introduÇÃo ao estudo das relaÇÕes humanas

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS RELAÇÕES HUMANAS “A maior parte de nossas vidas é passada em contato com outras pessoas, seja por escolha, seja por imposição das circunstâncias...” ( RODRIGUES, Aroldo. Psicologia Social Para Principiantes. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1995, p. 9. ) O desenvolvimento de lideranças e sua aplicação vêm representando novas tendências e perspectivas no campo das relações interpessoais. Estamos dia a dia envolvidos com diferentes tipos de grupos e estabelecendo novas relações. De fato esse contexto exige cada vez mais habilidade na manutenção de nossas relações interpessoais. Nesse sentido, muitos programas e técnicas para formação e organização de equipes são propostos, todos visando à qualidade e o sucesso da convivência grupal. Nosso trabalho nessa disciplina é proporcionar a você, nosso aluno, conhecimentos teóricos e práticos nesta área de estudos, promovendo uma visão integrada da mesma. Temos ainda a intenção de sensibilizá- lo para que incorpore uma atitude incessantemente investigativa, buscando constante aprofundamento, atualização e reflexão. Procuramos dar um sentido evolutivo ao nosso programa, de forma que os temas se articulem naturalmente. Assim, esperamos que ao final você possa adotar uma postura profissional mais crítica, observadora e humanista, exercendo de forma competente seu papel nos grupos aos quais venha a se integrar.

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Page 1: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS RELAÇÕES HUMANAS

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS RELAÇÕES HUMANAS“A maior parte de nossas vidas é passada em contato com outras pessoas, seja por escolha, seja por imposição das circunstâncias...” ( RODRIGUES, Aroldo. Psicologia Social Para Principiantes. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1995, p. 9. )

O desenvolvimento de lideranças e sua aplicação vêm representando novas tendências e perspectivas no campo das relações interpessoais. Estamos dia a dia envolvidos com diferentes tipos de grupos e estabelecendo novas relações. De fato esse contexto exige cada vez mais habilidade na manutenção de nossas relações interpessoais. Nesse sentido, muitos programas e técnicas para formação e organização de equipes são propostos, todos visando à qualidade e o sucesso da convivência grupal.

Nosso trabalho nessa disciplina é proporcionar a você, nosso aluno, conhecimentos teóricos e práticos nesta área de estudos, promovendo uma visão integrada da mesma. Temos ainda a intenção de sensibilizá- lo para que incorpore uma atitude incessantemente investigativa, buscando constante aprofundamento, atualização e reflexão.

Procuramos dar um sentido evolutivo ao nosso programa, de forma que os temas se articulem naturalmente. Assim, esperamos que ao final você possa adotar uma postura profissional mais crítica, observadora e humanista, exercendo de forma competente seu papel nos grupos aos quais venha a se integrar.

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Estudos sobre Grupos: DinÂmica e OrganizaÇÃo Interna“Hoje se reconhece amplamente que um grupo é mais que a soma de seus membros ou, mais exatamente, é diferente dela. Tem estrutura própria, objetivos próprios e relações próprias com outros grupos. A essência do grupo não é a semelhança ou a diferença entre seus membros, mas a sua interdependência.”

LEWIN, Kurt. Dinâmica de Grupo. 3 ed. São Paulo: Cultrix, 1973, p. 100.

Nosso primeiro tema de estudo está vinculado ao contexto grupal, visando compreender a dinâmica e organização interna dos grupos. Por isso, nosso ponto de partida será um histórico da dinâmica de grupo.

Começamos Perguntando a Você: O que é Dinâmica de Grupo?

Quando alguém nos propõe abordar o tema dinâmica de grupo, uma das primeiras ideias que nos surge é a de um conjunto de técnicas destinadas à seleção, recrutamento e crescimento pessoal, uma vez que a utilização desta prática tornou-se muito comum. Entretanto, para se chegar ao estágio de elaboração e aplicação de técnicas que promovessem crescimento pessoal, sensibilização e

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apurassem características de personalidade, foi preciso percorrer um longo caminho de estudos teóricos cujo embasamento foi fundamental para que se pudesse compreender a estrutura e o funcionamento dos grupos.

Diversos filósofos, sociólogos e psicólogos têm se dedicado ao estudo dos grupos. Porém, apesar de ter havido, no decorrer da história da humanidade, várias pesquisas sobre grupos e fenômenos sociais coletivos, foi no século XX que a expressão dinâmica de grupo passou a ser conhecida. Nesse período passou-se a dar um tratamento mais científico ao estudo de grupo.

Nesse sentido, para iniciarmos nossos estudos sobre Dinâmica de Grupo, devemos nos reportar aos estudos pioneiros de Kurt Lewin.

Kurt Lewin era judeu e viveu boa parte de sua vida na Alemanha de onde saiu para residir nos Estados Unidos e fundar O Centro de Pesquisas de Dinâmica de Grupo no Instituto Tecnológico de Massachusetts. A formação inicial de Lewin foi a física, depois se tornou psicólogo e surpreendeu a psicologia com as contribuições da física e da matemática, especialmente na área da geometria topológica que foi marcante na sua Teoria de Campo.

