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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA Investigação epidemiológica de Borrelia burgdorferi em equinos do município de Sinop, estado de Mato Grosso, Brasil Suyane Nayara Garcia Socoloski Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia. Área de concentração: Zootecnia. Sinop, Mato Grosso Fevereiro de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

Investigação epidemiológica de Borrelia burgdorferi em equinos do

município de Sinop, estado de Mato Grosso, Brasil

Suyane Nayara Garcia Socoloski

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências

para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.

Área de concentração: Zootecnia.

Sinop, Mato Grosso

Fevereiro de 2017

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SUYANE NAYARA GARCIA SOCOLOSKI

Investigação epidemiológica de Borrelia burgdorferi em equinos do

município de Sinop, estado de Mato Grosso, Brasil

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências

para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.

Área de concentração: Zootecnia.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Bastos Lopes

Sinop, Mato Grosso

Fevereiro de 2017

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III

Dedico este trabalho à minha amada

família, pois são minha base e inspiração.

Certamente sem esta, eu não chegaria até

aqui.

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IV

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

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V

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VI

AGRADECIMENTOS

À Deus e toda espiritualidade maior, por me guiarem até aqui e pelo amparo nos

momentos de dificuldade.

À minha família, ao meu namorado Ricardo Bonadimann e sua família, pelo apoio e

compreensão.

Ao meu orientador Dr. Luciano Bastos Lopes, por me orientar neste estudo, mesmo não

sendo sua linha de pesquisa, respeitou minha vontade e me apoio a dar continuidade a este

projeto. Obrigada pelas considerações sempre pertinentes, pelo apoio, ensinamentos

compartilhados e pela confiança.

Ao meu coorientador Dr. Bruno Gomes de Castro, de quem surgiu a ideia inicial deste

projeto em 2013, quando eu ainda era uma graduanda. Obrigada pelo apoio e atenção todos

esses anos, pela disponibilidade incondicional, sempre pronto a me auxiliar.

Ao Dr. Adivaldo Henrique da Fonseca por ceder gentilmente o Laboratório de Doenças

Parasitárias da UFRRJ, bem como todos os materiais necessários para a realização da análise

sorológica e molecular deste estudo.

Ao Dr. Matheus Dias Cordeiro, por não medir esforços para me ajudar na realização da

análise sorológica e molecular, parte essencial deste estudo, por todas as discussão pertinentes

ao projeto e conhecimentos compartilhados. Obrigada pela atenção e apoio.

Ao Médico Veterinário Flávio Lisboa da Costa e o técnico agrícola Evandro de Paula,

servidores da secretaria de agricultura do município de Sinop – MT, pela colaboração na

articulação junto as propriedades visitadas, ajuda extremamente importante na fase à campo

deste estudo. Muito Obrigada pela disponibilidade e atenção.

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VII

Aos meus amigos, em especial o Médico Veterinário Rafael dos Santos, por se manter

presente, sempre disposto a me auxiliar e me encorajando a buscar novos desafios profissionais.

Obrigada pela amizade.

Aos proprietários que permitiram que entrássemos em suas propriedades para a

realização destes estudo.

À todos que de alguma forma me auxiliaram durante estes dois anos de mestrado.

À Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Sinop, pela oportunidade de

realização do curso de mestrado e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior, pela concessão da bolsa de mestrado e pelo apoio financeiro para a realização desta

pesquisa.

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VIII

Nenhuma atividade no bem é insignificante.

As mais altas árvores são oriundas de

minúsculas sementes.

Chico Xavier

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IX

BIOGRAFIA

Suyane Nayara Garcia Socoloski, filha de Ivo da Silva Socoloski e Silvana Garcia da

Veiga, nascida em 21 de março de 1991 no município de Juara-Mato Grosso.

No ano de 2009 ingressou no curso de Bacharelado em Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Mato Grosso - Campus de Sinop-MT, colando grau e obtendo o título

de Médica Veterinária em 11 de setembro de 2014.

Durante os cinco anos de graduação participou de vários projetos como voluntária, no

Laboratório de Doenças Infecciosas do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato

Grosso - Campus de Sinop-MT, bem como, foi monitora da disciplina de Semiologia animal

entre os anos de 2012 a 2014, sob a supervisão do professor Dr. Bruno Gomes de Castro.

Em março de 2015 ingressou no curso de Pós-Graduação Stricto Sensu, nível de

mestrado, do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato

Grosso-Campus Sinop, como bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES), orientada pelo Dr. Luciano Bastos Lopes e coorientada pelo Dr.

Bruno Gomes de Castro.

No terceiro semestre do mestrado, realizou parte das avaliações do projeto de pesquisa

no Laboratório de Doenças Parasitárias da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, sob

orientação do Professor Dr. Adivaldo Henrique da Fonseca e o Dr. Matheus Dias Cordeiro, que

resultaram na dissertação apresentada a seguir.

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X

RESUMO

SOCOLOSKI, Suyane Nayara Garcia. Dissertação de Mestrado (Zootecnia), Universidade

Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, fevereiro de 2017, 59 f. Investigação

epidemiológica de Borrelia burgdorferi em equinos do município de Sinop, estado de Mato

Grosso, Brasil. Orientador: Prof. Dr. Luciano Bastos Lopes. Coorientador: Prof. Dr. Bruno

Gomes de Castro.

Borrelia burgdorferi sensu stricto é o principal agente etiológico da Doença de Lyme (DL) nos

Estados Unidos da América (EUA). No Brasil, acredita-se que uma variante geneticamente

similar a essa espiroqueta, seja o agente causal da Síndrome de Baggio-Yoshinari (SBY), uma

zoonose emergente brasileira, transmitida por carrapatos, que apresenta manifestações clínicas

semelhantes à DL. Os equinos são apontados como importantes hospedeiros na cadeia de

transmissão e na manutenção desta espiroqueta no país. Diante disso, objetivou-se com esse

estudo detectar a frequência de anticorpos homólogos da classe IgG anti-B. burgdorferi cepa

americana G39/40, em equinos do município de Sinop – MT, por meio de inquérito

soroepidemiológico utilizando o Ensaio de Imunoadsorção Enzimática (ELISA) indireto, como

teste diagnóstico. Para tal, foram coletadas amostra de sangue de 367 equinos, provenientes de

81 propriedades na região centro-norte de Mato Grosso. Foi aplicado também um questionário

epidemiológico durante as visitas realizadas, obtendo-se informação de identificação e

caracterização dos animais e suas respectivas propriedades. Das 367 amostras submetidas a

análise sorológica, 214 foram positivas no ELISA indireto para B. burgdorferi sensu stricto,

determinando prevalência aparente de 54,04%. Concomitantemente, dos 367 equinos avaliados,

amostras de sangue total de 89 animais foram submetidas à análise biomolecular pela nested-

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). De acordo com o teste da PCR, nenhuma das amostras

foi positiva, sendo que desses 89 animais testados, 53 eram positivos no ELISA indireto e 36

negativos. Das 81 propriedades analisadas, 75 (92,59%) tiveram pelo menos um equino

soropositivo para B. burgdorferi, sendo que destas, cerca de 89% apresentavam pastos

próximos à matas, o que predispõe o contato dos equinos com espécies de animais silvestres e

carrapatos. Os resultados encontrados reforçam a hipótese da presença de anticorpos anti-

Borrelia spp. em equinos no estado de Mato Grosso.

Palavras-chave: Equinocultura, carrapato, borreliose, ELISA, PCR.

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XI

ABSTRACT

SOCOLOSKI, Suyane Nayara Garcia. Master Thesis (Animal Science), Universidade Federal

de Mato Grosso, Campus of Sinop, 2017, february, 59 f. Epidemiological investigation of

Borrelia burgdorferi in horses of the municipality of Sinop, state of Mato Grosso, Brazil.

Adviser: Prof. Dr. Luciano Bastos Lopes. Co-adiviser: Prof. Dr. Bruno Gomes de Castro.

Borrelia burgdorferi sensu stricto is the main etiologic agent of Lyme disease (LD) in the

United States of America (USA). In Brazil, a variant genetically similar to this spirochete is

believed to be the causative agent of Baggio-Yoshinari Syndrome (BYS), a Brazilian emerging

zoonosis, transmitted by ticks, that presents clinical manifestations similar to LD. Equines are

indicated as important hosts in the transmission chain and in the maintenance of this spirochete

in the country. Therefore, the aim of this study was to detect the frequency of homologous

antibodies of the class. IgG anti-B. burgdorferi American strain G39/40, in horses of the

municipality of Sinop - MT, by means of a seroepidemiological survey using the indirect

Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA) as diagnostic test. Blood samples were

collected from 367 horses from 81 properties of Mato Grosso. It was also applied an

epidemiological survey conducted during visits, obtaining identification information and

characterization of the animals and their properties. From the 367 samples submitted to

serological analysis, 214 were positive according indirect ELISA for B. burgdorferi sensu

stricto, determining an apparent prevalence of 54.04%. Concomitantly, from the 367 horses

evaluated, whole blood samples from 89 animals were submitted to biomolecular analysis by

the nested-Polymerase Chain Reaction (PCR). According to the PCR test, none of the samples

were positive in this test. Considering these 89 animals tested, 53 were positive in the indirect

ELISA and 36 negative. From the 81 analyzed properties, 75 (92.59%) had at least one B.

burgdorferi seropositive equine, of which about 89% presented pastures near the forest, which

predisposes the contact of the horses with wild animal species and ticks. The results support the

hypothesis of the presence of anti-Borrelia spp. in the state of Mato Grosso.

Key-words: Echinoculture, tick, borreliosis, ELISA, PCR.

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XII

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

BL Borreliose de Lyme

BSK Barbour-Stoenner-Kelly

DL Doença de Lyme

DO Densidade Óptica

ELISA Ensaio de Imunoadsorção Enzimática

EM Eritema Migratório

EUA Estados Unidos da América

FlgB Flagelina B

FlgE Flagelina E

HCFMUSP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

IgG Imunoglobulina G

IgM Imunoglobulina M

LDI Laboratório de Doenças Infecciosas

LDP Laboratório de Doenças Parasitárias

LIM-17 Laboratório de Investigação Médica em Reumatologia

OspA Outer Surface Protein A

OspB Outer Surface Protein B

PBS Tampão Fosfato Salino

PCR Reação em Cadeia da Polimerase

PNPP Paranitrofenilfosfato

RIFI Reação de Imunofluorescência Indireta

SBY Síndrome de Baggio-Yoshinari

SFC Síndrome da Fadiga Crônica

STARI Southern Tick Associated Rash Illness

UFMT Universidade Federal de Mato Grosso

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

WB Western blotting

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XIII

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL................................................................................................... 1

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 3

Contexto Histórico............................................................................................................. 3

O gênero Borrelia.............................................................................................................. 4

Aspectos Epidemiológicos................................................................................................. 8

Patogenia............................................................................................................................ 15

Aspectos clínicos em equinos............................................................................................ 16

Diagnóstico........................................................................................................................ 17

Tratamento em equinos..................................................................................................... 22

Medidas de controle e profilaxia....................................................................................... 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 27

CAPÍTULO 1..................................................................................................................... 35

RESUMO........................................................................................................................... 36

ABSTRACT...................................................................................................................... 37

INTRODUÇÃO................................................................................................................. 38

MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................... 39

RESULTADOS................................................................................................................. 43

DISCUSSÃO..................................................................................................................... 48

CONCLUSÃO................................................................................................................... 51

AGRADECIMENTOS...................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 51

ANEXOS........................................................................................................................... 54

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INTRODUÇÃO GERAL

Dentre as enfermidades causadas por bactérias do gênero Borrelia, a Doença de Lyme

(DL) ou Borreliose de Lyme (BL) destaca-se, por ser uma zoonose de caráter multissistêmico,

que acomete animais domésticos e o homem, tendo como reservatório animais silvestres

(Soares et al., 2000). É uma antropozoonose frequente no hemisfério Norte, encontrada nos

Estados Unidos da América (EUA), Europa e Ásia, transmitida por carrapatos do complexo

Ixodes ricinus, infectados por espiroquetas do complexo Borrelia burgdorferi sensu lato

(Yoshinari et al., 2010).

No Brasil, uma enfermidade semelhante à DL tem sido relatada desde 1987 por Talhari

et al., e em 1992 os primeiros casos da enfermidade foram identificados no país (Yoshinari et

al., 1992). Desde então, foram verificadas diferenças significativas em aspectos

epidemiológicos e clínico-laboratoriais entre a doença presente no Brasil e a DL. Diante disto,

Gauditano et al. (2005) sugeriram a mudança de nomenclatura da enfermidade para Síndrome

de Baggio-Yoshinari (SBY), no intuito de desvincular esta zoonose brasileira da DL e

incentivar as pesquisas desta enfermidade emergente no país.

