introdução as epístolas pastorais atualizada

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As Cartas Pastorais, Pr. Antonio Manoel de Araújo CTM, Fevereiro de 2014. SEMINÁRIO TEOLÓGICO CRISTÃO EVANGÉLICO DO BRASIL Curso Teológico por Módulos Pr. Antonio Manoel de Araújo. Disciplina: Introdução as cartas pastorais Plano de curso: Objetivo: Desenvolver junto com os alunos uma análise das cartas pastorais, observando autoria, data, propósito e a relevância do seu conteúdo para os dias atuais. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: 1. Uma introdução as cartas pastorais. 2. Uma análise biográfica dos destinatários. 3. Uma análise do título “pastorais” 4. Uma análise das questões relacionadas ao contexto da carta. 5. Uma análise da organização eclesiástica a partir do conteúdo da carta. 6. Uma breve análise das heresias combatidas nas cartas. 7. Uma breve análise das cartas como apresentado na BLH. ATIVIDADES AVALIATIVAS 1. Leitura das pastorais resumindo o conteúdo de cada capítulo em suas próprias palavras. (4 linhas no mínimo) 4,0 [Digite texto]

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As Cartas Pastorais, Pr. Antonio Manoel de Arajo CTM, Fevereiro de 2014. SEMINRIO TEOLGICO CRISTO EVANGLICO DO BRASILCurso Teolgico por Mdulos Pr. Antonio Manoel de Arajo.

Disciplina: Introduo as cartas pastoraisPlano de curso:Objetivo: Desenvolver junto com os alunos uma anlise das cartas pastorais, observando autoria, data, propsito e a relevncia do seu contedo para os dias atuais. CONTEDO PROGRAMTICO: 1. Uma introduo as cartas pastorais. 1. Uma anlise biogrfica dos destinatrios. 1. Uma anlise do ttulo pastorais1. Uma anlise das questes relacionadas ao contexto da carta.1. Uma anlise da organizao eclesistica a partir do contedo da carta. 1. Uma breve anlise das heresias combatidas nas cartas. 1. Uma breve anlise das cartas como apresentado na BLH.

ATIVIDADES AVALIATIVAS 1. Leitura das pastorais resumindo o contedo de cada captulo em suas prprias palavras. (4 linhas no mnimo) 4,02. Uma pesquisa nas pastorais sobre um tema especfico (trabalho a ser entregue no 2 encontro) 2,0. 3. Dois versculos decorados dentro das pastorais (at o ultimo encontro) 2,0. 4. Outras atividades em sala (anlise, comentrios e pesquisas) 2,0

INTRODUO AS EPSTOLAS PASTORAISA Primeira e a Segunda Epstola a Timteo e a Epstola a Tito foram pela primeira vez chamadas "Pastorais" no sculo dezoito, por D.N. Bardot (1703), e popularizadas por esse ttulo em 1726, por Paul Anton. Embora estas epstolas no sejam cartas de teologia pastoral, o ttulo serve convenientemente para distinguir as trs, como um grupo, de outras cartas escritas por Paulo. Estas epstolas no so manuais de organizao eclesistica, disciplina da igreja, administrao eclesistica ou mtodos eclesisticos. Paulo estava dando instrues para situaes histricas reais de duas igrejas, que estavam sob os cuidados de dois ministros que ele conhecia intimamente. Por esta razo, as epstolas so limitadas quanto ao assunto discutido, mas elas contm princpios que podem ser usados em igrejas de qualquer poca e lugar. As trs tem tanta coisa em comum, quanto a estilo, doutrina e aluses histricas, que devem ser tratadas como um grupo. William Barclay comea assim o seu comentrio da primeira Carta a Timteo:

No Novo Testamento no h outra srie de documentos mais interessante que as cartas de Paulo. Isto se deve a que de todas as formas literrias, a carta a mais pessoal. Demtrio, um dos crticos literrios gregos mais antigos, escreveu uma vez: "Todos revelamos nossa alma nas cartas. possvel discernir o carter do escritor em qualquer outro tipo de escrito, mas em nenhum to claramente como nas epstolas" (Demtrio, On Style, 227).

Porque epstolas pastorais?Segundo Jonh Norman Davison Kelly em seu comentrio (1983,p.9) esse conjunto de cartas receberam o ttulo de pastorais desde o incio do Sec. XVIII porque so dirigidas a pastores, e em grande medida dizem respeito aos deveres deles. A Primeira e a Segunda Epstola a Timteo e a Epstola a Tito foram pela primeira vez chamadas "Pastorais" no sculo dezoito, por D.N. Bardot (1703), e popularizadas por esse ttulo em 1726, por Paul Anton. (http://teologiaemalta.blogspot.com.br/2009/05/resumo-expositivo-das-epistolas.html)

Barclay apresentando as pastorais em seu comentrio diz tratar-se de cartas pessoais e assim se refere a elas: Cartas pessoais 1 e 2 Timteo e Tito se consideraram sempre um grupo separado de Cartas, distintas das outras Epstolas de Paulo. A razo mais bvia que s elas, junto com a pequena Carta a Filemom, esto dirigidas a pessoas, enquanto que o resto das Cartas paulinas o esto a Igrejas. O Cnon Muratoriano, (c. 170 DC) que foi a primeira preparada oficial dos livros do Novo Testamento, diz que foram escritas "como expresso do sentimento e afeto pessoal". So Cartas privadas mais que pblicas.(William Barclay, introduo a primeira epstola de Timteo, arquivo em formato pdf)

Quanto autoria das pastorais: At o sculo dezenove, estas cartas foram aceitas como cartas genunas de Paulo. Em 1804, J.E.C. Schmidt expressou alguma dvida acerca da autenticidade, mas foi F. Schleiermacher (1807) que negou abertamente a autoria paulina de I Timteo, em bases filolgicas. Conseqentemente, por causa das semelhanas com as outras Pastorais, os crticos comearam a questionar todas as trs. Os estudiosos modernos esto divididos com respeito autenticidade destas epstolas. H alguns que diriam que um paulinista as escreveu, e alguns admitiriam serem fragmentos paulinos genunos reunidos aps a morte de Paulo. H muitos estudiosos modernos que ainda mantm a integridade e autenticidade da autoria paulina.Falando sobre esta questo Moody escreve na introduo do seu comentrio de primeira Timteo: A autoria paulina das Pastorais (I, II Timteo e Tito) controvertida. Entretanto, as evidncias prima facie das cartas por si mesmas indicam que Paulo o escritor, uma vez que seu nome aparece na saudao de cada uma, e as observaes autobiogrficas se encaixam na vida de Paulo conforme registradas em outros lugares. Como, por exemplo, I Tm. 1:12, 13; II Tm. 3:10, 11; 4:10, 11, 19, 20. A regra bsica da prova da autenticidade de documentos foi h muito declarada por Simon Greenleaf: "Cada documento, aparentemente antigo, vindo do devido repositrio ou custdia, e no trazendo aparentemente nenhuma evidncia de falsificao, a lei presume ser genuno, e devolve parte oponente a responsabilidade de provar o contrrio (An Examination of the Testimony of the Four Evangelists, London, 1847, pg. 7).(Moody, comentrio de 1 Timteo, documento em formato PDF)

Quatro argumentos so apresentados por Moody em seu comentrio como levantados pelos crticos e opositores da autoria Paulina, so eles: 1) Linguagem e estilo que no so de Paulo; (um redator diferente como Trcio (ver Rm. 16:22) poderia resolver esse problema)

2) A oposio das Pastorais ao Gnosticismo do segundo sculo; ( alguns autores como William Barclay diz que algumas cartas de Paulo como Romanos por exemplo possui contedo profiltico, ou seja contedo preventivo quanto a problemas que ainda podem surgir no meio dos seus leitores, sendo assim possvel que Paulo j tivesse indcios do incios do surgimento desta heresia)3) Discrepncias entre as Pastorais e Atos presume-se que Paulo foi condenado morte no final de sua nica priso em Roma, conforme registrado em Atos, concluindo-se da que Paulo no pode ser o autor das Pastorais. Quanto a este item William Barclay afirma em seu comentrio:

...o estranho a respeito deste ltimo livro que deixa nas trevas tudo o que aconteceu a Paulo em Roma. Termina dizendo que Paulo viveu por dois anos numa espcie de semi-cativeiro pregando o evangelho abertamente e sem impedimento (Atos 28:30-31). Mas Atos no nos diz como terminou seu cativeiro, se terminou com a soltura de Paulo ou se foi condenado e executado. certo que a crena geral que terminou com sua morte, mas existe uma corrente de tradio, que no se pode desprezar, que nos diz que terminou com sua libertao que durou por dois ou trs anos mais, voltando a ser encarcerado e executado finalmente em torno do ano 67 d.C. (William Barclay, Introduo a Tito, documento em formato pdf)

Quando Paulo escreve aos filipenses, do crcere, diz-lhes que nesse momento envia a Timteo, e logo continua: E estou persuadido no Senhor de que tambm eu mesmo, brevemente, irei (Filipenses 2:24). Quando escreveu a Filemom, enviando de volta o Onsimo, diz: E, ao mesmo tempo, prepara-me tambm pousada, pois espero que, por vossas oraes, vos serei restitudo (Filemom 22). Claramente Paulo estava preparado para ser libertado e se assim aconteceu teve tempo ento para realizar outras viagens missionrias antes de uma segunda priso. Sendo assim o contexto de 1 Timteo e Tito so perfeitamente explicveis e durante sua segunda priso teria escrito uma segunda carta a Timteo.