O período compreendido entre 1935 e 1946 pode ser considerado o marco para a dedicação e o avanço de pesquisas nessa área. É fácil entender o porquê deste período ter sido fértil em pesquisas, se entendermos o contexto histórico da época. A Europa e o mundo haviam conhecido o efeito devastador da 1ª grande guerra e percebia-se um crescente mal-estar na sociedade, marcado por conflitos raciais, discriminação e intolerância que culminou por precipitar a 2ª grande guerra. A Alemanha, bem como os Estados Unidos, tornou-se palco de conflitos observados em situações reais que inspiraram inúmeras pesquisas que vieram a contribuir para a compreensão de algumas diferenças sociais e psicológicas.

Lewin concentrou seu interesse científico nos problemas de psicologia social e dinâmica de grupo e, embora nunca tenha escrito um manual em toda a sua vida, deixou um grande número de monografias e artigos que, ao longo dos anos, tem influenciado inúmeros alunos e pesquisadores. Podemos dizer que seus estudos e de seus discípulos marcaram o aparecimento dessa área de estudo: a Dinâmica de Grupo.

A dinâmica de grupo constitui um campo de pesquisa voltado ao estudo da natureza do grupo, às leis que regem o seu desenvolvimento e às relações indivíduo-grupo, grupo-grupo e grupo instituições. Nesse sentido, cabe-nos refletir sobre a importância dessa área do conhecimento, uma vez que estamos sempre estabelecendo relações nos mais diferentes ambientes em que circulamos ou circunstâncias nas quais nos envolvemos. O estilo de vida dos eremitas é absolutamente incomum e, portanto, nossa

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vida é marcada pela interação com outras pessoas e consequentemente com os grupos aos quais pertencemos. Para Lewin, a base social da vida de um indivíduo é uma questão muito importante e deve ser pontuada e conscientizada.

O discurso da sociedade atual está centrado no fenômeno da globalização. Nesse sentido, a nova ordem mundial pressupõe, cada vez mais, uma aproximação entre as pessoas de diferentes sociedades e culturas, assim como o mercado de trabalho também exige como perfil para os profissionais dessa nova era indivíduos mais versáteis, criativos e interativos.

Portanto, é fácil concluir pela importância de sensibilizar as pessoas para as questões pertinentes a esta área do conhecimento. Os estudos de dinâmica de grupo devem se fazer presentes para promover profissionais mais adaptáveis à convivência grupal, mais autoconscientes e automotivados, que saibam lidar com as suas emoções, que desenvolvam a empatia e a capacidade de se relacionar de forma que seja possível promover ambientes de convivência saudável.

Agora que fizemos uma breve contextualização histórica, conheceremos alguns dos conceitos mais expressivos propostos por Kurt Lewin e utilizados em dinâmica de grupo, a saber: teoria de campo, atmosfera grupal e status social.

Um dos estudos mais significativos de Kurt Lewin é conhecido como Teoria de Campo. A Teoria de Campo propõe principalmente que cada indivíduo seja em si um campo de forças e que ele se ache inserido em um outro campo de forças que é constituído pelo grupo social.

Mas o que seria considerado campo na teoria de Lewin?

Campo é o espaço de vida de uma pessoa, ou seja, o espaço vital. O espaço de vida é constituído da pessoa e do meio psicológico tal como existe para o indivíduo e cuja representação pode ser através de uma região topológica.

1 – Meio Psicológico

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• P - Pessoa• M - Meio Social

2 - Campo/ Espaço de Vida

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• P - Pessoa• M - Meio Social:

A - FamiliaB - AmigosC - EscolaD - Trabalho E - Religião

A região topológica apresenta diversas microrregiões próximas entre si. Entre essas regiões existe um espaço onde o indivíduo pode movimentar-se livremente, a este espaço denominamos espaço de movimento livre.

Entretanto, o indivíduo poderá deparar-se com limites e não ter acesso a todas as regiões. Cabe esclarecer que os movimentos a que nos referimos não se caracterizam apenas por deslocamentos físicos, mas, acima de tudo, locomoções sociais e mentais. O acesso às diversas regiões estará condicionado, sobretudo, a dois fatores: um relativo à falta de capacidade, por exemplo, a falta de aptidão ou inteligência; o outro estará relacionado à proibição social ou qualquer espécie de interdição que funcione como uma barreira dinâmica entre a pessoa e seu objetivo.

O comportamento do indivíduo depende, muitas vezes, das mudanças que ocorrem no seu campo, no seu espaço de vida, num determinado momento. Quando há algum problema, por exemplo, na sua família, pode ser que o seu campo assuma a confi guração diferenciada, superdimensionando a área representada pelo grupo familiar e diminuindo o espaço relativo aos outros grupos. Veja o exemplo:

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Isto quer dizer que o seu comportamento depende de você (como pessoa) e do meio onde ela está agora. Se o meio fica instável devido a um problema, como foi o caso de sua família, isto também produz em você, pessoa, instabilidade.

A representação do espaço de vida de uma pessoa também pode ser utilizada para a representação de um grupo. Assim é fácil entender quando um espaço de vida grupal sofre alguma interferência de uma de suas regiões gerando instabilidade.

Uma vez que possuímos um espaço de vida constituído por vários grupos, vamos entender porque algumas vezes nos comportamos de maneira diferente em cada um deles. Passemos agora a outro estudo importante realizado por Lewin conhecido por atmosfera grupal.

