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Introdução à Bíblia

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Page 1: Introdução á bíblia

Introdução à Bíblia

Page 2: Introdução á bíblia

Em nossa aproximação com a Bíblia procuraremos dar os passos fundamentais, os primeiros, que nos permitirão de aprender a andar com mais segurança, deixando-nos guiar pela Palavra de Deus.

Page 3: Introdução á bíblia

“Desde a infância você conhece as Sagradas Escrituras; elas têm o poder de lhe comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Jesus Cristo.

Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra”.

(2Tm 3,15-17)

Page 4: Introdução á bíblia

Em nossa caminhada abordaremos as seguintes temáticas:PRIMEIRA PARTE: A BÍBLIA

1. O que é a Bíblia2. O centro da Bíblia: a Aliança3. Jesus, centro da Aliança4. As diversas traduções da Bíblia5. Língua original da Bíblia6. Como achar uma passagem na Bíblia (abreviaturas dos livros da Bíblia)7. A Bíblia católica é diferente da protestante?

Page 5: Introdução á bíblia

SEGUNDA PARTE: O ANTIGO TESTAMENTO

1. O que é o Antigo Testamento2. Como se divide o Antigo Testamento

TERCEIRA PARTE: O NOVO TESTAMENTO

1. O que é o Novo Testamento2. Como se divide o Novo Testamento

Page 6: Introdução á bíblia

QUARTA PARTE: MODOS DE LER A BÍBLIA

1. O povo interpreta a Bíblia2. Leitura ingênua da Bíblia3. Leitura crítica da Bíblia4. O lugar social na leitura da Bíblia5. A ciência ajuda a ler a Bíblia6. Leitura Orante da Bíblia (Lectio Divina)

QUINTA PARTE: ESTUDO DA CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA

DEI VERBUM sobre a Revelação Divina

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Aconselha-se a leitura pessoal da:Dei Verbum

Introdução Geral à BíbliaBento XVI, Verbum Domini

As duas se encontram nas paginas iniciais da Bíblia da CNBB.

Pequena observação

Leitura pessoal não significa que não é importante e pode-se dispensar

Page 8: Introdução á bíblia

BIBLIOGRAFIABAZAGLIA Paulo, Primeiros passos com a Bíblia, Paulus.

CNBB, Leitura orante nos Seminários e Casas de Formação, Ed. CNBB.

NARANJO SALAZAR Gabriel, Da pastoral bíblica à animação bíblica da pastoral

STORNIOLO Ivo, MARTINS BALANCIN Euclides, Conheça a Bíblia, Paulus.

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1. O que é a Bíblia

Bíblia é uma palavra grega (biblos), que significa livros. Ela não é um livro, mas uma coleção de livros, uma verdadeira biblioteca. São 73 livros, que se dividem em duas grandes partes: Antigo e Novo Testamento. Nela encontramos a história de pessoas que tiveram um encontro com Deus e com sua ação. Portanto a Bíblia tem dois pontos fundamentais:

mostra quem é Deus

mostra quem são os seres humanos

PRIMEIRA PARTE: A BÍBLIA

Page 10: Introdução á bíblia

Mostra quem é DeusMostra o que Deus é para o ser humano, e o projeto que Deus

realiza na vida e na história: que todos tenham vida e liberdade. Mas Deus não impõe nada, Ele propõe. Se o ser humano aceita, Deus se prontifica a caminhar com ele, a fim de conquistar a vida e a liberdade.

Mostra quem são os seres humanosA Bíblia é realista e não se preocupa em ser edificante. Ai

encontramos o que o ser humano tem de bom e o que tem de perverso. De modo particular, a Bíblia mostra o encontro dos seres humanos com Deus e as consequências: uns se convertem, aceitando o projeto de Deus; outros se fecham dentro do próprio egoísmo, rejeitando qualquer tipo de vida que não esteja voltado para seus interesses.

Page 11: Introdução á bíblia

Na Bíblia está o drama da vida do ser humano, tanto o de ontem como o de hoje. Portanto a Bíblia é a nossa história. Mostra o que podemos encontrar, se aprendemos a ler, na vida e nos acontecimentos, o sim ou o não com que o ser humano pode responder a Deus e ao seu projeto.

