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1 Introdução 1. Relação com o estado da arte As cochonilhas-algodão (Hemiptera: Pseudococcidae) são uma família de coccídeos que se caracteriza por ter o corpo coberto por partículas cerosas, de cor esbranquiçada, produzidas por poros triloculares, que lhes conferem um aspecto enfarinhado, que está na origem de algumas designações vulgares, e.g., ciccinigle farinose, mealybugs. Apesar de se poderem movimentar durante quase todo o ciclo de desenvolvimento, os primeiros instares constituem a principal forma de dispersão destas cochonilhas. As fêmeas adultas produzem feromonas sexuais para atraírem os machos, alados e de vida curta (Franco et al., 2000). Entre as espécies do género Planococcus, existem algumas pragas cosmopolitas e polífagas, prejudiciais a várias culturas de importância económica por todo o mundo, como é o caso da cochonilha-algodão da vinha, Planococcus ficus (Signoret), nativa da Bacia do Mediterrâneo, que tem expandido a sua área de distribuição geográfica a outras regiões de cultivo de vinha, como África do Sul e Califórnia (Cox & Ben-Dov, 1986; Ben-Dov, 1994; Daane et al., 2004; Walton & Pringle, 2004). A espécie Planococcus citri (Risso), possivelmente de origem Afrotropical, ocorre em elevadas densidades populacionais em diversas culturas perenes nas zonas tropicais e subtropicais, e em ornamentais de interior, por todo o mundo (Cox & Ben-Dov, 1986; Ben-Dov, 1994; Franco et al., 2004; Zada et al., 2004). Em Portugal, tanto P. ficus como P. citri assumem estatuto de praga-chave da vinha e dos citrinos, respectivamente (Carvalho et al., 1996; Franco et al., 2000). A importância das cochonilhas-algodão está associada ao facto de apresentarem elevado potencial biológico e das suas populações se concentrarem, preferencialmente, sobre os frutos em crescimento (Franco & Carvalho, 1990). Da sua actividade alimentar, enquanto fitófagos, resultam estragos directos nos frutos, como a sua queda, diminuição do calibre, descoloração e deformações, e indirectos como a deposição de fumagina (Franco et al., 1994) e a acção de lepidópteros carpófagos que são atraídos pela excreção de melada (Franco et al., 2000). A espécie P. ficus é ainda vectora de vírus causadores de doenças na vinha (Rosciglione & Gugerli, 1989; Tanne et al., 1989). Estes estragos podem traduzir-se em perdas económicas, quer por decréscimo de produção, quer por desvalorização comercial dos frutos (Franco et al., 2001). A protecção das culturas relativamente a estas cochonilhas é condicionada por diversos factores. A protecção química, táctica mais utilizada no controlo tanto de P. citri como P. ficus, tem-se revelado inconsistente, devido à dificuldade de penetração dos insecticidas, motivada pelo facto das cochonilhas terem o corpo coberto por secreções cerosas (Arnett, 1993) e pelo seu

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1

IInnttrroodduuççããoo

1. Relação com o estado da arte

As cochonilhas-algodão (Hemiptera: Pseudococcidae) são uma família de coccídeos que

se caracteriza por ter o corpo coberto por partículas cerosas, de cor esbranquiçada, produzidas

por poros triloculares, que lhes conferem um aspecto enfarinhado, que está na origem de

algumas designações vulgares, e.g., ciccinigle farinose, mealybugs. Apesar de se poderem

movimentar durante quase todo o ciclo de desenvolvimento, os primeiros instares constituem a

principal forma de dispersão destas cochonilhas. As fêmeas adultas produzem feromonas sexuais

para atraírem os machos, alados e de vida curta (Franco et al., 2000).

Entre as espécies do género Planococcus, existem algumas pragas cosmopolitas e

polífagas, prejudiciais a várias culturas de importância económica por todo o mundo, como é o

caso da cochonilha-algodão da vinha, Planococcus ficus (Signoret), nativa da Bacia do

Mediterrâneo, que tem expandido a sua área de distribuição geográfica a outras regiões de

cultivo de vinha, como África do Sul e Califórnia (Cox & Ben-Dov, 1986; Ben-Dov, 1994;

Daane et al., 2004; Walton & Pringle, 2004). A espécie Planococcus citri (Risso), possivelmente

de origem Afrotropical, ocorre em elevadas densidades populacionais em diversas culturas

perenes nas zonas tropicais e subtropicais, e em ornamentais de interior, por todo o mundo (Cox

& Ben-Dov, 1986; Ben-Dov, 1994; Franco et al., 2004; Zada et al., 2004). Em Portugal, tanto P.

ficus como P. citri assumem estatuto de praga-chave da vinha e dos citrinos, respectivamente

(Carvalho et al., 1996; Franco et al., 2000).

A importância das cochonilhas-algodão está associada ao facto de apresentarem elevado

potencial biológico e das suas populações se concentrarem, preferencialmente, sobre os frutos

em crescimento (Franco & Carvalho, 1990). Da sua actividade alimentar, enquanto fitófagos,

resultam estragos directos nos frutos, como a sua queda, diminuição do calibre, descoloração e

deformações, e indirectos como a deposição de fumagina (Franco et al., 1994) e a acção de

lepidópteros carpófagos que são atraídos pela excreção de melada (Franco et al., 2000). A

espécie P. ficus é ainda vectora de vírus causadores de doenças na vinha (Rosciglione & Gugerli,

1989; Tanne et al., 1989). Estes estragos podem traduzir-se em perdas económicas, quer por

decréscimo de produção, quer por desvalorização comercial dos frutos (Franco et al., 2001).

A protecção das culturas relativamente a estas cochonilhas é condicionada por diversos

factores. A protecção química, táctica mais utilizada no controlo tanto de P. citri como P. ficus,

tem-se revelado inconsistente, devido à dificuldade de penetração dos insecticidas, motivada

pelo facto das cochonilhas terem o corpo coberto por secreções cerosas (Arnett, 1993) e pelo seu

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Introdução

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comportamento críptico, uma vez que residem em locais protegidos na planta, como as axilas

das folhas, ranhuras da casca (Geiger & Daane, 2001; Millar et al., 2002) e cálice dos frutos

(Meyerdirch et al., 1981; Nestel et al., 1995). Por outro lado, o facto de serem espécies

multivoltinas facilita o desenvolvimento de resistência aos insecticidas. O repetido uso de

produtos fitofarmacêuticos pouco selectivos tem, também, um impacto negativo nas

comunidades de inimigos naturais destas cochonilhas (Walton & Pringle, 1999).

A protecção biológica não se tem mostrado suficientemente eficaz para prevenir as

infestações de P. citri em regiões de clima Mediterrâneo, onde as condições ambientais

favorecem o seu potencial biótico (Mendel et al., 1999; Franco et al., 2004). Também têm sido

realizados esforços no sentido de identificar e estabelecer uma eficaz comunidade de inimigos

naturais de P. ficus, mas que ainda não resultaram num controlo fiável e consistente (Malakar-

Kuenen et al., 2001). Esta problemática deve-se essencialmente ao facto da composição destas

comunidades apresentar grande variação em diferentes regiões, o que torna difícil a avaliação do

contributo dos principais inimigos naturais na regulação das populações de cochonilhas (Franco

et al., 2004). Vários factores interferem na acção dos inimigos naturais dos pseudococcídeos,

como o carácter críptico acima referido, factores climáticos adversos, interferência entre

inimigos naturais, características dos sistemas de produção (e.g., elevada densidade de plantação,

desequilíbrios nutricionais, stress hídrico), interacção com formigas e com outros insectos

fitófagos, acção de hiperparasitóides e a resposta dos pseudococcídeos ao parasitismo, através da

encapsulação dos ovos dos parasitóides (Franco et al., 2000).

As técnicas recomendadas para monitorização das populações de cochonilhas, que

consistem basicamente na observação directa dos frutos e contagem dos indivíduos, são

normalmente processos morosos (Franco et al., 2004). Por outro lado, estes métodos são mais

eficazes quando as densidades populacionais das cochonilhas são mais elevadas e os indivíduos

se encontram mais expostos, o que só sucede no final do Verão, quando os estragos nas culturas

já ocorreram e é demasiado tarde para aplicar medidas de controlo (Millar et al., 2002; Walton et

al., 2004).

Surge assim a necessidade de se desenvolverem tácticas de protecção das culturas mais

eficazes, selectivas e ambientalmente mais seguras, preferencialmente de natureza biotécnica ou

biológica, para se usarem em combinação com ou em alternativa aos insecticidas. Essas tácticas

devem utilizar métodos de monitorização que permitam efectuar estimativas das populações das

cochonilhas a baixas densidades, no início da Primavera, de forma a intervir antes das

cochonilhas se estabelecerem nos frutos (Franco et al., 2004; Walton et al., 2004, 2006).

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Introdução

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As feromonas sexuais fornecem excelentes oportunidades para a protecção integrada, por

modificarem o comportamento dos insectos de diferentes formas. Exemplos da sua aplicação

incluem a monitorização (como detecção e mapeamento da distribuição de pragas,

monitorização de parasitóides e predadores) e o controlo directo (como confusão sexual, captura

em massa e atracção e morte) (Sukling, 2000). A identificação das feromonas sexuais de P. citri

(Bierl-Leonhardt et al., 1981) e P. ficus (Hinkens et al., 2001) e a sua síntese, permitiram o uso

de novos métodos na monitorização, com base em armadilhas sexuais, e no controlo directo

destas pragas (Ortu & Delrio, 1982; Franco et al., 2001, 2004; Millar at al., 2002, 2005; Walton

et al., 2004, 2006; Zada et al., 2004).

Os inimigos naturais utilizam grande diversidade de estímulos na localização das

presas/hospedeiros. Tanto as plantas como os herbívoros produzem odores que fornecem

informação potencial aos inimigos naturais. O valor informativo de cada estímulo depende de

dois factores: 1) a sua fiabilidade em indicar presas/hospedeiros disponíveis e adequados; e 2) o

grau de detecção do estímulo (Vet & Dicke, 1992; Vet et al., 1995).

Os estímulos derivados dos herbívoros são a fonte de informação mais fiável. No entanto,

o uso destes estímulos é limitado, devido à sua baixa detecção. O herbívoro é, apenas, uma

pequena componente de um ambiente complexo, onde a produção dos seus odores ocorre em

ínfimas quantidades. Para além disso, a contínua evolução do herbívoro para se tornar cada vez

menos conspícuo, leva a que este minimize a emissão de odores, para evitar ser, dessa forma,

parasitado ou atacado. Por outro lado, os estímulos da planta estão mais facilmente disponíveis,

devido à sua maior biomassa, mas são menos fiáveis na indicação da presença do herbívoro, uma

vez que a presença da planta hospedeira nem sempre garante a presença de hospedeiros/presas

adequados. Estes constrangimentos, na procura a longa distância do hospedeiro, conduzem à

evolução de estratégias indirectas de procura, baseadas em fontes não derivadas directamente do

potencial hospedeiro, mas que indicam a sua presença (Vet & Dicke, 1992; Vet et al., 1995).

Assim, os inimigos naturais lidam com o problema de fiabilidade-detecção de três

formas: 1) usam infoquímicos mais conspícuos, de um estádio diferente do herbívoro que

atacam; 2) respondem a estímulos resultantes da interacção específica entre o herbívoro e a

planta hospedeira, como voláteis da planta induzidos pela presença do herbívoro (sinomonas); e

3) aprendem a relacionar os estímulos fáceis de detectar com os estímulos fiáveis mas difíceis de

detectar, através de aprendizagem associativa, aumentando, desta forma, a fiabilidade dos

estímulos fáceis de detectar (Vet & Dicke, 1992; Vet et al., 1995).

Segundo Vet & Dicke (1992), no contexto tritrófico (planta hospedeira, herbívoro e

inimigo natural), o grau de especialização dos inimigos naturais a um nível trófico particular

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Introdução

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estabelece o grau de especificidade dos infoquímicos usados no processo de procura. Os autores

dividem os inimigos naturais em quatro grupos, de acordo com a sua especialização dietética e o

uso dos infoquímicos: A) Especialista, tanto ao nível do herbívoro, como da planta hospedeira;

B) Generalista, ao nível do herbívoro, e especialista, ao nível da planta hospedeira; C)

Especialista, ao nível do herbívoro, e generalista, ao nível da planta hospedeira; D) Generalista, a

ambos os níveis. No grupo C, o grau de polifagia do herbívoro é maior, o que faz com que os

infoquímicos relacionados com o hospedeiro, e.g. cairomonas, sejam muito importantes

comparados com os da planta. São por isso esperadas respostas inatas às cairomonas do

hospedeiro, mas podem também ocorrer respostas inatas aos voláteis das plantas hospedeiras

mais importantes ou a um componente comum a todas as plantas hospedeiras. Estas respostas

são pouco susceptíveis de serem modificadas com a experiência, apenas a sua intensidade parece

ser alterada, dependendo do grau de especificidade ao hospedeiro. Quanto maior essa

especificidade, menor a necessidade de aprendizagem pelo inimigo natural. As sinomonas,

voláteis da planta induzidos pelo herbívoro, são geralmente aprendidas, pois variam consoante a

espécie vegetal onde o herbívoro pode ocorrer.

O estudo do comportamento dos inimigos naturais é importante para compreender como

vivem, como influenciam a dinâmica populacional dos seus hospedeiros ou presas e a estrutura

da comunidade de insectos da qual fazem parte (Alphen & Jervis, 1996).

Segundo Vinson (1998), o comportamento de selecção do hospedeiro pelos parasitóides

pode ser dividido em várias etapas: 1) localização do habitat; 2) localização do hospedeiro; 3)

reconhecimento do hospedeiro; e 4) aceitação do hospedeiro. A localização do habitat do

hospedeiro envolve uma resposta a estímulos de longa distância, como infoquímicos voláteis

(voláteis da planta, feromonas do hospedeiro, substâncias emitidas por organismos associados ao

hospedeiro), estímulos sonoros e visuais. A localização do hospedeiro envolve estímulos ou

estimulantes de procura de curta distância, que tendem a ser apenas ligeiramente voláteis, como

as cairomonas de contacto, mas podem também estar envolvidos estímulos vibratórios e visuais

(Vinson, 1998). Nesta etapa, podem operar dois tipos de estímulos: estímulos atractivos, que

evocam uma resposta direccionada do parasitóide, orientando-o para áreas onde podem existir

hospedeiros, e estímulos de retenção, que evocam uma resposta localizada do parasitóide,

intensificando a procura do hospedeiro numa área próxima (Alphen & Jervis, 1996).

Diversos estudos têm demonstrado a atracção dos parasitóides himenópteros às

feromonas dos seus hospedeiros, evidenciando a existência de resposta cairomonal a feromonas

sexuais, de agregação e de alarme (ver revisão em Powell, 1999).

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Introdução

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Os encirtídeos (Hymenoptera: Encyrtidae) correspondem a 84% dos insectos parasitóides

utilizados no controlo biológico de cochonilhas-algodão (Moore, 1988). Anagyrus pseudococci

s.l. é um encirtídeo, endoparasitóide primário, coinobionte e solitário de cochonilhas-algodão

(Avidov et al., 1967; Tingle & Copland, 1989; Islam et al., 1997; Islam & Copland, 1997, 2000),

tendo cerca de 30 espécies hospedeiras (Noyes, 2003). Tem sido usado em vários programas de

protecção biológica clássica e em tácticas aumentativas para controlar populações de P. citri, que

juntamente com P. ficus, estão entre os hospedeiros mais comuns deste parasitóide (Noyes &

Hayat, 1994; Daane et al., 2006). Recentemente, Triapitsyn et al. (2007) mostraram, com base

em estudos morfológicos, moleculares e de compatibilidade reprodutiva, que o táxone

formalmente conhecido como A. pseudococci s.l. inclui na realidade duas espécies irmãs, A.

pseudococci (Girault) e A. spec. nov. próx. pseudococci. Estas duas espécies são

morfologicamente indistintas, excepto na coloração de F1 da antena da fêmea.

A resposta cairomonal de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al.,

2007) à feromona sexual de P. ficus, foi recentemente evidenciada por Cortegano (2006) e

Franco et al. (2008a,b). O facto deste parasitóide atacar várias espécies de cochonilhas em

diferentes habitats sugere o envolvimento de outros infoquímicos inerentes aos hospedeiros,

como a melada (Franco, comun. pessoal).

O conhecimento dos comportamentos associados à localização do hospedeiro de A. spec.

nov. próx. pseudococci irá ter importantes implicações no uso de feromonas, tanto em protecção

integrada como no controlo biológico das cochonilhas-algodão.

2. Enquadramento do tema no âmbito da Ecologia e Gestão Ambiental

A consciência da problemática ambiental revelou a necessidade de se implementarem

medidas e acções para a conservação e recuperação do ambiente, a fim de se atingir um

desenvolvimento sustentável. É neste contexto que a FAO, em 1992, define o conceito de

agricultura sustentável, visando um desenvolvimento durável, que preserve a terra, a água e os

recursos genéticos vegetais e animais, sem degradar o ambiente, e que utilize técnicas

apropriadas, economicamente viáveis e socialmente aceitáveis (Amaro, 2003).

A protecção integrada surge como um modo de agricultura sustentável, que pretende

responder a problemas ambientais resultantes do uso excessivo de pesticidas nos sistemas

agrícolas. O presente trabalho insere-se nesta perspectiva, no sentido de fornecer fundamentos

para o desenvolvimento de tácticas biotécnicas de gestão de pragas de cochonilhas, de base mais

ecológica, que contribuam para criação de programas de protecção integrada da vinha e citrinos,

menos dependentes de pesticidas.

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Introdução

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3. Objectivos

Este trabalho integra-se no projecto POCI/AGR/57580/2004 “Mate location by mealybug

males and host finding by parasitoids: its potential use to manage two noxious mealybug species

in citrus orchards and vineyards” que tem como objectivo desenvolver uma nova táctica

biotécnica de protecção das cochonilhas-algodão dos citrinos, Planococcus citri (Risso), e da

vinha, Planococcus ficus (Signoret), designada de “atracção e morte”.

Pretende-se aprofundar o conhecimento dos mecanismos envolvidos na resposta

cairomonal das fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007)

relativamente à feromona sexual de P. ficus e do seu papel como infoquímico no comportamento

de selecção do hospedeiro pelo parasitóide, em particular na localização do habitat e do

hospedeiro. Propõe-se avaliar a hipótese de utilizar a feromona sexual de P. ficus para

incrementar a eficiência do parasitóide A. spec. nov. próx. pseudococci na limitação natural de

populações de P. citri, em pomares de citrinos.

Procura-se, também, averiguar a existência de resposta cairomonal do A. spec. nov. próx.

pseudococci a estímulos associados ao hospedeiro P. citri, nomeadamente à sua melada, e

verificar se a experiência de postura em P. citri influencia a resposta do parasitóide à feromona

sexual deste hospedeiro..

Finalmente, o presente estudo pretende caracterizar a micromorfologia das sensilas da

antena de fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci, de modo a identificar os quimiorreceptores

que poderão estar envolvidos na selecção do hospedeiro.

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Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.

1.1 Introdução

A espécie Anagyrus pseudococci (Girault) (Hymenoptera: Encyrtidae) é um parasitóide

bem conhecido usado com frequência por todo o mundo como agente de controlo biológico de

Planococcus spp e Pseudococcus spp, particularmente no controlo de Planococcus citri (Risso)

(Domenichini, 1952; Bartlett, 1978; Noyes, 2003).

A primeira utilização desta espécie, como agente de controlo biológico, ocorreu em 1934,

após ter sido importada do Brasil e Argentina para a Califórnia (EUA), para controlar P. citri em

citrinos. Foi introduzida em 1955 na Bermuda, para controlar Pseudococus longispinus (Targioni

Tozzetti), e mais tarde no Uzbequistão, num programa de protecção biológica da vinha e

figueira, em relação a P. citri. Em 1975, foi importada de Israel para a África do Sul para o

controlo de P. citri em citrinos. Recentemente, esta espécie tem sido utilizada com êxito em

estufas, no Texas (EUA) e na Europa, para P. citri. Também tem sido referida como agente de

protecção biológica, em vinhas no Paquistão, relativamente a P. citri (Noyes & Hayat 1994). A

distribuição geográfica de A. pseudococci inclui África do Sul, Arábia Saudita, Argentina,

Azerbeijão, Bermuda, Brasil, Chile, Congo, Croácia, China, Chipre, Egipto, Espanha, EUA,

França, Paquistão, Gana, Gambia, Geórgia, Ilhas Canárias, Itália, Israel, Rússia (Noyes & Hayat

1994) e Portugal (Franco et al., 1994).

1.1.1 Alguns aspectos da morfologia e biologia da espécie

A morfologia de A. pseudococci foi descrita por diversos autores (Domenichini, 1952;

Rosen & Rossler, 1966; Noyes & Hayat, 1994; Daane et al., 2004). Esta espécie tem um elevado

dimorfismo sexual. A fêmea mede entre 1,49-1,63 mm, com grande parte da cabeça alaranjada,

excepto o occipúcio, a fronte, a margem média da armadura bucal e as proeminências inter-

antenais, de cor castanho escuro. O escapo é castanho escuro com uma banda basal branca, o

pedicelo é branco com a parte proximal castanha escura, e o flagelo é branco, com excepção do

1º artículo do funículo (F1) que é metade negro na parte proximal, e constituído por dez

artículos. O tórax apresenta coloração laranja e castanha escura. Os machos têm menores

dimensões, com 0,71-1,25 mm de comprimento e são mais escuros, possuindo a cabeça, a região

dorsal e as antenas castanhas escuras (Fig. 1.1).

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Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.

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Fig. 1.1 – Morfologia de Anagyrus pseudococci (Girault): a) Representação esquemática de uma fêmea (Natural History Museum, Londres); b) Fotografia de macho (à esquerda) e fêmea (à direita) (original da autora).

Esta espécie é um endoparasitóide solitário, a fêmea coloca um ovo, de 0,24×0,15 mm,

no interior da cochonilha, que passa posteriormente por cinco fases larvares e pupa antes do

adulto emergir do hospedeiro. O tempo de desenvolvimento no hospedeiro é dependente da

temperatura, podendo variar entre 11 e 79 dias, à temperatura de 32ºC e 14ºC, respectivamente.