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Você já se surpreendeu fazendo algo em grupo que sozinho dificilmente faria?

Pois é, situações desse tipo são mais comuns do que imaginamos e podem ser entendidas partindo do conceito de atmosfera grupal. O conceito de atmosfera grupal, também conhecido como clima grupal ou mentalidade grupal, se refere a uma característica frequentemente observada nos grupos. De certo, o grupo tem sido considerado algo mais do que a soma de seus elementos, algo melhor e mais elevado. Essa noção pode ser extraída da Teoria da Gestalt, cuja tradução expressa confi guração, forma, todo. Assim, se atribui a um todo psicológico uma qualidade denominada Gestalt, isto é, uma entidade adicional, uma mentalidade do grupo que se supõe que o todo tenha, além da soma das partes.

A partir do conceito de atmosfera grupal, podemos compreender alguns comportamentos expressos em grupo, alguns fatos que individualmente não se manifestariam, mas que em conjunto funcionam como uma melodia afinada. Como exemplo podemos citar o clima grupal manifestado por um grupo constituído por uma torcida organizada de um time de futebol. Individualmente, cada um dos torcedores seria incapaz de manifestar comportamentos que em presença do grupo manifesta.

Outro conceito significativo explicado por Lewin refere-se ao status social. Podemos observar com frequência que as pessoas estão sempre desejando pertencer a determinado grupo, podemos classificar esse comportamento como a busca pelo status social. Ou seja: manifesta-se pela necessidade de pertencer a um grupo, ocupar uma determinada posição e sentir-se seguro. Essa necessidade tem influenciado a tendência de estudar diferentes tipos de grupo e aspectos sobre liderança. Ambos os aspectos serão aprofundados posteriormente.

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Organizando Grupos

“É verdade que, desde o primeiro dia de sua vida, a criança faz parte do grupo social e morrerá se o grupo não cuidar dela.”LEWIN, Kurt. Dinâmica de Grupo. 3 ed. São Paulo: Cultrix, 1978, p. 88.

O texto acima ratifica um dos pressupostos sobre a natureza humana: que o homem é um ser social e por esse motivo necessita viver em grupo.

Mas o que é um grupo social?

Podemos dizer que pessoas que se encontram, que se reúnem em família, no trabalho, na igreja, para praticar um esporte, para estudar, ou, simplesmente, conversar, constituem grupos sociais. Assim, um grupo é toda reunião de indivíduos em torno de um objetivo comum. É preciso deixar claro, entretanto, que apenas a proximidade física não caracteriza um grupo. Pessoas reunidas transformam-se em grupo, quando se verifica que cada indivíduo está afetado por cada um dos outros indivíduos que compõe o mesmo grupo. Dessa forma, os elementos do grupo não só atuam uns sobre os outros reciprocamente como também atuam juntos de forma mais ou menos uniformes.

Um grupo consiste de: duas ou mais pessoas psicologicamente conscientes umas das outras e que interagem para atingir uma meta comum. Assim, um grupo é mais do que um ajuntamento de pessoas e essas quatro condições precisam ser atendidas.

Cada grupo possui características próprias; essas características não são apenas a soma das características de cada elemento do grupo, mas sim o todo, formando uma gestalt.

O que significa o grupo para um indivíduo?

O grupo é o terreno sobre o qual o indivíduo se sustenta. A estabilidade ou instabilidade do comportamento do indivíduo depende de sua relação com o grupo, é uma totalidade da qual o indivíduo é uma parte. Uma mudança na situação do grupo afeta diretamente a situação do indivíduo. Caso uma ameaça recaia sobre o grupo, o indivíduo se sentirá também ameaçado; assim também sua segurança e o seu prestígio aumentam ou decrescem à medida que o mesmo acontece com o grupo.O indivíduo aprende desde cedo a utilizar o grupo como um instrumento para satisfazer suas necessidades físicas e sociais. Para o indivíduo, o grupo é parte do

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espaço de vida em que se movimenta. Se considerarmos que o espaço de movimento livre de uma pessoa se caracteriza topologicamente por uma região circundada por outras que não lhe são acessíveis, será fácil compreendermos a importância da determinação de sua posição dentro do grupo e as possíveis mudanças que este possa sofrer. Uma mudança de posição dentro do grupo pode acarretar o acesso a novas regiões, assim como o surgimento de novas barreiras.

Como pode se formar um grupo?

O grupo pode formar-se espontaneamente como é o caso de crianças numa festa, que se procuram sem se conhecerem para brincar juntas, ou como algumas pessoas que se reúnem espontaneamente para socorrer as vítimas de uma tragédia. Já quando a formação do grupo foi voluntariamente planejada, antes de ser formado ou depois da sua aparição espontânea, podemos falar de um grupo organizado.

Torcidas organizadas, turmas de alunos, grupos políticos, organizações militares, equipes de trabalho, conselhos consultivos etc. são exemplos de grupos organizados.

Recentes pesquisas, efetuadas por meio de inquéritos sociométricos, evidenciaram a existência, dentro de um grupo social, de laços de amizade, de simpatia ou mesmo de antipatia que podem reforçar a coesão do grupo ou destruir sua eficácia. Estes laços existem por motivos psicológicos (simpatia), ou sociais (atividade em comum).