Para refletir

1. O que significa a palavra Bíblia?2. Como a Bíblia mostra Deus?3. Como a Bíblia mostra os homens?4. Ler e comentar o Salmo 01

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2. O centro da Bíblia: a Aliança

O centro e o fio condutor de toda a Bíblia é a aliança.

O que significa aliança? É um compromisso entre pessoas. Os noivos e casais usam alianças para mostrar que se escolheram e se comprometeram um com o outro. Para eles a aliança simboliza e exprime uma relação de amor e fidelidade que dura para sempre. Amor fecundo, feito de entrega e acolhimento, que geram vida nova; e fidelidade mútua, que mantem a união no dom e no respeito, nos direitos e nos deveres.

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Quando lemos a Bíblia, devemos estar atentos para perceber como ela vai contando a história da aliança entre Deus e os seres humanos. É como a aliança dos noivos e casais. Nasce da escolha livre de Deus e da resposta livre do ser humano. Manifesta-se como relação de compromisso, isto é, de relação em que um e outro se empenham. Exprime-se através do amor, que gera vida nova em todos os sentidos; e através da fidelidade, que produz uma relação de liberdade e de libertação. Deus é fiel e mantém seu compromisso amoroso para sempre. Mas a história da aliança também é dramática, pois o ser humano, na sua liberdade, pode dizer sim ou não à proposta de Deus; pode ser fiel ou infiel ao compromisso da aliança, pode gerar vida ou morte, liberdade ou escravidão.

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Nós também somos parceiros dessa aliança com Deus. A leitura da Bíblia é o meio para descobrirmos se somos parceiros fieis ou infiéis.

Para refletir

1. Qual o centro e o fio condutor da Bíblia?2. O que é a aliança?3. Como Deus e o ser humano vivem a aliança?4. Ler e comentar Dt 30, 15-20

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3. Jesus, centro da Aliança

O diálogo entre Deus e os seres humanos atinge seu ponto mais alto na pessoa de Jesus, podendo-se dizer que Ele é a central de energia que liga, alimenta e ilumina todas as outras alianças existentes na Sagrada Escritura.

Em Jesus os parceiros da aliança se unem da maneira mais próxima e íntima possível, porque Ele é Deus e Homem ao mesmo tempo. Tudo o que Ele é em sua pessoa, palavra e ação, é ao mesmo tempo revelação de Deus e revelação do ser humano.

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As comunidades cristãs não retomam um diálogo suspenso, mas procuram viver a aprofundar a aliança, que já atingiu o seu ponto máximo em Jesus. A fé em Jesus Ressuscitado é a certeza de que essa intimidade profunda entre Deus e o ser humano não é apenas uma promessa ou algo que se realizou no passado, mas uma aliança definitiva, que é para sempre.

Para refletir

1. Por que Jesus é o centro da aliança?2. O que seria a Bíblia sem Jesus?3. O que devemos fazer para seguir a Jesus?4. Ler e comentar Jo 1, 14-18

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4. As diversas traduções da Bíblia

A Bíblia foi originalmente escrita em três línguas. O Antigo Testamento foi escrito em hebraico e alguns textos em aramaico. Os últimos textos do Antigo Testamento foram escritos em grego, que era a língua usada nas grandes cidades. O Novo Testamento foi todo escrito em grego.

As traduções antigasA mais antiga tradução dos testos hebraicos e aramaicos é a de

origem judaica, chamada dos Setenta, que começou a ser feita no início do século terceiro antes de Cristo, em Alexandria do Egito. Segundo a tradição, os tradutores desta Bíblia foram 72, e daí o nome de Setenta.

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Quanto às traduções feitas pelos cristãos, a partir do segundo século se tem notícia da “Verus latina”(a antiga tradução latina), feita sobretudo a partir do texto grego da Setenta. Outra tradução, a “Vulgata” feita por São Jerônimo no século quarto, baseou-se no texto hebraico para o Antigo Testamento e no texto da “Verus latina”para o Novo Testamento.

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As traduções modernasExistem hoje no Brasil diversas traduções do texto bíblico, tanto

dos originais hebraico e grego, quanto de traduções já existentes, como o latim e o francês publicadas pela Paulus:

Bíblia Matos Soares (Feita pelo pe. Matos Soares a partir do latim. Hoje com a evolução dos estudos bíblicos e o aparecimento de outras traduções a partir das línguas originais, esta tradução não se encontra mais nas livrarias).

