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Introdução ao Estudo de Parasitas do Homem Conceitos ecológicos Seres vivos – animais e vegetais – inter-relacionamento grande Interdependência dinâmica Há uma adaptação de cada um tendendo ao equilíbrio, cuja estabilidade jamais é alcançada – EVOLUÇÃO Permanente e contínuo processo de adaptação mútua Constante, progressiva e lenta Brusco, rápido ou muito abrangente – Destruição das espécies O homem como modificador do meio (fator antrópico)

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Introdução ao Estudo de Parasitas do Homem

• Conceitos ecológicos

– Seres vivos – animais e vegetais – inter-relacionamento grande

– Interdependência dinâmica

• Há uma adaptação de cada um tendendo ao equilíbrio, cuja estabilidade jamais é alcançada – EVOLUÇÃO

• Permanente e contínuo processo de adaptação mútua

– Constante, progressiva e lenta

– Brusco, rápido ou muito abrangente – Destruição das espécies

O homem como modificador do meio (fator antrópico)

CADEIA ALIMENTARReciclar matéria e energia

-Autótrofos: Produtores-Heterótrofos: Consumidores(1o, 2o, 3o); Decomponentes

“Ao observarmos os seres vivos -

animais e vegetais - vemos que o

seu inter-relacionamento é muito

grande. Podemos afirmar que

nenhum ser vivo é capaz de

sobreviver e reproduzir-se

independentemente do outro.

A Pirâmide Ecológica e suas Relações

Sistema Ecológico ou Ecossistema

• Intensa circulação de materiais e energia• A morte é essencial à vida

– sem decomposição – meio esgotaria de materiais essenciais à continuidade dos processos metabólicos e da reprodução dos seres vivos

– Capacidade biótica do meio

• Reprodução: mutações e recombinações genéticas– Indivíduos diferentes e mais adaptados - EVOLUÇÃO

A morte é essencial à vida, fenômeno natural e indispensável à sobrevivência e à evolução das espécies.

Porque as espécies têm que manter relações inter ou intraespecíficas?

“Quem não se comunica, se trumbica”

Pela necessidade de compartilhar recursos do meio. (habitat X nicho ecológico)

A evolução natural das espécies permite, através da disputa pela sobrevivência, acoexistência de diferentes espécies num mesmo local.

Tipos de Associações

Harmônicas / DesarmônicasCompetição (intraespecífica/interespecífica)

Canibalismo (superpopulação/deficiência alimentar)Parasitismo (unilateralidade / fatores)

Predatismo (cadeia alimentar) Comensalismo (forésia: suporte, abrigo, meio de transporte)

Mutualismo

Simbiose

ParasitismoRelação Ecológica Interespecífica

PARASITA - “vive às custas de, depende de”

1.Relação íntima e duradoura com hospedeiro2.Atuam em toda a cadeia alimentar3.População grande, superior a do hospedeiro, embora biomassa menor.4.A relação parasitismo é, no seu todo, uma relação unilateral de caráter desarmônico, tendendo a neutralidade.5.Dependência metabólica de grau variável

aumenta com o número de substâncias que o parasita precisa encontrar pré-formadas no meio

ECTOPARASITAS – Podem obter oxigênio diretamente do meio exterior (berne, bicho-do-pé)

ENDOPARASITAS – dependem totalmente de seus hospedeiros como fonte nutritiva

Ciclos Vitais de Protozoários e Helmintos

Relações Parasito/Hospedeiro

Descrevem o mecanismo de propagação do parasita

“estímulos, sinais e reações fisiológicas que sucedem cronologicamente

ordenadas para o sucesso do desenvolvimento e propagação do

parasito”

Passagem de um hospedeiro a outro:1. Momento e via de saída.2. Transporte.3. Identificação e penetração.4. Migração.5. Alimentação, reprodução, escape ao sistema imunológico.