Pense no seu espaço vital e lembre quais os tipos de grupos que você integra e conhece?

Podemos destacar cinco tipos de grupo: primários e secundários, formais e informais, homogêneos e heterogêneos, interativos e nominais, temporários ou permanentes.

Grupos primários: são predominantemente voltados para relacionamentos interpessoais diretos; família, amigos íntimos.

Grupos secundários: são mais orientados para tarefas e metas; grupos de trabalho, de interesse público.

Grupos formais: são aqueles que têm metas estabelecidas, voltadas para objetivos e que são explicitamente formados como parte da organização.

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Grupos informais: são aqueles que surgem com o passar do tempo, por meio da interação dos membros da organização.

Grupos homogêneos: são grupos cujos membros têm certas coisas em comum, atitudes, valores, metas, sexo, idade, grau de instrução etc.

Grupos heterogêneos: são aqueles que apresentam variações em dimensões significativas.

Grupos interativos: são aqueles nos quais os participantes se envolvem diretamente com algum tipo de intercâmbio entre si.

Grupos nominais: são aqueles onde os membros interagem indiretamente entre si.

Grupos permanentes: são aqueles em que se espera que continuem juntos ao longo de diversas tarefas e atividades.

Grupos temporários: são aqueles formados com uma tarefa ou problema específico em mente, e cuja dispersão é algo esperado assim que o grupo conclua a tarefa.

Outro aspecto relevante a ser destacado sobre a organização de um grupo diz respeito ao seu tamanho. O tamanho do grupo deve estar de acordo com seu objetivo, tendo sempre como meta a realização de um grupo efi ciente. Num grupo de trabalho, por exemplo, de uma maneira geral, um número considerado ótimo é de 5 a 7. Quando se está numa mesa de reuniões, geralmente não se têm condições de perceber além de dez pessoas, que é o máximo de alcance da capacidade de percepção. Além desse limite, começam os seguintes fenômenos: discriminação, formação de subgrupos e as incômodas conversas paralelas. Ao realizarmos reuniões, devemos sempre adotar esses cuidados para que não surjam variáveis que comprometam o trabalho. Portanto, se um grupo é muito grande, lance mão da representatividade.

Os grupos ímpares oferecem mais probabilidade de êxito do que os pares. Na hora de decisão (consenso), eles se fracionam e facilitam a resolução de problemas, eliminando a possibilidade de empate.

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Se a constituição do grupo tiver como finalidade a aplicação de uma técnica de dinâmica de grupo, o objetivo da dinâmica deve ser levado em consideração para estabelecer o número de participantes, uma vez que todos os componentes devem vivenciar e manifestar o resultado de sua experiência pessoal.

A partir da sua formação, o grupo tende a passar por um processo de crescimento que inclui as seguintes fases: individualidade – aceitação mútua – subgrupos – integração. Para ilustrar, tomemos como exemplo o início de um curso. Ao chegar à sala de aula, provavelmente, ninguém se conhece, ou poucos se conhecem. Portanto, num primeiro encontro, prevalece a individualidade, cada um fica observando e quieto no seu canto. Um sorriso, um olhar, poucas palavras são as primeiras intenções de contato. Depois começa a se manifestar uma certa aceitação mútua, uma vez que ainda não se conhece as características de cada um e, portanto, ainda não se evidenciam rejeições. Aos poucos começam a se estabelecer relações de simpatia e/ou antipatia e as afinidades; surge então a identificação e a formação de subgrupos. As pessoas começam a sentar sempre no mesmo lugar e próximas das mesmas pessoas; os trabalhos de grupo passam a ser realizados com os mesmos componentes e esses laços podem se estender para o convívio fora da instituição. Esta é a fase mais demorada e de maior resistência. Por fim, os grupos devem alcançar a integração, que pode ser caracterizada, por exemplo, pelos preparativos da formatura, onde deve haver uma coesão interna. Todos se reconhecem como um grupo e estão fortalecidos. Entretanto, cabe ressaltar que nem todos os grupos chegam a esse estágio. O ideal é que sejam trabalhados internamente para alcançar esse equilíbrio.

Pensemos agora num grupo de trabalho que já percorreu essas fases e chegou ao estágio de integração, imaginemos que chegue um novo integrante: o que fazer?

Esse indivíduo terá que se adaptar e assimilar rapidamente tanto a convivência com os novos colegas, quanto na cultura da organização. Quando uma pessoa chega a um grupo já integrado em sua convivência, é preciso sensibilizar ambos os lados para que a aceitação mútua seja facilitada. É preciso quebrar resistências e não cultivar ideias preconcebidas. Ambos os lados devem estar abertos para dar e receber novas contribuições. Quanto à adaptação e assimilação da cultura da organização, seja ela de qualquer natureza, é preciso realizar uma espécie de ritual de iniciação, apresentando desde os aspectos de ordem administrativa como os de natureza fi losófi ca que norteiam o trabalho naquele grupo. Esse procedimento visa fazer com que o novo integrante incorpore normas, valores e padrões de comportamento que a organização considera imprescindíveis e relevantes.

