investigação - passo a passo

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Page 1: Investigação - passo a passo
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INVESTIGAÇÃOPASSO A PASSO

Perguntas e Respostas Essenciaispara a Investigação Clínica

Autores

Médicos de Medicina

Geral e Familiar

Associação Portuguesa

dos Médicos

de Clínica Geral

1.ª Edição

Page 3: Investigação - passo a passo

Núcleo de Investigação da APMCG

Clara Barros Fonseca

Carlos Canhota

Eugénia Enes da Silva

José Augusto Simões

John Yaphe

Maria Conceição Maia

Maria José Ribas

Miguel Melo

Paulo Jorge Nicola

Raquel Braga

Vítor Ramos

Coordenadora

Eugénia Enes da Silva

Page 4: Investigação - passo a passo

FICHA TÉCNICA

TítuloInvestigação Passo a Passo– Perguntas e Respostas Essenciais para a Investigação Clínica

AutoresMédicos de Medicina Geral e Familiar

PromotorNúcleo de Investigação da APMCG

Revisão de textoNúcleo de Investigação da APMCG

CapaEduardo Esteves

ImpressãoFocom XXI, Lda.

Depósito Legal n.º 282 332/08

1ª edição – Lisboa – Setembro de 2008

Distribuição

APMCG

Avenida da República, n.º 97 - 1º

1050-190 Lisboa

Portugal

www.apmcg.pt

© Reservados todos os direitos

Page 5: Investigação - passo a passo

ÍNDICE

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Desenvolvimento do Projecto de Investigação

1. Quais os passos essenciais de uma investigação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112. Como construir uma boa questão de investigação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193. Como elaborar um protocolo/projecto de investigação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274. Que informações relevantes seleccionar da pesquisa bibliográfica? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335. Como definir os objectivos e as hipóteses de um estudo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 416. Qual o tipo de estudo a escolher? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 457. Como definir uma população de estudo e como seleccionar uma amostra? . . . . . . . . . . . . . . 518. Como definir e caracterizar as variáveis? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 559. Quais os métodos e processos de recolha de dados? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

10. Qual a importância do estudo piloto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6911. Qual a estratégia de análise de dados? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7312. Como escolher o programa de estatística? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7713. Como apresentar os resultados de um estudo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8314. Quais os pontos básicos da discussão dos resultados? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9715. Qual a forma mais relevante de divulgação dos resultados de investigação? . . . . . . . . . . . . . 10316. Que questões éticas salvaguardar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10917. Como publicar o estudo de investigação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11518. Como elaborar o orçamento para a investigação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12319. Como obter apoios para a investigação clínica? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

BIBLIOGRAFIA DE APOIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149ANEXO 1 – Doc.“Consentimento Informado” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150ANEXO 2 – Exemplo de “Orçamento Investigação” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151Notas curriculares dos Autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153

Page 6: Investigação - passo a passo

PREFÁCIO

Luís Pisco

Um esforço persistente em prol do Desenvolvimento Profissional Contínuo e da

excelência profissional dos Médicos de Família, tem caracterizado, desde

sempre, a actuação da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral,

constituindo uma preocupação constante, uma prioridade e uma das suas

tarefas centrais.

Sob o título “Um Futuro para a Medicina de Família em Portugal”, a Associação

Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral publicou, em 1990, uma tomada de

posição sobre a organização da Medicina Familiar. Neste documento, onde se

verte uma reflexão colectiva de vários anos, abordam-se, entre muitas outras,

questões como o sistema de informação, a avaliação da qualidade, a formação

e a investigação. Como linha orientadora, a garantia do direito de todos os

cidadãos a uma assistência médica altamente qualificada.

Nesta obra, a APMCG reconhece a necessidade dos Médicos de Família

conduzirem programas e projectos de investigação e de participarem em

programas e projectos de investigação, conduzidos por outros elementos ou

entidades.

Reconhece o sistema de informação de cada médico de família como um

instrumento valiosíssimo e indispensável, quer no processo de tomada de

decisão e gestão da prática clínica, quer ainda como fonte de dados e de

informação para a vigilância epidemiológica e para a administração de saúde,

constituindo ainda um importante instrumento para a investigação.

Reconhece que a formação médica contínua deverá fazer parte integrante das

actividades normais do médico de família e que deverão ser criados incentivos

para a sua realização.

Reconhece que a investigação é a base de toda a evolução científica e um dos

pontos-chave de desenvolvimento da nossa especialidade.

Torna-se, assim, crucial, incentivá-la a todos os níveis.

O ensino da sua metodologia deverá iniciar-se a nível da formação pré-

graduada e a aplicação desses conhecimentos deverá ser encorajada em todas

as fases da vida profissional do médico.

Na formação pós-graduada, a investigação deverá surgir como processo lógico

decorrente de sistemas de garantia da qualidade dos serviços prestados,

devendo nesta perspectiva entrar na rotina do médico de família.

Page 7: Investigação - passo a passo

Estas afirmações não podem, porém, ser entendidas como se a investigação

fosse estritamente um acto de voluntarismo, por parte do médico. Pelo contrário,

deverão ser previstos recursos e financiamentos específicos para este tipo de

actividade, criando um fluxo constante de informação de suporte para todas as

actividades do médico de família.

Ciente das suas responsabilidades nesta área, a APMCG publicou, em 1989, o

“Manual de métodos de investigação em saúde” deAlexandre Abrantes, António

Tavares e Joana Godinho, com a colaboração deArmando Brito de Sá, na altura

coordenador do Núcleo de Investigação. Contou com um prefácio do Prof.

Correia de Campos e o patrocínio da FundaçãoAga-Khan e da Escola Nacional

de Saúde Pública. Constituiu um precioso auxiliar para muitos profissionais de

saúde desenvolverem os seus projectos de investigação com rigor científico e

metodológico.

O livro “Investigação Passo a Passo – Perguntas e Respostas Essenciais para

a Investigação Clínica”, uma excelente iniciativa do Núcleo de Investigação da

APMCG, é um digno sucessor do anterior “Manual de métodos de investigação

em saúde” e, como ele, contribuirá para o desenvolvimento da investigação

científica, nos Cuidados Primários de Saúde.

A Investigação continua a ser um dos instrumentos fundamentais para o

desenvolvimento dos Cuidados Primários, ao obter respostas que nos permitem

adquirir novos conhecimentos e, consequentemente, melhorar a prestação dos

cuidados de saúde.

A investigação tem como objectivo principal a geração de conhecimento. Mas

tem também um valor acrescido para o Serviço Nacional de Saúde, ao contribuir

para melhorar a sua eficiência e a sua efectividade. E também para os doentes,

ao permitir a melhoria da actividade assistencial, ao diminuir a variabilidade na

prestação de cuidados e ao contribuir de forma significativa para a equidade na

prestação de cuidados.

Por fim, a investigação tem uma importância primordial para os profissionais de

Saúde, ao contribuir para a sua formação e para aumentar a sua satisfação e

motivação profissionais. Estou certo de que este livro irá ser um precioso auxiliar

e um útil instrumento de trabalho para os Médicos de Família Portugueses.

Presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral

Page 8: Investigação - passo a passo

INTRODUÇÃO

Eugénia Enes Silva

O desenvolvimento humano é determinado pela sede de descoberta do HOMEM – a procura

insistente de novo conhecimento.

Contudo, o conhecimento pode ser não científico (senso comum, literário, filosófico, etc)

ou científico (implica investigação – segue um processo organizado, planeado, sistemático,

com princípios e regras bem definidas).

A partir da observação de fenómenos colocam-se questões a investigar, segue-se um trilho de

trabalho metodológico que implica passos de controlo para aferir o plano determinado. Saltar

um passo pode inviabilizar toda a Investigação.

No final encontram-se respostas para as questões iniciais.

A apresentação de um bom relatório final é imprescindível para o sucesso da Investigação. Os

resultados alcançados podem ser confirmados ou não, por outros investigadores que utilizem

o estudo ou gerar novas problemáticas a investigar.

Todos os profissionais, em alguma fase da sua vida académica ou profissional, necessitam de

desenvolver ou participar em estudos de investigação, pois é inerente ao avanço formativo de

cada um de nós, à creditação.

A Investigação reforça a credibilidade das atitudes, pode determinar padrões de Qualidade

com benefício para as Instituições, os profissionais e a comunidade.

O documento que apresentamos é escrito por médicos de Medicina Geral e Familiar com

experiência nas áreas da Formação Contínua e da Investigação e destina-se a médicos e a

quem deseje realizar estudos de Investigação Básica.

Pretende ser uma base de apoio, um guião estruturado sobre os passos essenciais da

Investigação.

Em cada capítulo referem-se as Ideias-Chave e Erros a Evitar, fornecem-se exemplos

orientativos.

Livro de consulta rápida e acessível a todos os investigadores, não pretende ser exaustivo mas

didático.

Procura-se desmistificar ideias preconcebidas, motivar e promover a área da Investigação na

Medicina Geral e Familiar.

P`lo Núcleo de Investigação

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Quais os passos essenciais de uma investigação?

Como construir uma boa questão de investigação?

Que informações relevantes seleccionar da pesquisa bibliográfica?

Como definir os objectivos e as hipóteses de um estudo?

Qual o tipo de estudo a escolher?

Como definir uma população de estudo e como seleccionar uma amostra?

Como definir e caracterizar as variáveis?

Quais os métodos e processos de recolha de dados?

Qual a estratégia de análise de dados?

Como apresentar os resultados de um estudo?

Quais os pontos básicos da discussão dos resultados?

Qual a forma mais relevante de divulgação dos resultados de investigação?

Que questões éticas salvaguardar?

Como publicar o estudo de investigação?

Como escolher o programa de estatística?

Como elaborar um protocolo/projecto de investigação?

Qual a importância do estudo piloto?

Como elaborar o orçamento para a investigação?

Como obter apoios para a investigação clínica?

Page 10: Investigação - passo a passo

11Quais os passos essenciais

de uma investigação?

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1 QUAIS OS PASSOS ESSENCIAISDE UMA INVESTIGAÇÃO?

Eugénia Enes Silva

IdeiasChave

� Investigação exige: MotivaçãoRigorMétodoPersistência

� Antes de avançar com uma investigação é necessárioverificar se estão reunidas condições básicas como:

• Forte motivação

• Investigador com apoio institucional

• Recursos suficientes para garantir a conclusãoda investigação

• Apoio socio-familiar forte

• Orientador com boas competências, disponívele interessado na investigação (caso se justifique)

As fases de um estudo de Investigação são descritas deforma diferente consoante os autores mas esquematizandopodem ser:

• Selecção do tema – escolha das questõesde investigação e argumentação

• Desenho do Projecto/Protocolo Investigação

• Execução do Projecto – recolha e tratamentode dados; apresentação resultados

• Divulgação do relatório final

Investigar é Procurar – desenvolver esforços para descobrir algopara além do já conhecido.

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QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

PontosChave

– O investigador escolheo tema cujo conhecimentodetermine a necessidadede uma explicação, de uma modificação, algo de novo!

– O autor tem a liberdade deescolher o tema mas para ser eficiente deve ponderaro seguinte:

• Realizar uma boa revisãobibliográfica.

• A questão de investigaçãodeve ser bem definida,interessante para oinvestigador, entidades deapoio e comunidade, emgeral.

Quanto mais concreta aquestão de investigaçãomaior hipótese desucesso!

1. SelecçãoTema

– Pode ser um problemade Saúde ou deServiços, onde umfenómeno observadolevanta novas questõespertinentes para oevoluir de umaInvestigação, porexemplo.

A pesquisa na base dedados deve ser exigenteapesar de hoje estarfacilitada pelos meiosinformáticos.

Seleccionar as fontescrediveis e ao seu alcancepara evitar desperdício derecursos.

Fundamental que seobtenha respostas àsquestões de investigaçãoem tempo útil.

1. Tema interessante para o investigador

2. Dentro das suas capacidades

3. Útil na produção de novos conhecimentos

4. As fontes de informação devem ser acessíveise credíveis

5. O autor deve conhecer bem as questões éticasque o tema pode condicionar

6. A questão de investigação deve ser bem definida

FASES DE UM ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO CLÍNICA

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QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

Na pesquisa bibliográfica encontram-se as bases para aargumentação a desenvolver sobre o tema investigação.

A argumentação tem um papel crucial desde a selecção do tema,fornece linhas orientativas para a escolha da metodologia epermite ideias básicas para a fase de discussão de resultados. Considerada por muitos autores como “o fio condutor” queorienta o processo de investigação.

AspectoPrático

• O Projecto, também designado por Protocolo, é umdocumento essencial que mantem o investigador no trilho queescolheu, fiel aos seus propósitos, permitindo passosde validade do trabalho e de controlo.

Como documento de trabalho serve para apresentar aInvestigação a todos que possam ser envolvidos na iniciativa;é uma forma de compromisso entre investigadores e osempregadores, os financiadores, a comunidade.

Descreve todos os passos fundamentais do estudo e oslimites a observar pelos investigadores.

O Projecto de Investigação é um documento que pode sofreradaptações ao longo da investigação desde que não altere aessência da mesma.

Além dos nomes dos autores e das instituições envolvidas deveincluir:

• Título – claro, simples, informativo do estudo, mas conciso

• A problemática a investigar com uma boa argumentação ajustificar a pertinência do estudo

• Hipóteses e objectivos bem apresentados – claros, concisos,realistas e expressos em termos mensuráveis

• Metodologia escolhida e bem descrita

2. DesenhodoProjecto//Protocolo

Princípios

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QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

Tipo de estudo

População/Universo

Amostra(tipo e dimensão)Técnica amostragem

Variáveis

Modo de Recolha de dados

Processamento de Dados

Apresentação de Resultadose Discussão

Observacional (descritivo,analítico), experimental,outros

Exemplos:Utentes Centro de Saúde,da consulta; habitantes deuma região

Quando bem seleccionadaevita desperdício derecursos e aumentavalidade dos resultados edas conclusões

Caracterização, fontes deinformação e instrumentosde medida, bem descritos.Identificação de possíveiscausas de erro (referênciaa eventuais medidas deminimização)

Atenção à validade efiabilidade das observações

Tipo de análise adesenvolver

Realce para a verificaçãoda sua consistência,validade interna e externa

Elementosbásicos

Metodologia

ProcedimentosBásicos

Apresentar em forma detalhada os procedimentos de colheitade dados, armazenamento, confidencialidade e tratamentopara obter os resultados finais.

QuestõesÉticas

Descrição de relatos encontrados de precedência, pareceresde Comissão de Ética, procedimentos a observar durante ainvestigação (notas explicativas/informativas, documento deConsentimento Informado, por exemplo).

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QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

NotasOrçamento//Financiamento

Certos autores consideram o Projecto ou Protocolo de Investigação um “Guiade trabalho” – no início ajuda a planear, no decurso dos trabalhos é uma base defácil consulta para os investigadores recordarem as linhas mestras daargumentação inicial e evita desvios, perda de tempo.

EVITAR atitudes apressadas – nesta fase fulcral pode constituir a diferençaentre o sucesso e o fracasso da Investigação.

• Apresentar nestafase, sobretudo senecessita deapoio externo.

Referência aos recursos materiais ehumanos, incluir o n.ºinvestigadores

3. ExecuçãodoProjecto

Recolha e tratamentode dados

– Reunidas ascondições essenciaisprocede-se à execuçãodo projecto com arecolha de dadossegundo a metodologiaescolhida e descrita.

– Não esquecer asquestões éticasinerentes (autorizaçõesoficiais; parecer dacomissão de ética, sejustificado; documentode consentimentoinformado).

Discussão resultados

A discussão dos resultados podeser uma das fases mais aliciantes ecriativa da investigação.

Nesta fase os resultados devem sercomentados focando:• Confirmação ou não da(s)

hipótese(s) do estudo;• Objectivos alcançados ou não;• Comparação com o encontrado

na revisão bibliográfica;• Os factores de enviezamento e/ou

confundimento dos dados e suaimplicação;

• Novas questões e ressaltar osproblemas surgidos no estudoque podem originar novosprojectos de investigação.

Cronograma Descrição das actividades e tempos previstos de realizaçãoaté divulgação dos resultados finais da investigação

Bibliografia Não esquecer as fontes seleccionadas mais pertinentes emais actualizadas

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QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

– A recolha de dados podeser realizada pelo(s)investigador(es) ou porassistentes devidamentetreinados para garantede uniformidade deatitudes.

– Devem definir-se osprocedimentos detratamento de dados,incluindo a escolha delocais para arquivar osdados (garantirconfidencialidade).

– Bases de dadoselaboradas para o estudoou seleccionadas deprogramas informáticossão preenchidas paraanálise dos dados.

No fim, os dados sãotratados e os resultadosapresentados (usarquadros, tabelas ougráficos e referirsignificância estatística).

4.ApresentaçãoRelatórioFinal/Divulgação

• A divulgação do estudo é o culminar da Investigaçãoe a forma de ser reconhecido por outros investigadoresou a comunidade.

– A forma de apresentação pode ser escrita ou oral e obedecea princípios que todos os investigadores devem conhecer.

Trata-se de uma comunicação científica, pretende-se queseja precisa, clara, sistematizada e rigorosa.

Termina com um item de “Agradecimentos” (sintético),referência a quem colaborou ou apoiou o projecto (apoiotécnico, secretarial, financeiro).

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Errosaevitar

– Insegurança no tema

– Esquecer aelaboração de um bomProtocolo(pode inviabilizar ainvestigação e ahipótese de apoiometodológico e/oufinanceiro).

– Saltar fases doprojecto

– Não utilizar ospassos de controle aolongo da investigação

– Dar por terminada ainvestigação sem aapresentação edivulgação dosresultados

– Resultados devemser semprecomparados com os dapesquisa bibliográfica

Soluções

– Dominar o conhecimento por umaboa revisão temática

– Rever todos os passos essenciaisde uma investigação

– Utilizar checklist

– Apresentar resultadospreliminares, se necessário

– Divulgar Relatório Final daInvestigação com discussão dosresultados e incluindo comentáriossobre apoios e dificuldadesencontradas ao longo do processo

QUAIS OS PASSOS ESSENCIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO?

Em súmula

Neste capítulo fez-se uma viagem de apresentação temática focando os principaispontos de desenvolvimento de uma Investigação que serão alvo de uma reflexãodetalhada nos capítulos seguintes.

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Como construir uma boaquestão de investigação?

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2 COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO

DE INVESTIGAÇÃO?

Paulo Jorge Nicola

IdeiasChave

• O desafio na elaboração de uma questão de investigaçãonão é a falta de incertezas… É a dificuldade em encontraruma incerteza importante que possa ser transformada numplano de estudo válido e exequível.

• Conseguir uma boa questão de investigação é 10%inspiração e 90% transpiração. Várias característicaspessoais ajudam…

• Se, de 100 ideias, iniciar 5 e concluir 1, será um bominvestigador. Na sua vida como investigador, provavelmentenão conseguirá dedicar-se a mais de 10 perguntas deinvestigação fundamentais. Escolha-as bem!

• Aplique os critérios FINER para testar se a sua ideia éboa… e faça-o em equipa. Se a equipa se entusiasmar, váem frente.

Princípio I A questão de investigação é o princípio e o fim doprocesso de investigação. Ela é a razão de ser do estudo, o que orienta o grupo deinvestigação e o que motiva o esforço e investimento. Emborapossam existir muitas razões para um estudo ser realizado, éa força da questão de investigação que será o seu motore um factor crítico para um estudo reconhecido como umbom estudo.

AspectoPrático I

Como encontrar uma boa questão científica?Dificilmente se criam boas questões de investigação sem umentendimento profundo da área. No entanto, na construçãodeste entendimento, existem locais e processos que facilitama criação de uma boa questão de investigaçãoNa literatura:

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COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

• Editoriais são fontes ricas de questões por resolver

• Bons artigos de revisão (só os bons) teórica e derevisão sistemática

• A secção de discussão de artigos com estudooriginais

• Cartas comentando ou contestando as observaçõesindicam questões importantes mal resolvidas

• As recomendações clínicas “baseadas na evidência”indicam quais as necessidades de decisão clínica quese encontram pouco fundamentadas - Serão trabalhosmuito bem recebidos, porque ajudam a preencherevidências pouco fundamentadas

• Hipóteses levantadas por casos clínicos - Geralmentesão difíceis de estudar epidemiologicamente.

Na comunidade

• Falar e perguntar aos profissionais que lidam comaquele tipo de situações – muito importante!

• Falar com investigadores e orientadores -Geralmente não lhes faltam ideias…

• Vasculhar as comunicações publicadas em congressose encontros na área - Pode ser não muito fácil se nãose conhece a área, mas dá uma noção de direcçãoe dos avanços recentes

Construindo pontes entre áreas “distintas”

• Por exemplo: entre a saúde e a… Sociologia, Economia,Ética, Comunicação social, Gestão, Informática,Educação, Ergonomia, Política, etc. - Facilitada pelapesquisa em revistas especializadas na sobreposiçãodas áreas

Estar atento a situações que “mudam as regras do jogo”:

• Novo paradigma fisiopatológico. Por exemplo:“a inflamação é um factor de risco para a aterosclerose.”

• Novas tecnologias, novos medicamentos e novasintervenções.

• Novas regras de acesso e organização dos cuidadosde saúde

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Princípio II Não basta ter uma boa questão de investigação… estatem de ser reconhecida como tal. Isso será fundamental para conseguir apoios institucionais, oentusiasmo da equipa de investigação e dos participantes noestudo, uma proposta vencedora em concursos,financiamento e interesse (da comunicação) social.

AspectoPrático II

Uma boa questão clínica deve ser FINER:

Exequível (Feasible). É a regra número 1 para não se perdertempo. Ter pessoas experientes em investigação ajudará areconhecer os potenciais problemas na execução doestudo, e de desenhar estratégias que os evitem.No entanto, todas as decisões têm prós e contras, econsequências… E há poucas coisas piores de queconcluir-se que um estudo é inexequível com este adecorrer. Mesmo estudos aparentemente fáceis e óbviosbeneficiam de estudos piloto.

Interessante. Porque é que você e a sua equipa irãodespender inúmeras horas neste projecto? O que vosmotiva? Porquê que alguém o aceitaria para umapublicação ou um congresso? Mesmo aceite, porquealguém o discutiria? Finalmente, porque alguém oreferenciará mais tarde? A resposta a estas questões temde estar clara e convincente na mente dos investigadores.

Nova (Novel). Embora a replicação tenha o seu valor eimportância em ciência, nenhum estudo será conhecido porser o número 2. Um bom estudo acrescenta, ou reformula, oque já é conhecido.

Ética. Outro sine qua non para uma boa investigação. Muitasvezes as questões éticas não são claras ou consensuais.Uma percepção do entendimento ético das instituições, dacomunidade e dos participantes é fundamental para que umestudo não seja comprometido ou desacreditado maistarde.

Relevante. Considere os vários resultados possíveis de umestudo. O estudo será tanto mais relevante quando maisqualquer resultado possível avançar o conhecimentocientífico e a prática na área.

COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

Page 22: Investigação - passo a passo

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Princípio III A hipótese em investigação deriva da questão em estudo, edeve estar anunciada de forma clara. Esta hipótese, que deveser a consequência lógica da argumentação que consta naintrodução do projecto, é o factor primário na justificação dapopulação participante, critérios de selecção, processo deamostragem, variáveis colhidas, análise estatística, etc.Poderá testar-se a precisão e clareza de uma boa questão deinvestigação colocando-a a um grupo de pessoas everificando a convergência das interpretações e acorrespondência às ideias do investigador.Em investigação clínica e epidemiológica, a questão deinvestigação é uma incerteza sobre qualquer coisa napopulação, que o investigador se propõem a resolveratravés de medições nos participantes do seu estudo. É respondendo a estes itens que se define a questão deinvestigação.

AspectoPrático III

Assim:A questão de investigação é• uma incerteza sobre qualquer coisa

O investigador define o que se sabe (state-of-art) sobreum tema, e o que não é ainda conhecido; justifica ointeresse e a novidade de propor um estudo que se dirijaa essa incerteza, com um modelo conceptual dofenómeno em estudo, com uma definição clara de comoessa incerteza deve ser testada em termos quantitativos,e antecipando a relevância dos resultados deste estudo.

• na população

Deve ser definido a quem se dirige este estudo, ou seja,para quem os resultados são extrapolados. Populaçãogeral, adulto, indivíduos com uma certa doença, com umadoença num determinado estadio, com certos factores derisco?

• que o investigador se propõem a resolver

De que forma? Descrevendo, comparando, verificando apossível associação, etc.

• através de medições

Prospectivas ou retrospectivas? Transversais oulongitudinais? Neste último caso, qual o intervalo de tempo? Que tipo de medições? Quais as variáveis /dimensões medidas e como (entrevistas, exames clínicos,

COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

Page 23: Investigação - passo a passo

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COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

dimensões medidas e como (entrevistas, exames clínicos,exames complementares, etc.)? Qual a variáveldependente do estudo (ou resultado), e as principaisvariáveis independentes (ou factores)?

