introduÇÃo À partilha e ao consumo colaborativo · o ciclo de vida do produto, portanto, pode...

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

GUIA:

INTRODUÇÃO À PARTILHA

E AO CONSUMO COLABORATIVO

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

YOUTH EUROPE SERVICE (ITÁLIA)

AIDLEARN, CONSULTORIA EM RECURSOS HUMANOS LDA. (PORTUGAL)

EURO-IDEA FUNDACJA SPOLECZNO-KULTURALNA (POLÓNIA)

KIRSEHIR VALILIGI (TURQUIA)

AGENCIA PARA EL EMPLEO DE MADRID (ESPANHA)

UNIVERSITA DEGLI STUDI DI BARI ALDO MORO (ITÁLIA)

INOVA CONSULTANCY LTD. (REINO UNIDO)

O Creative Urban Sharing in Europe é um projeto internacional de dois anos iniciado em

2015. Este projeto é financiado pela Comissão Europeia.

Informações adicionais sobre o projeto estão disponíveis em: www.creatuse.eu

O consórcio do projeto é composto por uma mistura de parceiros provenientes de diferentes

países, complementaridade de perfis e competências: associação, fundação, fornecedores

de formação profissional privados, Governo Regional, Município, Universidade.

PROJETO

PARCEIROS DO PROJETO

GUIA

GUIA: INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO é um guia interativo sobre a

ascensão das forças globais que estão a transformar o consumismo e o mundo.

4 capítulos: Um mundo em mudança, Partilhar, Consumo colaborativo, Empreendedorismo

na partilha, estudos de caso integrados com Multimedia e links para grandes seções Web

para as necessidades de análise em profundidade.

O guia é para qualquer tipo de utilizadores: escolas, instituições de ensino superior,

municípios e outras administrações públicas, comissão de cidadãos, comunidades e todos

os interessados em adoptar estilos de vida mais sustentáveis.

Este guia está disponível em Inglês, Espanhol, Italiano, Português, Turco e Polaco.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

Abordagem metodológica e didática: UNIVERSITA DEGLI STUDI DI BARI ALDO MORO,

Revisão de Conteúdo: AIDLEARN, CONSULTORIA EM RECURSOS HUMANOS LDA.,

UNIVERSITA’ DEGLI STUDI DI BARI ALDO MORO, YOUTH EUROPE SERVICE

Revisão de Inglês : INOVA CONSULTANCY LTD.,

Revisão: UNIVERSITA’ DEGLI STUDI DI BARI ALDO MORO, AIDLEARN, CONSULTORIA EM

RECURSOS HUMANOS LDA., INOVA CONSULTANCY LTD., EURO-IDEA FUNDACJA

SPOLECZNO-KULTURALNA,

Design gráfico: EURO-IDEA FUNDACJA SPOLECZNO-KULTURALNA

Design da capa: YOUTH EUROPE SERVICE

Introdução metodológica: UNIVERSITA DEGLI STUDI DI BARI ALDO MORO

Capítulo 1: YOUTH EUROPE SERVICE, KIRSEHIR VALILIGI

Capítulo 2: UNIVERSITA DEGLI STUDI DI BARI ALDO MORO , AGENCIA PARA EL EMPLEO DE

MADRID

Capítulo 3: EURO-IDEA FUNDACJA SPOLECZNO-KULTURALNA, AGENCIA PARA EL EMPLEO DE

MADRID

Capítulo 4: INOVA CONSULTANCY LTD., AIDLEARN, CONSULTORIA EM RECURSOS HUMANOS

LDA.

AUTORES

RESPONSABILIDADE

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

INTRODUÇA O METODOLO GICA 5

CAPI TULO 1 – UM MUNDO EM MUDANÇA 8

CRISE GLOBAL, CONSUMISMO E VISA O VERDE 9

A NECESSIDADE DE REDESCOBRIR OS ESPAÇOS PU BLICOS 10

O PAPEL DAS CIDADES 12

O PAPEL DAS NOVAS TECNOLOGIAS 13

CAPI TULO 2 - PARTILHAR 14

A ECONOMIA DE PARTILHA: UMA DEFINIÇA O 14

MODELOS E PERSPETIVAS DA ECONOMIA DE PARTILHA (EP) 18

A EXPANSA O DO FENO MENO: ALGUMAS EXPLICAÇO ES 23

OPORTUNIDADES ASSOCIADAS COM A ECONOMIA DE PARTILHA 26

ALGUMAS QUESTO ES CRI TICAS 27

DESAFIOS 29

CAPI TULO 3 – CONSUMO COLABORATIVO 30

PORQUE O CONSUMO COLABORATIVO (CC) 30

DEFINIÇA O E MODELOS 32

PRINCI PIOS DO CONSUMO COLABORATIVO (CC) 37

CAPI TULO 4 – EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA

E CONSUMO COLABORATIVO 39

AIRBNB 41

EMPREENDEDORISMO NA ECONOMIA DA PARTILHA 47

BIBLIOGRAFIA 59

CONTEU DO

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

INTRODUÇA O

METODOLO GICA

E conomia de pares, economia de multi-

dão, economia de acesso, a economia

gig, são uma série de expressões que são agora

bastante comuns na gíria pública. Tentam cap-

tar o mesmo fenómeno que uma etiqueta mais

inclusiva como a economia de partilha ou, de

forma mais eficaz, a economia de colaboração.

Apesar da variedade terminológica e inconsis-

tência, a economia colaborativa refere-se a um

modelo peer-to-peer de relacionamento, no qual

as pessoas podem trocar bens, serviços, conhe-

cimentos e outros recursos através do uso de

uma plataforma digital ou física. Portanto, deno-

ta uma coleção extensa e variada de práticas e

modelos que utilizam tecnologias digitais para

facilitar a colaboração entre pares e maximizar

o uso de recursos latentes: as relações de peer-

to-peer e a dimensão tecnológica são, portanto,

as características básicas da economia colabo-

rativa.

Ao mesmo tempo, na economia colaborativa,

emerge com força o conceito de prosumidor:

cada pessoa pode ser tanto o fornecedor/

produtor como o utilizador de um bem ou servi-

ço.

A abordagem envolvida na economia colaborati-

va tem também múltiplas partes interessadas,

na qual um número de diferentes atores estão

envolvidos: desde indivíduos a organizações pú-

blicas e privadas até instituições de autoridade.

Reflexões sobre o surgimento deste fenómeno

geralmente sugerem um duplo conjunto de ra-

zões.

E m primeiro lugar, e em muitos casos, o

principal motor de práticas e experiên-

cias colaborativas é a busca de uma maior efici-

ência na utilização dos recursos. O modelo de

plataformas de negócios, que utilizam a tecnolo-

gia para desenvolver novos mercados, articula-

se mediante a mobilização de recursos generali-

zados e ativismo social, tende a valorizar e re-

produzir as características essenciais do modelo

de desenvolvimento capitalista. Noutros casos,

e em segundo lugar, as experiências emergen-

tes da economia colaborativa têm uma perspeti-

va de baixo para cima e usam tecnologias digi-

tais para promover dinâmicas colaborativas com

base na solidariedade mútua.

INTRODUÇÃO METODOLÓGICA

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

No entanto, numa perspetiva mais sistémica e

radical, tais experiências parecem questionar o

paradigma neo-liberal e sugerir que formas al-

ternativas de economia são possíveis, mais cen-

tradas nas pessoas, na sustentabilidade e no

valor da partilha de recursos. Os caminhos e os

modelos que caracterizam a economia colabora-

tiva nem todos são, portanto, o mesmo e, como

indicado, pode-se encontrar uma variedade de

drives e motivações para se envolver nesse no-

vo fenómeno.

T ais experiências, projetos, iniciativas,

já estão bastante difundidos na

Europa, especialmente em áreas urbanas. A

pesquisa preliminar realizada pelo grupo de

pesquisa CreatUse teve o objetivo de identificar

e mapear as atuais melhores práticas que

surgiram no tecido sócio-económico do velho

continente com a crença de que podem ser

replicadas em outros contextos da UE. Esta

seleção foi baseada numa série de aspetos

relevantes: por exemplo, a orientação social das

exper iênc ias , a sua equ idade e

sustentabilidade, a sua replicabilidade e ser

ecologicamente correto.

INTRODUÇÃO METODOLÓGICA

.

M etodologicamente, este projeto

visa distinguir e separar as

experiências de tipo capitalista daqueles que

têm uma natureza mais social. Apesar de não

negar a relevância social e económica das

experiências de tipo capitalista, privilegia as

experiências e práticas que são sintomáticas de

uma mudança mais profunda na maneira em

que a produção económica e de troca são

pensadas e executadas. Destina -se

especialmente a enfatizar o valor e as

dimensões culturais que orientam a

necessidade de colaborar, de partilhar recursos

e risco do negócio, e, finalmente, para gerar

novas formas de integração entre a economia e

a sociedade.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

...

A METHODOLOGICAL

INTRODUCTION

A economia de partilha enfrenta

também desafios importantes: desde

o equilíbrio a ser encontrado entre as

experiências de mercado e experiências

verdadeiramente sem fins lucrativos e peer-to-

peer, até às tentativas de evitar novas

desigualdades e exclusão sócio-económica; do

impulso inovador para arranjos de organização

de negócios e lógicas para a sua co-existência,

até ao intercâmbio com organizações

existentes; da capacidade de construir novas

comunidades e novas formas de

relacionamento, até aos riscos ligados à

formação de possíveis comunidades

transnacionais.

O GUIA está organizado em quatro capítulos.

O Capítulo 1 irá introduzir o contexto sócio-

económico geral em que a economia de partilha

se está a desenvolver na Europa e, mais geral,

no mundo ocidental. Os Capítulos dois e três

vão analisar, respetivamente, a economia de

partilha e o consumo colaborativo. Finalmente,

o capítulo quatro irá considerar uma série de

estudos de caso sobre iniciativas empresariais

inspirados na economia de partilha e consumo

colaborativo.

INTRODUÇÃO METODOLÓGICA

É evidente que um ingrediente importante para

tais experiências terem sucesso é a criatividade.

Definida como a capacidade do indivíduo de se

envolver num processamento cognitivo para

compreender e resolver situações problemáticas,

onde um método de solução não é

imediatamente óbvio, a criatividade também

pode tornar-se uma ferramenta coletiva para

pesquisar e apoiar modos de vida alternativos, de

envolvimento público, de relações sociais mais

próximas, bem como atividades alternativas de

emprego, tais como empresas sociais.

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UM MUNDO EM

MUDANÇA

CAPI TULO 1

CAPÍTULO 1 - UM MUNDO EM MUDANÇA

O mundo está a passar por mudanças

profundas na sequência da recente

crise económica e financeira global,

mas também como o efeito de dinâmicas de

longo prazo, tais como as alterações climáticas

e o desenvolvimento das TIC (tecnologias de

informação e comunicação).

E m v e z d e c o n s t a n t e m e n t e

questionarmos e desafiarmos as

nossas crenças e estilos de vida,

dispostos a pensar de forma diferente sobre as

oportunidades que se apresentam, tendemos a

retirar-nos para o que estamos acostumados.

Num mundo que está a mudar rapidamente, tal

é uma fórmula para a vulnerabilidade.

Num contexto de transformações significativas,

pode-se correr o risco de estar cada vez mais

fora de sintonia com um mundo que reflete

diferentes conjuntos de necessidades e fornece

diferentes conjuntos de oportunidades. A

capacidade de considerar muitas perspetivas

diferentes, de obter muitos pontos de vista

diferentes e continuamente desafiar a nossa

maneira de pensar, bem como a capacidade de

chegar a novas ideias, novas abordagens, é

suscetível de ajudar-nos a tornarmo-nos mais

eficazes no ambiente em rápida mutação.

Por outras palavras, encontrar maneiras de se

ligar e participar no que chamamos de fluxos de

conhecimento, pode ajudar-nos a participar

nesse mundo com sucesso.