O desenvolvimento é mais rápido a temperatura constante do que variável (Avidov et al., 1967;

Tingle & Copland, 1988; Islam & Jahan, 1993a; Daane et al., 2004). Os machos têm, em média,

um desenvolvimento mais rápido e, em geral, as fêmeas têm uma longevidade superior. A

longevidade depende do estado nutricional do parasitóide, sendo maior quando alimentados com

mel e melada do hospedeiro (Islam, 1993), e tende a diminuir com o aumento da temperatura

(Tingle & Copland 1989; Islam, 1993; Islam & Copland 1997; Islam et al. 1997).

O início do parasitismo ocorre na Primavera tardia e coincide com a deslocação do

hospedeiro para zonas mais expostas da planta. O rápido desenvolvimento do parasitóide permite

o seu rápido crescimento populacional em períodos de temperatura favorável, quando se verifica

um grande aumento do parasitismo. O aumento rápido da taxa de parasitismo reflecte um

parasitóide com múltiplas gerações para cada geração do hospedeiro (Islam, 1993; Malakar

Kuenen et al., 2001; Daane et al., 2004).

A fêmea de A. pseudococci tem capacidade de manipular a proporção dos sexos da

descendência durante a postura, depositando ovos fertilizados que originam fêmeas, em

hospedeiros maiores, e ovos não fertilizados que originam machos, em hospedeiros menores. O

parasitóide tem preferência por hospedeiros maiores, como fêmeas adultas do hospedeiro, pois

originam indivíduos com maior fecundidade, mas pode parasitar 3os instares larvares. Os estádios

ninfais do hospedeiro mostram frequentemente baixa adequabilidade ao parasitismo. Os 2os

instares não fornecem alimento suficiente para o desenvolvimento da descendência do

parasitóide ou impedem posturas subsequentes por ficarem presos ao oviscapto da fêmea, e os

a b

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Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.

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3os instares fogem com mais facilidade e têm mais defesas físicas (Avidov et al., 1967; Islam,

1993; Islam & Copland 1997; Daane et al., 2004).

Esta espécie possui características típicas de uma espécie sinovigénica (Le Ralec, 1991).

São parasitóides de vida longa, com capacidade de reabsorver os seus ovos, a sua fecundidade é

elevada e o período de postura dura vários dias, porque a maturação dos ovos ocorre

essencialmente após a emergência. No entanto, as fêmeas fazem postura poucas horas depois de

emergirem, o que sugere que a oógenese deve começar na fase de pré-muda, ainda dentro do

hospedeiro. A taxa de maturação dos ovos aumenta rapidamente durante os primeiros 3 dias após

eclosão, atingindo um pico ao 5º dia, com 25 ovos maduros nos ovários da fêmea, e diminui ao

15º dia. Por outro lado, apesar do adulto não se alimentar directamente do hospedeiro, a sua

manutenção e fecundidade depende de alimentos relacionados com o hospedeiro (melada,

hemolinfa absorvida por picadas nutricionais), ou relacionados com a planta (néctar, pólen,

outros exsudados) (Islam, 1993).

A descendência do parasitóide aumenta ligeiramente com a densidade do hospedeiro,

atingindo o nível óptimo de produção em massa quando a proporção do hospedeiro é de 10 para

1 do parasitóide. O número de descendentes por fêmea e a proporção entre os sexos da

descendência não são afectados pela densidade do parasitóide (Campos et al., 2003). A produção

de descendentes aumenta com a temperatura, até um óptimo (30ºC) a partir do qual há uma

descida abrupta, devido à baixa longevidade das fêmeas a estas temperaturas (Avidov et al.,

1967; Tingle & Copland; 1989; Islam, 1993).

Apesar de ser um parasitóide solitário, podem ocorrer casos de superparasitismo (postura

de mais de um ovo no hospedeiro), embora raramente, o que sugere que as fêmeas têm

capacidade de distinguir entre hospedeiros parasitados e não parasitados, sendo o número médio

de posturas significativamente maior nestes últimos, visto a sua biologia ser claramente

influenciada pela qualidade do hospedeiro. No entanto, o superparasitismo conspecífico é mais

comum que o superparasitismo de uma mesma fêmea. Os hospedeiros parasitados são mais

frequentemente rejeitados através da sondagem de marcadores externos pelas antenas, do que

pela sondagem de marcadores internos pelo oviscapto. O número de ovos presente nos ovários

da fêmea também influencia a escolha dos parasitóides. As fêmeas com poucos ovos rejeitam os

hospedeiros parasitados à menos de 96h e distribuem os seus ovos por hospedeiros saudáveis

(Islam & Copland, 1997, 2000).

A ocorrência de superparasitismo em A. pseudococci, parece ser uma estratégia para

reduzir a taxa de encapsulação efectiva nas cochonilhas. A encapsulação é um mecanismo de

defesa fisiológico comum nas cochonilhas, onde o ovo ou larva do parasitóide são envolvidos

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Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.

10

por uma cápsula amorfa composta por melanina, levando à morte do parasitóide por asfixia, por

fome ou inibição do seu desenvolvimento. A incidência da encapsulação reflecte o nível de

adaptabilidade e co-evolução entre hospedeiro e parasitóide, sendo tanto menor quanto maior for

a sua proximidade evolutiva. Diversos estudos têm mostrado que a taxa de encapsulação

agregada (percentagem total de ovos encapsulados do parasitóide) é superior em P. citri (39 %)

relativamente a P. ficus (20 %). Esta diferença indica possivelmente uma adaptação fisiológica

mais baixa de A. pseudococci a P. citri, devido à sua menor proximidade evolutiva (Blumberg et

al., 1995, 2001; Grade, 2004; Passarinho, 2004).

1.1.2 Redefinição do táxone Anagyrus pseudococci s. l.

A descrição original de A. pseudococci (sob Epidinocarsis Girault) foi feita por Girault

(1915), baseada em espécimes recolhidos na Sicília, em 1913. Recentemente, Triapitsyn et al.

(2007), com base em caracteres morfológicos, biológicos e moleculares de diferentes populações

geográficas, mostrou que A. pseudococci s.l. inclui na realidade duas espécies irmãs, A.

pseudococci (Girault) e A. spec. nov. próx. pseudococci.

Apesar dos espécimes-tipo de A. pseudococci terem sido descritos por Girault (1915)

como tendo o primeiro artículo do funículo (F1) da antena da fêmea metade branco metade

preto, as populações recolhidas na região mediterrânea da Europa, entre 1994-2002, incluindo

populações de Sicília, apresentaram sempre F1 completamente preto (Triapitsyn et al., 2007).

Triapitsyn et al. (2007) verificaram, ainda, que as populações do Brasil e da Califórnia

apresentavam também o morfotipo F1 totalmente preto, enquanto que as populações da

Argentina apresentavam o morfotipo preto e branco. Como não foi encontrado mais nenhum

outro caracter morfológico distinto nos dois sexos, esta diferença de coloração do F1 foi referida

como sendo apenas variabilidade interespecífica. No entanto, permaneceu sempre a dúvida dos

dois morfotipos assumidos como A. pseudococci serem na realidade duas espécies, sabendo-se

serem simpátricas na Sicília. Para além disso, a espécie oriental Anagyrus dactylopii (Howard) é

praticamente indistinta morfologicamente do morfotipo F1 totalmente preto de A. pseudococci

(Noyes & Hayat, 1994). Triapitsyn et al. (2007) usaram diferentes abordagens a fim de

determinar a identidade da espécie nas diferentes populações geográficas: (1) reexaminaram a

morfologia para determinar se existiam outras diferenças; (2) realizaram cruzamentos recíprocos

para determinar se as populações eram compatíveis reprodutivamente; (3) compararam

sequências de DNA para determinar se as populações apresentavam diferenças genéticas. Para

tal, examinaram exemplares de colónias de A. pseudococci s.l. provenientes dos EUA, Israel,

Espanha, Turquemenistão, Argentina e Sicília (Catania).

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Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.

11

Em relação ao estudo de morfologia, Triapitsyn et al. (2007) não encontraram mais

nenhuma diferença para além da coloração de F1 em A. pseudococci, A. spec. nov. próx.

pseudococci e A. dactylopii. Estes autores observaram que os espécimes de A. pseudococci da

Sicília e Argentina eram semelhantes morfologicamente, possuindo F1 parcialmente branco e

preto, e que os restantes espécimes das populações mediterrânicas, incluindo Sicília, e

populações do Brasil e EUA, possuiam F1 totalmente preto. Anagyrus spec. nov. próx.

pseudococci e A. dactylopii são morfologicamente indistintos ao nível do F1, distinguindo-se

apenas pela diferente distribuição geográfica e pelos principais hospedeiros. Triapitsyn et al.

(2007) verificaram, ainda, que quando Girault descreveu os primeiros espécimes-tipo já existiam

espécimes com F1 inteiramente preto, significando que as duas espécies já coexistiriam na

Sicília, nessa altura. Quanto à origem de A. pseudococci na Argentina, Triapitsyn et al. (2007)

defendem que esta espécie tenha sido introduzida acidentalmente por videiras trazidas de Itália

(antes de 1932), pois de acordo com John Noyes, as espécies A. dactylopii e A. pseudococci do

complexo Anagyrus têm origem no Velho Mundo (John Noyes, comun. pessoal).

Nos cruzamentos recíprocos, Triapitsyn et al. (2007) verificaram que os biótipos de A.

spec. nov. próx. pseudococci de diferentes origens, Sicília, Israel, Espanha, Turquemenistão e

EUA se cruzavam entre si, produzindo descendência, enquanto que os cruzamentos de A.

pseudococci da Argentina com diferentes biótipos de A. spec. nov. próx. pseudococci não

originavam descendência. Os resultados revelam portanto que as populações de A. pseudococci

da Argentina são incompatíveis reprodutivamente com as populações de A. spec. nov. próx.

pseudococci, representando, por isso, duas entidades isoladas.

A análise DNA dos genes ITS1, 28S-D2 e COX1 mostrou existirem diferenças genéticas

significativas entre A. pseudococci e A. spec. nov. próx. pseudococci. Não se registaram

diferenças significativas entre populações geograficamente distintas pertencentes ao mesmo

morfotipo. Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci e A. dactylopii apresentam uma relação

genética mais próxima, para além de serem morfologicamente mais semelhantes (Triapitsyn et

al., 2007).

Triapitsyn et al. (2007) concluíram que o táxone A. pseudococci s.l. é na realidade

constituído por duas espécies diferentes: A. pseudococci, encontrado apenas na Sicília, Argentina

e Chipre, caracterizada por apresentar F1 parcialmente branco e preto, e A. spec. nov. próx.

pseudococci, presente na região mediterrânea da Europa, incluindo Sicília, Ásia Paleártica,

Brasil e EUA, caracterizada por possuir F1 totalmente preto.

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Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.

12

1.2 Objectivos

Pretendeu-se esclarecer, com base no trabalho de Triapitsyn et al. (2007), a identidade de

populações de Anagyrus pseudococci s.l., de diferentes origens geográficas, nomeadamente as

regiões Centro e Sul de Portugal, utilizando como referencial comparativo exemplares obtidos de

amostras provenientes de Sicília (Região Centro do Mediterrâneo) e de Israel (Região Este do

Mediterrâneo).

1.3 Material e Métodos Foram realizadas colheitas de frutos infestados com cochonilhas-algodão, em vinhas, na

Região Centro de Portugal, e em pomares de citrinos, no Sul do país, em Julho e Outubro de

2007 (Anexo 1, Quadro 1). Neste estudo, foram também incluídas fêmeas de Anagyrus

pseudococci s.l. obtidas em amostragens efectuadas através de dispositivos-sentinela, i.e.,

batatas-armadilhas, constituídos por batatas abrolhadas, infestadas artificialmente com P. citri,

que foram expostos em pomares de citrinos, na região de Silves e Tavira, em Julho e Outubro de

2007, respectivamente (vide Cap. 5). Foram, ainda, considerados exemplares colhidos em vinhas

e pomares de citrinos no Sul de Portugal, entre 2002-2004, preservados em álcool etílico a 70%,

no Departamento de Protecção de Plantas e de Fitoecologia do Instituto Superior de Agronomia,

Universidade Técnica de Lisboa, bem como espécimes obtidos de criações mantidas no mesmo

departamento, provenientes de Sicília e de Israel.

O material amostrado em 2007 foi trazido para laboratório e mantido à temperatura de 22

± 0,5ºC, em caixas de plástico (17 cm x 17 cm, 9 cm de altura), fechadas com tampa hermética,

com orifícios (3 cm de diâmetro) revestidos de “etamine”, até à emergência dos parasitóides,

após a qual foram colhidos e preservados em álcool etílico a 70%, para posterior observação.

No total, foram analisadas 1307 fêmeas de A. pseudococci s.l., de diferentes origens

geográficas, 1157 de Portugal, 85 da Sicília e 65 de Israel, cujas antenas foram observadas ao

microscópio estereoscópico (ampliação 10 a 40x), para determinar o padrão de coloração de F1.

1.4 Resultados

Das 1157 fêmeas de Anagyrus pseudococci s.l. amostradas em Portugal, 1154 (99,7%)

apresentaram padrão morfológico de F1 compatível com A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu

Triapitsyn et al., 2007) (Fig. 1.2a) e apenas três fêmeas corresponderam a A. pseudococi

(Girault) (sensu Triapitsyn et al., 2007), possuindo F1 parcialmente branco (Fig. 1.2b,c; Quadro

1.1 e 1.2). As três fêmeas de A. pseudococi observadas emergiram, no entanto, de diferentes

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Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.

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hospedeiros de duas regiões do país, sendo uma proveniente de P. ficus colhido em Cantanhede

(Região Centro) e as restantes duas de P. citri na criação do parasitóide originária de Silves

(Região Sul).

Todas as 65 fêmeas de Anagyrus provenientes de Israel apresentaram F1 totalmente

preto, sendo por isso compatíveis com A. spec. nov. próx. pseudococci. Das 85 fêmeas da Sicília,

83 (97,6%) corresponderam a A. spec. nov. próx. pseudococci e apenas 2 fêmeas apresentaram

F1 parcialmente branco e preto, compatível com A. pseudococci (Quadro1.2).

Fig. 1.2 – a) Antena de fêmea de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007), de Silves, Portugal, com primeiro artículo do funículo (F1) totalmente preto; b) Antena de fêmea de A. pseudococci (Girault), de Silves, Portugal, com F1 parcialmente branco e preto; c) Pormenor do F1 da antena de fêmea de A. pseudococci, da Sicília, Itália (original da autora).

Quadro 1.1 – Número de fêmeas identificadas com morfotipo de Anagyrus pseudococci (Girault) e A. spec. nov.

próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007), obtidas a partir de frutos infestados com cochonilhas-algodão, colhidos em vinhas e pomares de citrinos, na região Centro e Sul de Portugal, entre 2002-2004 e em 2007.

A. spec. nov. próx

pseudococciA. pseudococci

Ago-02/Ago-03 Tavira P.ficus 15

Ago-03 Lagoa P.ficus 3

Jun-04 Lagoa P.citri 1

Jul-Set 04 Silves P. citri 24

Jul-07 Anadia P.ficus 2

Jul-07 Cantanhede P.ficus 1

Jul-07 Tavira P.ficus 10

Jul-07 Faro P.citri/ P.longispinus 3

Jul-07 Silves P.citri/ P.calceolarea 26

Jul-07 Silves P.citri 371

Jul-07 Loulé P.citri 74

Jul-07 Lagoa P.citri 9

Out-07 Tavira P.citri 453

Out-07 Lisboa P.ficus 4

Total 995 1

Número de fêmeasData recolha

campoLocalização (Concelho)

Hospedeiro

F1

a

F1

b

F1

c

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Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.

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Quadro 1.2 - Número de fêmeas de Anagyrus pseudococci (Girault) e A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007), obtidas das criações mantidas, em laboratório, sobre Planococcus citri (Risso) (Abril-Outubro de 2007), provenientes de Sicília, de Israel e de Silves.

A. spec. nov. próx

pseudococciA. pseudococci

Sicilia 83 2

Israel 65 0

Silves 159 2

Total 307 4

Origem

Número de fêmeas

1.5 Discussão

Todas as fêmeas de Anagyrus provenientes de Israel apresentaram morfotipo compatível

com A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007). Contudo, em Portugal,

apesar desta espécie parecer ser também a mais frequente e abundante em pomares de citrinos e

vinha, três fêmeas apresentaram padrões de F1 compatíveis com A. pseudococci (Girault) (sensu

Triapitsyn et al., 2007). Resultado semelhante foi observado nos exemplares originários da

Sicília.

De acordo com os resultados, é possível que ambas as espécies de Anagyrus coexistam

em Portugal, tal como em Itália, sendo A. spec. nov. próx. pseudococci relativamente mais

frequente e abundante. Na hipótese de serem realmente duas espécies diferentes, estas poderão

exibir diferenças na ocupação do habitat e nos comportamentos associados à selecção do

hospedeiro. Assim, o facto de não se ter capturado A. pseudococci no campo, poderá dever-se à

sua ausência ou a uma diferente resposta à feromona do hospedeiro, neste caso P. ficus, utilizada

nas batatas-armadilhas para atrair o parasitóide (Franco et al., 2008a).

Contudo, colocam-se algumas dúvidas relativamente a esta hipótese. O surgimento de

duas fêmeas com morfotipo A. pseudococci nas criações, quer de Silves, quer de Sicília, num

universo de 161 e 85 fêmeas, respectivamente, põe em causa a possibilidade deste caracter

morfológico ser suficiente para identificar a espécie, pois parece pouco provável que as duas

espécies coexistam nas criações do parasitóide em laboratório. Segundo John Noyes (comun.

pessoal, 2007), à luz dos conhecimentos actuais, não é possível separar as duas espécies, A.

pseudococci e A. spec. nov. próx. pseudococci, com base noutro caracter morfológico para além

da coloração de F1, cuja fiabilidade não está na realidade garantida, pois não foram observados

suficientes exemplares de diferentes regiões e hospedeiros. A espécie mais próxima de A.

pseudococci é A. dactylopii (Howard), referenciada com diferente distribuição geográfica, mas

que o autor pensa corresponder provavelmente à “raça israelita” de A. pseudoccci ou a sua

“forma F1 totalmente preta”, i.e., A. spec. nov. próx. psudococci, sensu Triapitsyn et al. (2007).

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Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.

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No estudo de Triapitsyn et al. (2007), é evidenciada uma relação genética próxima entre A. spec.

nov. próx. pseudococci e A. dactylopii, para além da mesma coloração de F1.

Segundo John Noyes (comun. pessoal, 2007), o esclarecimento desta questão passa

nomeadamente pelo estudo morfológico de mais exemplares dos dois morfotipos, proveniente de

maior número de regiões, desde a região mediterrânea da Europa até ao sul da China, de modo a

aferir a respectiva variabilidade intraespecífica, acompanhado por estudos moleculares e de

comportamento, que são normalmente muito dispendiosos e morosos.

Por outro lado, a fim de se concluir com maior exactidão sobre a identidade desta espécie,

torna-se importante verificar se as populações da Argentina de A. pseudococci se cruzam com as

populações desta espécie da Sicília e produzem descendência, cruzamentos estes que não foram

realizados por Triapitsyn et al. (2007). Seria, também, interessante verificar o isolamento

reprodutivo entre A. dactylopii (Howard) e A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et

al., 2007), de modo a comprovar a sua identidade como espécie.

Para além disso, torna-se importante fazer a revisão completa do género Anagyrus no

futuro, pois esta nova espécie proposta por Triapitsyn et al. (2007) pode já estar descrita sob

outra designação específica. Segundo John Noyes (comun. pessoal, 2007), existem três ou quatro

espécies em África que poderão corresponder a A. spec. nov. próx. pseudococci.

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Cap. 2 - Estudo da resposta cairomonal de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci à

feromona sexual de Planococcus ficus em laboratório

2.1 Introdução Os parasitóides utilizam diversas pistas químicas na localização dos seus hospedeiros,

sendo muitas delas voláteis emitidos pelo próprio hospedeiro, produtos resultantes da sua

actividade ou do substrato sobre o qual o hospedeiro pode ocorrer. Para evitar serem detectados

pelos seus inimigos naturais, a maioria dos artrópodes evoluiu no sentido de se tornar cada vez

menos conspícua. No entanto, na comunicação intraespecífica entre insectos é necessária a

libertação de feromonas voláteis, que revelam a presença dos organismos que as produzem.

Muitos parasitóides desenvolveram a capacidade de usar estas feromonas, como cairomonas, na

localização dos seus hospedeiros (Weseloh, 1981; Vet & Dicke, 1992; Powell, 1999). As

feromonas, como sinais químicos utilizados entre indivíduos da mesma espécie, constituem

pistas extremamente fiáveis para os parasitóides na selecção do hospedeiro (Powell, 1999).

As feromonas são infoquímicos (Dicke & Sabelis, 1988) de longo alcance usados na

comunicação intraespecífica, com várias funções, e.g., sexuais, de agregação, de pista, de

alarme. As cairomonas são também infoquímicos, mas medeiam relações interespecíficas, como

as relações insecto-insecto (e.g., localização dos hospedeiros pelos parasitóides) ou insecto-

planta (e.g., localização das plantas hospedeiras pelos fitófagos ou pelos parasitóides) (Vet &

Dicke, 1992). Uma mesma substância química pode desencadear diferentes respostas, de acordo

com o organismo que a detecta. As feromonas sexuais, emitidas pelas fêmeas para atraírem os

machos, são compostos altamente voláteis que evoluíram como sinais de comunicação de longo

alcance, sendo, por isso, cairomonas ideais no processo de localização dos hospedeiros pelos

parasitóides (Powell, 1999).