Bíblia do Pontifício Instituto BíblicoA Bíblia de Jerusalém

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Bíblia Sagrada – ed. PastoralBíblia do PeregrinoBíblia Ave MariaBíblia da TEB (tradução ecumênica da Bíblia – Loyola 1994)

Em 2001 surge a tradução oficial da CNBB, publicada por diversas editoras e destinada ao uso litúrgico.

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5. Língua original da Bíblia

Os originais dos livros bíblicos foram escritos em três idiomas diferentes: hebraico – aramaico – grego.

O Antigo Testamento, na sua maior parte, foi escrito em hebraico, alguns livros foram escritos em grego e trechos de Daniel e Esdras em aramaico.

O Novo Testamento foi escrito em grego.

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Aramaico

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Hebraico

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Grego

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Por que precisamos conhecer estes idiomas antigos se temos a Bíblia traduzida nas nossas línguas?

Elas são diferentes das nossas, não só no modo de escrever e de se ler (o hebraico e o aramaico se escrevem e se leem da direita para a

esquerda), mas também revelam uma forma de imaginar, de pensar diferente da nossa. No Salmo 71,10 lemos: “...tu sondas os corações e os rins, ó Deus justo!”Se não soubéssemos que o original foi escrito em hebraico, não saberíamos dizer por que Deus sonda nosso coração e nossos rins. Para os judeus o coração é a sede do pensamento e os rins a sede dos instintos mais profundos.

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Isso não deve causar estranheza: quantas expressões brasileiras jamais seriam entendidas por um estrangeiro se ele as tomasse ao pé da letra!

Por exemplo: Bater um papo ou Pisar na bola

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A Bíblia por ter sido escrita em determinadas línguas mostra que Deus se revelou em situações concretas de um povo, assumindo também o seu modo de falar e de escrever.

Isso se apresenta como um desafio para aqueles que se arriscam a traduzir a Bíblia. Aqueles que a leem já traduzida devem, com paciência, ir descobrindo aos poucos o modo de pensar daqueles, que, inspirados, por Deus, escreveram a Bíblia, Palavra de Deus para nós hoje.

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Para refletir

1. Ler e comentar Mt 6, 22-252. Em que línguas foi escrita a Bíblia3. É importante saber que a Bíblia foi escrita em outras

línguas. Por que?

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6. Como achar uma passagem na Bíblia

Os livros da bíblia são divididos em capítulos, e os capítulos em versículos. Os capítulos são indicados com números grandes, os versículos com números pequenos. No começo da Bíblia encontramos sempre uma lista das abreviaturas dos livros. Para citar uma passagem, coloca-se a abreviatura do livro, seguida por números que indicam o capítulo e o versículo que se deve ler.

- A virgula separa o capítulo do versículo: Jo 1,14

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- O traço pode indicar uma sequência de versículos ou de capítulos.Dt 15,1-8 Gn 1-11 Mt 5,3-7,5

- O ponto separa versículos saltados.Jr 31,31.33

- O ponto e virgula separa tanto capítulo de capítulo, como livro de livro. Mt 5,3; 8,2 Mt 5,3; Lc 2,4

Para achar um livro na Bíblia, consulte o índice, que mostrará em que pagina se encontra.

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Exercícios

1. Procure e leia Jo 8,12; Lc 15,1-322. Procure e leia Ex 3,7-10; Is 1,10-11.15-173. Em que livro, capítulo e versículo está narrada a criação do mundo?

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7. A Bíblia católica é diferente da protestante?

Na Bíblia protestante faltam alguns livros na parte do Antigo Testamento, livros que existem na edição católica: Baruc, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, os dos livros dos Macabeus, boa parte do livro de Ester e alguns trechos do livro de Daniel. A Igreja católica aceita estes livros como sendo inspirados, como sendo Palavra de Deus.

Esses livros são chamados livros deuterocanônicos.