Podemos concluir que o movimento das relações humanas no pensamento administrativo tem concentrado cada vez mais sua atenção para a estrutura, a dinâmica e o impacto do comportamento grupal.

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De fato, o sucesso de uma organização é substancialmente influenciado pelo desempenho de diversos grupos que interagem entre si por toda a hierarquia da empresa.

Apesar do papel central dos grupos em nossas vidas, bem como sua importância e inevitabilidade nas organizações, frequentemente consideramos esses grupos como algo natural. Raramente nos damos ao trabalho de observar o que realmente acontece nele, por que alguns de seus membros se comportam de um certo modo, por que alguns grupos parecem mais eficazes que outros, como um grupo pode afetar outro e assim por diante. Entretanto, para compreendermos a organização faz-se necessário que se desenvolva consciência e habilidade para analisar a influência dos grupos nos seus membros a nível individual, nas relações interpessoais, e nas atividades organizacionais.

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nfluÊncia Social e LideranÇa“As características de um líder e o tipo de comportamento de liderança que apresenta refletem os objetivos e normas do grupo, bem como a personalidade do líder.”KHECH & CRUTCHFIELD apud MINICUCCI, Agostinho. Psicologia Aplicada à Administração. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1995, p. 322.

Pessoas precisam de pessoas. Os seres humanos são responsáveis por proporcionar uns aos outros as maiores alegrias da vida, bem como as mais significativas tristezas. Essa pode ser a razão pela qual vivemos observando e tentando imaginar como as pessoas são. Temos necessidades sociais, percepções sociais e estabelecemos relações sociais. Nesse sentido, indagamos: será possível o ser humano conviver com urbanidade, sem precisar estar sujeito a presença de um líder?

Vivemos organizados em grupos e, normalmente, exercendo liderança ou sujeitos a um líder. A vida em grupo depende de fatores complexos que determinam a ação do grupo sobre o indivíduo, do indivíduo sobre o grupo e da ação do líder. É, portanto, do entrosamento destas três realidades sociais: o grupo, os indivíduos que compõem o grupo e o líder, que depende o êxito do trabalho coletivo.

A literatura sobre grupos apresenta muitas definições para os termos líder e liderança. E, você, como definiria líder e liderança? Verifique se sua definição se assemelha a que apresentamos a seguir.

A definição de líder parece óbvia. Líder é o indivíduo que exerce liderança. Por sua vez, liderança pode ser considerada como um processo de influência, geralmente de uma pessoa, através do qual um indivíduo ou grupo é orientado para o estabelecimento e atingimento de metas.

Chegar a essa definição não foi difícil, todavia a questão principal não reside na definição dos termos e sim na compreensão de todo o processo que envolve o exercício da liderança. Certamente, muitos líderes atingiram êxito em sua tarefa a partir de uma atuação desordenada marcada por ensaio erro, mas esse, é claro, não é o melhor caminho.

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O clima grupal será um fator importante a se levar em consideração. Como estudamos anteriormente, por clima grupal compreende-se a atmosfera grupal ou mentalidade grupal, criada em torno de um grupo. Ou seja, o grupo não é apenas a soma dos indivíduos, é um algo a mais, algo intangível, é uma propriedade da situação social como um todo. É uma entidade adicional, algo além da soma das partes.

Sabe-se muito bem que o êxito de um professor na sala de aula, por exemplo, depende não só de sua aptidão e recursos, mas também, em grande parte, da atmosfera que cria com os seus alunos. Sendo assim, qual é a influência dessa atmosfera sobre a vida grupal de estudantes?

De fato, uma das pesquisas mais conhecidas sobre atmosfera grupal e dinâmica dos grupos inclui os conceitos de liderança, a saber: liderança autoritária, democrática e laissez faire. Esses conceitos foram minuciosamente estudados e estabelecidos no experimento que ficou conhecido como Lippitt e White, nome dos pesquisadores (Ronald Lippitt e Ralph K. White) que o realizaram na Iowa Child Welfare Research Station (Posto de Pesquisas Sobre o Bem-estar da Criança de Iowa). Você pode encontrar mais detalhes deste estudo em LEWIN, 1973.

Trata-se de um experimento realizado com crianças entre 10 e 11 anos, meninos e meninas escolhidos entre muitos voluntários ansiosos de duas classes diferentes de uma escola, para formarem um clube de fabricação de máscaras. Designou-se um observador e um líder para cada grupo.

Nos dois grupos o líder era um estudante adulto, que tentava criar diferentes atmosferas, cujas técnicas e critérios utilizados veremos nas descrições a seguir.

Grupo sujeito à atmosfera democrática. Ou seja, submetido a um líder democrático.

Todos os planos de ação são resultado de decisão do grupo, encorajado pelo líder.

A perspectiva de atividades é apresentada por uma explicação das fases gerais do processo, durante discussão na primeira reunião (molde de argila, gesso etc.). Quando eram necessários conselhos técnicos, o líder procurava indicar dois ou três processos alternativos, entre os quais se podia escolher.

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Os participantes tinham liberdade de trabalhar com quem quisessem, e a divisão de tarefas cabia ao grupo.

O líder procurava ser um membro do grupo em espírito e na discussão, mas não realizar grande parte do trabalho. Elogiava e criticava objetivamente.

