introdução aos estudos culturais

Upload: marcio-monteiro

Post on 05-Apr-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    1/11

    87Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    COMUNICAO E CULTURA

    Uma introduoaos EstudosCulturais

    Ana Carolina D. EscosteguyMestre em Comunicaco ECA/USPProfessora da FAMECOS/PUCRS

    1 Antecedentes

    ESTETRABALHOTEMPOR objetivo apresentar atradio dos cultural studies,1 especialmente,queles que se iniciam no estudo das teoriasda comunicao. Assim, preciso percorrera trajetria desta tradio, dos seus antece-dentes at os contornos que este campo deestudos assume na atualidade. Ressalta-seque, neste momento, esta incurso apenasbrevemente delineada devido ao propsito

    inicial deste texto, embora estejam indica-das inmeras referncias bibliogrficas queservem de pistas para preencher as lacunasdeste percurso.

    necessrio estabelecer, tambm, umrecorte dentro deste vasto empreendimen-to diversificado e controverso dos estudosculturais. Nossa discusso limita-se a recu-perar posies e trabalhos que lidam coma relao cultura/comunicao massiva edentro desta, aqueles que enfocam produ-tos da cultura popular (considerados atra-vs da categoria texto2) e suas audincias.

    Se originalmente os estudos culturaisforam uma inveno britnica, hoje, na suaforma contempornea, transformaram-senum fenmeno internacional. Os estudosculturais no se confinaram na Inglaterranem nos Estados Unidos, espraiando-separa a Austrlia, Canad, frica, AmricaLatina, entre outros territrios. Isto no sig-

    nifica, no entanto, que exista um corpo fixode conceitos que pode ser transportado deum lugar para o outro e que opere de formasimilar em contextos nacionais ou regionaisdiversos.3

    Entretanto, as peculiaridades do con-texto histrico britnico, abrangendo darea poltica ao meio acadmico, marcaramindelevelmente o surgimento deste movi-mento terico-poltico. Originalmente, na

    Inglaterra, os estudos culturais ressaltaramos nexos existentes entre investigao e for-

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    2/11

    88 Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    maes sociais onde se desenrola a mesma,isto , o contexto cultural onde nos encon-tramos.4

    Neste momento nosso objetivo es-boar apenas alguns traos de sua trajet-ria histrica.5 Em primeiro lugar, deve-se

    acentuar o fato de que os estudos culturaisdevem ser vistos tanto do ponto de vistapoltico, na tentativa de constituio de umprojeto poltico, quanto do ponto de vistaterico, isto , com a inteno de construirum novo campo de estudos. Do ponto vistapoltico, sinnimo de correo poltica,6podendo ser identificado como a polticacultural dos vrios movimentos sociais dapoca de seu surgimento. Da perspectiva

    terica, resultam da insatisfao com oslimites de algumas disciplinas, propondo,ento, a interdisciplinaridade.

    Os estudos culturais no configuramuma disciplina mas uma rea ondediferentes disciplinas interatuam, vi-sando o estudo de aspectos culturaisda sociedade. (Hall et al. 1980: 7)

    A rea, ento, segundo um dos seuspromotores, no se constitui numa novadisciplina mas resulta da insatisfao comalgumas disciplinas e seus prprios limi-tes. um campo de estudos onde diversasdisciplinas se interseccionam no estudo deaspectos culturais da sociedade contempo-rnea.

    Em anlises que tentam mapear o cen-tro de ateno deste campo, encontramos aseguinte avaliao:

    Estudos culturais um campo inter-disciplinar onde certas preocupaes emtodos convergem; a utilidade dessaconvergncia que ela nos propiciaentender fenmenos e relaes queno so acessveis atravs das disci-plinas existentes. No , contudo, umcampo unificado. (Turner 1990: 11)

    Entretanto, preciso ressaltar que, nasua fase inicial, os fundadores desta rea de

    pesquisa tentaram no propagar uma defi-nio absoluta e rgida de sua proposta. Naspalavras de Stuart Hall, o rgo de divulga-o do Centro Working Papers in CulturalStudies7 no deveria preocupar-se em ...ser um veculo que defina o alcance e ex-

    tenso dos estudos culturais de uma formadefinitiva ou absoluta. Ns rejeitamos, emresumo, uma definio descritiva ou pres-critiva do campo (Hall 1980: 15).

    Este campo de estudos surge, ento,de forma organizada, atravs do Center forContemporary Cultural Studies (CCCS), dian-te da alterao dos valores tradicionais daclasse operria da Inglaterra do ps-guerra.

    Inspirado na sua pesquisa, As utiliza-

    es da cultura(1957), Richard Hoggart fun-da em 1964 o Centro. Este surge ligado ao

    English Department da Universidade deBirmingham, constituindo-se num centrode pesquisa de ps-graduao desta mes-ma instituio. As relaes entre a culturacontempornea e a sociedade, isto , suasformas culturais, instituies e prticas cul-turais, assim como, suas relaes com a so-ciedade e mudanas sociais, compem seueixo principal de pesquisa.

