introdução à análise das demonstrações contábeis

4
Introdução à Análise das Demonstrações Contábeis Comentários Iniciais: A Análise das Demonstrações Contábeis (ADC) é sem dúvidas um dos assuntos mais interessantes da contabilidade!!! A ADC não se concentra em normas contábeis elaboradas pelo CFC e pelo CPC, dando ao estudioso das demonstrações a oportunidade de realizar a análise que ele achar pertinente. Em outras palavras, os registros contábeis serão o reflexo do que acontece na empresa e isso deve ser bem fidedigno, independentemente se será realizado pelo Contador X, Y ou Z (apesar de poder haver pequenas diferenças de interpretações). Ao passo que na ADC, cada analista pode utilizar uma metodologia e chegar a conclusões diferentes sobre as melhores decisões a serem tomadas na empresa. Logicamente, existem algumas metodologias que são bem aceitas pelo mercado e que os analistas utilizam normalmente em sua avaliação. Já tive a oportunidade de trabalhar por alguns anos calculando e analisando os índices financeiros e demonstrativos de uma das maiores companhias do Brasil. Tive a oportunidade também de fazer um MBA em Mercado de Capitais, em que pude aprender novas metodologias de análise. Tudo isso é bem interessante, contudo, nosso objetivo aqui é que você acerte todas as questões da prova e não que vire um expert em avaliar empresas (isso não te impede de pegar alguns demonstrativos de empresas e fazer pequenas análises, no horário de lazer). Portanto, vou seguir as regras mais aceitas pelas bancas de concursos e caso você queira aprofundar mais nesse assunto, deixe isso para depois de sua aprovação. Bibliografia: Ao contrário da disciplina de contabilidade, em que fazemos referência basicamente as Leis e Normas de contabilidade vigentes, este material de Análise das Demonstrações Contábeis não possuirá uma bibliografia oficial, tendo em vista que utilizarei principalmente do entendimento cobrado pelas bancas de concurso. No entanto, posso citar algumas importantes fontes para esse nosso material: - SILVA, José Pereira. Análise Financeira das Empresas - Atlas,2008. - ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços - Atlas, 2006. - MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis - Atlas, 2007 - IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços - Atlas, 1998. - E, PRINCIPALMENTE: PROVAS DE CONCURSOS ANTERIORES. Neste capítulo faremos uma introdução dessa Técnica Contábil. Você aprendeu no início da disciplina de Contabilidade que há diversos usuários da Ciência Contábil. Pois é, esses usuários muitas vezes recebem as informações contábeis e analisam elas para tomarem as melhores decisões. Cada usuário da contabilidade possui um interesse, portanto, a análise que eles farão dependerão da utilidade dessa informação para cada um. Diante disso, vejamos a tabela abaixo: Usuário Principais análises / interesses Investidores Risco inerente ao investimento e o seu retorno

Upload: gilmar-seco-peres

Post on 13-Apr-2017

218 views

Category:

Services


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Introdução à análise das demonstrações contábeis

Introdução à Análise das Demonstrações Contábeis

Comentários Iniciais:

A Análise das Demonstrações Contábeis (ADC) é sem dúvidas um dos assuntos mais

interessantes da contabilidade!!!

A ADC não se concentra em normas contábeis elaboradas pelo CFC e pelo CPC, dando

ao estudioso das demonstrações a oportunidade de realizar a análise que ele achar

pertinente. Em outras palavras, os registros contábeis serão o reflexo do que acontece na

empresa e isso deve ser bem fidedigno, independentemente se será realizado pelo

Contador X, Y ou Z (apesar de poder haver pequenas diferenças de interpretações). Ao

passo que na ADC, cada analista pode utilizar uma metodologia e chegar a conclusões

diferentes sobre as melhores decisões a serem tomadas na empresa. Logicamente,

existem algumas metodologias que são bem aceitas pelo mercado e que os analistas

utilizam normalmente em sua avaliação.

