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INTERVENÇÕES CONTEMPORÂNEAS DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL EM CIDADES DO NORDESTE BRASILEIRO. Estudos de casos em Campina Grande e Recife. Autor: Alcilia Afonso Universidade Federal de Campina Grande. UFCG.CAU.UAEC.CTRN Email: [email protected] RESUMO Esse texto tratará sobre observações realizadas nas intervenções arquitetônicas que o acervo do patrimônio industrial vem sofrendo em cidades do nordeste brasileiro, através de um olhar analítico e crítico. Como estudos de casos específicos, serão tomados dois exemplos de intervenções: um primeiro localizado no agreste paraibano, na cidade de Campina Grande, a antiga Fábrica Marques de Almeida - que na contemporaneidade passa por um processo de conscientização e sensibilização da comunidade para a sua revitalização; e o segundo, na cidade do Recife, capital de Pernambuco - a antiga fábrica da Macaxeira, hoje um centro de ensino e atividades sócio cultural e esportiva. O objetivo desse trabalho é divulgar o resultado das pesquisas que o grupo de investigação Arquitetura e Lugar, cadastrado no CNPq, e vinculado ao curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFCG, e aos programas de Mestrado em Design da UFCG e de Artes, Patrimônio e Museologia da UFPI. Palavras chaves: Cidade; Intervenções urbanas; Projetos urbanos, Espaços públicos. ABSTRACT This text deals with observations on the architectural interventions that the industrial heritage collection has been suffering in the Brazilian northeastern cities, through an analytical and critical eye. In specific case studies, two examples of interventions will be taken: the first is in one city of “Agreste” region of the state of Paraíba, Campina Grande, the old “Fábrica Marques de Almeida”; and the second is in the city of Recife, capital of Pernambuco - the old ”Fábrica da Macaxeira”, now a center of education and socio cultural and sports activities, that in contemporary times goes through a process of awareness and community outreach for your revitalization. The objective of this work is to disseminate the results of research to the research group Architecture and Place, registered at CNPq, and linked to the undergraduate degree in “Arquitetura e lugar”/ UFCG, and Master's programs in Design/ UFCG and Arts, Heritage and Museology/ UFPI. Key words: City; Urban interventions; urban projects, public spaces.

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  • INTERVENES CONTEMPORNEAS DO PATRIMNIO INDUSTRIAL EM CIDADES

    DO NORDESTE BRASILEIRO. Estudos de casos em Campina Grande e Recife.

    Autor: Alcilia Afonso Universidade Federal de Campina Grande. UFCG.CAU.UAEC.CTRN Email: [email protected]

    RESUMO Esse texto tratar sobre observaes realizadas nas intervenes arquitetnicas que o acervo do patrimnio industrial vem sofrendo em cidades do nordeste brasileiro, atravs de um olhar analtico e crtico. Como estudos de casos especficos, sero tomados dois exemplos de intervenes: um primeiro localizado no agreste paraibano, na cidade de Campina Grande, a antiga Fbrica Marques de Almeida - que na contemporaneidade passa por um processo de conscientizao e sensibilizao da comunidade para a sua revitalizao; e o segundo, na cidade do Recife, capital de Pernambuco - a antiga fbrica da Macaxeira, hoje um centro de ensino e atividades scio cultural e esportiva. O objetivo desse trabalho divulgar o resultado das pesquisas que o grupo de investigao Arquitetura e Lugar, cadastrado no CNPq, e vinculado ao curso de graduao em Arquitetura e Urbanismo da UFCG, e aos programas de Mestrado em Design da UFCG e de Artes, Patrimnio e Museologia da UFPI. Palavras chaves: Cidade; Intervenes urbanas; Projetos urbanos, Espaos pblicos. ABSTRACT This text deals with observations on the architectural interventions that the industrial heritage collection has been suffering in the Brazilian northeastern cities, through an analytical and critical eye. In specific case studies, two examples of interventions will be taken: the first is in one city of Agreste region of the state of Paraba, Campina Grande, the old Fbrica Marques de Almeida; and the second is in the city of Recife, capital of Pernambuco - the old Fbrica da Macaxeira, now a center of education and socio cultural and sports activities, that in contemporary times goes through a process of awareness and community outreach for your revitalization. The objective of this work is to disseminate the results of research to the research group Architecture and Place, registered at CNPq, and linked to the undergraduate degree in Arquitetura e lugar/ UFCG, and Master's programs in Design/ UFCG and Arts, Heritage and Museology/ UFPI. Key words: City; Urban interventions; urban projects, public spaces.

  • 1 INTRODUO

    Esse texto tratar sobre observaes realizadas nas intervenes arquitetnicas que o acervo do patrimnio industrial vem sofrendo em cidades do nordeste brasileiro, atravs de um olhar analtico e crtico, buscando enfatizar as relaes existentes entre o patrimnio arquitetnico analisado e a configurao urbana dessas cidades.

    Portanto, um texto que dialogar com o eixo temtico 3, desse evento, voltado para discusses sobre as pesquisas acadmicas e cientficas desenvolvidas sobre o espao pblico e projeto urbano na metrpole contempornea, contrapondo espaos pblicos e coletivos, com projetos arquitetnicos que interferem diretamente na qualidade de vida dessas cidades.

    Como estudos de casos especficos, sero tomados dois exemplos de intervenes: um primeiro localizado na cidade do agreste paraibano, Campina Grande, a antiga Fbrica Marques de Almeida- que na contemporaneidade passa por um processo de conscientizao e sensibilizao da comunidade para a sua revitalizao, pois seu uso est fragmentado em pequenos espaos alugados para comrcio e servio em geral, estando o edifcio bastante descaracterizado; e o segundo, na cidade de Recife, capital de Pernambuco - a antiga fbrica da Macaxeira, hoje um centro de ensino e atividades scio culturais e esportiva.

    O objetivo desse trabalho divulgar o resultado das pesquisas que o grupo de investigao Arquitetura e Lugar, cadastrado no CNPq, e vinculado ao curso de graduao em Arquitetura e Urbanismo da UFCG, e aos programas de Mestrado em Design da UFCG e de Artes, Patrimnio e Museologia da UFPI- vem realizando junto a uma rede de pesquisadores, arquitetos, urbanistas, designers e historiadores, alm de participar de rede internacional de pesquisas sobre a preservao do patrimnio industrial, o grupo INCUNA.

    O trabalho de investigao multi e interdisciplinar, pois procura a interlocuo e circulao das ideias e estudos entre as distintas formaes dos membros da rede criada pelo Grupo de Pesquisa. Algumas hipteses so levantadas na pesquisa, procurando questionar sobre a necessidade de se preservar tal acervo, considerado por muitos, "recente", e de "valor, ainda pouco reconhecido" pela sociedade, e por algumas instituies preservacionistas nacionais, que no realizaram ainda inventrios e nem medidas legais de proteo do mesmo.