    Na realidade, so trs textos que sur-giram nos final dos anos 50 que estabelece-ram as bases dos estudos culturais: RichardHoggart com The uses of literacy (1957),Raymond Williams com Culture and society(1958) e E. P. Thompson com The making ofthe english working-class(1963).

    O primeiro em parte autobiogrficoe em parte histria cultural do meio do s-culo XX. O segundo constri um histrico

    do conceito de cultura, culminando com aidia de que a cultura comum ou ordin-ria pode ser vista como um modo de vidaem condies de igualdade de existncia. Eo terceiro reconstri uma parte da histriada sociedade inglesa.

    Especialmente, para este estudo inte-ressa a pesquisa realizada por Hoggart8 namedida em que seu foco de ateno recaisobre materiais culturais, antes despreza-

    dos, da cultura popular e dos mass media,atravs de metodologia qualitativa. Este

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    3/11

    89Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    trabalho inaugura o olhar de que no mbitopopular no existe apenas submisso mas,tambm, resistncia o que, mais tarde, serrecuperado pelos estudos de audincia dosmeios massivos.9 No entanto, o tom nostl-gico aflora em relao a uma cultura org-

    nica da classe trabalhadora.A contribuio terica de Williams10

    fundamental para os estudos culturais apartir de Culture and society. Atravs de umolhar diferenciado sobre a histria literria,ele mostra que a cultura uma categoria-chave que conecta tanto a anlise literriaquanto a investigao social. Seu livro Thelong revolution (1962) avana na demons-trao da intensidade do debate contempo-

    rneo sobre o impacto cultural dos meiosmassivos, mostrando um certo pessimismoem relao cultura popular e aos prpriosmedia.

    o prprio Stuart Hall que avalia aimportncia deste texto:

    It shifted the whole ground of debatefrom a literary-moral to an anthro-pological definition of culture. But itdefined the latter now as the wholeprocess by means of which meaningsand definitions are socially cons-truc-ted and historically transformed, withliterature and art as only one, speciallyprivileged, kind of social communica-tion. (Hall apud Turner 1990: 55)

    Essa mudana no entendimento decultura fez possvel o desenvolvimento dosestudos culturais .

    Em relao contribuio de Thom-pson,11 pode-se dizer que este influencia odesenvolvimento da histria social brit-nica, de dentro da tradio marxista. Paraambos, Williams e Thompson, cultura erauma rede vivida de prticas e relaes queconstituam a vida cotidiana dentro da qualo papel do indivduo estava em primeiroplano. Mas, de certa forma, Thompson re-sistia ao entendimento de cultura enquanto

    uma forma de vida global. No seu lugar,preferia entend-la enquanto uma luta en-

    tre modos de vida diferentes.Sobre a importante participao de

    Stuart Hall12 na formao dos cultural stu-dies, avalia-se que este ao substituir Hog-gart na direo do Centro, de 1969 a 1979,incentivou o desenvolvimento de estudos

    etnogrficos, anlises dos meios massivose a investigao de prticas de resistnciadentro de subculturas. Tem uma abundanteproduo de artigos, sendo que sua reflexofaz parte da maioria dos readers sobre es-tudos culturais, sejam eles publicados peloprprio Centro ou no.

    A proposta original dos cultural studies considerada por alguns como mais polti-ca do que analtica. Embora sustentasse um

    marco terico especfico amparado prin-cipalmente no marxismo, a histria destecampo de estudos est entrelaada com atrajetria da New Left, de alguns movimen-tos sociais (Workers Educational Association,Campaign for Nuclear Disarmament) e depublicaes entre elas, a New Left Review que surgiram em torno de respostas pol-ticas esquerda.

    Mais tarde, no perodo ps-68, trans-formaram-se numa fora motriz da culturaintelectual de esquerda. Assim, enquantomovimento intelectual teve um impactoterico e poltico que foi alm dos murosacadmicos, pois, na Inglaterra, consti-tui-ram-se numa questo de militncia e numcompromisso com mudanas sociais radi-cais.

    2 Os deslocamentos necessrios

    De forma sinttica, preciso apontaras rupturas e incorporaes mais impor-tantes que contribuiram na construo daperspectiva terica e das principais pro-blemticas desta tradio. Aproximando-se do vasto campo das prticas sociais edos processos histricos, os cultural studiespreocuparam-se, em primeira mo, comos produtos da cultura popular e dos mass

    media que expressavam os rumos da culturacontempornea.

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    4/11

    90 Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    Tentaram redescobrir outras tradiestericas sociolgicas, deixando de lado oestruturo-funcionalismo norte-americano,pois este no dava conta de compreenderas temticas propostas. Acompanhandoum movimento de resgate, iniciado dentro

    mesmo da sociologia (na Inglaterra do pe-rodo em foco), foram sendo recuperadas,entre outras aproximaes, as perspectivasda fenomenologia, da etnometodologia e dointeracionismo simblico.