A atracção cairomonal em relação a feromonas sexuais tem sido evidenciada em diversas

espécies de parasitóides de ovos, como Trichogramma spp., Telenomus spp. e Ooencyrtus

pityocampae Mercet (Powell, 1999; Bruni et al., 2000; Reddy et al., 2002; Fiaboe et al., 2003), e

em parasitóides de larvas/pupas, Apanteles ruficrus (Haliday), Microplitis rufiventris Kok.,

Eupelmus vuilleti (CRW) (Powell, 1999). As feromonas sexuais dos afídeos são também

utilizadas como cairomonas pelos parasitóides Diaeretiella rapae (McIntosh), Praon spp. e

Aphidius spp. (Powell, 1999; Birkett & Pickett, 2003; Powell & Pickett, 2003). Aphytis spp. e

Encarsia perniciosa (Tower), parasitóides da cochonilha pinta-vermelha, Aonidiella aurantii

(Maskell), e da cochonilha de S. José, Diaspidiotus (= Quadraspidiotus) perniciosus

(Comstock), respectivamente, também respondem à feromona sexual do seu hospedeiro

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Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus

17

(Dunkelblum, 1999; Powell, 1999). De igual forma, os predadores das cochonilhas dos pinheiros

Matsucoccus spp. exibem resposta cairomonal à feromona sexual das suas presas (Mendel et al.,

2004).

Existem, no entanto, poucos estudos que investigaram a existência de respostas

cairomonais em parasitóides de cochonilhas-algodão à feromona sexual do hospedeiro. Alguns

exemplos são os estudos de campo de Suma et al. (2001) e os testes de antenografia de Suma et

al. (2004), onde não foi encontrada resposta cairomonal do parasitóide A. pseudococci à

feromona sexual de P. citri. Nos estudos de campo de Millar et al. (2002) foi sugerida a atracção

de A. pseudococci à feromona de P. ficus em vinhas no sul da Califórnia. Recentemente, os

estudos de campo e de laboratório de Franco et al. (2008a,b) mostraram que fêmeas de A. spec.

nov. próx. pseudococci utilizam a feromona sexual de P. ficus como cairomona na selecção do

hospedeiro.

2.2 Objectivos Neste ensaio pretendeu-se verificar a existência de resposta cairomonal de Anagyrus

spec. nov. próx. pseudococci de diferentes populações geográficas, nomeadamente Sicília e

Israel, à feromona sexual de Planococcus ficus, e determinar a natureza da resposta. O objectivo

foi confirmar os resultados obtidos, em condições de campo, nomeadamente em pomares de

citrinos na Sicília e em Israel (Franco et al., 2008a). Os resultados obtidos em estudos anteriores,

de campo e laboratório, em que se investigou a resposta cairomonal de populações portuguesas

do parasitóide à feromona de P. ficus (Cortegano, 2006; Franco et al., 2008b), foram também

comparados com os obtidos relativamente às populações de A. spec. nov. próx. pseudococci

provenientes de Sicília e de Israel, a fim de se detectarem possíveis diferenças entre populações

do parasitóide de diferentes origens geográficas, na bacia do Mediterrâneo.

2.3 Material e Métodos

2.3.1 Criação de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci e Planococcus citri

Para a realização dos ensaios do presente estudo, foi necessária a criação do parasitóide

A. spec. nov. próx. pseudococci e do seu hospedeiro P. citri, efectuada no insectário e laboratório

do Departamento de Protecção de Plantas e Fitoecologia do Instituto Superior de Agronomia,

Universidade Técnica de Lisboa.

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Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus

18

Criação da cochonilha-algodão:

A população de P. citri utilizada nos ensaios foi criada em laboratório sobre brolhos de

batata (Solanum tuberosum L.) da variedade Desirée, processo que compreendeu a fase de

crescimento dos brolhos de batata e a criação propriamente dita. Estas duas fases foram

realizadas em salas separadas, para evitar contaminações por outras espécies de cochonilhas.

Nesse sentido, as várias espécies de cochonilhas-algodão foram mantidas em diferentes câmaras

climatizadas e o seu manuseamento foi realizado separadamente e após desinfecção da bancada

de trabalho e do material de manuseamento.

Na primeira fase, os tubérculos de batata seleccionados (peso médio de 91 g) foram

lavados, para remover a sujidade, e colocados em tabuleiros apropriados (44 cm de

comprimento, 34 cm de largura, 12 cm de profundidade). Estes foram mantidos num

compartimento (22,0 ± 0,5ºC) durante cerca de 20 dias, até se formarem brolhos com

comprimento médio de 5 cm. Os tabuleiros foram cobertos com um tecido de cor negra, para que

o desenvolvimento dos brolhos ocorresse sem formação de solanina, substância que pode

interferir no desenvolvimento das cochonilhas-algodão. Os tubérculos foram pulverizados com

água regularmente.

Na fase de criação em laboratório, cada brolho foi infestado com dois sacos ovígeros de

fêmeas adultas da cochonilha. Foram colocados oito tubérculos por caixa de plástico (17 cm x 17

cm, 9 cm de altura), fechada com tampa hermética com cinco orifícios (3 cm de diâmetro),

revestidos com “etamine”, para permitir o arejamento. As caixas foram mantidas numa câmara

climatizada (24,0 ± 0,5ºC; 52,0 ± 0,5% HR; ausência de luz) até se obterem fêmeas adultas no

início de postura, para se poder repetir o processo e efectuar novas criações.

O material de origem de P. citri foi obtido a partir de populações recolhidas em pomares

de citrinos, em diferentes períodos e regiões de Portugal (Quadro 2.1).

Quadro 2.1 - Origem, hospedeiro vegetal e datas de recolha de populações de cochonilha-algodão dos citrinos, Planococcus citri (Risso), utilizadas na criação em condições controladas de laboratório.

Origem Hospedeiro vegetal Data de recolha

Camarate limoeiro Outubro 2004

Mafra limoeiro Outubro 2005

Silves laranjeira-doce Outubro 2004, Junho 2005, Julho 2006

Silves limoeiro Julho 2006

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Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus

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Criação do parasitóide:

As populações do parasitóide A. spec. nov. próx. pseudococci foram criadas em colónias

de P. citri, em laboratório. Num frasco de plástico cilíndrico (14 cm de diâmetro, 15 cm de

altura) com sistema de fecho semelhante ao utilizado nas cochonilhas, foram colocados dois

tubérculos de batata infestados com 3os instares ninfais e fêmeas adultas de P. citri e cerca de 10-

20 indivíduos de ambos os sexos do parasitóide. Em cada frasco, foram colocadas duas gotas de

mel, uniformemente espalhadas pelas suas paredes, para que o parasitóide se alimentasse, e um

círculo de papel absorvente no fundo, para absorver o excesso de humidade. As caixas de criação

foram mantidas numa câmara climatizada (24,0 ± 0,5ºC; 52,0 ± 0,5% HR; fotoperíodo de

14L:10E) até à emergência dos parasitóides, de modo a serem efectuadas novas criações.

As populações em criação resultaram de colheitas de frutos infestados por colónias de P.

citri efectuadas em pomares de citrinos. Foram mantidas isoladas diferentes origens do

parasitóide, nomeadamente de Silves, Sicília e Israel, recolhidas em diferentes períodos (Quadro

2.2). Para evitar contaminações, as várias origens do parasitóide foram manuseadas

separadamente e após desinfecção da bancada de trabalho e do material utilizado.

Quadro 2.2 - Origem, hospedeiro vegetal e datas de recolha de populações de A. spec. nov. próx.

pseudococci obtidas a partir de colónias de Planococcus citri (Risso) utilizadas na criação em condições controladas de laboratório.

Origem Hospedeiro vegetal Data de recolha

Silves, Portugal laranjeira-doce Outubro 2004, Julho 2006

Sicília, Itália citrinos Janeiro 2007

Israel citrinos Abril 2007

2.3.2 Químicos A feromona sexual de Planococcus ficus, senecioato de (S)-(+)-lavandulilo (LS), foi

sintetizada na unidade química do Departamento de Entomologia do Volcani Center,

Agricultural Research Organization, Bet Dagan, Israel, segundo Zada et al. (2003). Todos os

difusores foram impregnados com feromona em solução de hexano. LS foi utilizada na sua

forma racémica, com uma pureza química de 94 %. Os esterioisómeros sintetizados de LS são

benignos, nem inibidores nem sinergistas, como a maioria das feromonas das cochonilhas-

algodão (Dunkelblum, 1999; Millar et al., 2002; Zada et al., 2004).

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Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus

20

2.3.3 Ensaios em olfactómetro de ar estático Neste ensaio, cada fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci foi submetida a um teste de

dupla escolha, entre o difusor de feromona sexual de P. ficus a 200 µg (PF200) (odor teste) e a

ausência de estímulo (testemunha). A resposta das fêmeas do parasitóide foi estudada em

olfactómetro de ar estático (Vet, 1983; Alphen & Jervis, 1996), que consiste em três câmaras

dispostas em fila, ligadas por um corredor (Fig. 2.1). Cada fêmea é libertada na câmara do meio,

sendo registada posteriormente a sua escolha por um dos dois estímulos químicos em estudo,

localizados nas câmaras exteriores (difusor versus testemunha), assim como o tempo de resposta.

Foram efectuadas 30 repetições, em condições de laboratório (22,0 ± 0,5ºC; 49,0 ± 0,5% HR;

presença de luz artificial e natural com igual incidência sobre ambos os lados do olfactómetro),

com duração máxima de 30 minutos, por repetição. O difusor de feromona foi colocado no

olfactómetro 5 minutos antes da colocação da fêmea do parasitóide. Para evitar possíveis efeitos

visuais ou outros efeitos externos na resposta do parasitóide, a posição do difusor de feromona

entre as duas câmaras opostas do olfactómetro foi alterada antes de cada repetição. O período de

realização dos ensaios coincidiu com a fase luminosa da câmara de criação do parasitóide. No

final de cada ensaio, o F1 das antenas da fêmea do parasitóide foi observado para verificação da

identidade da espécie, sendo excluídos os ensaios em que foram encontradas fêmeas que não

apresentavam fenótipo antenal típico de A. spec. nov. próx. pseudococci. Entre cada repetição, o

olfactómetro foi colocado em água e detergente, durante 10 minutos, enxaguado e lavado com

hexano.

Uma vez que as respostas dos parasitóides e predadores em olfactómetro são

influenciadas pela idade, estado nutricional e experiência, procurou-se assegurar condições

idênticas a todas as fêmeas do parasitóide (idade, alimento e acasalamento) (Alphen & Jervis,

1996). As fêmeas do parasitóide, com origem em Sicília e Israel, foram criadas em P. citri e

tinham entre 22-24 horas de vida. Fêmeas recém-emergidas, com um máximo de 2h, foram

retiradas das caixas de criação e mantidas durante 20-22h num frasco de plástico cilíndrico (14

cm de diâmetro, 15 cm de altura), fechado com tampa hermética, com um orifício (3 cm de

diâmetro) revestido de “etamine”, para permitir o arejamento, com alimento (1 gota de mel

diluída em água, na proporção de 1:1) e com machos (proporção de 1 fêmea:2 machos), para

permitir o acasalamento.

Considerou-se como hipótese nula (H0) que a escolha da fêmea do parasitóide, entre as

duas arenas do olfactómetro (PF200 versus testemunha), era feita ao acaso. Para verificar esta

hipótese recorreu-se à distribuição binomial, com base no programa SPSS versão 15.0 para

Windows.

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Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus

21

Fig. 2.1 – Olfactómetro de ar estático (Alphen & Jervis, 1996)

2.4 Resultados

O número de respostas positivas à feromona de P. ficus pelas fêmeas de A. spec. nov.

próx. pseudococci de Israel foi significativamente (p=0,05) superior ao esperado se as fêmeas do

parasitóide tivessem escolhido de forma aleatória entre o tratamento e a testemunha, justificando

assim a rejeição da H0 de acordo com a distribuição binomial (p=q=0,5; n=30) (Fig. 2.2).

Contudo, no caso da população da Sicília, o número de respostas positivas à feromona de

P. ficus, apesar de superior, não diferiu significativamente das respostas negativas, não havendo

por isso razões para rejeitar H0 (Fig. 2.2).

0 5 10 15 20 25 30 35

Sicília

Israel

Nº respostasPF 200 Testemunha

Fig. 2.2 – Número de respostas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci, em ensaios de dupla escolha (feromona Planococcus ficus versus testemunha) realizados em olfactómetro de ar estático, em função da origem do parasitóide: Israel e Sicília.

2.5 Discussão

Os resultados obtidos com as fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci provenientes de

Israel suportam a hipótese deste parasitóide utilizar a feromona sexual de P. ficus como

cairomona na selecção do hospedeiro. Estes resultados corroboram os obtidos por Cortegano

(2006) e Franco et al. (2008b), relativamente a populações portuguesas de A. spec. nov. próx.

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Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus

22

pseudococci. No entanto, nos ensaios realizados com batatas-armadilhas em pomares de citrinos

em Israel (Franco et al., 2008a), as fêmeas do parasitóide não responderam significativamente à

feromona de P. ficus. Este resultado, aparentemente discordante, parece estar associado ao facto

dos ensaios terem sido realizados em Maio, altura em que a densidade populacional do

parasitóide no campo é muito baixa.

De forma semelhante ao verificado na população portuguesa de A. spec. nov. próx.

pseudococci (Cortegano, 2006; Franco et al., 2008b), a resposta das fêmeas do parasitóide

proveniente de Israel à feromona sexual de P. ficus sugere a existência de uma resposta inata e

não adquirida, por experiência ou aprendizagem, uma vez que as fêmeas utilizadas nos ensaios

foram obtidas de P. citri e não tiveram contacto prévio com P. ficus ou qualquer estímulo

associado a este hospedeiro. Este comportamento inato das fêmeas do parasitóide à feromona

sexual de P. ficus está em concordância com a hipótese da especialização da dieta alimentar e

uso de semioquímicos pelos inimigos naturais no contexto tritrófico: nos especialistas ao nível

do hospedeiro e generalistas ao nível da planta é esperada uma resposta inata às cairomonas do

hospedeiro/presa, visto as sinomonas emitidas pelas várias plantas hospedeiras variarem

consoante a espécie vegetal (Vet & Dicke, 1992). O parasitóide A. spec. nov. próx. pseudococci

parece incluir-se neste grupo de inimigos naturais, uma vez que é especialista de cochonilhas-

algodão, mas os seus potenciais hospedeiros incluem espécies polífagas (Noyes, 2003; Triapitsyn

et al., 2007).

As fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci da Sicília não responderam

significativamente à feromona sexual de P. ficus, não evidenciando a utilização desta feromona

como cairomona no processo de selecção do parasitóide. Estes resultados não corroboram os

estudos de campo realizados em pomares de citrinos na Sicília, onde foi encontrada uma resposta

cairomonal das fêmeas do parasitóide à feromona de P. ficus (Franco et al., 2008a). No entanto,

neste estudo o parasitóide mostrou uma resposta cairomonal à feromona de P. citri, embora

menor que a da feromona P. ficus, não corroborando os estudos anteriores de Suma et al. (2001)

realizados na mesma região. Apesar destes resultados poderem estar relacionados com a

experiência adquirida no hospedeiro pelo parasitóide no início do Outono, podem também

evidenciar uma diferença na resposta cairomonal à feromona sexual de P. citri e P. ficus pelas

populações de A. spec. nov. próx. pseudococci da Sicília, relativamente à das populações de

outras origens geográficas na bacia do Mediterrâneo, como Portugal e Israel. Segundo Vet &

Dicke (1992), as populações de inimigos naturais que evoluem em contextos ecológicos

diferentes podem variar nas características importantes para um bom desempenho, como

tolerância climática, evasão à resposta imunitária do hospedeiro e no uso dos infoquímicos.

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Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus

23

Considerando o número reduzido de repetições deste ensaio e a discordância com os

resultados obtidos em campo na Sicília, torna-se necessário repetir o ensaio com maior número

de repetições, de modo a serem retiradas conclusões mais robustas. Por outro lado, há que ter em

conta que a metodologia utilizada no estudo efectuado com a população portuguesa do

parasitóide não foi exactamente a mesma utilizada em relação às populações de Sicília e de

Israel, nomeadamente no que respeita à idade das fêmeas utilizadas nos ensaios. De facto,

enquanto que no primeiro caso as fêmeas tinham menos de 1 dia, ou seja, entre 0 e 24h de idade

(Cortegano, 2006; Franco et al. 2008b), no segundo caso tinham 22 a 24h. Tendo em conta que o

número de ovos presentes nos ovários das fêmeas influencia a escolha do parasitóide (Islam &

Copland, 1997, 2000) e que se trata de um parasitóide sinovigénico (Islam, 1993), isto é, fêmeas

recentemente emergidas dependem de fontes de alimento para terminar o processo de maturação

dos ovos, é de esperar que a diferente condição fisiológica das fêmeas influencie a sua resposta à

feromona do hospedeiro.

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24

Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci à melada

de Planococcus citri em laboratório

3.1 Introdução Muitos insectos parasitóides utilizam cairomonas de contacto como pistas na localização

do hospedeiro. Estas cairomonas são geralmente segregadas ou excretadas pelo hospedeiro

durante a sua actividade fitófaga e incluem melada, fezes, ceras e secreções salivares (Vinson,

1981; Weseloh, 1981; Vet & Dicke, 1992).

A melada, excretada pelos homópteros, é uma mistura complexa de compostos químicos

e diversos nutrientes, que a tornam um recurso alimentar para muitos insectos. Além de ser rica

em açúcares (e.g., frutose, glucose, sacarose), a sua composição inclui grande diversidade de

aminoácidos, amidas, proteínas, minerais e vitamina B (Hagen 1986, Degen & Gersani 1989).

Encontra-se, por isso, na origem de diversos tipos de relações tróficas, podendo envolver,

nomeadamente, no caso dos pseudococcídeos e dos citrinos, formigas colectoras de melada,

lepidópteros carpófagos e outros insectos fitófagos, parasitóides e predadores, artrópodes

detritívoros e fungos saprófitas e entomopatogénicos.

A resposta cairomonal à melada do hospedeiro tem sido bastante estudada em

parasitóides (Bouchard & Cloutier, 1984; Hagvar & Hofsvang, 1989; Budenberg, 1990; Cloutier

& Bauduin, 1990; Grasswitz & Paine, 1992; Shaltiel & Ayal, 1998) e hiperparasitóides de

afídeos (Grasswitz, 1998; Li et al., 1997; Buitenhuis et al., 2004). Tanto os parasitóides

primários, como os hiperparasitóides de afídeos, usam a melada como estímulo de retenção na

procura do hospedeiro e a resposta a este estímulo parece ser inata, uma vez que fêmeas sem

experiência respondem à cairomona (Bouchard & Cloutier, 1984; Grasswitz & Paine, 1993;

Grasswitz, 1998). Após o contacto com a melada do hospedeiro, os parasitóides exibem uma

série de alterações comportamentais, incluindo o aumento da sondagem com as antenas,

contracções abdominais, redução da velocidade de deslocação e aumento da taxa de viragem

(Bouchard & Cloutier, 1984; Budenberg, 1990; Hagvar & Hofsvang, 1991).

O efeito de retenção da melada foi também observado em parasitóides de mosca-branca

(Lenteren et al., 1996; Romeis & Zebitz, 1997; Hudák et al., 2003). Apesar da composição da

melada depender maioritariamente dos elementos do floema, que são específicos da planta

(Hendrix et al., 1992), pode também depender da espécie fitofaga. No estudo de Romeis &

Zebitz (1997), o parasitóide Encarsia formosa (Gahan) (Hymenoptera: Aphelinidae) respondeu

de forma diferente à melada do hospedeiro, mosca-branca, em comparação com a de espécies

não hospedeiras, afídeos.

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Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri

25

O parasitóide de psilas, Psyllaephagus pistaciae (Burckhardt e Lauterer) (Hymenoptera:

Encyrtidae), também utiliza a melada do hospedeiro como cairomona volátil e de contacto, o que

afecta significativamente o seu comportamento, actuando como estimulante de procura. A

resposta cairomonal do parasitóide à melada de psila permite que este invista mais tempo e

esforço de procura em locais onde o hospedeiro está presente (Mehrnejad & Copland, 2006).

Existem poucos estudos que evidenciam a resposta cairomonal à melada de coccídeos

pelos seus parasitóides (Vinson et al., 1978; Meiracker et al., 1990) e apenas dois incidem sobre

a influência da melada de Planococcus citri no comportamento de procura de Anagyrus

pseudocci s.l. (Islam & Jahan, 1993b; Islam, 1993). Em ambos os estudos, foi observado um

comportamento de retenção do parasitóide, que aumenta a actividade de procura na presença de

melada de P. citri. Ao encontrar uma área contaminada, A. pseudococci reduz a actividade,

podendo permanecer em repouso repetidas vezes, sonda o substrato com as antenas e a armadura

bucal e efectua viragens angulosas. Os autores observaram ainda que o parasitóide, quando perde

o contacto com a zona com melada, vira rapidamente para trás em direcção a essa zona. O tempo

gasto nas zonas com melada foi superior ao das zonas limpas, independentemente da experiência

das fêmeas. As fêmeas inexperientes gastaram mais tempo nas zonas com melada, apresentando

menor actividade.

Para além de serem usadas pelo parasitóide na localização do hospedeiro, as cairomonas

podem também ser usadas para estimar o número de hospedeiros num determinado local, uma

vez que a quantidade de cairomona parece estar correlacionada positivamente com o número de

hospedeiros nesse local (Shaltiel & Ayal, 1998).

No entanto, a presença de melada nem sempre indica com fiabilidade a presença do

hospedeiro, pois permanece na planta, mesmo depois do hospedeiro ter deixado a área

contaminada. A inferência da qualidade do local, através da taxa de encontros do parasitóide

com o hospedeiro, pode fornecer estimativas mais fiáveis para os parasitóides do que as

cairomonas (Vet & Dicke, 1992). No estudo de Li et al. (1997), a percepção da densidade do

hospedeiro num local parece ter sido mais influenciada pelo número de hospedeiros atacados, do

que pela presença de melada, uma vez que as fêmeas experientes do parasitóide permaneceram o

mesmo tempo em locais sem hospedeiros, com ou sem melada.

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Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri

26

3.2 Objectivos

Pretendeu-se avaliar, em laboratório, se a melada constitui um estímulo de curta ou longa

distância utilizado pelas fêmeas do parasitóide A. spec. nov. próx. pseudococci na localização de

cochonilhas-algodão, dado ser uma substância comum, excretada pelos hospedeiros.