A SBY ficou definida como zoonose emergente tipicamente brasileira, transmitida por

carrapatos dos gêneros Amblyomma e/ou Rhipicephalus, responsável pelo desenvolvimento de

manifestações clínicas semelhantes à DL, exceto pela ocorrência de recidivas e desordens

imunológicas, ao longo da prolongada evolução clínica (Yoshinari et al., 2010). Acredita-se

que o agente etiológico da SBY seja uma espiroqueta do gênero Borrelia. Entretanto ainda não

foi totalmente esclarecido se essas espiroquetas são uma variante geneticamente similar da B.

burgdorferi sensu stricto, a qual pertence ao complexo B. burgdorferi sensu lato, ou se estamos

frente à uma nova espécie de Borrelia ainda não identificada. Até o momento, estas

espiroquetas, nunca foram isoladas nos fluidos biológicos ou em tecidos de pacientes

diagnosticados com a SBY no Brasil (Mantovani et al., 2012).

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2

Animais silvestres e domésticos parecem estar envolvidos no ciclo epidemiológico da

SBY, o qual ainda não foi totalmente elucidado. Os equinos são apontados como importantes

hospedeiros no ciclo desta enfermidade, uma vez que, estudos sorológicos têm demonstrado

que anticorpos anti-Borrelia spp. circulam entre equinos em diferentes regiões do país e é

possível que os equinos, além de sentinelas e carreadores de carrapatos transmissores de

Borrelia spp., possam estar funcionando como hospedeiros reservatórios, ou seja, animais

assintomáticos (Campos et al., 2015).

Nos últimos anos, vários estudos soroepidemiológicos da borreliose têm sido realizados

em animais domésticos e silvestres no Brasil, incluindo alguns relatos de casos da SBY em

humanos. No entanto, até o momento não se encontram na literatura pesquisas desta

enfermidade em equinos no estado de Mato Grosso, sendo assim, objetivou-se com esse estudo

realizar levantamento epidemiológico de Borrelia spp. em equinos no município de Sinop,

estado de Mato Grosso. Tendo como objetivos específicos, determinar a prevalência de

anticorpos anti-Borrelia burgdorferi na população de equinos estudada, bem como, realizar

análise descritiva das informações julgadas pertinentes a ocorrência da Borreliose, encontradas

nas propriedades e nos animais avaliados.

O produto final deste estudo será apresentado no Capítulo 1 sob forma de artigo

científico, ainda não traduzido, de acordo com as normas do periódico Tropical Animal Health

and Production, ISSN: 0049-4747.

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3

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Contexto Histórico

O primeiro relato sobre os sintomas da DL foi descrito por Buchwald (1883) na

Alemanha, onde relatou em humanos uma atrofia difusa de pele de caráter idiopático. Em 1902,

a doença foi denominada de Acrodermite Atrófica Crônica (Herxheimer & Hartmann, 1902).

Posteriormente Afzelius (1910) descreveu a relação entre essa lesão e a picada do carrapato

Ixodes ricinus, referindo-a como eritema migratório (EM).

No entanto, somente em 1975 que a doença foi caracterizada e nomeada pelo médico

Allen C. Steere, nos EUA, após uma epidemia de artrite oligoarticular juvenil associada ao EM

na comunidade de Lyme (Connecticut - EUA). A enfermidade caracterizada como

multissistêmica de agente desconhecido foi denominada então de artrite de Lyme ou doença de

Lyme (Steere et al., 1977). Em 1982, Burgdorfer e colaboradores isolaram bactérias em

carrapatos da espécie Ixodes scapularis e associaram o parasita a ocorrência da enfermidade.

Após o seu isolamento, a bactéria foi denominada de Borrelia burgdorferi (Johnson et al.,

1984).

No Brasil, o primeiro relato de sintomatologia cutânea relacionada a picada de

carrapatos foi descrito por Talhari et al. (1987) em três pacientes que apresentavam EM, no

estado do Amazonas. Em seguida, novos casos foram relatos no estado do Rio de Janeiro por

Filgueira et al. (1989), os quais observaram lesões de pele em humanos. Entretanto, apenas em

1992 foram confirmados os primeiros casos da enfermidade no país, após análise sorológica de

dois irmãos que apresentavam febre, EM e artrite, associado ao histórico de picada de carrapato

em uma região da mata Atlântica na cidade de Itapevi, no Estado de São Paulo. A sorologia foi

realizada através do Ensaio de Imunoadsorção Enzimática (ELISA) indireto e confirmada com

o Western blotting (WB), sendo positiva para B. burgdorferi em ambos os testes (Yoshinari et

al., 1992).

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No que se refere aos animais domésticos, os estudos iniciaram-se no estado do Rio de

Janeiro, com o relato da ocorrência de anticorpos anti-B. burgdorferi sensu lato em bovinos e

a detecção de antígenos circulantes em cães (Fonseca et al., 1994). No ano seguinte foram

observadas espiroquetas com características morfológicas de Borrelia spp. em sangue

periférico de marsupiais (Fonseca et al. 1995). Ainda em 1995, na região de Cotia-São Paulo

onde casos haviam sido descritos em humanos, Joppert relatou soroprevalência de 9,7% de B.

burgdorferi em cães. E em 2002, no estado do Rio de Janeiro, Salles et al. (2002), padronizaram

o ensaio ELISA indireto para a pesquisa de anticorpos anti-B. burgdorferi em equinos,

encontrando uma soroprevalência de 9,8% após levantamento sorológico.

O gênero Borrelia

Os microrganismos do gênero Borrelia são bactérias pertencentes à Família

Spirochaetaceae da ordem Spirochaetales. São classificadas como bactérias Gram-negativas,

microaerófilas e móveis. Possuem formato helicoidal que pode variar de 3 a 10 espiras e se

reproduzem por fissão binária transversal (Barbour & Hayes, 1986). Suas dimensões variam de

10 a 30μm de comprimento e 0,2 a 0,3μm de diâmetro, possuem ainda 7 a 14 flagelos em cada

extremidade, o que confere mobilidade a essas espiroquetas (Krupka et al., 2007). Crescem

melhor a 33º C, em meio de cultura Barbour-Stoenner-Kelly (BSK) (Salles, 2001).

Existe pelo menos nove enfermidades distintas que possuem como agente etiológico

espiroquetas do gênero Borrelia, entre estas estão: (1) Febre recorrente epidêmica humana,

causada pela B. recurrentis; (2) Febre recorrente endêmica, causada por mais de 20 espécies do

gênero Borrelia, denominadas até recentemente, de acordo com o carrapato vetor; (3)

Borreliose aviária ou espiroquetose aviária, determinada pela B. anserina; (4) Aborto

epizoótico bovino, causado pela B. coriaceae; (5) Borreliose bovina, a qual pode acometer

também ovinos e equinos, ocasionada pela B. theileri; (6) Enfermidade ainda não nominada

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5

que determina sinais inespecíficos e febre, causada pela B. miyamotoi, pertencente até o

momento ao grupo da Febre recorrente; (7) Doença de Masters ou STARI (Southern Tick

Associated Rash Illness), enfermidade semelhante a DL, na ausência de sintomatologia

sistêmica, determinada pela B. lonestari; (8) DL, causada pelas borrelias pertencentes ao

complexo B. burgdorferi sensu lato; (9) SBY, causada por espiroquetas do gênero Borrelia

ainda não totalmente descritas (Soares et al., 2000; Sinski et al., 2016; Varela et al., 2004;

Mantovani et al., 2012) (Tabela 1).

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Tabela 1. Grupos das borrelioses com as respectivas espécie(s) de Borrelia envolvida(s), os

vetor(es), hospedeiro(s) e a distribuição mundial.

* São reconhecidas cerca de 25 espécies do gênero Borrelia, ainda nominadas de acordo com a espécie do carrapato

do gênero Ornithodoros transmissor.

** Espiroquetas nunca isoladas no Brasil, ainda não caracterizadas totalmente.

Fonte: Adaptado de Fonseca et al. (2005).

O complexo B. burgdorferi sensu lato é composto até o momento, por 19 genoespécies

de Borrelia spp. conhecidas (Mannelli et al., 2011), sendo que destas, apenas oito são

consideradas realmente patogênicas para o homem: B. burgdorferi sensu stricto, B. garinii, B.

afzelii, B. lusitaniae, B. valaisiana, B. bissetti, B. spielmanii e B. bavariensis. Nos EUA a B.

burgdorferi sensu stricto é o principal agente etiológico da DL, enquanto que na Europa, todas

as genoespécies consideradas patogênicas para o homem são encontradas, além de outras

Doença Borrelia spp. Vetor Hospedeiros Distribuição

Grupo Febre recurrente:

Febre recurrente

epidêmica B. recurrentis

Pediculus

humanus Homem Cosmopolita

Febre recurrente

endêmica Borrelia spp.* Ornithodorus spp.

Homem e

roedores Cosmopolita

Borreliose aviária B. anserina Argas spp. Aves Cosmopolita

Aborto epizoótico

bovino B. coriaceae

Ornithodorus

coriaceus

Bovinos e

cervídeos

América do

Norte

Borreliose bovina B. theileri R. (Boophilus)

microplus

Bovinos, ovinos e

equinos Cosmopolita

“Febre inespecífica”

B. miyamotoi

Ixodes spp.

Homem e animais

silvestres

América do

Norte, Europa

e Ásia

Doença de Masters B. lonestari Amblyomma

americanum

Homem, animais

silvestres e

domésticos

Sul dos EUA

Grupo Doença de Lyme:

Borreliose de Lyme B. burgdorferi Ixodes spp.

Homem, animais

silvestres e

domésticos

América do

Norte, Europa

B. garinii Ixodes spp.

Homem, animais

silvestres e

domésticos

Europa e Ásia

B. afzelii Ixodes spp.

Homem, animais

silvestres e

domésticos

Europa e Ásia

Borrelia spp.

Ixodes spp.

Homem, animais

silvestres e

domésticos

América do

Norte, Europa,

Ásia e Norte

da África

Síndrome Baggio-

Yoshinari Borrelia sp.**

Amblyomma sp.

Rhipicephalus sp.

Homem, animais

silvestres e

domésticos

Brasil

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espécies de Borrelia. Na Ásia, assim como na Europa encontra-se elevada heterogeneidade de

estirpes de Borrelia spp., entretanto na maioria das regiões asiáticas B. burgdorferi sensu stricto

é raramente detectada sendo B. afzelii e B. garinii, apontadas como as principais espécies

envolvidas nos casos da doença que ocorrem neste continente (Franke et al., 2013).

Existe ainda um sistema de sorotipagem das espiroquetas pertencentes ao complexo B.

burgdorferi sensu lato, esta sorotipagem é baseada na reatividade entre anticorpos monoclonais

e as lipoproteínas de superfície OspA (outer surface protein A) e pode ser dividida em oito

sorotipos diferentes. O sorotipo 1 corresponde B. burgdorferi sensu stricto, o sorotipo 2 B.

afzelii e os sorotipos 3 a 8, B. garinii (Stanek & Reiter, 2011).

Mais recentemente nos EUA, uma nova espécie de Borrelia foi identificada. Após

análises moleculares e estudos filogenéticos a nova espécie denominada Candidatus Borrelia

mayonii foi incluída no complexo B. burgdorferi sensu lato e é responsável por determinar

casos da DL cursando com alta espiroquetemia, o que não é comumente observado em

infecções clássicas de B. burgdorferi sensu stricto (Pritt et al., 2016).

No Brasil, estruturas semelhantes à espiroquetas foram visualizadas em amostras de

sangue periférico de pacientes diagnosticados com a SBY. Essas estruturas, quando analisadas

à microscopia eletrônica, demonstraram formações parecidas com bacteroides longos não

flagelados, cistos e corpos densos. Sugeriu-se, então que essas estruturas seriam variações

morfológicas de espiroquetas patogênicas adaptadas a sobreviver em hospedeiros vertebrados

e invertebrados no Brasil. Diante disto, o agente da SBY foi inicialmente descrito como

espiroquetas de morfologia incompleta e latente, não espiraladas, que se assemelham a

Mycoplasma spp., Chlamydia spp. e bacteroides (Mantovani et al., 2007).