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Deuterocanônico,

chamados apócrifos ou pseudo-canônico por protestantes, refere-se a alguns livros que estão presentes na Septuaginta, e por isso tidos como inspirados pelos primeiros cristãos, e que foram reafirmados como inspirados por Deus no Concílio de Roma em 382 d.C., de Hipona em 393 d.C., III Concílio de Cartago em 397, e no Concílio de Trento no ano de 1546.

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Septuaginta

é o nome da versão da Bíblia hebraica para o grego, traduzida em etapas entre o terceiro e o primeiro século a.C. em Alexandria.Dentre outras tantas, é a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego, língua franca do Mediterrâneo oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande.A tradução ficou conhecida como a Versão dos Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), pois setenta e dois rabinos trabalharam nela e, segundo a história, teriam completado a tradução em setenta e dois dias.

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Para entender isso é preciso conhecer um pouco a história do Antigo Testamento. Ele, inicialmente, só existia em hebraico. Quando os judeus se espalharam pelo mundo, sentiram a necessidade de traduzi-lo para uma língua mais universal naquela época: o grego.

Acontece que no Antigo Testamento traduzido foram colocados alguns livros que não estavam na Bíblia hebraica e que eram mais recentes. São aqueles que foram citados antes.

Os protestantes consideram como Palavra de Deus só os livros do Antigo Testamento que fazem parte da Bíblia hebraica, enquanto que a Igreja católica considera também alguns que foram acrescentados na tradução grega feita pelos judeus.

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Essa é a diferença entre a Bíblia católica e a protestante. O Novo Testamento é igual. Portanto se você tem uma Bíblia protestante não precisa rasga-la ou queimá-la. Basta você estar ciente de que faltam esses livros, que você poderá ler numa Bíblia católica.

Também entre as diversas edições da Bíblia católica se encontram diferenças. Estas se devem às traduções, que podem variar conforme os tradutores.

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Para refletir

1. Qual a diferença entre uma Bíblia católica e uma protestante?

2. Quais são os livros que não existem numa Bíblia protestante?

3. Como são chamados esses livros?4. Ler e comentar Eclo 19,1-12

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SEGUNDA PARTE: O ANTIGO TESTAMENTO

1. O que é o Antigo Testamento

O Antigo e o Novo Testamento. A mesma palavra grega significa tanto aliança como testamento. Poderíamos então dizer: Antiga e Nova Aliança. O Antigo Testamento (AT) é uma coleção de livros onde encontramos a história do povo de Israel. Narra como ele surgiu, como viveu escravo no Egito, como possui uma terra, como foi governado, quais as relações que teve com outras nações, como estabeleceu as suas leis, a sua religião. Apresenta seus costumes, sua cultura, seus conflitos, derrotas e esperanças.

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Essa parte da Bíblia é, antes de tudo, a história desse povo em aliança com Deus. Nada do que se conta no AT a respeito de Israel está desligado do seu relacionamento com Javé. O AT conta como esse povo se comportou em relação a Javé. Mostra qual o projeto que Deus quis realizar no meio da humanidade através desse povo.

Israel foi um povo escolhido, diferente, justamente porque está encarregado de realizar esse plano de Deus. Esse projeto aparece bem claro nesses livros: considerar só Deus como o Absoluto, para que as relações entre as pessoas possam ser fraternas e ter como centro a vida e a liberdade.

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Vendo como Israel foi fiel ou não a esse plano e como Deus agiu no meio dele, poderemos nos aproximar com mais compreensão da outra parte da Bíblia, chamada Novo Testamento.

Para refletir

1. Como se chamam as duas grandes partes da Bíblia?

2. O que significa testamento?3. O que encontramos no Antigo Testamento?4. Ler e comentar Ex 20, 1-17

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2. Como se divide o Antigo Testamento

O AT é uma biblioteca de 46 livros, onde encontramos as experiências, individuais e coletivas, do povo de Israel com Deus. Esses livros formam quatro grandes blocos ou tipos de escritos:

► Pentateuco► Livros históricos

► Livros poéticos e sapienciais► Livros proféticos

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PENTATEUCO

O Pentateuco compreende os cinco primeiros livros da Bíblia, onde encontramos a criação do mundo e do ser humano, a formação do povo de Israel, sua libertação e condução através do deserto para uma terra, e as normas básicas que devem reger uma sociedade justa e fraterna.