    Outras inquietaes suscitam investigaes a fim de constatarem a necessidade de reusos e requalificao desses espaos, que infelizmente no vm sendo prestigiados nas agendas das polticas pblicas das respectivas cidades, havendo poucas, mas significativas excees, conforme ser demonstrado em um dos estudos de casos. A metodologia de pesquisa se apoia em autores como Serra (2006), Katinsky (2005) e Gastn e Rovira (2006), Eco (1977).

    Umberto Eco (1977:39) escreveu sobre as fontes de primeira e segunda mo, afirmando que a nica fonte de primeira mo o documento autntico. Mas o que pode-se considerar como documento autntico na pesquisa arquitetnica?

    No seriam apenas de primeira mo, autnticos, os esboos, croquis, e o desenho/ projeto desenvolvidos pelo arquiteto e sua possvel equipe de trabalho, com seus memoriais descritivos e justificativos? E de segunda mo, o edifcio/ construo em si? Considerando que este produto, conforme se sabe, passa por uma srie de percalos durante a obra, que muitas vezes o desvirtua de um projeto original, no podendo, portanto, ser considerado autntico?

    Dessa maneira, teriam ento, como documentos de primeira mo, as fontes primrias, os desenhos, os escritos do autor, os esboos, croquis, estudos preliminares, projeto, memoriais descritivos, justificativa, correspondncias, entrevistas com autor da obra, depoimentos. E como documento de segunda mo, o edifcio, a bibliografia existente sobre o autor, o projeto, e a obra?

    O professor Katinsky (2005: 46) considera que: Em histria da arte e, principalmente, em arquitetura, so fontes primrias as prprias obras, os esboos e desenhos preparatrios, bem como, os memoriais, mas tambm as apreciaes dos contemporneos, os depoimentos dos empreendedores, as observaes dos usurios e at a escriturao comercial... e por fontes secundrias, temos considerado todos os textos de referncia sobre o perodo estudado, como ensaios histricos e crticos.

  • O que se pode deduzir dessas colocaes de Eco e Katinsky, que na pesquisa arquitetnica, pode-se considerar que o edifcio um documento, independente de ser uma fonte de primeira mo ou de segunda mo, e que, portanto, a metodologia de enfoque arquitetnico e visual, atravs da coleta de imagens (desenhos e fotografias) tem uma importncia fundamental neste estudo.

    A pesquisa de cunho arquitetnico e urbanstico dialoga com a pesquisa histrica, focando em fontes primrias documentais e secundrias para dar suporte aos estudos dos objetos e suas relaes com o espao pblico urbano.

    Tambm tem sido fundamental a metodologia que trabalha com a histria oral, coletando depoimentos para a construo de uma histria recente e ainda pouco escrita, e se apoia em autores como Portelli (1997) e Montenegro (2010). Serra (2006), em seu livro intitulado Pesquisa em Arquitetura e urbanismo / Guia prtico para o trabalho de pesquisadores em ps-graduao (2006) discorre sobre o tema da metodologia da pesquisa, afirmando que o mtodo implica em atividades ordenadas, tarefas colocadas sequencialmente e a partir de um plano de ao racional (Serra, 2006: 59).

    O autor afirma que para a anlise dos problemas arquitetnicos e urbanos fundamental se trabalhar com uma metodologia baseada em sistemas e processo; entendendo como processo, o modo como se sucedem os estados diferentes do sistema no tempo e por sistemas, um conjunto de objetos entendidos como uma totalidade de eventos, pessoas ou ideias que interagem uns com os outros.

    Estes so representados por seu contorno, por uma definio ou pela enumerao dos elementos que o compem, como tambm pelas interaes entre eles e entre o sistema e seu entorno.

    Gastn e Rovira (2007) elaboraram um guia bsico de investigao sobre o objeto arquitetnico, cujo objetivo o de facilitar a exausto do tema estudado, enfocando o ponto de vista e apresentando ferramentas para operar o material documental de maneira eficiente, assim como, ilustrar o modo mais adequado de elaborar e apresentar as concluses. Tal obra tem sido bsica para as anlises projetuais dos edifcios analisados e seguem um roteiro hierrquico dos principais pontos a serem considerados nos estudos de cada edificao.

    2 APORTE TERICO

    Na pesquisa realizada, partiu-se do princpio bsico que a cidade pode ser compreendida como o arquivo da histria, conforme colocou Chueca (1982). no espao urbano, ou tambm, no espao rural, que se encontra edificado o patrimnio arquitetnico de uma sociedade, que guarda a memria coletiva de vrios indivduos, ou grupos, atravs da construo de edificaes, ruas, praas, lugares de memria.

    Na contemporaneidade, as cidades, como arquivos da histria e da memria coletiva, constitudas de seus respectivos acervos patrimoniais, vm cada vez mais, desenvolvendo um processo de apagamento da memria ou passando por processos de traumas urbanos, como to bem colocaram os autores catals Montaner e Muxi (2011). A dissoluo da memria- um dos meandros dos processos contemporneos de urbanizao- atinge a memria plural e complexa, atravs de mecanismos polticos que pretendem impor novas identidades coletivas e manipuladas do social.

    Os autores colocaram sobre o tema: Podemos falar de um apagamento sistemtico da memria coletiva que ocorre em situaes no explicitamente traumticas, sem conflitos sociais aparentes, de uma maneira lenta e oculta, como consequncia do desenvolvimento capitalista e neoliberal das grandes urbes, que querem estabelecer identidades simples para o controle interno e a comunicao externa, voltadas aos investimentos e ao turismo, e que se transmite atravs de campanhas publicitrias. (Montaner e Muxi 2011: 159).

    Observa-se na contemporaneidade, que h uma prioridade poltica em priorizar a memria das classes dominantes, de uma histria oficial, deixando de lado, a memria coletiva das minorias, dos imigrantes, das classes menos favorecidas, procedentes de culturas e identidades distintas. bastante pertinente aqui, colocar as questes feitas por Montaner e Muxi sobre esse cenrio contemporneo da discusso da relao cidade/ histria/ memria e patrimnio: Quem possui o interesse em recordar? Que grupo ou classe social, dos diversos que confluem em cada cidade, tem o poder de definir a memria? Como cada cidade vai construindo seu imaginrio custa da nfase em alguns aspectos e do esquecimento dos outros? Porque para recordar certos fatos preciso esquecer os outros?. (Montaner e Muxi 2011: 168).