Posteriormente, a hipótese da participação dos microrganismos latentes Mycoplasma

spp. e Chlamydia spp. na etiologia da SBY foi descartada e através de análises sorológicas,

moleculares e microscópicas a participação de espiroquetas do complexo B. burgdorferi sensu

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lato como agente etiológico da SBY foi confirmada. Foi sugerido que a SBY seja causada por

espiroquetas na morfologia atípica, de vida intracelular, o que justificaria a longa persistência

do microrganismo no homem e explicaria os episódios de recorrência clínica (Mantovani,

2010).

Até o momento, essas espiroqueta são incultiváveis em meios aeróbicos e anaeróbicos,

incluindo o meio BSK adequado para crescimento de borrelias. Tem crescimento lento e

momentâneo em meio conhecido como SP4, ideal para desenvolvimento de Mollicutes do

gênero Spiroplasma, que são bactérias dotadas de movimento, sem parede e com membrana

celular rica em colesterol (Yoshinari et al., 2010). São ainda fracamente coradas por Giemsa ou

laranja de acridina e são capazes de invadir células endoteliais in vitro (Shinjo et al., 2009).

Contudo, ainda está por ser definido se o agente etiológico da SBY é uma variação genotípica

da B. burgdorferi sensu stricto ou se é uma nova espécie de Borrelia sp. ainda não identificada,

pois até o momento, estas espiroquetas nunca foram isoladas no Brasil (Mantovani et al., 2012).

Aspectos Epidemiológicos

A SBY possui distribuição até o momento restrita ao território brasileiro (Mantovani,

2010) embora haja relatos de Borreliose em outros países da América do Sul, como Argentina

(Stanchi & Balague, 1993) Colômbia (Miranda et al., 2009) e Uruguai (Barbieri et al., 2013).

Segundo Ministério da Saúde é caracterizada como agravo inusitado, sendo, portanto, de

notificação compulsória e investigação obrigatória (Brasil, 2010). Acredita-se que espécies de

animais silvestres e animais domésticos estejam envolvidos no ciclo epidemiológico desta

enfermidade, além dos hospedeiros acidentais humanos e os carrapatos transmissores

(Yoshinari et al., 2010).

Estudos realizados a campo em áreas de ocorrência da SBY confirmaram a presença de

roedores silvestres e marsupiais, que em muitas vezes estavam contaminados com

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espiroquetídeos que possuíam as mesmas características daqueles encontrados em carrapatos e

pacientes diagnosticados com a SBY, diante disto, esses animais silvestres foram apontados

como potenciais reservatórios do agente no Brasil (Costa et al., 2002). Já foi observado também,

a importante relação de pacientes com o desenvolvimento de sintomas clínicos da SBY após

contato com animais domésticos como equinos, cães e bovinos (Yoshinari et al., 2010).

Estudos como os de Corradi et al. (2006), Mantovani (2010) e Montandon et al. (2014)

reforçam a hipótese da participação de animais silvestres e domésticos no ciclo biológico da

SBY. No primeiro estudo foi detectado 6,4% de soropositividade para B. burgdorferi em grupo

de indivíduos que trabalhavam com animais silvestres, composto por veterinários, biólogos e

tratadores oriundos de duas instituições do município de São Paulo. Já na segunda pesquisa foi

identificada através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) a B. burgdorferi em

amostras de sangue total de bovinos e equinos, as quais apresentaram homologia de 99% com

o gene da proteína do gancho flagelar da B. burgdorferi (flgE). E no terceiro estudo, realizado

em áreas endêmicas do estado de Minas Gerais, foi confirmada pelo teste ELISA indireto a

soropositividade para B. burgdorferi em vertebrados domésticos, cães e equinos, e animais

silvestres, marsupiais e roedores.

A transmissão das bactérias do gênero Borrelia ocorre principalmente através de

vetores artrópodes. Os vetores responsáveis pela transmissão da SBY ainda não estão bem

estabelecidos, porém sabe-se que são carrapatos não pertencentes ao complexo Ixodes ricinus,

pois não foram identificados carrapatos do complexo Ixodes ricinus (I. scapularis, I. pacificus,

I. persulcatus e I. ricinus) hematófago para o homem nas áreas de risco para a SBY. Os

carrapatos do gênero Amblyomma e Rhipicephalus são apontados como os potenciais vetores

da enfermidade, entretanto acredita-se que o Amblyomma cajennense é o principal transmissor

de borreliose a humanos e animais no Brasil (Yoshinari et al., 2010).

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A possibilidade da participação dos carrapatos do gênero Rhipicephalus como vetores

da SBY não deve ser descartada, pois já se observou a coexistência de anticorpos para B.

burgdorferi e Babesia bovis em pacientes diagnosticados com a SBY, sendo que a espécie R.

(Boophilus) microplus é a responsável pela transmissão da babesiose em bovinos (Yoshinari et

al., 2003). Além disso, Borrelia spp. vem sendo identificada em carrapatos da espécie R.

(Boophilus) microplus pela técnica PCR, sendo que o sequenciamento revelou 100% de

identidade para o gene 16S rRNA com sequências de B. burgdorferi (Madureira, 2007).

Mantovani (2010) utilizou novos “primers” amplificadores do principal gene envolvido na

síntese do gancho flagelar da B. burgdorferi, o chamando flgE, apresentando homologia de 99%

em isolados provenientes de carrapatos da espécie R. sanguineus e R. (Boophilus) microplus.

Entretanto, ao compararmos as características biológicas de cada uma destas espécies

de carrapatos, A. cajennense, R. (Boophilus) microplus e R. sanguineus, apontadas como

potenciais vetores da SBY, sugere-se que a veiculação das espiroquetas entre animais e

humanos seria mais facilitada através do A. cajennense, pois além de se tratar de um carrapato

trioxeno ou seja, necessitam de três hospedeiros para completarem seu ciclo de vida, é também

a espécie entre as três citadas, mais inespecífica. A espécie R. sanguineus também é um

carrapato trioxeno. Porém, esta é mais especifica quando comparado ao A. cajennense,

normalmente estes carrapatos completam seu ciclo de vida apenas em cães. Já o R. (Boophilus)

microplus diferente das outras duas espécies de carrapatos citadas, trata-se de um carrapato

monoxeno, parasitando normalmente bovinos.

Nava et al. (2014) ao realizarem estudo sobre o A. cajennense, constataram que essa

espécie de carrapato é na verdade um complexo de seis espécies distribuídas ao longo das

Américas, sendo que destas seis, duas estão presentes no Brasil, sendo elas o A. cajennense e o

A. sculptum. Os autores ressalvam ainda que o A. sculptum é a espécie de maior distribuição

entre os estados brasileiros, englobando os estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de

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Janeiro, São Paulo, Paraná, Pernambuco, Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás

enquanto que o A. cajennense somente é encontrado na região Amazônica da América do Sul,

estando restrito aos estados do Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Amapá.

Os carrapatos de gênero Amblyomma são classificados como trioxenos (Rodrigues et

al., 2015). Os equinos, capivaras e antas são considerados os principais hospedeiros para todos

os estágios parasitários dessa espécie de carrapato. Porém, devido à baixa especificidade

parasitária, especialmente nas fases imaturas, outras espécies de animais também podem servir

como hospedeiros, inclusive os seres humanos (Labruna et al., 2001).

Estes ectoparasitas apresentam apenas uma geração por ano, isso ocorre devido a

chamada diapausa comportamental das larvas, momento em que, estas permanecem inativas até

que fatores climáticos, como o fotoperíodo, exibem condições favoráveis para estas começarem

a busca por hospedeiros (Labruna et al., 2003). Esses carrapatos sofrem portanto influência

direta da sazonalidade, sendo que, as fases imaturas ocorrem nos períodos de outono e inverno,

enquanto que os adultos ocorrem com maior frequência na primavera e verão (Guedes & Leite,

2008). O ciclo de vida dos carrapatos do gênero Amblyomma está demonstrado

esquematicamente na figura 1.

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Figura 1. Ciclo biológico do Amblyomma cajennense e Amblyomma sculptum

(Rodrigues et al., 2015).

O mecanismos de transmissão do agente etiológico da SBY ainda não está totalmente

descrito, porém a literatura traz informações importantes sobre a transmissão de Borrelia spp.

a partir de carrapatos ixodídeos, conhecidos como carrapatos duros, à exemplo Amblyomma

spp. e Ixodes spp. De acordo com Butler et al. (2005), os humanos e animais adquirem a

infecção por meio do repasto sanguíneo de larvas ou ninfas de carrapatos, sendo que o DNA de

B. burgdorferi sensu lato é mais frequentemente encontrado nos carrapatos fêmeas. Estas

espiroquetas podem ser transmitidas entre os carrapatos pela forma transestadial (nos diferentes

estágios de desenvolvimento), transovariana (fêmeas para sua prole) e ainda, através do

mecanismo de co-alimentação, ao estarem aderidos ao mesmo hospedeiro. Uma vez que o

carrapato está aderido ao hospedeiro e ingurgitado, as espiroquetas migram através do

mesentério e hemocele atingindo as glândulas salivares cerca de 18 horas após o início da

adesão.

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Com relação a via transovárica, a percentagem de espiroquetas transmitidas da fêmea

aos ovos é muito baixa, podendo o número de bactérias diminuir ou mesmo desaparecer quando

ocorrer a muda dos ovos em larvas. Devido a este fator, as larvas parecem não ser vetores

importantes de borrelias (Stanek et al., 2012). Neste contexto as ninfas são apontadas como as

principais transmissoras de borrelias, uma vez que, pelo tamanho diminuto, nem sempre são

percebidos (Hamer et al., 2010).

Um fator relevante quanto a eficiência de transmissão destas bactérias é o tempo de

fixação do carrapato no hospedeiro, sendo que para os ixodídeos são necessárias pelo menos

48 horas para uma transmissão eficiente via saliva (Piesman et al., 1987). Entretanto, vários

autores têm verificado que o período necessário de fixação dos carrapatos ao hospedeiro para

uma eficiente transmissão é dependente da genoespécie de Borrelia e do próprio vetor (Stanek

et al., 2012).

Além da transmissão dessas espiroquetas via carrapatos, alguns autores relataram outras

possíveis vias de transmissão, como pela transfusão sanguínea ou transplante de tecido em

roedores, humanos e cães (Dorward et al., 1991), pela via congênita em cães (Gustafson et al.,

1993), via infecção oral, dípteros hematófagos e via transplacentária em bovinos (Burgess,

1988), e transmissão por vias de contato em equinos (Manion et al., 1998). No entanto essas

formas de transmissão não são consideradas relevantes na casuística da doença.

Nos últimos anos, vários estudos soroepidemiológicos da borreliose tem sido realizados

em animais domésticos e silvestres no Brasil, incluindo alguns relatos de casos da SBY em

humanos. Pesquisas já foram publicadas em diferentes estados brasileiros como, Rio Grande

do Sul (Campos et al., 2015), Paraná (Nascimento et al., 2016; Gonçalves et al., 2015), São

Paulo (Shinjo et al., 2009; Brooks et al., 2012), Rio de Janeiro (Madureira et al., 2007; Cordeiro

et al., 2012; Corrêa, 2011; Silva et al., 2013; Prado et al., 2014), Minas Gerais (Montandon et

al., 2014), Mato Grosso do Sul (Naka et al., 2008; Rezende et al., 2016), Mato grosso (Soares,

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2013), Pará (Rodrigues et al., 2007; Galo et al., 2009) e Amazonas (Santos et al., 2010; Santos

et al., 2011). Segundo Ministério da Saúde, casos isolados já foram relatados também nos

estados de Santa Catarina e Rio Grande do Norte (Brasil, 2010).

Com relação as pesquisas da borreliose em equinos realizados no Brasil, estudos já

foram realizados em alguns estados, demostrando que sua frequência de ocorrência é bastante

relevante. O primeiro trabalho publicado foi realizado no estado do Rio de Janeiro, onde Salles

et al. (2002), padronizaram a técnica de ELISA indireto para equinos e realizaram levantamento

sorológico, encontrando uma prevalência de 9,8% de equinos soropositivos para B. burgdorferi.

Posteriormente, também no estado do Rio de Janeiro, Madureira et al. (2007), relataram um

total de 28,4% de equinos reagentes positivos ao ELISA indireto, com anticorpos da classe IgG

anti-B. burgdorferi. No estado do Pará, Madureira et al. (2009) encontraram 7,2% de frequência

de equinos soropositivos para B. burgdorferi. Neste estudo foi realizado também, análise

morfométrica e genotípica de B. theileri isolado de equino, sendo a primeira descrição

genotípica de isolado brasileiro de B. theileri, a qual causa a borreliose bovina mas pode

cometer também equinos. Galo et al. (2009), também no estado do Pará, verificaram 26,7% de

equinos positivos para B. burgdorferi pelo ELISA indireto.

