadas atividades profissionais, consideradas as condições específicas em que se realizam.

O caput do art. 227 da CLT dispõe que, nas empresas que exploram o serviço de telefonia, telegrafia submarina ou subfluvial, radiotelegrafia ou radiotelefonia, fica estabelecida para os respectivos operadores a duração máxima de 6 horas contínuas de trabalho por dia ou 36 horas semanais.

A Súmula nº 178 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) esclarece ser aplicável às telefonistas de mesa de empresas que não explorem os serviços ante-riormente mencionados a mesma jornada reduzida. Dessa forma, as telefonistas de empresas que não exploram serviço de telefonia, telegrafia submarina ou subfluvial, radiotelegrafia ou radiotelefonia também fazem jus a uma jornada de trabalho de até 6 horas diárias e 36 semanais.

Observe-se que a duração máxima da jornada dessa profissional é de 6 horas diárias e de 36 horas semanais, não sendo contemplada, portanto, a possi-bilidade de celebração de acordo de compensação/prorrogação de horas.

Não há, porém, na legislação vigente, qualquer dispositivo disciplinando a jornada a ser observada quando a empregada exerce, cumulativamente, as funções de telefonista e recepcionista. A doutrina e a jurisprudência trabalhista têm-se posicionado, embora de forma não pacífica, no sentido de que, na hipótese do exercício cumulativo das duas atividades, a jornada de trabalho a se observar deve ser a normal, ou seja, de até 8 horas diárias e 44 semanais.

Analisando os dispositivos legais anteriormente mencionados e considerando que o legislador, ao fixar uma jornada de trabalho reduzida para a telefonista, teve por objetivo minimizar o desgaste físico e mental decorrente da atividade, considerando ainda que o exercício da função de telefonista expõe o trabalha-dor à condição de penosidade, uma vez que a sua concentração e seu aparelho auditivo são extrema-mente exigidos de forma contínua, sem interrupção, posto que durante a jornada não há outra atividade a realizar senão a de receber e transmitir ligações, o que torna a função monótona e exaustiva, enten-demos que a jornada reduzida de 6 horas diárias é aplicável apenas àqueles trabalhadores que exercem de forma exclusiva a atividade de telefonista.

Quando há o exercício simultâneo das atividades de telefonista e recepcionista, o quadro se modifica,

pois o trabalhador não se encontra mais continua-mente exposto ao ruído direto no ouvido, uma vez que outras atividades, tais como o atendimento a pessoas, são exercidas alternadamente, permitindo, portanto, um repouso na condição de penosidade em comento; repouso este que a nosso ver autoriza a não aplicação da jornada reduzida ao trabalhador, pois se verifica uma diminuição do desgaste e da monotonia.

Dessa forma, entendemos que, havendo o exer-cício cumulativo das funções de telefonista e recep-cionista, o trabalhador deve observar a jornada normal diária, isto é, de até 8 horas diárias e 44 semanais, não lhe sendo aplicável o disposto na CLT, art. 227, caput.

Não obstante o entendimento do Conselho Téc-nico IOB, ressaltamos que há quem entenda que o exercício cumulado das duas funções não retira do trabalhador o direito à jornada de 6 horas diárias, sob o argumento de que, nesta situação, a condição de penosidade é a mesma observada quando do exer-cício exclusivo da função de telefonista.

Reproduzimos a seguir algumas decisões judi-ciais acerca do tema.

• Decisões favoráveis à aplicação da jornada normal à telefonista/recepcionista

[…] Horas extras - Telefonista - Atividade preponderante - Exercício de outra atividade - Jornada especial - Indevida - A previsão de jornada reduzida às telefonistas tem como finalidade evitar o desgaste físico e mental causado pelo labor desenvolvido nessa específica atividade. No entanto, caso a empregada acumule o trabalho de telefonista, ainda que este seja preponderante, com outras atividades, como a de recepcionista, não se lhe aplica a jornada de seis horas, pois descaracterizada a circunstância que gera o direito à proteção contida no art. 227 da CLT. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido. (TST - RR 72597/2002-900-04-00 - Rel. Min. Walmir Oliveira da Costa - DJ-e 25.09.2009, pág. 680)