• nos participantes do seu estudo.

Quantos grupos? Obtidos como? Quais as suas principaiscaracterísticas?

Consoante o tipo de estudo, a resposta a estes (e outros)itens poderá ser mais ou menos importante para definira questão em estudo, através da expressão da hipóteseou objectivo do projecto de investigação. Em geral, estespodem dividir-se entre hipóteses ou objectivos primários (que justificam o estudo por si só), e hipóteses e objectivossecundários (que completam ou enriquecem o estudo,mas não o justificam, ou decorrem do sucessodo objectivo primário).

Exemplos Para se compreender o impacto de factores sócio-económicose culturais no controlo da hipertensão arterial, nós iremos acompanhar durante 18 meses dois coortes de500 doentes hipertensos imigrantes e não imigrantes, seleccionados aleatoriamente nos cuidados de saúdeprimários do Distrito de Lisboa, e comparar o grau de controlo da hipertensão arterial, aadesão terapêutica, os padrões de acesso aos cuidados desaúde, e descrever estratégias pessoais para o controlo dahipertensão arterial, ajustando para a idade e para o sexo.

Princípio IV Em ciência, os estudos evoluem de forma iterativa. A respostaa uma questão de investigação gera outras questões deinvestigação. À medida que um protocolo de investigaçãoevolui, assim a nossa questão de investigação vaiajustando-se e amadurecendo.

Page 24: Investigação - passo a passo

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COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

AspectoPrático IV

A questão de investigação deve estar definida logo noinício do processo de construção de um protocolo deinvestigação, e os critérios FINER verificados. Esta é aversão 1.0! Esta questão ajudará a manter o foco na pesquisabibliográfica, nas decisões sobre os métodos, e em todo oprocesso de discussão do protocolo. Inevitavelmente, aquestão de investigação irá ser aprimorada, ou mesmosubstituída, neste processo. Este processo é natural edesejável, desde que corresponda a um crescimento noentendimento sobre o que deve ser investigador, e a umamelhoria na qualidade da investigação.

Existem muitas “personalidades” com sucesso no mundoda investigação. Mas há algumas características pessoaise actividades que ajudam:

• Ser-se pró-activo: na perseguição de ideias “preliminares”,no contacto com colegas e investigadores, perguntas econtacto em congressos;

• Ser-se céptico: relativamente ao que é assumido e afirmadosem justificação, praticado por tradição, feito poranalogia, etc…

• Ser-se observador;

• Ensinar, apresentar e discutir em público, falar sobre ideias,pertencer a grupos de interesse;

• Ser-se criativo;

• Persistência, tenacidade, ruminação;

Boas ideias são ouro no mundo da investigação. Elas surgemquando menos se espera. Guarde todas as suas ideias,delírios e deambulações num caderno próprio, ou num ficheirode Word. Se surgiram enquanto ouvia uma palestra, ou lia umartigo, guarde essas referências também. Não tenha receio de trocar boas ideias com os outros,sobretudo se são ideias que dificilmente conseguirá promover.Reforçará a sua rede de colaborações no mundo dainvestigação, e verá as suas ideias “sair da gaveta” etornarem-se realidade.

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COMO CONSTRUIR UMA BOA QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO?

Errosa evitar

• Não observar os critérios FINER, e testá-los atravésda discussão com conhecedores da área, investigadoresexperientes, e uma revisão bibliográfica bem conduzida.

Responda às questões colocadas por estes critérios porescrito (quais as ameaças à exequibilidade; o que torna estaquestão interessante para cada investigador, para oparticipante, para a sociedade; Antevêem-se problemas oureservas do ponto de vista ético?; etc).

• Perder o foco da questão de investigação, e pretender responder “a tudo” num único estudo.

Um estudo deve ter “massa crítica” suficiente para serinteressante e relevante, mas se muito pesado, além de setornar menos exequível, torna-se menos motivador, e a suamensagem torna-se menos clara.

• Desistir facilmente / não estar pronto a mudar de ideias.

• Não compreender que estes processos precisam detempo para amadurecer, mas que também precisamde pró-actividade, envolvimento de redes de colaboraçãoe de discussão.

Checklist • Tenho a minha questão de investigação escrita?• Tenho os critérios FINER discutidos?• Fiz a revisão bibliografia, de material de congressos,

etc., pensando e aperfeiçoando a minha questãode investigação?

• Dei a minha questão de investigação e os critérios FINERa ler a outros investigadores e entendidos na área?

InformaçõesBibliográficas

Designing Clinical Research: An Epidemiologic Approach.Stephen B Hulley, Steven R Cummings, Warren S Browner,Deborah G Grady, Thomas B Newman. 2006. LippincottWilliams & Wilkins.

Page 26: Investigação - passo a passo

Como elaborar um protocolo/projectode investigação?

Page 27: Investigação - passo a passo

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3 COMO ELABORAR UM PROTOCOLO/PROJECTODE INVESTIGAÇÃO?

Maria da Conceição Estrelo Gomes de Sousa Maia

IdeiasChave

– O protocolo é um documento formal do plano da investigação,onde se especificam:

• a ideia que se pretende verificar, • os métodos a utilizar, • o que se pretende obter dos resultados • o tempo, pessoal e custos que implicará.

– Contém a estrutura básica do trabalho e servirá de guia deactuação.

– É o formato adequado de apresentação do projecto àsentidades a quem se pretende que seja submetido, paraaprovação, divulgação ou até financiamento.

“You say you got a real solutionWell you knowwe´d all love to see the plan”

Lennon/McCartney (Revolution I)

O planeamento é a parte mais importante de um trabalho, pelo que obriga em si mesmode dedicação, ponderação e morosidade, e ainda pelas implicações que tem no valore sucesso do trabalho a desenvolver.Um mau planeamento pode pôr em causa um trabalho que resulte de uma excelenteideia!

• TítuloPrincípios

A redacçãode umprotocolodeveráincluir:

“Este tem finalidadedescritiva, pelo que deveser mais extenso epormenorizado do que otítulo sob o qual se virá apublicar o trabalho”

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COMO ELABORAR UM PROTOCOLO/PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO?

• Introdução

(descrição concisa e completa)É o cartão de visita da equipade investigadores

Deve justificar a escolha dotema

• Objectivos

Object.GeraisObject. Específicos

(Com a formulação deobjectivos do estudo conclui--se a fase conceptual doprocesso de Investigação)

• População ou Universo

• Amostra

(Quando os investigadoresnão têm tempo nem recursossuficientes para recolher eanalisar dados para cada umdos casos do Universo só épossível considerar uma partedos casos desse Universo)

É parte mais substancial doprotocolo; deve realçar apertinência ou relevânciado tema, descrever oproblema e fundamentar otrabalho baseado narevisão bibliográfica

Uma boa revisão daliteratura oferece a quemaprecia o protocolo, umagarantia de que osinvestigadores dominam aárea em que pretendemtrabalhar.

Enunciados que indicamclaramente o que osinvestigadores têmintenção de fazer nodecurso do estudo;deverão ser pertinentes,precisos, realizáveis emensuráveis

Conjunto total de “casos”sobre os quais se pretenderetirar conclusões.O objectivo da investigaçãodefine a natureza edimensão do universo.

Na selecção da amostra háque ter em conta a suadimensão / tamanho e suarepresentatividade.

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COMO ELABORAR UM PROTOCOLO/PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO?

• Tipo de estudo

• Variáveis

São características dasunidades de observação//casos que constituem apopulação ou a amostra.

• Metodologiade colheitae registo de informação

• Análise

O tipo de estudo a realizardecorre naturalmente dosobjectivos definidos para otrabalho. A descrição dosvários tipos de estudo seráabordada e desenvolvidaem capítulo próprio.

Os investigadores devemlimitar-se a observar emedir as variáveis queestão directamenterelacionadas com osobjectivos e hipóteses dotrabalho.

As variáveis escolhidas, aforma de as medir e a suaoperacionalização devemaqui ser descritas e de talforma que outrosinvestigadores as possammedir da mesma maneirapermitindo“a comparabilidade”.

Seleccionado o suporte deregisto de informaçãodeverá ser feito um planopormenorizado:• forma como se vai realizar

a colheita e registo deinformação

• preparação cuidada dosobservadores

• estandardização dosinstrumentos de medida edas condições deobservação.

O tipo de análise erespectivos testes a utilizar

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COMO ELABORAR UM PROTOCOLO/PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO?

• Recursosnecessários

• Orçamento

• Investigadoresresponsáveis/Equipado projecto

• Cronograma

devem ser escolhidosantes de iniciar o estudo;devem ser adequados aosobjectivos a estudar.

A descrição dos recursosnecessários, materiais ehumanos, é a base para aconstrução do orçamento.

Indispensável para ocontrolo de execuçãofinanceira, deve serelaborado com cuidadopara dar credibilidade àequipa e confiança aosfinanciadores

Indispensável para ocontrolo de execução deum projecto;

Correlaciona duasvariáveis, o tempo e asactividades.

Princípios O cronograma de GANTT é o mais representativo, maisutilizado e mais simples.É um gráfico de dupla entrada, onde as linhas sãoconstituídas pelas actividades e as colunas pelos períodos detempo considerados.Os traços horizontais representados no interior do gráficocorrespondem à duração das actividades indicando o início decada traço a altura em que a respectiva actividade deverácomeçar e o final do mesmo a altura em que deverá terminar.A cheio representam-se as actividades realizadas e porpreencher as actividades por realizar ou não realizadas.

Nota: A rede de PERT (Programme Evaluation and Review Technique – Técnica de Avaliação

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COMO ELABORAR UM PROTOCOLO/PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO?

e Controlo de programas) é um outro tipo de programaçãomais complexo.

Justifica-se num projecto cujo número de actividades éelevado e a realizar em simultâneo por diversos elementos,de modo a aumentar a eficiência. Permite representar todas asactividades e acontecimentos de um projecto, estabelecendoas diversas inter-relações envolvidas na sua execução. Incluios seguintes elementos: actividades (representadas porsetas), acontecimentos (representados por círculos), duraçãomédia de cada actividade, tempos mínimas e máximo para umacontecimento e o caminho crítico do projecto

• Bibliografia

• ApêndiceAnexos

Deve constar toda a bibliografiaconsultada e referenciada naintrodução do protocolo

Eventuais questionários utilizados,suportes de registo de informaçãoou modelo do consentimentoinformado

AspectosPráticos

Em diversos momentos da fase de planeamento dainvestigação há que pensar adiante, ou seja, colocarmo-nosum pouco á frente e perspectivar se o resultado que vamosobter corresponde ao esperado / desejado ou seconseguiremos responder à nossa pergunta de investigação.

Errosa evitar

• Iniciar a elaboração do protocolo antes de uma cuidada eexaustiva revisão bibliográfica

• Recolher informação antes de elaborar o protocolo• Medir o maior número possível de variáveis em cada unidade

de observação assumindo que o custo marginal de medir maisvariáveis é relativamente reduzido.

• Desvalorizar/descurar qualquer uma das partes do protocolo

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Que informações relevantes seleccionarda pesquisa bibliográfica?

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4 QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONARDA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

Eugénia Enes SilvaPaulo Jorge Nicola

IdeiasChave

– A Pesquisa Bibliográfica é fundamental para o sucesso dainvestigação.

– Deve ser planeada e organizada para num curto espaçode tempo se conseguir o máximo de informação pertinente,relevante e de qualidade, ao menor custo possível.

• Verificar o que já éconhecido sobre o tema ainvestigar (estudosrealizados - o mais actual,de preferência)

• Definir as questões emaberto e pontos emdiscussão

• Identificar os paradigmas,tendências e implicações doconhecimento relacionadocom a questão deinvestigação

• Verificar a pertinência daquestão de investigaçãoseleccionada

• Seleccionar os estudos quepodem servir decomparação com ainvestigação a desenvolver

• Identificar potenciaisfinanciadores

Objectivos – Definição de conceitosteóricos;

– Justificação daproblemáticaseleccionada

– Selecção de estudospara apoio à introdução,argumentação ediscussão de resultadosda investigação adesenvolver

– Apoio à metodologiaescolhida para ainvestigação (uso dedefinições validadas,estatísticas, forma deapresentação de dados,etc.)

– Autorização ética(fundamentação deprecedente)

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QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

– Utilizar métodos e técnicasdiferentes;

– Procurar obras com reflexãocrítica e síntese;

– Seleccionar os mais actuaise que apresentamresultados comparativoscom outros estudos (análisesobre as relações entrefactos);

– Elaborar fichasbibliográficas comPalavras-Chave, resumos,citações;

– Eleger textos comabordagens diferentes dotema a investigar ereflectindo diversos pontosde vista;

– Conhecer bem aspotencialidades dasBibliotecas

Princípios � Rigor

� Clareza

� Abrangência

� Rentabilidade

� Qualidade

� Definir o que procurar– (o que quero? Comoconseguir?):pedir apoio a especialistasna área, auscultar oscolegas, o orientador

ComoIniciar apesquisa?

1.Sugestões, questões amerecer investigação,interesses institucionais ede formação doinvestigador

2.Apoio orientativo dasfontes a consultar

3.Definir Palavras-Chave,sinónimos

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OndeProcurar?

FONTES PRIMÁRIAS– Documento original cujo conteúdo não foi sujeito a

apreciação por outros autores

EXEMPLOS: Doc. oficiais (OMS, Censos, ObservatórioNacional) teses, editoriais, monografias de reagrupamento deartigos de investigação

FONTES SECUNDÁRIAS– Classificação e interpretação das fontes primárias

EXEMPLOS: Catálogos, índices informatizados, bibliografiasanotadas

FONTES TERCIÁRIAS– Obras especializadas que compilam de forma organizada e

seleccionada informações de outras fontes

EXEMPLOS: Dicionários (léxicos, glossários), enciclopédias

QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

Exemplo:

Seleccionar Palavras-Chave

Consultar Índices – encontraas fontes primárias e destasterá referências para outrasfontes secundárias e terciárias

Comoescolher asfontesrelevantes?

Bibliografias: visão deconjunto; listas depublicações sobre o tema,fornece informação variada:artigos, livros, resumos,editoriais, cartas ao editor,dissertação

(Compilam dados essenciaise poupam tempo)

Revistas, Editoriais, Org.Oficiais:

Informação e reflexãoactuais, mais acessível e defácil consulta;Fornecem apoio pelascitações de outraspublicações;Através dos comentáriosbibliográficos sobre as obrasmais recentes poupa tempona selecção do que érelevante

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AspectoPrático

Considera-se que a pesquisa bibliográfica pode serinterrompida no momento em que se encontram referências jáabordadas e de forma repetida no material consultado – emprincípio, o tema foi bem abordado.

AspectoPrático

“ÍNDEX” – artigos por assunto ou autor, de revistas daespecialidade e outras publicações pertinentes

“Abstracts” ou Resumos – úteis para determinar a pertinênciadas fontes

“CD-Rom” – mais usado como suporte de informação parabase de dados e é correspondente aos índices impressos empapel

LIVROS – verificar índice e sumários ou ler os primeiros eúltimos parágrafos do capítulo para identificar o conteúdo.

Comoretirarpartido dapesquisa?

O importante é compreender, integrar e retirar o essencialnum processo de pesquisa reflexiva.

Princípios:

�� Ler várias vezes

� Verificar semelhanças e diferenças entre os estudos

� Encontrar linhas de nova investigação

� Elaborar grelhas de leitura, fichas bibliográficase de citações

� Reagrupar a informação, sintetizar, resumir e concluir

QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

Conhecer os sistemas decatalogação sistemática einformatizada da biblioteca

BibliotecasCientíficas

Acesso facilitado em rede aoutras fontes (teses,periódicos, revistasmonografias, audiovisuais)

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QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

Internet A facilidade de acesso de informação pode conduzir a erros eperda de tempo.

Fundamental separar o essencial, reconhecer as boas fontes,os bons autores.

Manter sempre o pensamento reflexivo, crítico e selectivo.

Solicitar a opinião de terceiros, peritos na área.

As bases informáticas podem ser consultadas por:

Autor, título, assunto, colecção, editor, etc.

EXEMPLO:MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval Systemon Line) – base de dados sobre Ciências da Saúde. Aindexação é feita por meio “Thesaurus” (vocabulárionormalizado) = MESH (Medical Subject Headings).Compreende índices impressos em papel como INDEXMedicusAVLINE – ficheiro de audiovisuais

� Grelha de leitura

– Escrever ideias principaisdo texto; verificar a sualigação e os comentáriosdos autores – tópicos paraestruturar o texto dainvestigação a desenvolver

AspectosPráticos

� Fichas bibliográficas

– Inclui dados sobreidentificação do estudo elocalização do texto;

– Ideias mais relevantes,síntese do conteúdo;

Transcrições formais comreferência em termos depágina de citação;

Resumo do futuroinvestigador sobre o quemais ressaltou do texto.

� Fichas de citações

Resumos e sínteses(ideia global do trabalho)Métodos e forma de registo(João Frada, Novo GuiaPrático, Lisboa, 2005, passim)

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QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

Errosa evitar

� O investigador não deve esquecer que as suas questões jápodem ter sido alvo de pesquisa

� Convém partilhar as suas ideias com terceiros e não receara influência de outras formas de pensar

� A pesquisa de bibliografia não deve ser uma mera lista depublicações consultadas

� Antes de partir para o campo de pesquisa, seleccionarpalavras-chave e retirar do tema sinónimos pararentabilizar esta fase da investigação

� Elabore resumos ou fichas de apoio dos textos consultadospara não correr o risco de duplicação, confusão eincorrectas citações ou referências bibliográficas

www.nejm.org

Uma gama ampla de áreas demedicina com trabalhos deelevado impacto, mas semincluir uma perspectiva emprofundidade de uma áreaespecífica

Google Scholarwww.scholar.google.com

Sibulhttp://194.117.1.194Catálogo de revistas de todasas bibliotecas da Universidadede Lisboa (outras aderentes)

Free Medical Journalswww-freemedicaljournals.com1500 revistas de acesso livreagrupadas por especialidade

CRISP DatabaseCrisp.cit.nih.govBase de dados dassubmissões a financiamentogovernamental no EUA (ex. ONIH)

Motores dePesquisa

Exemplos

Pubmedwww.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrezMotor de busca da basebibliográfica Medline -gratuita, das mais completas

Embasehttp://www.embase.comComplementa a Medlinecom mais artigos( europeuse asiáticos) – Não gratuita:paga-se por tempo edowloads. Existeminstituições que asubscrevem.

ISI Web of Knowledgesub3-isiknowledge.comNecessita de subscrição.Indicação do factor deimpacto das revistas e daspublicações referenciadas ereferenciadoras de umartigo.Inclui resumos de muitoscongressos.

Page 39: Investigação - passo a passo

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QUE INFORMAÇÕES RELEVANTES SELECCIONAR DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?

� As referências bibliográficas devem ser usadas comcuidado, para enriquecer a argumentação ou odesenvolvimento da investigação mas sem exageros –olhar crítico e científico

SugestõesFinais

Seleccione as fontes credíveis, manuseáveis e acessíveis,dentro da sua capacidade. A pesquisa deve ser abrangente ediversificada.

Paciência, persistência e espírito organizado são qualidadesbásicas

Page 40: Investigação - passo a passo

Como definir os objectivos e as hipóteses de um estudo?

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5 COMO DEFINIR OS OBJECTIVOSE AS HIPÓTESES DE UM ESTUDO?

IdeiasChave

• Os objectivos são a operacionalização da perguntade investigação

• Existem dois grandes tipos de objectivos – descritivose analíticos

• As hipóteses de investigação definem-se paraobjectivos analíticos claros, precisos e definidos

Depois de uma fase inicial cria-tiva em torno de uma questãode investigação, o investigadordeverá reflectir e concretizaressa questão sob a forma deobjectivos deinvestigação para os quaispoderá encontrar uma respostaespecífica.Os objectivos de investigaçãosão a declaração daquilo que osautores pretendem descobrir/medir/comparar (etc.) com otrabalho.

Princípios Os objectivos têm que serclaros, precisos e definidosna fase inicial do projectopois constituem o eixoa partir do qual sedesenvolve o desenhode estudo.

• eixo do desenho de estudo• definição precisa sem ambi-

guidades• susceptível de investigação

específica• realista e operativo• principal pergunta que se deseja

responder• último parágrafo da Introdução• verbo no infinitivo

Objectivo Objectivo Descritivo

Objectivo Analítico

Clara Barros Fonseca

Page 42: Investigação - passo a passo

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COMO DEFINIR OS OBJECTIVOS E AS HIPÓTESES DE UM ESTUDO?

Ao contrário do objectivodescritivo, o objectivoanalítico traduz umahipótese de investigação queno final do estudo irá ser ounão rejeitada pelo investi-gador. Assim, se se pretendeefectuar um estudo analítico,devem ser formuladas as re-spectivas hipóteses de inves-tigação.As hipóteses podem ser formuladas de duas formas,sendo a forma maisconhecida a hipótese nula:

Hipótesesdeinvesti-gação

Exemplos

Ho: A educação para asaúde em grupo nãoproduz resultados diferentes do que aeducação individual nocontrolo metabólico dosdoentes diabéticos tipo 2

ObjectivoDescritivo

Tem que incluir:Fenómeno a descrever (ex.: Prevalência, Incidência, sin-tomas)Problema (ex.: gripe)População

– Determinar a Prevalência de Enurese Nocturnanas crianças do Porto.

– Caracterizar os doentes hipertensos do Centro de Saúde deErmezinde quanto ao grau de risco cardiovascular com basena escala de risco da OMS.

ObjectivosAnalíticos

Tem que incluir:Variável independente ou exposição ou intervenção(ex.: tabagismo)Variável dependente ou resposta (ex.: cancro do pulmão)População

Exemplos:– Verificar se a educação para a saúde em grupo produz

melhores resultados do que a individual no controlometabólico de doentes diabéticos tipo 2 do Centro de Saúdeda Maia

– Verificar se existe associação entre a idade e a Enurese Noc-turna nas crianças do Porto

Page 43: Investigação - passo a passo

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AspectosPráticos

• Usar um verbo no infinitivo como primeira palavra do objectivo.

• Usar itens para separar diferentes objectivos em vez de osenunciar em conjunto numa mesma frase.

• Formular sempre as hipóteses de investigação num estudoanalítico como exercício mental para a preparação da fasede análise de dados.

• A hipótese nula é mais simples de interpretar do que aalternativa

Errosa evitar

• Formular objectivos incompreensíveis

• Confundir objectivo com finalidade

• Referir o objectivo a uma amostra e não a uma população

COMO DEFINIR OS OBJECTIVOS E AS HIPÓTESES DE UM ESTUDO?

Hipótese nula (H0)– afirma independência entre

variáveis

Hipótese alternativa (H1)– afirma não independência

entre variáveis

H1: A educação para asaúde em grupo produzresultados diferentes daeducação individual nocontrolo metabólico dosdoentes diabéticos tipo 2

Page 44: Investigação - passo a passo

Qual o tipo de estudo a escolher?

Page 45: Investigação - passo a passo

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6 QUAL O TIPO DE ESTUDO A ESCOLHER?

IdeiasChave

– A escolha do TIPO DE ESTUDO é essencial ao investigadore é um dos primeiros passos a ter em conta ao longo de umtrabalho de investigação;

– Os estudos de investigação em ciências da saúde podemdividir-se, grosso modo, em OBSERVACIONAIS eEXPERIMENTAIS;

– O tipo de estudo a utilizar depende do OBJECTIVO ouPERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO e condiciona a estratégiade análise dos resultados.

Princípios Estes estudos são de grandeutilidade para determinar oestado de saúde de umacomunidade ou estudar anossa lista de utentes, porexemplo.

Os estudos observacionaispodem, por sua vez, serdescritivos ou analíticos.

Os estudos DESCRITIVOStêm como finalidadedescrever as característicasdos indivíduos estudados,estimar a frequência dedeterminado problema desaúde, avaliar a eficácia deum tratamento ou afiabilidade de uminstrumento de medida.

Maria José RibasJohn Yaphe

Nos estudosOBSERVACIONAIS, limitamo--nos a observar, medir eanalisar determinadasvariáveis. Não temos qualquerintervenção ou controle nofactor de estudo.

Exemplo de estudosobservacionais descritivos: osquestionários ou inquéritos

Estudos observacionais

Descritivos Analíticos

Questionário

Retrospectivos Prospectivos

Coorte Caso--controle

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Page 46: Investigação - passo a passo

46

QUAL O TIPO DE ESTUDO A ESCOLHER?

– Os estudos analíticosincluem os estudos de coorte ede caso-controle.

Nos estudos de coorte, osindivíduos classificam-se emfunção de estarem ou nãoexpostos ao factor de estudo esão seguidos durante umdeterminado período de tempopara observar a frequênciacom que aparece o efeito daintervenção.

Podem ser retrospectivos ouprospectivos, dependendo darelação entre o início doestudo e a exposição à doençaou factor de estudo.