Já em 2010, Mantovani ao realizar estudo para a identificação do agente etiológico da

SBY, encontrou pela técnica PCR (1/26) equino positivo para o gene da proteína do gancho

flagelar da B. burgdorferi (flgE), este animal era proveniente da UFRRJ. Em seguida no estado

do Paraná, foi relatado soroprevalência de 38,9% de anticorpos anti-B. burgdorferi em equinos

de um assentamento rural da região norte do estado (Nascimento et al., 2016). Anticorpos anti-

B. burgdorferi foram também detectados em 9,68% dos equinos avaliados em áreas endêmicas

do estado de Minas Gerais (Montandon et al., 2014). Já em equinos de uso militar do município

de Resende-RJ, foi verificado soroprevalência de 29,89% (Prado et al., 2014). Soroprevalência

diferentes desta, sendo de 44,66%, foi encontrada também em equinos de uso militar, porém no

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estado do Rio Grande do Sul, município de São Borja (Campos et al., 2015). Vale ressalvar que

os equinos avaliados neste estudo apresentavam diferentes níveis de infestação pelo carrapato

R. (Boophilus) microplus. E por fim, em 2016, foi obtido média de 21% de soroprevalência

para B. burgdorferi em equinos provenientes do estado de São Paulo, especificamente das

cidades com casos suspeitos da SBY (Basile, 2016).

Patogenia

No que se refere a patogenia da SBY, o período de incubação é em média de 10 dias,

mas pode variar de três dias a semanas (Costa et al., 2001). Sabe-se que as espiroquetas do

complexo B. burgdorferi sensu lato possuem atividades de estimulação celular e imunológicas

próprias, as chamadas lipoproteínas de superfície exterior (outer surface lipoproteins - Osp’s).

A OspA e OspB estimulam os linfócitos B e a produção de citocinas pelos macrófagos e células

endoteliais (Ma e Weiss, 1993), resultando na penetração das espiroquetas através do endotélio

vascular. Os neutrófilos também são ativados pelas lipoproteínas OspA de maneira similar à

ativação realizada pelo LPS (lipopolissacarídeo de bactérias gram-negativas) (Basile et al.,

2013). Entretanto, Chang et al., (2000) afirmam que B. burgdorferi é capaz de se evadir do

sistema imunológico dos hospedeiros vertebrados, podendo estabelecer infecções crônicas, pois

conseguem residir em alguns tecidos específicos como a pele, fáscias, tecido perineural e

membranas sinoviais por longos períodos de tempo.

As espiroquetas encontradas em pacientes com a SBY são consideradas estruturalmente

modificadas, possivelmente em razão da deleção ou repressão gênica, expressam menos

lipoproteínas da membrana externa (Osps) e flagelos periplásmicos, o que as confere resistência

à ação de anticorpos e antibióticos, além de estimularem menor reposta imunológica por parte

do hospedeiro. Portanto, ao invadirem células como as endoteliais, estas espiroquetas latentes

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defendem-se melhor das agressões externas e são capazes de causar sintomas clínicos

recorrentes (Yoshinari et al., 2010).

Aspectos clínicos em equinos

As características clínicas da borreliose nos equinos são vagamente descritas na

literatura nacional, o que se tem feito é extrapolar as informações de manifestações clínicas da

DL em equinos nos EUA e outros países. Em estudo recente, Basile (2016) descreve resultados

significativos com relação aos sinais da SBY nos equinos. Inicialmente a autora realizou

levantamento epidemiológico da enfermidade nos equinos, obtendo prevalência de 21% de

soropositividade no estado e obteve informações importantes como a relação entre a

soropositividade e a presença de carrapatos da espécie A. sculptum, presença de capivaras na

propriedade, linfopenia, abortamento e retenção de placenta nas propriedades visitadas. Em

seguida, em uma segunda fase do estudo, dois equinos adultos foram infectados

experimentalmente com B. burgdorferi cepa G39/40 e avaliados durante 90 dias de infecção. A

autora constatou que os animais apresentaram sinais clínicos e alterações hematológicas

inespecíficas somente nos primeiros 11 dias de infecção, foi observado a presença de anemia

normocítica hipocrômica discreta, dores musculares, palidez de mucosas, letargia e aumento de

linfonodos, sinais que podem facilmente ser confundidos com a piroplasmose crônica, causada

pelos protozoários Babesia caballi e Babesia equi.

Com relação aos sintomas da DL em equinos nos EUA, Magnarelli et al. (2000)

descreve que na maioria dos casos, os equinos são assintomáticos, sendo que apenas 5% a 10%

dos animais apresentam sinais clínicos, os quais podem ser mal-estar, febre, rigidez, inchaço

das articulações, laminite e em alguns casos envolvimento ocular como uveíte, problemas

cardíacos e encefalite. Segundo os autores uma possível explicação para este leque de

manifestações clínicas da DL nos equinos é a alta probabilidade de infecções mistas com outros

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patógenos, como o Anaplasma phagocytophilum. Em áreas endêmicas para a DL nos EUA,

equinos soropositivos para B. burgdorferi foram observados apresentando ainda

hipersensibilidade da pele com perda de pelo e descamação nas áreas onde previamente havia

carrapato fixado (Magnarelli et al., 1988). Assim como, dermatite nos membros, edema

transitório das patas e poliartrites já foram relatados (Cohen et al., 1988).

Diagnóstico

Para que o diagnóstico da borreliose seja confiável é imprescindível, que além de se

utilizar exames complementares padronizados e de eficácia comprovada, realiza-se também,

uma anamnese completa do paciente em questão. Deve-se levar em consideração todo o

histórico envolvendo o caso clínico, os fatores epidemiológicos, a sintomatologia clínica e

posteriormente a análise laboratorial positiva (Madureira, 2004).

Segundo Corrêa, (2007) o diagnóstico clínico da borreliose em animais domésticos é

difícil, uma vez que, estes animais quando sintomáticos à enfermidade, apresentam sinais

inespecíficos. Assim como em humanos a dificuldade no diagnóstico clínico da SBY também

é relatada, especialmente na fase latente da doença (Mantovani et al., 2007).

Um método direto de diagnóstico da borreliose é o isolamento de Borrelia spp., o qual

pode ser realizado em meios como o BSK, a partir de saliva, hemolinfa, tecidos de carrapatos;

além de soro, fluidos corporais e tecidos de humanos e animais, obtendo-se crescimento da

espiroqueta à temperatura de 33ºC em aproximadamente sete dias (Dickinson & Battle, 2000).

Porém existem limitações a serem considerados, uma vez que, nem todas as espécies de

Borrelia são de fácil cultivo ou ainda não são cultiváveis (Oliveira et al., 2004). A visualização

destas espiroquetas pode ser realizada em microscopia de campo escuro, de contraste de fase

ou em tecidos corados pela prata (Quinn et al., 1994). Outro método de diagnóstico e

visualização destas espiroquetas é por meio de esfregaços sanguíneos periféricos,

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preferencialmente corados pelo Giemsa ou pelo método de Fontana. No entanto, é necessário

que o indivíduo e/ou animal apresente uma alta espiroquetemia no momento da execução da

técnica, o que não ocorre normalmente na maioria das vezes (Matton & Melckebeke 1990).

No Brasil, até o momento não foi isolado bactérias do complexo B. burgdorferi sensu

lato nos fluidos biológicos e em tecidos de animais e humanos diagnosticados com a SBY,

mesmo quando utilizando meios de cultivo próprios para este microrganismo (BSK) (Yoshinari

et al., 2010). Diante disto, pesquisas recentes buscam outras formas de cultivo, isolamento e

identificação de Borrelia spp. no país. Nestes contexto o cultivo in vitro de B. burgdorferi com

linhagens celulares de carrapatos pode ser útil no esclarecimento de aspectos relativos a

biologia desta bactéria dentro do vetor, demonstrando-se como ferramenta auxiliar para uma

melhor compreensão da espiroqueta encontrada em nosso país (Teixeira, 2014).

As análises laboratoriais para a detecção da borreliose são baseadas principalmente em

técnicas imunológicas (Magnarelli et al., 2004). No Brasil as técnicas sorológicas têm sido

amplamente utilizadas para pesquisa de anticorpos anti-IgG e anti-IgM tanto em humanos

quanto em animais, nas áreas de risco ou enzoótica para borrelioses, servindo como suporte na

confirmação de casos clínicos e para definir o perfil epidemiológico dessa enfermidade no país

(Yoshinari et al., 2003). O ensaio ELISA indireto é o método mais utilizado para fins de

diagnóstico e levantamento epidemiológico, em todas as regiões onde a borreliose é descrita,

sendo considerado a principal ferramenta para diagnóstico desta enfermidade (Steere, 1989).

No Brasil o ELISA indireto para detecção de IgG anti-B. burgdorferi já foi padronizado

para humanos (Costa, 1998; Barros, 2000) bovinos (Ishikawa et al., 1997) cães (Soares et al.,

1999) e equinos (Salles et al., 2002) utilizando-se antígeno sonicado total de B. burgdorferi

“stricto senso” cepa G39/40 de origem americana, uma vez que ainda não se isolou a agente no

país.

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Cada técnica de detecção de anticorpos tem vantagens e desvantagens quanto à

sensibilidade, especificidade, facilidade de padronização e custo (Magnarelli et al., 2004).

Entretanto o ELISA é o mais empregado e reconhecido método para diagnosticar eficazmente

a borreliose. Porém, devem ser estabelecidos critérios para cada laboratório, padrões de controle

adequados, com o título mínimo e linha de corte (“cutoff”) seguros. Neste contexto os “kits”

comerciais para diagnóstico devem ser evitados, devido a possibilidade de ocorrência de

reações cruzadas com outras espécies de Borrelia spp. (Magnarelli, 1989).

Diferentes tipos de antígenos podem ser utilizados na pesquisa de anticorpos anti-

Borrelia spp., além do extrato de célula total sonicado da B. burgdorferi já mencionado, como

as proteínas recombinantes (Magnarelli et al., 2010) os peptídeos (Craft et al., 1986) e até

mesmo as espiroquetas íntegras, porém estas demonstraram resultados inferiores, quando

comparado aos outros tipos de antígenos citados (Bennett, 1995). Várias proteínas de superfície

de B. burgdorferi foram avaliadas para atuarem como antígeno em testes sorológicos, entretanto

esta espiroqueta produz distintas proteínas externas de membrana durante a infecção em

mamíferos (Stevenson et al., 2002). Esta alteração na expressão da superfície antigênica da B.

burgdorferi é modulada em resposta ao ataque imune do hospedeiro (Liang et al., 2004) e

devido essas variações antigênicas que ocorre nas espécies de Borrelia a identificação

sorológica em nível de espécie pode ser comprometida (Hadani et al., 1985).

Reações cruzadas entre anticorpos contra B. burgdorferi e Leptospira spp. já foram

registradas em pesquisas soroepidemiológicas envolvendo animais, porém não foi demonstrado

relação significativa (Wells et al. 1993). Reações cruzadas entre B. burgdorferi e Treponema

spp. também já foram observadas em humanos e animais (Magnarelli et al., 1990), entretanto,

posteriormente, foi reportado que reações cruzadas entre estes agentes não são significativas

(Magnarelli & Anderson, 1998). Em um estudo realizado com bovinos, foi verificado reação

cruzada entre as espécies B. burgdorferi, B. theileri e B. coriaceae, ao utilizarem a reação de

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imunofluorescência indireta (RIFI) como método para o diagnóstico. Diante disto, foi

constatado que nas regiões onde ocorre a coexistência dessas espiroquetas os estudos

soroepidemiológicos podem ser comprometidos. Os autores avaliaram ainda o teste ELISA, o

qual foi sugerido como a técnica de eleição para estudos epidemiológicos, pois não observaram

reações cruzadas entre esses três agentes (Rogers et al., 1999).

No Brasil reações cruzadas entre B. burgdorferi e B. theileri não podem ser descartadas,

pois a B. theileri é uma espécie que acomete comumente bovinos e equinos, tendo como vetor

o carrapato R. (Boophilus) microplus (Madureira, 2004).

