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1 Investimentos Ambientais e Sociais Externos: um estudo comparativo das companhias de capital aberto no Brasil Autoria: Rosa Teresa Moreira Machado, Denise Carneiro dos Reis Bernardo, Nádia Campos Pereira, Gabriel Rodrigo Gomes Pessanha Resumo O novo paradigma de competição no mundo globalizado exige que a empresa seja sustentável. Isso inclui o cuidado com o ambiente, o bem-estar do stakeholder e a constante melhoria da sua própria reputação. Por meio deste trabalho, busca-se avaliar a assimilação desses conceitos, por meio das ações efetivas das companhias de capital aberto localizadas no Brasil em relação aos stakeholders. Fez-se uma análise discriminante para evidenciar os investimentos de responsabilidade social corporativa, extraídos dos balanços sociais publicados entre 1996 a 2004 de 179 (cento e setenta e nove) empresas, de acordo com o modelo do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). A pesquisa é descritiva-conclusiva. Os resultados confirmaram o pressuposto inicial de que empresas que utilizam recursos naturais abundantes (resource seeking) em seus processos produtivos procuram compensar os impactos negativos das suas atividades fazendo mais investimentos ambientais do que aquelas que possuem como objetivo predominante ofertar bens e serviços para o mercado interno (market seeking). Mesmo assim, o volume de investimentos voltados para os stakeholders das empresas market seeking comparado com os das empresas resource seeking, revelam que esse último grupo é menos sintonizado com os conceitos emergentes de responsabilidade social e ambiental. 1 Introdução Embora grande parte das empresas no Brasil nasceram e cresceram em função das vantagens comparativas propiciadas pela riqueza dos recursos naturais, terras abundantes e mão-de-obra barata, nesse momento pelo qual o mundo está passando não é mais possível pensar apenas em lucratividade e nos interesses dos acionistas. As questões sociais e ambientais exigem soluções de abrangência global que conduzam ao desenvolvimento sustentável. Conceitos como gestão ambiental, responsabilidade social corporativa, stakeholders, ecoeficiência fazem parte de um novo paradigma de competição no mundo globalizado. Entende-se que uma empresa é sustentável quando inclui entre seus objetivos o cuidado com o ambiente, o bem-estar do stakeholder e a constante melhoria da sua própria reputação. Seus procedimentos levam em conta os custos futuros e não apenas os custos presentes, o que estimula a busca constante por ganhos de eficiência e o investimento em inovação tecnológica e de gestão. No caso de grande parte das empresas brasileiras, cujos negócios dependem da exploração de recursos naturais, incorporar tais conceitos é uma tarefa complexa, até porque atuam em atividades tradicionais baseadas em processos tecnológicos maduros, muitas vezes predatórios. Isso pode prejudicar a reputação e até mesmo dificultar a continuidade desses negócios. No intuito de avaliar a assimilação desses conceitos pelas ações das companhias de capital aberto localizadas no Brasil em relação aos stakeholders, por meio deste trabalho foi feita uma análise discriminante para evidenciar os investimentos de responsabilidade social corporativa, extraídos dos balanços sociais publicados entre 1996 a 2004 de 179 (cento e

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Investimentos Ambientais e Sociais Externos: um estudo comparativo das companhias de capital aberto no Brasil

Autoria: Rosa Teresa Moreira Machado, Denise Carneiro dos Reis Bernardo, Nádia Campos

Pereira, Gabriel Rodrigo Gomes Pessanha

Resumo

O novo paradigma de competição no mundo globalizado exige que a empresa seja sustentável. Isso inclui o cuidado com o ambiente, o bem-estar do stakeholder e a constante melhoria da sua própria reputação. Por meio deste trabalho, busca-se avaliar a assimilação desses conceitos, por meio das ações efetivas das companhias de capital aberto localizadas no Brasil em relação aos stakeholders. Fez-se uma análise discriminante para evidenciar os investimentos de responsabilidade social corporativa, extraídos dos balanços sociais publicados entre 1996 a 2004 de 179 (cento e setenta e nove) empresas, de acordo com o modelo do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). A pesquisa é descritiva-conclusiva. Os resultados confirmaram o pressuposto inicial de que empresas que utilizam recursos naturais abundantes (resource seeking) em seus processos produtivos procuram compensar os impactos negativos das suas atividades fazendo mais investimentos ambientais do que aquelas que possuem como objetivo predominante ofertar bens e serviços para o mercado interno (market seeking). Mesmo assim, o volume de investimentos voltados para os stakeholders das empresas market seeking comparado com os das empresas resource seeking, revelam que esse último grupo é menos sintonizado com os conceitos emergentes de responsabilidade social e ambiental.