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LIVROS HISTÓRICOS

Os livros históricos mostram os diversos momentos da vida do povo de Israel na terra prometida e no exílio: suas grandezas e lutas, e as consequências práticas de sua fidelidade ou infidelidade ao Deus da aliança.

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LIVROS POÉTICOS E SAPIENCIAIS

Apresentam a reflexão de Israel a partir das experiências concretas de vida. Tais livros tratam dos problemas que surgem na vida de cada um e que exigem discernimento, para que se possa encontrar sentido e realização na vida.

JóSalmosProvérbiosEclesiastesCântico dos CânticosSabedoriaEclesiástico

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LIVROS PROFÉTICOS

São uma crítica profunda do presente, para abrir caminhos para o futuro. Antes do exílio, os profetas criticam as estruturas políticas, econômicas, sociais e religiosas injustas e opressoras, exigindo mudanças radicais para que se instaure uma sociedade segundo a justiça e o direito. Após o exílio na Babilônia, eles são anunciadores de consolação e esperança no Senhor, para que o povo de Israel possa reconstruir a sua história conforme o projeto da aliança com Deus.

MiqueiasNaumHabacuqueSofoniasAgeuZacariasMalaquias

IsaiasJeremiasLamentaçõesBaruc

EzequielDanielOseiasJoelAmós AbdiasJonas

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Para refletir

1. Quantos livros há no AT?2. Como se divide o AT?3. Procure na Bíblia onde começam a terminam as

diversas partes do AT.4. Ler Ecl 3, 1-8. A que parte do AT pertence este livro?

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TERCEIRA PARTE: O NOVO TESTAMENTO

1. O que é o Novo Testamento

O Novo Testamento (NT) ou a Nova Aliança é a parte da Bíblia onde encontramos o anúncio da pessoa de Jesus. Sua mensagem central é o próprio Filho de Deus, que veio ao mundo para estabelecer a aliança definitiva (lembrar da santa ceia) entre Deus e a humanidade.

Jesus nos mostra que Deus é Pai para o ser humano, e como o homem deve viver para se tornar filho de Deus.

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Através de sua palavra e ação Jesus inaugurou a nova aliança, que é o Reino de Deus. Reino ou aliança, não é mais aliança com um povo. É aliança aberta para toda a humanidade, que em Deus se torna uma grande família em que todos são chamados a viver como irmãos e irmãs, repartindo entre si todas as coisas.

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Jesus não deixou nada escrito. Ele pregou, ensinou e colocou em prática a vontade de Deus. Isso fez com que entrasse em conflito com a estrutura da sociedade, que o perseguiu, prendeu e matou.

Mas Jesus ressuscitou, enviou o Espírito Santo aos seus seguidores, chamados apóstolos e discípulos, e estes continuaram sua missão, pregando, ensinando e fazendo como Jesus fazia. Foram eles que escreveram o que encontramos no NT. Não pretenderam escrever uma biografia de Jesus, nem uma crônica ou história da ação de seus seguidores. Eles quiseram, em primeiro lugar, anunciar Jesus para que a humanidade tivesse fé e se comprometesse com Jesus.

Fé e Compromisso que significam continuar sua palavra e ação, construindo o Reino

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2. Como se divide o Novo Testamento

O NT é um conjunto formado por 27 livros agrupados conforme temas e estilos diferentes:

◊ EVANGELHOS

◊ ATOS DOS APÓSTOLOS

◊ CARTAS

◊ APOCALIPSE

Neste conjunto encontramos o anúncio da pessoa de Jesus e as consequências que esse anúncio trouxe, principalmente para seus seguidores.

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Os Evangelhos são quatro formas de anúncio de Jesus escritas no ambiente de comunidades diferentes. Por isso tratam da pessoa, das palavras e das ações de Jesus de modo ao mesmo tempo semelhante e diferente. Não são uma biografia ou história, e sim um anúncio para levar à fé em Jesus, isto é, ao compromisso de continuar sua obra, pela palavra e ação.

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Mateus

Mateus é representado por um anjo ou homem alado porque inicia o seu evangelho com a genealogia de Jesus Cristo, mostrando a sua origem e descendência humanas, marcados pelo seu nascimento (Cf. Mt 1). É a dimensão da obra-prima de Deus que criou o homem à sua imagem e semelhança.