Outras técnicas sorológicas como a RIFI e o WB também podem ser utilizadas para a

realização do diagnóstico de borrelioses (Magnarelli et al., 2004). A RIFI é uma técnica de

utilização restrita, pois trata-se de uma prova subjetiva, poder ser usada para triagem ou

ocasionalmente, quando as informações clínicas e epidemiológicas fortalecem o diagnóstico

(Bennett, 1995). A maioria das pesquisa envolvendo métodos diagnóstico para borrelioses,

relatam a superioridade do ELISA indireto, com relação a sensibilidade, especificidade e

operacionalidade quando comparado a RIFI (Golightly, 1993). Já o WB por sua vez, tem sido

empregado posteriormente ao ELISA como teste confirmatório (Soares et al., 2000). O

problema deste teste é sua operacionalidade, pois é uma técnica demorada e de custo elevado

também (Corrêa, 2011).

Segundo Mantovani (2010), embora testes como o ELISA e WB sejam úteis do ponto

de vista prático para método diagnóstico, estes devem ser interpretados com muita cautela,

devido a possível ocorrência de falsos negativos e positivos. Yoshinari et al. (2010), afirmam

ainda, que deve-se levar em consideração que os títulos dos ensaios no país são baixos e

flutuantes e que a interpretação dos resultados de sorologias realizadas com metodologias

adaptadas ao nosso meio é diferente das realizadas nos EUA e Europa e Ásia.

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Diante dos possíveis gargalos do diagnóstico sorológico da B. burgdorferi e pelo fato

desta espiroqueta nunca ter sido isolado no Brasil, os ensaios biomoleculares como a PCR

tornaram-se ferramentas promissoras para a pesquisa da B. burgdorferi no país. A PCR é a

mais precisa das técnicas e garante resultado específico através da amplificação do DNA do

agente causal, podendo ser empregada em fluidos e tecidos de humanos e de animais, e em

fragmentos de carrapatos (Lienbling et al., 1993). No entanto, nos últimos anos, várias

tentativas de amplificação de genes que codificam proteínas de superfície (Osp) e flagelares de

B. burgdorferi já foram realizadas sem sucesso no Brasil, possivelmente devido as

características distintas da B. burgdorferi encontrada em nosso meio, uma vez que essa, é

considerada de morfologia atípica, sem flagelos e desprovida de inúmeros constituintes da

membrana externa. Isso explicaria também a baixa sensibilidade dos testes sorológicos para a

B. burgdorferi de origem americana realizados no país (Mantovani, 2010),

Contudo, Mantovani (2010) conseguiu pela primeira vez no Brasil, detectar positividade

na PCR, apresentando no sequenciamento, homologia de 99% com B. burgdorferi em amostras

de pacientes diagnosticados com SBY, de carrapatos, equino e bovino. Esses resultados

moleculares só foram obtidos desenhando-se novos “primers” para amplificação do principal

gene envolvido na síntese do gancho flagelar de Borrelia spp., o chamado flgE (SAL et al.,

2008). Entretanto segundo a autora, mesmo que o emprego destes “primers”, permitam a

identificação do agente etiológico da SBY, este não é procedimento laboratorial útil na rotina

diagnóstica.

Vale ressaltar que a PCR é raramente utilizada na prática clínica, pois além de ser uma

técnica onerosa, é necessário que existam borrelias circulantes ou em tecidos para a detecção

(Magnarelli, 1995), o que é difícil de se encontrar, pois normalmente a enfermidade causada

pela B. burgdorferi cursa com baixa espiroquetemia (Aguero-Rosenfeld et al., 2005).

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No que diz respeito ao diagnostico diferencial da SBY, enfermidades como a sífilis,

leishmaniose visceral, doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico, esclerodermia,

artrite reumatoide, infecções virais, rickettsioses agudas e as neuropatias crônicas, podem

cursar com sorologia falso-positiva na pesquisa da SBY (Yoshinari et al., 1999). Na presença

de alterações fisiológicas como anemia, leucopenia, elevação de transaminases ou bilirrubinas

deve-se cogitar a hipótese de coinfecções com outras zoonoses transmitidas por carrapatos

como a babesiose e a ehrlichiose. Assim como, doentes que desenvolvem torpor, confusão

mental ou coma, na presença de exantema cutâneo, devem ser diagnosticados também para

Rickettsioses, como a Febre Maculosa brasileira ou novas Rickettsioses ditas brandas

(Yoshinari et al., 2010).

Tratamento em equinos

Com relação ao tratamento da borreliose em equinos no Brasil, a literatura é escassa,

pois não são comuns os relatos de casos de equinos sintomáticos à enfermidade, o que se têm

feito é a extrapolação de informações pertinentes sobre o tratamento para a eliminação da B.

burgdorferi em equinos nos EUA e outros países. No entanto, Basile (2016) descreveu

resultados pertinentes quanto ao tratamento da borreliose em equinos no Brasil ao realizar

experimento com animais pertencentes ao estado de São Paulo. Durante a terceira fase deste

experimento, foi submetido ao tratamento com ceftriaxona sódica por via intravenosa dois

equinos adultos infectados experimentalmente com B. burgdorferi cepa americana G39/40.

Segundo a autora, já durante a primeira aplicação, os animais desenvolveram uma reação

anafilactóide de moderada à severa, com consequência de síndrome cólica para um deles e

laminite para o outro, demostrando a inviabilidade de se utilizar este fármaco para este

tratamento. Posteriormente os equinos se recuperaram e foram finalmente tratados com

oxitetraciclina.

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A oxitetraciclina é amplamente utilizada como tratamento de eleição para a eliminação

eficaz da B. burgdorferi em equinos nos EUA, como citam os autores, Chang et al., (2005) ao

relatarem que somente a oxitetraciclina promoveu resultados negativos tanto na cultura quanto

na PCR de tecidos (linfonodos, pele, fáscias musculares, membranas sinoviais, pericárdio,

meninges). A oxitetraciclina pode ser prescrita na dosagem de 5,0 mg/kg, via intravenosa, a

cada 24 h, durante quatro semanas, sendo observado elevada eficiência na eliminação da DL

em equinos (Chang et al., 2005). Outras prescrições são ainda relatadas, como o tratamento

realizado com oxitetraciclina (6,6 mg/kg, via intravenosa, a cada 12 h) durante três semanas,

mostrando-se eficaz em equinos quando comparado ao uso de doxiciclina (10 mg/kg, VO, a

cada 12 h) ou ceftiofur (2,2 mg/kg, IM, a cada 12 h) realizados em pôneis infectados

experimentalmente (Divers et al., 2003).

Medidas de controle e profilaxia

As medidas de controle e profilaxia para a SBY em humanos e a borreliose em equinos

no Brasil, baseia-se principalmente na redução do risco à picada do carrapato. No homem, o

risco à picada pode ser evitado e/ou diminuído, tomando-se as seguintes precauções:

primeiramente deve-se evitar ambientes infestados por carrapatos, como pastos e matas, no

entanto quando tal for inevitável, deve-se caminhar sempre pelo centro das trilhas e usar roupas

adequadas, com cores claras para fácil observação destes artrópodes, com mangas compridas e

calças por dentro das meias ou uso de botas altas (Stanek et al., 2012).

Segundo Ministério da Saúde, medidas como a investigação epidemiológica com

delimitação de focos e áreas de risco para a enfermidade; ações de educação em saúde sobre o

ciclo de transmissão, bem como, sobre os danos da doença; a orientação de moradores e/ou

trabalhadores de áreas infestadas de vetores para a adoção de medidas de proteção do corpo e

uso de repelentes e o tratamento dos casos suspeitos e/ou confirmados, conforme esquema de

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antibioticoterapia preconizado são extremamente importantes e devem ser adotadas para uma

eficiente prevenção e controle das infecções causadas pela Borrelia sp. encontrada em nosso

país (Brasil, 2010).

Nos equinos, o rigoroso controle ectoparasitário é medida indispensável para prevenção

da borreliose. Neste contexto, o controle estratégico é uma das principais ferramentas a serem

utilizadas para uma eficiente eliminação e/ou redução de infestações nos equinos. Esta técnica

leva em consideração a resistência parasitária frente à bases utilizadas indiscriminadamente e

os aspectos sazonais no ciclo de vida dos carrapatos. Baseia-se na aplicação de carrapaticidas

adequados, de forma sistematizada e racional, o programa deve ser colocado em prática na

época mais favorável ao produtor e menos favorável ao carrapato (Catto et al., 2010). Este tipo

de método de controle visa a redução da carga parasitária sobre os animais, a descontaminação

das pastagens e a manutenção das mesmas com baixo nível de infestação (Alves-Branco et al.,

2001).

O controle estratégico utilizado no combate aos carrapatos do gênero Amblyomma (A.

cajennense e A. sculptum) e o R. (Boophilus) microplus são completamente diferentes, devidos

as distintas características biológicas que estes apresentam. Portanto, deve-se respeitar os

intervalos utilizados para o tratamento destes carrapatos (Leite et al., 1997). Os equinos devem

ser mantidos em pastos separados dos bovinos, pois eles podem sofrer infestação mista, fato

este, que pode gerar complicações e custos adicionais no controle ectoparasitário, pois as bases

químicas e também as dosagens utilizadas podem ser distintas de acordo com a espécie do

carrapato (Rodrigues et al., 2015). Vale ressaltar ainda que, a presença de animais em pastos

“sujos”, tomados por plantas invasoras, influência de maneira negativa o controle dos

carrapatos, pois favorece o aparecimento de outros animais da fauna silvestre como pequenos

mamíferos, as quais podem atuar como hospedeiros destes ectoparasitas, em especial nas fases

imaturas e se tornarem fontes para manutenção de carrapatos no ambiente (Oliveira, 2004).

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Considerando-se as particularidades parasitárias e a dinâmica sazonal dos carrapatos A.

cajennense e A. sculptum, recomenda-se um controle estratégico realizando banhos

carrapaticidas a cada sete a dez dias durante o período correspondente à presença de larvas e

ninfas (abril a outubro). Entre os intervalos dos banhos carrapaticidas, recomenda-se ainda,

retornar esses animais na pastagem de origem, na tentativa de que esses sirvam como

“aspiradores de carrapatos”, ou seja, funcionem como armadilhas para os carrapatos e com isso

reduza a carga parasitária presente na pastagem, consequentemente, diminuindo o parasitismo

nos animais (Leite et al., 1997). Tal prática também é recomendada no controle do carrapato R.

(Boophilus) microplus (Rodrigues et al., 2005).

Sugere-se que os banhos carrapaticidas devem ser realizados a cada sete dias, de abril a

outubro, pelo menos no primeiro ano de implantação do controle estratégico, quando se tratar

de áreas com altas taxas de infestações. Nos anos seguintes, quando for verificada a redução no

número de carrapatos adultos, o controle pode abranger apenas o período de larvas (abril a

julho), facilitando o tratamento, reduzindo os custos e os riscos de contaminação ambiental

(Labruna et al., 2004). Para que os banhos carrapaticidas sejam efetivos, deve-se disponibilizar

no mínimo, quatro a cinco litros de calda carrapaticida por equino adulto, seguindo-se as

recomendações dos fabricantes. No entanto, muitas vezes isso é negligenciado pelos criadores,

os quais utilizam volumes bem inferiores aos recomendados (Labruna, 2000).

Com relação aos carrapaticidas comerciais a serem utilizados, Vieira et al. (2002)

afirmam que os produtos comerciais à base de piretróides, são os únicos indicados para o

tratamentos em equinos, sendo que, as formulações para aplicação na forma de banhos, aspersão

ou pulverização são as mais indicadas. Em contra partida, os produtos à base de amitraz, por

motivo de incompatibilidade específica, não devem ser utilizados em equinos, devido o risco

de intoxicações irreversíveis.

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Outras práticas como a rotação de pastejo e a integração lavoura-pecuária, que consiste

na retirada dos animais da pastagem por pelo menos 60 dias e tem como objetivo promover a

morte da maioria das larvas nas pastagens, podem auxiliar no controle dos carrapatos (Catto et

al., 2010).