Sabendo que P. citri é um hospedeiro primário de A. pseudococci s.l. (Noyes & Hayat

1994) e que este parasitóide não apresentou resposta cairomonal à feromona sexual de P. citri

(Suma et al., 2001, 2004; Cortegano, 2006; Franco et al., 2008b), pretendeu-se, em particular,

averiguar se as fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci usam a melada como estímulo químico

na localização deste hospedeiro. Para o efeito, delinearam-se dois tipos de ensaios. O estudo do

comportamento do parasitóide na presença de melada de P. citri foi realizado em placa de Petri.

A existência de resposta cairomonal foi averiguada através de ensaios de dupla escolha, em

olfactómetro de ar estático.

3.3. Material e Métodos

3.3.1. Ensaio em placa de Petri

No estudo do comportamento de A. spec. nov. próx. pseudococci, cada fêmea do

parasitóide foi exposta a um círculo de papel de filtro (2 cm diâmetro), impregnado ou não

(testemunha) com melada do hospedeiro, colocado no centro de uma placa de Petri (12 cm

diâmetro, 2 cm altura) (Fig. 3.1). Foram efectuadas 30 repetições por modalidade, tendo-se

registado o tipo e a duração de cada comportamento do parasitóide (limpeza, repouso,

alimentação, procura, sondagem com as antenas ou armadura bucal), assim como o tempo

dispendido na área tratada, em cada repetição. Os ensaios foram realizados em condições de

laboratório (22,0 ± 0,5ºC; 49,0 ± 0,5% HR; presença de luz artificial e natural com igual

incidência na placa de Petri) e tiveram duração máxima de 15 minutos. O período de realização

dos ensaios coincidiu com a fase luminosa da câmara de criação do parasitóide. A fêmea do

parasitóide foi colocada sobre a área tratada, imediatamente a seguir à colocação do papel de

filtro na placa de Petri. No final de cada ensaio, o F1 das antenas da fêmea do parasitóide foi

observado para verificação da identidade da espécie, sendo excluídos os ensaios em que foram

encontradas fêmeas cujo fenótipo antenal não era típico de A. spec. nov. próx. pseudococci. Entre

cada repetição, a placa de Petri foi colocado em água e detergente, durante 10 minutos,

enxaguada e lavada com hexano.

As fêmeas do parasitóide utilizadas no ensaio, originárias de indivíduos colhidos na

região de Silves, foram criadas em P. citri e tinham entre 48-50 horas de vida. Fêmeas recém-

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Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri

27

emergidas, com um máximo de 2h, foram retiradas das caixas de criação e mantidas durante 46-

48h horas em frasco de plástico cilíndrico (14 cm de diâmetro, 15 cm de altura), fechado com

tampa hermética, com um orifício (3 cm de diâmetro) revestido de tecido “etamine” para

permitir o arejamento, com alimento (1 gota de mel diluída em água, na proporção de 1:1) e com

machos, (proporção de 1fêmea:2machos) para permitir o acasalamento.

A melada utilizada em cada ensaio tinha entre 24-72h e foi obtida a partir de colónias de

ninfas do 3º instar (garantia de ausência da feromona) de P. citri sobre brolhos de batatas em

frascos de plástico. As paredes do frasco foram forradas de papel de filtro, de modo a absorver a

melada excretada pela colónia de cochonilhas e reduzir a contaminação por partículas cerosas

segregadas pelas cochonilhas.

Fig. 3.1- Dispositivo do ensaio de comportamento de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci em placa de Petri. A seta indica a localização da fêmea sobre o papel de filtro (original da autora).

3.3.2. Ensaio em olfactómetro estático

Neste tipo de ensaio, cada fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci foi submetida a um

teste de dupla escolha, entre melada de P. citri impregnada num círculo de papel de filtro (2 cm

diâmetro) (odor teste) e ausência de estímulo (testemunha). A resposta das fêmeas do parasitóide

foi estudada em olfactómetro de ar estático (Vet, 1983; Alphen & Jervis, 1996), descrito

anteriormente (vide Cap. 2.2.3). Foram efectuadas 30 repetições, tendo-se registado, em cada

repetição, o tipo e tempo de resposta da fêmea. Cada ensaio foi realizado em condições de

laboratório (22,0 ± 0,5ºC; 49,0 ± 0,5% HR; presença de luz artificial e natural com igual

incidência sobre ambos os lados do olfactómetro) e teve a duração máxima de 30 minutos. Para

evitar possíveis efeitos visuais ou outros efeitos externos na resposta do parasitóide, a posição do

difusor de feromona entre as duas câmaras opostas do olfactómetro foi alterada antes de cada

repetição. O período de realização dos ensaios coincidiu com a fase luminosa da câmara de

criação do parasitóide. No final de cada ensaio, o F1 das antenas da fêmea do parasitóide foi

observado para verificação da identidade da espécie, sendo excluídos os ensaios em que foram

encontradas fêmeas cujo fenótipo antenal não era típico de A. spec. nov. próx. pseudococci. Entre

cada repetição, o olfactómetro foi colocado em água e detergente, durante 10 minutos, sendo

posteriormente lavado com água corrente e com hexano.

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Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri

28

As fêmeas utilizadas neste ensaio foram sujeitas às mesmas condições do ensaio anterior,

assim como o procedimento de obtenção da recolha de melada utilizada (vide 3.3.1).

Considerou-se como hipótese nula (H0) que a escolha da fêmea do parasitóide entre as

duas arenas do olfactómetro (melada versus testemunha) era feita ao acaso. Para verificar esta

hipótese recorreu-se à distribuição binomial, com base no programa SPSS versão 15.0 para

Windows.

3.4 Resultados

3.4.1 Ensaio em placa de Petri

Na presença de melada, a fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci dedicou a maior parte

do seu tempo à actividade de procura (74%) e à sondagem com antenas (19%), com duração

média de cerca de 11 minutos e 3 minutos, respectivamente, nos 15 minutos de ensaio (Fig. 3.2;

Anexo 2, Quadro 1). O restante tempo foi ocupado por ordem decrescente em repouso, limpeza,

alimentação e sondagem com armadura bucal.

A fêmea do parasitóide permaneceu, em média, cerca de 1/4 do seu tempo (Fig. 3.3A),

na área tratada com melada do hospedeiro, dedicando-se predominantemente, nessa área, às

actividades de sondagem com antenas e procura (Fig. 3.3B). Apesar de ter sido, previamente,

fornecido mel à fêmea do parasitóide, antes do ensaio, esta parece ter-se alimentado da melada

do hospedeiro durante cerca de 2% do seu tempo na área tratada.

Fig. 3.2 – Frequência relativa (%) (A) e representação estatística (B) do tempo dispendido em cada comportamento pelas fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci, na presença da melada de Planococcus citri, em ensaios de 15 minutos realizados em placa de Petri. Tipos de comportamentos considerados: Procura, Repouso, Limpeza, Alimentação (Aliment), Sondagem com antenas (Sond Ant), Sondagem com armadura bucal (Sond Arm).

Limpeza

1,9%

Alimentação

0,5%

Repouso

5,0%

Sondagem

armadura

bucal

0,1% Sondagem

antenas

18,5%

Procura

74,0%

A

Al iment

Limpeza

Procura

Repouso

Sond Ant

Sond Arm

Comportamento

-0:05:00

0:00:00

0:05:00

0:10:00

0:15:00

Tempo dispendido (min)

��

����

�����

B

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Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri

29

Fig. 3.3 – Frequência relativa (%) do tempo dispendido, em cada área (A), e em cada comportamento na área tratada (B), pelas fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci, na presença de melada de Planococcus citri, em ensaios de 15 minutos realizados em placa de Petri. Tipos de comportamentos considerados: Procura, Repouso, Limpeza, Alimentação, Sondagem com antenas, Sondagem com armadura bucal.

Na ausência de melada, a fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci dedicou a maior

parte do seu tempo, em média cerca de 12 minutos, à actividade de procura, nos 15 minutos de

ensaio (Fig. 3.4A e 3.5; Anexo 2, Quadro 1). O restante tempo foi distribuído por ordem

decrescente pelas actividades de repouso, limpeza, sondagem com antenas e sondagem com

armadura bucal.

No que diz respeito ao tempo dispendido em cada área, a fêmea do parasitóide dispendeu,

apenas, 1% do seu tempo no papel de filtro, na modalidade testemunha (Fig. 3.4B).

Fig. 3.4 – Frequência relativa (%) do tempo dispendido, em cada tipo de comportamento (A), e em cada área (B), pelas fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci, na ausência de melada de Planococcus citri, em ensaios de 15 minutos realizados em placa de Petri. Tipos de comportamentos considerados: Procura, Repouso, Limpeza, Alimentação, Sondagem com antenas, Sondagem com armadura bucal.

Alimentação

2.2%Limpeza

0.3%

Repouso

2.5%

Sondagem

armadura bucal

0.0%

Sondagem

antenas

62.2%

Procura

32.8%

B

77%

23%

dentro área tratada fora área tratada

A

Sondagem

antenas

3,1%

Alimentação

0,0%

Limpeza

5,6%

Sondagem

armadura

bucal

0,2%Repouso

9,8%

Procura

81,3%

A

99%

1%

dentro área tratada fora área tratada

B

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Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri

30

Al iment

Limpeza

Procura

Repouso

Sond Ant

Sond Arm

Comportamento

-0:05:00

0:00:00

0:05:00

0:10:00

0:15:00

Tempo dispendido (min)

��

������

Fig. 3.5 – Representação estatística de cada comportamento das fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci na ausência de melada de Planococcus citri, em ensaios de 15 minutos realizados em placa de Petri. Tipos de comportamentos considerados: Procura, Repouso, Limpeza, Alimentação (Aliment), Sondagem com antenas (Sond Ant), Sondagem com armadura bucal (Sond Arm).

3.4.2 Ensaio em olfactómetro estático

O número de respostas positivas de A. spec. nov. próx. pseudococci à melada de P. citri

não diferiu significativamente do número de respostas à testemunha, não havendo por isso razões

para rejeitar a H0 (Fig. 3.6).

0 5 10 15 20 25 30 35

1

Nº respostas

Melada Testemunha

Fig. 3.6 – Número de respostas da fêmea de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci em ensaios de dupla escolha (melada de Planococcus citri versus testemunha), realizados em olfactómetro de ar estático.

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Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri

31

3.5 Discussão

Os resultados do ensaio de olfactómetro mostram não existir resposta cairomonal da

fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci aos odores da melada de P. citri, visto não se terem

observado diferenças significativas na escolha realizada pelo parasitóide.

No entanto, os resultados do ensaio em placa de Petri evidenciam um comportamento de

retenção da fêmea do parasitóide induzido pela presença de melada do hospedeiro. Em presença

de melada, a fêmea dedicou a maior parte do tempo às actividades de procura (74%) e sondagem

com antenas (19%), enquanto que na sua ausência, apesar da procura ter sido a actividade

dominante (81%), a sondagem com antenas representou, apenas, 3%. Apesar de, na presença de

melada, não ter sido observada maior actividade de procura relativamente à testemunha, o

parasitóide mostrou comportamentos de retenção na área tratada. Ao contactar com a melada do

hospedeiro, o parasitóide diminuiu a velocidade de deslocação, tendo mesmo parado e sondado o

substrato com as antenas frequentemente. Durante os ensaios foi ainda observado que, ao perder

o contacto com o papel de filtro onde estava embebida a melada, o parasitóide virava

rapidamente para trás em direcção à zona tratada, efectuando viragens angulosas. Estas

alterações comportamentais do parasitóide, após o contacto com a melada do hospedeiro, foram

também observadas por outros autores, em diferentes espécies de parasitóides, incluindo A.

pseudococci s.l. (Vinson et al., 1978; Bouchard & Cloutier, 1984; Budenberg, 1990; Islam,

1993; Islam & Jahan, 1993b; Romeis & Zebitz, 1997; Mehrnejad & Copland, 2006).

Na presença de melada, apesar de se ter registado um maior tempo de permanência do

parasitóide na área tratada, relativamente à testemunha, esta proporção foi contudo inferior ao

tempo dispendido fora da área tratada. Estes resultados não corroboram o estudo de Islam

(1993), onde A. pseudococci s.l. despendeu maior tempo nas zonas com melada do hospedeiro

do que nas zonas limpas. De igual forma, o tempo gasto pelo parasitóide P. pistaciae na metade

da folha com melada foi superior ao tempo gasto na metade da folha limpa (Mehrnejad &

Copland, 2006). A diferença entre estes resultados pode resultar de diferentes metodologias,

relativamente ao tempo dispendido na área tratada e à dimensão da mesma. Admitindo que o

parasitóide não permanece num determinado local, onde é retido por um estímulo cairomonal,

mais do que um certo limite de tempo, caso não encontre nenhum hospedeiro, então, quanto

maior for o tempo de observação do ensaio, menor é a proporção de tempo que o parasitóide

permanece retido. Relativamente à proporção entre a área com e sem melada, no presente estudo

esta proporção é relativamente pequena, sendo a área sem melada 35 vezes maior que a área com

melada. Se a deslocação do parasitóide fosse distribuída ao acaso por toda a placa, era de se

esperar que o tempo de permanência no círculo da melada fosse proporcional à área, i.e., deveria

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Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri

32

ser 35 vezes menor. Contudo, neste caso o tempo dispendido na área com melada foi apenas 3,3

vezes menor, relativamente à área sem melada, indiciando um comportamento não aleatório.

Os resultados do presente estudo sugerem portanto que a melada de P. citri actua como

estímulo de localização do hospedeiro, a curta distância, uma vez que a fêmea de A. spec. nov.

próx. pseudococci inicia uma intensa procura e sondagem com antenas na área tratada, após

detectar a presença de melada. Por outro lado, o facto de ter sido fornecido mel à fêmea do

parasitóide previamente ao ensaio, permite assegurar que o comportamento de retenção do

parasitóide está associado maioritariamente à procura do hospedeiro, uma vez que as suas

carências nutritivas estão asseguradas.

Ao fim de algum tempo de procura naquela zona sem encontrar hospedeiro, a fêmea do

parasitóide sai da área tratada e continua à procura num perímetro mais alargado, entrando e

saindo do papel com melada, tendendo a abandonar o local e a dedicar-se a tarefas de repouso e

limpeza. Este comportamento apoia a hipótese de Vet & Dicke (1992) de que a taxa de encontros

de hospedeiro pode fornecer uma estimativa mais fiável da qualidade do local do que a presença

de cairomona por si só, pois a presença de melada nem sempre está directamente associada à

presença de hospedeiro, que pode já ter abandonado o local.

Concluindo, o facto de A. spec. nov. próx. pseudococci ter mostrado comportamento de

retenção em presença da melada de P. citri, no ensaio de placa de Petri, mas não ter apresentado

resposta cairomonal aos odores da melada, no ensaio de olfactómetro, parece sugerir que o

parasitóide utiliza este infoquímico como cairomona de contacto, a curta distância, na

localização do hospedeiro.

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33

Cap. 4 - Estudo da influência da experiência de postura na resposta cairomonal de

Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci à feromona sexual de Planococcus citri

4.1 Introdução

Um insecto parasitóide usa grande diversidade de pistas físicas e químicas nas diferentes

fases de selecção do hospedeiro (Vet & Dicke, 1992). O êxito deste processo de selecção

depende de respostas comportamentais adequadas aos diversos estímulos captados durante a

procura do hospedeiro. As respostas comportamentais de um parasitóide, neste processo de

procura, são determinadas em grande parte pelo genótipo, estado fisiológico (e.g. carga de ovos),

e experiência ambiental prévia (Vet et al., 1990). Esta plasticidade ambiental permite ao

parasitóide fazer um óptimo uso das espécies de hospedeiro mais abundantes e disponíveis a

cada momento. A capacidade de aprender através da experiência e de modificar a sua resposta de

acordo com estímulos ambientais, tem um papel importante na adaptabilidade comportamental

do parasitóide, assegurando o seu êxito reprodutivo e a sua sobrevivência (Vet et al., 1995).

A aprendizagem nos parasitóides tem sido tema de diversos estudos com o objectivo de

compreender melhor a função desta variabilidade comportamental (Turlings et al., 1993; Vet et

al., 1995; Geervliet et al., 1998b; Grasswitz, 1998; Iizuka & Takasu, 1998; Vinson, 1998; Powell

et al., 1999; Dutton et al., 2000; Fukushima et al., 2001, 2002).

Segundo Vinson (1998), a experiência prévia da fêmea do parasitóide é particularmente

importante no comportamento de selecção do hospedeiro e pode ser classificada em três tipos:

1) Comportamento inato da fêmea, sem que esta tenha tido experiência prévia com o

hospedeiro; é a herança genética da fêmea que determina as primeiras pistas às quais esta

responde e os comportamentos daí resultantes, as espécies de hospedeiro que ataca e a

intensidade do ataque; esta heritabilidade genética das respostas aos diferentes estímulos

ocorre a todos os níveis do processo de selecção do hospedeiro e está sujeita à pressão da

selecção natural;

2) Experiência propriamente dita, através da qual a fêmea aumenta a intensidade de uma

resposta inata fraca ou melhora uma resposta existente a um determinado estímulo, o que

resulta numa maior sensibilidade às pistas inatas ou a pistas para as quais a fêmea foi

geneticamente programada para responder (Vinson, 1998); a experiência é extensível a

todos os níveis do processo de selecção do hospedeiro. Parece ser particularmente

importante nas fases iniciais deste processo, como na localização do habitat e hospedeiro;

tem sido demonstrado que as fêmeas experientes respondem mais cedo e exibem voos

directos para o complexo hospedeiro-planta relativamente às fêmeas naive ou inatas

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Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri

34

(Drost et al., 1986; McAuslane et al., 1991; Sheehan & Shelton, 1989); no entanto, foi

também evidenciada a importância da experiência na fase de reconhecimento do

hospedeiro, onde o aumento de manuseamento de sucessivos hospedeiros pelo

parasitóide diminui o tempo que este leva a parasitar (Wajnberg, 1989);

3) Aprendizagem associativa, através da qual a fêmea gera respostas a novos estímulos por

associação a pistas inatas (Vet & Dicke, 1992; Vinson, 1998). Esta aprendizagem permite

que a fêmea responda de forma apropriada a estímulos que ela pode detectar (Ding et al.,

1989; Kaiser & Dejong, 1993; Kaiser et al., 1995; Lewis et al., 1991; Vet & Groenewold,

1990; Vinson et al., 1977), mas que não foi geneticamente programada para responder. O

resultado desta aprendizagem é um sistema flexível, que permite à fêmea do parasitóide

responder a estímulos associados a novos hospedeiros ou a novos habitats do seu

hospedeiro (Lewis et al., 1990; Vet et al., 1990, 1995).

A aprendizagem é, por isso, um factor importante que afecta o comportamento de postura

das fêmeas dos parasitóides. Muitos estudos têm demonstrado que fêmeas com experiência

prévia do hospedeiro, plantas hospedeiras, ou de outros estímulos associados ao hospedeiro, são

normalmente mais eficientes na procura do hospedeiro do que fêmeas sem experiência (Alphen

& Vet, 1986; Lewis et al., 1991; Cortesero et al., 1995). Em muitos casos, a experiência de

postura parece ser pré-requisito para que haja aprendizagem (Alphen & Vet, 1986; Iizuka &

Takasu, 1998; Geervliet et al., 1998a; Fujiwara et al., 2000; Ueno & Ueno, 2005) ou aumento de

resposta inata a um estímulo (Vinson, 1998; Peri et al., 2006).

Existem alguns estudos sobre o efeito da experiência na selecção do hospedeiro em

Anagyrus pseudococci s.l. (Islam et al., 1997; Islam & Copland, 1997; Karamaouna & Copland,

2000; Daane, 2004). Nestes estudos, foi demonstrado que a selecção do instar ou tamanho do

hospedeiro durante o período de procura pode ser afectada pela experiência ou aprendizagem do

parasitóide. Islam (1993) observou que fêmeas experientes do parasitóide eram mais eficientes

na procura, deslocando-se mais depressa, com menor tempo de manuseamento do hospedeiro. O

estudo de Heidari & Jahan (2000) mostrou que a experiência de postura nos hospedeiros, P. citri

e Pseudococcus viburni (Signoret), desempenha um papel importante nas posturas subsequentes

do parasitóide nestes hospedeiros.

4.2 Objectivos

Pretendeu-se avaliar se as fêmeas do parasitóide Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci

aprendem a reconhecer a feromona sexual de Planococcus citri, após experiência de postura

neste hospedeiro.

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Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri

35

4.3 Material e métodos

4.3.1 Químicos

A feromona sexual de P. citri, acetato de (+)-(1R,3R)-cis-2,2-dimetilo-3-isopropenilo-

ciclobutanemetanol (PcA ou acetato de Planococcil), foi sintetizada segundo Zada et al. (2004),

na unidade química do Departamento de Entomologia, do Volcani Center, Agricultural Research

Organization, Bet Dagan, Israel. Todos os difusores foram impregnados com feromona em

solução de hexano. PcA foi utilizada na sua forma quiral com uma pureza química de 95 %. O

esterioisómero sintetizado de PcA é benigno, nem inibidor nem sinergista, como na maioria das

feromonas das cochonilhas-algodão (Dunkelblum, 1999).

4.3.2 Ensaio em olfactómetro de ar estático

Neste ensaio, a mesma fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci, experiente ou não, foi

submetida a um teste de dupla escolha, entre o difusor de feromona sexual de P. citri a 200 µg

(PC200) (odor teste) e a ausência de estímulo (testemunha). A resposta das fêmeas do parasitóide

foi estudada em olfactómetro de ar estático (Vet, 1983; Alphen & Jervis, 1996), descrito

anteriormente (vide Cap. 2.3.3). Foram efectuadas 30 repetições, tendo-se registado o tipo e

tempo de resposta em cada repetição. Cada ensaio foi realizado em condições de laboratório

(22,0 ± 0,5ºC; 49,0 ± 0,5% HR; presença de luz artificial e natural com igual incidência sobre

ambos os lados do olfactómetro) e teve a duração máxima de 30 minutos. O difusor de feromona

foi colocado no olfactómetro 5 minutos antes da colocação da fêmea do parasitóide. Para evitar

possíveis efeitos visuais ou outros efeitos externos na resposta do parasitóide, a posição do

difusor de feromona entre as duas câmaras opostas do olfactómetro foi alterada antes de cada

repetição. O período de realização dos ensaios coincidiu com a fase luminosa da câmara de

criação do parasitóide. No final de cada ensaio, o F1 das antenas da fêmea do parasitóide foi

observado para verificação da identidade da espécie, sendo excluídas as fêmeas cujo fenótipo

antenal não correspondia tipicamente a A. spec. nov. próx. pseudococci. Entre cada repetição, o

olfactómetro foi colocado em água e detergente, durante 10 minutos, enxaguado e lavado com

hexano.