1 Introdução Embora grande parte das empresas no Brasil nasceram e cresceram em função das

vantagens comparativas propiciadas pela riqueza dos recursos naturais, terras abundantes e mão-de-obra barata, nesse momento pelo qual o mundo está passando não é mais possível pensar apenas em lucratividade e nos interesses dos acionistas.

As questões sociais e ambientais exigem soluções de abrangência global que conduzam ao desenvolvimento sustentável. Conceitos como gestão ambiental, responsabilidade social corporativa, stakeholders, ecoeficiência fazem parte de um novo paradigma de competição no mundo globalizado.

Entende-se que uma empresa é sustentável quando inclui entre seus objetivos o cuidado com o ambiente, o bem-estar do stakeholder e a constante melhoria da sua própria reputação. Seus procedimentos levam em conta os custos futuros e não apenas os custos presentes, o que estimula a busca constante por ganhos de eficiência e o investimento em inovação tecnológica e de gestão.

No caso de grande parte das empresas brasileiras, cujos negócios dependem da exploração de recursos naturais, incorporar tais conceitos é uma tarefa complexa, até porque atuam em atividades tradicionais baseadas em processos tecnológicos maduros, muitas vezes predatórios. Isso pode prejudicar a reputação e até mesmo dificultar a continuidade desses negócios.

No intuito de avaliar a assimilação desses conceitos pelas ações das companhias de capital aberto localizadas no Brasil em relação aos stakeholders, por meio deste trabalho foi feita uma análise discriminante para evidenciar os investimentos de responsabilidade social corporativa, extraídos dos balanços sociais publicados entre 1996 a 2004 de 179 (cento e

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setenta e nove) empresas, de acordo com o modelo do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).

As empresas foram divididas em dois grupos: resource seeking, que depende dos recursos naturais, composto pelos setores de petróleo e gás, mineral, energia elétrica, alimentos, tabaco, papel e celulose, metalurgia e automobilístico (peças) e market seeking, mais voltado para o mercado interno, composto pelos setores eletro - eletrônico, informática, máquinas e equipamentos elétricos, telecomunicações e produtos químicos e farmacêuticos.

Parte-se do pressuposto de que empresas que utilizam recursos naturais abundantes em seus processos produtivos procuram compensar os impactos negativos das suas atividades fazendo mais investimentos ambientais do que aquelas que possuem como objetivo predominante ofertar bens e serviços para o mercado interno.

O trabalho é composto de seis seções. Após essa introdução, segue o referencial teórico e a em seguida a metodologia. Após os resultados e sua análise, conclui-se que as empresas do grupo tradicional, mesmo sendo a maioria, ainda investem menos que as voltadas para o mercado interno.

2 Referencial Teórico 2.1 Responsabilidade social empresarial Segundo a ótica de Ferrell, Fraedrich e Ferrell (2001) a responsabilidade social seria

uma espécie de obrigação que a empresa assume junto à sociedade com a finalidade de maximizar os efeitos positivos e minimizar os impactos negativos gerados por ela. Representa o desenvolvimento econômico, social e ambiental através do comportamento ético nos negócios. Pressupõe a tomada de decisões empresariais que sejam resultado da reflexão sobre os impactos na qualidade de vida de todos que sejam afetados pela operação da empresa (Ashley, 2001).

Uma das tentativas de definição do conceito foi a proposta por Carroll (1991; 1998) que aponta quatro fases ou dimensões para a responsabilidade social: econômica, legal, ética e filantrópica, ressaltando que elas estão intimamente relacionadas embora estejam, freqüentemente, em conflito umas com as outras. Ainda assim, cada uma dessas dimensões não existe separada ou isoladamente das outras e o conjunto delas significa a adoção da responsabilidade social.