O maior de todos os historiadores primitivos da Igreja foi Eusbio. Em seu relato da vida de Paulo escreve:

"Lucas, que escreveu os Atos dos Apstolos, terminou sua histria dizendo que Paulo viveu dois anos completos em Roma como prisioneiro, e que pregou a palavra de Deus sem impedimentos. Ento, depois de ter feito sua defesa, diz-se que o apstolo saiu mais uma vez em seu ministrio da pregao, e que ao voltar para a mesma cidade pela segunda vez, sofreu o martrio" (Eusbio, Histria Eclesistica 2,22.2).

Outro argumento apresentado por Moody quanto ao fato de que, lugares e incidentes mencionados nas Pastorais no podem se encaixar no esboo de Atos, que as Pastorais, ento seriam o produto da quarta viagem missionria de Paulo e uma segunda priso.No sculo V dois dos grandes pais do cristianismo afirmam a existncia da viagem de Paulo a Espanha. Crisstomo em seu sermo sobre 2 Timteo 4:20 diz: "So Paulo depois de sua estada em Roma partiu rumo a Espanha." So Jernimo em seu Catlogo de escritores diz que Paulo "foi despedido por Nero para que pregasse o evangelho de Cristo no Ocidente". Sem dvida alguma existe uma corrente da tradio que sustenta que Paulo viajou a Espanha.

4) Organizao eclesistica adiantada, alm do tempo de Paulo, refletida nas Pastorais. Quanto a esta objeo, alguns argumentam que possvel perceber elementos desta organizao eclesistica em outras cartas do Novo Testamento.

Falando sobre as questes levantadas acima de um modo geral o escritor Andr Rodrigues faz o seguinte comentrio: A incerteza de hoje em dia sobre este ponto deve-se inteiramente a consideraes internas e tericas: estas consideraes so de pouco proveito, visto no levarem a uma concluso e apenas criarem hesitao e desconfiana. Embora o seu tema e, ainda mais, o seu vocabulrio possam usar-se em argumento contra a possibilidade da autoria de Paulo, nenhum desses raciocnios decisivo. Muito ainda se pode dizer sobre o outro lado da questo, e muitos eruditos de responsabilidade tem ainda aceitado a autoria paulina. As prprias epstolas no somente endossam esta atitude, como tambm exortam com instncia que no nos demos a debates que no produzem efeitos satisfatrios, e que no somente no trazem benefcios positivos, como podem servir para minar em alguns a sua f. (Ver 1Tm 1.4; 6.20-21; 2Tm 2.14-23; Tt 3.9). Estas epstolas, todavia, apresentam um dos maiores problemas no Novo Testamento. As cartas tem forte apoio externo; no obstante, h muitas peculiaridades internas, em comparao com outras cartas paulinas. Estas peculiaridades so de tal natureza que muitos eruditos bblicos modernos rejeitam estas cartas como sendo verdadeiramente de Paulo. O estudante que quiser entender estas Cartas Pastorais deve examinar, em detalhes", os problemas envolvidos. (http://teologiaemalta.blogspot.com.br/2009/05/resumo-expositivo-das-epistolas.html, acesso em 05/02/2014)

O mais provvel segundo alguns autores que o apstolo Paulo tenha escrito essas cartas atravs de um redator, como era de seu costume e alguns argumentos para isso so:

Os detalhes biogrficos nas cartas no podem ter sido inventados por outro autor. Diferenas existentes na linguagem e no estilo podem ser atribudas a ao de redatores diferentes. A presena e natureza de opositores, as condies das igrejas e a teologia apresentadas so comuns s outras cartas de Paulo.

Quanto aos destinatrios: Dois so os destinatrios ou receptores originais destas cartas, a saber, Timteo e Tito, sobre os quais abordaremos a seguir um pouco do que se possvel descobrir ao longo das informaes que aparecem no Novo Testamento. 6. Timteo Timteo(emgrego:-Timtheos, que significa "honrando a Deus"ou "honrado por Deus" um dos personagens secundrios mais conhecidos do Novo testamento, filho de pai grego e me Judia, juntou-se a comitiva do apstolo Paulo pela primeira vez em Listra na Licania durante sua segunda viagem missionria conforme registrado em At. 16:1-3. Em sua segunda carta a Timteo Paulo nos apresenta os nomes da av e da me de Timteo, mostrando assim onde estava a influencia positiva de sua f. "Trazendo memria a f no fingida que em ti h, a qual habitou primeiro em tua av Lide, e em tua me Eunice, e estou certo de que tambm habita em ti." (II Timteo 1 : 5)Tudo indica que teria se convertido atravs do ministrio do prprio apstolo Paulo naquela localidade uns dois anos antes quando este ali estivera.Foi um companheiro inseparvel de Paulo durante boa parte do seu ministrio e cooperou em vrias de suas cartas como 1 e 2 Tss, 2 Co. Fp. e Fm). Foi tambm encarregado por Paulo de vrias misses diferentes como Tessalonica 1 Tss. 3:2, Corinto 1 Co. 4:17; Filipos Fp. 2:19-24.Para Paulo ele era seu cooperador e filho amado e fiel no Senhor Rm. 16:21. Timteo fez parte do grupo de Paulo quando este foi para Jerusalm em sua ultima viagem (At. 20:4) de onde ento seria preso e alguns anos mais tarde chegaria a Roma como prisioneiro.

6. Tito Tito no-judeu, ou seja, grego, (Gl 2.3). Alguns comentaristas conjeturam que ele nasceu em Antioquia. Como Timteo, tambm Tito foi conduzido at Jesus pela proclamao do apstolo. Por isso ele o chama de autntico filho na f (Tt 1.4; 1Tm 1.2),Tambm Tito goza de alta considerao por parte de Paulo (2Co 8.16-23). Ele j era colaborador do apstolo antes de Timteo, acompanhando-o com Barnab ao conclio dos apstolos (Gl 2.1). Se por um lado Paulo realiza a circunciso de Timteo para evitar escndalo desnecessrio (At 16.3), por outro lado o apstolo se nega terminantemente a permitir a circunciso de Tito (Gl 2.3). Isso pode ser devido a diversas circunstncias: no caso de Timteo era uma questo da prtica missionria (1Co 9.20), no caso de Tito estava em jogo uma controvrsia doutrinria fundamental sobre aquilo que necessrio salvao e o que no . Tito era um homem de grande autonomia. Paulo posicionava-se diante dele mais como algum que pede e menos como algum que emite orientaes e ordens: Mas graas a Deus, que ps no corao de Tito a mesma solicitude por amor de vs, porque atendeu ao nosso pedido (!) partiu voluntariamente at vs (2Co 8.16s). Quando Timteo, sensvel e certamente mais jovem, no foi capaz de cumprir sua incumbncia em Corinto, interveio Tito, estvel e zeloso. Com angstia Paulo aguardava o desfecho das negociaes, que na seqncia foram coroadas de pleno xito (2Co 2.13; 7.6,13s). Os corntios no receberam a Tito com desprezo (esse risco existia em relao a Timteo: 1Co 16.10s), mas pelo contrrio, com temor e tremor! (2Co 7.15). Mas Tito no se mostrou duro ou autoritrio. Seu corao era propcio aos corntios. Somente assim ele conseguia atuar como mediador e pacificador entre Paulo e a igreja. Paulo no precisa exort-lo, como a Timteo, a ser delicado para com os idosos (cf. Tt 2.2 com 1Tm 5.1!), nem escrever que, como servo do Senhor, deve ser magnnimo diante dos hereges. Pelo contrrio, cabe a Tito exortar as igrejas para que usem de mansido para com todos (cf. 2Tm 2.23s com Tt 3.2). Tito, mais equilibrado em seu ntimo, com certeza pode se apresentar com serenidade diante de outros, solucionando assim confuses humanas muito complicadas. Visto que provavelmente se portava com a mesma determinao de Apolo, ad-mirado em Corinto, a igreja estava disposta a atend-lo com temor e tremor, mais do que a Timteo, e at mesmo o prprio Paulo, que acerca de si escreve que tambm esteve entre eles com temor e tremor (1Co 2.3). Paulo o compromete com algumas incumbncias (cf. Tt 1.5; 3.12). Encarrega-o de organizar em Corinto a coleta em favor de Jerusalm, o que constitua uma parte essencial da tarefa missionria a que Paulo estava submetido (cf. Rm 1.5; 15.15; 1Co 1.4; Rm 3.24; 5.20; 15.26; 1Co 16.1-4; 2Co 8.1-6,16,23; 12.18).