As fêmeas do parasitóide utilizadas neste ensaio tiveram origem em indivíduos

proveniemtes de Silves e foram criadas em P. citri. Fêmeas recém-emergidas, com um máximo

de 2h, foram retiradas das caixas de criação e mantidas durante 24h em frascos de plástico (14

cm de diâmetro, 15 cm de altura) fechados, com tampa hermética e orifício (3 cm de diâmetro)

revestido de tecido “etamine”, para permitir o arejamento, com alimento (1 gota de mel diluída

em água, na proporção de 1:1) e com machos (proporção de 1fêmea:2machos), para permitir o

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Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri

36

acasalamento. Ao fim desse tempo, cada fêmea inexperiente foi testada no olfactómetro e

mantida isolada por mais 24h nos frascos de plástico com mel e machos. Para obtenção de

fêmeas com experiência de parasitismo, cada fêmea inexperiente, com 48h-50h, foi colocada

numa placa de Petri (12 cm diâmetro, 2 cm altura), com seis ninfas de 3º instar ou fêmeas jovens

de P. citri e na presença de um difusor de feromona sexual de P. citri (200 µg), até ocorrência no

mínimo de uma postura. A fêmea foi então isolada, no máximo 1h, até ter sido novamente

testada a sua resposta em olfactómetro (Fig. 4.1).

Para confirmação da ocorrência de postura pelo parasitóide, cada fêmea de cochonilha

parasitada foi submetida a um processo de clarificação, por imersão numa solução de 1:1 de

clorofenol (Anexo 3) e ácido acético, durante 24 horas. Cada exemplar foi posteriormente

dissecado, com recurso ao microscópio estereoscópico (ampliação 10 a 40x) e agulhas

entomológicas, e observada a existência ou não de ovo do parasitóide (Fig. 4.2).

Considerou-se como hipótese nula (H0) que a escolha da fêmea do parasitóide entre as

duas arenas do olfactómetro (PC200 versus testemunha) era feita ao acaso. Para verificar esta

hipótese recorreu-se à distribuição binomial, tendo-se utilizado o programa SPSS versão 15.0

para Windows.

Fig. 4.1 - Esquema do tratamento da fêmea de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci no estudo do efeito da experiência de postura no reconhecimento da feromona sexual de Planococcus citri pelo parasitóide (original da autora; excepto fotografia do parasitóide, Blumberg 2003).

Fig. 4.2 – Exemplar de Planococcus citri parasitado com um ovo de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci

encapsulado (A) e não encapsulado (B); Ovo isolado de A. spec. nov. próx. pseudococci (C) (original da autora).

A B C

+ 24 h

Fêmea inexperiente

24-26 h

idade

Fêmea experiente

Experiência de postura

48-50 h

idade

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Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri

37

4.4 Resultados Ambas as fêmeas de A. spec. nov. prox. Pseudococci, com e sem experiência, não

mostraram resposta cairomonal à feromona sexual de P. citri, uma vez que o número de respostas

positivas do parasitóide à feromona do hospedeiro não diferiu significativamente do número de

respostas em relação à testemunha, não havendo por isso razões para rejeitar a H0 (Fig. 4.3).

0 5 10 15 20 25 30 35

Fêmeas

Inexperientes

Fêmeas

Experientes

Nº respostasPC200 Testemunha

Fig. 4.3 – Número de respostas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci, com e sem experiência de postura, em ensaios de dupla escolha (feromona de Planococcus citri vs testemunha) realizados em olfactómetro de ar estático.

No que diz respeito ao efeito da experiência de postura, 46 % das fêmeas do parasitóide

mostrou uma resposta positiva à feromona de P. citri, após a experiência com o hospedeiro.

Nestas respostas positivas, apenas 23 % das fêmeas inexperientes com resposta negativa,

mostraram resposta positiva à feromona do hospedeiro, após a experiência de postura (Fig. 4.4).

Neg - Neg

27%

Pos - Neg

27%

Neg - Pos

23%

Pos - Pos

23%

Fig. 4.4 – Frequência relativa (%) da sequência de respostas de cada fêmea de Anagyrus spec. nov. próx.

pseudococci à feromona sexual de Planococcus citri. Resposta Pos-Neg: resposta positiva da fêmea inexperiente seguida de resposta negativa após experiência de postura; Resposta Pos-Pos: ambas respostas positivas da fêmea; Resposta Neg-Pos: resposta negativa da fêmea imexperiente, seguida de resposta positiva após experiência de postura; Resposta Neg-Neg: ambas respostas negativas da fêmea.

Quanto ao tempo de resposta do parasitóide à feromona sexual de P. citri, as fêmeas

experientes apresentaram, no total, menor tempo do que as inexperientes. No entanto, as fêmeas

experientes que responderam positivamente, demoraram mais tempo a responder à feromona do

hospedeiro (Quadro 4.1).

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Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri

38

Quadro 4.1 - Número de respostas e tempo de resposta médio das fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx.

pseudococci, com e sem experiência de postura, em ensaios de dupla escolha (feromona Planococcus citri versus testemunha) realizados em olfactómetro de ar estático.

nTempo de resposta

médio (min)n

Tempo de resposta médio (min)

Positiva 15 02:59 14 03:14

Negativa 15 03:53 16 02:08

Total 30 03:26 30 02:39

Fêmeas ExperientesFêmeas Inexperientes

Tipo resposta

4.5 Discussão Os resultados mostram que as fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci não aprenderam

a reconhecer a feromona sexual de P. citri, após terem realizado uma postura no hospedeiro. No

entanto, apesar de pouco representativo, 23% das fêmeas experientes, que realizaram uma

postura efectiva em P. citri mostraram ter associado esta experiência positiva à feromona do

hospedeiro, o que evidencia, de alguma forma, aprendizagem associativa do parasitóide.

Os resultados mostram, também, não existir resposta cairomonal das fêmeas de A. spec.

nov. próx. pseudococci à feromona de P. citri, mesmo após as fêmeas terem realizado postura no

hospedeiro. Esta evidência corrobora os resultados obtidos em ensaios de olfactómetro por

Cortegano (2006) e Franco et al. (2008b), em electroantenogramas por Suma (2004) e em

ensaios de campo com armadilhas sexuais por Suma et al. (2001), Cortegano (2006) e Franco et

al. (2008b). No entanto, Franco et al. (2008a) observaram uma resposta significativa do

parasitóide à feromona sexual de P. citri, na Sicília. Uma vez que os ensaios foram realizados no

fim de Outubro e não eram consistentes com os ensaios de campo anteriores realizados na

mesma região, onde não tinha sido registada nenhuma resposta à feromona deste hospedeiro

(Suma et al., 2001), os autores sugeriram que os resultados obtidos poderiam estar relacionados

com a experiência do parasitóide. Segundo Franco et al. (2008a) é de esperar que a experiência,

factor a considerar, seja mais provável nesse período do ano, pois o abaixamento das

temperaturas permite maior longevidade do parasitóide e as densidades mais elevadas dos

hospedeiros possibilitam maior número de contactos entre o parasitóide e o hospedeiro.

Muitos estudos têm demonstrado que o comportamento de procura dos insectos

parasitóides difere nas fêmeas com ou sem experiência prévia de postura e que as fêmeas

experientes são mais eficientes na localização dos seus hospedeiros (Alphen & Vet, 1986; Lewis

et al., 1990; Vet & Dicke, 1992; Godfray, 1994; Vinson, 1998) e têm maior motivação para

depositarem ovos, do que fêmeas mais jovens ou inexperientes (Wardle & Borden, 1985;

Rosenheim, 1993; Takasu & Lewis, 1993).

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Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri

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Os resultados deste estudo não vão por isso ao encontro do esperado. A experiência de

postura em P. citri deveria ter induzido maior número de respostas do parasitóide à feromona do

hospedeiro e levar consequentemente a um incremento da eficiência de parasitismo, maior

número de respostas positivas em menor tempo. Para além disso, o facto de se ter testado a

mesma fêmea, antes e após a experiência, implica que as diferenças inerentes a cada indivíduo

fossem diluídas e o aumento da idade das fêmeas, aliado ao maior número de ovos maduros nos

ovários das fêmeas experientes (Islam, 1993) favorecesse a aprendizagem da feromona do

hospedeiro. Durante a fase de experiência de postura, foi ainda comum observar as fêmeas do

parasitóide alimentarem-se da hemolinfa que sai da picada no hospedeiro em vez de depositarem

ovos nesse hospedeiro. Segundo Iizuka & Takasu (1998), a ingestão do hospedeiro pode reforçar

a associação entre o hospedeiro e um odor. Assim, adicionalmente à experiência de postura, as

fêmeas do parasitóide poderiam ter aprendido a associar o odor da hemolinfa com o hospedeiro

através da sua experiência enquanto se alimentava.

Tendo em conta os resultados obtidos nos ensaios de campo na Sicília (Franco et al.,

2008a) e o estudo de Heidari & Jahan (2000), onde se verificou que a experiência de postura no

hospedeiro desempenha papel importante nas posturas subsequentes de A. pseudococci s.l.,

coloca-se a hipótese de que a experiência prévia de, apenas, uma única postura em P. citri não

tenha sido suficiente para a fêmea do parasitóide aprender a associar esse estímulo às pistas

químicas inerentes ao potencial hospedeiro, neste caso a feromona sexual de P. citri. O mesmo

aconteceu com Pimpla luctuosa (Smith) (Hymenoptera: Ichneumonidae), segundo Iizuka &

Takasu (1998), onde foram necessárias várias experiências de postura em presença do novo odor,

para que as fêmeas do parasitóide aprendessem a associar esses odores ao hospedeiro. No estudo

de Ueno & Ueno (2005), as fêmeas experientes de Itoplectis naranyae (Ashmead)

(Hymenoptera: Icheumonidae) mostraram menor tempo de procura do hospedeiro após lhes ter

sido permitida uma experiência de postura continuada, durante algumas horas ao longo de vários

dias.

Assim, uma das formas para se verificar efectivamente se a experiência de postura das

fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci influencia a aprendizagem da feromona de P. citri

seria aumentar o número de posturas do parasitóide neste hospedeiro. No entanto, deve ter-se em

conta que um excessivo tempo de exposição ao hospedeiro pode levar ao decréscimo do número

de ovos da fêmea do parasitóide e consequentemente a um descrécimo do seu apetite de procura

pelo hospedeiro (Vet et al., 1990).

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Cap. 5 - Estudo da influência da feromona sexual de Planococcus ficus no parasitismo de

Planococcus citri

5.1 Introdução

A expansão dos citrinos no mundo está relacionada com a sua introdução na Bacia do

Mediterrâneo pelos árabes, por volta de 300 ac. A difusão dos citrinos para o Novo Mundo teve

início em finais do sec. XV, com a expansão dos Portugueses e Espanhóis na altura dos

Descobrimentos. A introdução destas plantas exóticas nas principiais regiões de produção

comercial (Norte e Sul da América, Bacia Mediterrânea, África do Sul, Austrália) levou à rápida

colonização por espécies de insectos nativas, que logo se tornaram em espécies nocivas para as

plantas (Carvalho et al., 1996). Segundo Cramer (1967), os prejuízos causados pelas pragas de

insectos na produção de citrinos a nível mundial são de 8,3 %. No conjunto dos prejuízos, 42%

são da responsabilidade das cochonilhas. Mais de 20 espécies de cochonilha-algodão estão

associadas aos citrinos (Viggiani, 1988), sendo Planococcus citri uma das principais pragas dos

citrinos (Ebeling 1959). Em Portugal, esta espécie assume estatuto de praga-chave no continente

e nos Açores (Carvalho et al., 1996), podendo causar estragos severos, sobretudo em pomares

fortemente tratados com insecticidas sintéticos, o que revela a importância da limitação natural

no controlo das suas populações (Viggiani, 1988; Franco et al., 1994).

Recentemente, Franco et al. (2008b) concluíram que A. spec. nov. próx. pseudococci é

aparentemente a espécie mais comum nos pomares de citrinos e vinhas de Portugal e

demonstraram que este parasitóide é atraído pela feromona sexual de P. ficus, mas não pela

feromona sexual de P. citri (Suma et al., 2001, 2004). Esta evidência permite a implementação

da feromona sexual de P. ficus em tácticas de protecção biológica, nomeadamente no incremento

do parasitismo de P. citri por este parasitóide. O maior número de emergências de A. spec. nov.

próx. pseudococci em batatas-armadilhas com feromona de P. ficus (Franco et al. 2008a)

mostrou que a presença desta feromona pode melhorar o desempenho do parasitóide no

parasitismo de P. citri, em pomares de citrinos. Este bom desempenho do parasitóide é resultado

de um maior número de fêmeas atraídas pela fonte de feromona e de uma localização do

hospedeiro mais rápida.

Nas diferentes etapas de selecção do hospedeiro, podem operar dois tipos de estímulos

diferentes: estímulos atractivos, que como o seu nome indica atraem os parasitóides para áreas

que contêm ou podem conter hospedeiros, e estímulos de retenção, que induzem redução da

distância ou área percorrida por unidade de tempo pelos parasitóides dentro daquela área. Uma

vez retido numa área com hospedeiros, o parasitóide pode responder adicionalmente a estímulos

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Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri

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atractivos ou de retenção que tendem a localizar os movimentos do hospedeiro em unidades cada

vez mais pequenas da sua distribuição (Alphen & Jervis, 1996).

O conhecimento da função cairomonal das feromonas dos insectos, como atractivas, de

retenção ou estimulantes de procura, para os seus inimigos naturais, oferece valiosas

oportunidades para o uso eficaz destas feromonas na protecção biológica e integrada das

culturas. No entanto, é necessário estabelecer ligação entre o conhecimento comportamental e o

conhecimento ecológico para que o uso das cairomonas possa ser direccionado aos elementos

específicos de uma relação particular hospedeiro/parasitóide, que são normalmente obstáculos a

uma eficiente gestão da praga (Powell, 1999).

5.2 Objectivos Pretendeu-se avaliar a hipótese de utilizar a feromona sexual de P. ficus para incrementar

a eficiência do parasitóide Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci na limitação natural de

populações de P. citri, em pomares de citrinos.

Procurou-se analisar indirectamente o comportamento de procura de A. spec. nov. próx.

pseudococci na localização do hospedeiro, através de uma diferente distribuição espacial da da

fonte de feromona sexual de P. ficus, em diferentes modalidades.

5.3 Material e Métodos Neste estudo, foram realizados dois ensaios de campo, em pomares de citrinos, na região

do Algarve, em dois períodos diferentes de 2007, 18-26 Julho, no pomar Afonso Vaz, e 25

Setembro - 2 Outubro, no pomar CEAT (Anexo 1, Quadro 1). No primeiro ensaio, foram

comparadas três modalidades de batatas-armadilha, duas com feromona sexual de P. ficus, com

difusor de 200 µg no interior ou no exterior a 30 cm, e uma testemunha, sem feromona. No

segundo ensaio, foram comparadas as mesmas modalidades, no entanto aumentou-se a distância

do difusor na modalidade de feromona sexual de P. ficus exterior para 60 cm. Em cada ensaio,

foram efectuadas 10 repetições. Em cada pomar, as armadilhas foram suspensas no interior da

copa das árvores, à altura de 1.0-1.5 m, no quadrante sudeste, distanciadas cerca de 20 m e

segundo um sistema de casualização total.

Cada batata-armadilha consistia em duas batatas com brolhos previamente infestados

com colónias de P. citri (3os instares ninfais e fêmeas jovens), colocadas num frasco de plástico

cilíndrico (11 cm de diâmetro, 13 cm de altura), com quatro aberturas laterais (3 cm de

diâmetro), para permitir o acesso das fêmeas do parasitóide à colónia de cochonilhas-algodão.

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Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri

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Cada frasco foi fechado com uma tampa hermética e possuía orifícios no fundo, para permitir a

escorrência da água da chuva. Na modalidade de feromona de P. ficus interior, o difusor foi

preso à tampa do frasco, enquanto que na modalidade de feromona de P. ficus exterior, o difusor

foi colocado na extremidade de um arame de 30 cm ou 60 cm, preso ao frasco (Fig. 5.1).

Fig. 5.1 – Modalidades das batatas-armadilhas colocadas em pomares de citrinos, em Julho e Setembro de 2007. A) Modalidade feromona Planococcus ficus interior; B) Modalidade feromona P. ficus exterior a 30 cm; C) Modalidade feromona P. ficus exterior a 60 cm (original autora).

Ao fim de uma semana de exposição no campo, as armadilhas foram trazidas para o

laboratório, onde foi contabilizado o número de parasitóides e cochonilhas presentes em cada

armadilha. Cada batata foi examinada, de modo a detectar sinais de predação das cochonilhas, e

foram retiradas das armadilhas formigas e larvas de predadores, que pudessem interferir com os

parasitóides ou predar as cochonilhas. As batatas-armadilhas foram mantidas, em condições de

laboratório (22,0 ± 0,5ºC; 50,0 ± 0,5% HR), em frascos de plástico hermeticamente fechados, de

medida semelhante aos anteriores, com um orifício (3 cm de diâmetro) revestido de “etamine”,

para permitir o arejamento. Para cada repetição, foi determinado o número de parasitóides

emergidos das cochonilhas parasitadas, durante três semanas após o aparecimento das primeiras

emergências, e posteriormente a taxa de parasitismo, quociente entre o número de parasitóides

emergidos e número de cochonilhas presentes em cada repetição. No primeiro ensaio, foi ainda

contabilizado o número de dias até à 1.ª emergência do parasitóide de modo a estimar a

eficiência das fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci na localização da armadilha.

Os dados foram sujeitos a análise de variância (ANOVA). Para verificar a homogeneidade

de variâncias, recorreu-se ao teste de Levene e sempre que H0 foi rejeitada procedeu-se à

transformação logarítmica dos dados (ln [x + 0,5]), ou, em último caso, à transformação por

radiciação (√(x+1). A fim de se detectarem as diferenças entre as modalidades, recorreu-se ao

teste a posteriori de Student-Newman-Keuls (SNK). Esta análise foi realizada com base no

programa SPSS versão 15.0 para Windows.

B C

A B C

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Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri

43

5.4 Resultados No primeiro ensaio, realizado em Julho, o número de fêmeas de A. spec. nov. próx.

pseudococci capturadas no interior das batatas-armadilha foi muito baixo, tendo-se registado

uma fêmea em três armadilhas de cada uma das modalidades de feromona de P. ficus, e apenas

uma fêmea numa armadilha da modalidade testemunha. Este registo pode ser o reflexo de uma

baixa densidade populacional do parasitóide em campo naquele período.

No entanto, registou-se parasitismo em todas as modalidades, sendo o número de

parasitóides emergidos das duas modalidades de feromona significativamente superior ao da

testemunha (F2,27 = 9,633; P = 0,001). Não se observaram diferenças significativas entre as duas

modalidades de feromona (Quadro 5.1; Anexo 4, Quadro 1).

Quanto à taxa média de parasitismo, existem diferenças significativas entre as três

modalidades (F2,27 = 23,806; P = 0,0001), tendo-se registado o valor mais elevado na modalidade

de feromona de P. ficus interior, onde 75% das cochonilhas presentes nas batatas-armadilha

foram parasitadas. A modalidade de feromona de P. ficus exterior a 30 cm e testemunha

registaram uma taxa média de parasitismo de 40% e 14% respectivamente (Quadro 5.1; Anexo 4,

Quadro 2).

No que respeita ao número de dias até à 1.ª emergência do parasitóide, as modalidades

testemunha e feromona de P. ficus interior apresentam valores significativamente inferiores aos

da modalidade feromona de P. ficus exterior a 30 cm (F2,27 = 4,775; P = 0,017) (Quadro 5.1;

Anexo 4, Quadro 3).

Quadro 5.1 – Número (média ± erro padrão) de parasitóides Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci capturados e emergidos, número de dias até à 1ª emergência do parasitóide, número de cochonilhas e taxa média de parasitismo em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Silves, entre 18 e 26 de Julho de 2007, em função da modalidade: armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 30 cm ou com feromona sexual de P.ficus interior, e armadilhas sem feromona (testemunha).

ModalidadeNº médio parasitóides

capturadosNº médio parasitóides

emergidos *Nº médio dias até 1.ª

emergência *Nº médio

cochonilhasTaxa média

parasitismo (%) *

P.ficus ext 30 0,3 ± 0,2 19,1 ± 2,9 a 19,5 ± 0,7 a 49,4 ± 8,2 38,7 ± 6,1 a

P. ficus int 0,3 ± 0,2 19,4 ± 2,7 a 17,2 ± 0,4 b 25,0 ± 3,0 77,6 ± 5,0 b

Testemunha 0,1 ± 0,1 7,3 ± 1,5 b 17,9 ± 0,6 b 53,4 ± 8,0 13,7 ± 6,2 c * Não existem diferenças significativas entre modalidades com letras iguais na mesma coluna (SNK, P=0,05).

Em fins de Setembro e Outubro, a densidade populacional de A. spec. nov. próx.

pseudococci era, aparentemente, mais elevada, uma vez que foram capturadas fêmeas do

parasitóide em quase todas as armadilhas de campo, tendo-se registado valores

significativamente superiores nas modalidades com feromona de P. ficus em relação à

testemunha (F2,27 = 19,336; P = 0,0001) (Quadro 5.2; Anexo 4, Quadro 4).

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Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri

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O número médio de parasitóides emergidos, a taxa média de parasitismo e o número

médio de dias até à 1ª emergência do parasitóide foram excluídos da análise deste ensaio, por

apresentarem valores discordantes. A principal razão para este facto deveu-se às condições

climatéricas desfavoráveis que se fizeram sentir no campo neste período, como fortes chuvadas,

que tiveram influência na redução do número de cochonilhas presentes nas armadilhas,

possivelmente já parasitadas, como pelo desenvolvimento posterior de fungos em laboratório.