A propósito, Vassallo (2000) argumenta que as ações de responsabilidade social buscam, de maneira obsessiva, uma transformação no modo das empresas conduzirem seus negócios. Esse é um grande desafio para as empresas no Brasil, diante dos problemas estruturais do país como fome, violência, doenças, carência de educação formal.

Desde o início do século XX, registram-se manifestações em prol do compromisso das empresas com o bem-estar da comunidade onde se encontra. Porém, somente a partir de 1960, nos Estados Unidos da América, diversas empresas passaram a prestar contas de suas ações destinadas à sociedade por meio da divulgação de relatórios anuais com informações de caráter social e ambiental, resultando no que se chama hoje de balanço social.

A elaboração do balanço social é obrigatória na França desde 1977, pelas empresas com mais de 300 funcionários. Diversos países da Europa seguiram os passos pioneiros da França e também começaram a pregar a importância da elaboração desse documento, entre eles Alemanha, Holanda, Suécia, Espanha e Inglaterra. Em Portugal, a publicação do balanço social é obrigatória para todas as empresas desde 1985 e na Bélgica, desde1986.

Aliás, a discussão acerca da responsabilidade social das empresas ultrapassa a questão do repasse das obrigações do Estado para a sociedade e do marketing empresarial, assumindo um lado estratégico no mundo dos negócios.

De acordo com alguns estudiosos, a responsabilidade social é uma variável importante na estratégia competitiva da empresa. A maioria dos consumidores europeus afirma que o compromisso de uma empresa com a sua responsabilidade social é um fator que pesa na aquisição de um produto ou serviço, estando predispostos a pagar mais por produtos de empresas socialmente responsáveis.

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Estudos realizados pelo Centro de Estudos em Administração do Terceiro Setor (CEATS/USP), em 2002, também demonstraram que o consumidor brasileiro está disposto a pagar mais por produtos de empresas socialmente responsáveis.

Segundo a Comissão das Comunidades Européias, as instituições financeiras têm recorrido às informações de caráter social e ambiental para avaliar os riscos da concessão de empréstimos ou de investimentos nas empresas. O reconhecimento de uma empresa socialmente responsável – por meio da sua inscrição num índice bolsista de valores éticos como o Dow Jones Sustainable Index – reforça sua cotação, acarretando assim vantagens financeiras concretas. Porém, a maior evidência é de que ainda não há uma avaliação fidedigna dos resultados da ação social para a empresa.

No Brasil, foi em 1997, com a atuação do sociólogo Hebert de Souza, o “Betinho”, que a idéia de responsabilidade social das empresas e a proposta da divulgação do balanço social alcançaram maior projeção nacional. Desde então, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) vem incentivando as empresas brasileiras a publicar esse demonstrativo.

O modelo de balanço social do Ibase fornece a posição bienal de dados qualitativos e quantitativos, reunindo indicadores de faturamento, laborial, social, ambiental e indicadores do corpo funcional da empresa. Para os indicadores sociais internos, é proposta uma comparação percentual em relação à receita líquida e à folha de pagamento bruta da empresa. Já os indicadores sociais externos e ambientais se propõem à mesma comparação percentual, contudo, em relação à receita líquida e ao resultado operacional. O modelo também oferece oportunidades para a realização de diversos estudos. Isso porque os indicadores “rastreiam grande número de informações sociais, que são de imensa valia para análises do desempenho social da entidade, bem como servirão de parâmetro para previsões orçamentárias da própria organização e das instituições governamentais” (Kroetz, 2000, p. 74).

O balanço social do Ibase classifica os investimentos em responsabilidade social em três grandes grupos, como demonstra o Quadro 1: QUADRO 1 Classificação dos investimentos em responsabilidade social segundo o Ibase.

Indicadores Variáveis analisadas

Internos (investimentos dentro

da empresa)

Alimentação, encargos sociais compulsórios, previdência privada, saúde, segurança e medicina no trabalho, educação, cultura, capacitação e desenvolvimento profissional, creches ou auxílio–creche, participação nos lucros ou resultados, outros.