Quanto relevncia do contedoO interesse principal destas Cartas est em que nelas achamos um quadro da Igreja nascente como em nenhum outro lugar. Nessa poca a Igreja era uma ilha num mar de paganismo. As mais perigosas infeces a ameaavam por todos os lados. Seus integrantes estavam a um passo de sua origem e antecedentes pagos. Teria sido muito fcil para eles escorregar e reincidir no estilo de vida pago do qual provinham. Uma atmosfera poluente os rodeava. Algo muito interessante e significativo que os missionrios nos dizem que de todas as Cartas as Epstolas Pastorais falam mais diretamente situao das Igrejas jovens. A situao que se expe nestas Cartas se revalida diariamente na ndia, na frica e na China. Estas Cartas no podem perder nunca seu interesse porque nelas vemos, como em nenhum outro lugar, os problemas que continuamente acossam a Igreja em crescimento. (William Barclay, introduo a Tito)

Quanto ao cenrio histrico: Examinando as prprias pastorais possvel traar a seguinte ordem dos acontecimentos: Depois que Paulo e Timteo estiveram juntos em feso, Paulo partiu para a Macednia (I Tm. 1:3), mas esperava voltar logo (I Tm. 3:14). Timteo havia partido para feso, para cuidar da igreja e refutar os falsos mestres que estavam em atividade l. Uma vez que sua volta podia ser retardada, Paulo escreveu esta carta, para ajudar Timteo em seu ministrio (I Tm. 3:14,15). De maneira semelhante, Paulo estivera em Creta e, ao partir, deixou Tito para cuidar da organizao da igreja (Tt. 1:5). Paulo estava, provavelmente, na Macednia ou em Acaia e queria que Tito se encontrasse com ele em Nicpolis, onde Paulo planejava passar o inverno (Tt. 3:12). De II Timteo fica-se sabendo que Paulo era um prisioneiro (II Tm. 1:8, 16,17; 2:9). Ele j havia estado perante o tribunal uma vez (II Tm. 4:11,16, 21) e estava aguardando outro julgamento. Ele tinha pouca esperana de ser solto (II Tm. 4:6). Somente Lucas ainda estava com ele (II Tm. 4:11), Tito tendo sido enviado Dalmcia (II Tm. 4:10) e Tquico a feso (II Tm. 4:12); Demas havia abandonado Paulo e retornara a Tessalnica (II Tm. 4:10).Esta, ento, a informao colhida das trs cartas. A ordem dos eventos de I Timteo e Tito difcil traar; a de II Timteo lgica mente seguiria as outras duas. Mas, onde, na vida e ministrio de Paulo estes eventos podem ser colocados? esta pergunta que levou ao questionamento da autenticidade destas epstolas.

Quanto ao Itinerrio de Paulo depois do seu livramento da prisoAinda que as estimativas variem, sentimos que a evidncia mais forte que Paulo foi libertado mais provavelmente na primavera de 63 d. C. Ao ser solto, ele se dirigiu para a provncia da sia. A rota mais provvel, baseada nas rotas de navegao daqueles dias, teria envolvido uma parada em Creta. Depois de uma breve visita, o apstolo deixou Tito na ilha para pr em ordem as coisas que estavam faltando e para indicar ancios em cada cidade (Tito 1:5).Ele, provavelmente, foi a feso em seguida (1 Timteo 1:3). Enquanto estava l, ele poderia ter convenientemente feito a visita que havia planejado, a Filemom, em Colossos (Filemom 22). Depois de retornar a feso, viajou para Macednia e visitou Filipos, o que tambm havia planejado (Filipenses 2:24; 1 Timteo 1:3).Algum tempo depois de sair de feso, Paulo escreveu aTimteo, talvez enquanto ainda estava na Macednia ou na Grcia. Mais ou menos no mesmo tempo, escreveu a Tito, dizendo-lhe para encontr-lo em Nicpolis porque planejava passar o inverno l (Tito 3:12). Este itinerrio no necessariamente o verdadeiro que Paulo seguiu, mas o que evita retrocessos desnecessrios e parece ser um arranjo lgico. Observe que nem em 1 Timteo nem em Tito h qualquer evidncia de perseguio feroz. Isto significa que estes livros foram, quase certamente, escritos no outono de 63, j que claro que na poca em que Paulo escreveu Tito ainda no era o inverno (Tito 3:12). Se fosse no outono de 64, a situao seria totalmente diferente, porque as perseguies de Nero j teriam comeado.

BREVE ANLISE DAS PASTORAIS CONFORME NTLH.

Primeira carta de Paulo a Timteo IntroduoTimteo era da cidade de Listra. Sua me era uma mulher judia que tinha aceitado a f crist, e o seu pai era grego, isto , pago (At 16.1-3). Timteo veio a ser o colega e companheiro de trabalho mais chegado de Paulo (Rm 16.21; 2Co 1.1; Fp 1.1; 2.19; Cl 1.1; 1Ts 1.1; 3.2; 5.6; 2Ts 1.1; Fm 1; ver tambm Hb 13.23).A Primeira Carta a Timteo previne o jovem pastor (4.12) contra as doutrinas falsas que estavam sendo espalhadas entre os cristos. Os falsos mestres (1.3) andavam dizendo que era proibido comer certos alimentos e que casar era errado (4.3-5). Essas proibies se baseavam na ideia de que o mundo material mau e de que a salvao se alcana por meio de certas verdades secretas que somente poucas pessoas podem aprender.Esta carta tambm ensina aos dirigentes da Igreja a maneira de fazerem o seu trabalho. Este o motivo por que esta carta juntamente com a Segunda Carta a Timteo e a Carta a Tito so chamadas de As Cartas Pastorais. Mas estas cartas tm tambm muito a ensinar a quem no pastor ou dirigente da Igreja. Um exemplo o conselho que o apstolo Paulo d a Timteo e que serve para todos os seguidores de Jesus Cristo: Viva uma vida correta, de dedicao a Deus, de f, de amor, de perseverana e de respeito pelos outros. Corra a boa corrida da f e ganhe a vida eterna (6.11-12).1. ContedoComo de costume, a carta comea com uma saudao a Timteo e uma orao a seu favor (1.1-2). Em seguida, Paulo critica severamente os falsos mestres, que esto espalhando ensinamentos errados (1.3-11); ele volta a falar sobre isso em 4.1-5; 6.10A maior parte da carta (2.16.10) dedicada a ensinamentos e conselhos sobre a vida crist. Paulo se vale da sua autoridade como apstolo de Cristo Jesus para ordenar o que deve ser feito (1Tm 1.4,18; 2.8-13; 5.7,21; 6.13).Paulo termina a carta com conselhos finais para Timteo (6.11-21 a): a sua vida de cristo (6.11), a sua conduta como pastor (6.14) e o seu dever de guardar e transmitir os ensinamentos que ele tinha recebido (6.20).A saudao final (6.21 b) se dirige no somente a Timteo como tambm aos outros cristos de feso.2. Mensagem2.1. O perigo de doutrinas falsas A carta escrita num tempo em que doutrinas falsas ameaavam a verdade do evangelho, um perigo que os cristos de todos os tempos e lugares enfrentam. O verdadeiro ensinamento se encontra no evangelho, na boa notcia que vem de Deus (1.10-11).2.2. A necessidade de uma vida exemplar O pastor e os demais lderes da Igreja tm a grande responsabilidade de viver uma vida que sirva de exemplo para os outros, uma vida que no d aos no cristos oportunidade para criticar os cristos (3.1-7; 6.14).2.3. O perigo de riquezas Como Jesus havia ensinado (Mt 6.19-21; 13.22; Lc 12.13-21), Paulo tambm fala sobre o perigo de riquezas materiais, que trazem a morte (6.5-10,17). O cristo deve buscar a verdadeira riqueza, a riqueza espiritual que consiste em servir a Deus e ajudar os outros (6.18-19).3. Data e lugar onde foi escrita3.1. Levando em conta 2Timteo e Tito, a data mais provvel depois de Paulo ter sido posto em liberdade da sua priso de dois anos em Roma (At 28.30-31; ver Quadro Histrico do Novo Testamento).3.2. A carta no diz onde Paulo estava quando a escreveu. Diz somente que Timteo estava em feso (1.3).4. As Cartas Pastorais e as demais cartas de PauloH notveis diferenas entre as trs Cartas Pastorais (1Timteo, 2Timteo e Tito) e as outras cartas de Paulo, especialmente em questes de vocabulrio, estilo e pontos de vista teolgicos. Essas diferenas levam muitos a concluir que as Cartas Pastorais no foram escritas por Paulo, mas por um amigo e discpulo dele, anos depois da morte do apstolo. Tambm se diz que difcil de encaixar as Cartas Pastorais na histria da vida de Paulo, a no ser que tenham sido escritas depois que Paulo foi solto da priso em Roma (At 28.30-31). Mesmo assim, a maioria dos estudiosos cr que foi o prprio apstolo Paulo quem escreveu essas trs cartas.5. Esquema do contedo Introduo1.1-2 Falsas doutrinas1.3-11 Gratido pela misericrdia de Deus1.12-20 A f e a vida crist2.16.101. A orao2.1-82. A mulher crist2.9-153. Os lderes da Igreja3.1-134. A grande verdade revelada da religio crist3.14-165. Os falsos mestres4.1-56. O bom servo de Cristo Jesus4.6-167. Como tratar os que creem5.16.2a8. Os falsos ensinamentos e a verdadeira riqueza6.2b-10 Conselhos finais6.11-21a Bno6.21b