  • O aporte terico das pesquisas sobre patrimnio industrial se apoia na Conferncia 2003 do TICCIH The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage (Comisso Internacional para a Conservao do Patrimnio Industrial), onde foi extrado um documento, intitulado Carta de Nizhny Tagil (2003) que colocou que, todo o acervo do patrimnio industrial deve ser estudado, a sua histria deve ser ensinada, a sua finalidade e o seu significado devem ser explorados e clarificados a fim de serem dados a conhecer ao grande pblico.

    Fundamental tambm definir o que se entende por patrimnio industrial, e para tal, toma-se aqui o conceito trabalhado pela Carta de Nizhny Tagil (2003): ... compreende os vestgios da cultura industrial que possuem valor histrico, tecnolgico, social, arquitetnico ou cientfico. Estes vestgios englobam edifcios e maquinaria, oficinas, fbricas, minas e locais de processamento e de refinao, entrepostos e armazns, centros de produo, transmisso e utilizao de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indstria, tais como habitaes, locais de culto ou de educao.

    O resgate da memria coletiva e individual desse momento histrico que teve o apogeu das primeiras indstrias em nossas distintas culturas se projeta como uma possibilidade de trazer para o plano do historiador o registro da prpria reao vivida dos acontecimentos e fatos histricos.

    O acervo composto pelas antigas fbricas, galpes de armazenamento, entrepostos, escritrios, estaes ferrovirias encontram-se abandonados nas periferias e mesmo nos centros urbanos de nossas cidades, quase sempre ameaados de serem demolidos em vista de seus maus estados de conservao e algo necessita ser urgentemente realizado.

    O resgate documental, imagtico, realizao de inventrios, aes de educao patrimonial, proteo legal, entre outras aes importantes so algumas etapas do processo que urge ser iniciado em nossas cidades e em seus planejamentos urbano e territorial.

    O debate sobre a preservao do patrimnio industrial tambm foi discutida por Choay (2006), que apontou para duas questes que se vislumbram dessa herana industrial, sendo estas de natureza e escalas diferentes. A primeira questo est voltada para os edifcios isolados desse acervo, e a segunda, para as grandes reas territoriais, com escala regional. Choay colocou que os edifcios isolados, em geral, de construo slida, sbria e de manuteno fcil, so facilmente adaptveis s normas de utilizao atuais e se prestam a mltiplos usos pblicos e privados, e citou casos norte americanos e europeus, nos quais j so incontveis os imveis como usinas, ateliers, entrepostos, transformados em escolas, museus, teatros.

    O conceito de reutilizao- reintegrao de um edifcio desativado a uso normal- apontado por Choay, como um caminho para a integrao do patrimnio industrial vida contempornea.

    Apoiados nesses autores e documentos, o grupo de pesquisa pretende expor as intervenes sofridas nas duas fbricas que tiveram usos voltados para uma produo txtil, contrapondo tais propostas e apontando os pontos positivos e os negativos, observando de que maneira, tais projetos contribuem com a qualidade de vida de nossas cidades e a preservao da memria coletiva da sociedade envolvida.

    3 OS ESTUDOS DE CASOS

    Inicialmente ser exposto o caso paraibano, da Indstria Marques de Almeida, ainda em processo de interveno urbana, e posteriormente, a Fbrica da Macaxeira, que se encontra em um estgio mais avanado de interveno, quase totalmente concluda.

    3.1 A Fbrica Marques de Almeida. Campina Grande. Paraba.

    Como primeiro estudo de caso para apresentar-se nesse artigo, tratar-se- aqui das informaes coletadas durante a pesquisa sobre as intervenes no patrimnio industrial na cidade de Campina Grande, Paraba, que selecionou para esta apresentao e discusso, a sede da antiga Indstria Marques de Almeida.

    Inicialmente, faz-se necessrio, contextualizar esse objeto de estudo, trazendo algumas informaes bsicas sobre a cidade na qual o edifcio est implantado: Campina Grande, cidade que durante o incio do sculo XX, recebeu muitos investimentos com a instalao de grandes empresas, que foram norteadoras para a expanso do tecido urbano, sendo protagonistas do surgimento de novos bairros. Vrias fbricas foram construdas, como a sede da antiga Indstria Marques de Almeida, a antiga fbrica de tecidos Bodocong de Aires & Cia, entre outras, que infelizmente, foram demolidas ou descaracterizadas.

  • Campina Grande est localizada no nordeste brasileiro, na regio do Agreste Paraibano, no planalto da Borborema a 550m acima do nvel do mar, no ponto de latitude 71311 sul e de longitude 355231 a oeste; geograficamente estar bem privilegiada, situada no centro da Paraba (figura 1).

    Figura 1. Mapa de localizao de Campina Grande. PB. Nordeste brasileiro. Fonte: Montagem de mapas editados pela autora.

    Possui uma populao de 400 mil habitantes, e por ser uma cidade polo exerce grande influncia sobre os aproximadamente 60 municpios que esto em seu entorno. O clima caracterstico o tropical semirido, e apresenta temperaturas mais amenas devido a sua altitude. O Instituto Nacional de Meteorologia registra a mdia de temperatura mais alta em torno de 29,9C e a mais baixa de 17,8C.

    O municpio bastante acessvel s principais cidades do nordeste, e economicamente destacam-se nas reas de servio, comrcio e tecnologia; Possui um contexto histrico rico em manifestaes culturais; um dos momentos que marcou os campinenses foi o ciclo do algodo, o ouro branco, o que levou o municpio a ser considerada a segunda maior produtora de algodo do mundo.

    Como breve histrico, coloca-se aqui, algumas informaes bsicas a cerca da evoluo histrica da cidade, baseada no texto de Baslio (2009), que descreve que a cidade teve origem em uma aldeia indgena dos ndios Aris, tribo "domesticada" por Teodsio de Oliveira Ledo, capito-mor das fronteiras das Piranhas, Cariri e Pianc, que levava este grupo consigo quando, vindo do Serto, iria capital atender ao chamado do governador-geral.

    Ao ir por um caminho diferente, deparou-se com uma "campina verde". Demorou-se no local e por ter gostado do lugar ali resolveu aldear os seus ndios. Tal fato ocorreu em aproximadamente, em 1697. Em 1769, transforma-se em Freguesia, e em Vila, em 1790, passando cidade, em 1864 - Por Lei Provincial. Sendo a sexta da Paraba que j contava com Parahyba (antigo nome da capital, Joo Pessoa), Mamanguape, Areia, Souza e Pombal.

    O apogeu econmico de Campina Grande se deu quando o trem chegou cidade, no dia 2 de outubro de 1907, impulsionando o comrcio local, e a populao vive momentos de progresso , e deu um salto de mais de 600%, chegando marca de 130 mil habitantes no transcurso de pouco mais de trs dcadas- a cidade virou um polo atrativo de pessoas que foram trabalhar em volta da indstria algodoeira.