Externos (investimentos na

sociedade)

Educação, cultura, saúde e saneamento, habitação, esporte, lazer e diversão, creches, alimentação, combate à fome e segurança alimentar, tributos, outros.

Ambientais

Investimentos relacionados com a produção/operação na empresa, investimentos em programas e/ou projetos externos.

Fonte: Elaborado pelos autores (2006).

A propósito, a percepção dos estudiosos com relação ao fato da atividade empresarial possuir uma dimensão ética, complementar às suas dimensões econômica e legal, tem consenso. Porém, há divergência quanto à natureza dessa dimensão ética. Nesse contexto, há duas correntes: a dos defensores dos stockholders, ou seja, apenas os sócios e acionistas das organizações, e a corrente dos que compartilham a visão dos stakeholders – stockholders (acionistas ou cotistas /majoritários e minoritários), funcionários, fornecedores, clientes, consumidores, investidores, comunidades, governos - ou seja, grupos que interagem direta e indiretamente com a empresa.

Os seguidores da corrente dos stakeholders pregam que os gestores têm a atribuição ética de respeitar os direitos e promover o bem entre todos os atores sociais afetados pela organização. Evan e Freeman (1988) argumentam que a visão neoclássica de que a responsabilidade social das organizações é a maximização da riqueza dos stockholders deve abranger uma abordagem teórica mais ampla, incorporando os demais stakeholders. Esse

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grupo também tem identificado nas atividades de responsabilidade social corporativa um potencial fator de aumento do valor da empresa. Porém, esses estudos, em certos casos, ignoram a realidade das organizações (Duarte & Dias, 1985; Machado Filho & Zylbersztajn, 2004).

Já Friedman (1970), por exemplo, defende a visão dos stockholders, em contraposição à dos stakeholders. O argumento é que se os administradores aumentam os lucros e utilizam-se deles para o aumento do valor da empresa, respeitando os direitos de propriedade dos acionistas/cotistas das empresas, dessa maneira, promovem, de forma agregada, o bem-estar social. Se os administradores atêm-se a problemas de cunho social em decisões do dia-a-dia, por exemplo, podem violar suas atribuições de defesa dos interesses da empresa e interferir na habilidade do mercado em promover o bem-estar geral. O autor argumenta que os gestores podem usar as ações de responsabilidade social como meio para desenvolver suas próprias agendas sociais, políticas e profissionais, às expensas dos acionistas. De acordo com essa visão, os recursos destinados a ações de responsabilidade social seriam mais sabiamente gastos, sob uma perspectiva social, no incremento da eficiência da organização. Assim, a visão crítica da relevância das atividades de responsabilidade social corporativa considera que esses esforços são incompatíveis com o objetivo de maximização de lucro da empresa (Machado Filho & Zylbersztajn, 2004).

Assim, há estudos que defendem a visão de uma corrente em contraposição a outra. Apesar da visão dos stakeholders se contrapor à visão dos stockholders sobre o papel das empresas na sociedade, ambas se preocupam com o resultado final, ou seja, o bem-estar social (welfare state). Apesar de divergentes em seus pressupostos, essas visões podem convergir na prática (Machado Filho & Zylbersztajn, 2004).

No Quadro 2 (Anexo 1) encontra-se um resumo das contribuições, demandas básicas, oportunidades de ganhos e da minimização de riscos, de acordo com o stakeholder envolvido, a partir das ações de responsabilidade social.

2.2 Considerações sobre gestão ambiental e avaliação de empresas

Durante muito tempo, as organizações preocuparam-se apenas com a eficiência dos sistemas produtivos. Porém, essa noção vem se mostrando equivocada, o que exige uma mudança de atitude das organizações com o objetivo de acelerar a transição de um modelo esgotado de relações ambientais, econômicos e sociais para a nova era da sustentabilidade (Tinoco & Kraemer, 2004).

