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Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva 1 INTRODUÇÃO Olá, queridos amigos e leitores. É com imensa satisfação e comoção, que os convido a participarem de minha insensatez poética e de meus versos inversos. Este é o meu segundo livro, intitulado de: POESIA REFLEXIVA. O mesmo têm este título devido seu conteúdo ser de pura e simples reflexão, abordando é claro, vários temas e alguns dilemas recorrentes nas vidas de cada um de nós. Neste livro, lhes trago trinta e oito versos autênticos, como sempre, pois quem já leu o primeiro livro que escrevi (em PDF), sabe bem que não sou adepto de plágios. Poesia reflexiva tem o intuito de aflorar nosso lado reflexivo e quem sabe até mesmo, a pretensão de nos tornar mais humanos. Eu mesmo quando estava a escrever cada verso, senti uma imensa necessidade de ser o mais humano possível e, até mesmo mais réu do que juiz. ÍTALO OLIVEIRA (UmSimplesAutor)

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Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

1

INTRODUÇÃO

Olá, queridos amigos e leitores. É com imensa

satisfação e comoção, que os convido a participarem

de minha insensatez poética e de meus versos

inversos. Este é o meu segundo livro, intitulado de:

POESIA REFLEXIVA. O mesmo têm este título

devido seu conteúdo ser de pura e simples reflexão,

abordando é claro, vários temas e alguns dilemas

recorrentes nas vidas de cada um de nós.

Neste livro, lhes trago trinta e oito versos autênticos,

como sempre, pois quem já leu o primeiro livro que

escrevi (em PDF), sabe bem que não sou adepto de

plágios.

Poesia reflexiva tem o intuito de aflorar nosso lado

reflexivo e quem sabe até mesmo, a pretensão de nos

tornar mais humanos. Eu mesmo quando estava a

escrever cada verso, senti uma imensa necessidade de

ser o mais humano possível e, até mesmo mais réu

do que juiz.

ÍTALO OLIVEIRA (UmSimplesAutor)

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

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ÍNDICE

A CASA SEM ALICERCE

A ESPONJA

FOLHAS AO VENTO

FOLHAS EM BRANCO

PADRÕES

ABSTRATO

DESPINDO A COR

ANTES DO PREÇO

PRECIPÍCIO

VERSOS

O INDIVIDUALISMO

POESIA REFLEXIVA

FACA DE DOIS GUMES

CICLO VICIOSO

RESPECTIVIDADE

A SAUDADE QUE NÃO SE MATA, MATA SEM LIVRE COMÉRCIO MENTIRAS DE FRAMBOESAS FLAGELO DA HUMANIDADE QUE PAÍS É ESSE? NAS LATAS DE LIXO IMCOMPREENSÍVEL DESDE O BERÇO SERES RACIONAIS? NADA É NATURAL INEXPLICÁVEL POESIA COMÉRCIO DO ÓDIO VENENO LETAL FALTA DE FLEXIBILIDADE PARA VOCÊ QUE TAMBÉM ESCREVE

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ÂMAGO CORRUPÇÃO, UMA ARTE PARA ONDE FORAM? PÉTALAS PEQUENOS INDIVÍDUOS ÉISME AQUI UM CONSUMIDOR MATA MENTIRAS TRAVESTIDAS DE VERDADES DESTILANDO SUICÍDIOS HERÓIS VILÕES, VILÕES HERÓIS CHAVES E CORRENTES

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A CASA SEM ALICERCE

“Toda casa, seja ela grande ou pequena, de um

rei ou de um plebeu, precisa de alicerces. Assim

também, é a nossa vida. Sem um alicerce, não

importa quanto tempo leve, um dia ela irá

desmoronar. ”

Eu mesmo me encarreguei de construir minha casa.

Eu mesmo levantei cada parede e as pintei.

Cada cor, cada decoração e mobília, foram escolhidas

a dedo por mim mesmo.

Minha casa sempre teve muito conforto. Eram 10

cômodos partilhados em: 4 quartos, 1 cozinha, 1 sala

de visitas, 2 banheiros, 1 salão de jogos e 1 área de

serviços. Eu sei, eu sei, é muito espaço.

Tinha uma piscina; lazer sempre foi fundamental para

mim. Gostava que minhas visitas se sentissem bem, e

adorava mais ainda fazer-lhes crer que eu era muito

bem de vida.

Sempre fui o tipo de pessoa que se importava

demasiadamente com as aparências. Me importava

demais com o que os outros pensavam ou poderiam

pensar da minha imagem.