    Do ponto de vista metodolgico, anfase recaiu, mais tarde, no trabalho quali-tativo. Este exerceu uma forte influncia naformao dos cultural studies. A escolha portrabalhar etnograficamente deve-se ao fato

    de que o interesse incide nos valores e sen-tidos vividos. O estudo etnogrfico acentuaa importncia nos modos pelos quais osatores sociais definem por eles prprios ascondies em que vivem.13

    Com a extenso do significado decultura de textos e representaes paraprticas vividas, considera-se em foco todaproduo de sentido. O ponto de partida a ateno sobre as estruturas sociais (po-der) e o contexto histrico enquanto fatoresessenciais para a compreenso da ao dosmeios massivos, assim como, o desprendi-mento do sentido de cultura da sua tradioelitista para as prticas cotidianas.

    Ento, o primeiro deslocamento dire-ciona-se no sentido de uma nova formula-o do sentido de cultura:

    Broadly speaking, two steps wereinvolved here: first, the move (to give

    it a too-condensed specification) to ananthropologicaldefinition of cultu-re as cultural practices; second, themove to a more historical definitionof cultural pactices: questioning theanthropological meaning and inter-rogating its universality by meansof the concepts of social formation,cultural power, domination and regu-lation, resistance and struggle. These

    moves did not exclude the analysis oftexts, but it treated them as archives,

    decentring their assumed privilegedstatus one kind of evidence, amongothers.(Hall 1980: 27)

    Os estudos culturais atribuem cultu-

    ra um papel que no totalmente explicado

    pelas determinaes da esfera econmica.A relao entre marxismo e cultural studiesse inicia e se desenvolve atravs da crticade um certo reducionismo e econo-micismodesta perspectiva, resultando na contes-tao do modelo base-superestrutura. Aperspectiva marxista contribuiu para os es-tudos culturais no sentido de compreendera cultura na sua autonomia relativa, isto, ela no dependente e nem reflexo das

    relaes econmicas, mas tem influncia esofre consequncias das relaes poltico-econmicas. Como Althusser argumentava,existem vrias foras deter-minantes eco-nmica, poltica e cultural competindo eem conflito entre elas, compondo a comple-xa unidade a sociedade.

    A questo da relao entre prticasculturais e outras prticas em formaessociais definidas, isto , a relao do cultu-ral com o econmico, poltico e instnciasideolgicas, pode ser considerada enquantoum segundo deslocamento importante naconstruo desta tradio. A contribuiode Althusser neste sentido foi importante.

    Crudely, the important innovationwas the attempt to think the unityofa social formation in terms of an ar-ticu-lation. This posed the issues ofthe relative autonomy of the cultural-

    ideological level and a new conceptof social totality: totalities as complexstructures.(Hall 1980: 32)

    Outra incorporao, extremamente

    cara a este campo, diz respeito ao conceitode ideologia, proposto por Althusser. Esta vista enquanto provedora de estruturas deentendimento atravs das quais os homensinterpretam, do sentido, expe-rienciam e

    vivem as condies materiais nas quaiseles prprios se encontram. (Hall 1980: 32)

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    5/11

    91Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    Alm disso, a ideologia deve ser examinadano s na linguagem, nas representaesmas, tambm, nas suas formas materiais nas instituies e nas prticas sociais atra-vs das quais ns organizamos e vivemosnossas vidas (Turner, op. cit., p. 26).

    Nesta primeira etapa dos estudos cul-turais, ainda pleinamente concentrada naEscola de Birmingham, a pesquisa estavadelimitada, principalmente, nas seguintesreas: as subculturas, as condutas des-vian-tes, as sociabilidades operrias, a escola,a msica e a linguagem. atravs daconverso mais explcita em problemticados desafios vinculados ideologia e aosvetores de um trabalho hegemnico que os

    meios de comunicao social, especialmen-te, os audiovisuais, aos que se havia dedi-cado at o momento um interesse acessrio,chegam a ocupar paulatinamente um lugardestacado (Mattelart e Neveau 1997: 122)enquanto temtica deste campo de estudos.

    Discordando do entendimento dosmeios de comunicao de massa (MCM)como simples instrumentos de manipulaoe controle da classe dirigente, os estudosculturais compreendem os produtos cul-turais como agentes da reproduo social,acentuando sua natureza complexa, din-mica e ativa na construo da hege-monia.

    Nesta perspectiva so estudadas asestruturas e os processos atravs dos quaisos MCM sustentam e reproduzem a estabi-lidade social e cultural. Entretanto, isto nose produz de forma mecnica, seno adap-tando-se continuamente s presses e scontradies que emergem da sociedade, e

    englobando-aseintegrando-as no pr-prio sistema cultural.A contribuio de Antonio Gramsci

    , aqui, fundamental, pois mostra como amudana pode ser construda dentro dosistema. A teoria da hegemonia gramscianapressupe a conquista do consentimento.O movimento de construo da direopoltica da sociedade pressupe complexasinteraes e emprstimos entre as culturas

    populares e a cultura hegemnica.Com isto o que se quer dizer que no

    existe um confronto bipolar e rgido entreas diferentes culturas. Na prtica o queacontece um sutil jogo de intercmbiosentre elas. Elas no so vistas como exterio-res entre si mas comportando cruzamentos,transaes, interseces. Em determinados

    momentos a cultura popular resiste e im-pugna a cultura hegemnica, em outrosreproduz a concepo de mundo e de vidadas classes hegemnicas.