Ciclos Vitais de Protozoários e Helmintos

Parasitas resistentes (cistos/ovos)

Semi-resistentes

VetoresMecânicos

biológicos

Ciclos Vitais de Protozoários e Helmintos

parasita

espécies de

vertebrados

muito próximas

Estenoxênicos

parasita

espécies de

vertebrados

muito diferentes

Eurixênicos

Ciclo

biológico

completa-se

em um hosp.

possui

apenas o

hospedeiro

definitivo

Monoxênicos

Ciclo

biológico

necessita

dois hospedeiros

possui

hospedeiros

definitivo e

intermediário

Heteroxênicos

Parasitas podem ser

Importante conhecer o ciclo para

Compreensão da biologia e da patogenia de cada parasitose

Estudo e seleção de métodos de diagnóstico, prevenção e controle das

doenças parasitárias

Hábitat dos parasitos

Aparelho digestivo (Principal)

Sistema sanguíneoPeleAparelho respiratórioAparelho genital e urinárioVários outros tecidos:

conjuntivosistema imunológico sistema nervoso

Efeitos do Hospedeiro sobre o Parasito

Constituição genética do hospedeiroFator Duffy, traço falciforme (P. vivax; P. falciparum)

Dieta ou estado nutricional (influencia o surgimento de sintomas ou influenciar a gravidade)Dieta pobre em proteínas / amebíaseDieta rica em carboidratos / teníase

Processos imunológicosDetalhes menos conhecidos para protozoários e helmintosImunidade adquirida menos eficaz que para bactérias e vírusImunidade absoluta (protozoários/rara; helmintos/provavelmente

nunca)Nenhuma vacina eficaz até o momentoPremunição: resistência à hiperinfecção

Empecilhos à Vida Parasitária

Barreiras naturais

Imunidade natural

Imunidade celular Imunidade humoral

Imunidade específica

Resposta imunológica

Resistência Tolerância

Parasito

Configuração bioquímica estranha ao organismo do hospedeiro

Eliminação do parasito / Redução carga parasitária

Neutralização dos efeitos patogênicos

Proteção contra reinfecção: premunição

SAÚDE

Sobrevivência e reinfecções

Variação e camuflagem parasitária

Hipersensibilidade e/ ou autoimunidade

Desenvolvimento de tolerância imunológica

DOENÇA

Exemplo: sistema digestivo- Fatores mecânicos:

.Mastigação

.Deglutição

.Peristaltismo

.Velocidade de trânsito

.Tensão superficial

-Fatores físico-químicos.Enzimas digestivas.Outros fatores químicos de secreções digestivas.Composição química do bolo.Disponibilidade de oxigênio.pH.Quantidade de água.Potencial de óxido-redução.Pressão osmótica

Adaptações às variações das

condições, localização restrita.

Outro exemplo: sistema vascular sanguíneoHábitat permanente ou transitório tanto no plasma como dentro de suas células.Ex. Trypanosoma, Plasmodium, Schistosoma

.Pressão hidráulica e osmótica

.Disponibilidade de nutrientes

.Exposição constante ao sist. imunológico.

Empecilhos à Vida Parasitária

Parasitos e Hospedeiro Comprometido

Defesas naturais comprometidasEstado nutricionalCirurgiaTransfusãoIntubaçãoHospitalização prolongadaTerapêutica (corticosteróides/outros agentes

imunossupressores)Tratamento agressivo da leucemia e de outras doenças

malignasAIDS/SIDA

Adaptação é a marca do parasitismo

Principais Adaptações:

Morfológicas

degenerações

hipertrofias

Fisiológicas

diversidade reprodutiva (hermafroditismo, partenogênese, poliembrionia, esquizogonia)

capacidade reprodutiva

resistência contra agressão do hospedeiro

tropismos

Ação do parasito sobre o hospedeiro

Rever aspectos da imunologia e patologia: resistência natural e adquirida, resposta celular ehumoral, imunodepressão, inflamação, necrose, apoptose, abscesso.

Infecção: presença do parasito.

Patogênese ou patogenia: origem da patologia, o que o parasita faz no hospedeiro para que eledesenvolva os sintomas.

Patologia: alterações fisiológicas.

Sintoma: expressão da patologia

Patogenicidade(+/- virulência): grau ou intensidade da patologia e sintomas, dependente de váriosaspectos, tais como: idade, microrganismos associados, fatores hormonais, resposta imuneadequada, estado nutricional e os órgãos atingidos do hospedeiro do hospedeiro, virulência enúmero de parasitos.

O que geralmente um parasito faz em seu hospedeiro:

1) Ação mecânica obstrutiva ou compressiva: cisticercose, malária, ascaridíase, esquistossomose.

2) Ação destrutiva: ancilostomíase, malária, leishmaniose.