Gostava que dissessem quão magnífica era a minha

casa, e o quão “doce” era a minha vida.

Me lembro remotamente, que uma vez ao observar

meu pai construir, ele me alertou o quão importante

era, para uma casa e para a vida ter alicerces bem

formados e firmes.

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Pois o alicerce era a base da casa, assim como também

é da vida. E sem ele com certeza, mais cedo ou mais

tarde ela viria á desmoronar.

Francamente, eu não dei ouvido a isto enquanto

construía a minha. Nunca me importei com a parte de

baixo ou que sustentam as coisas na vida. Nunca as dei

valor algum.

Para mim, elas sempre foram fracas e desnecessárias.

Eu sempre pensei: Quem, em sã consciência, poderia

olhar para o chão e o elogiar? Quem poderia valorizar

algo, ou alguém, que somente sustenta todo o resto e

é pisado literalmente segundo á segundo?

E é por este motivo, pelo fato de não ter construído

alicerces em minha casa, e nem tampouco em minha

vida, que eu estou nesta calçada te relatando a minha

história.

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A ESPONJA

“Mesmo os mais fortes homens e seres que

habitam este mundo, derretem-se em lágrimas

não poucas, mas muitas vezes em determinadas

ocasiões. Não somente duro e cruel é o ser

humano, também habita em cada ser vivente, um

doce e pequeno anjo. ”

Veja a esponja e a observe bem. Perceba que a mesma

possui dois lados, um deles é tão áspero que nem

mesmo nos estimula em tocar-lhe; já o outro, é tão

macio quanto uma pluma e nos oferece uma sensação

de conforto imensa.

Agora, veja as pessoas que nos rodeiam, e as observe

bem. Elas também são como esponjas, possuem seus

dois lados. Há os que possuem mais sutileza, carinho

e transmitem mais emoções positivas que negativas;

porém, isso não significa que o mesmo não possua seu

lado “áspero”.

Nossa parte áspera nos serve em determinados

momentos. Eu mesmo seria um hipócrita se dissesse

o contrário. Toda via, é preciso aprender a lidar com

este nosso lado, pois o uso excessivo do mesmo pode

nos trazer efeitos colaterais irreversíveis.

Um deles é a falta de sensibilidade para com o seu

próximo; seja ele um parente ou um desconhecido,

seja ele seu amigo ou inimigo.

Da mesma forma o uso demasiado da nossa parte

“macia” e acolhedora, pode nos transformar em

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marionetes ambulantes, de fácil manipulação e acima

de tudo, de fácil auto depreciação. Devemos,

contudo, saber lidar com esta parte de nosso ser tão

exuberante e magnífica.

Devemos ser como as esponjas. Devemos aprender a

absorver tudo que nos ocorre, entretanto, devemos

nos comprometer em absorver o que nos nutre e nos

motiva, devemos deixar de lado as rejeições e emoções

negativas; pois a vida é bem mais que uma questão de

adaptação como Darwin descreveu, o mais forte nem

sempre tem vez.

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FOLHAS AO VENTO

“A folha está seca, porém não está morta. Sua

coloração despigmentada é a prova de que sua

experiência vai além dos galhos e ramas de sua

mãe; e seu amor pela vida se espalha pelas

infinitas dimensões. ”

Sou como uma folha seca que com o tempo deixou

sua residência e seus parentes.

No início da liberdade o medo me deteve; mas hoje

tudo o que eu desejo é que os ventos me leve.

Deixo que o vento me sopre em qualquer direção. Sem

direção, sem previsão, de chegada ou partida.

Sou uma folha seca na estrada da vida. Sou sem dúvida

uma folha de sorte, pois o vento do Norte acaba de

me arrebatar para longe.

Sigo em frente observando o horizonte. As

montanhas, os montes onde se escondem os segredos

de amar, sonhar, e dentre alguns devaneios eu me

encontro a pensar e percebo que mais viva estou do

que antes.

Sou uma folha seca que ama a imensidão, que anda

pela contramão em busca de novos ares; que fez do

mundo sua nova morada.

O retrocesso é interno, não externo. Nem todos que

se encontram vagando de fato estão perdidos; até

mesmo onde menos se imagina há uma fagulha de

vida.

Sou uma folha seca que certa manhã se soltou de seu

galho, sou uma folha seca que fez da tristeza alegria;

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sou uma folha seca que aceitou a dádiva da vida e fez

da morte uma dádiva distinta.