Segunda Carta de Paulo a Timteo

IntroduoA Segunda Carta de Paulo a Timteo trata principalmente das responsabilidades e dos deveres de Timteo. O apstolo sente que a sua vida est chegando ao fim; por isso, com carinho e dedicao, ele d conselhos a Timteo, seu amigo e companheiro de trabalho, para que seja forte na f e continue sendo um fiel soldado de Jesus Cristo. Ainda mais: que cumpra bem o seu dever de servo de Deus (4.5). O apstolo fala sobre a sua prpria maneira de viver, sua f, seu amor e sua firmeza, que devem ser imitados pelo seu jovem companheiro de trabalho (3.10-11). Cheio de coragem e confiana, o apstolo resume a sua vida e a sua esperana de servo de Deus, afirmando o seguinte: Fiz o melhor que pude na corrida, cheguei at o fim, conservei a f. E agora est me esperando o prmio da vitria, que dado para quem vive uma vida correta, o prmio que o Senhor, o justo Juiz, me dar naquele dia (4.7-8).1. ContedoA carta comea com uma saudao a Timteo e uma orao a seu favor (1.1-2). Paulo dedica a maior parte da carta (1.32.6; 3.104.8) a conselhos sobre os deveres de Timteo como pastor e mestre da igreja. O apstolo cita o seu prprio exemplo como fiel servo de Jesus Cristo (1.11-14; 3.10) e previne Timteo de que ele ir sofrer perseguies, como sofrem todos os que procuram seguir Jesus Cristo (1.8-9; 3.12). Que Timteo no perca tempo em discusses tolas e inteis com mestres falsos, que esto ensinando doutrinas erradas (2.14-19,23-26; 4.3-4). Nos ltimos dias, aparecero pessoas descrentes e falsas dizendo que so cristos, quando, de fato, no so (3.1-9). Que Timteo no tenha nada a ver com essas pessoas!No fim da carta, Paulo trata de assuntos pessoais (4.9-18) e termina a carta mandando saudaes no somente a Timteo como tambm aos outros cristos de feso (4.22).

2. Mensagem2.1. Falsas doutrinas e ensinamentos verdadeiros Doutrinas falsas ameaam a verdade do evangelho, e Paulo ordena a Timteo (4.1) que faa todo o possvel para combater e derrotar essas doutrinas ensinando e pregando a verdade do evangelho (2.14-19; 3.1-9; 4.1-4), os ensinamentos verdadeiros que Paulo tinha dado a Timteo (1.13-14; 2.2,11,16; 4.3).2.2. Unio com Cristo Jesus Se bem que conduta santa e doutrinas verdadeiras sejam caractersticas importantes da vida crist, a unio ntima e permanente com Cristo Jesus que define o que significa ser cristo (1.1,13; 2.1; 3.12).2.3. ltimas palavras Paulo tem a certeza de que ir morrer em breve; portanto, as suas palavras so de grande importncia. Aqui, esto as suas palavras finais, cheias de confiana e f: O Senhor me livrar de todo mal e me levar em segurana para o seu Reino celestial. A ele seja dada a glria para todo o sempre! Amm! (4.18).3. Data e lugar onde foi escrita3.1. Esta a ltima carta do apstolo. Calcula-se que ele foi executado pelas autoridades romanas no ano 64 ou 65 d.C.3.2. Paulo estava na cadeia, em Roma, quando escreveu esta carta (1.8,16-17; 2.9).4. Esquema do contedo Introduo1.1-2 A servio do evangelho1.32.261. Ao de graas e conselhos1.3-182. Firmeza e fidelidade no servio de Deus2.1-133. Um trabalhador aprovado2.14-26 Os ltimos dias3.1-9 Avisos e conselhos3.104.8 Assuntos pessoais4.9-18 Saudaes finais4.19-22a Bno4.22b

Carta de Paulo a Tito. IntroduoTito, um no judeu que havia se tornado cristo, foi um dos companheiros de trabalho e auxiliares do apstolo Paulo no seu trabalho missionrio (Gl 2.1-3; 2Co 7.6-16; 8.6,16-17,23; 2Tm 4.10). Paulo o havia deixado na ilha de Creta a fim de que ele organizasse e dirigisse as igrejas dali (Tt 1.5). Na Carta a Tito o apstolo trata dos deveres e da maneira de agir dos dirigentes das igrejas; fala tambm sobre as responsabilidades do prprio Tito no seu relacionamento com os vrios grupos de pessoas das igrejas. O apstolo recomenda que Tito use a sua autoridade para o bem do povo de Deus e que a sua maneira de agir seja to correta, que sirva de exemplo para todos (2.7). Diz que a vida crist se torna possvel por causa da bondade e do amor de Deus, o qual derramou com generosidade o seu Esprito Santo sobre ns, por meio de Jesus Cristo, o nosso Salvador (3.6).1. ContedoDepois da saudao (1.1-4), Paulo trata de trs assuntos importantes: 1) o carter e as responsabilidades dos lderes das igrejas (1.5-16); 2) os conselhos que Tito, de acordo com a doutrina verdadeira do evangelho (2.1), deve dar aos vrios grupos da igreja (2.2-10); 3) como os cristos devem se comportar no meio de um povo pago e imoral (3.1-11).No fim da carta, Paulo trata de assuntos pessoais (3.12-14) e manda saudaes a Tito e a outros cristos em Creta (3.15).2. Mensagem2.1. Conduta crist Em todos os tempos e em todos os lugares, os cristos tm o dever de viver uma vida que no leva vergonha religio crist (2.2-10; 3.1-2). E os lderes da Igreja tm uma responsabilidade toda especial de se comportarem de um modo digno do evangelho (1.5-9).2.2. Doutrina crist Doutrinas falsas so um perigo para a religio crist, e os lderes da Igreja tm a responsabilidade de ensinar os ensinamentos verdadeiros do evangelho (1.9-16; 2.1; 3.8-9). E, se algum insistir em criar divises com suas doutrinas falsas, essa pessoa deve ser expulsa da comunidade crist (3.10-11).2.3. Certeza crist A nossa certeza de que somos salvos no se baseia nos nossos prprios esforos, mas unicamente na graa de Deus, o qual nos salvou no porque tivssemos feito qualquer coisa boa, mas porque teve compaixo de ns (3.4-7).3. Data e lugar onde foi escrita3.1. A nica coisa que se pode dizer que esta carta foi escrita antes da Segunda Carta a Timteo.3.2. Paulo no diz exatamente onde estava quando escreveu a carta (ver 3.15, n.). Ele no est na cadeia e menciona planos de ir a Nicpolis (ver 3.12, n.), onde resolveu passar o inverno.4. Esquema do contedo Introduo1.1-4 F e vida na Igreja1.53.111. Os lderes da Igreja1.5-162. A doutrina verdadeira2.1-153. A conduta crist3.1-11 Conselhos finais3.12-14 Saudaes finais e bno3.15

QUESTES A SEREM PESQUISADAS NAS PASTORAIS:

1. Como era a organizao eclesistica nos dias em que as pastorais foram escritas?2. Quais eram as heresias ensinadas pelos falsos mestres?3. Porque as pastorais foram rejeitadas no primeiro Canon bblico existente? 4. Quais os argumentos usados para dizer que as pastorais no foram escritas por Paulo e quais os argumentos em defesa de sua autoria? 5. Quantas vezes a expresso tu porm aparece nas pastorais? O que aprendemos com ela? 6. Realizar uma seleo de textos ou pargrafos dignos de serem estudados com ateno para dar origem a estudos e sermes para a edificao pessoal e a igreja.

ANEXOS PARA SEREM DISCUTIDOS EM SALA

Pergunta: "O que a Bblia tem a dizer sobre a forma de governo da igreja?"

Resposta: O Senhor foi bem claro em Sua Palavra sobre como Ele deseja que Sua igreja na terra seja organizada e administrada. Primeiro, Cristo o cabea da igreja e sua suprema autoridade (Efsios 1:22, 4:15; Colossenses 1:18). Segundo, a igreja local para ser autnoma, livre de qualquer autoridade ou controle externos, com o direito de se auto-governar e deve possuir liberdade da interferncia de qualquer forma de hierarquia de indivduos ou organizaes (Tito 1:5). Terceiro, a igreja para ser governada por uma liderana espiritual que consiste de duas ocupaes principais ancios e diconos.