Acúmulo de funções - Recepcionista - Telefonista - Des-continuidade - Incabimento - A jornada reduzida de telefo-nista, por se tratar de categoria diferenciada, com duração máxima de 6 (seis) horas contínuas de trabalho por dia ou 36 (trinta e seis) horas semanais, na forma do artigo 227, consolidado, exige que o laborista exerça ditas atividades de forma contínua, isto é, em tempo integral, não sendo esta a hipótese dos autos, já que a reclamante, aqui recor-rente, desempenhava atividades de recepcionista, e tam-bém atendimento telefônico, e por óbvio, jamais poderia executar esta última atividade de forma ininterrupta. (TRT 5ª Região - RO 0062100-41.2009.5.05.0024 - 5ª Turma - Rel. Des. Esequias de Oliveira - DJ-e 13.05.2011)

Jornada de trabalho - Recepcionista - Atendimento tele-fônico - CLT, art. 227, Analogia - O art. 227 da CLT visa proteger os trabalhadores que atuam especificamente com equipamentos de comunicação, trabalho esse que exige conhecimento especial e técnicas especiais, que requer atenção redobrada e constante, permanente manipulação do equipamento, durante toda a jornada, exige sensi-bilidade de audição e de visão, em condições que, de

Page 11: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

21-09Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Maio/2014 - Fascículo 21 CT

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

fato, são extremamente desgastantes. Daí porque não se aplica, por analogia, a telefonista que faz uso do telefone no contexto de atividade mais abrangente. Jurisprudência já pacificada no Tribunal Superior do Trabalho (Orientação Jurisprudencial 273 da SBDI-1). Recurso da autora a que se nega provimento. (TRT 2ª Região - RO 00216-2008-075-02-00-2 - (20100697245) - 11ª Turma - Rel. Juiz Eduardo de Azevedo Silva - DOE SP 10.08.2010)

Recepcionista - Atribuições - Uso de PABX telefonista - Não caracterização - Se entre as atribuições da recepcionista encontra-se aquela de transferir e fazer chamadas, com a utilização de mesa de PABX, a ela não se aplicam os dispositivos do art. 227 e parágrafos, da CLT, uma vez não caracterizada a função única e exclusiva de telefonista. (TRT 3ª Região - RO 599/2009-144-03-00.4 - Rel. Des. Jorge Berg de Mendonça - DJ-e 16.11.2009, pág. 169)

Exercício das funções de telefonista - Jornada reduzida - Quando o conteúdo ocupacional contratado não demanda o exercício contínuo de tarefas típicas de telefonista, exe-cutadas em conjunto com demais encargos próprios da função de recepcionista do hospital, não há falar na apli-cação da jornada de trabalho reduzida prevista no art. 227 da CLT, não vingando o pleito de horas extras além da sexta diária pelo exercício da função de telefonista. Acúmulo de funções. Acréscimo salarial. Não gera direito à percepção de acréscimo salarial o desempenho de atividades perti-nentes ao conteúdo ocupacional contratado. Aplicação da regra cogente do artigo 456, parágrafo único, da CLT. (TRT 4ª Região - RO 0010900-22.2009.5.04.0121 - 10ª Turma - Rela. Desa. Denise Pacheco - DJ-e 09.12.2010)

Recepcionista - Telefonista - Jornada reduzida não aplicável - A jornada reduzida prevista no artigo 227 da CLT é aplicável apenas ao telefonista, assim entendido o trabalhador que tem por obrigação específica e única operar mesa telefônica, recebendo, efetuando e passando ligações. Não trabalhando a Reclamante exclusivamente em transmissão de ligações e transferência de ramais e sequer vigiando sinalizações de painel, de modo contínuo e sucessivo, não há como reconhecer que a mesma se sujeitava à jornada especial de telefonista. Inteligência do artigo 227 da CLT e aplicação, por analogia, da OJ 273 da SDI-1 do TST. Recurso ordinário da Reclamante conhecido e não provido. (TRT 9ª Região - ACO 01630-2006-002-09-00-9 - Rel. Des. Luiz Celso Napp - J. 27.05.2008)

Telefonista jornada especial art. 227 da CLT exercício con-comitante com a função de recepcionista inaplicabilidade - A reclamante não faz jus à jornada de 6 horas diárias e 36 horas semanais relativas à função de telefonista, prevista no art. 227 da CLT, quando fica comprovado que exercia, concomitantemente, as funções de recepcionista e tele-fonista, não havendo comprovação de que esta última era exercida preponderantemente. (TRT 21ª Região - RO 01048-2008-001-21-00-2 - (87.517) - Rel. Juiz Joaquim Sílvio Caldas - DJ-e 29.09.2009, pág. 148)