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Marcos inicia o seu Evangelho falando de João Batista, a voz que clama no deserto (Cf. Mc 1,1-25). Seu símbolo é um leão alado, representando as feras que habitam o deserto. É a dimensão da força, realeza, poder, autoridade do Filho de Deus.Marcos

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Lucas

Um touro alado simboliza o evangelista Lucas. Ele inicia o seu Evangelho falando do Zacarias, sacerdote em função naquele ano e cuja tarefa era oferecer sacrifícios no Templo de Jerusalém. O touro é a representação dos sacrifícios oferecidos (Cf. Lc 1,25). É a dimensão da oferta a Deus.

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João

João, dentre os quatro o maior teólogo, é representado por uma águia, por causa do elevado estilo do seu Evangelho, que fala da Divindade e do Mistério altíssimo do Filho de Deus. Ele inicia seu Evangelho de cima pra baixo: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus" (Cf. Jo 1,1-5). Daí a águia, por ser a ave que voa mais alto e faz os seus ninhos nos montes mais elevados. É a dimensão da liberdade do Filho de Deus diante das forças deste mundo.

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Os Atos dos Apóstolos é a segunda parte do evangelho de são Lucas. Mostra como o anúncio de Jesus e a formação das comunidades cristãs se organizou e expandiu, chegando a Roma, centro do mundo conhecido naquela época. Aí vemos o sentido e a missão cristã: levar a boa nova do Evangelho a todos os povos, para que todos possam tomar conhecimento de Jesus e pertencer ao povo de Deus.

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As Cartas ou Epistolas são escritos dirigidos às primeiras comunidades cristãs. Elas não só nos dão uma ideia dos problemas dessas comunidades, mas nos ajudam também a ver e a nos orientar nos problemas de nossas comunidades atuais.

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O Apocalipse de são João é um livro escrito em linguagem figurada, porque se dirige aos cristãos em tempo de perseguição. Apresenta Jesus ressuscitado como Senhor da história, e mostra como os cristãos devem anunciá-Lo e testemunhá-Lo sem medo, enfrentando até mesmo a própria morte. O termo apocalipse significa as coisas que acontecerão.

O apóstolo João escreveu o livro do Apocalipse em Pátmos, pequena ilha da Grécia.

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Para refletir

1. Como são agrupados os livros do NT?

2. Que parte você prefere ler no NT? Por que?

3. Ler e comentar 2Tm 3, 14-17

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QUARTA PARTE: MODOS DE LER A BÍBLIA

As Sagradas Escrituras eram pouco lidas pelos católicos, e, em parte, apesar de muitos passos dados, os católicos ainda não dedicam o tempo que deveriam à leitura e à meditação da Palavra de Deus.Aos poucos, porém, a Palavra de Deus foi aparecendo nos lares e nas comunidades, não como simples enfeite, mas como força iluminadora de uma caminhada de vida. As traduções da Bíblia em português aumentaram.

1. O povo interpreta a Bíblia

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Os círculos bíblicos se espalharam e a vida concreta vai ensinando a descobrir nas Sagradas Escrituras interpretações jamais pensadas.

Em todo esse movimento precisa-se cuidar de não querer espremer a interpretação da Sagrada Escritura dentro de certas normas estabelecidas, seria como tentar canalizar a enchente de um rio.

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2. Leitura ingênua da Bíblia

Há muitas maneiras de ler, ou seja, de interpretar e compreender a Bíblia. A mais comum, é a leitura ingênua, que toma as coisas como se apresentam, sem espírito crítico.

O leitor ingênuo cai facilmente em dois erros fundamentais.

Não perceber quanto sua própria realidade e suas ideias influem na leitura. O leitor não critica sua ideia sobre Deus e sobre o ser humano, seu modo de ver a vida e a sociedade, seus problemas e a forma de resolvê-los.

Resultado:Acaba procurando e encontrando na Bíblia uma justificativa para

seu modo de ver e de viver. A Bíblia perde toda a sua força transformadora, tornando-se apenas um espelho para a autocontemplação.

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Imaginar que Deus escreveu a Bíblia de próprio punho e a enviou para a terra de modo misterioso.