    Segundo Afonso (2015), a cidade possua quatro praas algodoeiras, que recebiam essa produo, e foram nesses lugares que se implantaram as primeiras edificaes voltadas para o beneficiamento do produto: Praa do Algodo, atual Praa Joo Rique; Praa do Aude Velho, no entorno da Estao Ferroviria antiga; a Praa das Boninas; e a Praa do aude Bodocong.

    A Praa do Algodo, por exemplo, era um espao pblico onde se recebiam e comercializavam-se fardos de algodo vindos das regies produtoras. Ali ficavam na rua, fardos altos do produto, que posteriormente, passou a ser armazenado, na Rua dos Armazns (atual Rua Marques de Herval), que abrigava grandes galpes para armazenar os grandes fardos de algodo para serem exportados. A ferrovia, atrelada infraestrutura que compunha o ciclo do algodo, trouxe a implantao de vrias fbricas, escritrios, galpes de armazenamento, que configuraram uma nova forma urbana para a cidade de Campina Grande.

  • Era atravs de Campina Grande que toda a produo regional algodoeira era encaminhada para os portos martimos de Recife, em Pernambuco, e de Cabedelo, prximo capital paraibana de Joo Pessoa.

    Nas dcadas de 20 e 30, a cidade atraiu empresas de outros lugares, como do estado de Pernambuco, e vrios empresrios investiram na cidade, tais como os irmos Marques de Almeida, o empresrio Jos Tavares de Moura, entre outros. Tais empreendimentos passam a ocupar novas praas, como a das Boninas, onde foi implantada a importante indstria Marques de Almeida.

    Figura 2: Carto Postal. Dcada 1950. A Rua Marques de Herval e seu conjunto Art Dco. Fonte: Acervo QUEIROZ, Marcus V.

    A cidade que estava passando por seu momento ureo econmico, devido ao ciclo do algodo, no mediu esforos para se modernizar, tanto com iniciativas pblicas, quanto privadas, havendo sido realizadas vrias reformulaes no traado do espao urbano (figura 2), na gesto do prefeito Verginaud Wanderley, que ocupou de 1935 a 1937, o cargo de prefeito de Campina Grande, ao qual retornou em 1940, exercendo-o at 1945. O espao urbano cresce e novos bairros comeam a surgir. Verginaud edificou prdios em estilo dco (figura 3) para simbolizar sua gesto modernizadora, formando um dos mais importantes acervos da arquitetura proto moderna brasileira, que atualmente encontram-se na rea do Centro Histrico da cidade e protegidos por legislao de tombamento. Tal rea vem sendo objeto de intervenes urbanas contemporneas, na tentativa de resgatar o acervo, que durante anos, passou por alteraes de suas formas e funes tipolgicas originais.

    Figura 3: Carto Postal. Dcada 1950. Levantamento realizado pela Prefeitura, em projeto de resgate da volumetria do conjunto dco da rea central de Campina Grande. Fonte: Acervo QUEIROZ, Marcus V.

    Contudo, a partir dos anos 50, com a entrada do estado de So Paulo na produo algodoeira nacional, tal ciclo nordestino teve o seu processo de decadncia iniciado e atrelado a uma srie de fatores, enumerados

  • por Arajo (2006: 35) que apontou para os seguintes motivos desse declnio: O baixo preo do algodo paraibano frente produo do estado de So Paulo - que passou a investir no algodo, aps a queda do ciclo do caf; a falta de incentivos aos produtores, nos quais os juros cobrados pelas safras eram altos, impossibilitando o plantio ao produtor; a falta de bases tcnicas e o preo; a dupla tributao j que o produto era escoado para Pernambuco; a concorrncia desleal das grandes indstrias de beneficiamento e exportao, frente aos pequenos produtores agrcolas, assim como, as pequenas indstrias, alm da falta de um porto equipado que atendesse as exigncias do comrcio algodoeiro.

    A desativao das grandes empresas algodoeiras ocorrida na dcada de 80 do sculo XX, como a SANBRA e a Anderson Clayton, finalizou de vez, uma fase urea da economia industrial nesse setor, em Campina Grande, deixando obsoleto, um acervo rico na rea de patrimnio industrial que requer uma ateno das instituies pblicas e privadas, da sociedade em geral, para tentar resgatar e reutilizar tais edificaes, que a cada dia, passam por processos de descaracterizao de demolio.

    Retomando aos anos 20 do sculo XX, anteriormente exposto, foi naquele contexto histrico e econmico- de apogeu da economia algodoeira, que foi implantada a Indstria Marques de Almeida (figura 4), especialista em fiao e tecelagem e que contratou grande parte da populao pobre da cidade para ali trabalhar, gerando emprego e renda para a cidade durante dcadas.

    Figura 4: Vista area da Indstria Marques de Almeida: Boninas, Rua Getulio Vargas (ao fundo) Fonte: http://cgretalhos.blogspot.com.br/2013/02/comercio-e-industrias-marques

    A Fbrica est implantada com sua fachada principal voltada para a Rua Getlio Vargas, e fachada posterior para a Rua Flix Arajo, ambas localizadas no atual centro histrico da cidade (figura 5) e foi fundada em 1922, pelo industrial Dionsio Marques de Almeida (18911974), sendo a primeira indstria a ser instalada na cidade durante a extrao do algodo, com suas atividades iniciadas em 5 de outubro de 1925, encerrando as mesmas, em 1983.

    Figura 5: Mapa de localizao do Centro histrico de Campina Grande. PB. Fonte: Arquivo do Grupo de Pesquisa Arquitetura e Lugar. CAU. UAEC. CTRN.

  • Segundo pesquisas realizadas, foi o prprio industrial Dionsio Marques de Almeida, quem projetou e construiu o edifcio de linhas eclticas, circundado por platibandas, e com distintas formas de aberturas. Observa-se que a edificao encontra-se inserida em um ponto estratgico do centro da cidade, possuindo uma boa infraestrutura urbana, que favorece o processo de requalificao da mesma.

    Atravs de pesquisa documental realizada ao Museu do Algodo, ao arquivo municipal da Secretaria de Cultura, bem como, a realizao de entrevistas com pesquisadores locais, e visitas de campo ao edifcio (figura 6), foi possvel levantar-se um diagnstico sobre o resgate que vrios atores vm tentando realizar, tendo como meta, preservar a edificao de relevante significado para a histria e a memria regional do nordeste brasileiro.

    Figura 6: Vista posterior da edificao. Observar detalhes e solues construtivas empregadas. Fonte: Fotografias de Afonso, A. Julho 2015.