Ficaram para trás os tempos de, primeiro, predomínio do econômico e indiferença para com o ambiental; depois a preocupação exclusiva em proteger a natureza. Hoje a perspectiva evoluiu para um mundo tripolar, no qual o paradigma é o da integração de economia, ambiente e sociedade, conduzida e praticada em conjunto por três grupos básicos: empresariado, governo e sociedade civil organizada (Almeida, 2002).

A empresa sustentável inclui entre seus objetivos o cuidado com o ambiente, o bem-estar do stakeholder e a constante melhoria da sua própria reputação. Seus procedimentos levam em conta os custos futuros e não apenas os custos presentes, o que estimula a busca constante por ganhos de eficiência e o investimento em inovação tecnológica e de gestão.

A literatura de gestão empresarial tem trazido novos paradigmas e conceitos, tais como o de ecoeficiência, uma filosofia de gestão empresarial que incorpora a gestão ambiental. A ecoeficiência pode ser considerada como uma forma de responsabilidade ambiental corporativa. Encoraja as empresas de qualquer setor, porte e localização geográfica a se tornarem mais competitivas, inovadoras e ambientalmente responsáveis. O seu principal objetivo é fazer a economia crescer qualitativamente, não quantitativamente. Para ser ecoeficiente, a empresa precisa, sobretudo, conhecer o sistema natural em que opera, o que exige conhecer os limites e capacidades de um sistema de resistir a impactos.

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Portanto, a questão que se apresenta às empresas de todos os portes é como agir de maneira a garantir a sobrevivência ao longo prazo, diante dos desafios definidos dentro dessas novas abordagens.

No caso de grande parte das empresas brasileiras, cujos negócios dependem da exploração de recursos naturais, incorporar tais conceitos é uma tarefa complexa, até porque atuam em atividades tradicionais baseadas em processos tecnológicos maduros, muitas vezes predatórios. Isso pode prejudicar a reputação e até mesmo dificultar a continuidade desses negócios.

Nesse contexto e, levando-se em conta a necessidade de captação de recursos financeiros, Dunning (1993) estudou o modo como uma firma se lança em outro país. De acordo com as particularidades das atividades realizadas pelas firmas, esse autor classificou as motivações para investimento externo em quatro categorias: resource seeking, market seeking, eficiency seeking e strategic asset/capability seeking. As empresas que buscam em determinado país recursos específicos a baixo custo para a produção de bens, que geralmente são destinados ao mercado externo, bem como recursos naturais, mão-de-obra barata em suas atividades, são caracterizadas como resource seeking. Já as empresas classificadas segundo a perspectiva de market seeking tem como objetivo ofertar bens e serviços para o mercado interno. As empresas cujas intenções consistem em diferentes dotações de fatores, culturas, arranjos institucionais, sistemas econômicos, políticos e estruturas de mercado concentrando a produção em um número limitado de locais para atender múltiplos mercados enquadram-se na perspectiva do eficiency seeking. Por último, as empresas caracterizadas na perspectiva de strategic asset/capability seeking possuem objetivos estratégicos de longo prazo, sendo sua principal motivação aumentar o portfólio da empresa de modo a fortalecer sua posição competitiva, ou enfraquecer a de seus concorrentes em mercados globais e regionais, bem como a abertura de novos mercados, criação de sinergias em P&D, aquisição de poder de mercado e redução de custos de transação.

3 Metodologia A pesquisa realizada pode ser classificada, quanto aos seus fins, como descritiva-

conclusiva. Esse tipo de pesquisa permite descrever as características quantitativas e qualitativas das informações evidenciadas nos balanços sociais das empresas em estudo, bem como, pelo fato do processo de pesquisa ser formal e estruturado e a amostra ser representativa, emprega-se a análise quantitativa dos dados procurando verificar o grau de associação das variáveis e gerar informações para a tomada de decisão (Malhotra, 2001).

As variáveis utilizadas para a realização deste trabalho foram o total dos investimentos externos de empresas localizadas no Brasil em ações de responsabilidade social - investimentos na sociedade - e o total de investimentos ambientais, ou seja, investimentos realizados na sociedade e na própria empresa visando a preservação do meio ambiente. Os dados foram obtidos dos balanços sociais publicados pelas empresas de capital aberto no Brasil de acordo com o modelo do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), no período de 1996 a 2004.