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CAPÍTULO 1 - UM MUNDO EM MUDANÇA

CRISE GLOBAL, CONSUMISMO E VISA O VERDE

H i p e r C o n s u m i s m o , h i p e r -

consumismo, hiperconsumo ou

hiper-consumo referem-se ao

consumo de bens para fins não-funcionais (8) e à

pressão significativa associada a consumir

esses produtos exercida pela sociedade

moderna, capitalista, como se os bens

formassem a identidade de alguém (9). Frenchy

Lunning define-o concisamente como "um

consumismo por uma questão de consumir."

Outra característica do hiper consumismo é a

sua constante busca de novidade: encoraja os

consumidores a comprar novos objetos e a

descartar os antigos. O ciclo de vida do produto,

portanto, pode ser muito curto, por vezes

medido em semanas. Além disso, o folclore

comum no Ocidente tem sido de que a forma

mais barata para substituir muitos aparelhos é

deitar fora os antigos fora e comprar novos. A

"Obsolescência planeada" implica que os

produtos são projetados com a expectativa de

que vão ter uma vida curta e ser substituídos,

tem governado.

C omo pre v i s to , o s rece nte s

desenvolvimentos—i.e. a crise global -

levou uma grande parte da

população a repensar sobre os resíduos, a

utilização de bens, a refletir sobre os benefícios

ambientais, a prestar atenção aos mercados e

produtores locais, a sustentar formas de

produção com o objetivo de produzir e co-

produzir bens para sentir-se parte de uma

comunidade onde as pessoas são cidadãos

ativos.

A recente crise global tem contribuído para mudar a paisagem económica, bem como a perceção

cultural do consumismo.

Como afirmado por Rachel Botsman (1), temos ignorado por muito tempo as consequências negativas

do consumismo moderno e, nos últimos cinquenta anos, temos consumido mais bens e serviços do

que em todas as gerações anteriores juntas. A pressão para a aquisição interminável de mais coisas,

em quantidades cada vez maiores, é chamado hiper-consumo. A circulação, compra, venda,

apropriação de bens e sinais / objetos diferenciados hoje constituem uma linguagem universal, uma

espécie de código através do qual toda a sociedade se comunica e conversa. Essa é a estrutura do

consumo, a sua linguagem, por comparação com o qual as necessidades e prazeres individuais são

meramente efeitos do discurso (Malpas) (12)

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 1 - UM MUNDO EM MUDANÇA

A NECESSIDADE DE REDESCOBRIR OS ESPAÇOS PU BLICOS(5)

C om o tempo têm surgido uma série de

alternativas ao consumismo.

A posição de Decrescimento sugere que a

'sociedade de crescimento’ é um mito que não é

mais sustentável, pois é incompatível com os

limites da biosfera. A busca incansável para o

crescimento não só é indesejável do ponto de

vista ecológico, mas também injusta, pois

aumenta as desigualdades entre aqueles que

têm e aqueles que não têm (22) (23) (24)

O utros movimentos propuseram FIB

(Felicidade Interna Bruta) ou HPI

(Happy Planet Index - Índice Planeta

Feliz) para medir o sucesso económico em vez

de usar o PIB; o Propósito Humano (15) sugere

uma visão da sociedade do futuro em que vale a

pena o esforço e luta para construir; um

reconhecimento da importância da família, da

comunidade e das relações sociais; uma

apreciação da importância do trabalho feito

num espírito de serviço; uma introdução às

ferramentas racionais da ciência e o valor do

conhecimento e artesanato; uma ligação com a

natureza, a beleza e as artes; e uma

compreensão das dimensões éticas, morais e

espirituais da vida que levam ao refinamento de

caráter.

N este contexto, uma perspetiva valiosa é

a dos espaços públicos. Na realidade,

significa "o que nós partilhamos", de

modo que os "espaços públicos" referem-se a

uma grande variedade de bens valiosos que

pertencem a todos uma vez que são muitas

vezes difíceis de delimitar. Além disso, o uso de

apropriadores individuais tem potencialmente o

efeito de reduzir os benefícios para aqueles que

querem aceder ao mesmo recurso (ver, entre

outros, Ostrom, 2006) (21).

Lisa Gansky observa (2) que há uma mudança fundamental na nossa relação com as coisas, com as

coisas nas nossas vidas, chamada "A Malha". Entre outras coisas, vetores significativos de mudança

são:

A recessão que nos incentivou a repensar sobre a nossa relação com os objetos que habitam as

nossas vidas, especificamente, alinhar o valor dos bens / serviços com o seu verdadeiro custo.

O crescimento da população e o aumento da densidade urbana implica mais pessoas e espaços

mais pequenos; é provável que possamos possuir menos coisas.

A mudança climática: há cada vez mais consciência do valor de preservar a sustentabilidade

ambiental do nosso planeta, especialmente com referência às gerações futuras. Com este

propósito, a mudança climática está a forçar o custo de fazer negócios, incluindo o fabrico e venda

de produtos descartáveis (2).

Juntamente com outras questões, tais como os custos de energia, a sustentabilidade ambiental do

nosso estilo de vida, as alterações climáticas e consumismo tornaram-se temas ‘quentes’ no debate

público: por razões diferentes, parece claro que os estilos de vida em curso não são mais sustentáveis.

Há uma crescente consciência sobre o impacto ambiental dos nossos hábitos de consumo.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 1 - UM MUNDO EM MUDANÇA

U m ponto de vista interessante é uma

sociedade com base em espaços

públicos: um modo de vida que

valoriza o que nós partilhamos tanto quanto o

que nós próprios possuímos - refere-se a uma

mudança nas políticas e valores para fora do

sistema baseado no mercado que tem

dominado a sociedade moderna nos passados

cem anos, com uma vingança particular nos

passados trinta anos. Uma sociedade baseada

em espaços públicos iria colocar tanta ênfase

na justiça social, participação democrática e

proteção ambiental como na competitividade

económica e propriedade privada. As soluções

baseadas no mercado seriam ferramentas

valiosas numa sociedade baseada nos espaços

públicos, desde que não prejudicassem o

funcionamento dos próprios bens comuns (5).

O que é interessante é o ponto de

vista provenientes dos espaços

públicos: uma forte necessidade de

remodelar a nossa visão após a pressão do

consumismo e essa é a base para os

fenómenos descritos mais adiante nos próximos

capítulos (partilha e consumo colaborativo).

E m tempos de escassez, de guerras,

catástrofes naturais e agitação

social, a história mostra que as

pessoas têm uma tendência a reunir os seus

recursos em conjunto para aumentar as

hipóteses de todos de sobrevivência em tais

circunstâncias adversas. Às vezes, este tipo de

partilha é meramente transitória; às vezes é o

início de mudança social duradoura (10).

De acordo com Walljesper, nós desfrutamos dos benefícios de muitas coisas que são

partilhadas em conjunto, em vez de propriedade privada essencial para a sociedade, porque são

o cerne das nossas vidas sociais - os locais onde nos ligamos como amigos, vizinhos e cidadãos.

Estes variam de ar limpo até à preservação da vida selvagem; do sistema judicial à Internet.

Alguns são concedidos pela natureza (isto é, recursos naturais), outros são o produto da

criatividade humana cooperativa. Certos elementos dos espaços públicos são inteiramente

novos – pense na Wikipedia. Outros têm séculos de idade de partilha por todos os seres

humanos e que aumenta de valor quando as pessoas utilizam as suas riquezas.

Mas este ciclo natural de partilha está agora sob ataque, uma vez que a economia de mercado

se torna o critério para medir o valor de tudo e mais pessoas se apoderam de partes dos bens

comuns como a sua própria propriedade privada.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 1 - UM MUNDO EM MUDANÇA

A s cidades são construídas para a

partilha. É o que faz as cidades

serem motores de prosperidade,

inovação e intercâmbio cultural. Isto é

especialmente verdade para as cidades que são

cidades bem ligadas: têm a capacidade única

de aumentar a produção per capita e inovação

enquanto usam drasticamente menos energia.

Por este motivo, as cidades podem ser a nossa

melhor esperança para alcançar a prosperidade

generalizada dentro dos limites naturais da

Terra.

E stamos à beira de uma mudança

monumental a ocorrer em cidades

em todo o mundo. A partir de

tecnologias inovadoras e modelos de negócios

com conceitos redefinidos de equidade e

segurança, a economia de partilha está a fazer

impacto nas cidades. Ao mesmo tempo, as

cidades fazem com que a economia de partilha

funcione e impulsionam a sua capacidade de

crescer em todo o mundo. Com mais de metade

da população mundial a viver em cidades –

números que se projeta que cresçam

vertiginosamente nos próximos anos – as

perspetivas parecem extremamente positivas

(13).

O PAPEL DAS CIDADES (7)

As cidades são onde nos reunimos, em

parte, para partilhar infra-estruturas

básicas, para socializar, para satisfazer o

nosso instinto humano de se reunir, para

fazer cultura juntos ...

Chris Carlsson, Shareable autor

ref.www.shareable.net

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 1 - UM MUNDO EM MUDANÇA

Q uando uma nova tecnologia surge, tem

de se integrar na sociedade de alguma

forma (3). Com efeito, a internet tornou

radicalmente mais fácil para as pessoas se

ligarem umas às outras e coordenar as suas

atividades (6). O que é novo é a perspetiva de

criar esse respeito mútuo entre grupos muito

maiores e mais amplamente dispersos; tais

grupos reúnem os seus esforços sem

compartilhar um local físico, e cujas criações

podem ser valiosas não apenas para os

participantes, mas para o resto do mundo

também (3). Tecnologias de ponta parecem

permitir um retorno aos comportamentos

antigos e tribais. Permitem deixar-nos viver

como estamos realmente destinados a viver, em

condições de 'mutualismo e de reciprocidade ",

condições que foram corrompidas pelo hiper-

consumismo da sociedade moderna (11).

O s próximos capítulos vão analisar

em maior detalhe alguns dos

conceitos introduzidos neste

capítulo, ou seja, a economia de partilha e o

consumo colaborativo.

.

O PAPEL DAS NOVAS TECNOLOGIAS

Como indicado por Clay Shirky (3): "No passado,

preenchemos o nosso tempo livre com as

ferramentas à nossa disposição. A televisão tornou-

se um tipo de trabalho a tempo parcial universal e

séries e novelas ‘sugaram’ o nosso excedente

cognitivo: o excesso coletivo de tempo, intelecto e

energia à nossa disposição. Hoje, a tecnologia

finalmente apanhou o potencial humano. Novas

ferramentas não permitem apenas que vamos

consumir, mas criar e partilhar. "

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

A referência é, precisamente, à

Economia de Partilha (EP) ou para

outros sinónimos como "consumo

colaborativo", "economia peer-to-peer",

"produção entre pares em espaços públicos",

"economia de aluguer', 'economia ao pedido'.

Cada um deles refere-se a práticas, modelos,

orientações que podem ser bastante diferentes;

é por esta razão que um debate científico

animado surgiu sobre o tema.

PARTILHA

CAPI TULO 2

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

A economia de partilha: apresentar uma definiça o

D esde os anos 90, o desenvolvimento

das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC) e a disseminação

de Protocolos da Internet (IP) produziu um novo

fenómeno que, como nicho no campo

tecnológico, logo se espalhou para outros

setores da economia e da sociedade, levando

ao surgimento de um novo modelo económico e

social.

C omo o escritor do New York Times

Thomas Friedman afirma: "estamos a

viver o início de uma nova era

chamado A Idade da Economia Colaborativa ou

Economia de Partilha" (26).

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

A diferente combinação desses três

fatores produz uma gama de

atividades cujo valor e efeitos têm

um impacto diferente sobre os padrões de

produção e consumo, na inovação social e nas

relações sociais.

A EP implica uma maior eficiência dos

recursos que envolve uma gestão

diferente de ativos físicos (tais como

transporte, bicicletas, carros, até barcos e

caminhões, mas também roupas, acessórios,

telefones, etc.), bem como de produtos (ou seja,

livros, filmes, músicas, shows), de espaços

(casas e locais de trabalho), de competências,

ideias e dinheiro. Mesmo a gestão de tempo

muda, uma vez que podem desenvolver-se de

forma síncrona (ou seja, eu partilho o meu lugar

com outra pessoa), ou podem ser retardados

(saio de casa temporariamente para outra

pessoa).