    Quanto s linhas de pesquisa, imple-mentadas pelos estudos culturais, interessa-nos, sobretudo, aquela que se detem sobreo consumo da comunicao de massa en-quanto lugar de negociao entre prticascomunicativas extremamente diferenciadas

    esta ser adiante comentada. claro que, aqui, relatamos de formabastante sumria o espectro terico propos-to pelos estudos culturais, principalmente,na dcada de 70, isto , no seu perodo deafirmao. Referimo-nos apenas a pontos-chave que mostram a influncia de diferen-tes tericos.

    De forma sinttica, pode-se entendero centro de Birmingham, da sua fundaoao incio dos anos 80, como foco irradia-dor de uma plataforma terica derivadade importaes e adaptaes de diversasteorias; como promotor de uma abertura aproblemticas antes desconsideradas comoas relacionadas s culturas populares e aosmeios de comunicao de massa e, maistarde, a questes vinculadas s identidadestnicas e sexuais; e como divulgador de es-tudos bastante heterogneos decorrentes dadiversidade de referncias tericas, assim

    como, da pluralidade das temticas estuda-das.

    No final dos setenta/incio dos 80, ascoisas comeam a mudar. Desponta a influ-ncia de tericos franceses como Michel DeCerteau, Michel Foucault, Pierre Bourdieu,entre outros. D-se a internacionalizaodos estudos culturais. Tornam-se escassasas anlises onde as categorias centrais soluta e resistncia e, para alguns analis-

    tas, o incio da despolitizao dos estudosculturais. A prolfica produo de balanos

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    6/11

    92 Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    crticos, publicados a partir de 1990, apon-ta, em alguns casos, para a fragmentaoe trivializao deste campo de estudos,embora seja possvel detectar tanto aspec-tos estreis quanto potencialidades na suaproposta de anlise da dinmica cultural

    contempornea.

    3 Contornos da atualidade

    interessante notar as diferenas en-tre os primeiros estudos culturais e os dosanos 90. Identifica-se uma primeira fase em-brionria que se inicia com os textos precur-sores, j citados, passando para a instalao

    do Centro de Birmingham e sua abundanteproduo at o final dos anos 70/incio dos80, numa etapa de consolidao, e uma ter-ceira fase, de internacio-nalizao, de mea-dos dos oitenta at os dias de hoje.

    No primeiro momento, havia umaforte relao com iniciativas polticas, poisexistia uma inteno de compartilhar umprojeto poltico. Se pretendia, tambm, umarelao com diversas disciplinas para aobservao sistemtica da cultura popular,assim como, com diversos movimentos so-ciais.

    J nesta dcada, h um relaxamentona vinculao poltica. O sentido de que seest analisando algo novo, tambm noexiste mais. Mas, ao contrrio, do que sepossa pensar, existe sim uma continuidadenos estudos culturais, mesmo que fragmen-tada. um projeto de pensar atravs dasimplicaes da extenso do termo cultura

    para que inclua atividades e significados dagente comum, precisamente esses coletivosexcludos da participao na cultura quan-do a definio elitista de cultura a quegoverna (Barker e Beezer 1994: 12)

    Retomando nosso foco de interessemais especfico, a relao cultura/ comuni-cao massiva e dentro desta, as problem-ticas que enfocam as culturas populares esuas estratgias interpretativas, tambm se

    observam alteraes no decorrer da trajet-ria dos estudos culturais.

    No final dos anos 60, a temtica darecepo e a densidade dos consumos me-diticos comeam chamar a ateno dospesquisadores de Birmingham. Este tipo dereflexo acentua-se a partir da divulgaodo texto Encoding and decoding in televi-

    sion discourse, de Stuart Hall, publicado aprimeira vez em 1973.14

    Atravs de categorias da semiologiaarticuladas uma noo marxista de ide-ologia, Hall insiste na pluralidade, deter-minada socialmente, das modalidades derecepo dos programas televisivos. Argu-menta, tambm, que podem ser iden-tifica-das trs posies hipotticas de interpreta-o da mensagem televisiva: uma posio

    dominante ou preferencial quando osentido da mensagem decodificado se-gundo as referncias da sua construo;uma posio negociada quando o sentidoda mensagem entra em negociao comas condies particulares dos receptores; euma posio de oposio quando o re-ceptor entende a proposta dominante damensagem mas a interpreta segundo umaestrutura de referncia alternativa.

    A preocupao com o momento darecepo continua sendo fundamentalem relao com duas problemticasmais amplas. Uma delas abrange o as-sunto do retorno ao sujeito, a subjeti-vidade e a inter-subjetividade enquan-to a outra, se interessa pela integraodas novas modalidades de relaesde poder na problemtica da domina-o. (Mattelart e Neveau 1997: 122)

    dessa forma que se produz o encon-tro, durante os anos 70, com os estudos fe-ministas. Estes propiciaram novos questio-namentos em torno de questes referentes identidade, pois introduziram novas va-riveis na sua constituio, deixando-se deler os processos de construo da identida-de unicamente atravs da cultura de classee sua transmisso geracional (Mat-telart e