Nos estudos de caso--controle, elege-se um grupode pessoas que já têm, porexemplo, uma doença (casos)e um grupo que não tem, quese utiliza como controle.

Os estudos descritivos nãoinvestigam relações decausa-efeito.• Os mais conhecidos e

utilizados são osestudos transversais,também denominados deprevalência.

Os estudos ANALÍTICOSavaliam a relação entreuma causa ou factor deestudo (por exemplo, umfactor de risco) e um efeitoou variável de resposta(por exemplo, a frequênciacom que aparece umadoença).

Exemplo:Suponha que desejaestudar a eficácia de umnovo analgésico notratamento da dor lombar.

O factor de estudo é oanalgésico administradoem determinada dose e oalívio da dor é o efeito quese estuda.

Nos estudosEXPERIMENTAIS, oinvestigador controla aintervenção em estudo.

Este tipo de estudos é utilizadopara avaliar a eficácia dedeterminada intervençãoterapêutica ou actividadepreventiva, por exemplo.

O exemplo maisparadigmático deste tipo deestudos é o ensaio clínicoaleatório (ECA).

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QUAL O TIPO DE ESTUDO A ESCOLHER?

Os ensaios clínicos podem serNão Controlados ouControlados. Estes últimospodem ser Aleatórios ou NãoAleatórios.

Como decidir qual o estudo aescolher?

A decisão sobre o estudo aescolher pode basear-se noscritérios FINER:

feasible (factível), interesting (interessante), new (novo), ethical (ético) ,relevant (relevante).

Se preferimos um estudoobservacional, devemos saberdefinir muito bem a populaçãocom que vamos comparar anossa amostra, definir esta deforma adequada e escolhercuidadosamente as variáveis aestudar antes de começar oestudo.

Se queremos fazer um estudoexperimental, devemos saberque, além do factor ouintervenção em estudo,devemos poder identificar osgrupos que se comparam deforma aleatória.

AspectosPráticos

Exemplo:

– Pode não ser ético realizarum ensaio clínico aleatóriosobre uma intervençãoterapêutica perigosa, peloque devemos escolher umestudo observacional

– Podemos querer estudar osefeitos de um novotratamento, mas se nãotemos os meios financeirosou humanos, teremos deescolher um estudodescritivo.

Exemplo:

Um estudo tem como finalidadecomparar a eficácia de doistratamentos tópicos do acne.Os 300 doentes a quem foidiagnosticado acne no nossoCentro de Saúde, foramdivididos aleatoriamente emdois grupos: a um foi-lheadministrado o tratamento A eao outro o tratamento B.Os indivíduos foram seguidosaté à resolução dos sintomas,determinando qual apercentagem de cura com cadaum dos tratamentos ao fim de 4semanas e em qual dos gruposos sintomas desaparecerammais rapidamente.

Page 48: Investigação - passo a passo

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• Decidir qual o tipo de estudo a fazer antes de ter uma boapergunta de investigação;

• Iniciar a investigação sem antes estabelecer um protocolode actuação;

• Seleccionar um tipo de estudo inadequado à pergunta quedesejamos responder.

QUAL O TIPO DE ESTUDO A ESCOLHER?

Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de estudo

Vantagens Desvantagens

Maior controlo do factor de estudo

Menor possibilidade de vieses

Reprodutíveis e comparáveis

Caros

Limitações éticas

Dificuldades de generalização

Ensaios clínicos

Estimam incidências Caros e de difícil execução

Pouco úteis em doenças raras

Requerem amostras grandes

Risco de perda de casos no seguimento

Estudos de coortes

Mais baratos

De curta duração

Permitem analisar vários factores derisco para uma mesma doença

Não estimam directamente a incidência

A sequência temporal entre exposição edoença nem sempre é fácil deestabelecer.

Estudos de caso-controle

Fáceis de executar

Relativamente baratos

Permitem estudar diferentes variáveisao mesmo tempo

Não são úteis em doenças raras ou decurta duração.

Estudos descritivos

Erros aevitar

Page 49: Investigação - passo a passo

49

QUAL O TIPO DE ESTUDO A ESCOLHER?

Bibliografia 1. Electronic Textbook Stat Soft.http://www.statsoft.com/textbook/stathome.html

2. Armitage P, Berry G, Matthews JNS. Statistical Methods inMedical Research.4ª edición. Oxford: Blackwell Science, 2002.

3. Pita Fernández, S. Epidemiología.Conceptos básicos. En: Tratado de Epidemiología Clínica.Madrid; DuPont Pharma, S.A.; Unidad de epidemiologíaClínica, Departamento de Medicina y Psiquiatría. Universidadde Alicante: 2001. p. 25-47.

4. Fisterra.com. Atención Primaria en la Red.http://www.fisterra.com/mbe/investiga/index.asp

5. Stephen B. Hulley, Steven R. Cummings, Warren S.Browner, Deborah G. Grady, Thomas B. Newman. DesigningClinical Research: An Epidemiologic Approach. Published byLippincott Williams & Wilkins, Philadelphia, 2006. p. 20.

Page 50: Investigação - passo a passo

Como definir uma população de estudoe como seleccionar uma amostra?

Page 51: Investigação - passo a passo

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7 COMO DEFINIR UMA POPULAÇÃO DE ESTUDOE COMO SELECCIONAR UMA AMOSTRA?

IdeiasChave

• População é o grupo de elementos a quem se aplicam osresultados do estudo

• Os elementos da População têm que ter alguma probabilidadede ser seleccionados para o estudo

• Se todos os elementos da população tiverem a mesmaprobabilidade de ser seleccionados dizemos que a amostraé aleatória

• Se os elementos da população tiverem diferente probabilidadede ser seleccionados dizemos que a amostra é não aleatória

Clara Barros Fonseca

População – Grupo de indivíduos sobreos quais incide a perguntade investigação

– Grupo a quem se aplicam osresultados do estudo

– Todos têm que terprobabilidade de serseleccionados

– Define-se por critérios deinclusão e de exclusão

Exemplo:

A população do estudocorresponde às mulherescom idade igual ou superiora 40 anos, inscritas e commédico de família no C.S. daSenhora da Hora em 2003(critérios de inclusão)

Serão excluídas asanalfabetas, acamadas,internadas ou a viver eminstituições (critérios deexclusão)

Page 52: Investigação - passo a passo

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COMO DEFINIR UMA POPULAÇÃO DE ESTUDO E COMO SELECCIONAR UMA AMOSTRA?

Consiste num subconjunto doselementos da população

Os resultados obtidos naamostra permitem estimar osverdadeiros resultados dapopulação de onde foi retirada,caso a amostra sejarepresentativa

Amostra Podemos classificar asamostras em dois grandesgrupos:

• aleatórias• não aleatórias

Este tipo de amostragem naverdade só acontece quandose utiliza a técnica aleatóriasimples com reposição

Quando não se utiliza areposição, a probabilidade deser seleccionado só é igualpara o primeiro a serescolhido

ex: a chave do totoloto não éuma amostra aleatória purapois a probabilidade de sair édiferente à medida que vãosaindo bolas: 1/49; 1/48; 1/47;1/46; 1/45; 1/44

As duas técnicas maisutilizadas de amostragemaleatória são a simplese a sistemática

Princípios Do ponto de vista teórico éimportante conhecer esteaspecto da amostragem,pois os testes deestatística inferencialforam desenvolvidos paraamostras aleatórias comreposição.Na prática, o investigadordeve fazer um esforço pormanter as probabilidadespróximas entre si, nãosendo frequente nosestudos com humanosutilizar-se a técnica dareposição.

Amostra Aleatória

Consideramos que uma amostra é aleatória quando todos os elementos dapopulação têm a mesma probabilidade de serem escolhidos para a amostra

Page 53: Investigação - passo a passo

53

COMO DEFINIR UMA POPULAÇÃO DE ESTUDO E COMO SELECCIONAR UMA AMOSTRA?

Consiste em obter através deprogramas informáticos ou porconsulta de tabelas denúmeros aleatórios umalistagem de indivíduos aseleccionar do total dapopulação.

Amostragemaleatóriasimples

Exemplo:www.random.org

O investigador tem a listagemda população e decideseleccionar um indivíduo de xem x números(ex.: seleccionar 1 de 10 em10).O valor de x será determinadopor: número total de indivíduosda população/número total daamostra(ex. se quero seleccionar 200de uma população de 3000,devo retirar um indivíduo de 15em 15, porque 3000/200=15)

Amostragemaleatóriasistemática

Neste tipo de amostragemo primeiro número a serretirado deve ser obtido deforma aleatória simples (noexemplo anteriorselecciono um númeroaleatório de 1 a 15).

Amostra Não Aleatória

Neste caso as probabilidades dos elementos da população serem seleccionados sãocompletamente diferentes e definidas por critérios do investigador, habitualmente por

motivos de ordem prática e de acessibilidade aos dados.

A amostragem não aleatóriacompromete a inferênciaestatística dos resultadospara a população devido aoforte viés de selecçãointroduzido.

Princípios Tipos de amostragensnão aleatórias

• Amostragemde conveniência

• Amostragem acidental• Amostragem ocasional• Amostragem

por voluntários• Amostragem consecutiva• Amostragem de típicos

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COMO DEFINIR UMA POPULAÇÃO DE ESTUDO E COMO SELECCIONAR UMA AMOSTRA?

AspectosPráticos

• Começar por definir bem a população a que se tem acesso epara a qual queremos obter resultados

• Optar por usar amostras aleatórias sempre que possível poissão as menos enviezadas

Erros aevitar

• Confundir população de estudo com a população geral• Incluir na população indivíduos sem qualquer hipótese de

serem seleccionados• Classificar mal a técnica de amostragem

Page 55: Investigação - passo a passo

Como definir e caracterizar as variáveis?

Page 56: Investigação - passo a passo

55

8 COMO DEFINIR E CARACTERIZARAS VARIÁVEIS?

IdeiasChave

• Um estudo de investigação tenta obter uma resposta válidae fiável a uma pergunta.

• Mesmo um estudo bem desenhado e bem analisado poderáfracassar se a informação que obtém for inexacta ou poucofiável.

• É muito importante definir bem o que se vai medir, como sevai medir e através de que métodos se vão colher os dados.

• A definição das variáveis e a forma de as objectivar torna-serelevante num estudo.

Raquel Braga

Princípios Muitos problemas que seinvestigam na área da Saúdesão difíceis de medir, porconterem em si algumasubjectividade.

Nestes casos, em que nãoexiste uma mediçãouniversalmente aceite, há quetentar objectivar eoperacionalizar o conceito quequeremos medir, de forma aaumentar a fiabilidade(precisão; repetibilidade) e avalidade (eliminar o errosistemático) dos nossosresultados.

Exemplo:

intensidade da dor,qualidade de vida,gravidade da doença

Page 57: Investigação - passo a passo

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Quevariáveisescolher

• Que permitam avaliar a aplicabilidade de um protocolo(critérios de selecção)

• Que permitam medir os factores em estudo e as variáveis deresposta

• Que possam actuar como possíveis factores deconfundimento

• Que possam actuar como modificadoras do efeito

• Que possam actuar como passos intermédios da cadeiacausal

Conceito semântico:O que é?

– Nome ou descrição doconceitoque queremos medir

Definição Operacional:Formato atribuído à variável nocontexto do estudo:

– O que se vai medir

Definiçãode Variável

Ex: Obesidade; tabagismo

Ex: Peso ou IMC paramedir obesidade; n.º decigarros ou UMA

Na definição de uma variáveldevemos sempre evitar aambiguidade entre o quemedimos e o quepretendemos medir

Na escolha das variáveisdevemos preferir aquelas quefacilitem a comparação dosnossos resultados com os deoutros trabalhos.

Aspectospráticos

• Rendimento(familiar/pessoal ou bom/mau ou valor x)

• Profissão(grau académico//habilitação/cargo)

• Data de inícioda doença(início dos sintomas ouinício do diagnóstico)

• É convenienteadoptarmos definiçõesstandard, sempre quepossível

COMO DEFINIR E CARACTERIZAR AS VARIÁVEIS?

Page 58: Investigação - passo a passo

57

COMO DEFINIR E CARACTERIZAR AS VARIÁVEIS?

Classificaçãodas Variáveis

Variáveis Independentes:

– Variável à qual atribuímos oefeito causa (Fumar)

• Fumar é factor de riscopara ter Cancro do pulmão

Variáveis Dependentes:– Variável à qual atribuímos o

efeito consequência(cancro do pulmão)

Variáveis de Confundimento:– Variável eventualmente

responsávelpor parte do efeito verificado(café; género masculino)

Variáveis QualitativasDuas ou mais categoriasmutuamente exclusivas

• Nominais:– Não se encontram

em ordem natural

• Ordinais: – Existe uma ordem

hierárquica

Exemplo:

Num determinado estudo deinvestigação provou-se aexistência de uma relaçãode risco entre ter Cancro doPulmão e o géneromasculino, a ingestão decafé e o fumo de tabaco.

Tomar café será de facto umfactor de risco para Cancrodo Pulmão?

Possivelmente quem maistoma café é simultanea-mente quem mais fuma, eesta última é que é averdadeira variávelindependente, sendo o caféa variável de confundimento.

O mesmo se passa com ogénero masculino: Sendo os homens(variável de confundimento)os que mais fumam (variávelindependente), são os quemais têm cancro de pulmão(variável dependente).

Ex:Sexo: Feminino/MasculinoCefaleia: Sim/NãoVia de administraçãode fármaco: VO/IV/IM/..

Ex: Classe social de Graffar: I, II,III, IVCefaleia: Não/Ligeira/Moderada/Grave

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COMO DEFINIR E CARACTERIZAR AS VARIÁVEIS?

Variáveis Quantitativas

• Discretas (númerosinteiros)

• Contínuas

Ex: Nº de filhos; Nº deinternamentos hospitalares

Ex: peso; temperatura; glicemiabasal;consumo de álcool; TA

Outrasclassificaçõesparaas variáveis

• Variáveis Compostas– Formadas por mais que uma

variável simples

• Variáveis Universais– De tal modo frequentes que

a sua inclusão num estudoé quase sistemática

Ex: IMC(Peso; estatura)

Ex: Sexo; idade

Erro aevitar

– Categorizar as variáveis durante a fase de colheita dedados.

– Sempre que possível, devemos evitar categorizar asvariáveis, durante a fase da colheita de dados.

• Devemos, sempre que possível, utilizar variáveis quantitativas, porque estas contêm mais informaçãoe permitem a utilização de provas estatísticasmais potentes.

– Se colhermos as variáveis por categorias, durante otratamento dos resultados será impossível utilizar os dadosna sua forma quantitativa, o que pode ser bastante limitativo.

Comoelaboraruma boaescalade medida

– De acordo com os objectivos do estudo e definiçãoda variável

– Viável, de acordo com os métodos de colheita da informação– Categorias claramente definidas– N.º suficiente de categorias, mas não elevado– Exaustiva– Categorias mutuamente exclusivas

Page 60: Investigação - passo a passo

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COMO DEFINIR E CARACTERIZAR AS VARIÁVEIS?

Erros aevitar

(condicionamdiminuiçãoda fiabilidadee a validadedo estudo)

• Não seleccionar medidas o mais objectivas possível

• Não utilizar variáveis universalmente aceites (standartizadas)

• Não formar os observadores (variaçõesinter-observador)

• Não dar instruções claras acerca da forma de obtenção/medição dos dados

• Não utilizar a melhor técnica de medição possível

• Não utilizar instrumentos de medição automáticos

• Não utilizar instrumentos de medição uniformes

• Não calibrar os instrumentos de medição

• Não definir/operacionalizar devidamente as variáveis

Page 61: Investigação - passo a passo

Quais os métodos e processosde recolha de dados?

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9 QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOSDE RECOLHA DE DADOS?

PontodeReflexão

Todo o processo de recolha de dados é, em última análise,“validado” pelo resultado final. Isto é, em que medida contribuiu para dar respostas possíveis eadequadas às perguntas inicialmente formuladas?

IdeiasChave

• Que dados necessitamos recolher, tendo em conta asvariáveis em estudo, para responder à(s) pergunta(s) deinvestigação formulada(s)?

• Que tipo de dados recolher? Primários? Secundários?

• Que processo de colheita de dados adoptar?

• Que instrumento(s) de recolha de dados utilizar?

• Como garantir a qualidade e fiabilidade dos dados recolhidos?

• Como garantir a melhor eficiência (económica e técnica)possível na recolha de dados?

A ciência humana assenta em três actos essenciais: contar, medir e comparar.Qualquer destes actos pressupõe a recolha ou colheita de dados elementares, relativosa entidades com características variáveis que, ao serem tratados, analisados einterpretados conduzem à produção de informação. Essa informação pretenderesponder a perguntas que são o ponto de partida de um projecto de investigação.

• A colheita de dados é,frequentemente, acomponente maisdispendiosa (em tempo,esforço e dinheiro) de umprojecto de investigação.

Princípios Deve ser preparada commuito cuidado

Deve ser reduzida à formamais simples, precisa,sistematizada e económicaque for possível.

Vítor Ramos

Page 63: Investigação - passo a passo

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Métodosde Recolhade Dados

– Os métodos de recolha de dados podem variar conformese trate de um estudo de tipo quantitativo ou de tipoqualitativo.

O essencial é que as decisões sobre os processos einstrumentos de colheita de dados estejam em consonânciacom os objectivos do estudo e com a natureza ecaracterísticas das variáveis seleccionadas.

O passo designado por “operacionalização das variáveis”antecede, determina e é crucial para as decisões sobre osdados a recolher e como os recolher.

ColheitaDadosPrimários

A colheita de dados primários pode fazer-se recorrendo a váriosmétodos como, por exemplo:

• Observação e descrição de fenómenos (pode combinarmétodos qualitativos, como a narrativa, com métodosquantitativos)

• Registo fotográfico (quer descritivo, quer comparativo,documentando por exemplo situações antes e depoisde uma intervenção)

• Medição de parâmetros “objectivos”, recorrendo,por exemplo, a instrumentos físicos de medida (balanças,craveiras, etc.)

• O seu planeamento eexecução merecem a maioratenção por parte doinvestigador e da sua equipapara garantir o seu sucesso ereduzir custos e desperdíciode tempo e de recursos.

Convém, ainda, prever-see evitar-se eventuaisdúvidas, fontes deconfusão, extravios, etc.

DADOS PRIMÁRIOS

Recolhidos pelo investigadorjunto de cada unidade deobservação (peso, valores detensão arterial, perímetroabdominal, etc.)

Tipode Dados

DADOS SECUNDÁRIOS

Foram previamenterecolhidos por outrem e jáestão disponíveis emfichas, ficheiros, bases dedados, publicaçõesestatísticas, etc.

QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

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63

QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

Questionários Instrumentos de recolha dedados largamente utilizados.Porém, é indispensável ter emconta um conjunto de regras ede cuidados na elaboração(ou na escolha) e na aplicaçãode questionários.

Os questionários são, pordefinição, listas de perguntas.Cada pergunta deve respeitara alguma das variáveispreviamente definidas.

Não se deve nunca ceder àtentação de, “já agora”,incluir no questionário maisisto e aquilo, por parecerimportante ou interessante.

• É um processorelativamente complexoe existe vasta bibliografiasobre como construir evalidar questionários.

• Pedir a colaboração dealgum perito ouinvestigador,habitualmente da áreadas ciências sociais ehumanas, comexperiência naconstrução e navalidação dequestionários.

• Medição de parâmetros “subjectivos”, usando, por exemplo:escalas visuais analógicas (EVA) de dor, de auto percepçãode estado de saúde (COOP/WONCA Charts), entre outras

• Entrevista (aberta, semi-estruturadas, estruturadas, etc.)

• Questionários, que podem ser administrados por uminquiridor, por contacto pessoal directo, por via telefónica, ourespondidos por auto-preenchimento, com ou sem ajudapresencial de um colaborador, ou por correio.

O processo de colheita de dados a adoptar deve ter em conta:o tipo de estudo, o seu desenho, as variáveis escolhidas, aoperacionalização dessas variáveis e o tipo de dados arecolher.

Todos os processos e instrumentos de colheita de dados primários têmindicações, vantagens, inconvenientes e percalços a evitar. Não cabe neste brevetexto enunciá-los e descrevê-los a todos. Por isso, os investigadores devemestudar com suficiente profundidade o que existe disponível na bibliografia sobreos métodos e instrumentos de recolha de dados que escolheram para o seuestudo.

Page 65: Investigação - passo a passo

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QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

Princípios • Cada pergunta de umquestionário é um“diamante” para sercuidadosamente lapidado

• O design gráfico doquestionário é de enormeutilidade.

Ele pode facilitar ou dificultar,quer as respostas quer,posteriormente, o processo detratamento dos dados.

Pode ser útil prever na própriaficha do questionário umacoluna (geralmente namargem direita) para usoexclusivo dos investigadoresonde se procede à codificaçãodos valores da resposta dadaa cada pergunta.

• “…e esse questionárioestá validado?” tornou-se um lugar comum e, porvezes, quem perguntanão sabe o que está aperguntar.

Existem muitos tipos dequestionários e a questão davalidação é, ao mesmo tempo,mais complexa e mais simplesdo que por vezes se supõe. O conceito de validação podeaplicar-se apenas a alguma(s)pergunta(s), ou a um sectordo questionário.

Por validade entende-se,sucintamente, que

o que se está a “medir” éefectivamente

o que se quer “medir”

Perguntas podem serabertas ou fechadas.

As perguntas abertaspropiciam respostas maisdifíceis de tratar e deanalisar. Por isso, devemser simples, claras edirectas, emborapossibilitem resposta livrepor parte do inquirido.

As perguntas fechadasdevem esgotar todas aspossibilidades de respostae devem admitir ashipóteses “não sei”, “nãorespondo”, e,eventualmente, “nãoaplicável”. Quando não forpossível esgotar aspossibilidades de respostadeve sempre incluir-se aalínea “outro” e deixarespaço para escrita.

Nas perguntas fechadaspodem utilizar-se escalasdo tipo Likert. RensisLikert (1903-1981),desenvolveu investigaçãoe teorias sobre motivação,liderança e teoriaorganizacional.

O seu método de criargraus de resposta (em vezdo simples “sim” ou “não”)veio enriquecer aspossibilidades de análisede fenómenos subtis ecomplexos como são osdos sistemas humanos esociais.

Page 66: Investigação - passo a passo

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QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

Esta garantia pode exigir umainvestigação específica commetodologia complexa como,por exemplo: questionáriosque “medem” e atribuem“scores” quantitativos afenómenos biológicos,fisiopatológicos, psicossociais,etc.

Nas perguntas simples óbviase lógicas e para perguntasindependentes entre si arespectiva “validação” podeconsistir simplesmente emconfirmar que a pergunta éclara e precisa, que obtém ainformação que se procurasaber e que, quem vairesponder, compreendeclaramente o que éperguntado.

• É muito útil, até pelapossibilidade de compararresultados, usarquestionários játrabalhados e validadospor outros autores

Estão, neste caso, os“índices” de dependência,de qualidade de vida, deestado de saúde, defuncionalidade, bem comoos questionários usadospara decisão diagnóstica,entre outros.

Tem de ser óbvio que oque é perguntadocorresponde àoperacionalizaçãoadequada da variável emestudo. Para isso, deve seranalisado, criticado etestado previamente porperitos e potenciaisrespondentes.Designa-se a esteprocesso “pré-teste”,embora pareça maiscorrecto dizer-se “testeprévio”. Habitualmente oteste prévio, se for bemconduzido, leva a grandesalterações eaperfeiçoamentos noquestionário inicial.

Exemplos:questionários de satisfaçãode utentes, de satisfaçãode profissionais, de auto--percepção de estado desaúde, de qualidade devida relacionada com asaúde, etc.

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QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

Colheitade DadosSecundários

A colheita de dadossecundários é feita a partir defichas previamente existentesem ficheiros, dossierselectrónicos e bases dedados, em publicaçõesestatísticas disponibilizadaspor entidades oficiaisinternacionais, nacionais,regionais ou locais.

Exemplos destas entidadesa OCDE, a OMS, o INE, aDGS, as ARS, entre outras.

• Em qualquer caso, oinvestigador deveaveriguar o grau defiabilidade que podeesperar desses dadose entrar com esseparâmetro em linha deconta nas análises quefizer e, sobretudo, nainterpretação ediscussão dosresultados que obtiver.

Errosa evitar

– Iniciar a recolha de dados sem ter planeado epreparado cuidadosamente todo o processo.