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35

CAPÍTULO 1

Investigação epidemiológica de Borrelia burgdorferi em equinos do município de Sinop,

estado de Mato Grosso, Brasil

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Investigação epidemiológica de Borrelia burgdorferi em equinos do município de Sinop,

estado de Mato Grosso, Brasil

Suyane Nayara Garcia Socoloski1, Bruno Gomes de Castro2, Matheus Dias Cordeiro3,

Adivaldo Henrique da Fonseca3, Marcio Barizon Cepeda3, Luciano Bastos Lopes4

RESUMO

Borrelia burgdorferi sensu stricto é o principal agente etiológico da Doença de Lyme (DL) nos

Estados Unidos da América (EUA). No Brasil, acredita-se que uma variante geneticamente

similar a essa espiroqueta, seja o agente causal da Síndrome de Baggio-Yoshinari (SBY), uma

zoonose emergente brasileira, transmitida por carrapatos, que apresenta manifestações clínicas

semelhantes à DL. Os equinos são apontados como importantes hospedeiros na cadeia de

transmissão e na manutenção desta espiroqueta no país. Diante disso, objetivou-se com esse

estudo detectar a frequência de anticorpos homólogos da classe IgG anti-B. burgdorferi cepa

americana G39/40, em equinos do município de Sinop – MT, por meio de inquérito

soroepidemiológico utilizando o Ensaio de Imunoadsorção Enzimática (ELISA) indireto, como

teste diagnóstico. Para tal, foram coletadas amostra de sangue de 367 equinos, provenientes de

81 propriedades na região centro-norte de Mato Grosso. Foi aplicado também um questionário

epidemiológico durante as visitas realizadas, obtendo-se informação de identificação e

caracterização dos animais e suas respectivas propriedades. Das 367 amostras submetidas a

análise sorológica, 214 foram positivas no ELISA indireto para B. burgdorferi sensu stricto,

determinando prevalência aparente de 54,04%. Concomitantemente, dos 367 equinos avaliados,

amostras de sangue total de 89 animais foram submetidas à análise biomolecular pela nested-

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). De acordo com o teste da PCR, nenhuma das amostras

foi positiva, sendo que desses 89 animais testados, 53 eram positivos no ELISA indireto e 36

1 Programa de Pós-Graduação em Zootecnia-ICAA-UFMT; Alexandre Ferronato nº 1200 Setor Industrial, Sinop-

MT; (66) 3531-1663; [email protected].

2 Laboratório de Doenças Infecciosas-UFMT; Alexandre Ferronato nº 1200 Setor Industrial, Sinop-MT; (66) 3531-

1663; [email protected].

3 Laboratório de Doenças Parasitárias-UFRRJ; Rodovia BR 465, Km 07, s/n - Zona Rural, Seropédica-RJ; (21)

2682-1080; [email protected], [email protected], [email protected].

4 Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop-MT; Rodovia MT, nº 222, Km 2,5, Zona Rural, Sinop-MT; (66) 3211-4241;

[email protected].

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37

negativos. Das 81 propriedades analisadas, 75 (92,59%) tiveram pelo menos um equino

soropositivo para B. burgdorferi, sendo que destas, cerca de 89% apresentavam pastos

próximos à matas, o que predispõe o contato dos equinos com espécies de animais silvestres e

carrapatos. Os resultados encontrados reforçam a hipótese da presença de anticorpos anti-

Borrelia spp. em equinos no estado de Mato Grosso.

Palavras-chave: Equinocultura, Carrapato, Borreliose, ELISA, PCR.

ABSTRACT

Borrelia burgdorferi sensu stricto is the main etiologic agent of Lyme disease (LD) in the

United States of America (USA). In Brazil, a variant genetically similar to this spirochete is

believed to be the causative agent of Baggio-Yoshinari Syndrome (BYS), a Brazilian emerging

zoonosis, transmitted by ticks, that presents clinical manifestations similar to LD. Equines are

indicated as important hosts in the transmission chain and in the maintenance of this spirochete

in the country. Therefore, the aim of this study was to detect the frequency of homologous

antibodies of the class. IgG anti-B. burgdorferi American strain G39/40, in horses of the

municipality of Sinop - MT, by means of a seroepidemiological survey using the indirect

Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA) as diagnostic test. Blood samples were

collected from 367 horses from 81 properties of Mato Grosso. It was also applied an

epidemiological survey conducted during visits, obtaining identification information and

characterization of the animals and their properties. From the 367 samples submitted to

serological analysis, 214 were positive according indirect ELISA for B. burgdorferi sensu

stricto, determining an apparent prevalence of 54.04%. Concomitantly, from the 367 horses

evaluated, whole blood samples from 89 animals were submitted to biomolecular analysis by

the nested-Polymerase Chain Reaction (PCR). According to the PCR test, none of the samples

were positive in this test. Considering these 89 animals tested, 53 were positive in the indirect

ELISA and 36 negative. From the 81 analyzed properties, 75 (92.59%) had at least one B.

burgdorferi seropositive equine, of which about 89% presented pastures near the forest, which

predisposes the contact of the horses with wild animal species and ticks. The results support the

hypothesis of the presence of anti-Borrelia spp. in the state of Mato Grosso.

Key-words: Echinoculture, Tick, Borreliosis, ELISA, PCR.

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INTRODUÇÃO

Borrelia burgdorferi sensu stricto é uma espiroqueta de importância epidemiológica em

saúde pública e animal. Na América do Norte é responsável por causar a maior parte dos casos

da Doença de Lyme (DL), uma antropozoonose transmitida por carrapatos do complexo Ixodes

ricinus, frequentemente diagnosticada, nos Estados Unidos da América (EUA), na Europa e

Ásia. Essa espiroqueta, juntamente com a B. garinii, B. afzelii e mais de dez outras espécies

conhecidas, compõem o chamado complexo Borrelia burgdorferi sensu lato, agente etiológico

da DL no hemisfério norte (Franke et al. 2013).

No Brasil, uma enfermidade semelhante a DL tem sido relatada desde o fim da década

de 80 (Talhari et al. 1987). A denominada Síndrome de Baggio-Yoshinari (SBY), é definida

como zoonose emergente tipicamente brasileira, transmitida por carrapatos dos gêneros

Amblyomma e/ou Rhipicephalus, responsável pelo desenvolvimento de manifestações clínicas

semelhantes à Doença de Lyme, exceto pela ocorrência de recidivas e desordens imunológicas,

ao longo da prolongada evolução clínica (Yoshinari et al. 2010). Acredita-se até o momento,

que seu agente etiológico seja uma variante geneticamente similar de B. burgdorferi sensu

stricto ou ainda, uma nova espécie de Borrelia até então, não identificada. Essas espiroquetas,

ainda não foram isoladas nos fluidos biológicos ou em tecidos de pacientes diagnosticados com

a SBY no Brasil (Mantovani et al. 2012).

Os equinos são apontados como importantes hospedeiros no ciclo da SBY, estudos

sorológicos tem demonstrado que espiroquetas do gênero Borrelia circulam entre equinos em

diferentes regiões do país e é possível que estes animais, além de sentinelas e carreadores de

carrapatos transmissores de Borrelia spp., possam ainda, estar funcionando como hospedeiros

reservatórios, ou seja, animais assintomáticos a infecção (Campos et al. 2015). Contudo, até o

momento não existe na literatura, relato de levantamento soroepidemiológicos para B.

burgdorferi em equinos no estado de Mato Grosso, Brasil.

Diante disto, objetivou-se com este estudo, determinar a prevalência de equinos

soropositivos para anticorpos homólogos da classe IgG anti-B. burgdorferi sensu stricto cepa

americana G39/40, do município de Sinop, estado de Mato Grosso, por meio de inquérito

soroepidemiológico utilizando o Ensaio de Imunoadsorção Enzimática (ELISA) indireto como

método diagnóstico.

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39

MATERIAL E MÉTODOS

Região do estudo

Este estudo foi realizado em propriedades com presença de equinos localizadas no

município de Sinop – MT (Figura 2). De acordo com o Instituto de Defesa Agropecuária do

Estado de Mato Grosso (INDEA-MT), em 2015, o plantel de equinos registrado no município

era de 1.853 animais, distribuídos em 412 propriedades (Anexo 1).

Figura 2. Mapa esquemático de Sinop – MT.

Definição da amostra

O cálculo amostral para a estimativa da prevalência da infecção por Borrelia sp. nos

equinos foi realizado através da ferramenta online EpiTools (AusVet Animal Health Services

2016). Foi incluído neste cálculo o plantel total de 1853 equinos. Como prevalência esperada,

foi considerado o valor de 50% devido a prevalência desconhecida da B. burgdorferi em

equinos no estado. O erro máximo esperado foi de 10%. O nível de confiança definido para o

estudo foi de 95%. De acordo com os resultados do cálculo amostral, o número mínimo de

animais a serem avaliados foi de 358. Foi definido então, que propriedades que abrigassem

menos de cinco equinos, a coleta de sangue deveria ser realizada em todos equinos, enquanto

que, as propriedades que abrigassem mais de cinco equinos, a coleta seria realizada apenas em

20% destes.

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40

Elaboração do questionário zoosanitário

Foi construído um questionário epidemiológico adaptado de Madureira (2004), no

intuído de se obter informações para caracterização dos animais, bem como, de suas respectivas

propriedades (Anexo 2). Dados de identificação da propriedade e dos animais como: nome, raça

(Quarto de Milha, Mestiços e outras raças), sexo (Macho e Fêmea) idade (até 4 anos, > 4 até 15

anos e > 15 anos) e finalidade (Esporte, Serviço, Reprodução e mais de uma finalidade), além

de informações sobre o manejo sanitário, visando principalmente o controle ectoparasitário,

foram incluídos no questionário. Estes, foram aplicados através de entrevista presencial durante

a coleta de sangue dos equinos.

Coleta das amostras

A amostragem foi realizada por conveniência, sendo que 81 propriedades foram

visitadas (Figura 3). Coletou-se sangue através de venopunção jugular, independente da raça,

sexo ou idade. Para a realização do ELISA indireto foram coletadas amostras de sangue de 367

equinos em tubos sem anticoagulante, as quais posteriormente foram processadas no

Laboratório de Doenças Infecciosas da Universidade Federal de Mato Grosso (LDI-UFMT) -

Campus Sinop, através de centrifugação e os soros obtidos foram aliquotados em microtubos e

armazenados à -20°C até o momento da análise sorológica. Já para a realização da nested-

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), foram coletadas amostras de sangue dos últimos 89

equinos avaliados em tubos com anticoagulante EDTA, as quais foram aliquotados em

microtubos e armazenados à -20°C até o momento da análise molecular.

Figura 3. Delimitação geográfica do município de Sinop – MT e as regiões (círculos

vermelhos) onde foram visitadas as propriedades avaliadas neste estudo.

Page 54: Investigação epidemiológica de Borrelia burgdorferi em ... · Investigação epidemiológica de Borrelia burgdorferi em equinos do município de Sinop, estado de Mato Grosso, Brasil

41

Análise sorologia

A sorologia para B burgdorferi foi realizada no Laboratório de Doenças Parasitárias da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (LDP-UFRRJ) através da técnica ELISA,

padronizada por Salles et al. (2002). Para tal, foram utilizadas microplacas de poliestireno de

96 orifícios (CORNING ®), as quais foram inicialmente sensibilizadas com 100 μL do antígeno

de B. burgdorferi cepa americana G39/40 diluído a 20 μg/mL em tampão carbonato pH 9,6 e

então incubadas durante 12 horas em câmara úmida à 4ºC. Após está etapa de sensibilização,

as placas foram lavadas três vezes com tampão salino fosfato PBS Tween 20 0,05% pH 7,4

(PBS T 20), bloqueadas com 200 μL de Leite em pó 6% diluído em PBST e incubadas por uma

hora e trinta minutos, em câmara úmida a 37º Celsius. Em seguida, foram realizadas novamente

as três lavagens das placas.

Os soros controles positivos e negativos utilizados para o teste pertenciam ao banco de

soro do LDP-UFRRJ. Foram utilizados sete soros controles negativos e dois controles positivos

em cada placa, os quais juntamente com os soros testes, foram diluídos na concentração de

1:800 em PBS T 20 e dispostos 100 μL nas placas e então incubados à 37º Celsius por mais

uma hora e trinta minutos em câmara úmida. Posteriormente, três lavagens foram realizadas

como na etapa anterior. Em seguida, foi disposto 100 μL de conjugado IgG de coelho, anti-IgG

equina ligado à fosfatase alcalina (Sigma Chemical) na diluição de 1:1000 em PBST e então as

placas foram incubadas por mais uma hora e trinta minutos nas mesmas condições anteriores e

após isso, foi realizado as lavagens das placas novamente.