    Mssala (2014) realizou um trabalho de final de curso no qual se dedicou a propor um novo uso para a antiga Indstria, e tal estudo, gerou um levantamento arquitetnico fundamental para a compreenso do espao, fornecendo plantas de locao, plantas baixas, cortes e fachadas que formam um rico material de projeto para futuras e concretas intervenes. Atualmente, a fbrica foi compartimentada em vrios cmodos (figura 7) que abrigam usos distintos, tais como, comrcio de mveis projetados, loja de decorao e estacionamento. Tais usos foram descaracterizando alguns espaos e algumas fachadas, principalmente a fachada sul. Pode-se observar que os espaos internos da edificao encontram-se em avanado estado de deteriorao colocando em risco pessoas que trabalham em seu interior e as que transitam nas suas proximidades.

    Figura 7: Vista frontal e lateral da edificao com tomadas visuais desde a Rua Getlio Vargas. Fonte: Fotografias de Afonso, A. Julho 2015.

  • Mas, o que tem sido feito de fato, para preservar este importante acervo? Considerando-se que estudos documentais existem e so suficientes para uma interveno de reutilizao espacial? Atravs de visitas realizadas Secretaria de Cultura do municpio, teve-se conhecimento do projeto apresentado no ano de 2014, durante o aniversrio dos 150 anos da cidade, titulado Projeto Boninas. Campina de Outrora. Campina Grande 150 anos (figura 8).

    Figura 8: Projeto Boninas. Campina de Outrora. Campina Grande 150 anos. Fonte: Secretaria Municipal de Cultura de Campina Grande. 2014.

    O projeto apresentado visa atrair pessoas para shows na rea, que se encontra marginalizada, a fim de que a populao possa conhecer melhor o potencial do lugar, e se aproprie do espao, buscando apoio de grupos empresariais que firmem parcerias com o poder pblico, a fim de resgatar no apenas o edifcio sede da antiga Indstria, mas tambm, parte do bairro, conhecido por Boninas, que abrigou o antigo cemitrio da cidade.

    Pode-se observar, que as pesquisa acadmicas realizadas nas escolas de arquitetura existentes na cidade, como a FACISA e a UFCG/ Universidade Federal de Campina Grande, vm contribuindo bem para o resgate documental, de textos, depoimentos, imagens, material de projeto, que atravs de trabalhos apresentam propostas que podem ter uma boa repercusso no meio poltico e empresarial, conseguindo assim, recursos financeiros para as intervenes de resgate.

    3.2 A Fbrica da Macaxeira. Recife. Pernambuco

    O segundo estudo de caso da pesquisa que vem sendo realizada sobre as intervenes de salvaguarda do patrimnio industrial nordestino brasileiro, trata-se do conjunto arquitetnico e natural da Fbrica da Macaxeira, localizada na zona norte da cidade de Recife, Pernambuco.

    Figura 9. Mapa de localizao de Recife. PE. Nordeste brasileiro. Fonte: Montagem de mapas editados por AFONSO, A. Como maneira de compreender a histria da Fbrica, importante aqui, mostrar algumas informaes bsicas sobre o contexto no qual, a mesma estava envolvida, observando as caractersticas da cidade e o que se passava no local, durante os anos de sua implantao a dcada de 20 do sculo XX. A cidade de Recife (figura 9), capital do estado de Pernambuco, nordeste brasileiro, onde est implantado o conjunto

  • fabril, est localizada na costa do Oceano Atlntico, numa plancie baixa e mida, situada em torno aos 8 graus de latitude sul em uma zona de altos ndices pluviomtricos anuais, com um clima constante e dividido sumariamente em duas estaes: a de chuvas e de estiagem.

    A cidade tem sua historia vinculada cultura aucareira sendo uma das principais capitanias hereditrias do Brasil na poca da colonizao portuguesa. Sempre caracterizou-se por ser um centro dinmico para a realizao de negcios, condicionado por seu aspecto geogrfico, sendo uma cidade litornea, apresentando arrecifes de corais que contriburam para a construo do porto,fazendo com que a cidade, se tornasse um espao concentrador de variadas atividades econmicas regionais, atraindo as mais distintas classes sociais, devido a diversos fatores. Entretanto foi o fator das usinas de acar o que mais criou problemas para a questo urbana no inicio do sculo XX, conforme analisou Marques (1983: 160): O das usinas de acar foi o fator determinante para o desenvolvimento da cidade devido concentrao de operaes financeiras, criando indstrias de bens de consumo, alm de aumentar a populao devido ao xodo rural."

    Este xodo orientou populao ao polo mais atrativo da regio, a cidade de Recife, pois alm de exercer uma dominao regional, concentrava em seu espao, grande parte do comrcio, servios, indstrias e instituies. Desta maneira, houve um grande crescimento urbano durante o incio do sculo XX, composto por pessoas oriundas da elite aucareira; por massas pobres da regio da zona da mata, onde estavam implantados anteriormente os engenhos de acar, agora falidos, e tambm, por pessoas fugitivas das secas do Serto. Nos anos 20, observa-se que a cidade possua uma importncia regional destacada, um setor de servios significativos, apesar das constantes crises que afetavam a economia pernambucana decorrentes da prevalncia dos interesses da agroindstria aucareira, conforme escreveu Rezende (2002: 94). A reorganizao dos servios de higiene e sade pblica ganhou uma dinmica importante, pois estava voltada para o dia a dia e costumes da cidade. As palavras de ordem eram urbanizar, civilizar e modernizar (Rezende, 2002: 95). Houve uma mobilizao destacada nesse sentido, incentivando-se a construo de casas populares, a erradicao de mocambos- casas construdas com paredes e telhados de palhas; os aterros dos mangues, a ampliao dos servios de luz eltrica, a abertura de ruas e avenidas. A cidade se desenvolveu para outras reas, e novos bairros foram sendo criados, de forma irregular, sem planejamento. Pode-se afirmar ainda que, a dcada de 20 foi fundamental na rea cultural, perodo de grande efervescncia e produo literrias, cinematogrficas, conforme colocou Rezende (2002: 102). E no se pode esquecer que pouco antes da dcada de 20, greves operrias agitaram a cidade, como as que ocorreram entre 1917 e 1919, paralisando atividades e criando disputas polticas. As greves mostraram as insatisfaes com as condies de vida existentes e teve participao fundamental dos trabalhadores da empresa Great Western, responsvel pela implantao de vias frreas na regio do nordeste brasileiro. 3.2.1 A origem do bairro da Macaxeira e sua relao com a Fbrica.

    Figura 10. Localizao do bairro da Macaxeira- zona norte de Recife.