Para a realização da análise discriminante, as empresas foram divididas em dois grupos: resource seeking – composto pelos setores de petróleo e gás, mineral, energia elétrica, alimentos, tabaco, papel e celulose, metalurgia e automobilístico (peças) e market seeking – composto pelos setores eletro - eletrônico, informática, máquinas e equipamentos elétricos, telecomunicações e produtos químicos e farmacêuticos.

3.1 Análise discriminante Segundo Hair et alii (2005), a análise discriminante é uma técnica estatística

multivariada, semelhante à análise de regressão, utilizada quando a variável dependente é

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categórica e as variáveis independentes são métricas. Essa análise envolve determinar uma combinação linear de duas ou mais variáveis independentes que discriminarão melhor entre grupos definidos a priori. Tal técnica tem sua aplicação principal onde se quer identificar a que grupo um objeto (pessoa, empresa, produto) pertence. Ela envolve a obtenção de uma função, conhecida como função discriminante, que apresenta a seguinte forma:

nknkkjk XWXWXWaZ ++++= ...2211 Onde:

jkZ = escore Z discriminante da função discriminante j para o objeto k;

a = intercepto;

iW = peso discriminante para a variável independente i;

ikX = variável independente i para o objeto k.

Além da separação de grupos, a análise discriminante também é aplicada para classificar, de maneira eficiente, os indivíduos dentro dos grupos estudados. Sharma (1996) descreve vários métodos de classificação (valor de corte, teoria da decisão estatística, função de classificação e distância de Mahalanobis).

O método computacional utilizado para estimar a função discriminante foi o método stepwise. Nele, as variáveis independentes são analisadas uma a uma, iniciando com a que melhor discrimina dentre todas as outras. Esta variável é então comparada com todas as outras, uma de cada vez, sendo que entrarão no modelo apenas aquelas que melhorarem o poder discriminante da função. As demais variáveis são escolhidas da mesma maneira, até que não haja mais variáveis capazes de contribuir para a melhora do poder discriminante da função, o que é mensurado pela estatística F. Na avaliação da validade da análise discriminante, foram observados os percentuais de casos classificados de forma correta.

Para atender os pré-requisitos de uma análise discriminante, utilizou-se o escore 0 para identificar as empresas que integraram o grupo resource seeking e o escore 1 para as empresas que integraram o grupo market seeking. Obteve-se, dessa forma, 103 empresas classificadas como resource seeking e 76 empresas do grupo de market seeking, atendendo aos requisitos de Hair et alii (2005), de que cada grupo tenha, no mínimo, 20 observações e tenham tamanhos parecidos. Como variáveis independentes foram utilizadas todas as variáveis descritas no item anterior - total dos investimentos externos em ações de responsabilidade social e o total de investimentos ambientais, sendo que todas elas são variáveis métricas.

4 Resultados e Discussão

4.1 Análise Discriminante A análise discriminante manteve no modelo duas variáveis independentes: os

investimentos ambientais e os investimentos externos. A média e o desvio padrão dessas variáveis discriminantes estão apresentadas no Quadro 1.

No Quadro 2 são apresentados os resultados da análise discriminante com as etapas de entrada das duas variáveis, a estatística de Lambda de Wilks’ (demonstrando que a cada etapa processada diminuiu o grau de ajuste da função discriminante). Também estão listados os níveis de significância de cada variável.

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Quadro 1 Média e desvio padrão dos investimentos das empresas

Investimentos Média Desvio Padrão Investimentos Sociais Externos 540397,43 761549,75 Investimentos Ambientais 17622,00 43670,73 Fonte: Dados da pesquisa (2006).

Após o processamento da análise discriminante, constatou-se que 57,3% das empresas Resource seeking e 88,2% das empresas Market seeking foram classificadas corretamente. Assim, no geral, 70,4% das empresas foram classificadas corretamente. Esta margem de erro refere-se àquelas empresas classificadas como sendo de um grupo e, de acordo com a análise discriminante, possuem características do outro grupo.