Já tive a oportunidade de trabalhar por alguns anos calculando e analisando os índices

financeiros e demonstrativos de uma das maiores companhias do Brasil. Tive a

oportunidade também de fazer um MBA em Mercado de Capitais, em que pude

aprender novas metodologias de análise. Tudo isso é bem interessante, contudo, nosso

objetivo aqui é que você acerte todas as questões da prova e não que vire um expert em

avaliar empresas (isso não te impede de pegar alguns demonstrativos de empresas e

fazer pequenas análises, no horário de lazer). Portanto, vou seguir as regras mais aceitas

pelas bancas de concursos e caso você queira aprofundar mais nesse assunto, deixe isso

para depois de sua aprovação.

Bibliografia: Ao contrário da disciplina de contabilidade, em que fazemos referência

basicamente as Leis e Normas de contabilidade vigentes, este material de Análise das

Demonstrações Contábeis não possuirá uma bibliografia oficial, tendo em vista que

utilizarei principalmente do entendimento cobrado pelas bancas de concurso. No

entanto, posso citar algumas importantes fontes para esse nosso material:

- SILVA, José Pereira. Análise Financeira das Empresas - Atlas,2008.

- ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços - Atlas, 2006.

- MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis - Atlas, 2007

- IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços - Atlas, 1998.

- E, PRINCIPALMENTE: PROVAS DE CONCURSOS ANTERIORES.

Neste capítulo faremos uma introdução dessa Técnica Contábil.

Você aprendeu no início da disciplina de Contabilidade que há diversos usuários da

Ciência Contábil. Pois é, esses usuários muitas vezes recebem as informações contábeis

e analisam elas para tomarem as melhores decisões. Cada usuário da contabilidade

possui um interesse, portanto, a análise que eles farão dependerão da utilidade dessa

informação para cada um. Diante disso, vejamos a tabela abaixo:

Usuário Principais análises / interesses

Investidores Risco inerente ao investimento e o seu retorno

Page 2: Introdução à análise das demonstrações contábeis

Empregados Lucratividade e a estabilidade da empresa.

Credores por

Empréstimo e

Fornecedores

Condições de pagar suas obrigações / solvência da

empresa.

Clientes

Continuidade operacional, principalmente se a

companhia analisada for um importante fornecedor

desse cliente.

Governo

Tributos que a companhia paga. Destinação de

recursos e outras informações que servem de apoio

para se estabelecer políticas fiscais e de

regulamentação.

Público em geral: Crescimento da companhia, principalmente aquelas

que são a base para uma economia local.

Na maioria das análises focaremos nossa atenção nos investidores e nos

fornecedores/credores por empréstimos, que é o foco das bancas de concursos.

A análise das demonstrações contábeis das empresas geralmente é feita comparando a

evolução dos números da empresa ao longo dos anos (análise temporal), ou comparando

a situação da empresa com outras companhias do mesmo ramo de atuação (análise

interempresarial).

Uma das formas de se dividir a Análise das Demonstração Contábeis é:

ANÁLISE

FINANCEIRA

ANÁLISE

CONTÁBIL ANÁLISE ECONÔMICA

Análise de Liquidez Análise Vertical

(estrutural) Análise de Rentabilidade

Análise de

Solvência

Análise Horizontal

(evolução)

Análise de

Produtividade/Lucratividade

Análise por índices

(quocientes) Análise de Rotatividade

Outra forma, bem mais utilizada é:

ANÁLISE VERTICAL A Análise Vertical tem como objetivo principal demonstrar o percentual (participação

relativa) de cada conta da demonstração contábil em relação a um determinado

referencial.

ANÁLISE HORIZONTAL - A Análise Horizontal visa examinar a evolução história das contas dos demonstrativos

contábeis. Dessa forma, é possível avaliar se a conta aumentou ou diminuiu e em que

percentual de um Ano Base (referencial) para outro(s).

Page 3: Introdução à análise das demonstrações contábeis

ÍNDICES DE LIQUIDEZ:

- Medem a capacidade financeira da empresa em pagar os compromissos assumidos

com seus credores;

- São calculados a partir das contas do Balanço Patrimonial.

Exemplos; Liquidez Corrente; Liquidez Imediata; Liquidez Seca ou liquidez Ácida;

Liquidez Geral; Solvência Geral ou Margem de Garantia etc.

ÍNDICES DE ESTRUTURA DE CAPITAL (ENDIVIDAMENTO):

- Orientam a política de decisões da empresa em relação à forma de obtenção e de

aplicação dos recursos;

- São calculados a partir das contas do Balanço Patrimonial.