– Recolher dados desconectados das variáveis emestudo

– Trabalhar com dados e variáveis sem relação com osobjectivos e as hipóteses definidos

– Usar instrumentos de medida e de recolha de dadosque não tenham sido cuidadosamente preparados ecalibrados

– Usar questionários, escalas de “medição” e testes dedecisão diagnóstica que não tenham sidoadequadamente validados

– Usar traduções de questionários sem que tenha sidovalidada essa tradução (habitualmente por traduçãocruzada) e adaptação cultural, apesar de os originaisterem sido validados para outras línguas e culturas

– Usar questionários que não tenham sido sujeitos a umteste prévio junto de peritos e de potenciaisrespondentes

– Os colaboradores não estarem instruídos eadequadamente treinados quanto à harmonização aseguir na recolha de dados

Para não ficar paralisado face a tantos cuidados, é útil que oinvestigador procure manter o processo de recolha de dados:

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– o mais limitado possível;

– o mais simples possível;

– o mais claro possível;

– o mais preciso possível

– o mais económico possível.

CHECKLIST

� Todo o processo de recolha de dados foi meticulosamente preparadopara evitar desperdício de tempo e de outros recursos?

� Os dados a recolher são os adequados, tendo em conta as variáveis emestudo?

� Existe alinhamento adequado entre os dados a recolher e o plano parao seu tratamento e análise?

� Os métodos e processos de recolha são os adequados tendo em contao tipo de estudo, os objectivos e as hipóteses definidas?

� Os instrumentos de recolha de dados são válidos e precisos emrelação ao que procuram medir?

� Qual o grau de confiança que podemos ter quanto à fiabilidade dosdados recolhidos?

� Os colaboradores na recolha de dados estão ou vão estardevidamente instruídos e treinados?

QUAIS OS MÉTODOS E PROCESSOS DE RECOLHA DE DADOS?

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Qual a importância do estudo piloto?

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10 QUAL A IMPORTÂNCIADO ESTUDO PILOTO?

IdeiasChave

A aplicação de um estudo piloto é um meio muito útilde elaborar ou testar o protocolo de investigação.

Objectivos • A programação e efectivação de um estudo piloto, muitas vezesconsiderado uma mini versão do estudo completo, servepara:

1. ajudar a elaborar um protocolo de investigação2. antever o resultado de um protocolo já elaborado, mas

ainda não utilizado.3. para testar um instrumento particular de avaliação

nomeadamente uma entrevista ou um questionário.Neste sentido, serve para avaliar a sua adequação paraa finalidade que se deseja bem como para testara validade e consistência destes instrumentos.

Carlos Canhota

Importância

EstudoPiloto

– Permite avaliaros vários aspectosmetodológicos e fasesde execuçãodo protocolode investigação

– Pode ser uminstrumento valioso, quenos poderá, na devidaaltura, poupar tempo,evitar frustrações,embaraços e tambémdinheiro mal gasto(protocolo inadequado,resultado insatisfatório).

O estudo piloto deve contera metodologia que sepretende utilizar no projectofinal de investigação e realizartodos os procedimentosprevistos no estudo de modoa possibilitar, ainda na fase queantecede a investigaçãopropriamente dita, quandoainda é possívelalterar e melhorar o protocolo,responder às inúmeras questõesque nos são muito úteis comoorientação aquando do desenhofinal do protocolo.

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Questões pertinentes e orientações que um estudo piloto pode dar

QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO PILOTO?

Princípios • Em regra, paraa realização do estudopiloto, o tamanho daamostra não necessitade ser superior a 10%do tamanho da amostrapretendida.

• O estudo piloto permiteresponder às perguntasque desejamos paraa construção finaldo protocolode investigação.

Para testar um questionário,10 a 20 pessoas serãosuficientes para obtermosconclusões, desdeque as característicasdefinidas para esta amostrasejam as incluídas nos critériosde selecção da amostrado protocolo final.

• O tempo de implementação proposto é realista? (cronograma do projecto)

• O plano de trabalho decorre de maneira escorreita?

• A amostra em estudo é adequada? (qualidade da amostra)

• A metodologia de obtenção da amostra é correcta, de acesso possívele fácil? (obtenção da amostra)

• Existe alguma dificuldade com os instrumentos de colheita de dados utilizados,incluindo a aplicação de questionários e entrevistas?

� É entendível por todos e por todos da mesma maneira?

� O questionário mede de facto o que se deseja?

� Nas perguntas fechadas, existe lugar para todas as respostas?

� Existem perguntas frequentemente ou sistematicamente não respondidasou consistentemente mal respondidas?

� Que comentários quer fazer?

• O treino (do investigador) para a colheita de dados é adequado? (recursoshumanos adequados)

• Existe alternativa mais adequada para a escolha/recrutamento da amostraou na colheita de dados?

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QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO PILOTO?

• A taxa das respostas é adequada?

• A amostra seleccionada oferece a informação que se deseja obter?

• A variabilidade do atributo que se quer medir que se encontrou torna necessáriorefazer o cálculo do tamanho inicial da amostra? (recalcular o tamanho daamostra)

• Os dados obtidos aparentam confirmar ou infirmar as hipóteses consideradas?E quais as possíveis razões?

• Existe alguma dificuldade com os equipamentos utilizados? (testar,pessoalmente ou treinar a equipa de apoio, os equipamentos utilizados)

• O projecto definitivo de investigação é exequível?

• O financiamento proposto é razoável?

Os investigadores, ao trabalharem numa matéria relativamente pouco observada,utilizam muitas vezes um estudo piloto qualitativo para colher informaçõesnecessárias para o desenho de um estudo definitivo e em larga escala.

É portanto frequente a utilização de grupos focais para a identificação de questõeschaves que servirão para a elaboração de questionário e o desenho de umprojecto de investigação quantitativa.

Problemasdos EstudosPilotos

• A realização de um estudo piloto não é garantia do sucessodo estudo final.

• Os resultados do estudo piloto são muito úteis nasindicações que nos dão, mas estes não têm baseestatística para poderem ser totalmente fiáveis e são quasesempre baseados numa amostra pequena. Existe sempre a possibilidade de assumirmos previsõesinadequadas baseadas nos dados obtidos num estudo piloto

• Algumas contaminações poderão ocorrer e por issodevemos estar atentos, nomeadamente se incluirmos osdados do estudo piloto nos resultados finais do trabalho vistoestes poderem não ser totalmente idênticos aos dosresultados finais ou se tivermos que incluir os participantesdo estudo piloto na amostra final, situação nem sempreevitável pois podem vir de um grupo restrito tais como escolaou outras instituições.

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QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO PILOTO?

Conclusões � Os estudos pilotos são pouco aludidos nos trabalhospublicados

A sua menção é muitas vezes limitada a frases como“foi testada a validade e consistência do questionário”,às vezes como “apreendeu-se com o estudo piloto e feitasas necessárias modificações de acordo com as indicaçõesapresentadas” mas normalmente, sem oferecer ao leitordetalhes sobre o que se aprendeu exactamente com o estudo.

� Os resultados dos estudos pilotos, tenham eles sido umsucesso ou, pelo contrário, se tenham revelado um projectocom probabilidades elevadas de insucesso, são em ambosos casos, muito úteis para outros investigadores que sepropõem avançar com projectos utilizando metodologiase instrumentos de medida e colheita de dados semelhantes.

Page 74: Investigação - passo a passo

Qual a estratégia de análise de dados?

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11 QUAL A ESTRATÉGIA DE ANÁLISEDE DADOS?

IdeiasChave

• A análise dos dados é definida pelos objectivos doestudo e pelas hipóteses de investigação

• Se foi feito um censo da população utiliza-se estatísticadescritiva

• Se foi utilizada uma amostra aplica-se estatísticainferencial

• A estatística inferencial inclui intervalos de confiança etestes estatísticos de análise bivariada ou multivariada

• A selecção dos testes estatísticos depende do tipo devariáveis em análise

– Depois de recolhidos osdados o investigador devecriar uma base de dadosinformática onde irá guardara informação.

– Na folha de cálculo pararegisto cada colunacorresponderá a umavariável e cada linha a umindivíduo da amostra.

– Antes de iniciar a análise faz--se a depuração da base dedados para corrigireventuais erros de registo.

Criação eDepuraçãode Basede Dados

Usar para o efeitoprogramas como excel,access, epiinfo, spss, ou

outro cuja utilizaçãodomine

Todos os dados devem serinseridos como números,pelo que respostas emtexto devem ser semprecodificadas com um códigonumérico (ex: sexomasculino – 1; sexofeminino – 0).

Clara Barros Fonseca

Page 76: Investigação - passo a passo

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Caracterizaçãodos indivíduosestudados

A primeira fase da análise estatística consiste nacaracterização dos indivíduos estudados. Pretende-se calcular as respostas às seguintes questões:Da população estudada ou da amostra seleccionada foipossível obter informação de todos os elementos?Qual a taxa de resposta?Qual a idade média, o seu desvio padrão e amplitude?Qual a distribuição por sexos?Existem diferenças entre a amostra e a população de estudoque podem comprometer a inferência dos resultados?

– No caso de ter sidoestudada uma amostra, ovalor encontrado pode nãocorresponder ao real valor dapopulação de estudo, umavez que se trata de umaestimativa.

– Com base na estimativaobtida na amostra devemossempre calcular o Intervalo deConfiança do Parâmetro napopulação de estudo.

– A estimativa pontual daamostra não é mais do queum dos possíveis valores quese obteriam ao estudarmúltiplas diferentes amostrasda mesma população.

Num estudodescritivo aanálise iráincluir ocálculo dofenómenodefinido noobjectivo –ex: calcular aPrevalênciada HTA;calcular aIncidência daGripe,calcular amédia dopeso.

– Diferentes amostrasdariam origem adiferentes estimativas,mas todas elas dentro deum intervalo limitado devalores em torno do valorreal.

– O intervalo deconfiança diz-nos entreque limites se encontra overdadeiro masdesconhecido valor napopulação. O grau de confiança maisutilizado é de 95%.

EXEMPLOS: • A Prevalência de HTAencontrada foi 43%(IC95%: 41 – 45%)

• A média do peso dascrianças foi de 32,2Kg(IC95%: 30,4 – 34,0Kg)

QUAL A ESTRATÉGIA DE ANÁLISE DE DADOS?

ESTRATÉGIA DE ANÁLISE DE UM ESTUDO COM OBJECTIVO DESCRITIVO

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QUAL A ESTRATÉGIA DE ANÁLISE DE DADOS?

Na tabela 9.1. encontram-se os testes recomendados para análise bivariadaconsoante o tipo de variáveis.

Qualitativadicotómica

Qualitativapolicotómica

Quantitativa Quantitativa*(testes nãoparamétricos)

Variável dependente

Variávelindependente

TesteQui-quadradoTeste exactode Fisher

TesteQui-quadrado

Teste t destudent

Teste U deMann-Whitney

Qualitativadicotómica

TesteQui-quadrado

TesteQui-quadrado

Análise devariância

Teste deKruskalWallis

Qualitativapolicotómica

TesteQui-quadrado

TesteQui-quadrado

Análise devariância

Teste deKruskalWallis

Qualitativapolicotómica

*quando a distribuição da variável quantitativa não cumpre determinados critériosdevem usar-se os testes não paramétricos, o que acontece sobretudo emamostras pequenas.

Se estamos perante umaamostra será necessárioaplicar testes de inferênciaestatística para obterresultados para a populaçãode estudo. Os testesestatísticos mais conhecidossão Qui-quadrado e o t destudent, mas existem outros.

– Existem ainda testes deanálise multivariada paraníveis mais avançados.

Nesta análisepretende-seconcluirsobre arejeição ounão rejeiçãoda hipótesenula deinvestigação.

– A escolha dos testes dependedo tipo de variáveis em estudo.

– Através dos testes vai sercalculado um valor de p, oqual se considera habitualmentecomo estatisticamentesignificativo quando inferior a0,05 (é também frequente usar0,1 ou 0,01). Quando obtemos um valor dep inferior ao nível designificância estatísticaconsiderado conclui-se pelarejeição da hipótese nula doestudo.

ESTRATÉGIA DE ANÁLISE DE UM ESTUDO COM OBJECTIVO ANALÍTICO

Page 78: Investigação - passo a passo

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QUAL A ESTRATÉGIA DE ANÁLISE DE DADOS?

AspectosPráticos

• Os programas informáticos fazem todos os cálculos empoucos segundos

• O investigador tem que saber o que pedir às ferramentasinformáticas – ex.: cálculo de médias ou de prevalências erespectivos intervalos de confiança

• O investigador tem que escolher o(s) teste(s) adequado(s)às suas variáveis de estudo

Errosa evitar

� Não incluir Intervalo de Confiança de um parâmetropopulacional com base na estimativa pontual amostral

� Incluir Intervalo de Confiança quando foi efectuado umcenso

� Escolher um teste inadequado ao tipo de variáveis

� Transformar variáveis quantitativas em qualitativas parafacilitar a análise

Page 79: Investigação - passo a passo

Como escolher o programa de estatística?

Page 80: Investigação - passo a passo

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12 COMO ESCOLHER O PROGRAMADE ESTATÍSTICA?

IdeiasChave

• Salvo casos raros e excepcionais, tudo o que precisaráfazer, conseguirá com programas estatísticos de acessogratuito. Neste capítulo apenas referimos programasde acesso gratuito, prontamente descarregáveis da Web.

• Apesar de serem cada vez mais fáceis e intuitivos, conhecerum programa exige sempre um investimento em tempoe aprendizagem: se está confortável e satisfeito como software que usa, pense bem se realmente precisade mudar!

• Se procura novos programas de estatística, o que podefazer a diferença real para si é (1) o sistema de ajudae tutorial do programa, (2) o acesso a manuais e exemplos,(3) o acesso a pessoas conhecem o programa e que tiremdúvidas, e (4) o programa ser amigável para o utilizador.

Paulo Jorge Nicola

Princípio I Os programas de estatística poderão ser de âmbito geral ouespecializados para determinadas tarefas.

Aqui iremos apenas abordar programa de âmbito geralcom aplicação à investigação clínica e epidemiológica,e especializados para o cálculo do tamanho amostral.

AspectoPrático I

• Existe uma lista extensa de programas de estatísticadisponíveis, muitos dos quais de forma gratuita.

• Uma comparação das características desses programas,bem como a indicação dos que são gratuitos e da suapágina Web, pode ser encontrada emhttp://en.wikipedia.org/wiki/Comparison_of_statistical_pack-ages

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78

COMO ESCOLHER O PROGRAMA DE ESTATÍSTICA?

ProgramasÂmbitoGeral

Aplicação à investigação clínica e epidemiológica:

Epi Info (ver 3.5.1, Agosto 2008) http://www.cdc.gov/epiinfo/

• Este programa foi construído para dar uma respostaglobal à análise de dados de estudos de epidemiolo-gia e saúde pública.

• Tem módulos autónomos que permitem criarformulários e questionários, base de dados, análisede dados, relatórios de dados com gráficos e mapaspara informação geográfica e cálculo de tamanhosamostrais.

• Estão à disposição diversos tutoriais, em texto e/ouapresentações multimédia, com exercícios práticos edados fictícios, que vão desde os aspectos mais básicosa intermédios. Vários tutoriais combinam aspectosepidemiológicos e estatísticos, com cenários de estudose dados reais.

R (ver 2.7.2, Agosto 2008) http://cran.r-project.org/ Wikipedia:http://en.wikipedia.org/wiki/R_(programming_language)

• O ‘R’ é uma linguagem e um ambiente para análisee computação estatística (http://www.r-project.org/).Este software, gratuito e ‘open-source’, tem sido desen-volvido pela comunidade académica e empresarial,permitindo livre acesso a documentação, suporteon-line, tutoriais e exemplos práticos, que o têmtornado o ‘R’ conhecido e usado por cada vez maisinvestigadores. Apesar da sofisticação, enorme podergráfico (http://addictedtor.free.fr/graphiques/)e extensibilidade, o ‘R’ é uma linguagem acessível, masque intimida os iniciados por ser baseada na escritade comandos. Existem diversos sistemas de menus quese podem carregar no R (lista emhttp://www.sciviews.org/_rgui/).

• Um vídeo que demonstra como instalar e iniciar o ‘R’:http://www.decisionsciencenews.com/?p=261.

• Existem manuais e tutoriais disponíveis desde os maisbásicos aos mais completos(http://zoonek2.free.fr/UNIX/48_R/all.html).

Page 82: Investigação - passo a passo

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COMO ESCOLHER O PROGRAMA DE ESTATÍSTICA?

• Uma das vantagens da programação estatísticaé poder-se guardar a sequências de comandos,podendo-se facilmente repetir análises, aplicar asmesmas análises em subgrupos e discutir a programaçãoestatística com um estatísta supervisor.

• O ‘R’ será capaz de satisfazer praticamente todas asnecessidades no cálculo estatístico e na construçãográfica, com bastante apoio de documentos e exemplos:é uma questão de procurar. No entanto tem uma “curvade aprendizagem” íngreme, e necessita de umsignificativo investimento de tempo. Pequenos cursospráticos sobre o ‘R’, ou de estatística usando o ‘R’ têmsurgido ocasionalmente em Portugal. Também existemcada vez mais livros de estatística que mostram comorealizar o cálculo estatístico com o ‘R’. Se quer aprenderestatística, esta pode ser uma excelente opção para aliara teoria à prática.

• O ‘R’ importa e exporta facilmente para o MS Excele para o MS Access, trabalhando directamente comas bases de dados.

ProgramasÂmbitoEspecífico

Para o cálculo do tamanho amostral:

Apesar de ambos os programas de análise de dados geralcomportarem funcionalidades para o cálculo do tamanhoamostral, existem programas de acesso livre especialmentededicados a essa tarefa, de utilização muito facilitada. Umalista comparativa pode ser consultada emhttp://www.biostat.ucsf.edu/sampsize.html.

PS: Power and Sample Size Calculation (ver 2.1.31, 2004)http://biostat.mc.vanderbilt.edu/twiki/bin/view/Main/PowerSam-pleSize

• A vantagem deste programa é que permite queo tamanho amostral seja calculado a partirda resposta a sequências de perguntas sobreo desenho do estudo. Deste modo, praticamenteprescinde de um conhecimento estatístico aprofundado.Apesar de não permitir o cálculo amostral para algunstipos de estudo (estudos de concordância, precisão deprevalências), é bastante amplo nas suas capacidades.

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COMO ESCOLHER O PROGRAMA DE ESTATÍSTICA?

Estas incluem a construção de gráficos que demonstramcomo varia o tamanho amostral com a variaçãodos pressupostos do estudo (proporção de casosou de expostos, diferença mínima a detectar,potência estatística, etc.).

G*Power 3 (ver 3.0.10, Janeiro 2008) http://www.psycho.uni-duesseldorf.de/abteilungen/aap/gpower3/

• Este programa, bastante poderoso, exige algunsconceitos estatísticos básicos. Tem um manualde utilização em construção, mas apoio pode ser encon-trado em manuais da versão anterior (http://www.psy-cho.uni-duesseldorf.de/aap/projects/gpower/how_to_use_gpower.html).

• Tem, como interesse adicional, a possibilidade de serealizar o estudo das características estatística de umteste (potência estatística, diferença mínimaa detectar, etc.) a partir de um determinado tamanhoamostral, uma situação comum na clínica, em que sesabe, a priori, qual o tamanho amostral disponível.

Errosa Evitar

• O programade estatística pode serum facilitador, ou umcomplicador, no trabalhode análise de dados

• Não mude de programade estatística só pormudar.

• Hoje em dia há poucasrazões parao investigador clínicoindividual comprarprogramas comerciais

• Escolha-o por razões práticas,e tenha as maiores reservasna adopção de programaspouco documentados, semmanuais e tutoriais cuidados,e sem o apoio de‘comunidades’.

• Se consegue fazer tudo o quequer com o programa queconhece, sem custos detempo injustificados, porquêmudar?

• São cada vez mais caros,e protegidos contra a piratariainformática, (têm-se dirigidopara as empresas ou as insti-tuições académicas). Muitostêm licenças que necessitamde renovação periódica.

Page 84: Investigação - passo a passo

COMO ESCOLHER O PROGRAMA DE ESTATÍSTICA?

81

• Não espere ter os dadostodos para começara fazer estatística

• Evite, se possível,aprender estatísticautilizando um programadiferente do que iráfazer uso paraas análises do seutrabalho.

Por isso, pense bem antesde investir num programacomercial.

� Pode começar a ensaiara análise de dados com dadospreliminares ou do estudopiloto.

Iniciar-se num programade estatística exige tempoe disponibilidade. Fazê-lopressionado com prazos para a análise de dados será umaexperiência frustrante.

� Se precisa de aprenderestatística, quer através de manuais, quer em cursosde formação, tenha atenção se o manual apresentaexercícios utilizando o códigode um determinado programa,e/ou ao programa estatísticoutilizado durante a formaçãoem estatística.

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Como apresentar os resultados de um estudo?

Page 86: Investigação - passo a passo

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13 COMO APRESENTAROS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

Paulo Jorge Nicola

• A secção de resultados é onde o investigador se senta nobanco das testemunhas e fielmente descreve comodecorreu a sua investigação, o que mediu, quais osresultados das análises que realizou e como fundamentaas conclusões que alcançou. Estando no banco dastestemunhas, o seu relato dos resultados deve permitir quecada leitor faça o seu juízo independente sobre o estudo.

• A escrita cresce com a prática, mas o primeiro passo para seser um bom escritor de artigos científicos é ser-se umbom leitor, ávido, crítico e atento. Imitar um estilo deescrita com o qual se sinta confortável e que faça sentidopara a sua audiência é um bom segundo passo. Para oinvestigador a iniciar esta experiência, a re-escrita do artigo,juntamente com a revisão construtiva de um orientador,ajudará a desenvolver um manuscrito claro e de qualidade.

• A secção de resultados constrói uma perspectiva e umargumento, que termina onde começam as conclusões doestudo.

• Muito importante apresentar os resultados numasequência clara e lógica e fazer um bom uso de tabelas,gráficos e figuras, que facilitem o entendimento dosdados e das análises.

IdeiasChave

• Para vários tipos de estudos, existem já recomendaçõesrelativas à forma como estes devem ser reportados.

É importante conhecer estas recomendações, considerá-las noprojecto, na execução do estudo e na escrita de artigos.Nos artigos, deve-se referir que essas recomendações foramcontempladas, pois são um critério de qualidade do estudo, eaumentam as possibilidades de aceitação do seu estudo emrevistas de maior impacto.

Princípio I

Page 87: Investigação - passo a passo

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COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

Segundo o tipo de estudo, tenha em consideraçãorecomendações publicadas para o seu reporte. Sãoexemplos:

a. Estudos observacionais: STrengthening the Reportingof OBservational studies in Epidemiology (STROBE)Statement (www.strobe-statement.org).

b. Ensaios Clínicosi. Intervenções aleatórias: Moher D, Schulz K,Altman D, e col. The CONSORT statement: revisedrecommendations for improving the quality of reportsof parallel-group randomized trials. JAMA 2001;285:1987–91. (www.consort-statement.org)

ii. Intervenções não aleatórias: Des Jarlais D, LylesC, Crepaz N, e col. Improving the reporting quality ofnonrandomized evaluations of behavioral and publichealth interventions: the TREND statement. Am JPublic Health 2004;94:361–6.

c. Meta-análises: Stroup D, Berlin J, Morton S, e col.Meta-analysis of observational studies in epidemiology:a proposal for reporting. JAMA 2000;283:2008–12.

d. Testes diagnósticos: Bossuyt P, Reitsma J, Bruns D,e col. Towards complete and accurate reporting ofstudies of diagnostic accuracy: the STARD initiative.AJR Am J Roentgenol 2003;181:51–5.

AspectoPrático

•Respeite as instruções da revista para a escrita de artigos,incluindo a secção de resultados

É comum as instruções darem indicações relevantes para asecção de resultados, como o limite do número de tabelas ede gráficos, a necessidade de estes elementos seremfornecidos em ficheiros separados ou aspectos delegendagem.

Em muitas situações, tabelas, gráficos e figuras podemapresentar informação (incluindo relações complexas,sequências de eventos e distribuição de medições) com maiorclareza e síntese do que o possível por palavras.

Princípio II

Page 88: Investigação - passo a passo

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• Apesar das tabelas, gráficose figuras sereminstrumentos poderosos,não os utilize para pequenasquantidades de informação.

• Não repita a informaçãoincluída nos gráficos etabela no texto da secção deresultados.

• As tabelas, gráficos e figurasdevem ter informaçãonecessária e suficiente paraserem interpretados sem seter de recorrer ao texto.

• Na construção de umatabela, é necessárioequilibrar a necessidade deser completo com a de sersucinto

AspectoPrático

�� Se puder fornecer ainformação pretendida deforma clara e sucinta empoucas frases, não utilizeuma tabela ou um gráficopara o fazer.

� Refira no texto ondeconsta essa informação.Por exemplo: “Ascaracterísticas sócio-demográficas dosparticipantes sãoapresentadas na tabela 1.”

� O título deve serinformativo, e deve haveruma legenda que inclua,se pertinente, elementosda análise estatística.

� E útil dispor de algumaarrumação nas tabelas,bem como agrupar asvariáveis, ou mesmo dividira informação em váriastabelas (se estas serviremdiferentes propósitos).

COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

Divisão exagerada por várias tabelas de informação respeitantea diferentes características, mas que pertence aos mesmosparticipantes e é descrita de forma semelhante.

Erro a evitar

(Fictício)

Um estudo longitudinal de seguimento de utentes de um Centrode Saúde, imigrantes e não-imigrantes:

Exemploorganizaçãotabela

Page 89: Investigação - passo a passo

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COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

Tabela 2. Características no seguimento de coortes deimigrantes e não-imigrantes no Centro de Saúde.

CARACTERÍSTICA

Pessoas-anos de seguimento, total em anos

Pessoas-anosde seguimento, mediana (intervalo interquartil) em anos

...ComorbilidadesDoença cardíacaisquémica

Hipertensão arterial

Dislipidémia

Diabetes mellitus

...

Excepto onde indicado, todos os valores são número deeventos (taxa de eventos por 100 pessoas-ano).A razão de taxas [intervalo de confiança de 95% (IC 95%)]corresponde à razão da taxa de eventos por 100 pessoas-anopara cada característica entre os coorte de imigrantes e denão-imigrantes.† - p ≤ 0,05.n – número de participantes em risco para a ocorrência decaracterística, ou seja, que não a tinham previamente aoestudo, e que tiveram pelo menos uma medição durante oestudo; NA – não aplicável.

IMIGRANTESN VALOR

NÃO-IMIGRANTESN VALOR

RAZÃODE

TAXAS(IC 95%)

335 1312 674 3352 NA

335 3,8 674 4,9 NA(0,6-6,2) (1,2-6,4)

335 167 674 144 1,2(4,2) (3,5)† (1,0-1,4)

126 89 489 237 1,2(5,2) (4,4) (0,8-1,7)

63 22 262 56 1,3(6,8) (5,3) (0,6-1,9)

335 14 674 34 2,0(2,8) (1,4)† (1,5-2,4)

Page 90: Investigação - passo a passo

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COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

• Em estudos longitudinais,e muito particularmenteestudos de intervenção,deve-se usar um fluxograma.

• Os gráficos são úteis quandose pretende representar umnúmero elevado de dados,com padrões ecaracterísticas complexas,cuja distribuição e estruturanão é apreendida comestatísticas sumárias

AspectoPrático

Identificar claramente onúmero de participantesconvidados, quantos foramexcluídos (e porquê),quantos recusaram, quantosparticiparam e, para cadabraço do estudo, quantossaíram precocemente (eporquê).

Basear-se na representaçãográfica usada em artigoscom análises semelhantes,publicados em revistas deimpacto, é um bom ponto departida.

• Na construção de gráficos, tenha bem claro que um gráficopara a exploração de dados ou de relatório de uma análiseestatística raramente está adequado para uma publicação.

• Os gráficos permitem incorporar sinaléticas (por exemplo,linhas indicando limites, linhas de referência, metas, regiõesdos valores normais, etc.), títulos, legendas, intervalos deconfiança, etc.

• Os gráficos necessitam de cuidados especiais para evitar oserros mais comuns, relativos ao uso inapropriado de escalas,ou extrapolação de resultados além da gama de dadosobservados.

Por vezes pode ser interessante decompor um gráfico emvários sub-gráficos, mantendo a mesma escala dos yy ou doxx.

• Existe uma grande diversidade de tipos de gráficos, muitosde carácter geral, outros específicos para representar certasanálises (por exemplo, funnel plot na meta-análise, ouKaplan-Meier na análise de sobrevivência). A discussão daselecção do tipo de gráfico mais adequado a cada análiseestá fora do âmbito deste capítulo.

Gráficos

Page 91: Investigação - passo a passo

88

COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

Apesar de poder ser óbvio que a secção de resultados deveráincluir apenas os resultados de um estudo, muitos autoresincluem interpretações e discussão nos resultados.

Princípio III

1.A secção de resultados deve ter uma sequência lógicamuito clara e bem estabelecida.

Dependendo do estudo, esta pode ser de acordo com asequência do estudo (estudo de coorte ou de ensaio clínico,em que as observações no início do estudo precedem osfenómenos ocorridos durante o seguimento) e/ou com acomplexidade da análise de dados (descrição geral, análiseunivariada, análise bivariada e multivariada, análise de sub--grupos) e/ou objectivos primários e secundários do estudo. Em princípio, a ordem de resultados e análises da secção deresultados deve ser a preconizada na secção dos métodos.

2.A secção de resultados deverá apenas declarar asobservações obtidas, sem interpretação.

No entanto, é possível organizar os resultados de acordo coma intenção dessa análise. Isso pode ser feito:

• Introduzindo sub-títulos na secção de resultados, após severificar se a revista a publicar o permite.

Por exemplo:

� Descrição dos participantes� Distribuição geográfica de …� Associação entre as características e …

• Incluindo a intenção da análise no texto, para orientar o leitorrelativamente ao objectivo e passos da análise.Essas intenções deverão incluir os objectivos e hipótesesprimárias e secundárias do estudo.

Por exemplo:

� “A população estudada caracterizava-se por…”

� “Numa análise da variação da proporção de … por classeetárias, observou-se que…”

AspectoPrático

Page 92: Investigação - passo a passo

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COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

� “Para examinarmos a potencial associação entre… e …,criámos um modelo univariável, onde se observou que…”

� “Num modelo multivariável (tabela …), observámos que aassociação entre… e… se mantêm após ajuste para asvariáveis…, … e… ”

� “Para verificarmos se as associações observadas nageneralidade dos participantes se mantinham no sub-grupodos…, repetimos as análises de… apenas nesse sub-grupo.Observámos que…”

3.Coloque os tempos verbais no passado, reportando-seao estudo realizado.

O uso de verbos no presente pode ser confuso, porque fazparecer que as observações são generalizáveis fora do âmbitodo estudo.

A decisão de seleccionar as observações a incluir e excluir nasecção de resultados pode ser difícil.

Por vezes os estudos recolhem um número significativo devariáveis. As possibilidades combinatórias de análise crescemexponencialmente com o número de variáveis.

Princípio IV

• Não é comparável a escrita científica de um estudo comobjectivos, modelo conceptual e plano analítico bemdefinidos à priori, com a escrita de um estudo que feza navegação à vista.

É exactamente na secção de resultados que melhor se reflectea solidez dos objectivos, do processo de amostragem, dasmedições efectuadas, das variáveis seleccionadas, e do planode análise.

• Deve ser claro que os resultados se organizam parasuportar as conclusões sobre as hipóteses em estudo,embora devam incluir aspectos de validade externa e devalidade interna do estudo.

AspectoPrático

Page 93: Investigação - passo a passo

90

COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

• No fim, os resultados devem responder às questões quepermitam a avaliação crítica da evidência científica e darelevância clínica de um estudo:

� Os resultados são válidos?

� Os resultados são importantes?

� Os resultados são aplicáveis aos meus doentes ou ao meu contexto?

• Os resultados também devem ter informação suficientepara o estudo para ser replicável e comparável (porexemplo, descrição de numeradores e denominadores, e nãoapenas taxas), ou para os seus resultados poderem seragrupáveis numa meta-análise.

• Se as variáveis medidas no estudo não contribuem para osobjectivos da publicação, não suportam as conclusões nemrespondem a questões relevantes de validade internae externa, provavelmente não devem ser incluídas na secçãode resultados, simplificando-se a análise de dados,as tabelas e os gráficos.

Note-se que os autores podem, com razoabilidade e semabusos, declarar a realização de análises secundárias semapresentarem dados. Tal pode ser feito, por exemplo, paraexcluir terceiras hipóteses, para análises de sensibilidade ouanálises de sub-grupo. Por exemplo: “Repetimos a mesmaanálise apenas no grupo de 122 doentes diabéticos, mas nestesub-grupo não se verificou a associação entre escolaridadee uso de serviços de urgência (dados não apresentados)”.Nesta situação, os autores devem estar disponíveis parafornecer as análises não incluídas aos revisores do artigo.

• A estrutura de uma secção de resultados depende, emgrande medida, do tipo e do contexto do estudo, bemcomo da questão a investigar.

Um estudo transversal, de caso-controlo, de intervenção, umameta-análise ou um estudo qualitativo possuem formas muitodistintas de apresentação de resultados. No entanto, independentemente do tipo de estudo, ajudaplanear a organização de resultados.

Princípio V

Page 94: Investigação - passo a passo

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COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

De facto, no processo de escrita do artigo, é útilesquematizar-se a secção de resultados, inclusive a estruturade tabelas e dos gráficos. No processo de revisão bibliográfica,comummente realizada durante a escrita da secção deintrodução e de discussão, é importante observar criticamentecomo é que estudos similares ou equiparáveis organizarama secção de resultados, as suas tabelas e os seus gráficos.

ObjectivoSub-secçãoExemplos

de Resultados

Exemplo

• Permite inferirsobre agenerabilidadedos resultados edas conclusões

• Descriçãorelativa àvalidade externade um estudo

Característicasdos convidados aparticipar, taxa departicipação eanálise dos não-respondentes;razões para o nãoconsentimento;período e contextogeográfico em quedecorreu o estudo.Descrição doprocesso deamostragem (porexemplo, númerode médicos oucentrosparticipantes)

Como exemplo de uma estrutura da secção de resultados:

Permitecompreenderaprofundadamenteque característicasapresentavam aamostra estudada.Se mais do queuma amostra,permite compará-las e compreender

• Descrição dosparticipantes

Descrição deparâmetroscentrais e devariabilidade decaracterísticas:

• Demográfica quecaracterizama população (porexemplo, sócio-económicas)

Page 95: Investigação - passo a passo

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COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

• das (outras)variáveisindependentes

• das variáveisdependentes

Nos estudoslongitudinais,descrição do totalde pessoas-ano de seguimento, da perda emseguimento, dastaxas de não--resposta/não--participação emreavaliações, etc.

Compreender ascaracterísticas daocorrência doevento nosestudoslongitudinais, oudas característicasda variáveldependente, nocaso de variáveiscompostas.

Aspectos davalidação davariáveldependente, oude outrasvariáveis

• Descrição da variáveldependente

Distribuição daocorrência doevento ao longo do estudo,possivelmenteestratificado pelaidade e pelo sexo.

Se uma variávelcomposta,descrição dos seuscomponentes (por exemplo, se o evento é doençacoronáriaisquémica,decomposição do número deenfartes, de anginaestável, derevascularizaçãocoronária, etc.)

as suas diferenças(por exemplo, numestudo caso--controlo, ou numensaio clínico)

Page 96: Investigação - passo a passo

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COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

Testes queindiquem davalidade dadefinição dasvariáveis (porexemplo,sensibilidade,especificidade,comparação entreprimeira e segundamedição, etc.)

Compreender aheterogeneidadeda variação dasvariáveis(dependente eoutras), entre si.

Definição de sub--grupos, ou seja,grupos em que adistribuição devariáveis sejadiferente.

• Teste dehipóteses:distribuiçãoheterogénea das variáveis,testes deassociaçãounivariada

Variação dadistribuição de umavariável de acordocom terceiras (porexemplo,diferenças deproporções oumédias de acordocom a idade, oucom o sexo);correlação entrevariáveis contínuas

Testes deassociaçãounivariada

Compreender asmodificações daassociação entrevariáveis, napresença ouausência deterceiras.

• Teste dehipóteses:Construção de modelos

Modelosestatísticos, análisede variância

Compreender se asobservaçõesante-riores se aplicam

• em subgrupos departicipantes

• Análise de sub--grupos e desensibilidade

Page 97: Investigação - passo a passo

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COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

• em determinadascondições dassuascaracterísticas(por exemplo,definiçõesalternativas davariáveldependente)

• com diferentestécnicaseststísticas detratamento dedados em falta(“missing data”).

Objectivossecundários doestudo, técnicas deprojecção deresultados, etc.

• Análisessecundárias

• Não ter uma perspectiva clara das variáveis relevantes paratestar as hipóteses em consideração, produzindo resultadosque podem ser explicados por outras variáveis não incluídasno estudo e, consequentemente, produzindo conclusõesfrágeis.

É fundamental ter um modelo conceptual de explicação dosfenómenos em estudo. Esta é a base de construção dosinstrumentos de colheita de dados, de exploração da relaçãoentre variáveis, de planeamento da análise de dados e daescrita dos resultados.

• Não demonstrar resultados que suportem as conclusões, oque pode acontecer porque os resultados não sãoapresentados ou são pouco explícitos; ou porque asconclusões não são adequadas aos resultados obtidos.

• Associar interpretações à medida que apresenta osresultados.

Desacordo entre a descrição estatística dos métodos e astécnicas utilizadas na análise dos resultados.

Erros a Evitar

Page 98: Investigação - passo a passo

95

COMO APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM ESTUDO?

1) Branson RD. Anatomy of a research paper. Respir Care. 2004 Oct;49(10):1222-8

1) Kliewer MA. Writing it up: a step-by-step guide to publication for beginning investigators. AJR Am J Roentgenol. 2005 Sep;185(3):591-6.

Bibliografia

� Cumpro as normas de publicação da revista.

� Descrevo na secção de métodos o processo de colheita das variáveis e das análises de dados incluídos nos resultados.

� Todos os meus resultados contribuem para os objectivos do estudo, o teste das hipóteses enunciadas, o juízo sobre a validade interna e externa do estudo e facilitam areplicação e comparação dos resultados deste estudo com outros.

� O texto da secção dos resultados não repete informação contida nas tabelas e nos gráficos. Estes elementos gráficos são claros, bem organizados e legendados, e estão referenciados no texto.

� As conclusões são decorrentes dos resultados, e os resultados são apresentados numa sequência lógica e clara, que evidencia e apoia as conclusões.

Checklist

Page 99: Investigação - passo a passo

Quais os pontos básicosda discussão dos resultados?

Page 100: Investigação - passo a passo

97

14 QUAIS OS PONTOS BÁSICOSDA DISCUSSÃO DOS RESULTADOS?

• A discussão consiste na interpretação dosresultados do estudo

• Deve fazer-se uma crítica honesta e assinalaros erros possíveis

• É importante concluir sobre o significado do que se encontrou e das respectivas implicações teóricas e práticas

IdeiasChave

A secção da discussãodos resultados podeesquematizar-se nosseguintes pontosessenciais:

1. Interpretação dosresultados

2. Discussão da validadeinterna

3. Discussão da validadeexterna

4. Conclusões

Miguel MeloClara Barros Fonseca

Depois da apresentaçãoobjectiva e concisa dosresultados, os autores devemfinalmente reflectir e dissertarsobre o seu significado.

Esta reflexão deve ter emconta os conhecimentosexistentes sobre o tema e oque foi acrescentado com opresente estudo.

Apontar as implicaçõesteóricas e práticas dosresultados, ou seja,analisar se foi atingida afinalidade da investigação.

Interpretaçãodosresultados

A discussão da validadeinterna constitui umaauto-crítica honesta aotrabalho, onde se assinalamas limitações e serecomendam melhorias parainvestigações futuras.

Os erros metodológicos em investigação clínica podemagrupar-se em dois grupos:

• Erros sistemáticos ou viés

• Erros aleatórios

Discussãoda ValidadeInternado Trabalho

Page 101: Investigação - passo a passo

98

Os autores devem referir ecomentar os errosmetodológicos do estudo,pois são eles quem conhecemelhor os problemas queforam surgindo ao longo dafase de recolha e de análisede dados.

QUAIS OS PONTOS BÁSICOS DA DISCUSSÃO DOS RESULTADOS?

Erros que se introduzem nosestudos e que conduzem aresultados não reais– resultados enviezados

Viésou errossistemáticos

Viés de selecção –introduzido no processode selecção dosindivíduos a incluir noestudo

Exemplos: • Utilização de amostras

não aleatórias• Verificar que os

indivíduos nãorespondentes sãodiferentes dosrespondentes

• Viés de posição numaamostra aleatóriasistemática

Viés de informação –introduzido na fase derecolha de informação

Exemplo:• utilização de registos

dos processos clínicos –dados secundários

• utilização dequestionários de auto-preenchimento

• viés de classificação -critérios das variáveispouco precisos

Page 102: Investigação - passo a passo

99

Erro aleatório tipo I – rejeito a hipótese nula mas ela é verdadeira

Encontra-se uma associação estatisticamente significativa entre duas variáveismas na verdade essa associação não existe. O que aconteceu foi um resultadofalso positivo: p≥0,05 mas a associação entre as variáveis não existe.Este erro pode acontecer quando há um excessivo número de tentativas decruzamento de variáveis num mesmo estudo (“fishing-expedition”).

• viés de medição – utilizaçãode instrumentos

de medida inadequados,questionários não-validados,balanças não calibradas

• viés de memória oude ruminação

• viés do entrevistador

Erros Aleatórios – relacionado com o poder da estatística no processo deinferência dos resultados amostrais para a população.

Decisão da estimativaamostral

Hipótese nula falsa Hipótese nula verdadeira

Rejeito a hipótese nula(p< 0,05 ) Correcto Errado

Erro aleatório tipo I

Não rejeito a hipótesenula (p≥ 0,05 )

ErradoErro aleatório tipo II Correcto

Quando concluimos sobre a realidade de uma determinada população com baseem estimativas amostrais podemos estar simplesmente a errar.

Realidade da População

QUAIS OS PONTOS BÁSICOS DA DISCUSSÃO DOS RESULTADOS?

Page 103: Investigação - passo a passo

100

Erro aleatório tipo II – não rejeito a hipótese nula e ela é falsa

Não se encontra uma associação estatisticamente significativa entre duasvariáveis mas na verdade essa associação existe. O que aconteceu foi umresultado falso negativo: p≥0,05 mas a associação entre as variáveis existe.Este erro acontece habitualmente em estudos com amostras de pequenadimensão.

Outro elemento a ter emconta na discussão davalidade interna é a existênciade possíveis factores deconfundimento que podeminterferir com os resultadosencontrados.

Confun-dimento

As variáveis deconfundimento podem serresponsáveis por resultadosfalsos ou distorcidos, peloque têm que ser tidas emconta no desenho de estudo,na análise estatística e nainterpretação dos resultados.

Exemplo:• Estudo do consumo de

álcool como factor de riscode cancro do pulmão.

Se não se tiver em conta oconsumo de tabaco naanálise dos dados iráencontrar-se relação entreconsumo de álcool e cancrodo pulmão, a qual se deveao comportamentoassociado de consumo detabaco e de álcool.

Os autores avaliam até que pontoé possível generalizar osresultados a outras populaçõespara além da população doestudo.

Exemplo:

Extrapolar resultados obtidos numcentro de saúde para os restantescentros de saúde portugueses

Discussãoda ValidadeExterna

Esta discussão deve apoiar-se na comparaçãocom os resultados de outrostrabalhos que utilizarammetodologias semelhantes,tentando sempre explicardiferenças encontradas.

QUAIS OS PONTOS BÁSICOS DA DISCUSSÃO DOS RESULTADOS?

Page 104: Investigação - passo a passo

101

QUAIS OS PONTOS BÁSICOS DA DISCUSSÃO DOS RESULTADOS?

Os autores devem concluirsobre a importância dosresultados obtidos e a utilidadeprática dos mesmos.

Conclusões É sempre pertinente apontarfuturas linhas deinvestigação ou outrashipóteses a estudar sobre omesmo tema.

• Qual o principal resultado do trabalho?

• Acrescentou-se algo aos conhecimentos sobre o tema?

• Qual o seu significado, importância e utilidade?

• O que se encontrou estará correcto e verdadeiro oupoderá dever-se a erros sistemáticos, erros aleatórios oua efeito de confundimento?

• Será possível generalizar os resultados a outras pessoaspara além da população estudada?

• Aponte novas pistas de investigação, se oportuno.

AspectosPráticos

Repetir os resultados sem os interpretar Converter a discussão numa revisão do temaNão relacionar os resultados com as hipóteses e objectivos dotrabalhoNão discutir a validade interna / externa do trabalhoFazer extrapolações e generalizações injustificadasNão referir a utilidade e a importância dos resultados dotrabalhoNão apontar futuras linhas de investigação

Errosa evitar

Page 105: Investigação - passo a passo

Qual a forma mais relevante de divulgaçãodos resultados de investigação?

Page 106: Investigação - passo a passo

103

15 QUAL A FORMA MAIS RELEVANTE DE DIVULGAÇÃODOS RESULTADOS DE INVESTIGAÇÃO?

� A comunicação/divulgação dosresultados constitui a parte final de qualquer projecto de investigação

� Os diferentes formatos de apresentação dependem da forma como se pretende divulgar oprojecto de investigação

� No decurso do processode investigação é possíveltermos necessidade de elaborar várias formas escritas de comunicação

Apenas serão focados osartigos de investigação– escrita e apresentação oral.

IdeiasChave

– Fracção essencial dainvestigação

– Apresentação escrita ouoral

Exemplos :cartas ao editar; relatos de

casos; artigos derevisão; teses ou mini-teses ou artigos deinvestigação

Carlos Canhota

Quem vai ser a audiência e qual a mensagem que se quertransmitir?

1 – O estilo e a clareza da escrita vão-nos orientar na elaboração do relatório/artigo.

Apesar de haver normas gerais, publicadas pelas própriasrevistas, para a elaboração e submissão de artigos parapublicação, as suas orientações não incidem no campo doestilo da escrita.

2 – Uma escrita relevante, depende não só da importância

Princípios

Page 107: Investigação - passo a passo

104

QUAL A FORMA MAIS RELEVANTE DE DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DE INVESTIGAÇÃO?

Neste capítulo pretende-se:Objectivos

dos resultados encontrados e da qualidade do conteúdoa transmitir, mas também e em grande medida, daqualidade linguística empregue.

Não sendo necessário uma prosa literária refinada, é essencialque ela seja:

� Inteligível, clara, não ambígua e com algumacapacidade de manter o leitor/receptor interessado.

Depende em grande medida do estilo utilizado na escrita.

3 – O estilo da escrita desenvolve-se à medida que nosconcentramos na sua elaboração e por isso, quantomais a praticarmos, mais apurada (não é sinónimo demais complicada) se torna o texto.

� Reconhecer a necessidade de comunicarmos deuma forma clara, concisa e gramaticalmente correcta;

� Destacar alguns passos que devem ser considerados no processo de elaboração de relatório de um projecto de investigação;

� Identificar alguns elementos essenciais naapresentação oral dos trabalhos;

� Escolher a palavra mais correcta;

� Preferir o simples ao pomposo;

� Ser mais directo e menos “redondo”;

� Utilizar de preferência palavras e frases curtas;

� Ser mais objectivo e menos “romanceado”;

� Utilizar voz activa em vez de passiva;

� Utilizar substantivos e verbos e economizar em advérbioe adjectivos;

� Rejeitar particípios flutuantes;

� Colocar sempre que possível, o sujeito perto do verbo;

� Ser mais informativo que descritivo;

Elementosa considerar

Estiloda Escrita

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105

QUAL A FORMA MAIS RELEVANTE DE DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DE INVESTIGAÇÃO?

Recomenda-se portanto que se leia (e releia várias vezes)atentamente a estrutura da prosa utilizada.

Uma escrita de qualidade depende do uso adequado emesmo primoroso da língua veículo que se decidiu usar para adivulgação do trabalho elaborado.

Verificar ainda no aspecto gramatical e na linguagem se:

� Todos os verbos têm um sujeito;

� Os verbos estão no tempo correcto;

� Os verbos estão no activo mais do que no passivo;

� Linguagem concreta em vez de abstracta;

� Familiar em vez de complexa;

Um artigo destinado a publicação numa revista deve ter osseguintes capítulos:

• Título – deve ser informativo, breve, específico, conciso econtendo as palavras-chave por exemplo, as usadas noIndex Medicus;

• Introdução – deve introduzir e evidenciar o problema, algumaliteratura de suporte e apontar as razões que o levaram arealizar o estudo; deve estimular o apetite do leitor levando-oa continuar a leitura do artigo;

• Método – deve descrever a população estudada, o desenhodo estudo, o método de avaliação e análise estatísticautilizada, dando ao leitor a possibilidade de estimar avalidade do estudo;

• Resultado – deve apresentar o que encontrou nainvestigação como factos sem interpretar ou opinar sobreeles. As opiniões e comentários estão reservados para ocapítulo das discussões;

� as ilustrações que muitas vezes servem de suporte aos resultados, devem ser, por si, suficientemente

Estruturade umartigo

Page 109: Investigação - passo a passo

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QUAL A FORMA MAIS RELEVANTE DE DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DE INVESTIGAÇÃO?

entendíveis para não ser preciso referência detalhadano texto. Deve-se evitar duplicação desnecessária.

� Deve evitar quadros complexos e densos e nos gráficoster o cuidado na escolha dos intervalos em qualquer um doseixos, X e Y; todos os quadros e gráficos devem sernumerados e legendados

• Discussão e conclusões – deve-se sumarizar osfactos/acontecimentos encontrados e descrever o significadoe a sua importância dos dados encontrados, relacionando-oscom outros estudos.