Alguns pensam que Deus ditou a Bíblia letra por letra e os homens em nada colaboraram ou foram somente instrumentos passivos.

Resultado:O leitor ingênuo toma tudo ao pé da letra, como se tudo fosse

um conjunto de revelações absolutas, inclusive os acentos e as virgulas. Jamais se perguntará pelo significado das imagens literárias e dos diversos modos de expressão, comuns ao povo que vivia 20 ou 30 séculos atrás, mas que agora já não são os nossos.

Page 64: Introdução á bíblia

A leitura ingênua leva a uma mistura desordenada de interpretações erradas, exageradas, confusas, misturada à magia e distantes da nossa realidade concreta.

É uma leitura que sempre vai sofrer a crítica dos fieis de outras religiões, e principalmente dos que resistem à religião por acharem que as pessoas de fé são muitos infantis.

Page 65: Introdução á bíblia

3. Leitura crítica da Bíblia

Criticar é analisar e esmiuçar uma coisa, para compreendê-la melhor. A leitura crítica é o contrário da leitura ingênua: não fica parada na casca, na aparência, mas procura penetrar no texto, a fim de compreendê-lo a partir de dentro e em relação com a situação histórica e social em que ele nasceu.

Leitura crítica é o esforço da fé para buscar suas próprias raízes, procurando o projeto que Deus faz e propõe para a realização da vida.

Três coisas são necessárias para uma leitura crítica.

Page 66: Introdução á bíblia

▲ Criticar a realidade em que vivemosNossa vida, sociedade, problemas, lutas, possibilidades, ideias,

opções e buscas. Em outras palavras, ter consciência de onde partimos para ler a Bíblia e, o mais importante, saber o que nela procuramos.

▲ Leitura crítica do textoDeixar que o texto fale o que tem a falar, e estar dispostos a

que o texto nos ensine algo novo e importante. Para isso é importante analisar e esmiuçar o texto de todos os modos, procurando não só compreender o que está escrito, mas também o que está por trás das palavras.Em resumo: O que o texto queria dizer naquele tempo? E o que nos diz hoje?

Page 67: Introdução á bíblia

▲ Buscar compreender o essencialA Bíblia é a revelação do projeto de Deus, que é liberdade e

vida para os seres humanos.

- Como o povo daquele tempo compreendeu e viveu esse projeto?

- Quais foram as dificuldades e as lutas que tiveram de vencer para conquistar a liberdade e a vida que Deus dá?

- Quais as dificuldades e lutas que nós enfrentamos para que o projeto de Deus seja realizado hoje?

Page 68: Introdução á bíblia

4. O lugar social na leitura da Bíblia

Pode parecer estranho que se possa ler a Bíblia de diversas maneiras, sendo ela Palavra de Deus.

Um dos fatores que leva as pessoas a leituras diferenciadas e até opostas dos textos bíblicos: é o lugar social que estas pessoas ocupam.

É como ver tudo na cor dos óculos que se usa. Todos nós temos óculos para ler a Bíblia, queiramos ou não. Quem é rico e mora num bairro nobre da cidade não vai interpretar um texto bíblico da mesma forma que alguém que mora num barraco e não tem dinheiro para o leite das crianças.

Por isso pode haver discussões sobre a Bíblia. Tanto assim que muitos, querendo fugir da questão, dizem: “Sobre religião não se discute”.

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Não existe leitura neutra da Bíblia; nela nos envolvemos com o que somos e o que temos.

Se os nossos óculos não forem da mesma cor dos óculos que Deus deu aos escritores da Bíblia, poderemos deturpar tudo o que ali está escrito. E esses óculos Deus os deu aos simples:

“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultastes estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado”(Mt 11, 26-26).

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5. A ciência ajuda a ler a Bíblia

Sabemos que a Bíblia é um livro muito antigo: 20 a 30 séculos nos separam daqueles que a escreveram.Além disso, ela nasceu no Oriente, lugar distante, com geografia, condições sociais e políticas, mentalidade diferentes etc. Seria ingenuidade pensar que a Bíblia é um livro como qualquer outro. Para compreendê-la melhor, temos que fazer muita ginástica para transpor grandes distâncias e dela aproximarmos.