Posterior à está última incubação, foi empregado 100 μL do substrato revelador

Paranitrofenilfosfato de Sódio (PNPP - SIGMA Chemical) diluído em Tampão de

Dietanolamina pH 9,8 na concentração de 1 mg/mL. Logo em seguida, as placas foram

monitoradas em espectrofotômetro para microplacas de 96 orifícios (Termo Scientific®

Uniscience Multiskan FC) com o filtro de comprimento de onda de 405 ηm, até que os dois

controles positivo atingissem densidade óptica próxima de 1. Esta última leitura foi salva e

posteriormente utilizada na avaliação do resultado do teste.

Os sete soros controles negativos foram utilizados para definir o ponto de corte “Cutoff”

do ensaio, seguindo metodologia descrita por Frey et al. (1998), com nível de confiança de

99,0%. A fórmula matemática de Frey se baseia em um fator t (distribuição t-Student), segundo

a média mais três vezes o desvio padrão dos valores da densidade óptica (DO) dos controles

negativos. Posteriormente, o valor de “cutoff” de cada uma das placas foi igualado a 100,

aplicando-se a fórmula (DO soro teste x 100/cutoff), no intuito de se corrigir o efeito da variação

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da DO obtida com a leitura das diferentes placas testadas, sendo assim, os resultados de cada

soro teste foram expressos na forma de Índice de Densidade Óptica (IDO).

Análise molecular

Foi realizado ainda, análise molecular através da nested-PCR de 89 amostras de sangue

dos 367 equinos coletados, sabendo-se que destes, 53 animais eram positivos no ELISA indireto

e 36 eram negativos. O DNA das amostras de sangue dos equinos e do controle positivo foram

extraídos utilizando-se o kit comercial Wizard® Genomic DNA Purification “Kit” (marca

PROMEGA), conforme recomendação do fabricante.

A PCR, foi realizada de acordo com Barbour et al. (1996). O DNA extraído das 89

amostras de sangue foi analisado individualmente pela nested-PCR com iniciadores

direcionados para amplificação de porções do gene flagelina B (flaB) presente em espiroquetas

do gênero Borrelia. Para a primeira reação foram utilizados os “primers” FlaLL (5’-

ACATATTCAGATGCAGACAGAGGT-3’) e FlaRL (5’-

GCAATCATAGCCATTGCAGATTGT-3’) em um volume final de 25 μl contendo 2,5 μl de

DNA, 1.0 μM de cada “primer”, Tris-HCl (10mM), MgCl2 (1.5 mM), dNTP (1.25 mM) e

TaqDNA polimerase (1.5 U). Para a segunda reação foram utilizados os “primers” FlaLS (5’-

AACAGCTGAAGAGCTTGGAATG-3’) e FlaRS (5’-

CTTTGATCACTTATCATTCTAATAGC-3’) num volume final de 25 μl contendo 1 μl do

produto final da reação primária somando aos reagentes nas mesmas concentrações citados

acima. As condições no Thermociclador para ambas as reações (primária e nested) consistiram

em uma desnaturação inicial por 5 minutos a 95ºC, seguido de 40 ciclos, com desnaturação a

95ºC por 1 minuto, anelamento a 55ºC por 1 minuto, e extensão a 72ºC por 1 minuto. Em cada

bateria de reação foram utilizados como controle positivo, DNA de Borrelia anserina em

cultivo e água como controle negativo. Como produto final do nested-PCR foi esperado uma

banda de 330 nt a ser visualizada em gel de agarose a 1,5%, corado por brometo de etídeo e

visualizado à trans-iluminação pela ultra violeta.

Análise estatística

Após o diagnóstico laboratorial, os dados foram armazenados em planilhas no programa

Excel (Microsoft®) e posteriormente foram analisados. A prevalência animal foi estimada

definindo o peso específico de cada unidade amostral dentro do seu plantel e na população em

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estudo, segundo método descrito por Dargatz e Hill (1996) e Dohoo et al. (2003) através do

pacote estatístico Stata 11® (Statistics, Stata Corporation, USA).

RESULTADOS

A análise soro-epidemiológica das 367 amostras de soros testadas revelou que 214

animais foram reagentes positivos ao ELISA indireto para a pesquisa de anticorpos da classe

IgG anti-B. burgdorferi, determinando prevalência aparente de 54,04%. Os índices de

densidade óptica encontrados, variaram de 45,93 a 672,97 (figura 4).

Figura 4. Distribuição dos índices de densidades ópticas dos soros-teste em relação ao “Cutoff”

(DOx100/ “cutoff”) obtidas a partir do ensaio ELISA indireto para Borrelia burgdorferi em

equinos do município de Sinop-MT.

A avaliação dos dados obtidos a partir do questionário zoosanitário aplicado nas

propriedades visitadas, com relação ao gênero dos equinos estudados, revelou que as fêmeas

obtiveram maior frequência de animais soropositivos em relação aos machos (Tabela 2).

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Tabela 2. Frequência sorológica de anticorpos anti-Borrelia burgdorferi em equinos (n=367)

do município de Sinop, Estado de Mato Grosso, determinada pelo ELISA indireto, em relação

ao gênero dos animais analisados.

Gênero

Macho Fêmea

Relativa Absoluta Relativa Absoluta

Positivo 54,12% 28,61% 63% 29,70%

(105/194) (105/367) (109/173) (109/367)

Negativo 45,87% 24,25% 36,99% 17,43%

(89/194) (89/367) (64/173) (64/367)

Total 100% 52,86% 100% 47,13%

(194/194) (194/367) (173/173) (173/367)

Já com relação a faixa etária, a qual foi dividida em três grupos, foi observado que a

frequência de animais soropositivos foi diretamente proporcional à idade dos equinos, onde os

equinos idosos apresentaram a maior frequência de positivos e assim consecutivamente (Tabela

3).

Tabela 3. Frequência sorológica de anticorpos anti-Borrelia burgdorferi em equinos (n=367)

do município de Sinop, Estado de Mato Grosso, determinada pelo ELISA indireto, em relação

à faixa etária dos animais avaliados.

Faixa etária

Até 4 anos > 4 – 15 anos > 15 anos

Relativa Absoluta Relativa Absoluta Relativa Absoluta

Positivo 51,87% 18,80% 61,32% 35,42% 68,18% 4,08%

(69/133) (69/367) (130/212) (130/367) (15/22) (15/367)

Negativo 48,12% 17,43% 38,67% 22,34% 31,81% 1,90%

(64/133) (64/367) (82/212) (82/367) (7/22) (7/367)

Total 100% 36,23% 100% 57,76% 100% 5,99%

(133/133) (133/367) (212/212) (212/367) (22/22) (22/367)

A análise segundo as diferentes raças dos animais avaliados no estudo, revelaram que:

55,68% dos equinos da raça Quarto de Milha, 59,39% dos equinos Mestiços e 62,68% dos

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equinos de outras raças, 14 animais da raça Paint Horse, 14 da raça Mangalarga, 11 da raça

Crioulo e 3 Pôneis, foram positivos no ELISA indireto para B. burgdorferi, sendo portanto, a

maior frequência encontrada nos equinos classificados em outras raças (Tabela 4).

Tabela 4. Frequência sorológica de anticorpos anti-Borrelia burgdorferi em equinos (n=367)

do município de Sinop, Estado de Mato Grosso, determinada pelo ELISA indireto, em relação

as diferentes raças dos animais estudados.

Raça

Quarto de Milha Mestiços Outras Raças

Relativa Absoluta Relativa Absoluta Relativa Absoluta

Positivo 55,68% 25,34% 59,39% 21,52% 62,68% 11,44%

(93/167) (93/367) (79/133) (79/367) (42/67) (42/367)

Negativo 44,31% 20,16% 40,60% 14,71% 34,32% 6,26%

(74/167) (74/367) (54/133) (54/367) (23/67) (23/367)

Total 100% 45,50% 100% 36,23% 100% 18,25%

(167/167) (167/367) (133/133) (133/367) (67/67) (67/367)

Com relação as diferentes finalidades que os equinos avaliados neste estudo eram

submetidos, foi observado que os animais que eram submetidos a mais de uma finalidade,

apresentaram a maior frequência de soropositivos em relação aos outros que eram direcionados

para atividades específicas (Tabela 5).

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Tabela 5. Frequência sorológica de anticorpos anti-Borrelia burgdorferi em equinos (n=367)

do município de Sinop, Estado de Mato Grosso, determinada pelo ELISA indireto, em relação

as diferentes finalidades que os animais estudados eram submetidos.

Finalidade

Esporte Serviço Reprodução > 1 Finalidade

Relativa Absoluta Relativa Absoluta Relativa Absoluta Relativa Absoluta

Positivo 48,44% 21,25% 61,33% 12,53% 64,86% 6,53% 70,21% 17,98%

(78/161) (78/367) (46/75) (46/367) (24/37) (24/367) (66/94) (66/367)

Negativo 51,55% 22,61% 38,66% 7,90% 35,13% 3,54% 29,78% 7,62%

(83/161) (83/367) (29/75) (29/367) (13/37) (13/367) (28/94) (28/367)

Total 100% 43,86% 100% 20,43% 100% 10,08% 100% 25,61%

(161/161) (161/367) (75/75) (75/367) (37/37) (37/367) (94/94) (94/367)

Das 81 propriedades avaliadas neste estudo, 75 (92,59%) apresentaram pelo menos um

equino soropositivo para pesquisa de anticorpos anti-B. burgdorferi. De acordo com a análise

dos questionários aplicados nestas propriedades foi observado que, 89,33% (67/75)

apresentavam pastos próximos à matas e apenas 10,66% (8/75) não apresentavam. Em 53,33%

(40/75) propriedades, os responsáveis entrevistados, responderam ter problemas frequentes

com infestações de carrapatos nos equinos, enquanto que nas outras 46,66% (35/75) os

entrevistados afirmaram não ter problemas de infestações nos animais. Os valores de frequência

relativa e absoluta das propriedades com relação à presença de pastos próximos a matas e

presença de carrapatos estão descritos na Tabela 6.

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Tabela 6. Frequência de propriedades com presença de equinos soropositivos para anticorpos

anti-Borrelia burgdorferi do município de Sinop, Estado de Mato Grosso, determinada pelo

ELISA indireto, em relação a presença de pastos próximos à matas e presença de carrapatos

nos equinos.

Propriedades

Pastos próximos à matas Presença de carrapatos

Sim Não Sim Não

Relativa Absoluta Relativa Absoluta Relativa Absoluta Relativa Absoluta

Positivo 93,05% 82,71% 88,88% 9,87% 90,90% 49,38% 94,59% 43,20%

(67/72) (67/81) (8/9) (8/81) (40/44) (40/81) (35/37) (35/81)

Negativo 6,94% 6,17% 11,11% 1,23% 9,09% 4,93% 5,40% 2,46%

(5/72) (5/81) (1/9) (1/81) (4/44) (4/81) (2/37) (2/81)

Total 100% 88,88% 100% 11,11% 100% 54,32% 100% 45,67%

(72/72) (72/81) (9/9) (9/81) (44/44) (44/81) (37/37) (37/81)

De acordo com as informações obtidas com relação ao controle e profilaxia dos

carrapatos nas propriedades visitadas que apresentaram animais positivos no ELISA indireto,

foi observado que: em 58 (77,33%) propriedades era utilizado carrapaticidas, sendo que destas,

em 44 (75,86%) o tratamento era realizado apenas quando os responsáveis pelos equinos

visualizam carrapatos no corpo dos animais, e nas outras 14 (24,13%) propriedades o controle

era realizado de maneira sistemática com protocolos de manejo para utilização dos

carrapaticidas, enquanto que em 17 (22,66%) propriedades não era realizado nenhum tipo de

tratamento. A Tabela 7, apresenta os valores de frequência relativa e absoluta das propriedades

com relação a utilização de carrapaticida.

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Tabela 7. Frequência de propriedades com presença de equinos soropositivos para anticorpos

anti-Borrelia burgdorferi do município de Sinop, Estado de Mato Grosso, determinada pelo

ELISA indireto, em relação à utilização de carrapaticida para o controle e profilaxia de

infestações.

Propriedades

Utilização de carrapaticida

Sim Não

Relativa Absoluta Relativa Absoluta

Positivo 92,06% 71,60% 94,44% 20,98%

(58/63) (58/81) (17/18) (17/81)

Negativo 7,93% 6,17% 5,55% 1,23%

(5/63) (5/81) (1/18) (1/81)

Total 100% 77,77% 100% 22,22%

(63/63) (63/81) (18/18) (18/81)

Sobre as propriedades avaliadas neste estudo, vale ainda ressaltar que das 81 visitadas,

oito apresentavam apenas um equino, sendo que destas, em seis (75%), estes animais foram

positivos no ELISA indireto. A criação de outras espécies de animais junto com os equinos foi

observada em cerca de 94% (76/81) das propriedades estudadas e em 92,10% (70/76) destas,

foi verificado equinos soropositivos para B. burgdorferi. Os cães e os bovinos foram as espécies

mais frequentes e o pastejo consorciado de bovinos e equinos ocorria em 76,54% (62/81) das

propriedades, destas 90,32% (56/62) apresentaram equinos positivos ao ELISA indireto.