Apesar da existência de diferentes nuances, a literatura tem, no entanto, convergido para uma série

de fatores-chave comuns:

(a) a presença de uma plataforma tecnológica onde as relações digitais têm lugar;

(b) a colaboração como uma dinâmica relacional entre os indivíduos que iniciam um caminho com

base na partilha dos bens e serviços; e, de preferência,

(c) relações horizontais, que é peer to peer, entre pares.

A lém da dinâmica económica, a EP

destaca a relevância das relações

sociais na vida económica. Graças às

plataformas digitais, as dimensões sociais de

partilha e colaboração, que pareciam

caracterizar as sociedades pré-industriais ou

segmentos sociais marginais e comunidades

pobres, estão de volta ao palco e, numa

sociedade de mercado, estão a assumir um

papel decisivo.

P ara um conhecimento mais profundo

consulte Juliet Schor. A partilha

ocorreu no contexto de "ligações de

vizinhança"; na sociedade de hoje, a partilha

ocorre e pode ocorrer também entre os "de

fora", isto é entre os indivíduos não

necessariamente ligados por comunidade ou

laços familiares.

JULIET SCHOR http://www.greattransition.org/publication/debating-the-sharing-economy

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

E s t e m o d e l o e s p a l h o u - s e

gradualmente, ganhando ainda mais

terreno na economia de mercado e

da sociedade civil: uma ampla gama de

exemplos pode ser citada: a oferta de habitação

(Airbnb), de transporte urbano (Uber, Lyft) e

suburbano (Blablacar) até envolver o mundo do

trabalho (TaskRabbit, Handy), logística

(Instacart, Postmates), o setor bancário e

instituição de crédito com empréstimos sociais

(Zopa, Prosper), crowdfunding (Kickstarter,

Indiegogo), educação (MOOC) e o lançamento

de moedas complementares (Bitcoin, Faircoin),

bancos de tempo, rua social; esta lista não deve

ser considerada exaustiva.

A EP "moderna" encontra as suas

raízes nos Estados Unidos, mas logo

se espalhou por todo o mundo,

Como previsto, o fenómeno foi inicialmente observado no campo da produção de

software, especialmente com referência a movimentos de ‘fonte aberta’: trata-se de

programas de software produzidos por comunidades de programadores e utilizadores

avançados e disponibilizados gratuitamente. De acordo com Rodolfo Carpintier,

presidente da Digital Assets Development "Nesta nova era movemo-nos de um

mundo em que tudo é deixado para um outro em que a maioria das vezes as pessoas

não podem desfrutar o que este mundo oferece, a menos que as coisas possam ser

partilhadas. Aqueles que não podem tê-lo só precisam ficar contentes de o

experimentar ".

Esta abordagem torna este movimento imparável.

particularmente em áreas metropolitanas; estas

últimas representam as arenas mais adequadas

para o crescimento das práticas de partilha

devido à sua densidade e à presença de

estrutura de tecnologia. Por exemplo, a empresa

de consultoria PwC estima que a economia de

partilha hoje gera um valor de 15 bilhões de

dólares, em comparação com 240 bilhões de

dólares provenientes da economia tradicional

nos mesmos sectores; também prevê que, em

2025, esse montante vai chegar a 335 bilhões

de dólares, o equivalente a 50% do valor total.

No entanto, algumas questões críticas, sobre a

sua capacidade para criar coesão social e

relações sociais estáveis e duradouras também

surgem, e serão tratadas no final do presente

documento (ver relatório da PWC sobre "A

economia de partilha") (16).

RELATO RIO PWC

“A economia de partilha”

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17

GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

No seu livro mais recente (27), Paul Mason sugere que a Economia Colaborativa pode ser uma

nova forma de economia pós-capitalista. A chave é saber como implementá-la, assegurá-la e

depois espalhá-la. A teoria de Mason descreve o capitalismo atual como um organismo vivo,

que se adapta ao ambiente; tem períodos e ciclos de vida e tem uma tendência a ficar com

instinto de sobrevivência, promovendo a mudança tecnológica. Mason levanta uma questão

interessante, que é a forma de avaliar a interação da evolução tecnológica e do modelo

económico capitalista e as suas consequências para a sociedade de hoje (veja seu artigo "O

fim do capitalismo começou", mas também

Juliet Schor em "Debate sobre Economia de

Partilha")

A EP surge num contexto em que, se-

gundo a OCDE as perspetivas para o

capitalismo são de fraco crescimento,

indicadores de desigualdade em torno de 40%,

e para 2060, o dinamismo atual pode ser inter-

rompido.

E m 2008, bilhões de dólares de din-

heiro novo fluiram para manter todo

o sistema em movimento. A crise

económica, que começou naquele ano, levou

também a uma crise social. Para enfrentar a

crise global dois cenários possíveis são pro-

váveis: Em primeiro lugar, as pessoas têm de

suportar o custo da crise e enfrentar a estag-

nação económica. Em segundo lugar, as pes-

soas quebram o consenso e decidem pagar o

preço da austeridade ou não. Nesta perspetiva

uma nova forma de economia parece emergir

com base na colaboração ou no bem comum;

propõe um modelo económico alternativo.

A EP surgiu como uma nova subcultura

de negócios e empresas que têm

crescido ao longo dos últimos 10

anos, como resultado da crise de estruturas so-

cioeconómicas atuais e as contradições do

sistema económico atual.

M uitos estudos mostram que a EP

tem o potencial de beneficiar a

sociedade, através da redução da

pegada ambiental, promovendo o acesso a no-

vos serviços e produtos, e facilitar uma dis-

tribuição mais equitativa da riqueza. Da mesma

forma, a EP promove os valores sociais positivos

de intercâmbio e colaboração, através da ino-

vação e da tecnologia.

DEBATER A ECONOMIA DE PARTILHA

“O fim do capitalismo começou”

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

C onsumo:

a experiência de "partilha" é

entendida como a partilha de um

bem ou serviço (ex. a partilha de carro), como

uma troca (troca de bens ou serviços versus

bens ou serviços, ex. de tempo ou livros), como

o comércio, alugar, dar ou trocar itens usados.

Diferentemente da troca tradicional, a EP utiliza

f e r r a me n t a s d e

internet e sugere uma

abordagem cultural

d i f e r e n t e a o

consumo;

C onhecimento:

os profissionais ou pessoas comuns

tornam disponível para todos os

procedimentos e produção de conhecimento de

modo que se tornem comuns e acessíveis (ex.

Mooc, Wikipedia, cursos on-line, conferências);

P rodução:

a partilha de competências e recursos

são orientadas para a inovação para

fins de produção (ex. fábrica aberta Fablab,

coworking);

Modelos e perspetivas sobre a Economia de Partilha (EP)

Economia de Partilha (EP)

Para compreender melhor o fenómeno sob

investigação, é útil indicar primeiro as áreas do

seu desenvolvimento.

Práticas e processos relativos à EP estão a

ocorrer nos seguintes campos:

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

F inanças: variando desde instrumentos financeiros até moedas

alternativas, a dimensão de partilha no setor financeiro permite o

aumento do capital necessário para o desenvolvimento de novas

ideias e, por outro lado, permite que os patrocinadores escolham

os destinatários do empréstimo propriamente dito (crowdfunding,

empréstimos sociais etc.);

G overno:

neste campo, a partilha e

mecanismos participativos ajudam a

criar, desenvolver e reforçar as relações entre

particulares ou entre os cidadãos e as

administrações públicas.

No que se refere a novas organizações, a

existência de uma plataforma tecnológica

redesenha os processos organizacionais e a

cadeia de valor, e põe em causa os limites entre

trabalho e lazer, entre trabalho remunerado e

voluntário, entre profissionalismo e prática

recreativa.

Segundo Schor e Fitzmaurice (28) pode-se

identificar quatro grandes categorias em que se

inserem as atividades de partilha:

R ecirculação de bens,

a reutilização era inicialmente uma

experiência limitada aos bens de

pouco valor; mais tarde tornou-se um novo estilo

de vida;

T roca de serviços,

refere-se à troca de bens ou serviços:

uma das primeiras experiências nesta

perspetiva foram os "bancos de horas",

atividades sem fins lucrativos que envolvem

uma troca de tempo entre indivíduos com base

num valor igual.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

A umento da utilização de ativos duráveis, refere-se ao fato de que, nas

economias ricas, a compra de bens duráveis (e serviços) nem sempre é

plenamente explorada, mas apenas parcialmente. O exemplo clássico diz respeito ao

carro que durante longos períodos de tempo se encontra estacionado, mas tendências

semelhantes têm também lugar no âmbito de propriedades públicas.

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

P artilha de bens produtivos, refere-se à

partilha de espaços ou recursos de

produção; portanto, diz respeito à

produção e não ao consumo. Exemplos desta

categoria são escritórios comuns, espaços de co

-working, etc.

Segundo os autores, o princípio da qualificação

de EP é a sua intencionalidade política,

claramente direcionada para a criação de uma

alternativa à economia de mercado.

S e , a pa r t i r d e pe r spe t i v a s

economicistas e sociológicas, a

tecnologia desempenha um papel

fundamental, é porque é a base necessária para

a ativação dos modelos de partilha. A

plataforma, ou seja, o site ou o aplicação móvel,

elimina a distância geográfica, mas não

necessariamente o social, como se verá mais

adiante, e garante as questões de confiança,

credibilidade e reputação.

N a plataforma, esquemas de

cooperação realizam-se através da

redução dos custos de transação.

Este é um elemento importante da EP: a ligação

entre os indivíduos muitas vezes ocorre sem a

presença de qualquer outra forma de mediação

(tanto que se fala sobre a desintermediação);

oferta e procura unem-se diretamente, e se

houver mediação é com o objetivo da partilha.

Tais estruturas de colaboração tornaram-se

conhecidas como:

Peer-to-peer (entre pares), onde a relação se

dá num terreno de igualdade absoluta

(simetria) de papéis e sem intermediação;

business-to-peer e peer-to-business: quando

há um intermediário que fornece serviços

que são usados por pessoas, e que depois

as partilham.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

D e acordo com Smorto (29), o

verdadeiro aspeto de qualificação da

EP é a ausência de intermediação

profissional. O impacto inovador da EP está em

"as novas possibilidades para os participantes

do mercado não profissional para atuar como

um ator económico. Se houver uma mediação, a

relação económica iria cair em algo já existente

".

N o entanto, é evidente que há um

continuum entre os lucros / sem fins

lucrativos, a partir de experiências de

voluntários (ou seja, bancos de tempo, ruas

sociais) em que não há troca monetária (ex.

Shareyourmeal) até aos modelos tradicionais de

mercado de lucro (Airbnb, Uber) e passando por

alguns casos híbridos (Blablacar). Acontece

também que experiências sem custo modificam

a sua natureza através da introdução de custos

de transação. .

E + P = E P

E C O N O M I A

D E P A R T I L H A

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

O primeiro quadrante do lado superior

esquerdo refere-se a experiências

(ex., bancos de tempo) em que a

plataforma favorece o encontro entre iguais que

trocam o seu tempo de acordo com um princípio

da equivalência.

A alternativa é aquela em que a troca ocorre

entre os pares, mas têm como fim o lucro (ou

seja, aqueles que procuram habitação e aqueles

que querem alugar um quarto privativo).

A outra configuração 'business-to-peer

- sem fins lucrativos' refere-se a

"makerspaces" que são partilha dos

espaços com máquinas e ferramentas,

semelhante a laboratórios, cujo ambiente vai

gerar conhecimento e redes de colaboração.

B2P inclui os casos em que uma empresa

possui alguns recursos e os coloca no mercado

para serem otimizados por outras empresas.