Horas extraordinárias. Atividade de telefonista cumulada com a de recepcionista. A previsão de jornada reduzida aos telefonistas teve como finalidade evitar o desgaste físico e mental causado pelo labor desenvolvido nessa específica atividade. No entanto, caso a empregada acumule o tra-balho de telefonista, ainda que este seja preponderante, com outras atividades, como a de recepcionista, não se aplica a ela a jornada de seis horas, pois descaracterizada a situação que gera o direito à proteção contida no art. 227 da CLT. Recurso de Revista conhecido e não provido. (TST - 1ª Turma - RR 532.466/99.5-2ª R. - Rel. Juiz Convocado Vieira de Mello Filho - DJU 06.12.2002)

Atividade de telefonista cumulada com a de recepcionista - Jornada reduzida - Incidência da Súmula nº 333 do TST - Precedentes desta corte - O art. 227 da CLT se refere ao serviço de telefonista de mesa que dedica todo o tempo de trabalho ao recebimento e transmissão de mensagens por telefone. Mencionado preceito legal visa a resguardar os empregados que trabalham exclusivamente na função de telefonista, tendo em vista o desgaste físico e mental decorrente do exercício ininterrupto da atividade. Não há falar em direito à jornada especial de seis horas aos traba-lhadores que exercem atividade de telefonista cumulada com outras funções. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR 96.466/2003-900-04-00.5 - 1ª Turma - Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa - DJU 17.06.2005)

Telefonista - Recepcionista - Não enquadramento no art. 227 da CLT - Se os afazeres da recorrente não se restrin-giam exclusivamente a efetivar e receber ligações ou trans-feri-las porquanto provado que também cuidava da recep-ção a clientes, dentre outras tarefas, não era telefonista típica, aquela que desempenha de forma permanente e contínua ligações e conexões telefônicas, a ponto de exigir o máximo de sua concentração e tornar seu serviço exte-nuante. Assim, não pode beneficiar-se do enquadramento do art. 227 da CLT, caso contrário estar-se-ia ampliando o conceito de telefonista para garantir benefícios excepcio-nais. Recurso não provido. (TRT 15ª Região - 3ª Turma - RO 02108-2002-122-15-00-0 - (05740/2005) - Rel. Juiz Lorival Ferreira dos Santos - DOE SP 25.02.2005)

• Decisões favoráveis à aplicação da jornada reduzida à telefonista/recepcionista

Enquadramento funcional - Telefonista x recepcionista - Restando provado nos autos que a reclamante trabalhava de forma quase exclusiva na função de telefonista, há que ser-lhe reconhecida a jornada especial do art. 227, CLT, e Súmula 178, TST. (TRT 18ª Região - RO 0001608-46.2010.5.18.0102 - 2ª Turma - Rel. Des. Paulo Pimenta - DJ-e 13.12.2010, pág. 30)

Cumulação de funções - A jurisprudência majoritária pende no sentido de que o art. 227 da CLT aplica-se a trabalhadores de quaisquer empresas, ainda que não explorem diretamente a atividade de telefonia (Enunciado nº 178 da Súmula do TST), porquanto a proteção do dispo-sitivo legal em comento é em relação ao empregado, não importando a atividade da empresa. Não se exige, outros-sim, a exclusividade do labor nesse mister, porquanto a cumulação com outra atividade não retira do trabalhador o direito à jornada especial de trabalho de seis horas, desde que exerça preponderantemente a função de telefonista. Na hipótese, prevalecendo a função de telefonista sobre a de recepcionista, tem, a obreira, direito à jornada diária de 6 horas. Recurso da reclamante a que se dá provimento. (TRT 23ª Região - TP - RO 1750/2000 - (3108/2000) - Rel. Juiz Roberto Benatar - J. 06.12.2000)

Telefonista/recepcionista - Operadora de PABX - Jornada reduzida - Insere-se dentre as empresas a que alude o Enunciado 178 do C. TST aquelas possuidoras de mesas, cujo vocábulo designa contato com aparelho PABX ou con-junto de telefones que exigem, daquela que responsável por eles, o mesmo esforço despendido pela telefonista de empresa que explore o ramo de telefonia. (TRT 9ª Região - 1ª Turma - ROPS 01050-2001 - (34137-2001) - Rela. Juíza Rosemarie Diedrichs Pimpão - DJ PR 07.12.2001)