Com relação à análise molecular, das 89 amostras de sangue analisadas pela PCR, sendo

que destas 53 eram positivas no ELISA indireta, nenhuma amostra foi positiva, para os

“primers” utilizados como amplificadores de porções do gene flagelina B (flaB) presente em

espiroquetas do gênero Borrelia.

DISCUSSÃO

A prevalência obtida no presente estudo de 54,04% de equinos soropositivos para B.

burgdorferi é maior do que as prevalências já relatadas em outros levantamentos

soroepidemiológicos realizados em equinos em diferentes estados brasileiros. A elevada

frequência, cerca de 89%, de propriedades que possuíam pastos próximos à matas observada

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49

neste estudo, pode estar associada com a elevada soropositividade de B. burgdorferi encontrada

nos equinos, uma vez que, este fato predispõe o contato dos equinos com espécies de animais

silvestres, os quais são considerados possíveis reservatórios.

Basile (2016) ao realizar levantamento soroepidemiológico para B. burgdorferi em

equinos no estado de São Paulo, além de obter média de 21% de soropositividade nestes

animais, afirmou ainda, que este existe grande relação entre a soropositividade, a presença de

carrapatos A. sculptum e a presença de capivaras nas propriedades. Salles et al. (2002)

descreveram ainda que a alta percentagem, cerca de 43%, de equinos soropositivos para B.

burgdorferi encontrada no município de Seropédica/RJ, teria correlação direta, com o fato

desses animais serem criados extensivamente e com alta infestação por carrapatos das espécies

A. cajennense, Dermacentor nitens e Rhipicephalus (Boophilus) microplus.

Deve-se considerar ainda, a possível relação entre a presença do pastejo consorciado de

equinos e bovinos, observada em 76,54% das propriedades visitadas no presente estudo e a

elevada soroprevalência encontrada nos equinos para Borrelia spp., uma vez que, existe a

possibilidade de ocorrência de reações cruzadas entre B. burgdorferi e B. theileri, responsável

por causar a borreliose bovina, mas também pode ser encontrada em equinos e ovinos (Soares

et al. 2000). Segundo Rich et al. (2001) há uma estreita associação filogenética entre B. theileri

e outras espiroquetas do gênero Borrelia que causam manifestações clínicas da DL. Rogers et

al. (1999), ao utilizarem a reação de imunofluorescência indireta (RIFI) para sorologia em

bovinos, observaram reação cruzada entre as espiroquetas B. burgdorferi, B. coriaceae e B.

theileri, no entanto, o mesmo resultado não foi observado ao utilizarem o ensaio ELISA indireto

com antígenos de extrato de célula total. Porém os autores alertaram para a possíveis ocorrência

de falsos positivos em testes sorológicos, principalmente em áreas onde esses agentes

coexistem.

No Brasil reações cruzadas entre B. burgdorferi e B. theileri não podem ser descartadas,

como demostrou Madureira (2007) ao realizar a primeira descrição genotípica da B. theileri no

país. Campos et al. (2015) ao verificarem prevalência de 44,66% para Borrelia spp. em equinos

em São Borja/RS, relataram que a presença do pastejo misto de equinos e bovinos, possibilitou

a infestação dos equinos pelo carrapato R. (Boophilus) microplus, o qual é o transmissor da B.

theileri. Os autores sugeriram então que a presença desse vetor estava associada à

soropositividade para B. burgdorferi e que as reações cruzadas entre estas espiroquetas devem

ser consideradas.

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50

Nascimento (2012) encontrou cerca de 39% de equinos positivos para B. burgdorferi,

porém utilizando técnica de diagnóstico distinta para triagem, ao invés do ELISA indireto foi

utilizado a RIFI precedida pelo método de Western Blot (WB) para confirmação. Outros

estudos realizados no Brasil para a pesquisa de anticorpos anti-B burgdorferi em equinos

através do ELISA indireto, apresentaram prevalências inferiores à relatada neste estudo, como

é o caso dos estudos de Prado et al. (2014) realizado em equinos de uso militar no município

de Resende-RJ, que encontraram positividade em 29,89% dos animais. Madureira et al. (2007)

realizado em equinos de propriedades dos municípios de Três Rios e Vassouras, também no

estado do Rio de Janeiro, que encontraram 28,4% de prevalência, já outros dois estudos no

estado do Pará, encontraram 26,7% (Galo et al. 2009) e 7,2% de prevalência (Madureira et al.

2009).

A PCR negativa para Borrelia ou o gene flaB nas 89 amostras de equinos analisadas no

presente estudo corrobora com os resultados descritos por Montandon et al. (2014) que ao

analisarem amostras de DNA provenientes de carrapatos, coletados de animais silvestres e

domésticos dos municípios de Santa Cruz do Escalado, Pingo D'Água e Caratinga/MG, não

observaram nenhuma amostra positiva na PCR, utilizando amplificadores para o principal gene

envolvido na síntese do gancho flagelar de Borrelia spp. No entanto, na análise sorológica pelo

ELISA indireto, os autores encontraram prevalência de 9,68% (15/155) para B. burgdorferi em

equinos. Soares (2013) também obteve resultado negativo na PCR para Borrelia spp., em todas

amostras de tecidos de animais silvestres e carrapatos analisados. Em contrapartida Madureira

(2007) obteve resultado positivo na PCR, para o gene 16S rRNA da B. burgdorferi em isolado

de carrapato R. (Boophilus) microplus proveniente do estado do Mato Grosso do Sul. Assim

como, Mantovani (2010) obteve resultado positivo na PCR, para o gene flgE em uma amostra

de equino (1/26) oriundo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e em duas amostras

de carrapatos, sendo um R. sanguineus e um R. (Boophilus) microplus, oriundos do estado do

Espírito Santo.

O insucesso do diagnóstico molecular para Borrelia spp. em amostras biológicas de

pacientes humanos e animais no Brasil pode ser explicado frente as hipóteses levantadas quanto

as características desta espiroqueta encontrada no país. Acredita-se que é uma espiroqueta

muito distinta da B. burgdorferi descrita no Hemisfério Norte causadora da DL, uma vez que,

no Brasil foram descritas espiroquetas de morfologia atípica, latente e de apresentação cística.

Sugere-se a presença de uma nova espécie de Borrelia spp., ou uma estirpe de B. burgdorferi

geneticamente similar, as quais não podem ser corretamente identificadas na PCR ao se utilizar

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51

“primers” destinados para o diagnóstico molecular da B. burgdorferi encontrada no Hemisfério

Norte (Mantovani et al. 2007). Via de regra, quantidades enormes de DNA são necessárias para

se obter positividade na PCR-nested com o uso do “primer” flgE, com o qual foi possível

detectar amostras positivas para Borrelia spp. no Brasil (Mantovani et al. 2012). Este fato, torna

a análise molecular inapropriada para diagnóstico laboratorial da borreliose, pois é necessário

que as borrelias estejam circulantes durante a fase aguda da infecção, o que na maioria das

vezes é difícil, pois geralmente o diagnóstico é realizado no estágio latente da enfermidade

(Mantovani 2010). Diante disto, resultados falsos negativos podem ser observados.

CONCLUSÃO

Apesar do insucesso na amplificação do DNA de Borrelia, a elevada soroprevalência

de anticorpos anti-B. burgdorferi nos equinos, indica a presença de Borrelia sp. no município

de Sinop - MT e reforça a importância dos equinos como sentinelas da infecção.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio

financeiro para a realização desta pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

Anexo 1. Oficio disponibilizado pelo INDEA contento os valores totais de propriedades que

possuem equídeos no município de Sinop, bem como, o plantel de equídeos cadastrado no

município, dados estes utilizados para o cálculo amostral do projeto.

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Anexo 2. Questionário zootécnico-sanitário aplicado nas propriedades visitadas para a

caracterização dos equinos e de suas respectivas propriedades.

LEVANTAMENTO DA PREVALÊNCIA DE BORRELIOSE EM EQUINOS NO

MUNICÍPIO DE SINOP, MT, BRASIL

IDENTIFICAÇÃO

Nome do Proprietário

Nome da Propriedade

Município: Distrito: Localidade:

Acesso:

Endereço: Cidade:

CEP: Telefone: FAX: Email:

MANEJO

Nº total de equinos na

propriedade Presença de carrapatos

Utilização de

carrapaticida

Periodicidade de

aplicação

Criação com outras

espécies?

Finalidade de Criação?

Serviço, esporte, lazer,

outros?

Pastos próximos à

mata?

DADOS DAS AMOSTRAS

Nº REGISTRO

DA AMOSTRA

IDENTIFICAÇÃO DOS ANIMAIS DATA DA

COLETA OBSERVAÇÕES

NOME SEXO IDADE RAÇA ORIGEM

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Anexo 3. Soluções utilizados no ELISA Indireto.

Tampão Salino Fosfatado (PBS) [10x] (pH 7,4) (Solução de Estoque)

NaCl--------------------------------80,0g

KH2PO4-----------------------------2,0g

KCl-----------------------------------2,0g

Na2H2PO4--------------------------9,4g ou

Na2H2PO4 . 12(H2O)-------------29,0g ou

Na2HPO4 . 7(H2O)----------------17,8g

Água destilada----------------------1L

Ou

NaCl-------------------------81,82g

NaH2PO4-------------------1,22 g

Na2HPO4.7H2O-----------21,72g ou

Na2HPO4-------------------11,50g

Água destilada--------------1L

Diluição (Solução de Trabalho-PBS) PBS 1:10

100mL de PBS[10x]----------------------------900mL de H2O destilada

Tween 20 - 0,5mL de Tween para 1L do PBS diluído.

Tampão Carbonato-Bicarbonato de sódio (pH 9,6)

Na2CO3---------------------------------0,80g

NaHCO3--------------------------------1,47g

Água destilada-------------------------500mL

Tampão dietanolamina (pH 9,8)

Dietanolamina--------------------------20mL

MgCl2 anidro---------------------------0,02g ou

MgCl2 x 6H2O-------------------------0,04g

Água destilada--------------------------200mL

Acrescentar 0,2mL de azida sódica (NaN3) 10%.

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Anexo 4. Etapas do ELISA Indireto para detecção de anticorpos IgG anti-Borrelia spp.

1. Sensibilizar a placa (Corning® Costar® 3590, USA) com o antígeno na concentração de

20 μg/mL, diluindo-o em tampão carbonato-bicarbonato de sódio pH 9,6. Colocar 100 μL/well,

exceto no branco da placa;

2. Incubar “overnight” em câmara úmida (4ºC – geladeira);

3. Lavar bem 3x com PBS Tween 20;

4. Bloquear com solução PBS Tween 20 + 5% leite em pó (Molico), colocando 200 μL/well;

5. Incubar em câmara úmida, a 37ºC, durante 1h 30min;

6. Lavar bem 3x com PBS Tween 20;

7. Diluir os soros em PBS Tween 20, na diluição de 1:800. Colocar 100 μL /well;

8. Incubar em câmera úmida à 37ºC, durante 1h30min;

9. Lavar bem 3x com PBS Tween 20;

10. Adicionar o conjugado anti-equino diluído em PBS Tween 20, colocando 100 μL/well.

Conjugado utilizado: Sigma anti-horse IgG Alkaline Phosphatase Conjugate – diluição

1:1000

11. Incubar em câmara úmida, a 37ºC, durante 1h30min

12. Lavar bem 3x com PBS Tween 20;

13. Adicionar o substrato para fosfatase alcalina, o paranitrofenilfosfato (pNPP), colocando 100

μL/well. Diluir 2 comprimidos do substrato (5mg cada comprimido) em 10 mL de Tampão

dietanolamina. Usar frasco escuro ou enrolar em papel alumínio. Se o comprimido for de 20mg

diluir 1 em 20mL de Tampão dietanolamina. Cuidado ao usar a multicanal, pois poderá faltar

substrato para os últimos pocinhos;

14. Após aproximadamente 15 minutos de incubação à temperatura ambiente, fazer a leitura da

placa em espectrofotômetro com o filtro de comprimento de onda de 405 ηm.