Peer to peer - entre pares Business to peer (B2P)

Sem fins

lucrativos

Partilha P2P sem fins lucrativos

ex. Troca de comida, bancos de

tempo

Partilha B2P sem fins lucrativos

ex. Makerspaces

Com fins

lucrativos

Partilha P2P com fins lucrativos

ex. Relay rides, Airbnb, Uber

Partilha B2P com fins lucrativos

i.e. Zipcar

U m aspeto interessante da EP é que não liga apenas os indivíduos, mas cada vez mais

envolve atores coletivos (grupos). É importante salientar que a economia colaborativa,

tanto na sua forma de mercado ou de comunidade, não tem resultados universais: os

custos e motivações estão ligadas a fatores culturais e valores que influenciam a sua propagação e o

desejo de experimentar novas áreas de negócio.

Schor e Fitzmaurice (28) propõem um esquema de atividades de partilha de acordo com a orientação

de mercado e da estrutura organizacional (tabela 1).

A partir do cruzamento das duas variáveis, quatro quadrantes surgem:

Peer to peer (P2P) Business to peer (B2P)

Sem-lucro P2P Partilha sem-lucro

i.e. Troca de comida, bancos de

tempo

B2P Partilha sem-lucro

i.e. Partilha de espaço

Com-lucro P2P Partilha com lucro

i.e. Relay rides, Airbnb, Uber

B2P Partilha com lucro

i.e. Zipcar

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

A transição de um modelo de compra e

posse de bens / serviços para a sua

partilha e troca foi antes de tudo

justificada como uma mudança decorrente da

crise económica; portanto, tratada como uma

mudança global e sistémica. Isto é certamente

verdade, mas apenas parcialmente.

Alguns estudos mostram que as práticas de

partilha são utilizadas por diferentes categorias

de pessoas que não são necessariamente

atingidas por dificuldades económicas: por

exemplo, o novo modelo é particularmente

difundido entre os jovens, que são os principais

utilizadores e programadores de infraestruturas

tecnológicas, que são cruciais para as práticas

de partilha.

A economia de partilha destina-se a mudar o

mundo através de um novo tipo de consumo: o

modelo colaborativo. Estamos no início de uma

revolução abraçando novas tecnologias, com

um potencial estimado de mais de 100.000

milhões de dólares embora hoje em dia

representa apenas 30.000 milhões.

A expansa o do feno meno: algumas explicaço es

A partir da evidência da rápida

propagação deste fenómeno, esta

seção tem como objetivo lançar luz

sobre a variedade de fatores que o

promovem.

A Economia de Partilha como base para a troca e partilha de bens em vez de os possuir.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

P arcialmente relacionado com isto é o

desenvolvimento de uma visão

económica alternativa que pretende

aliviar os aspetos mais difíceis do credo

neoliberal, e para a valorização da

sustentabilidade ambiental, a democratização, e

a valorização de oportunidades individuais e

coletivas.

A economia de partilha parece, portanto, capaz

de preencher um espaço que nem o mercado

nem o Estado, na sua intervenção reguladora,

são capazes de ocupar. O neoliberalismo, e em

medidas menores o sistema Keynesiano

anterior, levou à desconexão das relações

económicas das sociais, que acabaram por ser

confinadas em duas esferas separadas, se não

opostas.

A EP parece criar um espaço na

oposição entre o Estado e o mercado.

A reutilização, troca e partilha

permitem criar relacionamentos, mas também

podem ser a resposta a uma forte pressão no

sentido de padrões de produção e consumo

mais sustentáveis, e usos mais responsáveis

dos recursos ambientais. A redução dos custos

de transação, representada pela gestão de

informação e comportamentos, permitiu o

aparecimento de competências não-

relacionadas com o mercado, ou, pelo menos,

de competências que não estão diretamente

relacionadas com o mercado profissional.

Finalmente, deve-se mencionar a componente

motivacional, que é o desejo de pertença e de

experiências que melhoram a perceção de

valores e objetivos comuns.

A EP aparece como uma

possibilidade de responder às

novas necessidades dos

cidadãos e abordar de

manei ras d i ferentes os

problemas económicos.

A Economia de Partilha como uma busca de sociabilidade.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

E sta visão considera o consumo

colaborativo como um cavalo de Tróia

dentro de um sistema a falhar, uma

lufada de ar fresco para parar o abuso de

preços, mau serviço e pobre regulação.

F rustração dentro de um sistema em

que, ao mesmo tempo, há mais de

500.000 objetos não utilizados que

valem milhões de dólares, e milhões de

pessoas que passam fome.

Esta visão vai além de oferta e procura. É uma

resposta à desigualdade e ineficiência de um

mundo em que:

40% dos alimentos do mundo são deitados

fora,

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

Outras tendências interpretam a Economia de

Partilha como uma resposta à frustração, luta

c o n t r a u m s i s t e m a c a p i t a l i s t a

descontrolado que trouxe deceção e

desigualdade social. Há uma necessidade de

encontrar novas respostas e novos caminhos

que dão sentido às nossas vidas.

Economia de Partilha como uma resposta social à frustração.

95% dos carros particulares não são usados,

80 milhões de berbequins foram utilizados

13 minutos, em média,

Mais de 9 mil milhões de pessoas são

esperadas na Terra em 2050.

O desemprego será uma pandemia.

S ó para ter alguns exemplos, estima-se

que, por exemplo, em Espanha,

haveria 53% de cidadãos dispostos a

partilhar ou alugar um imóvel no contexto do

consumo colaborativo. É 9 pontos acima da

média europeia. Em Portugal e Grécia os rácios

médios estão acima: 60% e 61%,

Veja o estudo sobre o crescimento da partilha europeaia da ING

A partilha Europeia a crescer um terço nos próximos 12 meses

ESTUDO PELA ING

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

O s primeiros exemplos de grandes

empresas de colaboração tornaram-

se enormes plataformas tecnológicas,

levando gigantes empresariais a resolver

problemas potenciais em mercados altamente

regulamentados. Algumas grandes empresas

têm exposto a oportunidade do modelo

colaborativo dentro dos setores dominantes:

Uber (liga passageiros e condutores), com mais

de 4 anos de existência representa um valor

estimado de 18.000 milhões e com presença

em 132 países; Airbnb (pesquisar e partilhar

alojamento em todo o mundo) é uma

ferramenta de pesquisa de alojamento. Este

negócio começou em 2007 e fornece soluções

de alojamento para mais de 10.000 milhões de

pessoas. Por seu lado, os governos devem

trabalhar no sentido de um regulamento justo

que, por exemplo, poderia permitir a pessoas

arrendar ocasionalmente. Por exemplo, a

Espanha representa o terceiro mercado com

mais de 57.000 propriedades. Este serviço não

desestabiliza a indústria da construção, mas

Segundo alguns estudiosos, a EP tem

muitas oportunidades, tanto num

cenário de economia tradicional

desenvolvido como na economia em

desenvolvimento, do ponto de vista da

otimização de recursos, criação de

emprego e da utilização generalizada

das novas tecnologias.

inibe o setor de construção de moradias.

D e um modo mais geral e num contexto

com as condições adequadas, a EP

tem o potencial de gerar emprego e

riqueza através da mobilização de recursos

subutilizados, tendo em conta a sua

componente social e comunitária, incluindo a

sua visão séria e uma gestão controlada de

recursos. Modelos de partilha, empréstimo,

alugar estão a expandir-se como nunca antes

visto na economia mundial. Nas regiões em

desenvolvimento como a América Latina (17), a

EP está ainda em fase inicial. Nestes países as

oportunidades para a EP são imensas.

Especialistas indicam o Brasil como o mercado

mais desenvolvido para criar iniciativas locais.

As empresas start-up estão a seguir os grandes

modelos de sucesso mais conhecidos, mas a

parte mais importante é que um novo tipo de

consumo colaborativo pode liderar o caminho

na promoção rápida deste sistema sobre o

território.

Oportunidades associadas com a economia de partilha

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

R eflexões sobre a heterogeneidade

das experiências de EP e das

alterações introduzidas pelo seu

crescimento têm levantado muitas perguntas

sobre as oportunidades que se abrem, o

potencial e os benefícios envolvidos, mas

também sobre as suas possíveis ambiguidades.

Em primeiro lugar, a simples existência de

relações sociais não diz nada sobre a qualidade

dos próprios relacionamentos.

Em muitos casos, as alegadas relações sociais

são, na verdade, relações sociais económicas

que pouco têm a ver com reciprocidade e

mutualidade, e incapaz de promover

plenamente uma maior coesão social.

Além disso, ainda que involuntariamente, os

circuitos de EP, mesmo aqueles sem fins lu-

crativos, estão expostos ao risco de criar dis-

criminação de género e racial e, portanto, re-

forçar as desigualdades: isto é devido, por um

lado, a uma menor capacidade de acesso de

grupos sociais desfavorecidos (ou seja, com

baixo rendimento ou com baixas capacida-

des) e, por outro, pela dinâmica ligada à EP.

Algumas questo es cri ticas

Qualidade das relações

Impacto económico

Campo do trabalho

Impacto ambiental

Inovação social

A referência é a dos mecanismos de criação e transmissão de informações que, ao assumir o

princípio da igualdade, correm o risco de reproduzir a discriminação e o preconceito.

Um segundo aspeto diz respeito ao impacto económico da EP. Se as oportunidades oferecidas

pela EP são indubitáveis (entre outras, a otimização de produtos e serviços, a expansão do

mercado, a redução dos custos de transação, menos barreiras competitivas), deve também ser

mencionado os possíveis efeitos negativos relacionados com o aperto de práticas concorrenciais

(especialmente no sector económico altamente regulamentado), devido à redução do papel dos

intermediários .

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

A lguns efeitos ambíguos relacionam-

se também com o campo de tra-

balho. Ao oferecer serviços

diferentes dos tradicionais, a EP tende a ati-

var novas competências, capacidade subuti-

lizada, mas também incentivo às microempre-

sas e atividades de voluntariado que muitas

vezes se alimentam de trabalho ocasional ou

não-profissional, a atividades mal pagas e

performances desprotegidas.

No entanto, em termos gerais, graças à uti-

lização de tecnologia inovadora, a EP tende a

atrair trabalhadores altamente qualificados

com competências avançadas e condições

económicas positivas.

O utro efeito controverso relacionado

com a EP refere-se ao impacto am-

biental. A necessidade de conside-

rar mais cuidadosamente o comportamento

dos consumidores tem um papel decisivo na

escolha de participar em atividades de

partilha e colaboração. Num sentido geral, a

partilha de práticas de produção e consumo

deve, naturalmente, conduzir a uma redução

do desperdício dos recursos naturais. Esta

perceção, no entanto, nem sempre encontra

evidência de dados. Na realidade, o impacto

ambiental parece complexo de ser medido:

benefícios parecem ser temporários e podem

ser insuficientes a longo prazo.

P or exemplo, na Itália, o Município de Bolonha emitiu um regulamento para o cuidado dos

espaços públicos urbanos, com o objetivo de criar práticas colaborativas entre os cidadãos

locais e a administração. Os fundos de Seul têm projetos de EP e criaram uma lista de

atividades de EP. Amsterdão não se opõe à EP, mas emanou normas para regular as atividades de

aluguer. Estes são apenas alguns exemplos em que as instituições têm um papel pró-ativo e levam a

mudar.

Ao mesmo tempo, alguns observadores acreditam que, devido aos seus mecanismos de

funcionamento, as plataformas subjacentes ao trabalho da EP levam a posições monopolistas.

O seu sucesso depende, de facto, dos grandes números de participantes que vendem e compram;

estes, por sua vez, reduzem a concorrência e o grande objetivo da EP.

A contribuição da EP em termos de inovação social é enorme, apesar das possíveis desvantagens

negativas. Neste sentido, é imperativo não bloquear as experiências que estão a espalhar-se

rapidamente, também através de mecanismos inovadores de governação. A fim de compreender

as novas necessidades, mas também as não expressas, instituições governamentais de

diferentes níveis podem desempenhar um novo papel, também, envolvendo diretamente os seus

cidadãos tanto no processo de tomada de decisões como na implementação: muitas

experiências estão a ocorrer nas cidades, onde a atenção pode ser focada na gestão partilhada

de propriedade ou bem-estar comum.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 2 - PARTILHA

As instituições poderiam desenvolver:

enquadramento jurídico

melhorar e criar confiança para atividades

que geram impacto real e mudanças nas

suas comunidades, onde a dimensão social

se torna o centro das atenções.

ajuda EP a se expandir.

