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Page 2: Introdução à Sociologia  dmitri.fernandes@ufjf.edu.br

O 18 Brumário de Luís Bonaparte

• “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. (P. 335).

• “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos” (P. 335).

• Em novos momentos, homens tomam o passado para se guiar.

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Revoluções burguesas e proletárias

• As revoluções burguesas (...) avançam rapidamente de sucesso em sucesso; o êxtase é o estado permanente da sociedade; mas estas revoluções têm vida curta; logo atingem o auge, e uma longa modorra se apodera da sociedade (...). Por outro lado, as revoluções proletárias (...) se criticam constantemente a si próprias (...) até que se cria uma situação que torna impossível qualquer retrocesso (...). (P. 338).

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Uma análise política estrutural

• Marx tenta demonstrar como conquistas políticas e sociais podem terminar nas mãos de um personagem obtuso e incapaz por causa dos jogos políticos estabelecidos entre as classes e seus representantes.

• É uma análise conjuntural político-econômica exemplar, fruto da aplicação de sua teoria a uma realidade concreta.

• Marx discorda de interpretações que levam a sério a personalidade de Napoleão III, visto por ele como um mero aproveitador.

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Período de Fevereiro

• Período de fevereiro 24/02/1848 (queda de Luís Felipe) a 04/05/1848 (Instalação da Assembleia Constituinte).

• Jornadas de Fevereiro (agentes: oposição dinástica, burguesia republicana, pequena burguesia democrático-republicana e trabalhadores social democratas).

• Proletariado queria uma República Social. • Burguesia, pequena burguesia e camponeses se

agrupam para frear intenções de proletários.

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República Burguesa

• Segundo período: 04/05/1848 a maio de 1849.• L. Bonaparte é eleito presidente em 10/12/1948.• Fundação da República Burguesa. Tentativa do proletariado

de derrubar esse regime (insurreição de junho) foi infrutífera. Proletariado passa para o pano de fundo.

• Revolução, iniciada e levada a cabo pelos proletários, terminou nas mãos da burguesia republicana.

• Período constitucional congregou do mesmo lado a aristocracia financeira, burguesia industrial, classe média, pequena burguesia, lumpesinato, exército, intelectuais, clero e população rural. Todos clamando pela “propriedade, família, religião e ordem”. P. 340.

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Crítica ao papel dos proletários

• “Sempre que uma das camadas sociais superiores entra em efervescência revolucionária, o proletariado alia-se a ela e, consequentemente, participa de todas as derrotas sofridas pelos diversos partidos (...)”. P. 341.

• Tenta buscar a redenção independentemente da sociedade e das forças sociais, fracassando sempre.

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Crítica à República Burguesa

• “República burguesa significava o despotismo ilimitado de uma classe sobre as outras”.

• “a república significava geralmente a forma política da revolução da sociedade burguesa, e não sua forma conservadora de vida”. P. 341.

• Marx chama atenção aqui para as contradições da instauração de uma forma de governo que não condizia com a estrutura de classes daquela sociedade. Espécie de ideia fora de lugar.

• Trata-se de imposição do poder e do interesse de um círculo cada vez mais exclusivo sobre a totalidade da sociedade.

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Fracasso da burguesia republicana

• Não possuíam interesses conjuntos de produção, apenas se uniam por meio das ideias republicanas (contra aristocracia financeira e comunismo).

• Pondo-se como maioria na assembleia, enxotam socialistas, pequenos burgueses e democratas.

• Fetichismo da constituição, do papel.• Constituição pode retirar o presidente de seu posto. Este

último, só pode dissolver assembleia suprimindo a constituição - traça a morte dela própria.

• Poder efetivo está com o presidente (rel. direta com o povo), ao passo que poder metafísico ou “moral” está com a assembleia.

• Descontentamento vai crescendo em todas as outras classes.

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Ocaso da República

• 20/12/1848 a maio de 1849 (dissolução da assembleia constituinte).

• Constituição foi feita sob estado de sítio, com baionetas armadas contra o povo. Foram brutais na insurreição de junho.

• Descontentamento entre a alta burguesia, camponeses, proletários, exército e pequenos burgueses mina poder da assembleia dominada pelos republicanos burgueses.

• Alta burguesia era realista (orleanista e legitimista), travestida na assembleia.

• “Aqui, na república burguesa, que não ostentava nem o nome de Bourbon nem o nome de Orleans, e sim o nome de Capital, haviam encontrado a forma de governo na qual podiam governar conjuntamente”. P. 348.

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Deliberação?

• Poder executivo (Bonaparte + Partido da Ordem + Exército) acabam com a assembleia.

• Desculpas eram de que Assembleia impedia a atuação do novo governo e de leis orgânicas, como as que versavam sobre o ensino e o poder do executivo.

• Partido da Ordem ajudou a destituir o poder da assembleia. Depois foi destituído por Napoleão.