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FOLHAS EM BRANCO

“As folhas em branco devem ser escritas e

reescritas se preciso for. Assim como também a

vida em cada amanhecer, em cada novo romper

da aurora em seu ser.”

A vida é uma folha em branco que deve ser escrita

linha por linha.

Deve ser preenchida com o que nós mais amamos e

odiamos: Amigos, amores, sonhos e inimigos.

Pois o que seria de nós se na plateia da vida, apenas os

mais queridos habitassem?

Certamente os aplausos a cada vitória seriam na sua

maior escala falsos; e os conselhos recebidos nas

derrotas não passariam de migalhas.

Folhas em branco me atiçam a escrever, olhos que

lacrimejam durante a noite me levam a crer que não há

história escrita sem sofrimento.

E que não existem vitórias sem lutas, noite sem dia, e

nem tampouco o preguiçoso alcança seus objetivos.

Folhas em branco são como pássaros sem asas. Folhas

em branco são como correntes invisíveis que nos

prendem a mesmice.

Escreva letra por letra, palavra por palavra, pois a

fraqueza do homem não está nas linhas escritas nem

nas palavras pronunciadas; mais sim na falta de

coragem para mudar seus pensamentos e buscar seus

sonhos.

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Utopia não é escrever o livro de sua vida. Utopia é

acreditar que é impossível ser feliz de verdade, sonhar

todas as noites e viver no dia seguinte a realidade.

Utópico mesmo é você acreditar que por estar em

branco esta folha não pode se comunicar. Utópico é

saber que mesmo ao ler, você corre o risco de não me

compreender.

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PADRÕES

“Nem toda maçã que é bela por fora, é bela por

dentro. ”

Vejo os padrões e eles também me veem.

Porém me excluem frequentemente.

Não faço parte do seu meio.

Não sou alta e nem magra o suficiente.

Minha bulimia é algo estarrecedor; no entanto,

Corriqueira para as minhas amigas.

Elas querem de qualquer forma, entra em forma.

Na forma das modelos vítimas da forma padronizada,

Vítimas da “beleza” classificada.

“Antes de ver o negro a sua frente, enxergue o

homem que a cor da pele esconde. ”

Sou negro. Sou negro assim como o meu pai.

Não tenho vergonha, e sim, respeito por minha cor.

Sou negro, minha pele é queimada pelo sol

constantemente, e nada sente. Quem dera fosse um

branco, assim tão resistente, como os de minha raça,

Como a minha doce e gentil gente.

Sou negro, e por isso me dão as tais cotas em

universidades.

Muitos dizem que é para suprirem e amenizar as

mazelas do passado;

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Eu não creio neste mito. Pois, como poderão suprir as

incontáveis perdas,

De centenas de gerações? Como poderiam eles

amenizar uma dor que não sentem?

“Qualquer que seja o padrão inserido, não nos

serve. Ele deve ser ignorado, contrariado e

esquecido na imensidão do universo. ”

Os padrões são o verdadeiro ópio da humanidade.

Muitos morrem e tantos outros matam para terem

liberdade,

Entretanto, os padrões os aprisiona em suas próprias

mentes e limitações;

Os padrões são como vulcões, sempre de prontidão

para entrarem em erupção.

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

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ABSTRATO

Corri para me perder, me perdi para encontrar tudo o

que desejava.

Andei só por andar, por entre pessoas que pensam

ainda estarem vivas. Sucumbi ao bem para me tornar

mal de corpo, alma e coração;

Sofri para sorrir e acabar deitado no chão.

Despi-me de tudo para que assim o nada pudesse me

completar.

Fiz de mim mesmo morada da tristeza e do caos, para

desta forma ser mais um imortal

Que morre com facilidade;

Triste do homem que conhece a verdade.

Os templos vagam pelas ruas de terra onde as pedras

ficam sempre nos sapatos. Sou bipolar e não nego,

faço do céu inferno e na água não navego;

Prefiro os versos, estes sim são sinceros e acima de

tudo, eternos.

Do homem ou da mulher nada espero, do matrimônio

sou réu e quem sabe até refém.

Os animais falam as línguas incomunicáveis de fato, os

saltos tampouco são altos;

Mas a saúde dos seres vivos é escassa como as latas da

dignidade.

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Os papos estão sempre cheios, mesmo que de

arrogância e ignorância;

As lanchas andam nas ruas e os ônibus nas lagoas.

As pessoas vão quase sempre sobre rodas, pouca gente

se incomoda com a moda

Mesmo quando ela é retrógrada.

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DESPINDO A COR

Sou mais que negro, sou a própria África!