É aqui que entra a ciência

Page 71: Introdução á bíblia

A ciência ajuda-nos a vencer as distâncias que nos separam do tempo, lugar e condições em que a Bíblia nasceu. Ajuda mas não substitui a própria Bíblia. A ciência é um meio, um instrumento para facilitar a compreensão, mas não substitui a própria leitura da Bíblia, sempre em busca da Palavra de Deus que revela e faz compreender o projeto que Deus faz para que o povo conquiste a liberdade e a vida.

Dai que a ciência presta um serviço à leitura crítica, e esta última é uma tarefa continua de todo o povo cristão que procura viver a fé como compromisso com Deus e com o seu projeto.

Page 72: Introdução á bíblia

A ciência que se ocupa das coisas da Bíblia chama-se EXEGESE, que significa análise e interpretação do texto. Para fazer esta análise e interpretação, a exegese procura o mais possível reconstituir e aproximar de nós o mundo bíblico, servindo-se de muitas ciências, como história, geografia, arqueologia, filologia, técnica de análise de texto, psicologia, sociologia, antropologia. Todavia, a exegese é e sempre será apenas um instrumento de aproximação, um meio para tornar mais fácil e eficiente a leitura crítica da Bíblia.

Sua finalidade é servir à leitura e compreensão da Bíblia e não anulá-las ou substitui-las.

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6. A Leitura Orante da Bíblia (Lectio divina)

“A leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração a fim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem; pois a Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos”

(Dei Verbum, n.25)

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A leitura orante da Palavra de Deus é um fecundo exercício na vida dos discípulos de Jesus Cristo, constituindo-se como consistente alimento para a fé. Esse insubstituível exercício quotidiano alimenta o espírito e prepara o discípulo para ser anunciador do Evangelho. Esta é a primeira tarefa dos presbíteros; e faz com que o discípulo seja também missionário.

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“Dentre as muitas formas de se aproximar da Sagrada Escritura, existe uma privilegiada à qual todos somos convidados: a Leitura Orante da Sagrada Escritura, que bem praticada conduz ao encontro com Jesus-Mestre; ao conhecimento do mistério, ao conhecimento do mistério de Jesus-Mestre, à comunhão com Jesus-Filho de Deus e ao testemunho de Jesus-Senhor do universo porque se abriram à experiência da misericórdia do Pai que se oferece por sua Palavra de verdade e vida.

O Documento de Aparecida, n.249 diz:

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Com seus quatro momentos (leitura, meditação, oração, contemplação), a Leitura Orante favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo semelhante ao modo de tantos personagens do Evangelho: Nicodemos e sua ânsia de vida eterna (cf. Jo 3, 1-21), a Samaritana e seu desejo de culto verdadeiro (cf. Jo 4, 1-42), o cego de nascimento e seu desejo de luz interior (cf. Jo 9), Zaqueu e sua vontade de ser diferente (cf. Lc 19, 1-10). Todos eles, graças a esse encontro, foram iluminados e recriados porque se abriram à experiência da misericórdia do Pai que se oferece por sua Palavra de verdade e vida”.

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Os passos da Leitura Orante da Palavra de Deus1º Passo

LEITURA O que diz o texto?

2º Passo MEDITAÇÃO O que o texto me diz?

3º Passo ORAÇÃO O que o texto me faz dizer a Deus?

4º Passo CONTEMPLAÇÃO Ver a realidade com os olhos de Deus e formular um compromisso de vida

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QUINTA PARTE

ESTUDO DA CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA

DEI VERBUM sobre a Revelação Divina

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CAPÍTULO IA REVELAÇÃO EM SI MESMA

CAPÍTULO IIA TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA

CAPÍTULO IIIA INSPIRAÇÃO DIVINA DA SAGRADA ESCRITURA E A SUA INTERPRETAÇÃO

CAPÍTULO IVO ANTIGO TESTAMENTO

CAPÍTULO VO NOVO TESTAMENTO

CAPÍTULO VIA SAGRADA ESCRITURA NA VIDA DA IGREJA

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Proposta de trabalho

Cada um poderia estudar um capítulo e no próximo encontro relatar:

▲ O que entendeu

▲ O que descobriu

▲ O que foi proveitoso para seu conhecimento e que pode ajudar a se aproximar melhor da Sagrada Escritura.

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