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República constitucional ou Parlamentar

• 28/05/1849 - Reúne-se assembleia nacional• 02/12/1851 – Assembleia nacional é dissolvida• Tal República é a combinação entre as duas

monarquias.• História pregressa de traições: Partido Proletário

pelo Partido Burguês Democrático, este pelo Republicano Burguês, este pelo Partido da Ordem, este pelo Exército.

• Marx denomina tal processo político como revolução em linha descendente.

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Composição da Assembleia

• Partido da Ordem (latifúndio, grande burguesia industrial e financeira), Republicano (minoria, classe média, pequena burguesia), Montanha (social democracia, proletariado, pequena burguesia).

• Aparência superficial de disputas no parlamento dissimulam a luta de classes que está por trás de todos os interesses.

• República possibilita o enfrentamento direto entre as classes, sem a mediação da monarquia.

• Instituições democrático-republicanas tencionam harmonizar o impossível – capital com o trabalho.

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Pequena burguesia• Sua mentalidade não ultrapassa limites de sua vida pequeno

burguesa. Trata-se de classe de transição, que imagina estar acima dos interesses de classe.

• Transformações demandadas devem ser dentro dos limites de suas propriedades. Interesses desinteressados e potência impotente.

• Sua força estava na assembleia, enquanto a dos proletários nas ruas.

• Queriam impeachment de Bonaparte, não conseguiram e foram derrotados pelo exército.

• Apelam às armas no parlamento e se portam como parlamentares nas ruas.

• Foram expulsos da Assembleia pelo PO. Derrota foi abocanhada por Bonaparte.

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Manobras de Bonaparte

• Aproveita-se do PO para destruir assembleia, declarando-se independente deste logo em seguida.

• Mantém ramificações de contato direto com a sociedade civil por meio da burocracia de Estado.

• Regime parlamentar, por fim, ao acusar qualquer mudança como “socialista”, abre caminho para ser considerada “socialista” e ser defenestrada, pois vive dos debates e de pequenos golpes.

• Não representava mais maiorias a partir do instante em que expurgou e prendeu parte dos deputados oposicionistas.

• Burguesia, por fim, abre mão do poder político para usufruir da posição de classe.

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Erros políticos crassos• Eleições suplementares elegem maioria social democrata.• Napoleão se amedronta mas ninguém tira proveito disso.

Nem o PO.• PO acaba inconstitucionalmente com o sufrágio universal em

nome da “ordem”. 31/05/1850 - Golpe de Estado da burguesia.

• Proletários esquecem de interesse de classe em prol de bem-estar momentâneo.

• Provam que derrota de junho os colocou fora de combate por anos e que processo histórico passou por cima da cabeça deles.

• Pequena burguesia contentava-se em acreditar que golpe não era golpe.

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Situação de conflito

• Luta entre os dois poderes se torna visível, pois Napoleão sempre tencionou dar um golpe de Estado e viu um momento propício, forjado pela própria assembleia.

• Napoleão começa a se colocar ao lado da ordem, e o PO é posto ao lado da desordem.

• PO tinha medo de instigar revolução de fato.• Ao tentar abolir a luta de classes, com o fim do

sufrágio, burguesia deu um tiro no pé, pois se tornou refém de figura caricata.

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Fatores conjunturais

• PO perde em pouco tempo o apoio do exército, os ministérios, o povo e a opinião pública.

• Burguês comum está sempre pronto a sacrificar interesse geral de sua classe pelo individual, dentro do egoísmo vulgar que lhe caracteriza.

• Deputados bandeiam para o lado de Napoleão.• Orleanistas e legitimistas se unem em desespero ao

compreenderem tardiamente a situação.• Napoleão, percebendo a perda de força da assembleia, nomeia

desconhecidos para ministérios, concentrando poder em si.• Há a questão da revisão constitucional para a reeleição de

Napoleão.

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O Golpe

• Maioria parlamentar simples, mas não ¾, apoia reeleição, aumentando poder de Napoleão.

• Parlamento era favorável a ele, porém constituição, não. Saída: rasgar a constituição.

• Derrocada econômica auxilia o golpe de Estado.• Ruptura da burguesia comercial, dos legitimistas, da

aristocracia financeira e da burguesia industrial com seus representantes, que os acusavam de desordeiros e responsáveis pela situação caótica na economia (1851).

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Fim da linha

• Burguesia quis se livrar do governo, pondo-o em uma mão forte para poder cuidar de seus negócios.

• “Antes um fim com terror do que um terror sem fim”.

• Napoleão apoia sufrágio universal, parlamento não; Napoleão apela ao povo e usa o exército para enjaular representantes da assembleia. Estava consumado o golpe.

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Explicações de Marx• Máquina estatal é aperfeiçoada aos poucos, é

centralizada a cada revolução.• Poder se autonomiza da sociedade a ponto de uma

única figura poder se apossar dele.• Havia apoio de camponeses a Napoleão, a massa do

povo francês. Eram “saco de batatas”, não uma classe. • Alguém (Executivo) tem que os representar ou

proteger, pois não conformam um interesse mútuo capaz de ser representado.

• Napoleão, por fim, surge como benfeitor universal de todas as classes. Instaura uma anarquia em nome da ordem.