Ancios eram um grupo de liderana entre os israelitas desde o tempo dos livros de Moiss (o Pentateuco). Eles fazem decises polticas (2 Samuel 5:3; 2 Samuel 17:4,15), chegam a dar conselhos ao rei mais tarde na histria (1 Reis 20:7) e a representar o povo em ralao a assuntos espirituais (xodo 7:17:5-6, 24:1,9; Nmeros 11:16,24-25). A traduo grega mais antiga do Velho Testamento (LXX) usava a palavra presbteros para ancio. Essa a mesma palavra grega usava no Novo Testamento que tambm traduzida ancio.

O Novo Testamento se refere vrias vezes aos presbteros que serviam como lderes da igreja (Atos 14:23; 15:2; 20:17; Tito 1:5; Tiago 5:14) e aparentemente cada igreja tinha mais de um, j que a palavra geralmente encontrada no plural. As nicas excees se referem a casos onde um um presbtero est sendo destacado por algum motivo (1 Timteo 5:1; 1 Timteo 5:19). Na igreja de Jerusalm, eles faziam parte da liderana junto com os apstolos (Atos 15:2-16:4).

Zodhiades, no seu livro The Complete Word Study Dictionary: New Testament, define esse grupo de presbteros da seguinte forma: Os ancios das igrejas Crists, presbteros, a quem foi entregue a direo e governo de igrejas individuais, igualam-se a episkopos, quer dizer, bispos (Atos 11:30; 1 Timteo 5:17). Dessa forma, Zodhiates iguala ancio a um bispo (como episkopos traduzido). Ele v o termo ancio como se referindo dignidade do cargo, enquanto bispo denota sua autoridade e deveres (1 Pedro 2:25; 5:1,2,4). Ele destaca que em Filipenses 1:1, Paulo cumprimenta os bispos e diconos mas no menciona os presbteros (porque os presbteros eram a mesma coisa de bispos). Da mesma forma, 1 Timteo 3:2,8 descreve as qualificaes de bispos e diconos, mas no as de presbteros pelo mesmo motivo. Tito 1:5 e 1:7 aparenta unir esses dois termos tambm.

A palavra "pastor" (poimen), em referncia ao lder humano de uma igreja, encontrada apenas uma vez no Novo Testamento, em Efsios 4:11: "E ele mesmo concedeu uns para apstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres". Muitos associam os dois termos "pastores e mestres" como se referindo a indivduos que tm as duas caractersticas. Zodhiates, em sua definio de poimen, afirma que o termopastor se refere ao guia espiritual de uma certa igreja.

H duas passagens que ligam os trs termos e aparentam indicar que os trs termos se referem ao mesmo cargo. Como indicado acima, diconos so um grupo separado de servos da igreja e tm uma lista de qualificaes que bem parecida lista dos bispos (1 Timteo 3:8-13). Eles ajudam a igreja conforme necessrio, como vemos em Atos 6.

De acordo com as passagens acima, aparenta ser o caso que sempre existia uma pluralidade de presbteros, mas isso no nega o fato de que Deus pode escolher dar a certos presbteros o dom de ensinar enquanto que a outros o dom de administrao, etc. (Romanos 12:3-8; Efsios 4:11); nem nega a Sua chamada desses homens ao ministrio no qual eles vo usar esses dons (Atos 13:1). Dessa forma, um ancio pode surgir como o pastor, enquanto que algum outro pode fazer a maioria das visitas aos membros por ter o dom de compaixo, e algum outro pode reinar no sentido de cuidar de detalhes de organizao, etc. Muitas igrejas que so organizadas com uma comisso de pastor e diconos executam as funes de uma pluralidade de presbteros por compartilharem a carga do ministrio (com os diconos ensinando escola dominical, etc.) e por trabalharem juntos no processo de fazer decises. Na Bblia voc tambm vai ver que tinha muita participao da congregao nas decises. Portanto, um lder ditador que faz todas as decises (quer seja chamado presbtero, bispo ou pastor) no bblico (Atos 1:23, 26; 6:3, 5; 15:22, 30; 2 Corntios 8:19). Da mesma forma que uma igreja governada por sua congregao e que no considera a participao dos presbteros e lderes tambm no bblico.

Em resumo, a Bblia ensina um tipo de liderana que consiste de uma pluralidade de presbteros com um grupo de diconos que servem como servos da igreja. Mas no contrrio a essa pluralidade de presbteros ter um deles assumir o papel principal de pastor. Deus chama alguns de pastores / doutores (at mesmo quando Ele chamou alguns para ser missionrios em Atos 13) e os entrega como presentes igreja (Efsios 4:11). Portanto, uma igreja pode ter muitos presbteros, mas nem todos os presbteros so chamados para servir a funo de pastor. No entanto, como parte do grupo de presbteros, o pastor ou presbtero que ensina no tem mais autoridade no processo de fazer decises do que qualquer outro presbtero.

Leia mais: http://www.gotquestions.org/Portugues/Printer/governo-da-igreja-PF.html#ixzz2t1H1ZkBO

4. As Epstolas Pastorais de Pauloa) I Timteo Paulo a escreveu na Macednia, no ano 65 AD. Timteo era pastor em feso, sendo discpulo e grande amigo de Paulo, de quem merecia total confiana. Assunto Paulo escreveu trs epstolas chamadas pastorais: 1 e 2 Timteo e Tito. Trata de doutrinas falsas ou heresias, orienta sobre a liderana da Igreja, quanto s qualificaes dos obreiros. Ensinos principais Trata dos deveres dos crentes, tanto homens como mulheres. D doutrina para os ministros de Deus e aos diconos. Fala da apostasia dos ltimo tempos. Ensina os ministros sobre como trabalhar com os mais velhos, os moos, sobre a assistncia s vivas.

b) II Timteo Paulo a escreveu em Roma, no ano de 67 AD, na priso. Pediu que Timteo fosse v-lo (4.9,13,21). Esta priso de Paulo a segunda. Na primeira, ele pde ficar numa casa alugada, com liberdade para receber visitar vontade. Nesta Segunda, ficou na priso Manertina, em Roma. Assunto A esse tempo, Paulo s contava com a presena de Lucas a o seu lado (4.11). Alguns dos seus amigos e companheiros o haviam abandonado, devido s grandes presses contrrias. Outros tinham sido por Paulo enviados a fazerem a obra em vrios lugares. Apelou ento para que Marcos viesse auxili-lo, pois lhe seria til, agora mais experiente (4.11). Ensinos principais Trata Paulo aqui de fazer suas despedidas: Porque eu j estou sendo oferecido por asperso de sacrifcio, e o tempo da minha partida est prximo. Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a f. Desde agora, a coroa da justia me est guardada...(4.6-8) . Traz uma exortao ao pastor Timteo, para suportar as aflies tpicas do seu ministrio. Manda ensinar tudo que aprendera a homens fiis, que fossem capazes de ensinar a outros (2.2). Assim a obra no sofreria soluo de continuidade. Exorta o obreiro a apresentar-se a Deus aprovado e avisa ser inevitvel ao fiel a sofrer perseguies.

c) Tito Escrita por Paulo na Macednia, em 65 AD. Como epstola pastoral,assemelha-se a 1a e 2 Timteo. Tito foi grande colaborador de Paulo e exercia o pastorado em Creta, lugar de gente difcil, como afirma em 1.12, usando palavras de um poeta cretense, que chama seus conterrneos de mentirosos, bestas, ruins, ventre preguiosos. E Paulo acrescenta: Este testemunho verdadeiro(1.13).

Assunto Orientar Tito sobre como se portar diante de um povo estranho, de comportamento difcil. Paulo manda exortar severamente para que sejam so na f, (1.13). A misso de Timteo era nada fcil. Ele tinha de colocar em ordem as coisas e rebater a obra dos falsos mestres.Ensinos prticos - A misso do presbtero ou bispo, com suas exigncias e qualificaes dada a responsabilidade da obra. A resistncia que deve ser feita contra os mestres falsos. O conselho para no fazer uso das genealogias, que nada edificam. A valorizao do ministro do Senhor e o cuidado para no impor as mos precipitadamente sobre obreiros nefitos.

SEITAS DO CRISTIANISMO PRIMITIVO: 1. Gnosticismo Cristo?"

Na verdade, no existe tal conceito de Gnosticismo Cristo, pois o verdadeiro Cristianismo e o Gnosticismo so sistemas de crena que se excluem mutuamente. Os princpios do Gnosticismo contradizem o que significa ser cristo. Portanto, embora algumas formas de Gnosticismo afirmem ser crists, elas so decididamente no-crists.

O Gnosticismo talvez fosse a heresia mais perigosa que ameaava a igreja primitiva durante os primeiros trs sculos. Influenciado por filsofos como Plato, o Gnosticismo baseado em duas premissas falsas. Primeiro, essa teoria sustenta um dualismo em relao ao esprito e matria. Os gnsticos acreditam que a matria seja essencialmente perversa e que o esprito seja bom. Como resultado dessa pressuposio, os gnsticos acreditam que qualquer coisa feita no corpo, at mesmo o pior dos pecados, no tem valor algum porque a vida verdadeira existe no reino espiritual apenas.