    Fonte: Google maps. Janeiro 2016. O bairro da Macaxeira (figura 10), situado na zona norte de Recife, possui sua histria vinculada Fbrica que era conhecida tambm pelo mesmo nome. O lugar, segundo depoimentos de antigos moradores,

  • recebeu o nome devido a um stio, no qual que o proprietrio possua uma plantao de macaxeiras. Inicialmente era conhecida por Fbrica de Apipucos, depois, Fbrica Coronel Othon, ficando popularmente conhecida pelo nome de Fbrica da Macaxeira. Atualmente, a fachada principal do antigo conjunto est voltada para a uma movimentada artria urbana, a Avenida Norte Miguel Arraes de Alencar, responsvel pelo acesso da mobilidade urbana entre a zona norte da cidade e a regio central. Em 1895, foi construda no local, uma pequena indstria de tecidos, que fabricava sacos para armazenar acar. Quase 30 anos depois de sua fundao, em 1924, Othon Lynch Bezerra de Melo, comerciante natural de Limoeiro, cidade da zona da Mata Norte de Pernambuco- conhecido homem de negcios, secretario da Associao Comercial de Pernambuco, decidiu comprar a referida indstria, transformando-a em Fbrica de Tecidos Bezerra de Melo, e a partir desse perodo recebeu da nova administrao, vrias melhorias, tendo em vista a ousadia de seu novo empreendedor a fim de multiplicar seu capital investido. Conhecido como Coronel Othon, o investidor e visionrio foi buscar no exterior, mquinas e equipamentos que modernizaram a fabricao de tecidos em Pernambuco, tornando-se assim, um dos maiores empresrios do Estado. Atravs de pesquisas realizadas, soube-se que Othon Lynch viajou Inglaterra, Manchester, no Condado de Lancaster, onde adquiriu mquinas e equipamentos que pertenceram a uma fbrica localizada em Salford. Trouxe para Recife, a tecnologia inglesa e junto com seus filhos, com o administrador financeiro Sergio Gonalves da Costa Maia e com o engenheiro ingls especialista em indstrias txteis, James Loynd, construiu uma grande empresa que durante dcadas se consolidou no mercado, ampliando a diversidade dos produtos confeccionados a partir do algodo. A partir do crescimento da fbrica, um bairro se desenvolveu ao seu redor e o empresrio comeou a construir um grande complexo fabril, composto por uma escola chamada Grupo Escolar Maria Amlia, uma loja que comercializava produtos para os funcionrios, uma rea recreativa, e uma Vila Operria. Dessa maneira, outras edificaes foram sendo construdas, transformando o local em um bairro densamente povoado. Entretanto, a vida para os operrios da Fbrica no era fcil. A primeira Vila operria, chamada Vila da Carrapateira j no comportava mais a grande quantidade de trabalhadores da fbrica. Assim, se construiu outra Vila, Vila do Buriti, que teve suas obras iniciadas na dcada de 40. Mas as condies de vida nestas casas no eram boas: no tinham gua encanada, possuam apenas um chafariz para abastecer os moradores de gua- nem tambm, energia eltrica. A gua, depois de alguns anos, comeou a ser distribuda pela Administrao da Fbrica, atravs de seu Reservatrio. No havia transporte pblico, e somente aos sbados saa uma Kombi que ia do Crrego do Jenipapo at Casa Amarela, na qual os operrios se deslocavam para fazer feira no bairro vizinho. Especula-se que a Vila do Buriti, juntamente com a igreja, tenha sido concluda, no ano de 1948, quando tambm foram entregues as casas dos Encarregados de seo. Estes eram geralmente alemes ou ingleses que foram contratados pela Fbrica, depois da grande modernizao do incio dos anos 50. Como as mquinas vinham todas do exterior, necessitava-se de mo de obra especializada para a manuteno das mesmas que era realizada por tcnicos alemes e ingleses, que viviam na rua conhecida por Rua dos Galegos. O empresrio Othon Lynch Bezerra de Mello faleceu no dia 08 de fevereiro de 1970 quando ia completar 90 anos e aps sua morte, todo o empreendimento industrial passou a ser administrado pelos herdeiros, chegando ao fechamento da fbrica na dcada de 80, e no se pode afirmar com preciso, se o fechamento ocorreu em 1983 ou 1989. O que restou foi um imenso patrimnio abandonado durante anos: uma rea de 10 hectares que ficou durante 30 anos, estava ociosa, sem usos, at que, em novembro de 2012, no local comeou, finalmente a ser construdo o Parque Urbano da Macaxeira e a Escola Tcnica Estadual Miguel Batista,aps um processo legal de desapropriao e interveno na rea, realizada por iniciativa do Governo do Estado de Pernambuco, que aps a concluso, realizou parcerias de gesto juntamente com a Prefeitura da cidade do Recife, para gerir a rea destinada ao Parque, conforme ser visto mais adiante.

  • 3.2.2 O conjunto arquitetnico: de sua implantao s intervenes contemporneas. O edifcio da Fbrica (figura 11) possui um corpo principal, com dois pavimentos, em estilo ecltico, onde funcionava a administrao, e galpes modulados, direita e esquerda do bloco principal, onde foram construdos os espaos para fabricao e armazenamento dos produtos acabados.

    Figura 11. Fachada principal e posterior da Fbrica. Fonte: Fotografias de Afonso, A. janeiro 2016.

    Desperta interesse na edificao, as solues construtivas empregadas no edifcio principal, com seus detalhes de pilastras, fechamentos em ferro, ricamente trabalhados (figura 12).

    Figura 12. Detalhes construtivos e decorativos do edifcio da antiga fbrica. Fonte: Fotografias de Afonso, A. Janeiro 2016.

    Na dcada de 80 do sculo XX, a fbrica foi fechada e a edificao ficou completamente abandonada. Somente em 2012, foi desenvolvida uma proposta pelo Governo do Estado de Pernambuco, para revitalizao e reutilizao do espao, considerando que o governador Eduardo Campos, possua grande interesse em realizar a obra. Uma equipe de arquitetos contratados pelo Governo projetou um parque urbano na rea livre e verde, e destinou aos antigos galpes e bloco administrativo, um programa de necessidades composto por uma Escola Tcnica, auditrio, biblioteca, e um centro de ateno aos cidados, conhecido em Pernambuco, como Expresso Cidado. O projeto do parque, que ganhou o nome de Parque Estadual Ministro Fernando Lyra, possui 10 hectares de rea, composto por ciclovia com 630 m, pista de Cooper com 1,1 km, quadras poli esportivas, pista de skate com 950 metros quadrados e playgrounds, com um restaurante e um circo arena - espao para shows e apresentaes culturais. O Governador Eduardo Campos (2014) noticiava na imprensa local: "A regio tem uma carncia muito grande de reas de lazer. As pessoas no tm para onde levar seus filhos nos finais de semana para fazer

  • uma caminhada, um piquenique ou uma apresentao cultural. Aqui, vo encontrar todos esses equipamentos juntos" (figura 13).