A EP coloca bens e serviços subutilizados no

circuito económico, criando emprego em áreas

alternativas e inexplorados da economia. O seu

potencial para outras áreas da economia tem

capacidade de melhoria. O possível impacto da

EP na criação de redes de pequenos negócios,

colaboração e melhoria das condições

económicas em pequenas comunidades,

desenvolvimento de competências relacionadas

com a Internet e tecnologias móveis, tornam-na

num meio de transformação social.

A regulação é um dos elementos-chave,

especialmente em iniciativas menos locais e

onde os mercados devem ser mais flexíveis. Em

relação às iniciativas locais, encontramos

grandes oportunidades para o crescimento, e a

regulação é menos relevante do que o contexto,

quando se baseia em áreas como a formação,

serviços, produção ou ambiente.

Desafios

As instituições podem criar

estratégias de apoio para divulgar

como funcionam, como apoiam a

economia e conhecimento local,

construindo conf iança num

contexto colaborativo.

Estas iniciativas requerem um maior apoio, além de enquadramento jurídico, com base na

confiança dos consumidores. Há uma necessidade de dar uma oportunidade a novas

opções e temos de compreender e explicar que estamos diante de um modelo diferente.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CONSUMO

COLABORATIVO

CAPI TULO 3

CAPÍTULO 3 - CONSUMO COLABORATIVO

Porque Consumo Colaborativo (CC)

N as sociedades modernas, as pessoas

muitas vezes são julgadas de acordo

com o que têm. O seu estatuto social

e felicidade são fortemente dependentes deste.

Portanto, não devemos surpreender-nos que o

excesso de consumo e a obsolescência

planeada se estejam a tornar questões

problemáticas da sociedade.

Estamos a destruir o nosso planeta e estamos a

consumir os recursos do planeta tão rápido que

temos de lidar com esta epidemia agora. Os

ciclos de vida curtos das nossas posses, como

por exemplo, aparelhos eletrónicos e de design,

fazem o nosso ambiente sofrer. Além disso, a

posse de bens talvez nos faça mais felizes, mas

apenas por algum tempo uma vez que os mais

recentes avanços que chegam ao mercado são

mais rápidos do que nunca.

VIDEO de Annie Leonard, Louis Fox,

e Jonah Sachs, dirigido por Louis Fox

e produzido por Free Range Studios

HISTO RIA DAS COISAS

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 3 - CONSUMO COLABORATIVO

Mas também alguns, mais importante ainda,

efeitos indiretos na sociedade, tais como:

O possível retorno aos valores universais:

tradições, autorrespeito, amizade,

responsabilidade, desfrutar a vida, a

moderação, honestidade e humanidade;

De mim para nós – construir a comunidade,

o sentido de propósito e bem-estar;

Sim, nós podemos - tornar as pessoas

poderosas e com autocontrole (criar seus

próprios negócios), incentivando a cidadania

ativa e voluntariado;

Na sequência, há um sentimento generalizado de que devemos começar a mudar a nossa

mentalidade de como, e o que nós consumimos. Reciclagem e reutilização reduzem o volume de

novos materiais e de energia necessária para fazer novos produtos; também diminui as emissões de

CO2. A este respeito, o CC poderia ter um grande impacto, ajudando a mudar a atitude das pessoas

para o consumo e promover diferentes formas de fazer negócios. Há vários benefícios diretos para a

sociedade; entre outras coisas:

menos emissões de CO2;

menos resíduos;

estilos de vida sustentáveis;

consumo responsável - promover a livre escolha e responsabilidade moral

proteger o meio-ambiente;

economia de recursos e dinheiro

SOLUÇO ES

VIDEO de Annie Leonard, Louis Fox,

e Jonah Sachs, dirigido por Louis Fox

e produzido por Free Range Studios

HISTO RIA DAS

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 3 - CONSUMO COLABORATIVO

G raças à tecnologia (smartphones) e

redes sociais, a partilha de

interesses (Pinterest), o que

estamos a fazer (Twitter), ou as nossas relações

(Facebook) tornaram-se uma parte do nosso

estilo de vida. A autoexpressão através de

objetos tornou-se menos importante e

antiquado. "Estamos a transformar os produtos

em serviços." (1) De uma forma mais geral, os

consumidores de colaboração são pessoas que,

dentro dos princípios capitalistas, acreditam

num mundo melhor que poderia levar bem-estar

a comunidades maiores.

Basicamente, existem formas diferentes de

participar em CC.

P ode desempenhar o papel de :

"fornecedor de pares", fornecendo

recursos para alugar, partilhar ou

emprestar,

‘Utilizador de pares’, consumir os produtos e

serviços que estão disponíveis,

Pode optar por fazer as duas coisas. .

Definiça o e modelos

“Consumo Colaborativo (CC) é um

modelo económico baseado na partilha,

troca, comércio, ou aluguer de produtos

e serviços; permitir o acesso em vez da

propriedade. Está a reinventar não

apenas o que consumimos, mas como

consumimos "(1)

Sinta-se livre para verificar algumas definições:

A economia de partilha carece de uma definição comum: dar sentido aos termos

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 3 - CONSUMO COLABORATIVO

“ Alguns consumidores colaborativos têm

visão de futuro, os otimistas socialmente

conscientes, mas outros são indivíduos

motivados por uma urgência prática para

encontrar uma nova e melhor maneira de fazer

as coisas" (1). A razão para isso pode ser uma

urgência de poupar dinheiro, tempo, ou para

desenvolver melhores serviços, para ser mais

sustentável ou para construir relacionamentos

mais fortes com as pessoas e não apenas

consumir. Negociação de troca, sistemas locais

de negociação de câmbio, moedas peer-to-peer,

bancos de tempo, empréstimos sociais, bens de

partilha e troca, a quota de terra, coworking e

cohousing, couchsurfing, partilha de bicicletas e

automóveis, aluguer peer-to-peer, co-ops de

alimentos, são todos exemplos de CC.

Todos estes exemplos podem ser organizados

em três sistemas: Sistema de Serviço do

Produto, Mercados de Redistribuição, e Estilos

de Vida Colaborativa.

CC

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CAPÍTULO 3 - CONSUMO COLABORATIVO

S istema de Serviço do Produto

A ideia-chave por trás dos sistemas de serviços do produto é que os

consumidores pagam pelo benefício do produto sem a necessidade

de o possuir.

“ Um sistema de serviço do produto é um

sistema competitivo de produtos,

serviços, redes de apoio e

infraestruturas. O sistema inclui a manutenção

do produto, a reciclagem de peças e eventual

substituição do produto, que satisfazem as

necessidades dos clientes de forma competitiva

e com um menor impacto ambiental ao longo do

ciclo de vida. O sistema de serviço do produto

exige uma abordagem coordenada de vários

grupos de partes interessadas, indústria,

governo e sociedade civil.

Se empregado a um nível global, o sistema de

serviço do produto pode levar a menor uso de

recursos e resíduos uma vez que menos

produtos são fabricados. O aumento nas vendas

de serviços pode compensar a redução inicial

na venda de bens tangíveis; o emprego perdido

na produção pode ser equilibrado pelos postos

de trabalho criados nos serviços. Como um

conceito de negócio, o sistema de serviço do

produto pode ter o potencial de melhorar os

padrões de vida em todo o mundo.

No entanto, essa mudança exigirá uma

mudança cultural a novos valores que incidem

sobre a qualidade e a utilidade. Com sistemas

de serviço do produto, os consumidores têm

menos necessidade de comprar, manter,

eliminar, e, eventualmente, substituir um

produto. Na verdade, a qualidade do serviço, e,

portanto, a satisfação do consumidor, pode

melhorar com sistemas de serviço do produto

porque o prestador de serviços tem o incentivo

para usar e manter equipamento

adequadamente, aumentando a eficiência e a

eficácia. O incentivo também existe para os

produtores para projetar sistemas de circuito

fechado de equipamentos baseado em designs

para maior durabilidade e reciclagem."(25). Na

prática, para um consumidor isto significa

economizar dinheiro e proteger o ambiente.

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CAPÍTULO 3 - CONSUMO COLABORATIVO

M ercados de Redistribuição

"As redes sociais permitem que mercadorias usadas ou pré-

possuídas possam ser redistribuídas a partir de onde não são

necessárias para algum lugar ou alguém onde são, alimentando o

segundo tipo de consumo colaborativo, os mercados de redistribuição."

“ A redistribuição é o quinto 'R'- reduzir,

reciclar, reuti l izar, reparar e

redistribuir" (1). Esta abordagem liberta

espaço em aterros sanitários e reduz a

necessidade de produção de novos produtos.

Milhares de grupos dedicados a ligar pessoas

que querem dar algo para as pessoas com uma

necessidade estão a formar-se em todo o

mundo. Estas redes funcionam melhor quando

os membros do grupo vivem em proximidade

geográfica, porque é mais conveniente e usa

menos energia quando os itens são trocados

A s mercadorias são redistribuídas:

de graça - quando uma pessoa

passa um item indesejado para

outra, de graça;

para as pessoas que precisam desse item

(ex Freecycle, UNISwap, Around Again.);

vendido por pontos - (. Ex BarterQuest),

vendido por dinheiro (eBay);

troca de bens similares ou de valor

semelhante;

alguns mercados são uma mistura como

Gumtree, SCoodle

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CAPÍTULO 3 - CONSUMO COLABORATIVO

E stilos de Vida Colaborativa

A partilha dos bens e dos recursos tem sido bem conhecida desde há

muito tempo, por exemplo troca, troca de alimentos ou objetos em troca de

serviços e ferramentas.

A s pessoas sempre o fizeram para

ganhar benefícios ou por causa de

uma falta de recursos. Era uma

realidade durante algumas sociedades

socialistas e ainda está em prática em muitas

culturas. Por outro lado, para uma sociedade de

excesso de consumo, este conceito pode ser

sinónimo de pobreza.

Para alternar para CC, uma mudança

significativa tem que ocorrer nas nossas

culturas e economias; basicamente, as pessoas

devem voltar-se para práticas mais socialmente

orientadas e colaborativas. As comunidades

podem ajudar as pessoas a tornar-se mais do

que são como indivíduos, e começar a trocar

ativos menos tangíveis, tais como tempo,

espaço, competências e dinheiro (1).

E stas trocas acontecem tanto a nível

local (inclui: partilha de espaços de

trabalho e de cidadãos, espaços

culturais, jardins urbanos e partes da terra,

(hortas em telhados, espaços públicos

selvagens), bens de vizinhança (partilha de

tempo, tarefas e recados), competências de

partilha, alimentos (...) e lugares de

estacionamento), e a nível global,

especialmente via internet (recursos de partilha

como o financiamento (peer to peer

empréstimos sociais), e comunidades de viagem

e acolhimento em todo o mundo (Airbnb, Couch

Surfing).

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CAPÍTULO 3 - CONSUMO COLABORATIVO

“ A massa crítica é um termo usado para

descrever um número suficiente de

adotantes a uma inovação num sistema

social, para que a taxa de adoção se torne

autossustentável e crie um maior crescimento. É

um aspeto da teoria da difusão de inovações e

crucial para o consumo colaborativo (Wikipedia)

Aplicado ao CC, isto significa que a troca de

serviço oferece bens suficientes para que todos

possam encontrar algo que gostem e sentir que

escolheram bem. Consequentemente, os

clientes estão interessados em utilizar esse

serviço novamente. O sistema irá funcionar se

os "utilizadores estão satisfeitos com a escolha

e a conveniência que lhes é oferecida" (1). CC

pede ação e reação, para fazer alguma coisa

para os outros, para mudar os nossos hábitos.