Quadro 5.2 – Número (média ± erro padrão) de parasitóides Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci capturados em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Tavira, entre 25 Setembro e 2 de Outubro de 2007, em função da modalidade: armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 60 cm ou com feromona sexual de P.ficus interior, e armadilhas sem feromona (testemunha).

ModalidadeNº médio parasitóides

capturados *

P.ficus ext 60 cm 6,4 ± 0,7 a

P. ficus int 7,3 ± 1,9 a

Testemunha 1,2 ± 0,4 b * Não existem diferenças significativas entre modalidades

com letras iguais na mesma coluna (SNK, P=0,05). 5.5 Discussão

Os resultados obtidos, quanto ao número de fêmeas capturadas nas batatas-armadilha, em

ambos os ensaios, evidenciam uma resposta cairomonal das fêmeas de A. spec. nov. próx.

pseudococci à feromona sexual de P. ficus, que em Julho se traduziu num maior número de

parasitóides emergidos e consequentemente num maior número de cochonilhas parasitadas.

Verifica-se portanto um incremento no parasitismo de P. citri pelo parasitóide em presença da

feromona de P. ficus. Estes resultados corroboram o referido por Cortegano (2006) e Franco et

al. (2008a).

No ensaio realizado em Setembro, a densidade populacional de A. spec. nov. próx.

pseudococci no campo era, aparentemente, superior à de Julho, uma vez quase todas as

armadilhas continham fêmeas do parasitóide no seu interior, mesmo sob condições climatéricas

desfavoráveis. Estas observações são também consistentes com as efectuadas por Cortegano

(2006) e Franco et al. (2008a), nos ensaios de campo realizados neste período em pomares de

citrinos na mesma região.

No que diz respeito à taxa média de parasitismo, em Julho, verificaram-se valores

significativamente superiores nas modalidades de feromona de P. ficus relativamente à

testemunha, corroborando os resultados anteriores referentes ao número de parasitóides

emergidos. Comparando as duas modalidades de feromona, obteve-se uma taxa de parasitismo

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Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri

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significativamente superior na feromona interior, 75%, para 40% na feromona exterior. Sendo a

taxa de parasitismo o quociente entre o número de parasitóides emergidos e o número de

cochonilhas presentes, a taxa obtida na feromona interior pode estar sobrestimada, por o número

de cochonilhas nestas armadilhas ser inferior, ainda que o número de parasitóides emergidos seja

semelhante em ambas as modalidades. Desta forma, torna-se difícil concluir sobre a diferença

entre as taxas obtidas nas modalidades de feromona, pois não se sabe se um maior número de

cochonilhas na modalidade interior se traduziria ou não num acréscimo no número de

emergências do parasitóide. Apenas se pode concluir que na modalidade exterior a taxa de

parasitismo é relativamente baixa, pois apesar do número de cochonilhas ser o dobro da

modalidade interior, somente 40% das cochonilhas foram parasitadas (não considerando a

encapsulação dos ovos do parasitóide). De modo a determinar a correcta taxa de parasitismo de

A. spec. nov. próx. pseudococci nas diferentes modalidades, deveriam ter sido fornecidas as

mesmas condições de hospedeiro, nomeadamente o número e a idade das cochonilhas-algodão

fornecidas ao parasitóide em campo. No entanto, esta variável mostrou-se difícil de controlar,

tendo-se verificado em ambos os ensaios uma redução do número médio de cochonilhas na

modalidade de feromona P. ficus interior.

Quanto à eficiência de parasitismo, medida pelo número médio de dias até à 1ª

emergência do parasitóide, verificou-se que, em Julho, na modalidade de feromona P. ficus

interior, os parasitóides emergiram mais rapidamente. Uma vez que o tempo de desenvolvimento

do parasitóide é constante nas condições do ensaio, um maior atraso das emergências do

parasitóide revela um atraso na localização da armadilha que contém o seu hospedeiro. Pode-se

assim concluir que na modalidade de feromona P. ficus exterior o parasitóide foi menos eficiente

na localização do hospedeiro, apesar de ter existido um número de emergências semelhante.

Esta diferença parece apoiar a hipótese do parasitóide ter um comportamento de retenção

na procura do hospedeiro, procura esta que é facilitada quando o hospedeiro se encontra mais

próximo da fonte de odor detectada, como é o caso da feromona no interior das batatas-

armadilha. Este comportamento não impediu no entanto a detecção do hospedeiro na modalidade

da feromona no exterior, já que, ao aumentar a procura na vizinhança da fonte de feromona, o

parasitóide acaba por localizar o hospedeiro, mais cedo ou mais tarde. Pelo contrário, num

comportamento de procura direccionada ou de atracção, ao encontrar a fonte de feromona de P.

ficus sem associação directa a um hospedeiro, o parasitóide tende a abandonar a procura naquele

local, implicando ausência ou redução no número de cochonilhas parasitadas na modalidade de

feromona exterior.

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Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri

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A resposta cairomonal de A. spec. nov. próx. pseudococci à feromona de P. ficus em

pomares de citrinos, vem também suportar a hipótese desta resposta ser inata, uma vez que

parece ser pouco provável os parasitóides presentes no pomar terem tido experiência prévia com

o hospedeiro P. ficus, visto não existirem habitats típicos deste hospedeiro (plantações de

figueiras ou vinhas) em redor do local de estudo. Hipótese também corroborada por Cortegano

(2006) e Franco et al. (2008a,b).

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Cap. 6 - Estudo da micromorfologia das sensilas da antena de fêmeas de diferentes

populações de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci

6.1 Introdução As sensilas são órgãos sensoriais unicelulares, com origem numa célula epidérmica

modificada (tricogénea), que estão associadas a células nervosas (neurónios bipolares), dendrites

e a partes cuticulares. Estes orgãos podem estar quer estendidos sobre a cutícula, quer inseridos

ou por baixo da mesma (Zacharuk, 1985; Carvalho, 1986). As sensilas dos insectos foram

primeiramente classificadas de acordo com a sua morfologia externa e o seu modo de inserção na

cutícula. Segundo a classificação de Snodgrass (1935) e Schneider (1964) existem dez tipos de

sensilas: trichodea, chaetica, basiconica, coeloconica, ampullacea, squamiforme, campaniforme,

placodea, scolophora, styloconica. No entanto, com o desenvolvimento das técnicas de

microscopia electrónica, a classificação das sensilas passou a incluir também o número, a

estrutura e a posição dos poros presentes nas respectivas paredes cuticulares, uma vez que, em

muitos casos, a função das sensilas está intimamente relacionada com estas características.

Segundo Altner (1977) e Zacharuk (1980) existem cinco tipos de sensilas: 1) aporos,

essencialmente mecanorreceptores; 2) uniporos, que incluem quimiorreceptores ou receptores

com função mista, química e mecânica; 3) multiporos lisas de parede fina, predominantemente

quimiorreceptores; 4) multiporos lisas de parede espessa e 5) multiporos sulcadas, ambas

essencialmente olfactivas.

As antenas dos insectos adultos têm diversos tipos de sensilas com diferentes funções

que desempenham um papel importante nos vários comportamentos ao longo da vida. Estas

sensilas são importantes receptores sensoriais dos estímulos envolvidos nos comportamentos de

localização e reconhecimento do hospedeiro pelas fêmeas dos parasitóides (Hayes & Vinson,

1971; Weselow, 1972; Ochieng et al., 2000; Bleeker et al., 2004; Roux et al., 2005; Bourdais et

al., 2006). A utilização das sensilas olfactivas e gustativas da antena dos parasitóides têm sido

associada, quer ao reconhecimento do odor do habitat (Turlings et al. 1995) e localização do

microhabitat, como ao reconhecimento das espécies de hospedeiro e à sua distinção intra- e

interespecífica (Vet et al., 1995).

A distribuição das sensilas na antena não é aleatória, seguindo um padrão. No escapo e

pedicelo, existem em geral poucas sensilas, maioritariamente mecanorreceptoras, enquanto que,

no flagelo são em maior número e de vários tipos (Schneider, 1964; Zacharuk, 1985).

Existem diversos estudos sobre a micromorfologia e ultraestrutura das sensilas dos

himenópteros parasitóides (Olson & Andow, 1993; Baaren et al., 1999; Ochieng et al., 2000;

Bleeker et al., 2004; Roux et al., 2005; Bourdais et al., 2006; Gao et al. 2007), mas apenas três

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

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incidiram sobre espécies de encirtídeos, nomeadamente, Epidinocarsis lopezi (De Santis) e

Leptomastix dactylopii (Howard) (Baaren et al., 1996) e Cheiloneurus noxius (Compere)

(Weseloh 1972; Olson & Andow, 1993). Nenhum estudo foi efectuado relativamente a Anagyrus

pseudococci s.l.. No entanto, a morfologia externa da antena de A. pseudococci foi estudada com

detalhe por Domenichini (1952). Rosen & Rossler (1966) e Noyes & Hayat (1994) também

apresentam uma breve descrição da morfologia da antena da fêmea e do macho de A.

pseudococci.

6.2 Objectivos

Neste estudo pretendeu-se identificar e caracterizar os receptores sensoriais, sensilas,

presentes na antena de fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudoccoci, através de Microscopia

Electrónica de Varrimento (MEV), de modo a determinar que quimiorreceptores poderão estar

envolvidos na selecção do hospedeiro.

Pretendeu-se ainda detectar diferenças na distribuição, número e comprimento de cada

tipo de sensila presente em fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudoccoci de diferentes populações,

nomeadamente de Portugal, Sicília e Israel.

6.3 Material e Métodos

As populações de A. spec. nov. próx. pseudococci de origem Sícilia, Israel e Portugal

foram criadas em laboratório. Fêmeas recentemente emergidas foram retiradas das caixas de

criação e sujeitas a dois tratamentos diferentes a fim de se avaliar qual produziria melhores

resultados. Assim, alguns exemplares foram colocados em álcool a 70%, durante alguns minutos

e deixados secar ao ar. Outros foram colocados num tubo de Eppendorf, com ar saturado de éter,

até à sua imobilização. Para visualizar os poros das sensilas, alguns exemplares foram fixados

com uma solução de álcool absoluto, ácido acético glacial e clorofórmio (proporção de 3:1:1)

durante 1 minuto e de seguida desidratados com álcool a 96%, durante mais 1 minuto. Com

auxílio de agulhas entomológicas, destacaram-se as antenas de cada exemplar e montaram-se

sobre fita-cola em suporte metálico de pionés. O material foi metalizado com ouro, com o

recurso a JEOL JFC 1200. Os exemplares foram observados ao MEV, JEOL JSM 5200 LV, do

Centro de Biologia Ambiental, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

O comprimento das sensilas e dos artículos da antena, tal como o número de sensilas

presente em cada artículo, foram medidos directamente a partir da impressão das imagens MEV.

Os comprimentos médios foram determinados para o conjunto de fêmeas de cada origem e o

número de sensilas foi contabilizado de acordo com a face ventral ou dorsal da antena.

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

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Para cada origem foram observadas antenas de seis fêmeas diferentes, três do lado dorsal

e três do lado ventral, num total de 18 fêmeas.

Foram ainda observadas as antenas de machos de A. spec. nov. próx. pseudococci,

provenientes de Portugal, a fim de se detectarem diferenças qualitativas, relativamente às

fêmeas, ao nível da diversidade e do número de sensilas presentes nas antenas. Os machos foram

submetidos aos tratamentos acima citados e observados ao MEV referido anteriormente.

6.4 Resultados

A antena da fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci é constituída por um escapo, um

pedicelo e um flagelo com 10 artículos: os primeiros 6 artículos constituem o funículo e os 3

últimos artículos constituem a clava. A principal articulação está localizada entre o pedicelo e o

flagelo. O escapo é lameliforme, com lado ventral semicircular e é duas vezes mais comprido

que largo. O pedicelo e os artículos do funículo são longos e cilíndricos. A clava é mais longa,

um pouco mais larga na parte proximal e afilada na parte distal. Esta parte da antena é achatada

dorso-ventralmente e a sua fase ventral é côncava, formando uma espécie de sulco, onde se

concentra uma grande diversidade de sensilas.

O comprimento total médio da antena das fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci

provenientes de Sicília, Portugal, e Israel foi de 1056 µm, 1067 µm e 1143 µm, respectivamente,

tendo o comprimento do flagelo atingido 651 µm, 642 µm e 685 µm (Anexo 5, Quadro 1). O

comprimento dos artículos do flagelo, nas três origens, diminui ligeiramente da parte proximal

da antena para a distal. A antena das fêmeas provenientes de Israel apresentou um comprimento

ligeiramente maior que a das outras duas origens (Fig 6.1).

0

50

100

150

200

250

300

350

400

E P F1 F2 F3 F4 F5 F6 C

Antenómeros

Comprimentos dos antenómeros (µm)

Portugal Sicília Israel

Fig. 6.1 – Comprimento médio (µm) (± erro padrão) dos antenómeros de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx.

pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6): E – escapo; P – pedicelo; F1/F6 – artículos do flagelo; C - clava.

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

50

O flagelo da antena da fêmea possui sete tipos diferentes de sensilas que são semelhantes

em morfologia nas fêmeas de diferentes origens, mas diferem por vezes em número e

distribuição. Foram identificados os seguintes tipos de sensilas, de acordo com a classificação de

Snodgrass (1935): trichodea, placodea, basiconica e chaetica tipo1-4. O número de cada tipo de

sensila na face dorsal e ventral da antena das fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci de

diferentes origens é dado nos Quadros 6.1 e 6.2 e o respectivo comprimento médio na Fig. 6.2. A

diversidade de sensilas é menor na parte proximal da antena, aumentando na parte distal.

Quadro 6.1 – Número médio dos diferentes tipos de sensilas na face dorsal de cada antenómero de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci provenientes de Portugal (Po), Sicília (Si) e Israel (Is) (n=3), da parte proximal para a distal da antena. E – escapo; P – pedicelo; F1/F6 – artículos do flagelo; C1/C3 – artículos da clava.

Antenómeros E P F1 F2 F3 F4 F5 F6 C1 C2 C3 Total

Po 67 38 39 44 48 52 51 53 66 88 119 665

Si 70 32 28 41 44 48 51 55 64 90 130 654

Is 86 38 41 46 52 55 55 58 72 85 125 714

Po 1 2 2 2 3 3 5 5 4 28

Si 1 1 2 3 3 3 4 5 5 27

Is 1 2 2 3 4 4 6 8 6 37

Po 1 1 1 1 1 2 1 8

Si 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10

Is 1 1 1 1 1 2 2 1 10

Po 1 1 2 2 3 2 8 20

Si 1 2 2 2 2 3 8 20

Is 2 2 2 2 1 2 7 17

Po 2 1 5 8

Si 2 10 12

Is 5 5

Po 3 3 3 4 6 6 25

Si 1 2 3 3 5 4 18

Is 3 3 5 5 17

Po 6 6

Si 9 9

Is 8 8

s. chaetica 2

s. chaetica 3

s. chaetica 4

s. trichodea

s. placodea

s. basiconica

s. chaetica 1

Quadro 6.2 – Número médio dos diferentes tipos de sensilas na face ventral de cada antenómero de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci provenientes de Portugal (Po), Sicília (Si), Israel (Is) (n=3), da parte proximal para a distal da antena. E – escapo; P – pedicelo; F1/F6 – artículos do flagelo; C1/C3 – artículos da clava.

Antenómeros E P F1 F2 F3 F4 F5 F6 C1 C2 C3 Total

Po 125 40 36 43 46 53 54 66 80 114 175 833

Si 114 36 37 45 46 50 53 60 82 103 147 773

Is 131 39 37 48 51 55 57 68 78 98 165 827

Po 1 2 2 2 2 3 4 4 2 23

Si 1 2 2 2 3 3 4 6 2 24

Is 2 2 2 2 3 4 5 2 22

Po 1 1 1 3

Si 2 2

Is 1 1 1 3

Po 2 3 3 4 3 2 4 21

Si 3 3 3 4 2 3 8 25

Is 2 2 3 2 1 7 17

Po 1 6 53 60

Si 2 4 36 42

Is 1 5 46 51

Po 1 1 1 1 5

Si 2 2 2 2 7

Is 2 2 4

Po 22 22

Si 24 24

Is 25 25

s. chaetica 2

s. chaetica 3

s. chaetica 4

s. trichodea

s. placodea

s. basiconica

s. chaetica 1

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

51

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

s. placodea s. chaetica 1 s. chaetica 2 s. chaetica 3 s. chaetica 4

Comprimento médio (µm)

Portugal Sicília Israel Fig. 6.2 – Comprimento médio (µm) (± erro padrão) total dos tipos de sensilas presentes nas antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). Sensilas: placodea, chaetica 1- 4.

6.4.1 Sensila Trichodea Este tipo é o mais abundante e cobre a superfície de todos os artículos, com excepção da

superfície dorsal do escapo, onde existem poucas sensilas. Estas sensilas estendem-se

paralelamente ao eixo longitudinal da antena e apontam sempre para a extremidade distal. Têm

inserção flexível, que consiste numa ligeira elevação na cutícula. Apresentam superfície com

sulcos helicoidais e ponta afilada, ligeiramente encurvada (Fig. 6.8b,c,d,e,f). O seu comprimento

tende a diminuir progressivamente da parte proximal da antena para a parte distal. De modo

geral, observou-se maior número destas sensilas na face ventral da antena, em todas as origens, e

em particular as fêmeas da Sicília apresentaram menor número em ambas as faces da antena, 654

na fase dorsal, e 773 na fase ventral (Quadro 6.1 e 6.2).

6.4.2 Sensila Placodea Estas sensilas estão presentes em todos os artículos do flagelo e distribuem-se

regularmente à sua volta, sendo o seu número ligeiramente superior nos artículos distais da face

dorsal da antena (Fig. 6.8d). A extremidade distal de cada sensila estende-se para lá da

extremidade de cada artículo, com excepção do último artículo da clava (Fig. 6.8e,f). Por vezes

estas sensilas surgem alinhadas de um artículo para o outro. Elas estão sobrelevadas da superfície

da antena e dispõem-se horizontalmente na cutícula entre as fileiras das sensilas trichodea. É o

tipo de sensilas de maior tamanho, sendo o seu comprimento médio entre 44 e 46 µm, que

diminui ligeiramente no último artículo da clava (Fig. 6.2 e 6.3; Quadro 2, Anexo5). A superfície

desta sensila encontra-se uniformemente perfurada com poros (Fig. 6.8b).

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

52

Não se verificaram grandes diferenças nestas sensilas entre as fêmeas das diferentes

origens, tanto no número, como no comprimento médio e comprimento em cada artículo, com

excepção das de Israel, que apresentaram maior número total, 37, na face dorsal da antena (Fig.

6.2 e 6.3; Quadro 1.1 e 1.2; Anexo 5, Quadro 3).

0

10

20

30

40

50

60

F1 F2 F3 F4 F5 F6 C1 C2 C3

Antenómeros

Comprimento médio s. placodea (µm)

Portugal Sicília Israel Fig. 6.3 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas placodea presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.

6.4.3 Sensila Basiconica

Estas sensilas encontram-se de uma maneira geral em todos os artículos da face dorsal do

flagelo, sendo pouco abundantes na face ventral (Quadro 6.1 e 6.2). Estão sempre localizadas na

parte distal de cada artículo, com excepção do último artículo da clava, onde surgem numa

posição mediana (Fig. 6.8d). Existe normalmente uma sensila por artículo, mas nalguns casos

foram encontradas aos pares, onde cada sensila do par estava diametralmente oposta à outra. Esta

sensila é de tamanho reduzido e consiste num pedúnculo sobre o qual assenta uma extremidade

distal bolbosa. Cada sensila está inserida numa depressão da cutícula, rodeada por um anel em

forma de “donut”. A cutícula parece apresentar sulcos longitudinais, contudo não é claramente

visível, devido à baixa resolução do microscópio utilizado (Fig. 6.8g).

Não se verificaram diferenças no número destas sensilas na antena das fêmeas das

diferentes origens (Quadro 6.1 e 6.2). Não foi possível medir o comprimento destas sensilas

devido ao seu tamanho reduzido e ao facto de se encontrarem numa depressão com profundidade

desconhecida.

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

53

6.4.4 Sensila Chaetica tipo 1

Este tipo de sensilas só se encontra no flagelo, a partir do 3º artículo, até à extremidade da

clava. Estão dispostas em coroa, na parte distal de cada artículo, e foi possível observar 2 a 4

sensilas em cada lado dos artículos (Fig. 6.8e). No último artículo da clava, são um pouco mais

numerosas, 4 a 8 sensilas, e a maioria está disposta no limite entre a fase dorsal e ventral (Fig.

3c,d,f). Estas sensilas diferem das trichodea, pois dispõem-se perpendicularmente ao eixo da

antena, ficando as suas extremidades muito acima do nível das sensilas trichodea (Fig. 6.8e). A

base da sensila está inserida na cutícula. As sensilas apresentam um comprimento médio de 14-

16 µm (Fig. 6.2; Anexo 5, Quadro 2), que vai diminuindo distalmente, atingindo nos dois

últimos artículos da clava valores de 11-14 µm (Fig. 6.4; Anexo 5, Quadro 4). No entanto,

observou-se grande variação no comprimento destas sensilas nos artículos do funículo, tendo-se

encontrado por vezes sensilas de tamanho muito inferior à média. Esta sensila é rectilínea e

apresenta a extremidade cortada.

Não se verificaram grandes diferenças no número deste tipo de sensilas nas fêmeas de

diferentes origens, tendo-se observado, no entanto, um número ligeiramente menor no caso de

Israel, 17, em cada uma das faces da antena. Quanto ao comprimento destas sensilas em cada

artículo, observou-se que, de uma forma geral, as fêmeas de Portugal apresentam um tamanho

ligeiramente menor, sendo o valor médio 14 µm (Fig 6.2 e 6.4; Anexo 5, Quadro 2).

0

5

10

15

20

25

F3 F4 F5 F6 C1 C2 C3

Antenómeros

Comprimento m

édio s. chaetica 1 (µm)

Portugal Sicília Israel Fig. 6.4 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 1 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.