    Figura 13. Vistas do Parque Estadual Ministro Fernando Lyra. Fonte: Fotografias de Afonso, A. Janeiro 2016.

    Sem dvida, pode-se afirmar que a proposta de revitalizao da antiga estrutura fabril foi uma boa iniciativa a ser seguida por vrios governos, que busquem dar um novo uso ao patrimnio industrial, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida dos cidados que necessitam de equipamentos sociais, educacionais, e tambm, de espao de lazer nos centros urbanos. Contudo, imprescindvel observar os aspectos legais, que trataram da aquisio, dos investimentos, e das ferramentas utilizados e existentes nesse processo de interveno urbana. Afonso e Medeiros (2016) publicaram recentemente um artigo voltado a observar tais aspectos presentes no projeto de reutilizao da Fbrica da Macaxeira, que serviu de referncia pesquisa.

    Observou- se que, de acordo com a Lei Municipal n 16.176 de 09 de abril de 1996 Lei de Uso e Ocupao do Solo da Cidade do Recife (LUOS), para efeito do zoneamento, a diviso territorial do Municpio tem como base 33 (trinta e trs) Unidades Urbanas ou Bairros, sendo estas unidades inseridas em zonas, de acordo com as caractersticas geogrficas, social, ambiental, histrico/cultural, onde se classificam em: I - Zonas de Urbanizao Preferencial - ZUP ; II - Zonas de Urbanizao de Morros - ZUM; III - Zona de Urbanizao Restrita - ZUR; IV - Zonas de Diretrizes Especficas - ZDE.

    O conjunto da Fbrica da Macaxeira est inserido em uma rea conhecida como Zona de Urbanizao Preferencial - ZUP que so reas que possibilitam alto e mdio potencial construtivo compatvel com suas condies geomorfolgicas, de infraestrutura e paisagsticas. As ZUP a qual est inserida a Fbrica uma zona de mdio potencial construtivo. Cumprindo com os princpios constitucionais e legais da Poltica Urbana que determinam que a propriedade cumpra sua funo social, a Lei 16.176/1996 - LUOS determinou no seu captulo V, que, aqueles imveis que possuam relevncia para o patrimnio histrico e ou cultural ou ambiental sejam classificados como Imveis Especiais.

    Ratificando o que j havia sido determinado trs meses antes, mediante a sano da Lei n 15.154 de 24 de janeiro de 1996, que disps sobre os Imveis Especiais de Preservao - IEPS e os Imveis de Proteo de rea Verde - IPAVS, dispostos no espao urbano do Recife. Nos termos do art. 99 da LUOS, consideram-se Imveis Especiais de Preservao - IEP - aqueles constitudos por exemplares isolados, de arquitetura significativa para o patrimnio histrico, artstico e/ou cultural, os quais interessam cidade preservar.

    E no art. 101 da LUOS, so considerados Imveis de Proteo de rea Verde - IPAV aqueles imveis que, isolados e em conjunto, possuem, rea verde contnua e significativa para amenizao do clima e qualidade paisagstica da cidade, cuja manuteno atenda ao interesse do Municpio e ao bem-estar da coletividade.

    Ento, os imveis do Cotonifcio Othon Bezerra de Melo, foram declarados Imveis Especiais desde janeiro de 1996, por apresentarem referncia histrico-cultural, estilo arquitetnico, importncia para a preservao da memria urbana, bem como, rea verde contnua e significativa para amenizao do clima e qualidade paisagstica da cidade, cuja manuteno atenda ao interesse do Municpio e ao bem-estar da coletividade.

    Nesse diapaso, a Fbrica da Macaxeira considerada Imvel Especial do Recife, desde janeiro de 1996; o situado no n 7695 foi declarado de Imvel Especial de Preservao e Imvel de Proteo de rea Verde ( IEP 83 E IPAV-51) e o imvel de n 7487 considerado Imvel Especial de Preservao e Imvel de

  • Proteo de rea Verde (IPAV 51). Sendo essa determinao ratificada, no caso os IEPs, pela Lei 16.284 de 22 de janeiro de 1997 e os IPAVs pela Lei 16.176 de 09 de abril de 1996 (figura14).

    Figura 14. Mapas de diviso do imvel n 7695 e 7487. Fonte: http://pt.slideshare.net/blogdejamildo/othon-pcr-

    Eis que passados 16 anos, e nesse contexto o Governo do Estado de Pernambuco, no intuito de assegurar o patrimnio material para a populao, com fundamento no Decreto-Lei n 3.365/1941, considerada a lei geral das desapropriaes por utilidade pblica, anunciou no dia 21 de outubro de 2011, o Decreto 37.300 que declarou de utilidade pblica para fins de desapropriao, a rea onde funcionava a Fbrica da Macaxeira.

    Com a publicao do decreto que declarou de utilidade pblica, o Governador deu incio primeira fase do procedimento de desapropriao, a fase declaratria. Nessa fase o bem ainda continua nas mos do particular, entretanto o Poder Pblico pode adentrar no bem para fazer avaliaes, medies, j estando sujeito fora expropriatria do Estado.

    Na segunda fase, a executria, foi realizada administrativamente, aps o pagamento do valor justo, estipulado em R$ 20.266.799, 42 (vinte milhes, duzentos e sessenta e seis mil, setecentos e noventa e nove reais e quarenta e dois centavos), mediante a realizao de um convnio com Governo Federal, onde o Estado de Pernambuco deu em contrapartida de R$ 1.013.371,32 (um milho, treze mil, trezentos e setenta e um reais e trinta e dois centavos) e o repasse do Governo Federal foi de R$ 19.253.428,10 (dezenove milhes, duzentos e cinquenta e trs mil, quatrocentos e vinte e oito reais e dez centavos).

    A biblioteca tem custo estimado em R$ 3,9 milhes. O Expresso Cidado, ao do governo que oferece servios pblicos num s lugar, abrigar postos da Compesa, Serasa, Procon, Defensoria Pblica, Pafepe, Agncia do Trabalho, Detran, Secretaria de Defesa Social e Secretaria da Fazenda, custou aproximadamente R$ 2,5 milhes.

    O projeto da escola tcnica Estadual Vereador Miguel Batista, que contempla 12 salas de aula, biblioteca, auditrio e laboratrios de informtica, lnguas, qumica, fsica, biologia e matemtica. Alm de quadra para prtica de esportes com arquibancada, refeitrio, rea de convivncia e vestirios. Teve sua primeira parte conclusa ao preo de R$ 7,6 milhes.

    O projeto contou com investimento total de R$ 54,1 milhes, sendo R$ 20 milhes destinados aquisio do terreno, outros R$ 20 milhes implantao do parque e R$ 14,1 milhes construo dos prdios da escola tcnica, do Expresso Cidado e da biblioteca.