Telefonista - Direito à jornada prevista no art. 227 da CLT - Restando configurado nos autos que a função preponde-

Page 12: IOB - Legislação Trabalhista - nº 21/2014 - 4ª Sem Maio · trabalho (rescisão indireta) e a pleitear o recebimento das parcelas indenizatórias em função de o empre-gador não

21-10 CT Manual de Procedimentos - Maio/2014 - Fascículo 21 - Boletim IOB

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

rante da empregada era operar aparelho PABX com várias linhas e ramais, está caracterizado seu direito à jornada de seis horas. O contrato de trabalho é um contrato realidade, pouco importando que na CTPS conste anotada a função de recepcionista, quando toda a prova pericial e oral con-vergem no sentido de que preponderavam as atividades de telefonista. Patente tal prova, faz jus à jornada prevista no art. 227 da CLT. (TRT 3ª Região - 4ª Turma - RO 6.278/00 - Rel. Juiz Maurílio Brasil - DJMG 16.09.2000)

Telefonista e recepcionista - Cumulatividade - 1. Exer-cendo, a reclamante, cumulativamente, as funções de recepcionista e telefonista, nesta última realizando liga-ções telefônicas e operando aparelho com 6 linhas e 20 ramais, faz jus ao tratamento reservado a esta categoria, nos termos do art. 227, CLT, mesmo que a empregadora não explore serviço de telefonia […] (TRT 21ª Região - Ac.

15.704 - RO 27-0877/96-2 - Rela. Juíza Maria do Perpétuo Socorro Wanderley de Castro - DOE RN 17.01.1998)

Observe-se que, apesar do posicionamento adotado pelo Conselho Técnico IOB, tendo em vista a existência de entendimento diverso, o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrência concreta da situação ora retratada, podendo, por medida pre-ventiva, consultar o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ou, ainda, o sindicato da respectiva categoria profissional acerca da questão. Caberá à Justiça do Trabalho a decisão final caso seja proposta ação nesse sentido.

N

a IOB Perguntas e RespostasLICença RemuneRada e nãO RemuneRada

Caracterização

1) Como se caracteriza a licença remunerada?

A licença remunerada ocorre quando o empre-gado, embora não trabalhe, percebe o salário relativo ao período da interrupção contratual. Referida ausên-cia remunerada pode decorrer de imposição prevista em cláusula do documento coletivo da categoria profissional ou ser pactuada, por liberalidade, entre as partes contratantes, devendo, neste caso, ser cumpridas as condições previamente ajustadas.

A interrupção do contrato de trabalho, que implica na concessão de licença remunerada, caracteriza-se pelo fato de a lei impor ou autorizar a ausência do empre-gado ao serviço e simultaneamente criar ao empregador a obrigação de pagar-lhe o salário, no todo ou em parte, ou assegurar-lhe qualquer outro direito de natureza tra-balhista, como, por exemplo, depósito do FGTS durante o período de licença, direito ao cômputo dos avos de férias, 13º salário no decorrer do afastamento etc.

Lembramos que, ainda que não prevista em lei, mas caso a empresa queira, poderá conceder licença remunerada a seus empregados, tendo os mesmos reflexos demonstrados acima.

(Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, art. 444)

Concessão

2) O empregador pode conceder licença não re-munerada ao empregado?

Não. O empregador não pode, por sua iniciativa, propor ou impor o gozo de uma licença não remune-rada ao empregado, pois uma das características do contrato de trabalho é a onerosidade (não gratuidade), e o empregador, entre outras peculiaridades, é aquele que assalaria o trabalhador (CLT, art. 2º).

Assim, entende-se que somente será possível a concessão de licença não remunerada quando for soli-citada pelo empregado, em decorrência de uma neces-sidade pessoal devidamente formalizada por escrito.

Tendo em vista que a legislação trabalhista não prevê a possibilidade de concessão da referida licença, recomenda-se que a empresa conceda-a somente quando houver expressa solicitação do empregado e que seja mencionado, na respectiva solicitação, o período de afastamento das atividades laborativas.

Este documento deve ficar arquivado no pron-tuário do empregado para eventual apresentação à fiscalização.

(Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, art. 2º)