6.4.5 Sensila Chaetica tipo 2 Este tipo encontra-se apenas na clava, existindo em grande número na face ventral do

último artículo (Fig. 6.8c,d). As fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci de Portugal

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

54

registaram o maior número, 60, e as fêmeas de Sicília o menor valor, 36 (Quadro 6.2). Estas

sensilas estão inseridas na cutícula e medem 6-8 µm (Fig. 6.2; Anexo 5, Quadro 2), apresentando

uma base mais larga que as sensilas chaetica tipo 1 e trichodea. O seu diâmetro reduz-se

ligeiramente na direcção apical. A extremidade tem uma forma característica, apresentando uma

projecção subapical. A cutícula desta sensila tem sulcos longitudinais bem marcados, desde a

base até ao topo, e é flexível, podendo, por vezes, ser bastante encurvada (Fig. 3b).

Quanto ao comprimento das sensilas nos diferentes artículos, observou-se um menor

valor nas fêmeas de Israel, 6 µm, com excepção do último artículo da clava, onde as fêmeas de

Sicília apresentam sensilas ligeiramente mais pequenas que as de Israel, 6 e 7 µm,

respectivamente (Fig. 6.5; Anexo 5, Quadro 5).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

C1 C2 C3

Antenómeros

Comprimento m

édio s. chaetica 2 (µm)

Portugal Sicília Israel Fig. 6.5 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 2 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.

6.4.6 Sensila Chaetica tipo 3 Estas sensilas encontram-se em maior número na face dorsal da antena, tendo-se

registado o maior valor, 25, nas fêmeas de Portugal (Fig. 6.8c,d). Este tipo surge a partir do 3º

artículo do funículo até ao 2º artículo da clava, nas fêmeas de Portugal e Sicília, e a partir do 5º e

6º artículo nas fêmeas de Israel (Quadro 6.1; Fig. 6.6). Distribuem-se na parte distal de cada

artículo. O seu comprimento varia entre 26 e 30 µm, diminuindo distalmente (Fig. 6.2 e 6.6;

Anexo 5, Quadro 6). A base da sensila é bolbosa e não apresenta inserção ao nível da cutícula da

antena. O seu diâmetro diminui de forma regular em direcção ao ápice, que é pontiagudo e

ligeiramente dilatado (Fig. 6.8e).

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

55

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

F3 F4 F5 F6 C1 C2

Antenómeros

Comprimento m

édio s. chaetica 3 (µm)

Portugal Sicília Israel Fig. 6.6 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 3 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.

6.4.7 Sensila Chaetica tipo 4

Este tipo de sensila encontra-se apenas no último artículo da clava e distribui-se tanto

pelo ápice como pela zona do sulco da face ventral da antena, onde existe em maior abundância

(Fig. 6.8c,d,f). O seu número não variou muito nas fêmeas das diferentes origens, podendo ser de

22 a 25 na face ventral, e de 6 a 9 na face dorsal da antena (Quadro 6.1 e 6.2). Esta sensila é

constituída por duas partes: a parte inferior, que tem cerca de 2 µm de comprimento, emerge

directamente da cutícula e parece não ser sulcada; a parte superior mede cerca de 6-7 µm e tem

um diâmetro maior na base (Fig. 6.7; Anexo 5, Quadro 7). A cutícula apresenta vários sulcos

longitudinais ao longo da sensila, contudo menos marcados do que nas chaetica tipo 2. O ápice

da sensila é mais estreito que a restante parte superior e apresenta uma concavidade (Fig. 6.8h).

O comprimento total destas sensilas é ligeiramente inferior nas antenas das fêmeas de Israel,

medindo em média 8 µm (Fig. 6.2 e 6.7).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

C3 Sup C3 Inf

Comprimento médio s. chaetica 4 (µm)

Portugal Sicília Israel Fig. 6.7 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 4 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

56

6.4.8 Sensilas do macho

O flagelo da antena do macho possui sete tipos diferentes de sensilas: trichodea,

placodea, basiconica, chaetica tipo1, 3, 4, e um tipo de sensilas escamosas e tridentadas. Este

último tipo de sensilas é específico dos machos. De uma forma geral, a antena do macho

apresenta um menor número de sensilas, relativamente à da fêmea.

Fig. 6.8 – Antena da fêmea de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci.

a) Diferentes artículos da antena. MEV. E, escapo; P, pedicelo; F1-F6, 6 artículos do funículo; C, clava. × 100. barra de escala = 100 µm. b) Pormenor de alguns tipos de sensila no lado ventral da clava. MEV. P, sensila placodea com poros visíveis; T, sensila trichodea com sulcos cuticulares helicoidais; C1, sensila chaetica tipo 1; C2, sensila chaetica tipo 2 com sulcos cuticulares longitudinais bem marcados e projecção subapical. × 5000. barra de escala = 5 µm. c) Pormenor do sulco no lado ventral da clava. MEV. × 750. barra de escala = 10 µm. d) Pormenor do lado dorsal da clava. MEV. × 750. barra de escala = 10 µm.

E P F2

F4

F5

C

F6

F1

F3

a

T C1

P C2

b

C1

C4

C3

P

B

T

C2

d

C1

C4

C3

P

T

C2

C1

c

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

57

Fig. 6.8 (cont.) – Antena da fêmea de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci.

e) Pormenor da parte distal do primeiro artículo da clava, com sensilas chaetica tipo 1 dispostas em coroa. MEV. × 2000. barra de escala = 10 µm. f) Ápice da antena do lado dorsal da clava. MEV. × 3500. barra de escala = 5 µm. g) Pormenor da sensila basiconica. MEV. sc, sulcos cuticulares. × 10000. barra de escala = 1 µm. h) Pormenor da sensila chaetica tipo 4. MEV. × 10000. barra de escala = 1 µm. T, sensila trichodea; P, sensila placodea; B, sensila basiconica; C1, sensila chaetica tipo 1; C2, sensila chaetica tipo 2; C3, sensila chaetica tipo 3; C4, sensila chaetica tipo 4.

6.5 Discussão

Os sete tipos de sensilas identificados neste estudo foram encontrados na antena das

fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci das diferentes populações, Portugal, Sicília e Israel.

Estes tipos de sensilas foram também descritos noutras espécies de himenópteros (Baaren et al.,

1996; 1999; Ochieng et al., 2000; Bleeker et al., 2004; Roux et al., 2005; Bourdais et al., 2006).

As sensilas trichodea são o tipo mais abundante e ocorrem em todos os antenómeros da

fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci. Este tipo de sensilas tem sido identificado como sendo

exclusivamente mecanorreceptor, devido à inexistência de poros cuticulares, à sua inserção na

cutícula e à sua distribuição espacial (Keil, 1999). Estas sensilas têm sido descritas em espécies

C4

P

T

C1

f

C1

C1

C3

P

T

e

C4

h

B

sc

g

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

58

de parasitóides de diferentes famílias, incluindo Trichogrammatidae (Voegelé et al., 1975; Olson

& Andow, 1993), Aphelinidae (Viggiani & Mazzone, 1982), Pteromalidae (Slifer, 1969),

Eulophidae (Barlin et al., 1981), Mymaridae (Baaren et al., 1999), Braconidae (Ochieng et al.,

2000; Bleeker et al., 2004; Roux et al., 2005; Bourdais et al., 2006; Gao et al., 2007) e

Ichneumonidae (Norton & Vinson, 1974).

Tanto a diminuição de comprimento destas sensilas dos artículos proximais para os

distais, como a presença de sensilas muito pequenas na parte terminal da antena foram

encontradas nas espécies de Encyrtidae, C. noxious (Weseloh, 1972), E. lopezi e L. dactylopii

(Baaren et al., 1996), em espécies de Braconidae (Norton & Vinson, 1974; Roux et al., 2005), e

numa espécie de Ichneumonidae (Norton & Vinson, 1974), no entanto nas duas últimas famílias

as sensilas trichodea apresentam sulcos longitudinais em vez de helicoidais.

As sensilas placodea podem apresentar vários tamanhos e formas, estando presentes em

quase todos os himenópteros parasitóides (Barlin & Vinson, 1981; Ochieng et al., 2000; Bleeker

et al., 2004; Roux et al., 2005; Gao et al., 2007). Estas sensilas são alongadas em A. spec. nov.

próx. pseudococci e têm um comprimento inferior aos artículos onde ocorrem. A sua

extremidade distal estende-se sempre para fora do artículo, com excepção do último artículo da

clava onde ocupa uma posição mais mediana.

A morfologia das sensilas placodea tem sido descrita por diversos autores. O

prolongamento desta sensila para fora do artículo foi, também, registado em E. lopezi e L.

dactylopii (Baaren et al., 1996), no entanto, nestas duas espécies as sensilas têm o mesmo

comprimento do artículo onde ocorrem. Esta projecção também foi encontrada em Scelionidae

na espécie Trissolcus basalis (Woll.) (Bin et al., 1989), onde foi designada por “sensila em

forma de foice”. Em Ichneumonidae e Braconidae, está completamente encerrada na antena e em

Chalcidoidae ela ocupa uma posição intermédia (Bin et al., 1989). A estrutura da sensila

placodea foi descrita por Barlin & Vinson (1981) para Braconidae e Chalcidoidae. Estes autores

sugeriram que a função desta sensila é provavelmente olfactiva, devido à existência de múltiplos

poros cuticulares. Estas sensilas parecem estar adaptadas especificamente ao processamento de

misturas de odores (Akers & Getz, 1992, 1993), como a percepção dos odores das plantas pelos

parasitóides (Ochieng et al., 2000).

As sensilas basiconica são encontradas em várias famílias de himenópteros e têm sido

descritas com diferentes terminologias, como “pequena sensila subterminal” em C. noxious

(Weseloh, 1972), “sensila ampullae” em Trichogramma (Voegelé et al., 1975), “sensila sulcada

multiporosa” em Tetrastichus hagenowii (Ratzeburg) (Barlin et al., 1981), a “sensila bolbosa”

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

59

em Telenomus reynoldsi (Gordh e Coker) (Cave & Gaylor, 1987), “sensila basiconica lisa” em

Campoletis sonorensis (Cameron), Microplitis croceips (Cresson) e Cardiochiles nigriceps

(Viereck) (Norton & Vinson, 1974), “sensila coeloconica” em M. croceips (Ochieng et al., 2000) e

“sensila coeloconica tipo 1” em Cotesia glomerata (L.) e C. rubecula (Marshall) (Bleeker et al.,

2004). Este tipo de sensila é mais abundante na fase dorsal da antena das fêmeas de A. spec. nov.

próx. pseudococci, não tendo sido observadas mais de duas sensilas por artículo. Localizam-se

na parte distal de cada artículo, com excepção do último artículo da clava, onde ocupam uma

posição mediana. Uma distribuição semelhante destas sensilas foi observada em E. lopezi e L.

dactylopii (Baaren et al., 1996). No entanto, nestas espécies observaram-se, nalguns casos, mais

de 2 sensilas em cada artículo e 4 sensilas na parte proximal do último artículo da clava.

Muitos autores não atribuíram nenhuma função a este tipo de sensila. Alguns sugerem

uma função olfactiva, apenas, pela sua aparência externa. Baaren et al. (1996) observaram a

existência de dez sulcos cuticulares longitudinais, distribuídos uniformemente pela sensila, que

formavam projecções em forma de dedo, rodeadas por poros. Barlin et al. (1981) verificaram que

esta sensila tem uma parede relativamente espessa e não encontrou poros tubulares. No entanto,

não atribuiu nenhuma função a este tipo de sensila. Bin et al. (1989) descreveram a ultraestrutura

desta sensila em T. basalis e verificaram que, embora a sua função pareça ser olfactiva, devido

aos numerosos poros, a sua organização interna sugere uma função gustativa. Olson & Andow

(1993) observaram estas sensilas em Trichogramma nubilale (Ertle & Davis) e sugeriram uma

função olfactiva devido à sua localização. De igual modo, Steinbrecht (1997) sugeriu a mesma

função para estas sensilas na sua revisão sobre estrutura dos poros nas sensilas olfactivas dos

insectos. No entanto, é também possível que estas sensilas possam funcionar como receptores

hidro-térmicos, tal como foi mostrado noutros insectos (Altner et al., 1983).

As sensilas chaetica do tipo 1 observadas em A. spec. nov. próx. pseudococci, são

comuns noutros encirtídeos (Baaren et al., 1996), mimarídeos (Baaren et al., 1999), scelionídeos

(Bin et al., 1989; Cave & Gaylor, 1987) e em braconídeos (Ochieng et al., 2000; Gao et al.,

2007), mas estão ausentes nalgumas espécies de Cotesia (Bleeker et al., 2004; Roux et al.,

2005). As sensilas observadas em A. spec. nov. próx. pseudococci têm localização e o número

muito semelhantes às descritas em E. lopezi e L. dactylopii (Baaren et al., 1996). Nestas duas

espécies, este tipo de sensilas apresenta sulcos cuticulares longitudinais e um poro apical. Por

outro lado, a sua orientação perpendicular à superfície, que coloca as pontas acima do nível das

outras sensilas, e a sua presença na parte distal do artículo, suportam a hipótese avançada por

alguns autores de que estas sensilas têm função mista, gustativa e mecânica (Ochieng et al.,

2000; Baaren et al., 1996).

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

60

Um tipo de sensilas semelhante, com as mesmas funções, foi descrito por Bin et al.

(1989) para T. basalis. Em Anaphes victus (Huber) e A. listronoti (Huber) (Baaren et al., 1999),

foi registado o mesmo tipo de sensilas, mas localizadas apenas na clava. Cave & Gaylor (1987)

identificaram a presença deste tipo de sensila em T. reynoldsi (Scelionidae). No entanto, nesta

espécie, não estão distribuídas apenas na parte distal dos segmentos, mas espalhadas por todo o

artículo. Em Nasonia vitripennis (Walk.) (Slifer, 1969), este tipo de sensila foi, também, descrito

como “receptor químico de parede espessa”, com uma função gustativa. Nesta espécie, estas

sensilas localizam-se na parte distal da antena, estão dirigidas anteriormente, e são mais longas

que outros quimiorreceptores.

A variação do comprimento deste tipo de sensila observado em A. spec. nov. próx.

pseudococci, foi também verificado em Microplitis pallidipes (Szepligeti) (Gao et al., 2007), M.

croceips (Ochieng et al., 2000), Anaphes victus e A. listronoti (Baaren et al., 1999). Esta

variação no tamanho pode sugerir a existência de dois tipos de diferentes de sensilas, contudo é

necessário um estudo mais aprofundado da sua ultraestrutura.

As sensilas chaetica do tipo 2 foram observadas maioritariamente na fase ventral da clava

da antena da fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci e parece estar ausente nos machos. Estas

sensilas apresentam uma distribuição semelhante em E. lopezi e L. dactylopii (Baaren et al.,

1996) e foram descritas como tendo sulcos longitudinais cuticulares bem marcados e um poro

subapical, com um mecanismo de abertura subapical simples ou tridígito. Esta projecção

subapical não foi observada nas sensilas chaetica tipo 1. Contudo, o estudo da ultraestrutura

revelou semelhanças com as chaetica do tipo 1, tendo sido identificadas como receptores

mecânicos e gustativos. Uma projecção subapical semelhante foi, também, encontrada em A.

spec. nov. próx. pseudococci, no entanto não foi possível observar com muito pormenor a sua

forma.

Norton & Vinson (1974) descreveram uma “sensila estriada com ponta inclinada” em C.

nigriceps, M. croceips, e C. sonorensis. Estas sensilas, apenas encontradas na parte ventral do

flagelo das fêmeas dos parasitóides, foram descritas como sendo receptores mecânicos e

gustativos e parecem desempenhar um papel importante na discriminação do hospedeiro. No

entanto, a morfologia externa destas sensilas é mais semelhante à chaetica do tipo 1. Em A.

victus e A. listronoti (Baaren et al., 1999) foi observada uma sensila chaetica tipo 4, com

morfología semelhante às sensilas chaetica tipo 2, e à qual foram atribuídas as mesmas funções.

Roux et al. (2005), em Cotesia plutellae (Kurdjumov) descreveu uma sensila trichodea TP tipo

2, com ponta característica, com vários poros protegidos por uma excrescência cuticular. Estes

autores atribuíram função gustativa ou quimiorreceptora de contacto a este tipo de sensila.

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

61

As sensilas chaetica do tipo 3 e 4 parecem ter função olfactiva, devido à existência de

inúmeros poros cuticulares e de terem uma parede fina (Baaren et al., 1996). Estas sensilas

podem, pois, pertencer ao grupo das “sensilas de parede simples”, descrita por Altner (1977) ou

das “sensilas multiporosas de superfície perfurada” de Zackaruk (1980).

A sensila chaetica do tipo 3 foi identificada em E. lopezi e L. dactylopii (Baaren et al.,

1996), com uma morfologia e distribuição semelhante à encontrada em A. spec. nov. próx.

pseudococci. De igual modo, Slifer (1969) descreveu em N. vitripennis uma “sensila de parede

fina” com a mesma dimensão, curvada, distribuindo-se radialmente nos artículos, e com poros

espalhados por toda a superfície, excepto na base bolbosa. Em C. nigriceps, Norton & Vinson

(1974) verificaram a presença de uma “sensila basiconica curvada e não estriada” no macho,

semelhante à sensila chaetica do tipo 3 observada em encirtídeos (Baaren, 1994), e algumas

destas sensilas na fêmea, mas distribuídas por todos os artículos. Contudo, nenhum destes

autores atribui uma função a esta sensila.

A sensila chaetica do tipo 4 foi observada em várias espécies de Encyrtidae, como em E.

lopezi, L. dactylopii (Baaren et al., 1996) e em C. noxious (Weseloh, 1972). Nesta última, foi

denominada de “sensila basiconica delgada”. Foi encontrada exclusivamente no último artículo

em todas estas espécies. Nas duas primeiras espécies de encirtídeos, o estudo da estrutura interna

desta sensila revelou uma função olfactiva, enquanto que em C. noxious não lhe foi atribuída

nenhuma função. Baaren et al. (1999) descreveu em A. victus e A. listronoti uma “sensila

chaetica tipo 2” com morfologia externa semelhante à observada na de tipo 4, tendo-lhe sido

também atribuída função olfactiva. Na antena do macho e da fêmea de T. hagenawii, Barlin et al.

(1981) descreveram “longos pêlos multiporosos sem inserção” que têm algumas características

em comum com as sensilas chaetica do tipo 3 e 4. Morfologicamente estas sensilas são muito

semelhantes às do tipo 3, pois têm paredes lisas, a sua base é bolbosa e a sua extremidade é

pontiaguda. Contudo, a sua distribuição é semelhante às do tipo 4, uma vez que estão

concentradas na extremidade distal da antena.

As fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci parecem ter mais sensilas

quimiorreceptoras do que os machos, essencialmente localizadas no lado ventral da clava, com

excepção das sensilas placodea, que são mais abundantes no lado dorsal. Estas diferenças

poderão estar associadas ao comportamento de selecção do hospedeiro pelas fêmeas.

A predominância das sensilas placodea no lado dorsal da antena, lado que fica orientado

para o exterior durante o deslocamento da fêmea, parece ter uma posição estratégica para

detectar, de forma mais eficiente, os voláteis emitidos pela planta infestada com o hospedeiro.

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

62

No entanto, a existência destas sensilas nos machos leva a querer que estes, de alguma forma,

também, evoluíram no sentido de detectar estes voláteis, no processo de localização das fêmeas.

Segundo Baaren et al. (1993), as sensilas chaetica do tipo 2, que parecem não existir nos

machos de A. spec. nov. próx. pseudococci, entram em contacto com o hospedeiro, durante a

sondagem prolongada com as antenas, pelas fêmeas de E. lopezi. Estes autores estudaram o

comportamento de postura nesta espécie e verificaram que este tipo de contacto com a antena

está intimamente ligado com a aceitação do hospedeiro. Estas sensilas estão provavelmente

relacionadas com a discriminação do hospedeiro e podem ajudar a fêmea a detectar feromonas

externas depositadas pelas fêmeas conspecíficas durante a postura (Baaren & Nénon, 1994). Em

fêmeas das espécies Trichogrammatidae, Olson & Andow (1993), também, mostraram a

presença de uma área específica de sensilas, na parte ventral da clava. Estes autores sugeriram

que estas sensilas têm uma dupla função, gustativa e mecânica, podendo estar envolvidas na

discriminação do hospedeiro. O número e tamanho destas sensilas varia de acordo com a espécie

e Olson & Andow (1993) julgam que esta variação pode reflectir diferenças nas funções

relacionadas com o manuseamento do hospedeiro.

A presença de uma proporção relativamente elevada de sensilas olfactivas na antena das

fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci revela a sua importância na localização de longa

distância com antena, isto é, quando a fêmea não entra totalmente em contacto com o

hospedeiro. Os estudos de Baaren et al. (1993) demonstraram uma ligação entre este tipo de

contacto e a discriminação entre hospedeiros parasitados e não parasitados pelas fêmeas de E.

lopezi. Para além disso, os estudos do comportamento destas fêmeas em olfactómetro mostraram

que elas detectam hospedeiros parasitados a curta distância, pelo olfacto (Baaren, 1994). A

distribuição da sensila chaetica tipo 4 na parte terminal da clava sugere o seu envolvimento na

localização olfactiva com antena.

Relativamente ao estudo das populações de A. spec. nov. próx. pseudococci, verificou-se

não existirem diferenças significativas, quer no tipo de sensilas presentes, quer no número e

distribuição destas sensilas na antena das fêmeas das diferentes populações. Estes resultados

podem estar relacionados com o facto destas populações parasitarem o mesmo tipo de

hospedeiro (ninfas e adultos de cochonilhas-algodão Pseudococcidae). Isto está de acordo com o

estudo de Le Ralec (1991), que mostrou que as sensilas de postura são mais semelhantes em

espécies num mesmo contexto ecológico, que podem não estar relacionadas, do que em espécies

relacionadas que exploram diferentes hospedeiros.