Sou Zumbi, sou Dandara.

Sou Mandela, sou Solomon;

O negro que nasceu livre e foi inserido no ritual

macabro da escravidão!

Sou mais que negro!

Sou eu mesmo.

Sou quem devia ser, e não penso em deixar de ser. Sou

antes de tudo, ser humano como você!

Despindo a cor, mostro minha real essência.

Não a dispo para autenticar as falácias das raças,

Superiores e inferiores.

Dispo-a para explicitar os meus valores antes das

cores!

Despindo a cor, destroços paradigmas e pulverizo

estereótipos. Despindo a cor, faço das fábulas

realidade; dos sonhos, ações palpáveis.

Sou negro e não macaco!

Mas caso fosse o caso, todos que comem banana

também o seriam? Ou somente os que não

"combinam" com a baixa, fria e mesquinha;

Criatividade qualificativa da zona educativa!?

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ANTES DO PREÇO

Antigamente se amava antes do tempo, todo o tempo;

até mesmo quando a falta de tempo impedia que o

tempo fosse usufruído.

Sendo assim, os filhos amavam seus pais e os pais

amavam seus filhos mutuamente.

Hoje em dia é preciso que a propaganda invada as

casas via internet, rádio ou televisão para que o amor

seja levado em consideração.

Amor? Será mesmo amor? Ou seria apenas uma

forma de se desculpar pela falta de tempo que

assombra toda a humanidade!?

Não sei ao certo. O que sei ao certo é que hoje os pais

compram seus filhos e seus filhos os compram com

muita facilidade; é um tablete, PC ou celular do ano.

É o engano em forma de consumo, em forma de

segundo plano; onde o mais importante se encontra

jogado ao léu e os olhos não mais contemplam

sorrisos verídicos, apenas sínicos e omissos derivados

de sorrisos.

Antes que o preço seja taxado, antes que a data

comemorada pela indústria do consumo se faça

presente, presentei quem você ama com o mais belo e

singelo dos versos; o autor nem sempre almeja

sucesso, apenas que um de seus leitores lembre-se de

um de seus versos.

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Antes que o preço seja estabelecido pelo comércio e a

economia atinja seu ponto mais alto; se desfaça das

amarras que o prende a falta de tempo. Faça do pouco

tempo tão extenso quanto o próprio tempo que ainda

não foi usado; é como cuidar de velhos sapatos e

nunca os deixá-los desprezados.

Nas datas comemorativas como dia das mães e dos

pais, os filhos perdem seu lado canibal e passam a ser

de certa forma mais presentes (pelo menos naquele

dia). Porém, ao soar do gongo, eles somem assim

como surgiram, e nada além da saudade sobra para

quem vive em um asilo.

Antes que o preço seja verificado nas canecas ou

etiquetas, que eles sejam esfarelados e virem pó nas

mãos de quem ainda acredita no verdadeiro

sentimento. Antes que o corpo seja enterrado em

qualquer cemitério da cidade, que os filhos e filhas

amem

suas mães e pais; que os mesmos saibam que o preço

não importa, que nem mesmo importa o presente

físico; tudo o que de fato importa é a forma como os

sorrisos mantém o seu brilho.

Antes do preço, o amor era verdadeiro. Depois dele,

nada é de verdade e nem o amor é sincero.

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19

PRECIPÍCIO

O maior precipício em que podemos cair, é a falta de

união.

Sem esta, nada é possível; e o pouco possível nada

mais será que um benefício mínimo.

Quando não se divide o pão, não se divide a riqueza.

Quando não se divide de forma igual, a desigualdade

brota com ferocidade e certeza.

Em um mundo onde até os abutres dividem o

alimento; o que será da humanidade se apenas dividir

os seus lamentos?

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VERSOS

Plantei cerejas, elas nasceram.

Plantei café, ele nasceu e fiz um pouco.

Plantei laranjas, elas nasceram e fiz um suco.

Reguei ás flores, elas cresceram e sorriram para mim.

Pesquei um peixe quando isto se fez preciso; mas tem

gente que mata por puro vício.

Criei um gato e ele miava sempre;

Eu descontente comprei um cachorro.

Ele latia sem parar; eu sei entender o porquê o dei de

presente para uma criança. Prendi um pássaro para o

ouvir cantar, pois seu canto era belo e entusiasmante;

Ele cantou, mais não como antes.

Seu canto mais parecia um pranto, seu encanto ficou

de canto.

Não para o meu espanto, pois ninguém tem motivos

para sorrir ou transmitir felicidade,

Estando numa cela fria privado de sua própria

liberdade.