    Neveau 1997: 123). Mais tarde, acrescenta-se s questes de gnero, as que envolvem

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    7/11

    93Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    raa e etnia.Em relao pesquisas que envolvem

    questes de gnero, dentro mesmo do Cen-tro de Estudos Culturais Contemporneosde Birmingham, a publicao coletiva Wo-men take issue, de 1978, revela essa dispo-

    sio. Autoras como Charlotte Brundson,Marion Jordon, Dorothy Hobson, ChristineGeraghty e Angela McRobbie revem su-posies do senso comum sobre os meios,reivindicando que a audincia, no caso, fe-minina, tem autoridade sobre suas prticasde leitura.15

    Na dcada de 80, definem-se novasmodalidades de anlise dos meios de co-municao. Multiplicam-se os estudos de

    recepo dos meios massivos, especial-mente, no que diz respeito aos programastelevisivos.16 Tambm h um redirecio-na-mento no que diz respeito aos protocolosde investigao. Estes passam a dar umaateno crescente ao trabalho etnogr-fico.

    Se at este momento o estatuto declasse ainda centralizava a reflexo sobre adiversidade de percepes nas estratgiasinterpretativas, ponto postulado inicial-mente por Stuart Hall, algumas das pesqui-sas empricas dessa poca apontavam paraa importncia do ambiente domstico e dasrelaes dentro da famlia na formao dasleituras diferenciadas.17

    Retornando s diferenciaes entrea fase de consolidao desta tradio e omomento atual, pode-se afirmar que na-quela existia uma agenda fundamental queconsistia na compreenso das relaes entrepoder, ideologia e resistncia. Nesse pero-

    do, desejava-se explorar o potencial para aresistncia e a significao de classe.

    J nos anos 90 a preocupao em recu-perar as leituras negociadas dos recepto-res faz com que, de certa forma, se valorizea liberdade individual deste receptor e sesubvalorize os efeitos da ordem social.

    El centro de atencin en la resis-ten-cia, con la implicacin de una opo-

    sicin momentnea o estratgica, hasido reemplazado por un nfasis en el

    ejercicio del poder cultural como rasgocontinuo de la vida cotidiana. Dentrodel lenguaje del posmoder-nismo, po-dramos sugerir que una intencin decomprender las narrativas principa-les del rechazo poltico ha sido reem-

    plazada por una dispo-sicin a explo-rar aquellas menos evidentes y en lasuperficie menos heroicas historiasde la produccin ordinaria de signifi-cados. (Barker e Beezer 1994: 16)

    Assim, a agenda original foi transfor-

    mando-se. No seu lugar, os cultural studiesassumiram o papel de testemunha, dan-do voz aos significados que se fazem aqui e

    agora. Segundo Barker e Beezer:... los estudios culturales han cambia-do su base fundamental, de maneraque el concepto de clase ha dejadode ser el concepto crtico central. Enel mejor de los casos, ha pasado a seruna variable entre muchas, pero fre-cuentemente entendido ahora comoun modo de opresin, de pobreza; enel peor de los casos, se ha disuelto. Almismo tiempo, el centro de atencinprincipal se ha deslizado hacia cues-tiones de subjetividad e identidad yhacia esos textos culturales y medi-ticos que habitan en los dominiosprivado y domstico, y a los cuales sedirigen. Simultaneamente, ha habidoun deslizamiento hacia una metodo-loga que restringe la interpretacina aquellos casos en los que se ve a

    los participantes capacitados, y queaparta la atencin de las estructuras.(1994: 25)

    Simon During (1993), na introduo de

    um readersobre os estudos culturais, avaliaque, quando as identidades clas-sistas sedissolvem ou so consideradas menos perti-nentes pelos pesquisadores, busca-se outrosprincpios de construo da identidade, tais

    como de matrizes como a da raa, do gne-ro, da relao com os meios de comunicao

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    8/11

    94 Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    e com o consumo.Stuart Hall, tambm, reconhece este

    redirecionamento no campo dos estudosculturais. Mesmo que as questes em tornoda subjetividade e das identidades, tem-ti-cas em foco hoje nos cultural studies, tenham

    muitos aspectos relevantes, Hall consideraesta tendncia socialmente estreita.

    Nos primeiros tempos, talvez nsfalssemos demasiado sobre a clas-se trabalhadora e sobre subculturas.Agora, ningum fala mais sobre isso.Eles falam sobre si prprios, sua me,seu pai, seus amigos, e isso uma ex-perincia muito seletiva especialmente

    em relao s classes. (Morley e Chen1996: 18)

    Existem outros eixos importantes deserem avaliados na etapa presente dos estu-dos culturais. Entre eles estaria a discussosobre a ps-modernidade ou a nova era(no original, new times) como proposto porHall, a globalizao, a fora das migraes eo papel do Estado-nao e da cultura na-cional e suas repercusses sobre o processode construo das identidades. No entanto,estes fogem do propsito inicial deste traba-lho de iniciao aos estudos culturais .

    Notas

    1 A partir deste momento, usaremos para esta tradiobritnica a denominao cultural studies e estudos culturais,indistintamente.

    2 Os cultural studies difundiram o conceito de texto comoalm das grandes obras, incluindo a a cultura popular e asprticas sociais cotidianas.