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Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena

63

As pequenas diferenças detectadas na distribuição e número de sensilas, nas diferentes

populações de A. spec. nov. próx. pseudococci, podem estar relacionadas com as diferentes

interacções no contexto tritrófico. Uma vez que esta espécie parece pertencer ao grupo C de

inimigos naturais, propostos por Vet & Dicke (1992), a sua especialização ao nível de um

hospedeiro polífago, como o caso das cochonilhas-algodão, leva a que os indivíduos de

diferentes populações se tenham que adaptar e aprender a reconhecer os voláteis das diferentes

plantas onde o seu hospedeiro possa estar presente. Esta hipótese é corroborada por Chapman

(1982), que verificou que as diferenças sensoriais entre espécies de insectos podem dever-se a

variações no número e distribuição das sensilas presentes nas suas antenas. No entanto, os

estudos existentes ainda são escassos para estabelecer qualquer relação entre as características

morfológicas, anatómicas e comportamentais.

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64

CCoonnssiiddeerraaççõõeess ffiinnaaiiss

A recente separação do táxone Anagyrus pseudococci s.l., proposta por Triapitsyn et al.

(2007), em duas espécies irmãs, A. pseudococci (Girault) e A. spec. nov. próx. pseudococci, vem

colocar inúmeras questões relativamente ao uso dos infoquímicos no processo de selecção do

hospedeiro por estas espécies, factor a ter em conta na utilização destes parasitóides no controlo

eficaz das cochonilhas-algodão. Ao mesmo tempo, o estudo do comportamento destas duas

espécies em presença dos infoquímicos do hospedeiro pode fornecer critérios robustos que

poderão contribuir para esclarecer a sua identidade.

Os exemplares de A. pseudococci s.l. observados neste estudo apresentavam

predominantemente, no caso de Portugal e Sicília, ou na totalidade, no caso de Israel, o

morfotipo de F1 compatível com A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007).

Contudo, o aparecimento de algumas fêmeas com padrões de F1 compatíveis com A.

pseudococci (Girault) (sensu Triapitsyn et al., 2007), em Portugal e Sicília, coloca a hipótese

destas duas espécies poderem coexistir nestas duas regiões. Neste sentido, a não captura de A.

pseudococci (Girault) nas batatas-armadilhas pode ter ficado a dever-se a diferenças na ocupação

do habitat e nos comportamentos associados à selecção do hospedeiro exibidos por estas duas

espécies. No entanto, são necessários mais estudos para averiguar esta possibilidade.

Por restrições de tempo e aspectos relacionados com a logística dos ensaios, o presente

trabalho incidiu apenas no estudo dos comportamentos de selecção do hospedeiro e no uso dos

infoquímicos neste processo em A. spec. nov. próx. pseudococci.

A antena da fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci possui sete tipos diferentes de

sensilas: sensila trichodea, exclusivamente mecanorreceptora, sensilas chaetica do tipo 1 e 2,

presumivelmente quimiorreceptoras de contacto, e sensilas chaetica do tipo 3 e 4, basiconica e

placodea, todas assumidas como olfactivas. Estes tipos de sensilas foram, também, descritos

noutras espécies de himenópteros (Baaren et al., 1999; Ochieng et al., 2000; Bleeker et al., 2004;

Roux et al., 2005; Bourdais et al., 2006), incluindo duas espécies de encirtídeos, E. lopezi e L.

dactylopii (Baaren et al., 1996).

As fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci parecem ter mais sensilas

quimiorreceptoras que os machos e estes receptores estão essencialmente localizados no lado

ventral da clava, com excepção das sensilas placodea. Estas diferenças poderão estar associadas

à detecção dos infoquímicos no processo de selecção do hospedeiro pelas fêmeas. A sensila

chaetica do tipo 2 parece ter particular importância neste processo, devido à sua localização, na

fase ventral da clava, e ao facto de estar ausente nos machos. Esta sensila e a chaetica do tipo 4

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Considerações Finais

65

parecem estar envolvidas directamente no processo de aceitação do hospedeiro (Baaren et al.,

1993; Baaren & Nénon, 1994; Olson & Andow, 1993).

As fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci de Israel mostraram uma resposta

cairomonal à feromona sexual de P. ficus nos ensaios de olfactómetro. Esta evidência sugere

uma resposta inata, que é também corroborada por estudos anteriores efectuados com a

população portuguesa do parasitóide. Este comportamento inato está em concordância com a

hipótese proposta por Vet & Dicke (1992), onde é esperada uma resposta inata às cairomonas do

hospedeiro/presa nos inimigos naturais do grupo C, isto é, especialistas ao nível do hospedeiro e

generalistas ao nível da planta, como é o caso de A. spec. nov. próx. pseudococci.

As fêmeas do parasitóide da Sicília não mostraram, no entanto, o mesmo tipo de resposta

cairomonal à feromona sexual de P. ficus, nos ensaios de olfactómetro. Este resultado pode

evidenciar uma diferença na resposta desta população de A. spec. nov. próx. pseudococci à

feromona do hospedeiro, relativamente às populações de Portugal e Israel. Segundo Vet & Dicke

(1992), as populações de inimigos naturais que evoluem em contextos ecológicos diferentes

podem variar nas características importantes para um bom desempenho, como no uso dos

infoquímicos.

No estudo da micromorfologia das sensilas de A. spec. nov. próx. pseudococci não foram

detectadas diferenças significativas quanto ao tipo, número e distribuição das sensilas presentes

na antena das fêmeas das diferentes populações geográficas. No entanto, as pequenas diferenças

observadas na distribuição e no número de sensilas, podem estar relacionadas com as diferentes

interacções destas populações de A. spec. nov. próx. pseudococci no contexto tritrófico,

nomeadamente, na resposta das fêmeas aos infoquímicos associados ao hospedeiro e à planta

hospedeira.

A evidência da resposta cairomonal de A. spec. nov. próx. pseudococci à feromona sexual

de P. ficus abre caminho ao uso desta feromona em tácticas de protecção biológica das culturas,

como o incremento do parasitismo de P. citri por este parasitóide, em pomares de citrinos. Foi

neste sentido que foram realizados os ensaios das batatas-armadilha. Os resultados evidenciaram

um aumento do parasitismo de P. citri em presença da feromona sexual de P. ficus. O parasitóide

revelou ser mais eficiente na modalidade com difusor de feromona de P. ficus instalado no

interior da armadilha, em comparação com a modalidade do difusor a 30 cm de distância. Este

resultado parece apoiar a hipótese da feromona sexual de P. ficus induzir em A. spec. nov. próx.

pseudococci um comportamento de retenção na procura do hospedeiro, tanto mais que, se a

procura fosse direccionada, seria de esperar que o parasitismo de P. citri na modalidade com

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Considerações Finais

66

difusor a 30 cm da armadilha fosse menor ou mesmo nulo. O modo de procura do hospedeiro

pelo parasitóide torna-se relevante no seu uso eficaz como agente de controlo biológico, na

medida em que esta estratégia influencia os níveis de parasitismo da praga pelo parasitóide.

Planococcus citri está entre os hospedeiros mais comuns de A. pseudococci s.l.. No

entanto, os estímulos químicos envolvidos na atracção deste parasitóide ao hospedeiro ainda

permanecem por esclarecer. A melada de P. citri parece induzir um comportamento de retenção

na fêmea do parasitóide. Contudo, nos ensaios de olfactómetro não foi evidenciada uma resposta

cairomonal do parasitóide aos odores da melada deste hospedeiro. Este resultado pode sugerir

que o parasitóide utiliza a melada como cairomona de contacto de curta distância, na localização

do hospedeiro, e não como cairomona volátil.

Por outro lado, no ensaio sobre a experiência, foi mais uma vez evidenciada a não

atracção do parasitóide à feromona sexual de P. citri. Este parasitóide também não mostrou

aprendizagem em relação a este estímulo potencialmente cairomonal, após ter realizado postura

no hospedeiro. No entanto, a experiência prévia de apenas uma postura em P. citri pode não ter

sido suficiente para a fêmea do parasitóide associar este estímulo ao hospedeiro. Estudos futuros

deverão considerar maior número de posturas no hospedeiro, a fim de se verificar a influência da

experiência no comportamento de localização de A. spec. nov. próx. pseudococci.

Franco et al. (2008b) sugeriram a hipótese de P. citri ser uma espécie hospedeira mais

recente na história evolutiva de A. spec. nov. próx. pseudococci do que o hospedeiro P. ficus.

Esta hipótese é também suportada pelo baixo nível de adaptação fisiológica deste parasitóide a P.

citri, evidenciado pela elevada taxa de encapsulação dos ovos neste hospedeiro (Blumberg et al.,

1995). De acordo com esta hipótese, o parasitóide pode ter aprendido a responder aos estímulos

deste novo hospedeiro por aprendizagem associativa, o que lhe permitiu gerar novas respostas

com base em respostas inatas aos estímulos inerentes às cochonilhas-algodão em geral. De entre

os estímulos associados a estas cochonilhas poderá estar a melada. No entanto, há que ter em

conta que a sua composição parece variar com a planta hospedeira e que as cochonilhas-algodão

hospedeiras são, em geral, espécies polífagas. O parasitóide poderá ainda responder a estímulos

associados à planta hospedeira. Segundo Vet & Dicke (1992), os inimigos naturais do grupo C,

como A. spec. nov. próx. pseudococci, podem exibir respostas inatas aos voláteis das plantas

hospedeiras mais comuns ou a um componente comum a todas as plantas hospedeiras.

Será interessante verificar no futuro se A. spec. nov. próx. pseudococci exibe uma

resposta cairomonal às sinomonas emitidas pela planta hospedeira ou a outro estímulo associado

ao hospedeiro P. citri.

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Referências Bibliográficas

78

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79

AAnneexxooss

Anexo 1

Quadro 1 - Caracterização dos pomares de citrinos na região do Algarve e das vinhas na zona Centro de Portugal. Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l. (a); Estudo da influência da feromona de Planococcus ficus (Signoret) na taxa de parasitismo de Planococcus citri (Risso) por A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007), em Julho e Setembro/ Outubro de 2007 (b).

Pomar Localização Ano de

plantaçãoHospedeiro vegetal

CultivarPorta-enxerto

Sistema de rega

Compasso (m×m)

Área

(m2)

a Estação Vitivinícola da Bairrada

Arcos, Anadia

1992 videira Chardonay - - - -

a Abílio Santos Galvão

Cordinhã, Cantanhede

1986 videira Rabo de Ovelha; Bical

SO4; 161-49 C

Guyot 2,5 x 1,3 5 400

a 1993 videira colecção de várias castas*

- gota-a-gota 2,7 x 1 22 400

2005 videira- estufa

Cardinal 80 161-49 gota-a-gota 1,2 x 2,7 311

a Quinta da Nora Conceição, Faro

1996 tangerineira Ortanique citranjeira troyer

gota-a-gota 5 x 2,5 37 000

a Estibeira Quarteira, Loulé

2004 laranjeira Rhode - - - -

a Amoladeiras Algoz, Silves - tangerineira Nules - - - -

a Pomar D. Alice Silves - laranjeira Newhall - - 6 x 4 19 000

a, b Afonso Vaz Algoz, Silves 1989 tangerineira Newhall citranjeira troyer

gota-a-gota 4 × 6 3 000

a Carocha Boliqueime, Loulé

1991 tangerineira Ortanique - gota-a-gota - -

a Quinta do Carmo Lagoa 2002 laranjeira Rhode citranjeira troyer

gota-a-gota 5 x 3 -

a, b Centro de Experim. Agrária de Tavira

(CEAT)

Santiago, Tavira

1996 laranjeira Newhall citranjeira troyer

gota-a-gota 4,5 × 4,5 4 600

a ISA - Ponte Alcântara, Lisboa

1985 videira colecção de várias castas

- - 3,2 x 1,2 4 000

* 98 castas de uva de mesa e 129 castas de uva de vinho

Centro de Experim. Agrária de Tavira

(CEAT)

Santiago, Tavira

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Anexos

80

Anexo 2

Quadro 1 - Estatísticas descritivas do tempo dispendido em cada comportamento de Anagyrus spec. nov. próx.

pseudococci em presença de melada (tempo com melada) e na sua ausência (tempo testemunha) em ensaios de olfactómetro de ar estático. Comportamentos: 1) Procura; 2) Sondagem com antenas; 3) Repouso; 4) Limpeza; 5) Alimentação 6) Sondagem com armadura bucal.

30 0:11:06 0:01:58 0:00:21 0:10:21 0:11:50 0:06:54 0:14:12

30 0:02:46 0:01:49 0:00:20 0:02:05 0:03:27 0:00:22 0:07:05

30 0:00:44 0:00:28 0:00:05 0:00:34 0:00:55 0:00:09 0:02:16

30 0:00:17 0:00:32 0:00:05 0:00:04 0:00:29 0:00:00 0:02:44

30 0:00:04 0:00:14 0:00:02 -0:00:00 0:00:09 0:00:00 0:01:04

30 0:00:00 0:00:02 0:00:00 -0:00:00 0:00:01 0:00:00 0:00:14

180 0:02:30 0:04:07 0:00:18 0:01:53 0:03:06 0:00:00 0:14:12

30 0:12:12 0:02:29 0:00:27 0:11:16 0:13:07 0:05:09 0:14:11

30 0:00:27 0:00:17 0:00:03 0:00:21 0:00:34 0:00:03 0:01:42

30 0:01:27 0:01:15 0:00:13 0:00:59 0:01:56 0:00:32 0:06:00

30 0:00:50 0:01:52 0:00:20 0:00:08 0:01:32 0:00:00 0:08:52

30 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00

30 0:00:01 0:00:06 0:00:01 -0:00:00 0:00:04 0:00:00 0:00:27

180 0:02:30 0:04:35 0:00:20 0:01:49 0:03:10 0:00:00 0:14:11

1 2 3 4 5 6 Total

1 2 3 4 5 6 Total

Tempo com melada

Tempo testemunha

N Média Desvio Padrão Erro Padrão Limite Inferior Limite Superiord

Intervalo de Confiança a 95% para a Média

Mínimo Máximo

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Anexos

81

Anexo 3

Preparação de Clorofenol

1.1 Reagentes utilizados:

- 50g de fenol

- 50g de cloral hidratado

1.2 Procedimento:

Misturar os dois reagentes num gobelé de vidro e aquecer até à completa dissolução do

material. Dever-se-á obter uma solução transparente.

Colocar a solução num frasco de vidro, envolvido exteriormente com papel de alumínio, e

deixar em local escuro durante uma semana.

O Clorofenol estará então preparado e poderá ser utilizado para clarificar os exemplares de

cochonilhas.

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Anexos

82

Anexo 4

Quadro 1 - Estatísticas descritivas do número de indíviduos de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci emergidos em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Silves, entre 18 e 26 de Julho de 2007, em função da modalidade: 1) armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 30 cm, ou 2) com feromona sexual de P.ficus interior, e 3) armadilhas sem feromona (testemunha).

Quadro 2 - Estatísticas descritivas da taxa de parasitismo de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Silves, entre 18 e 26 de Julho de 2007, em função da modalidade: 1) armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 30 cm, ou 2) com feromona sexual de P.ficus interior, e 3) armadilhas sem feromona (testemunha).

Quadro 3 - Estatísticas descritivas do número dias até à 1.ª emergência do parasitóide, Anagyrus spec. nov. próx.

pseudococci, em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Silves, entre 18 e 26 de Julho de 2007, em função da modalidade: 1) armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 30 cm, ou 2) com feromona sexual de P.ficus interior, e 3) armadilhas sem feromona (testemunha).

Quadro 4 - Estatísticas descritivas do número de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci capturadas em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Tavira, entre 25 Setembro e 2 de Outubro de 2007, em função da modalidade: 1) armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 30 cm, ou 2) com feromona sexual de P.ficus interior, e 3) armadilhas sem feromona (testemunha).

10 6,40 2,119 ,670 4,88 7,92 4 10 10 7,30 6,111 1,932 2,93 11,67 2 18 10 1,20 1,135 ,359 ,39 2,01 0 3 30 4,97 4,567 ,834 3,26 6,67 0 18

1

2

3

Total

N Média Desvio Erro Padrão Limite Inferior Limite Superior

Intervalo de Confiança a 95% para a Média

Mínimo Máximo

10 19,5000 2,06828 ,65405 18,0204 20,9796 15,00 22,00 10 17,2000 1,13529 ,35901 16,3879 18,0121 16,00 20,00 9 17,8889 1,69148 ,56383 16,5887 19,1891 16,00 22,00 29 18,2069 1,89698 ,35226 17,4853 18,9285 15,00 22,00

1 2 3 Total

N Média Desvio Padrão Erro Padrão Limite Inferior Limite Superior

Intervalo de Confiança a 95% para a Média

Mínimo Máximo

10 45,1450 19,38809 6,13105 31,2756 59,0144 15,91 78,26 10 77,3480 15,68189 4,95905 66,1298 88,5662 52,94 100,00 10 18,6450 19,63438 6,20894 4,5994 32,6906 ,00 56,52 30 47,0460 30,14355 5,50343 35,7902 58,3018 ,00 100,00

1 2 3 Total

N Média Desvio Padrão Erro Padrão Limite Inferior Limite Superior

Intervalo de Confiança a 95% para a Média

Mínimo Máximo

Nº de parasitóides emergidos

10 19,10 9,303 2,942 12,45 25,75 8 36 10 19,40 8,435 2,667 13,37 25,43 6 31 10 7,30 4,596 1,453 4,01 10,59 0 13 30 15,27 9,399 1,716 11,76 18,78 0 36

1 2 3 Total

N Média Desvio Padrão Erro Padrão Limite Inferior Limite Superior

Intervalo de Confiança a 95% para a Média

Mínimo Máximo

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Anexos

83

Anexo 5

Quadro 1 – Comprimento médio (µm) (± erro padrão) dos antenómeros de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx.

pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E – escapo; P – pedicelo; F1/F6 – artículos do flagelo; C - clava.

E 310,0 ± 7,1 301,9 ± 14,4 332,3 ± 7,5

P 115,0 ± 4,3 103,2 ± 2,9 125,4 ± 2,0

F1 82,9 ± 2,3 79,3 ± 2,2 85,9 ± 2,9

F2 78,2 ± 1,6 73,9 ± 1,4 81,4 ± 1,9

F3 76,9 ± 1,8 76,7 ± 2,0 83,3 ± 2,2

F4 74,4 ± 2,4 74,8 ± 2,3 78,0 ± 1,7

F5 69,7 ± 1,7 72,0 ± 2,0 75,2 ± 1,6

F6 66,5 ± 2,4 68,8 ± 1,9 70,1 ± 1,6

C 193,6 ± 5,8 205,6 ± 5,8 211,1 ± 4,2

Total flagelo

Total antena

642,1

1.067,1

Portugal

685,0

1.142,7

651,1

1.056,2

IsraelSicília

Quadro 2 – Comprimento médio (µm) (± erro padrão) total dos diferentes tipos de sensilas presentes nas antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6).

s. placodea 44,3 ± 1,3 45,6 ± 1,2 45,9 ± 1,2

s. chaetica 1 14,3 ± 1,0 16,1 ± 1,3 15,9 ± 1,1

s. chaetica 2 7,6 ± 0,4 7,5 ± 0,3 6,2 ± 0,3

s. chaetica 3 27,8 ± 1,9 30,0 ± 2,3 26,3 ± 1,2

s. chaetica 4 8,8 ± 0,0 9,2 ± 0,0 8,2 ± 0,0

s. chaetica 4 Sup 6,7 ± 0,0 7,0 ± 0,0 6,3 ± 0,0

s. cahetica 4 Inf 2,0 ± 0,0 2,2 ± 0,0 1,9 ± 0,0

Portugal Sicília Israel

Quadro 3 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas placodea presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.

F1 45,0 ± 0,3 40,4 ± 1,1 44,7 ± 0,0

F2 44,7 ± 0,5 45,5 ± 0,1 48,2 ± 0,3

F3 47,5 ± 1,5 48,2 ± 0,6 49,8 ± 1,9

F4 45,9 ± 1,6 48,9 ± 1,3 48,6 ± 0,3

F5 45,8 ± 0,5 46,8 ± 0,5 46,2 ± 0,7

F6 44,7 ± 0,4 45,7 ± 0,3 44,9 ± 1,3

C1 44,7 ± 0,5 45,1 ± 0,6 45,2 ± 1,5

C2 43,9 ± 0,2 47,9 ± 0,3 45,4 ± 1,0

C3 36,4 ± 0,0 42,2 ± 0,3 39,8 ± 0,3

Sicília Israel Portugal

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Anexos

84

Quadro 4 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 1 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.

F3 16,0 ± 0,5 18,7 ± 0,8 19,2 ± 0,0

F4 17,2 ± 0,8 18,3 ± 0,7 16,8 ± 1,5

F5 16,1 ± 0,9 18,6 ± 0,4 17,5 ± 0,6

F6 15,2 ± 1,1 18,5 ± 1,3 16,5 ± 0,6

C1 13,1 ± 0,3 13,6 ± 1,3 16,0 ± 1,1

C2 11,5 ± 0,8 13,9 ± 0,2 14,3 ± 0,5

C3 10,8 ± 0,1 11,2 ± 0,3 10,9 ± 0,0

Sicília Israel Portugal

Quadro 5 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 2 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.

C1 8,1 ± 0,2 7,0 ± 0,0 6,3 ± 0,0

C2 8,3 ± 1,0 8,2 ± 0,3 5,6 ± 0,0

C3 6,3 ± 0,1 7,2 ± 0,3 6,8 ± 0,0

Sicília Israel Portugal

Quadro 6 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 3 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.

F3 34,6 ± 0,0 39,7 ± 0,0 -

F4 31,4 ± 0,0 31,4 ± 0,0 -

F5 27,7 ± 0,4 30,2 ± 0,3 28,9 ± 0,0

F6 27,6 ± 1,1 28,9 ± 1,1 26,8 ± 0,0

C1 24,5 ± 0,8 25,8 ± 0,8 27,4 ± 0,1

C2 21,2 ± 0,7 23,8 ± 0,2 22,2 ± 0,6

Portugal Sicília Israel

Quadro 7 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 4 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.

Sensila

Parte Superior 6,7 ± 0,1 7,0 ± 0,0 6,3 ± 0,1

Parte Inferior 2,0 ± 0,0 2,2 ± 0,0 1,9 ± 0,0C3

Portugal Sicília Israel