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O INDIVIDUALISMO

“Eu, eu, eu. Ninguém mais! Na era do

individualismo somente um poderá obter o real

êxito. Entre conceitos e preconceitos, as

diretrizes infelizmente são as mesmas. ”

Era moderna, eles dizem. Era medieval, eu afirmo.

Com a atenção voltada apenas para o próprio umbigo,

O individualismo impera. Prolifera, escalpela.

Arquiteta a orquestra, E torna-se o maestro.

Canhoto, destro ou ambidestro,

Não importa! A porta da ambição está sempre aberta.

Enquanto a porta da fraternidade encontra-se

trancafiada a sete chaves.

Desastre, desastre. É o que resta para nossa sociedade,

“moderna”.

Individualismo. Obra prima da pirataria.

Obra prima de quem não compartilha.

O seu individualismo é tão doce quanto o mel, mas só

para você.

Para mim é mais cruel que o amargo do fel. Céu,

carrossel e favos de mel.

Para o juiz que preside a sessão, o individualismo é a

salvação.

Quem sabe até a opção, lógica; em meio a toda esta

falta de lógica,

As rotas são apenas probabilidades e nada mais.

Enquanto no banco dos réus estão eles, os

presidiários,

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Da falta de humanidade, falta de bondade, da falta de

simplicidade.

Objetividade hoje em dia é a palavra-chave, mas esta

chave não abre as portas das grades.

E quantas grades, diga-se de passagem.

A arte não faz mais parte das paisagens e nem as

paisagens estão nas artes.

O individualismo é o que vale. E vale, vale mesmo.

Vale mais que as lágrimas da saudade.

Pois saudade é para quem sabe o preço a se pagar.

O individualismo a falar e o homem a acatar.

Seguindo toda essa linha de raciocínio a conclusão é a

mesma: se tem fartura em minha mesa, não me

importam as demais.

Se não sou eu quem vive em alcatraz, para mim tanto

faz.

O individualismo por muitos é tido como um porto

seguro, enquanto muitos o veem como eu: o poço

mais fundo para se cair.

Ser individualista é como ser uma andorinha solitária;

o alimento pode até durar mais. Porém, sozinha jamais

será capaz de fazer verão como o seu bando faz.

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POESIA REFLEXIVA

Se o homem fosse mais sentimento que razão, seria o

mundo um lugar bom e o coração mais humano que a

própria humanidade?

Se o homem fosse mais acolhedor que dispersão, seria

ele mesmo mais amigo seu próprio coração?

Se oi homem fosse mais raízes que andanças, seria a

aliança uma real esperança de mudança?

Se eu não fosse o próprio verso e você não fosse o

inverso de cada verso que verso, seríamos nós mesmos

mais distintos ou ainda mais próximos?

Se para cada pergunta uma resposta fosse aplicada e

para cada resposta uma nova pergunta fosse feita,

seríamos então razão, emoção ou apenas feras?

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24

FACAS DE DOIS GUMES

As serpentes falam as línguas dos homens.

Não é à toa, que se compreende a hora do bote, A

hora da evasão.

As serpentes falam as línguas dos homens, e os

homens não são homens; São serpentes.

Igual o lobo travestido de ovelha.

Igual o pastor corrupto que angaria a fé alheia para

vender nas "santas ceias".

O verbo é a faca de dois gumes.

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CICLO VICIOSO

O ciclo vicioso que corrói o pensamento, é chamado

de tempo!

Dono de tudo e refém dele mesmo.

Imerso neste ciclo, o homem nasce, cresce e floresce;

Reproduz, amadurece e envelhece; para que antes

mesmo do fim, possa fazer parte novamente deste

ciclo sem fim.

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RESPECTIVIDADE

Rosas portam seus respectivos espinhos.

O amor, sua respectiva ousadia.

Gaiolas jamais foram lindas, nem mesmas banhadas de

ouro;

O homem além de ambicioso, é extremamente tolo!

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A SAUDADE QUE NÃO SE MATA, MATA

A saudade é uma pedra presa ao pescoço; o

desmantelo é certo, mesmo sem haver poço.

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SEM LIVRE COMÉRCIO

O amor é o comércio.

Ervas são remédios.

Medicamentos são venenos;

Médicos são complacentes com às receitas prescritas.

Leia a bula atentamente, mas sempre com um

dicionário presente!

Então verás que as causas são simples e as soluções

mais que plausíveis.

Entorpecentes nas drogarias; saúde nas barracas das

feiras.