    3 Sobre a internacionalizao ou globalizaodoscultural studies, ver, por exemplo, Simon DURING (ed)The Cultural Studies Reader, London, Routledge, 1993; D.MORLEY and Kuan-Hsing CHEN (eds) Stuart Hall: CriticalDialogues in Cultural Studies, London, Routledge, 1996;

    ANG, Ien e MORLEY, David (1989) Mayonnaise cultureand other european follies in Cultural Studies, vol. 3, n. 2.

    4 Ver, por exemplo, DAVIES, Ioan (1995) Cultural Studies andbeyond: Fragments of empire, London/New York, Routledge;ANG, Ien e MORLEY, David (1989) Mayon-naise cultureand other european folliesin Cultural Studies, vol. 3, n.2; BARKER, Martin e BEEZER, Anne (1994) Qu hay en

    un texto? in BARKER, Martin e BEEZER, Anne (eds)Introduccin a los estudios culturales, Barcelona, Bosch CasaEditorial; HALL, S., HOBSON, D., LOWE, A. and WILLIS,P. (1980) Culture, media, language, London/New York, Rou-tledge and Centre Contemporary Cultural Studies.

    5 Aponta-se como precursora dos cultural studies umaproblemtica de estudos conhecida como Cultura e So-ciedade que surge em torno de 1870, na Inglaterra. Reneautores to distintos como Matthew Arnold, John Ruskin e

    Williams Morris. Entretanto, os trs compartilham uma ati-tude crtica em relao sociedade moderna. Estigmatizamo sculo XIX como aquele onde triunfou o mau gosto dasociedade de massa e a pobreza de sua cultura. Estesintelectuais, entre outros, se adiantam nas crticas contra asconsequncias culturais do advento da civilizao moder-na.

    A sociedade vitoriana est naquele momento navanguarda no que diz respeito ao nascimento das formasculturais vinculadas ao sistema industrial. J na segundametade do sculo XIX se travam as primeiras discussesem torno da regulao de um tipo de atividade como a dapublicidade, sendo na Inglaterra que surgiram as primei-ras crticas em relao a cultura industrializada (Matttelarte Neveau 1997).

    No perodo entre as duas guerras, Frank RaymondLeavis (1895-1978) passa a ser uma figura central na pro-moo de estudos de literatura inglesa. Funda em 1932 arevista Scrutiny que se converte no centro de uma cruzadamoral e cultural contra o embrutecimento praticado pelosmeios de comunicao e pela publicidade. O movimento,

    liderado por Leavis, propunha a leitura da grande tradioda fico inglesa como antdoto para atacar a degeneraoda cultura. No ensino, adverte-se aos alunos contra a foramanipuladora da publicidade e a pobreza lingstica daimprensa popular.

    Estes movimentos no mbito da literatura inglesa sovistos enquanto um ambiente propcio para o surgimentodos cultural studies.

    6 Adoto, aqui, a observao de Fredric Jameson, Sobre os

    Estudos de Cultura, in Novos Estudos - CEBRAP, n 39,jul/1994, pp. 11- 48.

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    9/11

    95Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    7 Seu primeiro nmero apareceu em 1972.

    8 Nasceu em 1918, passando sua infncia no meio operrio,sua origem. No final da II Guerra entra para a docncia.Trabalha com formao de adultos do meio operrio

    (Workers Education Association). Influenciado por Leavise a revista Scrutiny, acaba afastando-se por dedicar-se sculturas populares de um modo mais condescendente.Fundador do Centro (CCCS), hoje, encontra-se de certa for-ma distante das evolues poltico-intelectuais dos estudosculturais dos anos noventa.

    9 Aqui, utilizada a verso em portugus As utilizaes dacultura: Aspectos da vida cultural da classe trabalhadora , vol. Ie II, Lisboa, Editora Presena, 1973.

    10 Nasceu no Pas de Gales (1921-1988), filho de um ferro-virio. No final da II Guerra passa a ser tutor na OxfordUniversity Delegacy for Extra-mural Studies devido a suaformao em literatura. A partir de 1958, quando publicaCulture and society, d vazo a sua produo intelectual.Sua posio terica ser sintetizada em Marxism and litera-ture (1977) quando reivindica a construo de um mate-rialismo cultural.

    11 Thompson (1924-1993) inicia sua vida como docente de umcentro de educao permanente para adultos (WEA). Foimilitante do Partido Comunista mas em 1956 rompe como partido, convertendo-se num dos fundadores da New LeftReview.

    12 De origem jamaicana, Hall (1932- ) abandonou a Jamaicaem 1951 para prosseguir seus estudos na Inglaterra. Ini-cia a docncia em 1957 numa escola secundria onde osalunos vm das classes populares. Tem uma forte atuao

    junto ao meio editorial poltico-intelectual britnico, como

    por exemplo na Universities and Left Review (dcada 50/60),

    Marxism Today (anos 80), Sounding(a partir de 1995), entreoutras. A partir de 1979, atua na Open University,em Lon-dres.

    13 O recorte da investigao das culturas populares e dasaudincias implementou este tipo de estratgia metodo-lgica. Ver, por exemplo, captulo sobre etnografia em Hallet al., 1980.