Grupo sujeito à atmosfera autoritária. Ou seja, submetido a um líder autoritário.

Toda decisão de planos feita pela pessoa mais forte (o líder).

As técnicas e etapas para atingir o objetivo (a máscara completa) eram ditadas pela autoridade, uma de cada vez, de maneira que a orientação futura era sempre incerta, em larga medida.

A autoridade determinava geralmente, de maneira autocrática, o que cada participante devia fazer e com quem devia trabalhar.

O dominador criticava e elogiava as atividades do indivíduo sem dar razões objetivas, e abstinha-se de participação ativa no grupo. Mantinha-se sempre impessoal.

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Durante a dinamização da tarefa, os observadores registraram os processos que foram surgindo e apontaram as seguintes

considerações:

Os grupos autoritários manifestavam tendências mais agressivas ou mais apáticas do que os grupos democráticos. Por outro lado, quando as manifestações agressivas se tornavam expressas, se dirigiam mais contra outros membros do que contra o próprio líder. No grupo autoritário, duas vítimas foram alvo da hostilidade concentrada dos demais membros, ficando conhecidas como bode expiatório, sendo obrigados a abandoná-lo. Nos grupos autoritários apáticos, parece que a ausência de agressão era mera consequência da influência repressiva do líder, tanto mais que, quando ele temporariamente deixava o grupo, desencadeavam-se explosões de agressividade.

Nos grupos autoritários, verificaram-se contatos de submissão com referência à personalidade do líder, ao mesmo tempo em que as relações se manifestavam formalizadas. As relações com o líder democrático, por outro lado, eram mais amistosas e francas.

Nos grupos autoritários, as relações que se processavam entre seus membros tendiam muito mais para a dominação e agressividade do que nos grupos democráticos ou liberais.

Os sentimentos de coletividade eram muito acentuados nos grupos democráticos, onde se observou maior manifestação de “nós”. Enquanto nos grupos autoritários predominavam os sentimentos de exaltação egocêntrica. A unidade do grupo aparecia de forma

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mais concentrada e evidente nos grupos democráticos, e os subgrupos tendiam a ser muito mais estáveis do que na atmosfera autoritária, onde eles tendiam para a desintegração.

O trabalho construtivo decrescia acentuadamente quando ocorriam eventuais afastamentos do líder autoritário. Enquanto que, nas ausências do líder democrático, os decréscimos de rendimento eram quase nulos.

Sob o efeito de frustrações experimentalmente induzidas, com referência às situações de trabalho, os grupos democráticos respondiam por uma intensificação no esforço de solução das dificuldades. Já os grupos autoritários tendiam a tornar-se explosivos, desintegrados através de recriminações pessoais.

Após ler esses resultados, podemos indagar se estes dados não se devem a características individuais. Entretanto, uma série de fatos exclui tal explicação, embora, naturalmente, as diferenças individuais sempre desempenhem um papel.

Para comprovar que a atmosfera grupal interfere no comportamento das pessoas, como no caso das crianças do experimento, transferiu-se uma criança do grupo autoritário para o democrático, e outra do democrático para o autoritário. Antes da transferência, a que pertencia ao grupo autoritário era mais dominadora e menos cordial e objetiva que a democrática. Todavia depois da transferência, o comportamento mudou, de maneira que a criança anteriormente autocrática se tornou menos dominadora e mais cordial e objetiva. O mesmo foi observado na criança que antes da transferência pertencia ao grupo democrático. Ao mudar de grupo e, consequentemente, de liderança, essa criança alterou seu comportamento. Em outras palavras, o comportamento das crianças espelhou bem rapidamente a atmosfera do grupo em que se moviam e consequentemente do líder a que estavam submetidas.

Mais tarde, Lippitt e White incluíram uma terceira atmosfera, a laissez faire, que se caracteriza pela ausência de liderança e onde se manifesta o estado de anarquia. Ou seja, a atmosfera laissez faire demonstra que as pessoas precisam estar sujeitas a um líder.

Podemos concluir após analisar os resultados desses experimentos que o clima social em que uma criança vive torna-se para ela tão importante como o ar que respira. O grupo a que ela pertence é o solo onde pisa. Sua relação com esse grupo e sua posição nele constituem fatores muito importantes de seu sentimento de segurança ou insegurança. Nesse sentido, as relações interpessoais na escola são de especial importância para o desenvolvimento do aluno como um todo. Além da liderança exercida pelo professor, deve-se incentivar a manifestação de lideranças entre os próprios alunos. Esses são componentes psicológicos da relação pedagógica que favorecem ou comprometem o processo de ensino-aprendizagem.

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A pesquisa desenvolvida por Lippitt e White, apesar de realizada com crianças, possibilitou estender seus resultados, por analogia, aos mais diversos tipos de grupos. Seja na família, nas organizações ou em qualquer outro grupo, as relações são amplamente influenciadas pela atmosfera grupal estabelecida pelo seu líder. Assim como o comportamento de uma nação pode ser regulado pelo regime político a que estiver submetido.

No contexto organizacional, o fator liderança adquire espantosa importância, uma vez que uma empresa, seja ela de pequeno, médio ou grande porte, sempre terá grupos de pessoas que precisam ser coordenadas em seus esforços individuais, a fim de que metas e objetivos sejam alcançados. E não há uma unanimidade de características que possam garantir o êxito de um líder. A importância das características difere consideravelmente conforme a circunstância.