Quadro 2 Resultados da análise discriminante com as etapas de extração, estatística Wilks’ Lambda e nível de significância para cada variável.

Etapa Entrada da variável Wilk’s Lambda Significância 1 Investimentos Ambientais 0,911 0,000 2 Investimentos Sociais Externos 0,987 0,012

Fonte: Dados da pesquisa (2006).

A variável investimentos ambientais foi a primeira a entrar para a função discriminante, por ser a que mais discriminou os dois grupos. Para as empresas classificadas como Resource seeking, a média dessa variável foi de 31177,00, enquanto para as empresas Market seeking foi de 20800,92, indicando que as empresas que fazem parte do grupo Resource seeking possuem maior capacidade de investimento em ações que visem a preservação do meio ambiente.

Já a variável investimentos sociais externos foi a segunda variável a entrar no modelo, sendo que as empresas caracterizadas como Resource seeking apresentaram uma média de 309700,00 para essa variável e as caracterizadas como Market seeking uma média de 325419,82. Portanto, as empresas classificadas como Market seeking apresentam uma tendência maior de investimento em ações de caráter social.

A função discriminante canônica, apresentada no Quadro 3, foi extraída com 100% de significância e o coeficiente de correlação canônica de 0,635. Elevando-se a correlação canônica ao quadrado, constatou-se que aproximadamente 40% do total da variância foi explicado pelo modelo. Apesar de a função discriminante ser altamente significativa, sua capacidade de ajuste aos dados foi razoável. Tal fato pode ser justificado pelos múltiplos fatores que vão influenciar nos investimentos das empresas, uma vez que as estatísticas indicam que parte das empresas de um grupo pode apresentar um comportamento semelhante ao de outro grupo em termos dos investimentos analisados. A estatística Lambda de Wilks mostrou um alto grau de significância para as duas variáveis.

Quadro 3 Função Discriminante Canônica

Percentual de Variância Função Eigenvalue % AcumuladoCorrelação Canônica

Wilk’s lambda

Chi-Square df Significância

1 0,127 100 100 0,635 0,888 20,971 2 0,000 Fonte: Dados da Pesquisa (2006).

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Os coeficientes dessa função, apresentados no Quadro 4, mostram como são classificadas as empresas segundo o critério de Resource seeking e o Market seeking.

Quadro 4 Coeficientes das funções de classificação.

Resource seeking Market seeking Investimentos Sociais Externos 0,046 0,426 Investimentos Ambientais 0,648 -0,024 Constante -0,096 -0,125

Fonte: Dados da Pesquisa (2006).

De modo geral, os resultados da análise discriminante demonstraram que existem diferenças significativas entre alguns investimentos dos dois grupos estudados: as empresas que se classificam como Resource seeking e aquelas que se classificam como Market seeking. Assim, os investimentos sociais externos e os investimentos ambientais discriminam esses dois grupos, ratificando a hipótese anteriormente formulada, ou seja, as empresas do grupo resource seeking fazem mais investimentos ambientais do que as do grupo market seeking para compensar os efeitos negativos que elas provocam no ambiente. Mesmo assim, o valor médio dos investimentos ambientais feitos pelas resource seeking nos anos de 1996 a 2004 representa cerca de apenas 10% do que elas alocaram em investimentos sociais externos. Isso significa que a preocupação com o meio ambiente tem sido menos relevante para essas empresas do que os investimentos sociais externos.

5 Considerações Finais No âmbito das discussões sobre sustentabilidade e responsabilidade social das

empresas, o intuito deste trabalho foi o de avaliar a conduta das companhias de capital aberto localizadas no Brasil em relação aos stakeholders, baseado em dados do período de 1996 a 2004, publicados nos balanços sociais de 179 (cento e setenta e nove) empresas. Para a realização da análise discriminante, as empresas foram divididas em dois grupos: resource seeking – composto pelos setores de petróleo e gás, mineral, energia elétrica, alimentos, tabaco, papel e celulose, metalurgia e automobilístico (peças) e market seeking – composto pelos setores eletro - eletrônico, informática, máquinas e equipamentos elétricos, telecomunicações e produtos químicos e farmacêuticos. O número de empresas ficou assim distribuído: 103 empresas resource seeking e 76 empresas market seeking. O estudo procurou discriminar os dois grupos de empresas segundo as ações de responsabilidade social - investimentos na sociedade - e o total de investimentos ambientais, ou seja, investimentos realizados na sociedade e na própria empresa visando a preservação do meio ambiente.