Contratos milionários com grandes empresas, me

proíbem de vender sem receita.

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MENTIRAS DE FRAMBOESAS

Mentiras de framboesas, doces como ameixas.

Verdades sabor borra de manteiga, azeda como limão;

Na contramão do espetáculo chamado vida, desunião

como refeição matinal,

Almoço abafado em marmitas de contemplação

teatral;

Jantares pagos com sorrisos sofrimentos alheios,

Saudade como sobremesa, inveja sobre a mesa e,

Mentiras sabor cereja.

Contempla-se as mentiras como se contempla o pôr

do sol.

Por detrás das cortinas gente que se esconde quando

a verdade vem à tona. Solidariedade mentirosa

encoberta por mares de rosas...

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FLAGELO DA HUMANIDADE

Sorrisos desprovidos de alegria.

Lágrimas colhidas ao alvorecer do dia.

Mãos calejadas e adormecidas,

Pelo esforço contínuo em busca da refeição.

Pela vontade desenfreada de uma mão, um pai, que

saem todas as madrugadas almejando melhores

condições,

De vida para sua família. De sonhos e realizações.

Semblantes ausentes dos corpos presentes.

Distantes, além dos horizontes.

Semblantes mergulhados em pranto.

Lamentos tão doces quanto açúcar;

Flagelos de esperança ocultam a verdade oculta.

A beleza em suma, é o colírio dos normais.

A beleza em suma, é a fraqueza dos normais.

A beleza em suma, é apenas poeira.

A beleza em suma, jamais portará a nobreza que

ascendo o conhecimento.

A beleza nada é. O louco bem o sabe!

A beleza ´é no máximo, o flagelo da humanidade.

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

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QUE PAÍS É ESSE?

O penta é nosso.

A propaganda é a alma do negócio.

São vários sócios.

Poucos negócios que deram ou darão certo.

A educação é supérflua. O ensino é ultrajante!

Professores são tidos como meliantes,

Na terra em que o "gigante acorda" mais somente para

fazer uma boquinha. Alunos são menosprezados e

negligenciados; O resultado é mais do claro!

O índice de aprendizado é raso; e sempre vai pelo ralo.

O penta é nosso.

O voto é obrigatório, no país da "democracia".

Democracia, palavra sem sentido, ou melhor, sem

valor algum;

Na terra onde governantes assim chamados,

simplesmente dormem sentados; Enquanto

negligenciam as votações de projetos, é claro!

O penta é nosso.

Pelé também é.

Ronaldo era fenômeno com a bola no pé.

Mas calado ele era fantástico!

Repercutiu no fantástico a "gafe" que o lendário

Ronaldo cometeu.

Meus pêsames a população menos favorecida, que

descobriu de forma nada propícia, que "copa não se

faz com hospital";

E assim sendo, percebo que a vida nada vale se você

não tem o ingresso!

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

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NAS LATAS DE LIXO

Joga-se nas latas de lixo o ensino verdadeiro;

Trazem do esgoto salários enfermos e regras que

privam a liberdade de ensino de cada profissional da

área.

Segregam a qualidade do ensino e a dividem em dois

tipos: Particular e público.

Os muros não são altos o suficiente e, mesmo que o

fossem, os garotos pulariam da mesma forma; pois o

incentivo em 90% é uma boa bosta!

Por outro lado, não é preciso muros nem arames

farpados (Quando necessário), pois os pais pagam

muito caro para que seus queridos filhos sejam bem

tratados nos colégios privados.

Notas muitas vezes são alteradas, basta que isso seja

preciso, no público as notas nem sempre interessam,

pois, as barrigas "rugem" como leões famintos; assim

sendo, esqueça o hino e espere tocar o "sino"...

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

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INCOMPREENSÍVEL DSDE O BERÇO

Fiz do passado presente, do presente futuro; O

presente ficou ausente, e o que restou foram muros!

Muros com lembranças pichadas;

Entalhadas e até mesmo grafitadas em minha memória, muros cheios de sentimentos, cheios de anseios. O presente é ausente como o pai que se vai antes do

nascimento;

Sou incompreensível desde o berço;

Quando esboçava no rosto os inúmeros medos;

Quando tinha estampado nos olhos a ausência do tudo

e do nada.

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

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“SERES RACIONAIS”

O sangue que afasta, é o mesmo que une.

Seres racionais que usam pele de outros animais para

se exibirem;

Quando sofrem mutilações por seres que não

raciocinam, sofrem de depressão e, passam a dizer que

tal "animal" não tem coração.