Como motivar as pessoas a ultrapassar as

barreiras psicológicas? De acordo com o estudo

"menos pressão dos pares, obter mais

informações dos pares" é mais eficiente. "A

mensagem de que "toda gente está a fazer isso"

às vezes funciona melhor do que tentar ligar ao

sentido de responsabilidade social ou mesmo a

sua vontade de salvaguardar os recursos para

as gerações futuras das pessoas." (1)

Princi pios de Consumo Colaborativo (CC)

Existem quatro princípios que fazem o

CC real:

MASSA CRÍTICA;

CAPACIDADE PARA MARCHA LENTA

CRENÇA NOS ESPAÇOS PÚBLICOS

CONFIANÇA ENTRE ESTRANHOS

Massa crítica

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 3 - CONSUMO COLABORATIVO

O valor dos espaços públicos é a base

para a aplicação do CC e é um dos

princípios da democracia moderna.

Os Romanos consideravam espaços públicos os

locais públicos e recursos tais como a cultura,

linguagem e conhecimento. A ideia moderna de

Espaços Públicos Criativos parece lembrar

aqueles valores antigos e, graças às novas

tecnologias, trazem-na para a população. O CC é

baseado na comunidade e dá um valor extra na

criação da comunidade.

O significado de espaços públicos

Capacidade para marcha lenta

A nossa sociedade está rodeada de

coisas que nós não (ou raramente)

usamos: possuímos um ou mais carros

por família - não utilizado na maioria das suas

vidas - ou outras máquinas e ferramentas como

espaço de escritório ou equipamento, e até

mesmo vestidos de noite usados apenas para

ocasiões especiais. "CC é o acerto de contas de

como podemos aproveitar esta capacidade em

marcha lenta e redistribuí-la em outro lugar." (1)

A partilha de bens e recursos torna-se mais fácil,

graças à tecnologia moderna, incluindo redes

sociais e serviços peer-to-peer e business-to-

peer. Agora, a partilha de um lugar de

estacionamento e carro, ou usar sua própria

bicicleta / carro para oferecer serviços de

transporte e logística é possível. Graças à

prática de CC podemos pedir emprestado e

trocar bens de acordo com o slogan "você tem,

eu preciso '

O significado de confiança

A o utilizar os serviços peer-to-peer (eBay

ou Airbnb) estamos a agir sem

intermediários e estamos a lidar com

estranhos. Esta nova situação pode trazer

muitos riscos para prestadores de serviços e

consumidores. No entanto, graças a

ferramentas das plataformas que ajudam as

pessoas na auto-gestão de intercâmbios e

contribuições, sistemas de reputação bem

desenhados, e retirando o anonimato de

operações, estamos a ajudar-nos a tomar

decisões melhores e a sentirmo-nos mais

confortáveis. Novos mercados on-line fazem

parte das aldeias globais onde "abusadores são

facilmente eliminados, assim como a abertura,

confiança e reciprocidade são incentivados e

recompensados." ”

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

EMPREENDEDORISMO

NA PARTILHA

CAPI TULO 4

E NO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

O campo da Partilha e do Consumo

Colaborativo está rapidamente a

tornar-se um dos ramos mais

importantes e influentes de comunicação,

negócio e sociedade do século 21. Portanto,

atua como uma fonte perfeita para exemplos de

atividades empresariais justas, verdes e

socialmente orientadas. A utilização das TIC tem

vindo a reforçar este processo; considerando

estas grandes mudanças que têm vindo a

ocorrer:

Agora estamos mais confortáveis nas

transações realizadas por meio de interfaces

digitais (compra de material, partilha de

arquivos, etc.)

As tecnologias são agora criadas para os

consumidores, que irão adaptá-la ao

negócio, enquanto alguns anos atrás as

tecnologias eram criadas para os negócios e,

em seguida, adaptadas aos consumidores

Criamos uma rede, a rede digital, que é uma

base de confiança uns nos outros

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

D e acordo com Sundararajan (14), o

negócio está a mudar das empresas

para as plataformas, com grande

impacto na economia. Estimulará o novo

consumo, aumenta a produtividade e irá

catalisar a inovação e o empreendedorismo

individual. É necessário ter meios para medir

este impacto, especialmente de pequenas

empresas. E é importante mudar a

regulamentação sobre as empresas para

permitir que estes novos empreendedores

prosperem com as suas ideias no mercado

(exemplo dos protestos de táxis à UBER).

N este capítulo vamos apresentar em

grande detalhe uma das plataformas

mais bem sucedidas na partilha e

consumo colaborativo, e um grande exemplo de

empreendedorismo, Airbnb. Apresentaremos

também alguns bons exemplos de

empreendedorismo na partilha e consumo

colaborativo, incluindo alguns com orientação

social.

A s sementes para uma transformação

significativa dentro do setor de

alojamento de turismo foram

estabelecidas em 2007 sob a forma de três

colchões de ar no chão de um apartamento de

San Francisco (18). Uma grande conferência

estava a decorrer na cidade, e dois recém-

licenciados tinham usado um simples site para

anunciar com sucesso o seu apartamento como

um "colchão & pequeno-almoço” para os

participantes da conferência que procuravam

evitar os altos preços dos hotéis da cidade

EMPREENDEDORISMO...

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

S entindo que tinham uma ideia de

negócio, os companheiros de quarto

recrutaram um outro amigo e

tornaram o site num serviço para outras

pessoas poderem fazer propaganda dos seus

espaços de forma semelhante como

acomodação partilhada para os turistas,

inicialmente com foco em grandes eventos.

Depois de desfrutar de algum sucesso

moderado, particularmente na Convenção

Nacional Democrata de 2008, o site foi

relançado em 2009 como Airbnb.com, e o

serviço foi expandido para além de

acomodações partilhadas para incluir também o

arrendamento de residências completas. Desde

então, a Airbnb tem crescido de forma

extraordinariamente rápida e agora reserva

milhões de quartos para noites aos turistas de

todo o mundo (1), (19), (20).

Cronologia da AirbnbSS

AIRBNB

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

COMO COMEÇOU A AIRBNB

Como é que funciona o negócio

O anfitrião lista os detalhes da propriedade do Airbnb, juntamente com outros fatores, como preço,

comodidades fornecidas, etc.

A Airbnb envia um fotógrafo profissional (se disponível) para a localização da propriedade, para tirar

fotografias de alta qualidade.

Os viajantes procuram as propriedades na cidade em que desejam ficar e navegam nas opções

disponíveis de acordo com os preços, comodidades etc.

A reserva é feita através de Airbnb, onde o viajante paga a quantia mencionada pelo acolhimento e

algum dinheiro adicional como taxas de transação.

O anfitrião aprova a reserva. O viajante fica lá e, finalmente, a Airbnb paga o valor ao anfitrião após a

dedução de sua comissão.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

Modelo de negócio

A Airbnb é uma plataforma online, e o modelo

de negócios da Airbnb foca-se principalmente

em arrendar e listar atividades. Ajuda os

viajantes a arrendar alojamentos,

apartamentos, casas, quartos particulares,

barcos, castelos, casas nas árvores, mansões,

iglus e até mesmo ilhas particulares!

O modelo de negócio da Airbnb é simples e

robusto. É baseado no modelo de mercado, o

que significa que não possui nenhum quarto

ou propriedade, mas em vez disso liga os

utilizadores chamados "Anfitriões" que querem

arrendar as suas propriedades aos utilizadores

chamados "Hóspedes", que estão à procura de

um espaço para arrendar. O modelo de

negócio da Airbnb pretende ser uma situação

ganha-ganha para todos, uma vez que os

anfitriões têm uma opção lucrativa de fazer

algum dinheiro extra alugando o espaço extra

na sua casa ou nas suas propriedades, e os

hóspedes consideram altamente conveniente

para comparar os preços e descobrir o

alojamento da sua escolha, a preços que são

mais flexíveis do que os dos hotéis

tradicionais.

O modelo de negócio da Airbnb trabalha para

manter em mente os interesses de ambos os

seus anfitriões e hóspedes. A Airbnb tem a opção

de pagar um seguro aos anfitriões no caso de os

hóspedes danificarem as suas propriedades.

Também tem um bom sistema de apoio para

resolver os problemas dos hóspedes e garantir

que estão confortáveis durante a sua estadia.

Após a estadia completa, ambos os anfitriões e

hóspedes são convidados a deixar comentários

sobre o outro e classificar a estadia. Isto ajuda a

ganhar validade e ajuda outros utilizadores

futuros a saber mais sobre a propriedade.

O modelo de negócio da Airbnb obtém a sua

receita da taxa de serviço que cobra em cada

reserva. A taxa varia entre 6-12% de acordo com

o preço da reserva. Além disso, A Airbnb cobra ao

anfitrião 3% por cada reserva de hóspede(s).

O modelo de negócio da Airbnb também

conseguiu dinheiro em várias possibilidades de

financiamento, especialmente nos anos de 2011

e 2014. De acordo com relatos, Airbnb foi

submetido a uma nova rodada de financiamento

em março 2015 que valoriza a empresa em mais

de US $ 20 mil milhões.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

Estrutura do modelo de negócio

A Airbnb tem como alvo todos os tipos de

viajantes; desde globetrotters, até viajantes de

negócios e turistas frugais. Outros clientes-

chave são anfitriões que procuram ganhar um

rendimento extra com o arrendamento de

espaço.

Segmento de clientes

Os principais canais de comunicação para a

empresa existem no domínio on-line, sejam eles;

através da plataforma on-line, através dos

aplicativos móveis, ou nas redes sociais, a

Airbnb efetivamente utiliza o melhor da era

digital. Um dos grandes sucessos do negócio é

que a publicidade 'boca a boca’ aumentou

significativamente a base de clientes.

Canais

Os serviços dedicados ao cliente ajudaram

consideravelmente a reputação da empresa. A

empresa oferece apoio ao cliente 24/7,

programas de fidelidade, serviços de resolução

de litígios, recomendações pessoais e uma

presença solidária nas redes sociais.

Relações com o cliente

A Airbnb recebe diferentes níveis de comissão

sobre cada transação no site. Dado o número

de interações anfitrião-hóspede, isto traduz-se

em níveis extremamente elevados de

rentabilidade.

Fluxos de receita

Os clientes escolhem usar o serviço, graças à

imagem de uma experiência de viagem

personalizada que tem sido propagado pela

empresa. A Airbnb promove uma estadia mais

barata, única, conveniente para os hóspedes,

bem como oferece rendimento extra e opções

flexíveis aos anfitriões.

Proposta de valor

As atividades principais da empresa agora

estabelecida incluem: o recrutamento de mais

anfitriões, publicidade e marketing contínuos,

patrocínio de eventos, manutenção de

plataformas e presença na web, e criar novas

parcerias.

Atividades-chave

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

ESTRUTURA DO MODELO DE

NEGÓCIO...

Muitos dos recursos-chave são capital humano.

Isto inclui: profissionais de tecnologia, equipas

criativas e redes de acolhimento. Outros

recursos incluem as marcas próprias: imagem

de marca rentável e bases de dados.

Recursos Chave

O sucesso da Airbnb gira em torno dos seus

parceiros. Estes são, a saber, os seus anfitriões

e hóspedes. Bem como com os seus clientes, a

empresa interage constantemente com

especialistas em tecnologia, designers locais,

agentes imobiliários e fotógrafos; bem como

assessores governamentais e prestadores de

processamento de pagamentos.

Parceiros Chave

100% das transações dos clientes da empresa têm lugar on-line, no entanto, a Airbnb também se

envolve em campanhas de patrocínio, contratos de seguros e de manutenção online.

Estrutura de custos

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CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

Dificuldades

P roblema da Confiança:

O maior problema enfrentado

pelos viajantes ou anfitriões

que usam a Airbnb é o fator confiança. Afinal

oferecer o seu espaço a um estranho como

anfitrião, e viver com estranhos na sua casa

como um viajante pode não ser fácil. Mas a

Airbnb tem um processo de verificação em

ação para cada anfitrião e viajante, na sua

plataforma. Além do emblema de confirmação,

a Airbnb também motiva as pessoas a

inscrever-se com a sua conta do Facebook ou,

pelo menos, vinculá-lo com a sua conta Airbnb

para uma melhor transparência. Isto não é

tudo. No caso de haver algum problema, então

a Airbnb tem uma apólice de seguro..