Segundo, os gnsticos acreditam que possuem um conhecimento elevado, uma verdade superior, conhecida apenas por poucos. O Gnosticismo se origina da palavra grega gnosis, a qual significa saber, pois os gnsticos acreditam que possuem um conhecimento mais elevado, no da Bblia, mas um conhecimento adquirido por algum plano mstico e superior de existncia. Os gnsticos se enxergam como uma classe privilegiada e mais elevada sobre todas as outras devido ao seu conhecimento superior e mais profundo de Deus.

Para descartar a ideia de qualquer compatibilidade entre o Cristianismo e o Gnosticismo, necessrio comparar o que os dois ensinam sobre as doutrinas principais da f. Quanto salvao, o Gnosticismo ensina que salvao adquirida atravs da posse de conhecimento divino que liberta o ser das iluses da escurido. Apesar de clamarem seguir a Jesus Cristo e Seus ensinamentos originais, eles O contradizem frequentemente. Jesus nada falou sobre salvao atravs de conhecimento, mas atravs de f nEle como Salvador do pecado. Porque pela graa sois salvos, por meio da f; e isto no vem de vs, dom de Deus. No vem das obras, para que ningum se glorie (Efsios 2:8-9). Alm disso, a salvao que Cristo oferece de graa e disponvel a qualquer um (Joo 3:16), no apenas a uma certa elite que adquiriu uma revelao especial.

O Cristianismo afirma que h apenas uma fonte de Verdade, e essa a Bblia, a inspirada e inerrante Palavra do Deus vivente, a nica regra infalvel de f e prtica (Joo 17:17; 2 Timteo 3:15-17; Hebreus 4:12). Ela a revelao escrita por Deus aos homens e nunca deve ser substituda pelos pensamentos, ideias, escrituras ou vises humanas. Os gnsticos, por outro lado, usam uma variedade de documentos hereges e primitivos conhecidos como os Evangelhos Gnsticos, uma coleo de farsas que clama ser os livros perdidos da Bblia. Ainda bem que os fundadores da igreja primitiva quase que por unanimidade reconheceram que esses livros eram farsas fraudulentas que sustentavam doutrinas falsas sobre Jesus Cristo, salvao, Deus e todas as outras verdades cruciais da f Crist. H inmeras contradies entre os Evangelhos Gnsticos e a Bblia. Mesmo quando os to chamados Gnsticos Cristos citam a Bblia, eles reescrevem os versculos e partes dos versculos para concordarem com a sua filosofia; essa uma prtica fortemente proibida, contra a qual as prprias Escrituras nos advertem (Deuteronmio 4:2, 12:32; Provrbios 30:6; Apocalipse 22:18-19).

O Cristianismo e Gnosticismo tambm diferem drasticamente quanto Pessoa de Jesus Cristo. Os gnsticos acreditam que o corpo fsico de Jesus Cristo no era real, mas apenas aparentava ser fsico e que o seu esprito descera sobre Ele no seu batismo e o abandonara bem antes de sua crucificao. Tais concepes destroem no s a humanidade de Jesus, mas tambm a expiao, pois Jesus tinha que ter sido no s Deus verdadeiro, mas tambm um verdadeiro homem (e fisicamente real) que realmente sofreu e morreu na cruz para que seu sacrifcio substitutivo pelo pecado fosse aceitvel (Hebreus 2:14-17). Uma concepo bblica de Jesus afirma tanto a Sua humanidade completa quanto a Sua divindade completa.

O Gnosticismo relacionado heresia do movimento Nova Era e baseado em uma abordagem mstica, intuitiva, subjetiva, interior e emocional da verdade. Essa abordagem no nova, pelo contrrio, bem velha e volta, de certa forma, ao Jardim do den, onde Satans questionou Deus e as palavras que Ele falou, convencendo a Ado e Eva a rejeit-las e a acreditar em uma mentira. Ele faz a mesma coisa nos dias de hoje, medida que o diabo, vosso adversrio, anda em derredor, bramando como leo, buscando a quem possa tragar (1 Pedro 5:8). Ele ainda questiona Deus e a Bblia e facilmente agarra com suas presas aqueles que so ingnuos e escrituralmente mal informados, ou que esto apenas procurando por alguma forma de revelao pessoal para faz-los se sentirem especiais, nicos e superiores a outras pessoas. No entanto, revelaes extra-bblicas sempre levam a erro. Devemos seguir o exemplo do Apstolo Paulo e o seu comando: Examinai tudo. Retende o bem (1 Tessalonicenses 5:21). Fazemos isso ao comparar tudo Palavra de Deus, a nica Verdade.

2. O EBIONISMO

O ebionismo nunca foi uma doutrina muito difundida. Parece ter desaparecido na medida em que a igreja foi se tornando cada vez mais gentlica e menos judaica. Isto no significa, contudo, que esse ensino no representou um desafio para a igreja dos primeiros sculos. Pelo contrrio, o que estava em jogo aqui era a singularidade de Jesus Cristo, em contraste com a possibilidade de distorcer sua figura de modo tal que pudesse simplesmente ser sobreposto antiga religio judaica. Dessa forma, segundo o ensino ebionista, Jesus deixava de ser nico e central. Ele no era mais o filho unignito de Deus, mas um mero profeta dentro da sequncia de profetas. Ele no era mais o salvador, mas simplesmente um elemento - algumas vezes secundrio - da ao de Deus ao longo desta era.

Finalmente, em um outro nvel, havia discusses sobre o relacionamento entre o Cristianismo e o Judasmo que tentavam reinterpretar no apenas o Cristianismo em si, mas o Judasmo tambm. Esse era o caso de um certo tipo de Cristianismo judaizante que, embora provavelmente permanecesse em ntima relao com o ebionismo, tambm foi influenciado pelo gnosticismo.

O principal expoente desse tipo de Cristianismo judaizante parece ter sido Elcasai (tambm chamado de Elkesai, Elcesai ou Elchasai). Ele viveu na primeira metade do sculo 2, mas dificilmente algo pode ser conhecido sobre sua vida. Sua doutrina claramente ebionista, embora com uma forte influncia gnstica; baseia-se numa revelao que Elcasai afirmava ter recebido de um anjo que tinha mais de cento e cinquenta quilmetros de altura. Este anjo era o Filho de Deus. Perto dele havia outro anjo de propores similares, embora feminino, e este era o Esprito Santo.

O contedo da revelao de Elcasai conhecido apenas por meio de citaes e outras referncias encontradas nos escritores cristos que o atacavam. A partir de seu testemunho pode-se concluir que o ensino de Elcasai era apenas uma forma de ebionismo - era necessrio guardar a Lei e ser circuncidado, sendo Jesus um mero profeta - com algumas influncias gnsticas: especulaes astrolgicas, numerologia e tendncias dualistas. Sua principal fortaleza parece ter se estabelecido no Oriente, especialmente alm do Eufrates, provavelmente a terra natal do prprio Elcasai. De qualquer modo, esta seita, embora pequena, importante, pois talvez tenha influenciado Maom, o fundador do Islamismo.

O Ebionismo foi um movimento judaico dentro do cristianismo que ensinava aos novos cristos a obedecerem a lei de Moiss. O nome ebionismo origina-se da palavra hebraica evjonim que significa os pobres, ttulo honroso para os cristos em Jerusalm.

Os ebionistas se dividiam em mais rigorosos ou menos rigorosos. Estes ltimos pregavam aos cristos gentios que estes deviam submeter-se a lei de Moiss, bem como a circunciso e as leis alimentcias. Naturalmente os ebionistas detestavam os ensinos de Paulo, e rejeitavam as suas cartas.

Os cristos judaicos escrevem alguns livros como PSEUDO-CLEMENTE, PREGACAO DE PEDRO e varias biografias apcrifas de Jesus. A viso deles sobre Jesus era a de um homem e no a de Deus encarnado, por isso eles rejeitavam a divindade de cristo. Jesus era somente um homem com poderes divinos.

Nas suas cartas, Paulo combateu os judaizantes de forma contundente, principalmente nas cartas aos Romanos, aos Glatas e aos Colossenses. Os adventistas do stimo Dia so ebionistas, pois ainda acreditam que necessrio guardar o sbado. Contudo no percebem que o sbado uma aliana de Deus com Israel e no com a igreja. Ningum que estuda as cartas de Paulo pode continuar sendo um ebionista

HERESIAS PRIMITIVAShttp://www.icp.com.br/51materia3.asp

O que foi o que h de ser; e o que se fez, isso se tornar fazer; nada h, pois, novo debaixo do sol. H alguma coisa de que se possa dizer: V, isto novo? No! J foi nos sculos antes de ns (Ec 1.10)

Voc sabia que o batismo pelos mortos foi uma heresia apregoada cerca de 1600 anos antes da revelao atribuda pelos mrmons a Joseph Smith Jr.? Esse apenas um dos muitos desvios doutrinrios que atravessaram sculos e foram incorporados pelas seitas pseudocrists.