Daí então, eis a questão:

Se tu pensas e compreendes, porque então que tu

prendes quem somente deseja voar e alcançar o céu de

sublime ar puro?

Se tu pensas, compreendes e se julga superior na escala

predatória; por que diabos, molesta nossa natureza de

forma tão imbecil?

A resposta? Está dentro do animal dito racional que,

nem por um minuto se sente mal ao deixar jorrar com

esplendor nos olhos, o sangue de outro ser classificado

outrora por mim e por você, incapaz de ser!

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

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NADA É NATURAL

Nada é natural!

Tudo agora é industrializado.

Homens são de ferro contorcido e aço inoxidável!

Os alimentos são radioativos como as usinas de

Hiroshima! Trazem mais caos e destruição que

nitroglicerina.

Nada é natural!

Até os beijos são de múltiplos sabores.

Os lábios quase sempre, não exibem suas reais cores!

Corações são de plásticos e não bombeiam nada além

de fluidos alterados.

Sentimentos são moldados e embalados, para o

comércio nos dias da semana e feriados!

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

Ítalo Oliveira Poesia Reflexiva

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INEXPLICÁVEL POESIA

Poesia é inexplicável.

Não por não ter uma explicação plausível; mas sim,

pelo fato de não se explicar com palavras.

Poesia se sente. É quando a alma fala com a gente...

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O COMÉRCIO DO ÓDIO

O ódio é recíproco e já foi enlatado para que pudesse

ser vendido.

Nas ruas, nas escolas, no antro familiar; nos

supermercados você também o encontra, muita gente

da gente o compra por lá.

O ódio é recíproco. O amor, nem tanto.

Enquanto uns vivem mais de 100, outros nem chegam

aos 25 anos.

O ódio é recíproco, e disso eu sei bem.

Também quis ver sangrando os que tiraram a vida de

alguém que amei!

O ódio é recíproco, e a vingança um ciclo vicioso.

Por isso contive o ódio que senti, e o guardei só para

mim.

Deixei que os dias se passassem, que as estações se

dissipassem; o ódio é recíproco e geralmente, mancha

de sangue o asfalto...

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VENENO LETAL

Cortei os pulsos com as lâminas da verdade.

Enforquei-me com as cordas da falsidade.

Degolei meus rivais, com facas bem cegas

Para que pudessem sentir a dor causada pelas setas da

insensatez.

Fiz dardos artesanais com pontas envenenadas.

Sim, eu sei, não fui nada criativo; muitos outros

também fizeram isto, eu imagino.

Porém, estes dardos carregam o veneno mais letal:

ÓDIO TRANSMUTADO EM AMOR

INCONDICIONAL!

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FALTA DE FLEXIBILIDADE

O amor bateu na porta três vezes. Na primeira, o dono

da "casa" não o permitiu entrar.

Na segunda, ele não estava, e na terceira...

O amor veio de forma jamais esperada e por este

motivo, o homem não o reconheceu; faleceu sem

conhecer o significado de amar e ser amado, tudo por

uma falta de flexibilidade em seus atos....

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PARA QUE VOCÊ TAMBÉM ESCREVA

Para que você também escreva,

Antes do título, deve haver sentimento.

Antes do sentimento, deve haver verdade.

Antes da verdade, deve haver humanidade; mas nunca

"superioridade".

O poeta não vive somente de alegrias, nem tampouco

de melancolias.

Assim também é a vida.

Assim também são os versos!

O conjunto da obra é que traz complexidade.

Para você que também escreve,

Aqui vai um pouco de insensatez!

Para você que não acredita em si mesmo, ou em nada;

Saiba que nem tudo é o que de fato reflete no espelho

das casas.

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ÂMAGO

No âmago de meu devaneio, aspiro sensatez.

No âmago de minha solidão, aspiro companheirismo.

No âmago de minha morte, aspiro vida.

No âmago de minha partida, aspiro o sonho do

retorno.

No âmago deste abismo, aspiro a queda sem fim.

No âmago de tudo que desejo, anseio desolação e,

No âmago de minha paixão, aspiro desilusão.

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AQUI, CORRUPÇÃO É UMA ARTE

Grafite é pichação.

Arte mesmo é a corrupção.

RAP é apologia ao crime.

Roubar dos cofres públicos é "direito".

Assim diz o político eleito.

Seja ele vereador, deputado e prefeito.

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PARA ONDE FORAM?

Para onde foram, as lamentações?

Para onde foi, o amor?

Onde se encontram os sublimes sentimentos?