    14 Mais tarde, a vez de David Morley com Texts, readers,subjects (1977-1978).

    15 Outro livro que recupera textos dos anos 80 sobre a mes-ma temtica audincia feminina e meios massivos oorganizado por Mary Ellen Brown, Television and womensculture: The politics of the popular, Sage, 1990. Este apresentatrabalhos de Dorothy Hobson, Ien Ang, Virginia Nightin-

    gale, John Fiske, Andrea L. Press e outros.

    16 Considerados clssicos entre os estudos de audinciados estudos culturais esto: D. Morley (1980) The Natio-nwide audience; do mesmo autor (1986) Family television:Cultural power and domestic leisure; Dorothy Hobson (1982)Crossroads: The drama of a soap opera; David Buckingham(1987) Public secrets: EastEnders and its audience; Ien Ang(1985) Watching Dallas: Soap opera and the melodramatic ima-

    gination; Bob Hodge and David Tripp (1986) Children and

    television: A semiotic approach; Janice Radway (1987) Readingthe romance: Women, patriarchy and popular literature; JohnTulloch and Albert Moran (1986) Quality soap: A country

    practice.

    17 o caso de D. Morley, entre outros. Este desenvolveuuma pesquisa denominada Nationwide, publicada em1980. Como continuao deste projeto, desenvolveu FamilyTelevision, trabalho publicado em 1986. Nationwide umestudo de audincia conduzido atravs de entrevistas emgrupo, fora de suas residncias, isto , as pessoas estavamfora do contexto onde normalmente ocorre a assistncia dateleviso e a produo de significados a partir de seus con-tedos. Em Family Television, o autor entrevistou famliasem suas prprias casas, pois neste contexto que se deveentender as particularidades das respostas individuais adiferentes tipos de programao. Na sua opinio, o ato dever TV necessita ser entendido dentro da estrutura e dadinmica do processo domstico de consumo do qual ele parte.

    Comentando a sequncia destes dois estudos, Mor-

    ley afirma que o ponto central concentra-se em pesquisarformas de recepo ou indiferena. ... esta a questofundamental a ser explorada mais do que a questo sobrequal interpretao as pessoas faro sobre um tipo dado deprograma, se elas forem colocadas numa sala e pergun-tadas sobre sua interpretao. (...) E por esta razo quea pertinncia ou projeo sobre diferentes tipos de pro-gramas em diferentes membros da famlia ou membrosda famlia de diferentes escalas sociais foram priorizadasnesta pesquisa [Family Television] sobre a questo das

    tendncias de fazer leituras ou interpretaes oposicionais,negociadas ou dominantes de tipos particulares de progra-

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    10/11

    96 Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    mas. Morley, Research develop-ment: from decoding toviewing context, p.137.

    Metodologicamente, Morley defende que, em primei-ro lugar, deve oferecer-se uma descrio adequadamentedensa das complexidades desta atividade de assistir TVe que a perspectiva antropolgica e etnogrfica so de

    grande contribuio para alcanar este objetivo.Sua sugesto de que os estudos de audincia ne-cessitam investigar as formas nas quais uma variedadede meios de comunicao [media] est envolvida na pro-duo da cultura popular e do conhecimento do terrenoda vida cotidiana (Morley, Towards an ethnography ofthe television audience, p.195). Alm disso, o autor colocaque ... a chave do desafio reside na nossa habilidade deconstruir a audincia tanto como um fenmeno socialcomo semiolgico (cultural) e na nossa habilidade de

    reconhecer a relao entre telespectadores e a TV, comoeles so mediados por determinaes cotidianas e peloenvolvimento dirio da audincia com todas as outrastecnologias, jogando um papel na conduo e mediao dacomunicao cotidiana. dentro deste extenso campo deestudo que a pesquisa qualitativa de audincia deve agoraser desenvolvida (Morley, Towards an ethno-graphy ofthe television audience, p.197).

    Ver, entre outros textos, MORLEY, D. Towards anethnography of the television audience. In: Television,

    Audiences and Cultural Studies . Routledge: London andNew York. Chapter 8. pp. 173-197; Research develop-ment: from decoding to viewing context in Television,

    Audiences and Cultural Studies. Routledge: London andNew York. Chapter 5. pp.133-137; Quando il globaleincontra il local davanti alla TV. Problemi dellInformazione.Bologna, A. XVII, n 2, giugno 1992; Changing paradigmsin audience studiesin SEITER, Ellen, BORCHERS, Hans,KREUTZNER, Gabriele , WARTH, Eva-Maria Remote Con-trol: Television, audiences and cultural power. (1994) London,Routledge; Televisin, audiencias y estudios culturales. Bue-

    nos Aires: Amorrortu, 1996; EurAm, modernity, reasonand alterity: or, postmodernism and cultural studies inMorley, D. and Kuan-Hsing Chen (eds), Stuart Hall: Criticaldilogues in Cultural Studies, London, Routledge, 1996; JAN-COVICH, Mark David Morley, Los estudios de Natiowi-de in BARKER, Martin e BEEZER, Anne. Introduccin a losestudios culturales (1994) Barcelona, Bosch Casa Editorial.