AquisiÇÃo de CompetÊncia Interpessoal“O Homem começa a ser pessoa quando é capaz de relacionar-se com os outros, rompendo o mundo da identidade infantil em que se move nos primeiros anos de vida. Quando se torna capaz de dar e receber, em seu relacionamento com os pais, irmãos e outras pessoas, a sua responsabilidade vai se definindo.”FRITZEN, Silvino José. Relações Humanas e Interpessoais. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 1994, p.7.

Portanto, a personalidade de cada um é a resultante da interação entre as variáveis inatas e as experiências vividas, ou de forma simplificada, resultante de fatores internos e externos.

As diferenças entre as pessoas não podem ser consideradas inerentemente boas ou más. Algumas vezes, trazem benefícios ao grupo e ao indivíduo, outras vezes trazem prejuízos, reduzindo-lhes a eficiência.

Visto por um ponto de vista mais abrangente, as diferenças individuais podem ser consideradas intrinsecamente desejáveis e valiosas, pois propiciam uma ampla variedade de possibilidades.

No contexto das organizações, estas noções são fundamentais, porque ajudarão a evidenciar

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Desde os primeiros dias de vida somos inseridos na vida grupal, passamos, então, a adquirir gradativamente habilidades e competências que nos acompanharam pela longa jornada da nossa existência e convivência social. Na medida em que nos tornamos mais hábeis nessa competência, melhor nos integramos aos grupos.

Podemos dizer que o processo de desenvolvimento da competência interpessoal começa na infância, através das mensagens que recebemos daqueles que nos são significativos. Essas mensagens favorecem muitas de nossas atitudes na vida adulta. Somos mais ou menos seguros, mais ou menos sinceros, mais ou menos extrovertidos, mais ou menos comunicativos conforme as informações que processamos acerca de nós mesmos e da imagem que criamos de nós. Claro que muitos desses atributos, quando presentes em excesso ou quando ausentes, podem ser trabalhados, ou seja, o desenvolvimento da competência interpessoal implica na aquisição e no aperfeiçoamento de certas habilidades. Porém,

as aptidões que o indivíduo possui de origem inata, e que aspectos poderão ser potencializados e, ou adquiridos através de treinamento ou aprendizagem. O conceito de diferenças individuais subentende que as características individuais, próprias da personalidade de cada um, influenciarão no desempenho dos indivíduos.

Compreender a personalidade humana é compreender o ser na sua totalidade.

A estrutura da personalidade é a base que organiza e une entre si as diferentes condutas e disposições do indivíduo, é a organização global que dá consistência e unidade à conduta. A Psicanálise afirma que esta estrutura está formada, como base, por volta dos 6 anos; Piaget coloca que a personalidade começa a se formar muito mais tarde, entre 8 e 12 anos.

Os conteúdos da estrutura da personalidade estão relacionados com as vivências concretas do indivíduo no seu meio social, cultural, religioso etc. Só é possível compreender a personalidade considerando a relação indissociada entre estrutura e conteúdo.

O conhecimento da dinâmica da personalidade fornece o caminho para compreender seu desenvolvimento e as mudanças, mais ou menos radicais, que pode sofrer.

Para a psicologia da personalidade, a capacidade de estabelecer relações afetivas, por si só, não diz muito do indivíduo; é necessário compreender, também, quais são os seus objetos de afeto, como é a expressão deste afeto, o que não é expresso e por quê.

Na abordagem da personalidade, alguns termos são frequentemente empregados com vários significados, inclusive no senso comum. São eles: caráter, temperamento e traço de personalidade.

Caráter - É um termo que os teóricos preferem não usar, devido à diversidade de interpretações. No senso comum, por exemplo, é empregado para designar os aspectos

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um indivíduo só adquire ou aprimora um atributo se tiver consciência dessa necessidade. À medida que as pessoas, voluntária e intencionalmente, buscam esse aprofundamento e aprendem a conviver mais pacificamente com a realidade mais íntima de si mesmas, aumentam sua disponibilidade para compreensão e aceitação dos outros e isso supõe a possibilidade de um melhor entendimento entre as pessoas e consequentemente melhores relações humanas. Além disso, a presença por si só de uma habilidade ou atributo também não será suficiente, é preciso transformar um atributo numa atitude, é preciso por em prática.

Uma das condições para o estabelecimento de bons relacionamentos é aceitar que pessoas são diferentes e respeitar as diferenças individuais próprias de cada uma delas. O primeiro passo nessa direção é o processo de autoconhecimento. Nesse sentido é preciso adotar uma atitude introspectiva, caracterizada por uma investigação voluntária de si mesmo, no sentido da descoberta e da visualização do que se é, como se é e porque se é de determinada maneira. Quanto melhor a pessoa tiver conhecimento de si, e nesse processo, quanto melhor for sua aceitação, melhor será sua capacidade de aceitar o outro tal como é. Isso significa tentar entender a diferença individual de cada um em relação aos demais.

Mas por que as pessoas são diferentes?

morais dos indivíduos. Eventualmente, podemos encontrá-lo na referência a reações afetivas, ou, mais comumente, para designar aquilo que diferencia um indivíduo de outro, a marca pessoal de alguém.