3) Ação espoliadora: giardíase, difolobotríase.

4) Ação alergizante, inflamatória ou auto-imunitária, podendo causar reposta imune insuficiente ouindesejável: hidatidose, esquistossomose, leishmanisose, Doença de Chagas.

5) Ação tóxica: amebíase, coccidioses.

Morte Celular (Necrose)

Alterações citológicas focais

Reação de Fase Aguda (manifestações sistêmicas)

1) Proteínas da fase aguda (proteína C reativa, ceruloplasmina, transferrina, fibrinogênio, α-1-antitripsina, α-2-macroglobulina, haptoglobina, complemento)

2. Hormônios (epinefrina, corticóides).

3. Citocinas

Hiperplasia, hipertrofia, metaplasia, neoplasia, atrofia

Resposta Imunológica

Leucocitose, eosinofilia, perturbações endócrinas e metabólicas,

Febre, dor, alterações do apetite e do sono

Inflamação aguda: pus, abscesso

Inflamação crônica: fibrose, cirrose, granuloma

Alterações histopatológicas:

Ser ou estar infectado não significa ser ou estar doente... E VICE-VERSA:

Saúde: “O estado de completo bem -estar físico, mental e social,e não simplesmente, a ausência de doenças ou enfermidade”

OMS,1948

Epidemiologia de parasitoses

Ciclo doença x pobreza, OMS

Epidemiologia de parasitoses

Ciência que estuda a distribuição das doenças. Quais são os fatores de risco?

Objetivo: promoção a saúde por via preventiva.

Levantamento epidemiológico:

Pessoa: quem e porque? (demografia, socio-econômico, hábitos culturais,biológicos, genéticos).

Lugar: onde e porque? (Geografia)

Tempo: quando e porque? (condições geoclimáticas)

Foco natural de uma parasitose: quando as exigências da tríade epidemiológica da doençaé cumprida.

AGENTE MEIO AMBIENTE HOSPEDEIROS

Biológico, social e físico

Não-infectado Infectado

Infectado são Infectado doente

Etiologia ou agente etiológico – agente causador ou responsável pelaorigem da doença

Enzoose – doença exclusivamente de animais

Zoonose – doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entreanimais vertebrados e o homem

Antroponoze – doença exclusivamente humana

Endemia – presença constante de uma doença em uma população dedeterminada área geográfica

Epidemia – ocorrência de uma doença, elevação progressiva, inesperada edescontrolada, ultrapassando os valores endêmicos ou esperados

Pandemia – epidemias que ocorrem ao mesmo tempo em váriospaísesdeo

Hospedeiro - reservatório, vetor, intermediário, definitivo.

Diagnóstico de parasitoses

1) Inquérito epidemiológico (anamnésia) - bastante importante,principalmente quando o resultado do exame clínico é pouco sugestivo.

2) Clínico - qual a suspeita.

3) Parasitológico - pode ser a forma mais simples e barata.

4) Imunológico - tem seu valor em alguns casos, principalmente em doençascrônicas.

5) Molecular - preciso, sensível, pouco invasivo, porém necessita de R$.

Busca da causa etiológica responsável pela patologia e que tem por

objetivos: prover correto tratamento e acompanhamento, avaliar o

prognóstico.

Taxonomia geral dos parasitos em estudo

.Comitê Internacional de Nomenclatura Zoológica

ReinoFilo

ClasseOrdem

FamíliaGênero

Espécie

Gênero espécie subespécie

Itálico itálico itálico

Grifado spp

. Sempre itálico ou grifado

. São latinizadas

. Pode ter gênero abreviado após primeira citaçãoex. Trypanosoma cruzi --------- 1a citação

T. cruzi --------- citações seguintes

MoneraProtista

subreino Protozoa: flagelados, amebas, esporozoários e ciliados

Reinos

PlantaeFungiAnimalia Filos:

subreino Metazoa PlatyhelminthesNematodaMolucaArthropoda

Classificação quanto ao modo de transmissão

• Contato pessoal ou objetos de uso pessoal

• Água, alimentos, mãos-sujas ou poeira

• Solos contaminados

• Vetores ou hospedeiros intermediários

• Mecanismos diversos

Morfologia/biologia/epidemiologia/

profilaxia/drogas/ diagnóstico