A revelao, baseada na necessidade de restaurar a igreja, e a rejeio ao Antigo Testamento surgiram na mesma poca e fluram dos ensinamentos de Mrcion. Montano pregou que o fim do mundo ocorreria em sua gerao e atribuiu a si o fato de iniciar e findar o ministrio do Esprito Santo. Sablio, com seu modalismo, foi outra fonte de distores bblicas que at hoje disseminada entre os evanglicos. Ainda fazem parte desse grupo Mani, com sua doutrina reencarnacionista; rio, que deturpou a natureza de Jesus ao apresent-lo como um ser criado (gravssimo engano sustentado pelas testemunhas de Jeov); Apolinrio, que, ao contrrio do antecedente, negou a humanidade de Cristo; Nestrio, que ensinava a existncia de duas pessoas distintas em Cristo; Pelgio, que, como os islmicos e outros grupos religiosos, negava a doutrina do pecado original; e Eutquio, que afirmava que a natureza humana de Cristo havia sido absorvida pela divina.

Como podemos inferir, as heresias combatidas pela igreja contempornea foram enfrentadas pela igreja primitiva que, com muito esforo e com a ajuda de conclios e credos, conseguiu defender a f que de uma vez por todas foi entregue aos santos. Continuemos a defend-la!

Mrcion (95 - 165)Informaes indicam que Mrcion nasceu em Sinope, no Ponto, sia Menor. Foi proprietrio de navios, portanto, muito prspero. Aplicou sua vida f religiosa, primeiramente como cristo e, finalmente, ao desenvolvimento de congregaes marcionitas.

Influente lder cristo, suas idias o conduziram excluso, em 144 d.C. Ento, formou uma escola gnstica. Tendo uma mente prolfera, desenvolveu muitas idias, as quais foram lanadas em uma obra apologtica alvo de combate de apologistas, especialmente Tertuliano e Epifnio.

Procurou ter uma perspectiva paulina, contudo, incluiu muitas idias prprias e conjecturas sem respaldo bblico. Era convicto de uma misso pessoal: restaurar o puro evangelho. Antes, rejeitou o Antigo Testamento por ach-lo intil e ultrapassado, alm de afirmar que foi produzido por um deus inferior ao Deus do evangelho. Para Mrcion, o cristianismo era totalmente independente do judasmo; era uma nova revelao. Segundo ele, Cristo pegou o deus do Antigo Testamento de surpresa e este teve de entregar as chaves do inferno quele. Alm disso, Cristo no era Deus, apenas uma emanao do filho de Deus. O nico apstolo fiel ao evangelho, segundo Mrcion, fora Paulo, em detrimento dos demais apstolos e evangelistas. Conseqentemente, a Igreja primitiva havia desviado e, por isso, necessitava de uma restaurao. Ainda segundo ele, o homem devia levar uma vida asceta, o casamento, embora legal, era aviltador.

Entre seus muitos ensinos, encontramos o batismo pelos mortos.

O cnon de Mrcion restringia-se as dez epstolas de Paulo e a uma verso modificada do Evangelho de Lucas.

Gnosticismo

Nome derivado do termo grego gnosis, que significa conhecimento. Os gnsticos se transformaram em uma seita que defendia a posse de conhecimentos secretos. Segundo eles, esses conhecimentos tornavam-nos superiores aos cristos comuns, que no tinham o mesmo privilgio. O movimento surgiu a partir das filosofias pags anteriores ao cristianismo que floresciam na Babilnia, Egito, Sria e Grcia (Macednia). Ao combinar filosofia pag, alguns elementos da astrologia e mistrios das religies gregas com as doutrinas apostlicas do cristianismo, o gnosticismo tornou-se uma forte influncia na igreja.

A premissa bsica do gnosticismo uma cosmoviso dualista. O supremo Deus Pai emanava do mundo espiritual bom. A partir dele, surgiram sucessivos seres finitos (ons) at que um deles, Sofia, deu luz a Demiurgo (Deus criador), que criou o mundo material mau, juntamente com todos os elementos orgnicos e inorgnicos que o constituem.

Cristos gnsticos, como Mrcion e Valentim, ensinavam que a salvao vem por meio desses ons, Cristo, que se esgueirou atravs dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo material mais elevado. Cristo, embora parecesse ser homem, nunca assumiu um corpo; portanto, no foi sujeito s fraquezas e s emoes humanas.

Algumas evidncias sugerem que uma forma incipiente de gnosticismo surgiu na era apostlica e foi o tema de vrias epstolas do Novo Testamento (1Joo, uma das epstolas pastorais). A maior polmica contra os gnsticos apareceu, entretanto, no perodo patrstico, com os escritos apologticos de Irineu, Tertuliano e Hiplito. O gnosticismo foi considerado um movimento hertico pelos cristos ortodoxos. Atualmente, submetido a muitas pesquisas, devido s descobertas dos textos de Nag Hammadi, em 1945/46, no Egito. Muitas seitas e grupos ocultistas demonstram alguma influncia do antigo gnosticismo (Dicionrio de religies, crenas e ocultismo. George A. Mather & Larry A Nichols. Vida, 2000, pp 175-6).

Montano (120 - 180)Por volta do ano 150 d.C., surgiu na Frgia um profeta chamado Montano que, junto com Prisca e Maximilia, se anunciou portador de uma nova revelao. Inicialmente, esse novo movimento reagiu contra o gnosticismo, contudo, ele mesmo se caracterizou por tendncias inovadoras. As profecias e revelaes de Montano giravam em torno da segunda vinda e incentivavam o ascetismo.

Salientavam fortemente que o fim do mundo estava prximo, e esperavam esse acontecimento para a sua prpria gerao. Insistiam sobre estritas exigncias morais, como, por exemplo, o celibato, o jejum e uma rgida disciplina moral. Exaltavam o martrio e proibiam que seus seguidores fugissem das perseguies. Alguns pecados eram imperdoveis, independente do arrependimento demonstrado.

Finalmente Montano afirmou ser o Paracleto, pois nele iniciaria e findaria o ministrio do Esprito Santo. Prisca e Maximilia abandonaram seus respectivos maridos para se dedicarem obra proftica de Montano. Algumas vezes, Montano procurava esclarecer que ele era um agente do Esprito Santo, mas sempre retornava sua primeira posio e afirmava ser o Consolador prometido. Sua palavra deveria ser observada acima das Escrituras, porque era a palavra para aquele tempo do fim.

Esse movimento desvaneceu-se no terceiro sculo no Ocidente e no sexto, no Oriente.

Ascetismo

Autonegao, viso de que a matria e o esprito esto em oposio um ao outro. O corpo fsico, com suas necessidades e desejos inerentes, incompatvel com o esprito e sua natureza divina. O ascetismo defende a idia de que uma pessoa s alcana uma condio espiritual mais elevada se renunciar carne e ao mundo.

O ascetismo foi amplamente aceito nas religies antigas e ainda hoje uma filosofia proeminente, sobretudo nas seitas e religies orientais. Plato idealizou-o. As seitas judaicas, como os essnios, praticavam-no fervorosamente e o cristianismo institucionalizou-o, com o desenvolvimento de vrias ordens monsticas. O gnosticismo foi o maior defensor dessa filosofia (Dicionrio de religies, crenas e ocultismo. George A. Mather & Larry A Nichols. Vida, 2000, p. 23).

Sablio (180 250)Nasceu na Lbia, frica do Norte, no terceiro sculo depois de Cristo. Depois, mudou-se para a Itlia, passando a viver em Roma. Ao conhecer o evangelho, logo se tornou um pensador respeitado em suas consideraes teolgicas. Recebeu influncia do Modalismo que j estava sendo divulgado na frica.

O Modalismo ocorreu, no incio, como um movimento asitico, com Noeto de Esmirna. Os principais expoentes do movimento: Noeto, Epgono, Clemenes e Calixto. Na frica, foi ensinado por Prxeas e na Lbia, defendido por Sablio. Hoje, o Modalismo muito conhecido pelo nome sabelianismo, devido influncia intelectual fornecida por Sablio. O objetivo de Sablio era preservar o monotesmo a qualquer custo. Tinha um objetivo em vista que, pensava, justificava os meios.

Ensinava que havia uma nica essncia na divindade, contudo, rejeitava o conceito de trs Pessoas em uma s essncia. Afirmava que isso designaria um culto tritesta, isto , de trs deuses. A questo poderia ser resolvida, afirmava, pelo conceito de que Deus se apresentaria com diversas faces ou manifestaes. Primeiramente, Deus se apresentou como Deus Pai, gerando, criando e administrando. Em seguida, como Deus Filho, mediando, redimindo, executando a justia. E finalmente e sucessivamente, como Deus Esprito Santo, fazendo a manuteno das obras anteriores, sustentando e guardando. Uma s Pessoa e trs manifestaes temporrias e sucessivas.