- É outro termo usado em vários sentidos. Entretanto, deve ser entendido como uma alusão aos aspectos da hereditariedade e da constituição fisiológica que interferem no ritmo individual, no grau de vitalidade ou emotividade dos indivíduos. Neste sentido, afirma-se que os indivíduos têm uma quantidade de energia vital, maior ou menor, que dará a tonalidade de seus comportamentos. Por exemplo, há o indivíduo mais calmo e aquele mais agitado.

Traço de personalidade - Refere-se a uma característica duradoura, constante da personalidade do indivíduo. Por exemplo, ser reservado, ser bem-humorado, ser expansivo etc. Os traços são inferidos a

Podemos concluir que o desenvolvimento da competência interpessoal está diretamente relacionado às características individuais de cada pessoa. A atribuição de tarefas e o papel que cada indivíduo ocupa no grupo devem levar em consideração suas características

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Podemos dizer que as pessoas apresentam diferenças individuais por dois motivos principais: primeiro porque já nasceram diferentes umas das outras devido às características inatas; segundo porque, ao longo de suas vidas, estarão submetidos a diferentes experiências que irão compor suas variáveis adquiridas.

As chamadas variáveis inatas são responsáveis por apresentar o indivíduo como é desde o momento do seu nascimento. Portanto, entenda-se por inato nascido com, ou seja, inclua-se as características tanto de origem hereditária como as adquiridas no útero materno, determinando a bagagem constitucional com a qual o indivíduo nasce.

As chamadas variáveis adquiridas são responsáveis pela modelagem da bagagem constitucional, numa estrutura de personalidade com feições únicas em cada indivíduo.

individuais.

Os profissionais que pretendem estar à frente de um grupo, exercendo cargos de liderança, devem percorrer o caminho de conhecer a si e os outros.

A identificação das características pessoais é uma questão de sensibilidade e de um razoável conhecimento da natureza humana. Por essa razão é imprescindível que os alunos em sua formação sejam sensibilizados para algumas questões da área da psicologia, pois esse conhecimento será muito útil caso venham a liderar grupos.

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Novos Paradigmas em RelaÇÕes Humanas“A nossa vida cotidiana é demarcada pela vida em grupo. Estamos o tempo todo nos relacionando com outras pessoas. Mesmo quando ficamos sozinhos, a referência de nossos devaneios são os outros: pensamos em amigos, na próxima atividade – que pode ser assistir a aula de inglês ou realizar nova tarefa no trabalho (que provavelmente, envolverá mais de uma pessoa); pensamos no nosso namoro, em nossa família. Raramente encontraremos uma pessoa que viva completamente isolada, mesmo o mais asceta dos eremitas levará, para o exílio voluntário, suas lembranças, seu conhecimento, sua cultura...” BOCK, Ana Mercês Bahia & outros. Psicologias. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 214.

A vida moderna propiciou uma nova ordem mundial para as relações humanas. Todos os dias nos deparamos com novidades em tecnologia de informações e reinventamos nossa forma de convivência. Mesmo o isolamento voluntário acaba esbarrando na necessidade de estabelecer algum tipo de convivência. A distância que assustava aos aventureiros imigrantes do passado, que ao deixarem sua terra natal levavam a incerteza de um retorno ou reencontro, hoje não assusta mais. Mantemos contato com as pessoas nos mais distantes pontos do planeta, como se estivéssemos a metros de distância.

Durante muito tempo defendeu-se a ideia de que relações interpessoais eram estabelecidas partindo-se da convivência e da proximidade e suas especificidades só

poderiam ser trabalhadas com a presença física dos seus integrantes. Ainda hoje as relações humanas que fogem aos paradigmas tradicionais da presença física, sofrem muito preconceito. Boa parte da população não acredita na qualidade dos cursos oferecidos a distância, não dá credibilidade às pessoas que trabalham em casa e julga inconcebível o estabelecimento de vínculos em relações que não envolvam proximidade e presença física. Entretanto, é preciso quebrar esse preconceito e aceitar que estamos numa nova era e que a vida moderna exige adaptação à nova ordem mundial que se impõe. Atualmente boa parte dos nossos papos com amigos não são através de encontros em bares ou por telefone, mas sim pelo computador. Conhecemos pessoas, estudamos, trabalhamos e estabelecemos vínculos por meios virtuais. Muitas pessoas hoje realizam seu trabalho sem sair de casa, é o que conhecemos por home office. Trata-se de um escritório de trabalho instalado em sua própria casa, onde o segredo para o sucesso reside em disciplina e organização pessoal. A falta de tempo também já não é motivo para não estudar, fazer um curso superior, uma pós-graduação ou mesmo cursos de especialização e aperfeiçoamento, todos são possíveis de se realizar sem sair de casa. A modalidade de ensino a distância tem se expandido e já dá sinais de ser a tendência do futuro. Muitos cursos são oferecidos favorecendo o desenvolvimento

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pessoal e profissional das pessoas e a qualidade mais uma vez estará vinculada a capacidade de desenvolver hábitos e rotinas de estudo e pesquisa. Conhecer alguém especial também é possível através da internet.