� Relatar as limitações do estudo

� Comparar com outros estudos

� Generalizar se possível

� Reservar o parágrafo final para as conclusões;

• Referências – aplicar as normas internacionais para asreferências

• Agradecimento – pode manifestar o reconhecimento a todosos que de alguma forma auxiliaram no trabalho, incluindo osapoios financeiros;

Normalmente a apresentação é feita em 10 minutos, comoas que nos são estipuladas nos congressos médicos.

Deve ser capaz de conseguir, neste curto espaço de tempo,transmitir a mensagem desejada através de um conteúdoadequado e de uma apresentação capaz de manter a atençãoda audiência.

Apresentaçãooral

� A organização da apresentação deve seguir umasequência lógica.

� Falar com fluência em público é um dom atribuídoa poucos mas toda a gente tem capacidade de melhorara performance exercitando (apresentar a alguém ou emprivacidade, em frente a um espelho).

Elementosessenciais

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107

QUAL A FORMA MAIS RELEVANTE DE DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DE INVESTIGAÇÃO?

� A utilização de apoios/técnicas facilitam a apresentaçãomas temos que ter sempre o cuidado de não inundar aaudiência com excesso de dados nem de a confundir.

SLIDES

• Os slides devem ser com um tamanho de letra legível;• Não apresentar mais que 8 linhas num slide; • Não ter muito mais que 10 slides para os 10 minutos;

A apresentação deve então ser organizada de modo a estarenquadrada em três fases distintas e na seguinte sequência:

Início – Introdução ao tema, o porquê e como foi realizado (expor estritamente o necessário paraa compreensão do problema/objecto, os objectivose a metodologia aplicada no estudo);

Meio – resultados (se necessário escolher apenas os que são relevantes para o trabalho);

Final – conclusão e deixar espaço para esclarecimentode alguma dúvida e discussão

Para terminar salientamos a necessidade imperiosa dacomunicação dos resultados de qualquer trabalho deinvestigação.

A não divulgação dos resultados e conclusões de umtrabalho de investigação torna-o incompleto e sinónimode não cumprimento cabal do processo iniciado.

Síntese

Page 111: Investigação - passo a passo

Que questões éticas salvaguardar?

Page 112: Investigação - passo a passo

109

16 QUE QUESTÕES ÉTICASSALVAGUARDAR?

IdeiasChave

• Respeito pela autonomia individual e necessidade deobtenção de consentimento livre, esclarecido e informado;

• Protecção da pessoa incompetente;

• Maximização dos benefícios em relação aos riscos dainvestigação;

• Direito à privacidade individual;

• Avaliação por uma Comissão de Ética.

José Augusto Simões

Princípios A investigação em seres humanos tem sido regulamen-tada ao longo das últimas décadas, em consequência deexperiências e observações efectuadas no passado semqualquer tipo de controlo social.

A Declaração de Helsínquia e o Relatório Belmont sãoa expressão visível da preocupação social em preservarintegralmente os direitos humanos na investigaçãobiomédica e comportamental.

Estão definidas as grandes linhas doutrinárias sobreos aspectos éticos da investigação em seres humanos,nomeadamente a necessidade de obtenção de consentimentolivre, informado e esclarecido.

A sociedade confere a todo o cidadão outro tipo de direitos,como a liberdade de pensamento, de expressão e, também,o direito ao respeito pela liberdade de investigação.

A investigação biomédica e comportamental envolvendo sereshumanos deve reger-se por princípios básicos que visamproteger a integridade física e psicológica dos sujeitos dainvestigação. Estes princípios fundamentados na doutrina dosDireitos Humanos Fundamentais, originam linhas orientadorasaceites pela comunidade científica internacional [1].

Page 113: Investigação - passo a passo

110

QUE QUESTÕES ÉTICAS SALVAGUARDAR?

Assim, esses princípios podem ser sintetizados daseguinte forma:

a) Respeito pela autonomia individual e necessidade deobtenção de consentimento livre, esclarecido e informado;

b) Protecção da pessoa incompetente;

c) Maximização dos benefícios em relação aos riscosda investigação;

d) Necessidade de experimentação animal prévia,se aplicável;

e) Critérios específicos para a investigação se esta envolvercrianças e mulheres grávidas;

f) Direito à privacidade individual;

g) Avaliação prévia por uma Comissão de Ética.

Consenti-mentolivreInformadoEsclarecido(2)

Este consentimento, para ser válido, pressupõe:

• a informação do sujeito quanto ao conteúdo do protocoloexperimental

• a compreensão do mesmo e o esclarecimento de dúvidas

• a voluntariedade em participar no referido estudo

• competência para decidir em plena consciência(ANEXO 1)

CRIANÇAS (sujeitos não dotados destas capacidades):

– Adoptando o conceito de autonomia familiar, os pais, desdehá muito, são chamados a decidir segundo o melhorinteresse da criança, quer se trate de tratamentos clínicos,quer da entrada num protocolo experimental.

A este respeito parece não existir qualquer diferença entre umrecém-nascido, uma criança ou outra pessoa incompetente.Desde que os pais (ou os legítimos representantes) dêemefectivamente o seu consentimento, a investigação podeprosseguir, desde que seja no melhor interesse do sujeito.

• Doutrina baseada no melhor interesse da pessoa é deimportância fundamental e deve ser clarificada.

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111

QUE QUESTÕES ÉTICAS SALVAGUARDAR?

AspectosPráticose Discussão

• O consentimento poderá ser questionado quandoos legítimos representantes do sujeito parecem nãodefender o seu melhor interesse.

Este conceito mergulha as suas raízes no julgamento que ospais (ou os legítimos representantes) fazem à luz daquilo quea criança decidiria se para tal tivesse oportunidade (julgamentosubstitutivo).

• Discutível é, igualmente, o consentimento por parte deadolescentes, uma vez que se aceita como válida a tese deque a partir dos catorze anos de idade o adolescente devedar o seu assentimento desde que tenha alguma capacidadede discernimento.

No entanto, compete à equipa de investigação aferir o grau dediscernimento e decidir em consequência [3].Não obstante este assentimento, também os legítimosrepresentantes devem ser chamados a decidir.

• Tanto a Associação Médica Mundial como o Conselho daEuropa [4] prevêem a plausibilidade da investigação emseres humanos incompetentes, desde que os represen-tantes legais substituam efectivamente a vontade e ojulgamento da pessoa incompetente.

Esta distinção parece serda maior importância,dado que, tratando-sede experimentação cujoobjectivo é, ainda queparcialmente, a obtençãode algum benefício parao sujeito, o riscoadmissível poderá sermais elevado.

Recentemente, a terminologiatem sido discretamente alterada,falando-se em investigaçãoclínica – se uma ou mais dassuas componentes tem comoobjectivo o diagnóstico,profilaxia ou tratamento do su-jeito – e em investigaçãonão clínica – se o objectivoda experimentação é o deoriginar conhecimentoscientíficos generalizáveis.

Investi-gaçãoTerapêutcae nãoTerapêutica(conceitoclássico)

Page 115: Investigação - passo a passo

112

QUE QUESTÕES ÉTICAS SALVAGUARDAR?

É fundamental, por estemotivo, determinar o limiara partir do qual se podeconsiderar que uma inves-tigação comporta apenasum risco insignificante –risco mínimo – para seraceite pela maioria doscidadãos.

• O risco mínimo dizrespeito “à probabili-dade e magnitude dedano ou desconfortoque não seja superior aode uma avaliação físicaou psicológica de rotina”[5].

O cálculo deste riscoé particularmente importanteno caso de investigação emcrianças e quando se tratarde investigação não clínica.

Compreende-se que aprobabilidade de riscode complicações deva sermenor nestas circunstânciasdo que, a título de exemplo,num protocolo de tratamentode uma doença oncológica.

Síntese Caso se verifique o pressuposto da obtenção doconsentimento livre, esclarecido e informado por partedo sujeito, tem de:

a) Existir real necessidade do estudo em causa

b) Existir um nítido predomínio dos benefícios em relaçãoaos riscos

c) Ser garantida a privacidade individual na investigação

d) Um estudo experimental pode realizar-se desde quepreviamente seja feita uma avaliação sistemática por umaComissão de Ética.

e) A metodologia da investigação ser avaliada e questõescomo o papel do tratamento estatístico dos dados científicosterão que ser analisados [6]

Porém, a existência de avaliação e regulamentação nãodeverá nunca ser restritiva a ponto de limitar o legítimo direitoà inovação científica e intelectual.

Avaliaçãodo riscodainvestigação

Page 116: Investigação - passo a passo

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QUE QUESTÕES ÉTICAS SALVAGUARDAR?

• O projecto de investigação deve prever a metodologia deobtenção do consentimento informado e de garantia daprivacidade individual.

• Deve ser avaliada a complexidade de obtenção dos dadose a possibilidade de o instrumento utilizado causar umdesconforto que não seja superior ao de uma avaliaçãofísica ou psicológica de rotina e previstas as necessáriasmedidas de minimização desse risco.

AspectosPráticos

� Elaborar um instrumento escrito de informação aos sujeitosda investigação com linguagem técnica e de difícilcompreensão.

� Usar instrumentos de recolha de dados complexos eutilização simultânea de múltiplas escalas, o que se tornacansativo a responder.

Erros a Evitar

� Está prevista a obtenção de consentimento livre, esclarecidoe informado;

� É feita a protecção de pessoas incompetentes;� Existem benefícios com a investigação que maximizem em

relação aos possíveis riscos;� O direito à privacidade individual está garantido;� Foi pedida a avaliação do protocolo a uma Comissão de

Ética.

Checklist

1. Ethics Working Party. European Forum for Good ClinicalPractice. Guidelines and Recommendations for EuropeanEthics Committees. European Forum for Good ClinicalPractice. Brussels, 1997.

2. The National Commission for the protection of HumanSubjects of Biomedical and Behavioural Research.The Belmont Report. Ethical principles and guidelinesfor the protection of human subjects of research.Washington DC. Government Printing Office, 1978.(DHEW publication nº (OS) 78-0012).

Bibliografia

Page 117: Investigação - passo a passo

114

QUE QUESTÕES ÉTICAS SALVAGUARDAR?

3. World Medical Association. Declaration of Lisbon on theRights of the Patient. Adopted by the 34th World MedicalAssembly, Lisbon, Portugal, September/October 1981,and amended by the 47th General Assembly, Bali,Indonesia, September 1995.

4. Convention for the Protection of Human Rights and Dignityof the Human being with regard to the Applicationof Biology and Medicine: Convention on Human Rightsand Biomedicine, Council of Europe, Directorate of LegalAffairs, Strasbourg, November, 1996.

5. Papadatos CJ. Guidelines for medical research in children.Infection 1989; 17:65-71.

6. Hutton J. The ethics of randomised controlled trials:a matter of statistical belief? Health Care Analysis 1996;4:95-102.

Page 118: Investigação - passo a passo

Como publicar o estudo de investigação?

Page 119: Investigação - passo a passo

115

17 COMO PUBLICAR O ESTUDODE INVESTIGAÇÃO?

IdeiasChave

– Os passos principais para produzir um trabalho publicávelimplicam utilizar as regras da boa investigação:

Um BOA PERGUNTA, um BOM MÉTODO e um BOMESTUDO DOS DADOS;

– É essencial o TRABALHO EM EQUIPA com pessoascapazes de fazer uma boa análise, escrever e editaro texto;

– Dar especial atenção às REGRAS DE PUBLICAÇÃOda revista em que desejamos publicar, bem como aoscomentários dos editores e revisores.

John YapheMaria José Ribas

Reflexão � Queremos o nosso estudo publicado.

Temos uma boa ideia, fizemos uma boa pergunta,desenhamos um bom estudo, obtivemos dados, analisámose tirámos as nossas conclusões.Depois sumarizamos as nossas ideias clara e brevemente emalgumas páginas. Se tudo isto está feito, então serão necessários poucos ajustespara publicar o trabalho numa boa revista.

Então, porque é tão difícil conseguir?

• Porque em geral falhamos no cumprimento de todos ospassos adequados à realização de uma boa investigação.

• Pode ser útil explorar estes passos em outros capítulos.

• Também é útil estar atentos ao processo de submissãoe aceitação de textos a determinada revista e ver comoa atenção aos detalhes pode agilizar a publicação comsucesso.

Page 120: Investigação - passo a passo

116

COMO PUBLICAR O ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO?

Ter uma boa ideia

Qualquer texto publicávelcomeça com uma boaideia que merece serinvestigada.

Para publicar um estudo énecessário colocar aquestão certa e escolher ométodo correcto, mas háoutros passos a ter emconta.

O esquema FINER de Hulley e Cummings é útil para testar aqualidade das nossas perguntasde investigação. As iniciaissignificam Feasible, Interesting,New, Ethical e Relevant.

Se uma pergunta de investiga-ção cumpre todos estescritérios, então provavelmentevale a pena fazer o estudo.

Escolher osParceirosCertos

Poucos estudos são publi-cados por um único autor.

Apesar das revisões eartigos de opinião pode-rem ter apenas um autor,a maioria dos estudossão feitos e publicadospor equipas deinvestigadores.

Vantagens:

� Cada pessoa tem característi-cas de personalidade únicasque são valiosas para oconjunto.

� Uma boa equipa combinauma pessoa com ideias, umbom revisor da literatura, umcolector de dados cuidadoso,um analista incisivo, umescritor claro e um líder quemantém todos informados,motivados e activos.

É raro encontrar todas estascaracterísticas numa só pessoa.

� Um tipo especial de colabora-dor é o finalizador, capaz de juntar tudo e concretizaro envio do manuscrito.

Estas pessoas são raras, se considerarmos a quantidadede trabalhos que ficam na gaveta ou no disco do computador.

Page 121: Investigação - passo a passo

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COMO PUBLICAR O ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO?

A escrita científica está pensada para ser lida e para veicularinformação útil a outras pessoas. Quando escrevemos, devemos definir quem são os nossosleitores.

Escolher a audiênciacerta

� Há uma enorme quantidade de revistas para escolher e é difícil fazê-lo.

São muitos os factores que influenciam a nossa escolha.

• Atingir a audiência correcta é prioritário.

• No entanto, os autores são frequentemente motivados pelapressão para publicar em revistas indexadas de alto impacto,para que o seu trabalho tenha um papel decisivo nas suasoportunidades de promoção.

• As possibilidades de publicação de trabalhos de MedicinaFamiliar em revistas generalistas de leitura alargada sãobaixas.

• Há um viés em revistas de língua inglesa contra escritoresde língua não inglesa e também pode haver vieses contraartigos vindos de fora do país da publicação.

Escolher a revistacerta

EscreverBem

Há muitas referênciasdisponíveis para ajudaros autores a estruturarum artigo científico.

O formato mais comum é oIMRAD (introdução, métodos,resultados, análise e discussão).

FormatoIMRAD

A introdução deve sercurta e responder a trêsquestões:

• o que se sabe sobreo tema

• o que não se sabe

• o que é que o artigo trazde novo

A secção de resultadostambém deve ser breve.

Como a maioria dosresultados numéricossão apresentadosem tabelas, não hánecessidadede repeti-los no texto.

A discussão permite aosautores maior liberdade.

Page 122: Investigação - passo a passo

118

COMO PUBLICAR O ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO?

A secção dos métodosé considerada como sendoa mais importante.

É em geral lida em primeirolugar pelos leitoresexperientes que desejamsaber se o estudo se aplicaà sua prática.

O método deverá serdescrito detalhadamentepara permitir ao leitorreplicar o estudo.

Os autores podem reformularos resultados principaisdo estudo e discutir a sua importância ou aplicabilidade.

Podem comparar os resultadoscom estudos previamentepublicados, indicar assimilaridades e explicaras diferenças.

Finalmente podem sugerir ospróximos passos para investiga-ções futuras sobre o tema.

• Muitas pessoas nos podem ajudar na investigação, escritae submissão dos nossos trabalhos.

• É importante distinguir entre autoria e contribuição.

• Aqueles que contribuem significativamente devem sermencionados nos agradecimentos. Ajuda estatística,assistência editorial e ajuda técnica na preparaçãodo manuscrito também devem ser alvo de agradecimento.

As regras para isto estão claramente definidas na maioria dasrevistas. Também será útil ler as Regras de Vancouver.

Obter bonsconselhose apoio

� A submissão de artigosfoi muito simplificadacom a via electrónica.

� Mas a atenção aosdetalhes sobre as dife-rentes secções do textonão desapareceu comos velhos selos docorreio.

Devemos ser cuidadosos com:

• o tamanho do artigo

• o número de palavras

• a estruturação do resumo

• o estilo utilizado nasreferências bibliográficas

Enviar omanuscrito

Uma boa carta ajudaa “vender” o artigoao editor

Deve conter :– o título do artigo– o seu tema

Escreveruma boacarta deenvio

Page 123: Investigação - passo a passo

119

COMO PUBLICAR O ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO?

Todos os autores devemver e aprovar o textofinal.

Pode ser necessárioautorizar a transferênciade direitos de publicaçãopara a revista.

– porque achamos interessante publicá-lo na revistaem questão

Se já foram publicados artigossobre o mesmo tema, vale apena mencioná-lo.

A carta deve também assegurarque se trata de um trabalhooriginal nunca publicado eque não foi submetido parapublicação noutra revista.

É raro um artigo ser aceite para publicação sem sugestõesde correcção dos revisores.

Uma longa lista de sugestões de correcção é, na verdade,uma bênção, e sugere que o artigo será aceite.

Aconselha-se os autores considerar seriamente todas assugestões e fazer referência às mudanças na carta de reenvio.

Responderaoscomentáriosdosrevisores

As revisões sugeridas podem ser importantes ou mínimas

As correcções mínimas incluem em geral ortografia,gramática e estilo (incluindo o das referências) e são fáceisde corrigir.

As revisões major incluem erros nos cálculos ouinterpretação dos resultados ou especulações inaceitáveisna sua discussão.

– Às vezes, os revisores pedirão que o seu próprio trabalhoseja citado e isso pode aumentar as hipótesesde publicação, porque os revisores podem serespecialistas no tema.

É importante finalizar as revisões e reenviar rapidamenteo artigo aos editores, dado que estudos muito antigos podemser recusados.

Rever e Submeter

Page 124: Investigação - passo a passo

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COMO PUBLICAR O ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO?

• A publicação de um artigo científico é um processo longo,que frequentemente requer dois ou mais anos desdeo momento da concepção da ideia até que apareçapublicado em papel.

• Mas é um processo recompensador e necessário parao desenvolvimento académico de qualquer disciplinae requisito para o avanço do conhecimento.

A atenção cuidada aos detalhes da publicação pode ajudar boas ideias,

bem executadas, a ter um lugar na literatura científica.

Conclusões

� Não escrever um primeiro rascunho sobre os resultadosda investigação;

� Fazer tudo sozinho, sem delegar tarefas em pessoascompetentes;

� Escolher a revista errada, geralmente por excessode ambição;

� Escrever demasiado;

� Não responder adequadamente aos comentáriosdos revisores;

� Tardar demasiado a reenviar o texto reformulado.

Erros a Evitar

• Explicar a pergunta de investigação correctamente;

• Descrever rigorosamente o método e a sua aplicação;

• Fazer a análise de dados adequada e tirar as conclusõescorrectas;

• Escolher a revista certa;

• Escrever de forma concisa e de acordo com as regrasda revista;

• Editar, reler e reeditar;

• Confirmar as referências cuidadosamente;

Checklist

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COMO PUBLICAR O ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO?

• Escrever uma boa carta justificando a utilidadeda publicação;

• Dar atenção e responder a todos os comentáriosdos revisores;

• Rever e reenviar;

• Não desesperar!

1. Jewell D and Jones R. Chapter 14.7 Publishing PrimaryCare Research in Oxford Textbook of Primary Medical Care.Roger Jones; Nicky Britten; Larry Culpepper; David A. Gass;Richard Grol; David Mant; Chris Silagy. Editors. OxfordUniversity Press 2003, pages 530-536.

2. Perneger TV, Hudelson PM. Writing a research article: ad-vice to beginners. Int J Qual Health Care. 2004; 16: 191-2.

3. McIntyre E, Eckermann SL, Keane M, Magarey A, Roeger L.Publishing in peer review journals-criteria for success. AustFam Physician. 2007; 36: 561-2.

Bibliografia

Page 126: Investigação - passo a passo

Como elaborar o orçamentopara a Investigação?

Page 127: Investigação - passo a passo

123

18 COMO ELABORAR O ORÇAMENTOPARA A INVESTIGAÇÃO?

IdeiasChave

• Nenhum investigador quer ter problemasde financiamento a meio de um estudo: um bomorçamento dá algum trabalho a elaborar e a ser pensado,e reflecte/é reflexo de muitas decisões.

O seu protocolo de investigação é o mapa, mas quem queriniciar uma viagem de barco em alto-mar sem pensar bemnos mantimentos?

• Um estudo piloto é determinante para validar umorçamento.

• Um bom estudo de investigação não precisa de ser caro,mas também não precisa de poupar onde não deve:preveja tudo o que precisa para levar o seu estudo a bomporto, incluindo coordenadores, consultores, estatísticos,informáticos, entrevistadores, despesascom a divulgação, etc.

• Depois dos gastos com a recolha de dadose com a amostragem, geralmente é o tempo (demora)que mais encarece os estudos. Invista na eficiência,através do pagamento ao acto ou à tarefa, a contrataçãode serviços, assegurando a coordenaçãogeral do estudo.

Princípio I Iniciar um estudo com o orçamento abaixo do real é comopartir para a guerra sem as tropas adequadas: brevemente,os problemas apenas se irão acumular e o insucessoaproximar-se-á a passos largos.

Um bom orçamento é indispensável para a saúde do estudoe, juntamente com uma gestão eficiente, são factores críticospara o sucesso da investigação.

Paulo Jorge Nicola

Page 128: Investigação - passo a passo

124

No entanto, um bom orçamento não é um orçamentoinflacionado: é um orçamento realista. Não só é difícil encontrarfinanciamento para a investigação, pois a investigaçãogeralmente não é considerada uma prioridade, como umorçamento inflacionado põe em causa a credibilidade da equipa.

A elaboração do orçamento decorre de :

• definição dos métodos (desenho do estudo, processose instrumentos de colheita de dados, tratamentoe armazenamento de dados, etc.);

• do cálculo do tamanho amostral;

• da descrição dos procedimentos de campo.

Deste modo, a sua qualidade depende, em primeiro lugar,da qualidade e do cuidado na elaboração destes.

AspectoPrático I

A elaboração de um orçamento divide-se em vários passos:

(1) listagem de todas as despesas possíveis;

(2) cálculo das unidades de custo de cada despesa (por exemplo,custo por entrevista realizada);

(3) cálculo da frequência de cada despesa.

Uma decisão importante é a forma como se escolhem asunidades de custo.

Por exemplo, considere que pretende contratar entrevistadorespara realizar entrevistas num Centro de Saúde. Pode proporo pagamento à hora ou por entrevista completa.

• Deve ser cuidadoso no que refere à descrição do que cadaitem realmente inclui.

Por exemplo, no caso de o pagamento a um entrevistador porentrevista completa, nesse pagamento estão incluídas asdespesas de deslocação, de codificação e de introdução dosdados da entrevista na base de dados?

• Um processo que facilita a elaboração do orçamento é apartir de uma folha de cálculo do Excel, onde se organizamos diferentes capítulos, divididas em diferentes itens dedespesas (ver exemplo na página seguinte).

COMO ELABORAR O ORÇAMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO?

Page 129: Investigação - passo a passo

125

COMO ELABORAR O ORÇAMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO?

Exemplo Exemplo fictício de um orçamento para um estudo transversal sobrecaracterização do controlo da hipertensão arterial numa amostrade 2000 hipertensos medicados em Centros de Saúde de uma região,por consulta do processo clínico. Não se assumem despesasde remuneração da equipa de investigação.

Capítulo

Autorizações

Estudo Piloto

Contacto com osCentros de Saúde

Entrevistas –logística

Entrevistas –deslocações

Análise de dados

Publicação edivulgação deresultados

Comissõesinstitucionais (15%)

Despesas nãoprevistas (15%)

Total

Financiamentosolicitado

Valor

250

1000

1000

800

3500

500

1400

1650

1650

10850

1100

Recursosmateriaise logística

Custo da submissãoDeslocações

Material Escritório,telefone,deslocações

Deslocações,despesas postais,telefone

Questionários

Despesas dedeslocação

Despesas dedeslocação e estadia,registo no congresso

Descrição

Submissão à Administração Regional de Saúde, àComissão de Ética e à Comissão Nacional deProtecção de Dados. Reuniões com os Directoresdos Centros de Saúde.

Validação da metodologia do estudo, teste doprocesso de colheita de dados, construção dabase de dados e do manual de procedimentos.

Apresentação do estudo nos Centros de Saúde,contactos por carta e telefone, reuniões.

Cópia dos questionários

Treino e despesas de deslocação para a recolhade dados.

Consultadoria e supervisão da análise de dados

Participação e apresentação em encontrosnacionais.Publicação e distribuição de um relatório.Submissão a revistas nacionais e internacionais.