    Referncias

    ANG, Ien e MORLEY, David. (1989) Mayonnaise culture and

    other european follies in Cultural Studies, vol. 3, n. 2, 133-144.

    BARKER, Martin e BEEZER, Anne. (1994) Qu hay en un tex-to? in BARKER, Martin e BEEZER, Anne (eds) Introducci-n a los estudios culturales, Barcelona, Bosch Casa Editorial.

    CORNER, John. (1991) Studying culture: reflections and as-sessments. An interview with Richard Hoggart in Media,Culture and Society, vol. 13, SAGE, London, Newbury Parkand New Delhi, 137-151.

    CHEN, Kuan-Hsing. (1991) Post-Marxism: between/beyondcritical postmodernism and cultural studies in Media,Culture and Society, vol. 13, SAGE, London, Newbury Parkand New Delhi, 35-51.

    CURRAN, James (1990) The new revisionism in mass com-munication research: A reappraisal in European Journal ofCommunication, vol 5, SAGE, London, Newbury Park andNew Delhi, 135-164.

    DAVIES, Ioan (1995) Cultural Studies and beyond: Fragments ofempire. London/New York, Routledge.

    DURING, Simon (ed). (1993) Introduction in The CulturalStudies Reader, London, Routledge.

    GRIMSHAW, R., HOBSON, D., WILLIS, P. (1980) Intro-duc-tion to ethnography at the Centre in HALL, S., HOBSON,D., LOWE, A., e WILLIS, P. (1980) Culture, media, language:Working papers in Cultural Studies 1972-1979. Routledge eCentre for Contemporary Cultural Studies/University ofBirmingham, London e New York.

    HALL, Stuart. (1980) Cultural studies: Two paradigms inMedia, Culture and Society, vol. 2, n 1, SAGE, London, New-

    bury Park and New Delhi, 57-72.

    HALL, Stuart. (1980) Cultural Studies and the Centre: someproblematics and problems in HALL, S., HOB-SON, D.,LOWE, A., e WILLIS, P. (1980) Culture, media, language Working papers in Cultural Studies 1972-1979. Routledge eCentre for Contemporary Cultural Studies/University ofBirmingham, London e New York.

    HALL, Stuart. (1980) Introduction to Media at the Centre

    in HALL, S., HOBSON, D., LOWE, A., e WILLIS, P. (1980)Culture, media, language - Working papers in CulturalStudies

  • 7/31/2019 Introduo aos Estudos Culturais

    11/11

    97Revista FAMECOS Porto Alegre n 9 dezembro 1998 semestral

    1972-1979. Routledge e Centre for Contemporary CulturalStudies/University of Birmingham, London e New York.

    HOBSON, Dorothy. (1980) Housewives and the mass mediain HALL, S., HOBSON, D., LOWE, A., e WILLIS, P. (1980)Culture, media, language Working papers in Cultural Studies

    1972-1979. Routledge e Centre for Contemporary CulturalStudies/University of Birmingham, London e New York.

    JAMESON, Frederic. Sobre os Estudos de Cultura in NovosEstudos, CEBRAP, n 39, jul/1994, pp. 11-48.

    KREUTZNER, Gabriele (1989) On doing Cultural Studies inWest Germany in Cultural Studies, vol. 3, n. 2, 240-249.

    MATTELART, A. e NEVEAU, E. (1997) La institucio-nalizaci-

    n de los estudios de la comunicacin in Revista Telos, n.49, FUNDESCO.

    MELLOR, Adrian. (1992) Discipline and punish? Cultural stu-dies at the crossroads inMedia, Culture and Society, vol. 14,SAGE, London, Newbury Park and New Delhi, 663-670.

    MORLEY, D. and CHEN, Kuan-Hsing (eds). Stuart Hall Criti-cal Dialogues in Cultural Studies, London, Routledge.

    MORLEY, David. (1980) Texts, readers, subjects in HALL, S.,HOBSON, D., LOWE, A., e WILLIS, P. (1980) Culture, me-dia, language Working papers in Cultural Studies 1972-1979.Routledge e Centre for Contemporary Cultural Studies/University of Birmingham, London e New York.

    MURDOCK. G. (1993) Communications and the consti-tutionof modernity inMedia, Culture and Society, vol. 15, SAGE,London, Newbury park and New Delhi, 521-539.

    MURDOCK, G. (1995) Across the Great Divide: Cultural

    analysis and the condition of democracy in Critical Studiesin Mass Communication, 12, 89-95.

    TURNER, Graeme. (1990) British Cultural Studies: An Introduc-tion. Boston, Unwin Hyman.

    WILLIS, Paul. (1980) Notes on method in HALL, S., HO-BSON, D., LOWE, A., e WILLIS, P. (1980) Culture, media,language Working papers in Cultural Studies 1972-1979.Routledge e Centre for Contemporary Cultural Studies/

    University of Birmingham, London e New York.

    YUDICE, George. O Estado das Artes dos Estudos Cultu-rais (1993) in MESSEDER, Carlos Alberto e FAUSTO,Antonio (orgs.), Comunicao e cultura contemporneas, Riode Janeiro, Notrya.