R etenção dos viajantes:

Outro problema que a Airbnb

tem de enfrentar é o fato de que

os viajantes serem livres para contornar as

plataformas Airbnb em futuras viagens. Uma vez

que os anfitriões e os viajantes já estabeleceram

contacto anteriormente, não há nada que os

impeça de no futuro organizarem eles mesmo

uma transação. Isto seria mais rentável, pois não

haveria taxas de serviço impostas pela empresa.

A Airbnb também necessita que os seus

utilizadores continuem a utilizar os seus serviços,

evitando estadias em hotéis tradicionais. Assim

tenta superar esses problemas, oferecendo

incentivos aos clientes leais, sob a forma de

descontos e ofertas especiais.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

DIMINUIR AS BARREIRAS À ENTRADA

As barreiras empresariais enfrentadas por start-

ups tornam-se menos obstrutivas quando as

empresas entram no campo do consumo

colaborativo, uma vez que os custos iniciais

podem ser significativamente reduzidos e as

redes podem ser rapidamente construídas. As

exigências reduzidas para capital inicial

permitem que grandes ideias podem florescer

onde dantes se teriam afogado. O aumento dos

negócios de partilha de base acabará por levar a

uma mudança no status quo de práticas de

consumo e de negócios; que vai lentamente

começar a nivelar o campo de jogo entre as

PMEs e as grandes empresas. Em vez de

equilibrar os custos de produção de material

para 'ficar no vermelho ", as empresas

incipientes podem agora gastar mais recursos

em crescimento e rentabilidade no período

inicial precário de start-ups.

MENOS PROPRIEDADE, MAIS MANUTENÇÃO

O campo do consumo colaborativo afasta-se da

propriedade passiva e centra-se na manutenção

ativa. Para a empresa, menos custos se

desenvolvem como consequência. O cliente

enfrenta os custos iniciais e a empresa

simplesmente liga os proprietários com os

consumidores. Isto leva a menos

responsabilidade, menos despesas gerais e um

modelo de negócio mais elegante. A ideia da

Airbnb permite que os clientes consigam

rendimento extra com o mínimo de esforço uma

vez que geram fundos de recursos ociosos. A

economia de partilha deverá aumentar em valor

dos seus US $ 15 mil milhões em 2014 para US

$ 335 mil milhões em 2025.

DISTRIBUIÇÃO DE PRODUÇÃO

A ascensão da economia de partilha permitiu que as empresas trabalhem em novas formas não-

convencionais. Estamos a ver a diminuição do impulso a ser colocado sobre os métodos

baseados na produção industrial de funcionar. As empresas estão cada vez mais a apostar em

materiais existentes, a fim de reduzir os custos internos e resíduos. Pode ser caro fabricar novos

produtos, devido aos custos relacionados com matérias-primas, os custos da linha de produção,

os custos de fábrica, os custos com pessoal, e toda uma série de outras despesas relacionadas.

Com empresas como a Airbnb e a Uber; os modelos de negócios tiram total vantagem de

terceiros e contam com recursos de outras pessoas. Estes planos de negócios leves e

simplificados estão definidos para prosperar neste novo campo inovador. Podemos ver agora

menos ênfase a ser colocada sobre a propriedade cara e ineficiente de produtos em favor da

partilha barata, verde, de materiais.

Empreendedorismo na Economia de Partilha

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

E m seguida, apresentamos mais alguns exemplos de economia de partilha e consumo

colaborativo :

Exemplos

Sistema de Serviço de Produto

finalidade social

Estilo de vida colaborativo

Mercados de Redistribuição

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

Quem não se queixa de falta de tempo para resolver todos os problemas do dia-a-dia? Quem não

gostaria de ser capaz de ajudar os outros mais, e participar ativamente na vida da sua comunidade?

Todos, claro. Mas voltamos sempre à mesma questão: não há tempo. Ou melhor, agora há. Porque

agora há uma maneira de aproveitar a sua boa vontade e seu espírito de solidariedade. Basta abrir

uma conta no Banco Time. Uma conta pessoal com ganhos essencialmente coletivos. Este é um

serviço de peer-to-peer (entre pares), em que 1 hora de trabalho tem o valor de uma hora de

trabalho, não importa qual é o trabalho, o tempo é a moeda! Uma hora de Banco de Tempo é igual a

exatamente uma hora de trabalho. Permite que partilhe as suas competências, talentos e

conhecimentos com outras pessoas que fazem o mesmo. E ao fazer isso, pode conhecer muitas

pessoas interessantes fora do seu círculo de amigos ou colegas.

objetivo social

BANCO DO

TEMPO

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

BANCO

ALIMENTAR

O primeiro banco alimentar do mundo foi St. Mary's Food Bank Alliance no Arizona, fundada por John

van Hengel em 1967. Em 1965, enquanto trabalhava como voluntário para uma sala de refeições da

comunidade, van Hengel soube que mercearias muitas vezes tinham que deitar fora alimentos que

tinham a embalagem danificada ou que estava prestes a expirar o prazo. Começou a recolher os

alimentos para a sala de refeições, mas em breve teve alimentos a mais para um programa. Então

considerou ter um local onde fosse possível recolher, armazenar e distribuir alimentos, um banco de

alimentos. Isto funciona assim: eles recebem doações de alimentos de organizações e pessoas, e

distribuem a organizações reconhecidas para ajudar as pessoas, por isso é business-to-peer. Os

bancos alimentares em breve se espalharam por todos os EUA, e também para o Canadá.

O primeiro banco alimentar europeu foi fundado na França durante 1984. Após a crise económica

em 2007, os Bancos Alimentares foram-se espalhando por todo o mundo.

objetivo social

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

DRIVE MY CAR

O DriveMyCar é o primeiro e maior serviço de aluguer de automóveis peer-to-peer da Austrália. Eles

possibilitam que as pessoas aluguem carros de outras pessoas com confiança. Fazem isso através

da criação de um "mercado confiável", onde os proprietários listam os seus veículos de forma

gratuita, e os locatários encontram e reservam os veículos depois de passar pelos processos de

verificação. A cobertura do seguro é por danos acidentais e roubo.

Confiança & Segurança

Criaram uma gama de recursos para garantir que a experiência de aluguer de carro é tão segura

quanto possível.

Seguro

Cobertura por danos e roubo está incluída nas taxas de aluguer. 30$ Milhões de cobertura de danos

de terceiros. Sem extras escondidos.

Alugueres de longa duração

As pessoas podem economizar ainda mais dinheiro ao alugar por seis meses ou mais.

O DriveMyCar é um serviço de peer-to-peer que torna possível aos proprietários de carros alugar o

seu carro a outras pessoas. Faz sentido, não é? Os proprietários ganham dinheiro com o seu carro e

quem aluga tem acesso a uma ampla gama de veículos e economiza dinheiro em comparação com o

aluguer de automóveis tradicional, especialmente para períodos de aluguer de longa duração.

Confiança e segurança são importantes quando nos envolvemos com outras pessoas. O DriveMyCar

verifica as pessoas antes de poderem reservar um carro. Verificam a identificação de quem quer

alugar, executa uma verificação de crédito e recolhe o primeiro pagamento antes do aluguer ser

confirmado. Todos os veículos são cobertos pelo seguro e têm assistência rodoviária 24/7. Também

pode rever feedback dos alugueres anteriores.

Sistema de Serviço de Produto

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CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

CAR2GO

É reconhecida como a mais bem-sucedida empresa de veículos públicos em todo o mundo. A Car2Go

está presente em 31 cidades. Em Madrid, a Car2Go opera a partir de meados de Novembro de 2015

e o seu sucesso ultrapassou as previsões mais otimistas de gestores de empresas. Apenas cinco

meses após o seu lançamento, 53.000 utilizadores registraram-se no serviço. A empresa começou

com 50 carros e menos de um ano depois a sua frota aumentou para 500 veículos.

A Car2Go Madrid nasceu com muitos desafios a serem superados. Inicialmente, a falta de cultura de

aluguer de automóveis entre os cidadãos da capital, e a forte concorrência no mercado foram os

principais problemas que a empresa teve de enfrentar. No entanto, a principal diferença para outras

empresas é que Car2Go tem veículos elétricos, assim, as pessoas preferem usá-los porque são

sustentáveis com o meio ambiente, reduzindo as emissões.

As pessoas só precisam registrar-se para aceder a quase 6.000 car2go em 16 cidades europeias. É

fácil de usar: reservar, conduzir, e estacionar. Simples e direto. Há sempre um veículo disponível na

sua área. Os carros são equipados com sistemas especiais de posicionamento GPS para encontrá-

los facilmente. Abre-o com o cartão de membro, que recebe quando se inscrever através do site ou

aplicação móvel. Vai de A para B, estaciona o seu car2go novamente, e isso é tudo. É divertido, ajuda

a economizar dinheiro.

Sistema de Serviço de Produto

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CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

RELENDO

Relendo é a primeira plataforma colaborativa on-line espanhola que permite aos consumidores

alugar bens entre os utilizadores da mesma área. Relendo coloca os utilizadores com necessidade

de um determinado produto em contato com aqueles dispostos a fornecer esses itens em troca de

uma pequena compensação financeira, partilhando assim os custos, e promove o consumo

responsável.

Como funciona? Através de uma plataforma, em poucos passos pode descobrir que as pessoas ao

seu redor têm itens que você deseja pedir emprestado.

Pode contatá-los nesse preciso momento, as pessoas só precisam especificar as datas de ter o

produto e definir as condições específicas, como custos de transporte, pagamento de depósito, etc ...

Estão empenhados com a transparência e confiabilidade.

A Relendo não só une as pessoas, mas também faz um consumo colaborativo e eficaz. Relendo é

uma comunidade grande, onde pode saber em detalhe os perfis dos utilizadores que oferecem ou

utilizam itens, aumentando assim a segurança, proteção e boas relações entre todos eles.

Sistema de Serviço de Produto

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CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

YO NO

DESPERDICIO

Em fevereiro de 2015, o lançamento de Yonodesperdicio foi apresentado em Espanha como a

primeira aplicação web-móvel para o consumo colaborativo. Isto foi feito para reduzir o desperdício

de alimentos e para ajudar as pessoas desfavorecidas a comer de forma saudável evitando a fome.

A ONG de desenvolvimento Prosalus, cuja missão é promover o respeito, proteção e garantia dos

direitos humanos, apresentou esta plataforma para a troca e doação de alimentos. As pessoas

podem aceder a esta através do site ou usando a aplicação móvel.

Com base em plataformas de consumo colaborativo este site cria uma comunidade para partilhar,

trocar e doar alimentos para reduzir o desperdício de alimentos.

A operação Web é muito simples e estimula o funcionamento de outras plataformas para troca ou

venda de bens em segunda mão.

O registro é necessário uma vez que a plataforma funciona como uma rede social para a

comunidade de utilizadores.

Após o registro pode anunciar o alimento que quer doar ou partilhar, ou procurar o alimento que lhe

interessa e contatar a outra parte. A localização da troca deve ser acordada.

Mercados de Redistribuição

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CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

ETSY

Etsy é um mercado onde as pessoas de todo o mundo se ligam, tanto online como offline, para fazer,

vender e comprar produtos exclusivos.

O coração e a alma de Etsy é a comunidade global: os empresários criativos que usam o Etsy para

vender o que fazem ou renovam, os clientes que procuram as coisas que não conseguem encontrar

em qualquer outro lugar, os fabricantes que têm uma parceria com os vendedores de Etsy para

ajudá-los a crescer, e os funcionários Etsy que mantêm e alimentam o nosso mercado.

A sua missão é reinventar o comércio de modo a criar um mundo mais gratificante e duradouro.

Etsy é a construção de um mercado global e local autêntico, humano e comunidade-centrado. Estão

empenhados em usar o poder da empresa para criar um mundo melhor através da sua plataforma,

dos seus membros, dos seus funcionários e das comunidades que servem.