Mani (216 - 277)Nasceu por volta de 216 d.C. na Babilnia. Foi considerado por alguns como o ltimo dos gnsticos. Diferente dos demais hereges, desenvolveu-se fora do cristianismo. Todavia, era um rival do evangelho.

Seus ensinos buscavam respaldo no cristianismo. Afirmava, por exemplo, ser o Paracleto, o profeta final. Em seus ensinos enfatizava a purificao pelos rituais. Em 243 d.C., o profeta Mani teve seus ensinamentos reconhecidos por Ardashir, rei sassnida (ndia). Ento, a nova f teve o seu pentecostes, analogia traada pelos maniquestas.

Durante 34 anos, Mani e seus discpulos intensificaram seu trabalho missidevo aponrio pelo leste da sia, Sul e Oeste da frica do Norte e Europa.

A base do maniquesmo engloba um Deus testa que se revela ao homem. Deus usou diversos servos, como Buda, Zoroastro, Jesus e, finalmente, Mani. Deveriam seus discpulos praticar o ascetismo e evitar a participao em alguma morte, mesmo de animais ou plantas. Deveriam evitar o casamento, antes, abraarem o celibato. O universo dualista, existem duas linhas morais em existncia, distintas, eternas e invictas: a luz e as trevas.

A remisso ocorre pela gnosis, conhecimento especial que os iniciados conquistavam. Entre os remidos h duas classes, os eleitos e os ouvintes. Os eleitos no podiam nem mesmo matar uma planta, por isso eram servidos pelos ouvintes, que podiam matar plantas, mas nunca animais ou at mesmo com-los. Os eleitos subiriam, aps a morte, para a glria, enquanto os ouvintes passariam por um longo processo de purificao. Quanto aos mpios, continuariam reencarnando na terra. Recebeu grande influncia de Mrcion.

rio (256-336)Presbtero de Alexandria entre o fim do terceiro sculo e o incio do quarto depois de Cristo. Foi excludo em 313, quando dicono, por apoiar, com suas atitudes, o cisma da Igreja no Egito. Aps a morte do patriarca da Igreja em Alexandria, foi recebido novamente como dicono. Depois, nomeado presbtero, quando ento comeou a ensinar que Jesus Cristo era um ser criado, sem nenhum dos atributos incomunicveis de Deus, por exemplo, eternidade, oniscincia, onipotncia etc, pelo que foi censurado, em 318, e excludo, em 321. Mas, infelizmente, sua influncia j havia sido propagada e diversos bispos da Igreja no Oriente aceitaram o novo ensino.

Em 325, ocorreu o conclio de Nicia e rio, apesar de excludo, pde recorrer de sua excluso, sendo banido. rio preparou uma resposta ao Credo Niceno, o que impressionou muito o imperador Constantino. Atansio resistiu ordem de Constantino de receber rio em comunho. Ento rio foi deposto e exilado em Glia, falecendo no dia em que entraria em comunho em Constantinopla.

A base de seu ensino era estabelecer a razo natural como meios de entender a relao entre Deus e Cristo. Haveria uma s Pessoa na divindade. O logos no foi apenas gerado, mas literalmente criado. Seria to-somente um intermedirio entre Deus e os homens e, devido sua elevada posio, receberia adorao e glria.

Apolinrio (310-390) Foi bispo de Laodicia da Sria no final do quarto sculo. Cooperou na reproduo das Escrituras. Fez oposio afirmao de rio quanto criao e mutabilidade de Cristo.

Por outro lado, se ops ao conceito da completa unio entre as naturezas divina e humana em Jesus. Afirmava que Jesus no tinha um esprito humano. Segundo ele, o esprito de Cristo manipulava o corpo humano. Sua posio inicial era contra o arianismo, que negava a divindade de Cristo. Em sua opinio, seria mais fcil manter a unidade da Pessoa de Cristo, contanto que o logos fosse conceituado apenas como substituto do mais elevado princpio racional do homem. Contrapondo-se a rio, ele advogava a autntica divindade de Cristo, e tentava proteger sua impecabilidade substituindo o pneuma (esprito) humano pelo logos, pois julgava aquele sede do pecado.

Conseqentemente, Apolinrio negava a prpria e autntica humanidade de Jesus Cristo.

Em 381, o snodo de Constantinopla declarou contundentemente, entre outros snodos, hertica a cristologia de Apolinrio.

Apolinrio formou um grupo de discpulos que manteve seus ensinos. Mas no demorou muito e o movimento se desfez.

Nestrio (375-451)Patriarca da Igreja em Constantinopla na metade do quinto sculo depois de Cristo. Seu objetivo de expurgar as heresias na regio de seu controle encontrou problemas quando expressou sua cristologia. Encontrava-se em seu tempo idias divergentes sobre a natureza de Cristo. Alguns, aparentemente, negavam a existncia de duas naturezas em Cristo, postulando uma nica natureza. Outros, como Teodoro de Mopsustia, afirmavam que o entendimento deveria partir da completa humanidade de Cristo. Teodoro negava a residncia essencial do logos em Cristo, concedendo somente a residncia moral. Essa posio realmente substitua a encarnao pela residncia moral do logos no homem Jesus. Contudo, Teodoro declinava das implicaes de seu ensino que, inevitavelmente, levaria dupla personalidade em Cristo, duas pessoas entre as quais haveria uma unio moral. Nestrio foi fortemente influenciado pelo seu mestre, Teodoro de Mopsustia.

O nestorianismo deficiente, no em relao doutrina das duas naturezas de Cristo, mas, sim, quanto Pessoa de cada uma delas. Concorda com a autntica e prpria deidade e a autntica e prpria humanidade, mas no so elas concebidas de forma a comporem uma verdadeira unidade, nem a constiturem uma nica pessoa. As duas naturezas seriam igualmente duas pessoas. Ao invs de mesclar as duas naturezas em uma nica autoconscincia, o nestorianismo as situava lado a lado, sem outra ligao alm de mera unio moral e simptica entre elas. Jesus seria um hospedeiro de Cristo.

Nestor foi vigorosamente atacado por Cirilo, patriarca de Alexandria, e condenado pelo Terceiro Conclio de feso, em 431.

O movimento nestoriano sobreviveu at o sculo quatorze. Adotaram o nome de cristos caldeus. A Igreja persa aceitou claramente a cristologia nestoriana. Atingiu expresso culminante no dcimo terceiro sculo, quando dispunha de vinte e cinco arcebispos e cerca de duzentos bispos. Nos sculos doze e treze, formou-se a Igreja Nestoriana Unida e, atualmente, seus membros so conhecidos como Caldeus Uniatos. Na ndia, so conhecidos como cristos de So Tom. Hoje, esse movimento est em declnio.

Pelgio (360-420)Telogo britnico. Teve uma vida piedosa e exemplar. Baseado exatamente nessa questo, desenvolveu conceitos sobre a hamartiologia (doutrina que estuda o pecado). Sofreu resistncia e, finalmente, foi excludo por diversos snodos (Mileve e Catargo), sendo, ainda, condenado no Conclio de feso, em 431 d.C.

Seus ensinos afirmavam que o homem poderia viver isento do pecado. Que o homem fora criado a imagem de Deus e, apesar da queda, essa imagem real e viva. Do contrrio, o homem no seria aquele homem criado por Deus. No pelagianismo a morte uma companheira do homem, querendo dizer que, pecando ou no, Ado finalmente morreria, ainda que no pecasse. O ideal do homem viver obedecendo.

O pecado original uma impossibilidade, pois o pecado depende de uma ao voluntria do pecador. Afirma ainda que, por uma vida digna, os homens podem atingir o cu, mesmo desconhecendo o evangelho. Todos sero julgados segundo o que conheciam e o que praticavam. O livre-arbtrio era enfatizado em todas as suas afirmaes, excluindo a eleio. Um sculo depois, desenvolveu-se o semipelagianismo, que amortecia alguns ensinos extravagantes de Pelgio.

Eutquio (410-470)Viveu em um mosteiro fora de Constantinopla durante a primeira metade do quinto sculo. Discpulo de Cirilo de Alexandria, teve grande influncia e chefiava mosteiros na Igreja oriental. Oponente do nestorianismo, afirmava que, por ocasio da encarnao, a natureza humana de Cristo foi totalmente absorvida pela natureza divina.

Era de opinio de que os atributos humanos em Cristo haviam sido assimilados pelo divino, pelo que seu corpo no seria consubstancial como o nosso, que Cristo no seria humano no sentido restrito da palavra.

Esse extremo doutrinrio contou com o apoio temporrio do chamado Snodo dos Ladres (em 449 d.C.). Essa deciso foi anulada mais tarde pelo Conclio de Calcednia, em 451 depois de Cristo.

O Snodo dos Ladres recebeu esse nome porque seus participantes roubavam caractersticas da doutrina cristocntrica. Por esse motivo, Eutquio foi afastado de suas atividades eclesisticas. Mas a Igreja egpcia continuou apoiando a doutrina de Eutquio e manteve seus ensinos por algum tempo. Ento, o eutiquianismo surge novamente no movimento monofisista.

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