Exemplos: Endividamento Geral ou Total; Participação de Capital de Terceiros (Grau

de Endividamento); Composição do Endividamento; Garantia de Capital de Terceiros;

Imobilização do Patrimônio Líquido; Imobilização dos Recursos não Correntes

(Imobilização de Capital de Longo Prazo); Índice de Cobertura de Juros (ICJ) etc.

ÍNDICES DE RENTABILIDADE

- Interpretam o desempenho global da empresa e sua capacidade de geração de lucros.

- São calculados a partir das contas do Balanço Patrimonial e da DRE.

Exemplos: Margem Bruta; Margem Líquida (Lucratividade sobre Vendas); Margem

Operacional; Retorno sobre o Patrimônio Líquido (Rentabilidade do Capital Próprio,

Rentabilidade do PL ou Lucratividade); Rentabilidade Financeira; Retorno sobre o

Investimento (Retorno sobre o Ativo ou Rentabilidade do Ativo) e Análise Du-Pont etc.

ÍNDICES DE ATIVIDADE (ROTAÇÃO):

- Determinam a velocidade (giro) dos valores aplicados no patrimônio da empresa.

- São calculados a partir das contas do Balanço Patrimonial e da DRE.

Exemplos: Prazo médio de Renovação de Estoque (PMRE); Giro de Estoques =

Rotação dos Estoques; Prazo médio de Recebimento de Vendas (PMRV); Giro do

Contas a Receber = Rotação de Duplicatas a Receber; Prazo médio de Pagamento de

Compras (PMPC); Giro das Compras; Giro do Ativo; Ciclo Operacional, Ciclo

Financeiro e Ciclo Econômico etc.

ÍNDICES DE RENTABILIDADE (AÇÕES)

- Interpretam o desempenho das ações da empresa.

- São calculados a partir das contas do Balanço Patrimonial, da DRE e da cotação da

ação na Bolsa de Valores.

Page 4: Introdução à análise das demonstrações contábeis

Exemplos: Lucro Líquido por Ação; Valor Patrimonial da Ação; Prazo de Retorno

Econômico da Ação (Índice Preço / Lucro);

Prazo de Retorno Financeiro da Ação; Payout; Dividend Yeld (Rendimento do

Dividendo) etc.

OUTROS INDICADORES DE MERCADO

- Muito utilizados pelas empresas, exigindo, normalmente, cálculos e análises mais

avançadas.

Exemplos: Necessidade de Capital de Giro, Efeito Tesoura, Grau de Alavancagem

Financeira, Grau de Alavancagem Operacional

Grau de Alavancagem Combinada ou Total , EVA® - Valor Econômico Adicionado

(VEA) , EBITDA etc.

Obs: As bancas não têm o costume de cobrar do candidato o conhecimento de qual

grupo o índice se enquadra, portanto, preocupe-se mais em saber o significado e a

fórmula de cada índice. Essa divisão por grupos ocorre mais por questões didáticas e

para que possa te ajudar a lembrar qual o significado de cada índice.

Antes de iniciar a análise das demonstrações financeiras, o analista deve realizar uma

padronização prévia dos demonstrativos. Ele faz isso, entre outros motivos, para poder

comparar demonstrativos de períodos ou empresas diferentes. Exemplos:

a) A empresa X divulga em seus balanço patrimonial uma conta de "Caixa", outra de

"Banco" e outro de "Aplicações". Enquanto isso, a empresa Y soma essas três contas em

uma única denominada"Disponível". Para realizar uma comparação entre essas duas

empresas, o analista não pode comparar, por exemplo, a conta "Disponível" da empresa

X com a conta "Bancos" da empresa Y. Logo, ou ele soma as 3 contas da empresa Y ou

ela detalha as contas da empresa X para realizar essa análise.

b) a conta Duplicatas Descontadas, devido as suas características, deve ser classificada

junto com os empréstimos em uma análise de balanços. Destaca-se que antigamente ela

era classificada como uma conta redutora do ativo circulante e reclassificada para o

passivo circulante em uma análise. No entanto, após as alterações promovidas pelas

normas internacionais de contabilidade nos últimos anos, ela passou a ser classificada

desde o início como passivo circulante.