À medida que a Etsy cresce, o compromisso com a sua missão permanece no centro de sua

identidade. É tecido nas decisões que fazem para a saúde a longo prazo do nosso ecossistema,

desde o fornecimento de material de escritório para os benefícios dos empregados até aos itens

vendidos no mercado.

Mercados de Redistribuição

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CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

BUSUU

Busuu é uma rede social para aprendizagem de línguas. É baseado num modelo de negócio

freemium. O site fornece unidades de aprendizagem para doze idiomas: Inglês, Espanhol, Francês,

Alemão, Italiano, Português (do Brasil), Polaco, Russo, Turco, Árabe, Japonês e Chinês. Os

utilizadores selecionam uma ou mais das línguas e trabalham com as unidades ao próprio ritmo.

A Busuu é a maior rede social do mundo para aprendizagem de línguas. Através de aplicações on-

line, a empresa dispõe de acesso grátis e acesso premium pago, para acesso aos cursos

audiovisuais para os 12 idiomas.

A Busuu oferece cursos baseados em (QECR) níveis A1, A2, B1 e B2. Os utilizadores inscrevem-se

para estudar uma ou mais línguas. O material de estudo de uma língua é normalmente dividido em

cerca de 150 unidades. As Unidades consistem em perguntas de escolha múltipla, exercícios de

expressão oral, e exercícios de escrita. Algumas seções dentro de cada unidade incluem material

multimédia, tais como questões de escolha múltipla faladas. Os utilizadores atuam tanto como

alunos como tutores, corrigindo os trabalhos um do outro. Podem conversar via chat, uma ligação de

áudio, ou uma ligação de webcam.

Há duas classes de membros: membros ordinários e premium. As unidades gramaticais e algumas

das funções multimédia, tais como unidades de vídeo, gravação de voz e podcasts, só estão

disponíveis para membros premium. O site vende materiais dos seus parceiros, tais como livros de

referência gramática de Collins.

Excecionalmente, a plataforma incentiva a aprendizagem colaborativa, oferecendo aos utilizadores a

oportunidade única de aprender a língua e praticar a sua audição, escrita, leitura e conversação com

a ajuda de uma crescente comunidade de falantes nativos. Desta forma, cada utilizador busuu é

tanto estudante de uma língua estrangeira como tutor da sua própria "língua materna".

A Busuu também oferece aplicações móveis para iOS e Android em 11 idiomas. Todas as aplicações

podem ser baixadas gratuitamente com um conjunto de unidades básicas de aprendizagem. As

unidades e conteúdos adicionais podem ser adquiridos. Todo o conteúdo da mobile app é gratuito

para os membros busuu Premium.

Em 2013, a empresa lançou duas aplicações do iPad para crianças - 'As crianças aprendem Inglês e

'As crianças aprendem espanhol'

Estilo de vida colaborativo

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CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

COUCH

SURFING

Como funciona o Couchsurfing?

Você tem amigos em todo o mundo, apenas ainda não os conheceu. O Couchsurfing é um serviço

que liga os membros a uma comunidade global de viajantes. Usar o Couchsurfing para encontrar um

lugar para ficar ou partilhar a sua casa e cidade natal com viajantes. Os Couchsurfers organizam

eventos regulares em 200.000 cidades em todo o mundo. Há sempre algo para fazer e novos

amigos para se conhecer.

Seja um grande Couchsurfer

Quer esteja a viajar pelo mundo, a hospedar viajantes, ou a fazer amigos no local, sendo um

Couchsurfer consciente e generoso irá enriquecer as ligações que faz com as pessoas que encontra.

Partilhar algo

Seja ele histórias, canções, comida ou a sua cafetaria favorita, o Couchsurfing é acerca de partilha e

de ligação. Esteja aberto para dar, receber e descobrir o inesperado.

Respeitar as diferenças

Ajudar a tornar o mundo mais pequeno e mais amigável. A diversidade de pessoas em todo o mundo

é uma coisa bonita, por isso contribuia, respeitando e valorizando essas diferenças, sejam elas

culturais ou de outra forma.

Estilo de vida colaborativo

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CAPÍTULO 4 - EMPREENDEDORISMO NA PARTILHA E NO CONSUMO COLABORATIVO

COUCH

SURFING ...

Participar

Passe algum tempo com o seu anfitrião ou surfista. Faça novos amigos e ajudem-se uns aos outros a

descobrir coisas novas sobre o mundo. Se é novo em Couchsurfing, ligue-se à sua comunidade local

em primeiro lugar. Ajuda conhecer as pessoas perto de si, por isso, conheça outros Couchsurfers na

sua área ao juntar-se a grupos e eventos.

Seja organizado

Anfitriões, arrumem o seu espaço antes dos Couchsurfers chegarem. Surfistas, deixem o espaço

melhor do que o encontraram. Mantenha as suas coisas em ordem e limpar sempre depois de

utilizar.

Ligar-se

Encontrar um lugar para ficar é apenas parte da experiência de Couchsurfing. Mais importante ainda,

é sobre a ligação humana. Quando escrever um couchrequest, deixe os anfitriões saber por que você

acha que podem desfrutar da companhia uns dos outros e como é que você gostaria de contribuir

para a sua estadia. Quando estiver lá, conheça o seu anfitrião e seu modo de vida. Veja o que você

aprende.

Confiável

Se os seus planos mudarem, deixe o seu anfitrião ou surfista saber.

Confiar nos instintos

Ao procurar outros Couchsurfers, reveja sempre cuidadosamente seus perfis e especialmente as

referências. Comunique através do Couchsurfing para ter uma melhor noção de quem eles são.

Deixar uma referência

Certifique-se de deixar referências para as pessoas depois de hospedagem ou surfar. As referências

ajudam os outros membros a tomar decisões informadas. Deixar referências verdadeiras são

essenciais para descrever com precisão as experiências com outro membro.

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

Bibliografia

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5. Jay Walljasper, All that we share: a field guide to the Commons, 2010

6. Kathleen Stokes, Emma Clarence, Lauren Anderson and April Rinne, Making Sense of the UK Collaborative Economy,

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7. Policies for Shareable Cities: a sharing economy policy primer for urban leaders, Shareable 2013

8. Hyper-consumption on Wikipedia definition

9. M. Joseph Sirgy, Handbook of Quality-of-Life Research: An Ethical Marketing Perspective, 2013

10. Global Investor 2.15, The sharing economy: New opportunities, new questions, 2015

11. Bart Cammaerts and Nick Anstead, Sharing, collaborative consumption and Web 2.0, MEDIA@LSE n. 26, 2013

12. Daniel Todd, You Are What You Buy: Postmodern Consumerism and the Construction of Self, 2012

13. National League of Cities, Cities, the sharing economy and what’s next,

14. Arun Sundararajan, Peer-to-Peer Business and the Sharing (Collaborative) Economy: Overview, Economic Effects and

Regulatory Issues, Written testimony for the hearing titled The Power of Connection: Peer-to-Peer Business, held by the

Committee on Small Business of the United States House of Representatives, 2014

15. Arthur Lyon Dahl, Alternatives to the Consumer Society, Paper presented at the PERL 2nd International Conference,

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16. PwC, The Sharing Economy, Consumer Intellingence Series, 2015

17. Anabella Palacios, La Economia Colaborativa y su Capacidad para Transformar el Desarrollo en America Latina, 2016

18. Daniel Guttentag, Airbnb: disruptive innovation and the rise of an informal tourism accommodation sector, Current

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20. Salter, J. Airbnb: The story behind the $1.3bn room-letting website. The Telegraph, 2012, September 7

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26. Thomas Friedman, The World is Flat, 2005 in http://www.labeee.ufsc.br/~luis/egcec/livros/globaliz/

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27. Paul Mason, Postcapitalism: a guide to our future, 2015

28. Juliet Schor and Connor Fitzmaurice, Collaborating and Connecting: the emergence of the sharing economy, in Hand-

book on Research on sustainable consumption, 2015

29. Guido Smorto, Sharing economy e modelli di organizzazione, Paper presentato in occasione del Colloquio scientifico

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30. Leena Rao, Y Combinator's Airbed And Breakfast Casts A Wider Net For Housing Rentals As AirBnB, 2009

31. Airbnb’s business model http://www.emptyengine.com/business-model-of-airbnb/

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GUIA INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO

Bibliografia

Videografia

- TED Talk - Lisa Gansky: The future of business is the "mesh"

- TED Talk - Rachel Botsman: The case for collaborative consumption

- TED Talk - Rachel Botsman: The currency of the new economy is trust

- TED Talk - Joe Gebbia: Joe Gebbia: How Airbnb designs for trust

- TEDxSacramentoSalon: Creating Opportunity Through the Sharing Economy | Emily Castor |

- NESTA: http://www.nesta.org.uk/collaborative-consumption-animation

- NYU Stern - Arun Sundararajan: Sharing Economy

- OECD Forum 2014 https://www.youtube.com/watch?v=3P2ygLU1JWc

- CASAMERICA: http://www.casamerica.es/economia/economia-colaborativa-en-america-latina

- THE STORY OF STUFF: http://storyofstuff.org/movies/story-of-stuff/

- THE STORY OF SOLUTIONS: http://storyofstuff.org/movies/the-story-of-solutions/

- UNISWAP: https://www.youtube.com/watch?v=kWOpzYgXc0Q

Artigos:

TIME Magazine: http://time.com/4169532/sharing-economy-poll/

TIME Magazine: http://time.com/3686877/uber-lyft-sharing-economy/

TIME Magazine: http://time.com/3687305/testing-the-sharing-economy/

Forbes: http://www.forbes.com/sites/jacobmorgan/2015/12/17/are-uber-airbnb-and-other-sharing-economy-businesses-

good-for-america/#1de0c8c2f696

The Economist: http://www.economist.com/news/leaders/21573104-internet-everything-hire-rise-sharing-economy

The Economist: http://www.economist.com/news/technology-quarterly/21572914-collaborative-consumption-technology-

makes-it-easier-people-rent-items

The Economist: http://www.economistinsights.com/sustainability-resources/opinion/sharing-economy-sustainable

The Guardian: https://www.theguardian.com/books/2015/jul/17/postcapitalism-end-of-capitalism-begun

WIRED Italia: http://www.wired.it/economia/start-up/2015/12/09/2016-come-vita-tempi-sharing-economy/

The People who share: http://www.thepeoplewhoshare.com/blog/what-is-the-sharing-economy/

Big Think: http://bigthink.com/in-their-own-words/in-a-changing-world-you-need-to-know-which-way-the-knowledge-flows

Post-Carbon Institute: http://www.postcarbon.org/the-brief-tragic-reign-of-consumerism-and-the-birth-of-a-happy-

alternative/

Apresentação de Slides:

Evolution of Theories

Collaborative consumption the 7 key business models

Collaborative Logistics: Ripe for Disruption

Collaborative economy services: changing the way we travel

Collaborative Finance: Democratizing Finance, Money and Banking

Links na Internet:

1. http://www.shareable.net/

2. http://www.nesta.org.uk

3. http://www.collaborativeconsumption.com

4. http://rachelbotsman.com

5. http://ouishare.net

6. http://changethis.com/

7. http://www.degrowth.org

8. www.weforum.org/agenda/archive/creative-economy/

9. http://fundersandfounders.com/how-airbnb-started/

10. http://bmtoolbox.net/stories/airbnb/

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CREATive Urban Sharing in Europe

Erasmus+ KA2 Parceria Estratégica para a Educação de Adultos

Project n.º: 2015-1-IT02-KA204-014775

Este projeto foi financiado com o apoio da Comissão Europeia.

Esta publicação reflete apenas as opiniões do autor, e a Comissão /

Agência Nacional não pode ser responsabilizada por qualquer uso que

possa ser feita das informações nela contidas.

O Guia “INTRODUÇÃO À PARTILHA E AO CONSUMO COLABORATIVO” foi

desenvolvido ao abrigo do programa Erasmus+ KA2 Parceria Estratégica

para a Educação de Adultos

O Projecto CREATUSE segue a licença Creative Commons.

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