Os resultados confirmaram o pressuposto inicial de que empresas que utilizam recursos naturais abundantes em seus processos produtivos procuram compensar os impactos negativos das suas atividades fazendo mais investimentos ambientais do que aquelas que possuem como objetivo predominante ofertar bens e serviços para o mercado interno.

A média das aplicações em investimentos ambientais das empresas classificadas como resource seeking foi de R$31.177,00, enquanto para as empresas market seeking foi de R$20.800,92, indicando que as empresas que fazem parte do grupo resource seeking possuem maior capacidade de investimento em ações que visem a preservação do meio ambiente. Em termos de investimentos sociais externos, as empresas resource seeking apresentaram uma média de R$309.700,00 e as caracterizadas como market seeking uma média de

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R$325.419,82. Portanto, as empresas classificadas como market seeking apresentaram uma tendência maior de investimento em ações de caráter social.

Mesmo ratificando a hipótese de que as empresas do grupo resource seeking fazem mais investimentos ambientais do que as do grupo market seeking para compensar os efeitos negativos que elas provocam no ambiente, ainda assim o valor médio dos investimentos ambientais feitos pelas resource seeking no período estudado representa cerca de apenas 10% do que elas alocaram em investimentos sociais externos. Isso significa que a preocupação com o meio ambiente tem sido menos relevante para essas empresas do que os investimentos sociais externos. Além disso, apesar de serem a maioria das empresas, as resource seeking alocaram menos recursos em investimentos ambientais e sociais externos do que as empresas market seeking.

Portanto, o volume de investimentos voltados para os stakeholders das empresas market seeking comparado com os das empresas resource seeking, revelam que esse último grupo é menos sintonizado com os conceitos emergentes de responsabilidade social e ambiental.

6 Referências Bibliográficas

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ANEXO 1 QUADRO 3 Efeitos das ações de responsabilidade social de acordo com o stakeholder envolvido, suas contribuições e demandas básicas Stakeholder Envolvido Contribuições Demandas básicas Oportunidades (ganhos

de reputação) Minimização de

riscos

Comunidade • Infra-estrutura

• Respeito ao interesse comunitário; • Contribuição à melhoria da qualidade de vida na comunidade; • Conservação dos recursos naturais, etc.

Criação de legitimidade Minimizar riscos de

má aceitação/conflitos

Mídia ----------- ------------ Cobertura favorável Minimizar risco de

cobertura desfavorável

Ativistas, grupos e

movimentos

• Aportes sócio-culturais diversos

• Proteção ambiental; • Respeito aos direitos de minorias; • Respeito aos acordos salariais, etc.

----------------- Minimizar riscos de boicote

Investidores, acionistas • Capital

• Lucros e dividendos; • Preservação do patrimônio.

Geração de valor Minimizar riscos de

fuga de investidores

Funcionários • Mão-de-obra • Criatividade • Idéias

• Salários justos; • Segurança no emprego; • Realização pessoal; • Condições de trabalho.

Aumento do comprometimento

Minimizar riscos de comportamento

Consumidores • Dinheiro

• Segurança e boa qualidade dos produtos; • Preço acessível; • Propaganda honesta.

Fidelização Minimizar riscos de má aceitação

Agentes reguladores,

governo

• Suporte institucional, jurídico e político

• Obediência às leis; • Pagamento de tributos.

Ação legal favorável Minimizar riscos de ação legal

Parceiros comerciais,

fornecedores • Mercadorias

• Respeito aos contratos; • Negociação leal.

Colaboração Minimizar riscos de defecção

Concorrentes • Competição; referencial de mercado

• Lealdade na concorrência. ----------- -----------

Fonte: Desenvolvido pelos autores, com base em Machado Filho & Zylbersztajn (2004) e Duarte & Dias (1985).