Onde se encontram as verdades esquecidas no

tempo!?

Para onde foram as alegrias?

Para onde foram as melancolias do dia-a-dia?

Onde se encontram as imperceptíveis, porém

fascinantes; dádivas da vida!? Onde se encontram os

barcos de papel feitos pelas crianças, ou por seus pais

para as alegrar com constância!?

Para onde foram os sorrisos em dias de domingo?

Para onde foram a sabedoria das pessoas antigas?

Onde mora a felicidade?

Quem de fato é feliz?

Se souberes responder tais questões, sereis tu humano

de fato?

Se souberes responder tais questões, sereis tu um ser

sensato?

Se sabes tais respostas, sabes também quem tu és?

E se sabes quem és, precisarias de espelho para atenuar

tua dúvida?

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PÉTALAS

As pétalas caíram e ainda caem frequência.

As dores da alma são sempre tão intensas.

As aves de rapina me querem ao sol.

Os olhos sangram ao não mais contemplarem a vida

que foi outrora dissipada no mar das lamentações;

Os corações são universos simples e complexos.

Os sonhos do poeta se perdem com o passar do

tempo.

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PEQUENOS INDIVÍDUOS

Mãos pequenas batem nos vidros,

Os vidros são fechados na cara dos indivíduos

pequeninos.

Que sonhavam com uma moeda de 5, 10 ou 25

centavos,

Não era para o baseado, para a cola ou para o

mesclado;

Não era para inteirar a pedra nem o pó;

Era apenas para satisfazer o estômago de seus irmãos

menor.

Pés pequeninos, que vagam pelas cidades, pelos

centros, becos e vielas Da passarela conhecida como

periferia, favela.

Pequenos grandes homens e mulheres, que não

conhecem Martin, Malcolm X e nem Mandela;

Não conhecem Guevara, não sabem de nada

agregante, mais que infelizmente conhecem o que é ser

na vida, coadjuvante.

Corpos pequenos que se encontram nas esquinas em

busca de uma renda para a família

Longe dos livros e da escola, perto do crime, das

drogas e da prostituição.

A pátria mãe não foi gentil, ao invés de estudo lhes deu

um fuzil! A pátria mãe não é gentil, ao invés de sorrisos

lhes deu calos nas mãos

Ao não proibir o trabalho escravo na plantação de

cacau, que posteriormente vai virá chocolate;

chocolate este que as crianças só vêm nas

embalagens...

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ÉISME AQUI UM CONSUMIDOR

O consumo me consome, e aos poucos, eis-me aqui

um consumidor.

De futilidades, de frases prontas e pouco raras, pouco

claras, pouco fartas de conhecimento.

O consumo nos consome, e aos poucos gera homens

e mulheres que consomem tudo o que não precisam

para estarem na moda, nas rodas dos que consomem

o consumismo autodepreciativo.

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MENTIRAS TRAVESTIDAS DE VERDADES

Lindas mentiras, travestidas de verdades,

Tornam-se supremacia.

O fel como ingrediente de um pudim,

Assim como a fome é o estopim,

Os sonhos se desfazem como as nuvens.

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DESTILANDO SUICÍDIOS

A nicotina no peito, exalando pelos poros,

A cirrose devastando meu sistema imunológico.

É tão lógico quanto óbvio, que este é o segredo:

Quem anda de Ferrari e lucra com os enfermos, não

ingere uma gota se quer do seu próprio veneno!

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HERÓIS VILÕES, VILÕES HERÉOIS

A lança que transpassa o peito já em aberto,

O véu que desce, a cortina que sobe depois do

primeiro ato. Os ratos que fogem do navio antes do

naufrágio, O capitão que insiste em ficar até o fim.

A fome como estopim, os sonhos desintegrados;

A alça do caixão lacrado que foi doado,

Descendo a sete palmos.

Vilões condecorados.

Heróis viram vilões nos livros nada didáticos;

Lebres comem raposas, raposas acuadas

E pisoteadas pelas massas;

És o sonho de quem vos fala.

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CHAVES E CORRENTES

Verdades são como lanças: Todos querem arremessar,

mais nem todos suportam o seu peso.

Verdades são como setas sem rumo, ao dispará-las no

escuro puro, O alvo é incerto, e o mais certo é que não

é certo ser verdadeiramente indiscreto.

Verdades são progresso no coliseu de falsidades;

Onde se mata por falar a verdade e se beneficia por ser

verdadeiramente falso e incoerente.

Verdades são chaves e correntes:

Elas te libertam, mais também te prendem.