Para um orçamento mais avançadoe justificado, consulte o anexo 2.

Page 130: Investigação - passo a passo

126

COMO ELABORAR O ORÇAMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO?

Princípio II É fundamental listar todas as despesas previstas como estudo.Assim, o orçamento deve começar a ser detalhado logo queexistem primeiras versões dos métodos, processode amostragem e um delineamento dos procedimentos parao trabalho de campo.

Aliás, é frequente o orçamento influenciar as decisões relativasao processo de amostragem e de trabalho de campo, devendoestes aspectos ser elaborados em paralelo.

AspectoPrático II

O orçamento deve-se dividir em diversos tipos de despesas,o que pode ser feito de diversas formas. Por exemplo:

RECURSOS HUMANOS:

• inclui todas as despesas correntes com pessoal contratado,cujo custo é fixo e regular (por exemplo, remuneraçõesmensais). Estas remunerações podem ser umapercentagem da remuneração base, se a participação noprojecto não é a tempo inteiro. Tenha atenção que os custosnesta área são muito dependentes da duração do projecto:acrescente30-50% à duração mais optimista do projecto. Inclua nestaárea a remuneração ao investigador principal,coordenadores do trabalho de campo, secretariado.

TRABALHO DE CAMPO:

• Geralmente, o curso com o trabalho de campo é dependentedo tamanho amostral. Não se esqueça que o número departicipantes a orçamentar deve incluir umapercentagem de perdas (recusas, impossibilidades decontacto, entrevistas incompletas, perdas deseguimento, etc.).

• A forma como o tamanho amostral se reflecte no custodo trabalho de campo dependerá bastante do processode amostragem.

Por exemplo :

1.Considere que pretende entrevistar pessoas que vão a umCentro de Saúde – poderá assumir uma média deentrevistas/ hora e planear um pagamento à hora aoentrevistador.

Page 131: Investigação - passo a passo

127

COMO ELABORAR O ORÇAMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO?

2.Considere que pretende entrevistas no domicílio ou emCentros de Saúde, de várias regiões, a partir de umasamostras bem definidas: terá que entrar em linha de contacom as despesas de deslocação por região.

• Em grandes estudos, poderá haver necessidade decoordenadores locais.

• Em estudos prolongados, poderão ser importantes prémiosde produtividade, que mantenha a motivação e promovama permanência dos entrevistadores.

• Neste item deverão estar incluídos outros aspectos quedependam do tamanho amostral, como custos com examescomplementares, logística associada à entrevista (fotocópias,telefonemas, correspondência com o participante, …), ajudasde custo ao participante (por exemplo, para se deslocar aolocal da entrevista), custos com as diversas instituiçõesenvolvidas no trabalho de campo, etc., existirem custosdirectos ou indirectos suportados pelas instituições (porexemplo, exames complementares, consultas ondeé realizada a recolha de dados, logística e secretariado, etc.),estes devem ser indicados no orçamento, comoreconhecimento do custo real do estudo, mas nãocontabilizados como valor a deduzir ao financiamentodo estudo.

• Se existirem custos directos ou indirectos suportados pelasinstituições (por exemplo, exames complementares,consultas onde é realizada a recolha de dados, logísticae secretariado, etc.), estes devem ser indicadosno orçamento, como reconhecimento do custo real do estudo,mas não contabilizados como valor a deduzirao financiamento do estudo.

CUSTOS DE INICIAÇÃO:

• Refere-se às despesas necessárias para “montar” o projecto,e que apenas têm lugar uma única vez.

Por exemplo:

� Despesas com o pedido de autorização à ComissãoNacional de Protecção de dados;

� Despesas com o material de divulgação do estudo (porexemplo, cartazes, panfletos, página Web do projecto,etc.);

Page 132: Investigação - passo a passo

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COMO ELABORAR O ORÇAMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO?

� Custos associados ao processo de obtenção da amostra;

� Construção de uma base de dados;

� Anúncio, selecção e formação dos entrevistadorese elaboração de um manual de procedimentos;

� Contactos para autorização (reuniões com os responsá-veis institucionais), prospecção de locais para realizaçãodo estudo e outros custos na implementação local deste;

� Custo com o estudo piloto. Este pode ser estimado comoum custo proporcional ao custo total orçamentado porparticipante. Por exemplo, se o estudo piloto é realizadocom 5% da amostra total, então o seu custo estimadopode ser 5% do orçamento global.

� Todos os custos com equipamento e material bibliográfico

CONSULTADORIA:

� À medida que a responsabilidade e a necessidadede garantir projectos de investigação de qualidade,executados de forma diligente e com segurança aumenta,cresce também a necessidade e a importânciade profissionalizar a investigação, e de o investigadorse fazer rodear de peritos.

Assim, para projectos de grande responsabilidade, é cada vezmais frequente o pagamento de honorários a consultores, quesão peritos (nacionais ou internacionais) que se comprometema apoiar o projecto, podendo pertencer à lista de autores.

• Os consultores podem assegurar uma revisão e discussãodo projecto na sua área científica; a supervisão e revisãoda análise estatística, do desenho epidemiológico ou daaplicação/interpretação de questionários especializados(por exemplo, baterias de testes psicológicos); a validaçãoindependente de diagnósticos especializados (por exemplo,um estudo sobre fibromialgia), etc. Alguns projectos optampor constituir uma Comissão de Acompanhamento comos consultores e investigadores, ou criando uma estruturacuja função é supervisionar e garantir a qualidadee o cumprimento dos objectivos do estudo. Para alémde honorários, os custos com os consultores devem incluirdespesas de deslocação, estadia, e de organizaçãode reuniões.

Page 133: Investigação - passo a passo

129

COMO ELABORAR O ORÇAMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO?

ANÁLISE DE DADOS E DIVULGAÇÃO DE RESULTADOS:• Gastos com a elaboração de um relatório, como

a contratação de um estatístico para a análise de dados,edição e impressão do relatório, construção de posters,inscrição e participação em congressos nacionaise internacionais (incluindo deslocação e estadia).

• Algumas revistas exigem pagamento de comissões paraa publicação de artigos.

• Para alguns estudos, pode-se justificar a organização deuma divulgação dos seus resultados e conclusões, atravésde uma página da Web, uma nota de imprensa ou mesmouma conferência.

OVERHEADS INSTITUCIONAIS E DESPESAS LOGÍSTICAS/ADMINISTRATIVAS: • OS overheads, ou comissões institucionais, significam uma

percentagem (geralmente fixa, por tipo de estudo, ou porfonte de financiamento) destinados às instituiçõesparticipantes, e é cada vez mais comum, sobretudo dasinstituições dedicadas à investigação (institutos, faculdades,departamentos médicos).

Geralmente variam entre 6 a 20% do financiamento global doestudo, e devem reflectir o suporte institucional para a realizaçãodo estudo.

Dependendo da instituição, isso pode significar o apoio à gestãodo financiamento (contabilidade, acesso a centros de custos,apoio à contratação com entidades, de pessoas e de serviços),acesso e manutenção de espaços físicos (salas de trabalho,salas de observação), apoio informático (computadores,software), consumíveis (fotocópias, toner, material de escritório),telefones e correspondência, apoio bibliográfico, e outrosserviços comuns de apoio à investigação.

DESPESAS NÃO PREVISTAS: • Nenhum estudo corre 100% bem, e há sempre

acontecimentos imprevistos (muito variáveis) que fazematrasar o estudo e aumentar os custos.

Exemplos :� um erro na base de dados que exige a reintrodução

de dados,� um entrevistador que perde os seus formulários,

Page 134: Investigação - passo a passo

130

COMO ELABORAR O ORÇAMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO?

� um director que tinha autorizado a recolha de dados que ésubstituído sendo necessário um novo processo deautorização, etc.

Deste modo, deve haver uma “almofada” financeira que permitafazer face a despesas imprevistas, sejam estar na correcção deerros, ou na recuperação do tempo perdido. Dependendo do estudo, este valor pode variar entre 10 a 20% dofinanciamento global.

Princípio III Após a listagem dos capítulos e dos itens, há que dar umvalor às unidades de custo.

� Muito do orçamento é feito a partir da experiência préviado investigador, e de preços relativamente “tabelados”.

� Para outros aspectos há que pedir orçamentos.Dependendo dos itens em questão, estes podem ser nego-ciados, dado que o fim da investigação não é comercial.

Assim, pode valer a pena o trabalho de prospecção de mercado e negociação de orçamentos para material e serviços.

AspectoPrático III

Na área de serviços podem estar aspectos tão diversos comoa execução de partes do próprio projecto.

– Cada vez há mais empresas e institutos académicosprestam serviços de construção de instrumentos decolheita de dados, organização e execução do trabalhode campo, elaboração da base de dados, análisede dados e elaboração de relatórios. Dado que estasorganizações já têm “as suas máquinas montadas”, os custoscom a prestação de serviços podem ser iguais ou inferioresà execução de todos os passos pela equipa de investigaçãoa partir do zero, para além das vantagens no factor tempo,experiência da condução de estudos, e mecanismos internosde garantia da qualidade.

Pode ser muito útil pedir orçamentos e negociar a prestaçãode serviços para determinados aspectos da execução doprojecto a entidades externas que demonstrem experiênciaprévia de qualidade na execução dessas tarefas.

Page 135: Investigação - passo a passo

131

COMO ELABORAR O ORÇAMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO?

• Não incluir os custos reais, por omissão de custosencobertos, ou porque o estudo é executado 2 ou 3 anosapós a escrita do orçamento. Por exemplo, o pagamento deserviços necessita de se acrescentar o IVA; na contrataçãode serviços, estão incluídas as despesas de deslocação eoutras despesas?

• Não incluir, ou dispensar, gastos inesperados no estudo(despesas não previstas); gastos com a apresentação detrabalhos ou deslocações/participações emcongressos.

• Não realizar um estudo piloto, onde se valide, (entreoutros aspectos) o orçamento.

• Não tirar proveito de organizações já montadas parao trabalho de campo e a análise de dados de um estudo,assumindo os custos e o risco de começar do “zero” (porexemplo, ter que angariar, seleccionar e formarentrevistadores, em vez de contratar uma empresa paraas entrevistas)

• Não ir actualizando o orçamento, à medida que o estudodecorre, com anotações, de modo a podem compararo orçamento inicial com o orçamento efectivo, e retirardaí lições para o futuro.

Errosa evitar

� O orçamento foi revisto pelos elementos da equipa?

� O orçamento foi revisto por investigadores experientes?

� O orçamento foi revisto por pessoas da sua instituiçãoresponsáveis e experientes na gestão de financiamentode estudos de investigação?

Checklist

Page 136: Investigação - passo a passo

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COMO ELABORAR O ORÇAMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO?

Na Web encontra vários documentos e sistemas de apoioà elaboração de orçamentos, geralmente para estudoscomplexos e ensaios clínicos.

Sobre a negociação e aspectos a negociar num orçamento:http://uuhsc.utah.edu/clinicalTrials/finanAdmin/budget-negotiate.html[acedido em 25-08-2008]

Exemplo de orçamento avançado:http://uuhsc.utah.edu/clinicalTrials/finanAdmin/templates/budget-template.xls [acedido em 25-08-2008]

Exemplo de orçamento básico:http://uuhsc.utah.edu/clinicalTrials/finanAdmin/templates/budget-template_basic.xls [acedido em 25-08-2008]

Bibliografia

Page 137: Investigação - passo a passo

Como obter apoiospara a investigação clínica?

Page 138: Investigação - passo a passo

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19 COMO OBTER APOIOS PARAA INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

IdeiasChave

• Apesar de muitos estudos serem realizados sem apoiofinanceiro, ou com apoio financeiro muito restrito, osobjectivos desses estudos serão sempre muito limitados.

• A obtenção de apoio financeiro e o trabalho necessáriopara a sustentabilidade dos projectos e das equipasde investigação exigem trabalho cuidado, continuadoe bem planeado, e ocupam parte significativa da actividadede investigação. No entanto, existem estratégias quepromovem o seu sucesso.

• Os investigadores jovens devem percorrer um caminhoseguro e gratificante que promova a sua autonomia,a par do seu nível de competências e de responsabilidade.

A colaboração com grupos de investigação estabelecidose investigadores experientes pode proteger o investigadore ajudá-lo a desenvolver os seus projectos.Existem apoios específicos para promover o inícioda actividade de investigação.

• Seja pró-activo, ambicioso e sensato. Coloque o seutrabalho e os seus interesses em perspectiva. Desenvolvacontactos, relações de trabalho, de partilha de interessescientíficos e de colaboração.

Princípio I Muitos estudos clínicos são realizados sem orçamento ou como financiamento de “boa vontade” das instituições.Por exemplo, quem deseje iniciar-se na actividade deinvestigação pode começar por analisar dados já colhidos poroutros ou colaborar em estudos que já estão a decorrer,permitindo integrar-se em equipas.

Paulo Jorge Nicola

Page 139: Investigação - passo a passo

134

• Fazer investigação sem financiamento é, geralmente,simples e rápido, mas exige projectos sem custose bastante limitados.

De facto, poder-se-á dizer que ter um orçamento para gerire as possibilidades que aí advêm (contratação de serviços,pagamento a consultores, pagamento do trabalho de campo,análise estatística profissional, participação em congressos,etc.), é o passo que demarca o “amadorismo” em investigação,em direcção à “investigação profissional”.

AspectoPrático I

Assim, talvez a primeira questão seja: Deve o meu estudo serfinanciado?

Como todas as decisões, existem:

Prós:(1) O meu estudo pode incluir uma intervenção ou

obter mais dados que aqueles que se obtêm peloscuidados habituais (por exemplo, outros examescomplementares, a aplicação de questionários, etc.),o que irá acarretar despesas que as instituiçõesdifícilmente assumem;

(2) Posso pagar ajuda e serviços, como estatísticos,inquiridores, coordenação do trabalho de campo,construção de base de dados, entrada de dados nasbases de dados, etc., que me garantem qualidadee rapidez na execução do projecto;

(3) Demonstro, assumo, e tenho reconhecida aresponsabilidade social que decorre de o meu projectoter sido financiado;

(4) Tenho recursos para montar e suportar uma equipa,com condições para desenvolver o projecto e prepararos projectos subsequentes;

(5) Quero que este projecto continue e se expanda paraoutros projectos e/ou realizar outros projectos emsimultâneo: é necessário uma equipa para gerire suportar o trabalho em paralelo.

COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

Page 140: Investigação - passo a passo

135

COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

Contras:1) Todos os projectos de investigação têm um

variável risco de (in)sucesso associado.

• Fazer investigação é criar informação e conhecimento queainda não existem, e por isso pode ser um grandeempreendimento. Depois, há o risco de resultados negativosserem entendidos como insucesso. O investigador deveponderar se esse risco se justifica aos olhos da entidadefinanciadora;

(2) O financiamento demora a conseguir-se, exigepersistência, um trabalho de contactos e de rede quenecessita de disponibilidade e dedicação;

(3) O financiamento muitas vezes é repartido emtranches, e é frequentemente irregular, criandoincerteza e instabilidade nos projectos a decorrer.

(4) Com o financiamento cria-se uma estrutura derelações contratuais e de trabalho, que terminadoo projecto, poderão cessar. Mas, para os investigadoresdecididos a ter o seu grupo de investigação financiado,cria-se também a expectativa e a necessidade de terum fluxo de financiamento-base estável, que pode serconsiderável, e que é muito difícil de conseguir.

Princípio II � Como obter apoio financeiro?• Existem diversas entidades que têm interesse em financiar

investigação. Muitas fazem-no com iniciativas próprias, atravésdo anúncio de bolsas, prémios e concursos, outras recebeme analisam propostas.

• Dependendo da questão e do contexto do estudo, a listade entidades potencialmente financiadoras é variável.

• Obter financiamento é um processo complexo e competitivo,em que conta a experiência, a tenacidade, e a capacidadede colaborar com outros investigadores e instituições.

• Para um investigador jovem, será mais aconselhável procurarum investigador sénior com estas características, e propora procura de apoios financeiros com o apoio deste.No entanto, os investigadores jovens devem ter atenção paraa existência de concursos com bolsas de investigaçãoespecificamente para eles, por vezes associados a instituiçõesuniversitárias. Esta pode ser uma boa forma de iniciaruma actividade de investigação académica.

Page 141: Investigação - passo a passo

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COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

AspectoPrático II

� Os apoios à investigação podem ser iniciados pelasinstituições (concursos) ou iniciados pelosinvestigadores (pedidos de financiamento).

� Alguns princípios e recomendações a observar nocontacto com entidades potencialmente financiadoras,na situação de um pedido de apoio da iniciativado investigador, são:

• Conheça e observe cuidadosamente a missão da entidadeque pretende contactar.

Muitas vezes essa missão vem claramente referida na páginaWeb da entidade. É uma entidade dedicada a uma causa, ou uma área (porexemplo, uma associação de doentes ou uma sociedademédica)? A entidade apresenta prioridades de actuação (por exemplo,a Fundação Gulbenkian)?

• Invista o pedido de patrocínio nas entidades que se irão rever nos seus objectivos. Na carta de apresentação do projecto, explicite porque contacta essa entidade, e no queé que o seu projecto pode contribuir para a missãodo potencial financiador. Seja explícito.

• Privilegie o contacto pessoal com as entidades financiadoras.

Peça uma reunião para apresentação do projecto, que seja breve(30-40 min). Prepare a reunião com material de apresentação próprio (porexemplo, uma apresentção de powerpoint impressa),que responda às questões:

1. Que estudo é que se pretende fazer e porquê?2. De que o forma o estudo será realizado (desenho,

participantes, cronograma, etc.)?

3. De que forma os resultados do estudo serão relevantes para a missão do financiador, e onde serão os resultados apresentados (publicações, que congressos, relatório)?

4. Quem são os elementos da equipa e consultores, que experiência e competências possuem?

5. Que financiamento é necessário?

6. Qual o compromisso de envio de relatórios de execuçãodo projecto, relatório final, e reconhecimentoem apresentações e publicações?

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137

COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

• Se tiver dados preliminares, ou forma de conseguirdemonstrar a exequibilidade e a competência da sua equipapara a execução do estudo a que se propõe, issoimpressionará positivamente.

Tenha o cuidado de não “prometer” os resultados finaisa partir dos seus dados preliminares: se os seus dadospreliminares são conclusivos, então para quê realizar um estudo?

� Ter um patrocínio científico é um factor de reconhecimentoe de grande valorização do seu estudo.

� Este patrocínio pode ser dado por sociedades científicasou governamentais. Certas entidades, como a Direcção--Geral da Saúde, têm regras explícitas para o pedido depatrocínios científicos (srsdocs.com/parcerias/normas/ci-rculares/dgs/2006/regras_patrocinio.pdf).

� Apesar de muitas entidades apreciarem o protocolo deinvestigação com o detalhe técnico necessário (incluindoos formulários com os instrumentos de colheita de dados),convém que haja um resumo de 1 página que descrevao projecto. Dependendo da entidade, o seu estudopoderá ser revisto por peritos na área.

� Muitas instituições (públicas ou privadas) ainda não estãosensibilizadas para os incentivos fiscais que decorrem daLei do Mecenato Científico (Lei Nº 26/2004, de 8 de Julho,www.mctes.pt).

� Se depende de uma instituição, serviço oudepartamento, pode ser importante ter consigo uma cartado responsável do departamento ou da instituiçãodeclarando o apoio ao projecto, bem como o compromissoda instituição na garantia de condições para a suaexecução com sucesso.

� Convém ter os pareceres e autorizações escritas dasComissões de Ética, Comissão Nacional de Protecçãode Dados, e das administrações das instituiçõesenvolvidas, com sinal o projecto encontra-se aceite e livrede reservas éticas e institucionais.

Page 143: Investigação - passo a passo

138

COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

FUNDAÇÕES

� Fundação AstraZeneca

(www.fundacaoastrazeneca.pt)

� A missão desta fundação temcomo particular atenção a áreados cuidados de saúdeprimários e a investigação clí-nica. Promove anualmente(Março) o Programa de Apoioà Investigação, com orçamen-tos limites de 15 000 €, e de 3em 3 anos (próximo em 2011),o Grande Prémio FundaçãoAstrazeneca, de 50 000 €, paraa publicação de trabalhosinéditos de relevância científica.

� Se uma entidade tem um concurso ou um regulamentode apresentação de projectos de investigação, observecuidadosamente todos os itens e limites (por exemplo,o número de páginas do projecto).

Não há pior cartão de visita do que um projecto que nãocumpriu as indicações que se encontram regulamentadas,e o projecto arrisca-se a “ficar na secretaria”! Contactedirectamente a entidade para esclarecer todas as dúvidas,e submeta o projecto de forma atempada.

� É comum as entidades financiadoras não pretenderemsuportar 100% do estudo ou terem um “tecto” definanciamento. Nesta situação, o investigador deve, deforma explícita e transparente, explorar duas possibilidades:

1. Reduzir os objectivos do projecto, prescindido de executar parte do seu projecto, de forma a este ter cabimento orçamental;

2. Procurar mais patrocínios, devendo esclarecerse a entidade financiadora aceita uma situação de não exclusividade no apoio.

ALGUMAS ENTIDADES COM TRADIÇÃO NO FINANCIAMENTO DE INVESTIGAÇÃO

Page 144: Investigação - passo a passo

139

COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

� Fundação Bial

(www.bial.com)

� Promove, em anos pares,prémios com publicaçõesde estudos/obras científicas:o Grande Prémio BIALde Medicina, no valorde 150 000 €, e o PrémioBIAL de Medicina Clínica,no valor de 50 000 €.

� Fundação Merck,Sharp & Dohme

(www.msd.pt)

� A sua missão inclui a atribui-ção de subsídios a projectosde investigação, e tem umaatenção particular às áreasde Farmacoepidemiologiae Economia da Saúde.

� FundaçãoGlaxoSmithKline dasCiências da Saúde

(www.gsk.pt)

� Tem por missão realizar, promover e patrocinar projectose actividades de investigaçãoe divulgação científica e tecnoló-gica, entre outros objectivos.Recentemente promoveu umconcurso para investigação emHIV/SIDA.

� Fundação Gulbenkian

(www.gulbenkian.pt)

� A Fundação Gulbenkian abreregularmente concursos paraapoios nas áreas de investigaçãoem saúde, e tem em permanên-cia um sistema de Candidaturaa Apoios Extra Concursos,com resposta em 30 dias, paraprojectos que se identifiquemcom as prioridades da Fundação.Em 2008, as prioridades deinvestigação em Ciências daSaúde foram as doenças oncoló-gicas, os cuidados paliativos,a saúde mental e as doençasneurodegenerativas.

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COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

� Fundação Grünenthal

(www.grunenthal.pt)

� Tem como finalidade apromoção e apoio de activida-des no mundo das Ciênciase da Saúde especialmente asrelacionadas com a Dor e aMedicina Paliativa. Anual-mente promove o PrémioGrünenthal DOR (Novembro).

� Fundação Améliada Silva de Mello

(www.josedemellosaude.pt)

� Institui uma bolsa anual(Junho/Julho) destinadaa premiar jovens médicos quedesenvolvam projectos deinvestigação clínica, noâmbito das Unidades deInvestigação e Desenvolvimento das Facul-dades de Medicinaportuguesas (12 500 €).

� Fundação paraa Ciência e Tecnologia

(www.fct.mctes.pt)

� Sendo a principal entidadegovernamental de apoioà investigação, abre concursos tendencialmenteanuais para investigação, queapresentam um processocomplexo de submissão e deapreciação das candidaturas(demora pelo menos 1 ano),muito competitivo. Em 2007abriu um concurso dedicadoem especial à investigaçãoclínica.

� A FCT tem um concurso paraBolsas de Doutoramento,relativamente acessívela médicos, que tem doisperíodos de candidatura emJunho e Novembro).

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COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

� Através do seu site anunciam--se frequentemente apoiose bolsas de outras entidadesnacionais e estrangeiras.

ASSOCIAÇÕES E SOCIEDADES MÉDICAS E DE DOENTES

� Associação Portuguesados Médicos de ClínicaGeral

(www.apmcg.pt)

� Sociedades ligadas aespecialidadesmedicas, de carizcientífico

� Associações dedoentes

� Observatórios

� Estas entidades abrem frequente-mente concursos para bolsase apoios no âmbito da sua áreade interesse. Algumas sociedadestêm concursos regularesde atribuição de bolsas. Regrageral, apenas se podemcandidatar associados, mas porvezes os apoios admitemnão-sócios.

� Apesar de raramente estasentidades terem fundos própriospara apoio à investigação, podemser organizações que seja impor-tante contactar. Por exemplo, estasorganizações podem através dassuas redes de contactos, fornecerorientações úteis defundações ou organismos interes-sados em apoiar investigação naárea. As sociedades maisdesenvolvidas têm núcleos deinvestigação ou pessoas comresponsabilidades nesta área.Estas organizações, de carizcientífico, podem também apoiaro estudo através da atribuição dePatrocínio Científico. Esterepresenta uma certificação dointeresse científico da proposta deinvestigação, e pode facilitara obtenção de apoios financeirose a própria implementação doestudo junto das instituições ondeeste realizará.

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COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

ENTIDADES COM FINS LUCRATIVOS

EMPRESAS NÃO-FARMACÊUTICAS

� Porque são entidades com fins lucrativos, e cujosresultados do estudo podem ter implicações para o seuobjecto de negócio, aspectos como a independência dosinvestigadores e a declaração de conflito de interesses naapresentação de resultados assume particular relevâncianos projectos financiados por estas entidades.

Indústria farmacêutica

� A indústria farmacêutica nacional é uma grande apoiantede projectos de investigação clínica da iniciativa doinvestigador de pequena e média dimensão e duração.

� É importante que o projecto faça sentido para a área deinteresses da companhia. Por exemplo, uma dadacompanhia farmacêutica pode ter fármacos líderes emdeterminadas doenças, e por isso pretender ser identificadacom investigação nessa área.

� As áreas de interesse das companhias frequentementeencontram-se nas suas páginas Web, bem comoas doenças ou situações em que a companhia se encontraa investir em termos da sua actividade e imagem.

� Por outro lado, cada vez mais, a industria farmacêuticapropõe estudos a investigadores e a instituições queprestam cuidados clínicos. Para além do apoio que osestudos iniciados pela indústria são para os grupos deinvestigação, estes projectos abrem oportunidades darealização de pequenos estudos paralelos, que aproveitamo trabalho de campo que irá ser conduzido para uma recolha de dados suplementar, com um custo muitoreduzido.

� Cada vez mais observam-se empresas não-farmacêuticasapoiarem investigação clínica e epidemiológica. Istodeve-se à importância social da saúde e de certasdoenças, bem como à importância social do mecenato.

Page 148: Investigação - passo a passo

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COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

� No entanto, tal é mais fácil para áreas com elevadavisibilidade social, de que são exemplos a nutriçãoe obesidade, o tabagismo, a saúde materna e infantil, etc.

� Por outro lado, empresas com interesses muito específicosna saúde, como ligadas às tecnologias de informação, delaboratório ou imagiologia, etc., podem ter interesse emapoiar investigação na área.

� Uma outra forma de compreender que entidades estãointeressadas em apoiar financeiramente investigação numadada área é identificar os apoios financeiros dos estudosrecentes nessa área. Isso pode ser feito consultadopublicações, ou os trabalhos apresentados em congressosda área.

Como obter financiamento para desenvolver o seu grupoe programa de investigação?

Os financiamentos para um estudo geralmente são poucofolgados e com margens de “lucro” estreitas, ou inexistentes. Um investigador que pretenda desenvolver um grupo deinvestigação e um programa de investigação estávele sustentado, necessita de ter uma reserva de recursosfinanceiros. Estes vão possibilitar investir em formação, realizarpequenos projectos de elevado risco e elevada potencialidade,tapar buracos financeiros decorrentes de atrasos definanciamento ou algum desaire em outros estudos, manter aequipa durante períodos com menos trabalho, etc.

Princípio III

• Manter uma equipa e um programa de investigação é difícil,e muitas vezes é feito no contexto de uma instituiçãoacadémica que assegura parte da remuneração do grupo,com partilha de actividades entre formação e investigação.

• Existem oportunidade e regras de bom-senso que facilitamque cada projecto não nasça do zero, e que se faça dainvestigação clínica parte contínua da actividade:

1. Construa a perspectiva de um programa de investigação.

AspectoPrático III

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COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

2.Aproveite os estudos que tem a decorrer para obter dadospreliminares que apoiem a continuação dos estudossubsequentes.

3.Faça dos participantes no seu estudo um painel, ou seja,indivíduos que estão disponíveis para participar em avaliaçõessubsequentes, de modo a poder executar estudos futuros commaior facilidade e menor custo (por exemplo, um estudode prevalência de uma doença pode ser seguido de estudosavaliação económica, de utilização de serviços de saúde,ou de qualidade de vida).Mantenha uma relação de continuidade com os participantesno seu estudo: faça da participação no estudo umaexperiência agradável e reconhecida, garantido a atenção queos participantes merecem; escreva uma carta a agradecera participação, a reconhecer o contributo, antecipandoa possibilidade do convite a futuros estudos.

4.Mantenha uma relação de continuidade com a entidadefinanciadora:Envie relatórios semestrais ou anuais de execução do estudo,anexando o material submetido ou apresentado emcongressos, para além do material publicado.

5. Inclua uma referência explícita às entidades que apoiamo estudo (quer por patrocínio financeiro, quer por patrocíniocientífico), incluindo o logótipo das entidades nasapresentações e posters. Para projectos com maiorvisibilidade, construa uma página Web do projecto, ondereconhece as entidades financiadoras.

6.Se o seu estudo foi apoiado por sociedades ou associações,tenha o cuidado de submeter o seu estudo para serapresentado em reuniões, congressos ou encontrosorganizados por essas entidades.

7.A integração em redes de investigação e candidaturaa financiamento governamental também permite acessoa financiamento para vários anos.Em algumas áreas, há redes de investigação bemestabelecidas, sendo mais fácil integrar-se. Aproveiteos congressos e encontros para conhecer o trabalho realizadoe estabelecer contacto com os responsáveis.

Page 150: Investigação - passo a passo

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COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

8.A investigação clínica cada vez mais recorre a Bolsas deInvestigador para conseguir suportar a coordenaçãoe execução de projectos. Este aspecto realça a importânciados investigadores se associarem a Unidades deInvestigação. No contexto académico, os alunos de mestradoe de doutoramento também ajudam a promovera investigação, embora requeiram orientação e supervisãotécnica e científica.

9.Se um estudo internacional foi apoiado por uma companhiafarmacêutica multinacional, pode ser uma boa ideia propor umestudo semelhante em Portugal, com o apoio da mesmacompanhia. Inclusive, isso poderá permitir colaborar cominvestigadores estrangeiros e ter acesso ao projecto deinvestigação e aos dados internacionais.

A relação com as entidades financiadoras deve sertransparente e contratual.As obrigações de ambas as partes devem estar bem definidas.Esta definição protege ambas as partes e permite a existência decritérios de cumprimento, e logo de sucesso, que possibilita aoinvestigador promover uma relação com a entidade financiadora.

Princípio IV

Aspectos importantes a observar no estabelecimento de umcontrato, seja este formal ou informal (por exemplo, uma cartade aceitação do financiamento):

• Quais os objectivos do estudo a serem concretizados.Cuidado com os objectivos secundários que dependemde se verificarem hipóteses primárias, e cuidado comobjectivos secundários que apresentam maior risco.

• Não coloque a fasquia do projecto desnecessaria-mente alta, nem se comprometa com tudo o que achaque conseguirá fazer. Se, no fim, surpreender pelapositiva, tanto melhor!

• Defina prazos e montantes a serem transferidos comuma folga que tolere atrasos na sua transferência. Estesprazos podem estar calendarizados, ou seremdependentes do cumprimento de metas intermédiase/ou da apreciação de relatórios intercalares.

AspectoPrático IV

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COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

Nesta última situação, tenha atenção às despesascorrentes, como as remunerações. Especifique a formade transferência (cheque em nome de…, para contabancária NIB…, etc.) e explicite que serão passadosos recibos correspondentes.

• Defina prazos e o âmbito dos relatórios por parteda equipa de investigação. Dependendo da complexidadedo projecto, pode apenas ser necessário um relatório finalou vários relatórios intercalares. O relatório necessitade incluir informação sobre a execução financeira, sobreos dados já recolhidos (por exemplo, quantos participantesincluídos), sobre as alterações no cronograma do estudo?Ou apenas um ponto de situação quanto aos objectivosdo projecto?

• Defina quem é a equipa de investigação, incluindoos consultores. Indique quem é o responsável pelacoordenação geral do estudo e pela execução financeiradas verbas atribuídas.

• Defina de quem é a propriedade dos dados, e explicitea independência da equipa de investigação da entidadefinanciadora no respeitante à divulgação e interpretaçãodos dados. Dependendo da questão e das entidadesfinanciadoras, estas podem pedir para terem acesso aosresultados antes de estes serem divulgados, de formaa poderem preparar formas de se associaremà divulgação do estudo.

• Escreva um preâmbulo que contextualize o estudo nosobjectivos e missão da entidade financiadora, e salientea relevância deste estudo para ambos. O seu protocoloserá analisado por os elementos directivos da entidadefinanciadora e da sua instituição, e estes aspectos devemestar bem patentes.

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COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

• Não observar escrupulosamente as regras e os requisitosdefinidos para concursos e candidaturas a financiamento.Faça do regulamento de submissão a sua checklist!

• Pretender “ir à luta” sozinho, sem procurar o apoiode investigadores e grupos estabelecidos, que já têmpontes criadas com fontes de financiamento, e com acessoa bolsas de investigação. A procura de financiamento podecriar sinergias entre investigadores e os seus grupos!

• Considerar que o trabalho de procura de financiamentotermina quando o apoio é concedido: seja escrupulosocom a apresentação de relatórios parciais e final, o enviodas apresentações e posters em congresso, e no econhecimento público das entidades que apoiaramo seu projecto.

• Não ser transparente com as entidades financiadorasquando os estudo não são financiados em exclusividade.

• Não estabelecer um contracto e/ou não ser claro nasregras da relação com a entidade financiadora. Quandoé que a entidade deve conhecer os resultados do estudo,e a sua divulgação? Evite surpresas e desentendimentosdesnecessários a montante.

• Esteja preparado e saiba receber um “não estamosinteressados”. A persistência e o gosto pelo risco sãoparticularidades que favorecem o investigador. Saibanegociar e obter um acordo, o que passa por não sentirque todos têm de concordar consigo. Saiba ter uma visãoabrangente: olhando para trás, o que são algumas recusase reuniões mal sucedidas, depois de se ter conseguidoo que se precisava? No entanto, é também um erro persistirnuma ideia pobre ou que ninguém valoriza. Uma boaquestão de investigação e um bom projecto são o princípioe o fim de tudo.

Errosa evitar

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COMO OBTER APOIOS PARA A INVESTIGAÇÃO CLÍNICA?

• Tenho o apoio da minha instituição e dos meus respon-sáveis hierárquicos para o contacto com entidades queapoiem o projecto de investigação? Estes responsáveisirão ser chamados a assinar protocolos institucionais,ou a declarar autorizações formais.

• Tenho os pareceres e autorizações das Comissõesde Ética, Protecção de Dados e das Administraçõesdas instituições envolvidas?

• Ponderei o pedido de patrocínio científico a entidadescom autoridade científica na área?

• Fiz a minha prospecção de entidades que prestamapoios financeiros e tenho uma ideia clara dosargumentos que apoiam a submissão do meu projecto?

• Adaptei o meu projecto para que seja evidente e imediatoa conjugação de objectivos e a relevância do projecto paraa entidade financiadora? Escrevi uma cartade apresentação onde estes aspectos são explicitamentelistados?

• No caso de concurso, observei escrupulosamente todosos aspectos do regulamento de submissão do projecto,se existente? Contactei a instituição para certificar-medos procedimentos? Fiz a submissão de forma atempada?

• Verifiquei se a Lei do Mecenato pode ser aplicávela este apoio financeiro.

• Preparei a reunião de apresentação do projectoà entidade financiadora, observando os itens indicadosno texto.

• Certifiquei-me que os aspectos contratuais estão bemdefinidos e completos, de acordo com os itens indicadosno texto.

Checklist

Page 154: Investigação - passo a passo

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BIBLIOGRAFIA

• Quivy R, Campenhoudt LV. Manual de Investigação em ciências sociais. 5ªEdição. Lisboa: Gradiva Publicações; 2008.

• Ribeiro JLP. Metodologia de Investigação em psicologia e saúde. Porto: Legis Editora/Livpsic; 2007.

• Marconi MA, Lakatos EM. Fundamentos da Metodologia Científica. 6ª Edição. São Paulo: Editora Atlas; 2007.

• Designing Clinical Research: An Epidemiologic Approach. Stephen B Hulley, Steven R Cummings, Warren S Browner, Deborah G Grady, Thomas B Newman. 2006. Lippincott Williams & Wilkins.

• Sampieri RH, Collado C, Lucio PB. Metodologia de Pesquisa. 3ª Edição. São Paulo : McGrawHill; 2006.

• Pereira A. SPSS – guia prático de utilização. 6ª Edição. Lisboa: Edições Sílabo; 2006.

• Sousa GV. Metodologia de Investigação, redacção e apresentação de trabalhos científicos. Porto: Liv Civilização Editora; 2005.

• Ghighine R, Matalan B. O Inquérito – teoria e prática. 4ª Edição. Oeiras: Celta Editora; 2005.

• Barañano AM. Métodos e Técnicas de Investigação em gestão – manual de apoioà realização de trabalhos de investigação. Lisboa: Edições Sílabo; 2004.

• Serrano P. Redacção e apresentação de trabalhos científicos. 2ª Edição. Lisboa: Relógio D’Água Editores; 2004.

• Fortin MF. O Processo de Investigação da concepção à realização. 3ª Edição. Loures: Lusociência; 2003.

• Triola MF. Introdução à estatística. 7ª Edição. Rio de Janeiro: Editora LTC; 1999.

• Melo M. Elementos básicos de um estudo de investigação. Aspectos práticos para a sua elaboração. Rev Port Clin Geral 1998; 15:30-3.

• Comissão Internacional de Editores de Revistas Médicas. Normas para apresentação de artigos propostos para publicação em revistas médicas. Rev Port Clin Geral 1997; 14:159-74.

• Pallas JMA, Villa JJ. Metodos de investigacion aplicados a la Atención Primária de Salud. Barcelona: Ediciones Doyma; 1991.

Page 155: Investigação - passo a passo

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ANEXO 1: EXEMPLO DE FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

O “XXXXXX” tem como objectivo analisar as opiniões e atitudes dos pacientes face

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que recebem dos seus médicos de família.

Eu, ...................................................................................................................

(nome completo)

1. Li o folheto informativo para o paciente;

2. Tive oportunidade de colocar questões sobre o estudo e esclarecer as minhas

dúvidas;

3. Recebi informação que considero suficiente sobre o estudo;

4. Falei com................................................................................................;

(nome do investigador/responsável)

5. Compreendi que a minha participação neste estudo é voluntária;

6. Compreendi que posso desistir se o desejar, sem ter que dar qualquer explicação e

sem qualquer repercussão em relação aos cuidados médicos que posso receber.

Concordo em participar neste estudo de livre vontade.

Assinatura do paciente Assinatura do investigador

Data: Data:

Doc.: José Augusto Simões

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ANEXO 2: EXEMPLO de ORÇAMENTO

Orçamento parcial e fictício para um estudo transversal nacional (10localidades) durante 2 anos, onde se pretendesse rastrear demência a 10.000pessoas por entrevista domiciliária aleatória a pessoas com mais de 50 anos,seguida de uma consulta médica para história clínica e exame físico em casode rastreio positivo para diagnóstico.

Capítulo Item Descrição Euros porunidade Unidades Sub-total

Recu

rsos

hum

anos

Coordenação

Secretariado

Coordenação de campo

Sub-coordenadores

de campo

50% a 2500 euros/mês, durante 2 anos. Responsável pelaelaboração e condução do projecto, submissão àsComissões de Ética e Protecção de Dados, obtenção decontributos científicos dos consultores e peritos, gestão eintegridade da equipa

40% a 1500 euros/mês durante 2 anos. Responsabilidade de toda a gestão logística e material

100% a 1500 euros/mês durante 18 meses

2 pessoas, a 100% de 1000 euros/mês durante 18 meses

1250

600

1500

2 x 1000

1 perito internacional + 2 peritos nacionais.3 Reuniões/Consultas durante o projecto.Deslocações + estadias dos peritos internacionais: 1000euros cada.Deslocações + estadias dos peritos nacionais:350 euros cadaPagamento da consultadoria: 800 euros por consulta

Assumem-se pagamento de 20 deslocações/estadiasdurante o projecto para coordenação do trabalho de campo,supervisão e formação, a 350 euros por deslocação.

Consideram-se 12.000 contactos para entrevistas de rastreio, considerando uma possível perda de dados de 20% (sem critérios de inclusão, recusa em participar,não comparência à consulta do médico), com uma médiade 2 contactos por entrevista (máximo de 5 contactos).

Assumem-se consultas de 40% das 10.000 entrevistas de rastreio completas = 4000 consultas.Preço por consulta de 20 euros (14 consultas por dia x 20euros/consulta = 280 euros/dia x 3 dias de participação = 840 euros por participação.

Assume-se 3 euros de ajudas de custo ao participante nadeslocação para a consulta do médico.

ReuniõesEstadias

Entrevistas de rastreio

Consultas pelo médico

Ajudas de custona deslocação

meses 30000

14400

27000

36000

meses

meses

meses

24

24

18

18

1 x (1000 + 800)

+2 x

(350 + 800)

20500

Reu

niõe

s c

onsu

ltas

3Consultores

Trabalho de campoPagamento ao acto.Assume-se 10.000 entrevistas de rastreio (20% de perdas), com 40% de necessidade de consultapelo médico + exames complementares, em 10 localidades a nível nacional

350

Des

loca

ções

700020

8

Entre

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mpl

etas

9600012000

20

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800004000

3

Ajud

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120004000

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Listas de residências obtidas de forma aleatória por randomroute, ou por selecção aleatória de zonas geográficas.Inclui uso de software de amostragem geográfica e acessoaos denominadores demográficos do INE.

Assume-se 15000 panfletos A5, 500 cartazes (Centros deSaúde, Hospitais), anúncios em 2 jornais nacionais.

Construção e colocação online da base de dadose manutenção

Estudo piloto com 5% da amostra total (500 participantes).Custo por participante é proporcional ao custo total doestudo por participante.

Plano de amostragem

Material de divulgação

Base de dados

Estudo piloto

3500 3500

5000 5000

3000 3000

34

Parti

cipa

ntes

17000500

Cust

os d

e ini

ciaçã

o

Assume-se consultadoria estatística e apoio na análisede dados.

Análise de dados 3000 3000

Assume-se participação em 2 congressos nacionais e 1congresso internacional com apresentação de resultados, ecusto com 3 publicações.

Divulgação do estudo 3000 3000

Telefone, toner, material de escritório.Consumíveis 1000 1000

Assume-se 15% de despesas não previstasDespesas não previstas 53760 53760

Total 412160

Assume-se 15% de overheads a partir do financiamentoTotal com overheads 15% 48716075000

Financiamento 15% 50000075000Assume-se 500.000. euros de financiamento

Diferença 12840

Doc.: Paulo Jorge Nicola

Page 158: Investigação - passo a passo

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DADOS CURRICULARES DOS AUTORES

CLARA BARROS FONSECA

Licenciatura Medicina em 1997; Assistente de Clínica Geral no Centro SaúdeBarão do Corvo, Extensão da Afurada em Vila Nova de Gaia.Coordenadora do Núcleo de Investigação da Coordenação do Internato Médicode MGF da Zona Norte; Coordenadora Pedagógica e Formadora do CursoIntrodução às Metodologias de Investigação da mesma Coordenação. Membrodo Núcleo de Investigação da APMCG. Pós-graduação em Saúde Pública/Epidemiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Mestrandade Saúde Pública.

CARLOS CANHOTA

Licenciatura Medicina em 1981; Chefe de Serviço de Clínica Geral no Centrode Saúde de Oeiras.Mestrado em Medicina Familiar, Departamento de Medicina Familiar eComunitária, Universidade de Monash, Melbourne, Austrália. Curso de FormaçãoPedagógica de Formadores em ensino clínico, 2006. Publicações nacionaise no estrangeiro. Membro do Núcleo de Investigação da APMCG.

EUGÉNIA ENES DA SILVA

Licenciatura Medicina em 1985; Assistente Graduada de Clínica Geral no Centrode Saúde de Corroios.Curso Superior de Medicina Legal, Instituto Superior de Medicina Legal, 1987.Cursos de Formação Pedagógica de Formadores de 1999 e de 2006.Coordenadora dos Núcleos de Formação e Investigação no CS Cova Piedadeentre 1994 e 1996; Coordenadora do Núcleo de Formação do CS Corroios entre1998 e 2002. Elemento do Núcleo de Formação da APMCG desde 1993;Coordenadora do Núcleo de Investigação da APMCG desde 2007. Orientadorade formação pré-graduada, estágio de Medicina Geral e Familiar desde 2006.Participação em diversas fases de estudos de investigação com publicaçãode alguns a nível nacional; artigos de opinião e comentários de artigos médicos.

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JONAH YAPHE

Licenciatura Medicina em 1979; Especialista in Family Medicine, Jerusalém, em1983Mestrado em Medicina Familiar – Western Ontário, Canadá,1991Orientador de Formação desde 1980; Senior Lecturer – Universidade de Tel Avivdesde 2006Professor Convidado de Saúde Comunitária – ECS Universidade do Minhodesde 2007Publicações internacionais múltiplas e diversificadas.

MARIA CONCEIÇÃO MAIA

Licenciatura Medicina em 1990; Assistente Graduada de Clínica Geral, USFBriosa, Centro Saúde Norton Matos, Coimbra.Directora de Internato Médico de MGF da Zona Centro e orientadora. Curso deEpidemiologia e Investigação em Saúde, em 2001; Curso de FormaçãoPedagógica inicial de Formadores em ensino Clínico. Membro do Núcleo deInvestigação da APMCG.

MARIA JOSÉ RIBAS

Licenciatura Medicina em 1991; Assistente Graduada de Clínica Geral, na USFHorizonte, Centro Saúde de Matosinhos.Orientadora de Formação desde 2003Directora de Internato Médico de MGF da Zona Norte desde 2006.Mestrado em Investigação em CSP – Universidade Autónoma de BarcelonaPublicações nacionais em Revistas médicas e participação em livros.

MIGUEL MELO

Licenciatura Medicina em 1986; Assistente Graduado de Clínica Geral,USF de Fânzeres.Colabora com a Coordenação do Internato de MGF da Zona Norte emactividades ligadas à Investigação e Formação; Coordenador Pedagógico

Licenciatura Medicina em 1982; Assistente Graduado de Clínica Geral no Centrode Saúde de Cantanhede.Mestre em Bioética pela Faculdade de medicina da Universidade de Lisboa,em2004; Equiparado a Professor Adjunto na Escola Superior de Saúde daUniversidade de Aveiro – Disciplina de Ética e Deontologia Profissional desde2003.Orientador do Internato Médico de Medicina Geral e Familiar desde 1998.Membro da Rede “ Médicos-Sentinela “ com participação activa e publicação dediversos trabalhos de investigação; Participação em estudos de investigaçãonacionais e no estrangeiro. Publicação de artigos sobre Bioética.

JOSÉ AUGUSTO SIMÕES

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PAULO JORGE NICOLA

Licenciatura Medicina em 1996, especialista em Medicina Geral e Familiar em2001.Mestre em Investigação Clínica pela Mayo Clínic, EUA, em 2004; Exercefunções de investigação e docência no Instituto de Medicina Preventiva daFaculdade de Medicina de Lisboa, onde é coordenador executivo doMestrado/Doutoramento em Epidemiologia, e de várias pós-graduações na áreada investigação clínica. Assessor do Alto-Comissariado da Saúde. Membro doNúcleo de Investigação da APMCG. É responsável por projectos de investigaçãona área do controlo de doenças crónicas, e do uso de sistemas de informaçãoem saúde. Tem várias publicações internacionais na área da epidemiologia dasdoenças reumáticas e cardiovasculares.

RAQUEL BRAGA

Licenciatura Medicina em 1994; Assistente Clínica Geral, no C. Saúde Senhorada Hora – ULS de Matosinhos.Orientadora de formação desde 2003 e Directora de Internato Médico desde2006;Coordenadora Pedagógica do curso “Revisão Baseada na Evidência”;Participação activa em acções de Formação para orientadores; Editora daRevista Portuguesa de Clínica Geral de 2005 a 2007; Diversas publicações emrevistas médicas nacionais.

VITOR RAMOS

Licenciatura Medicina em 1976; Chefe de Serviço de Clínica Geral, USFMarginal – C.Saúde de Cascais.Professor convidado da Escola Nacional de Saúde Pública/UNL e orientador deformação do Internato Médico de Medicina Geral e Familiar. Autor de várioscapítulos de livros e artigos em publicações nacionais e internacionais.Participou na fundação da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral,em 1983 e da Revista Portuguesa de Clínica Geral, em 1984.

do curso “Metodologias de Investigação” de 1995 a 2005. Foi Coordenador doNúcleo de Investigação e Documentação do I.C.G.Z.N; Actividades pedagógicasem diversos cursos, na Formação Contínua e Formação de Orientadores/Formadores. Integra o Conselho Científico da Revista Portuguesa de ClínicaGeral. Publicação de diversos trabalhos de investigação em revistas nacionais.

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