    O investimento pblico desprendido para a realizao da obra valeu a pena. Mesmo ainda faltando uns 30% do projeto como um todo a ser executado, observa-se uma apropriao popular, considerando que as comunidades da vizinhana usam diariamente aquele espao.

    A proposta desenvolvida pelo grupo de arquitetos e urbanistas, coordenado pelo professor Dr. Zeca Brando da "Universidade Federal de Pernambuco/ UFPE", que comanda uma equipe que trabalha para o Governo de Pernambuco, demonstrou que com vontade poltica, uma boa proposta arquitetnica, paisagstica e de restaurao; e sensibilidade para preservar o patrimnio industrial e ecolgico possvel

    http://pt.slideshare.net/blogdejamildo/othon-pcr?qid=a1233e5b-5ebf-4980-824a-fce7caa87371&v=qf1&b=&from_search=1

  • desenvolver na contemporaneidade, intervenes positivas como essa que foi executada na Fbrica da Macaxeira.

    4 CONCLUSO

    Os dois estudos de caso aqui apresentados mostram os caminhos que esto sendo trilhados na contemporaneidade em prol da preservao e reutilizao do acervo patrimonial arquitetnico industrial, que fazem parte da configurao urbana de cada cidade.

    Alguns pontos podem ser aqui colocados como discusso para a concluso, tais como, os critrios para polticas de interveno nestes patrimnios e os diferentes contextos sociais e polticos para projetos culturais de cada uma dessas realidades urbanas.

    No que diz respeito aos critrios para polticas de interveno no patrimnio edificado, pode-se afirmar que na contemporaneidade, uma das maiores dificuldades no mbito do projeto de arquitetura o da interveno sobre o patrimnio edificado, estando este, preservado ou no pela legislao, mas possuidor de um valor arquitetnico, que deveria ser considerado como um dos principais condicionantes, dos distintos critrios projetuais da interveno em suas diversas escalas e nveis. Andrade(2006) desenvolveu uma excelente dissertao de mestrado, baseada em autores clssicos que se detiveram em escrever sobre o tema, e serve de aporte terico para esta reflexo.

    O que se observou na proposta desenvolvida para o projeto de interveno no patrimnio industrial da Fbrica da Macaxeira, foi que a equipe de arquitetos, comandada por um professor e doutor na rea de projetos arquitetnicos- foi cuidadosa com a proposta, e como critrio da soluo, o dilogo entre a paisagem natural e construda foi fundamental para o bom resultado da proposta, alm, das solues projetuais, tcnicas e construtivas apresentadas respeitarem o patrimnio edificado existente, partindo dos princpios presentes na obra de Gracia (1992), "construir sobre o construdo".

    Alm desse critrio de valorizao do acervo existente, observou-se tambm que houve um respeito legislao em todos os seus nveis; estando as solues trabalhadas seguindo normas definidas pelos rgos preservacionistas que atuam na cidade de Recife.

    Por bvio, foi fundamental na proposta desenvolvida para a Fbrica da Macaxeira, o contexto social e poltico para projetos culturais que j est, de certa forma consolidado, na cidade de Recife. Por ser uma cidade mais antiga, possuir uma tradio histrica arraigada, por ser um polo acadmico e cultural regional, as discusses entre as distintas instituies e atores pblicos, bem como, os avanos arquitetnicos e urbansticos- se apresentam de forma mais intensa e consolidada, facilitando de certa forma, negociaes e projetos para requalificao e reutilizao de reas urbanas.

    Contudo, o mesmo no se pode colocar sobre o cenrio existente na cidade de Campina Grande. As instituies pblicas municipais criaram mecanismos legais para a preservao de seu patrimnio, contudo, observa-se que, as intervenes prticas de preservao desse acervo patrimonial so incipientes, bem como, a participao das propostas de proteo e aes inseridas na agenda das polticas pblicas preservacionistas do municpio e do estado, ainda so bastante acanhadas.

    A prioridade da preservao das instituies municipais voltadas para os projetos culturais e de conservao do acervo arquitetnico est voltada para o conjunto de Art Dco existente na cidade, e para imveis isolados concentrados na rea do Centro histrico. Os acervos pertencentes ao patrimnio moderno, ao industrial, bem como, ao acervo singelo de ncleos urbanos perifricos, encontram-se completamente desprotegidos das aes institucionais. Situao,portanto bem distinta da realidade recifense.

    E quais seriam as relaes existentes entre o patrimnio arquitetnico analisado e a configurao urbana das cidades aqui citadas?

    No primeiro caso, o da Fbrica Marques de Almeida, localizada na cidade de Campina Grande, Paraba, observou-se que o conjunto fabril encontra-se hoje, no centro histrico da cidade, um caso bastante peculiar, quando comparado a outros exemplos, que foram implantados em bairros perifricos urbanos. O fator positivo de proteo legal do acervo, uma vez que a edificao faz parte do stio histrico protegido por legislao municipal de tombamento, estando, portanto, protegido quanto demolio.

  • Contudo, o fator negativo em fazer parte desse ncleo histrico central, so as dificuldades de interveno e requalificao em uma rea que se configura urbanisticamente como centro comercial, com graves problemas de acesso de veculos, sem mais locais de estacionamento; o acesso de pedestres, com caladas estreitas; e a falta de vida noturna nessas reas histricas da cidade, que as marginaliza durante a noite, afastando a populao desses lugares, que poderiam estar sendo utilizados sempre pelos cidados, em demais atividades, que no apenas, as comerciais.

    O caso de Campina Grande preocupante, pois se tem observado na pesquisa, que outros exemplares importantes desse perodo j foram totalmente demolidos, como antigas fbricas txteis e curtumes que marcaram a economia regional, transformando a cidade em um importante polo industrial da regio.O acervo remanescente abriga apenas algumas chamins, que continuaram distribudas em reas da cidade, sendo guardadas como locais de memrias urbanas.

    O resgate imagtico, documental do acervo vem sendo realizado atravs de pesquisas constantes de estudantes de graduao e de ps graduao da Universidade Federal de Campina Grande/ UFCG, como forma de intervir, nem que de forma terica, e incipiente, na ao de preservao: ao de educao patrimonial que vem sendo realizada- como tentativa de sensibilizar os poderes pblicos e privados, na busca de parcerias futuras para salvaguarda dos bens arquitetnicos do patrimnio industrial paraibano.

    Figura 15. Vista dos espaos de permanncia do parque e preservao da chamin da fbrica da Macaxeira. Recife.PE. Brasil Fonte: Fotografias de Afonso, A. Janeiro 2016.

    No caso da Fbrica da Macaxeira, localizado em um bairro perifrico e pobre da cidade de Recife, o conjunto que passou por um processo de reutilizao urbana, configurou-se na cidade, como mais um polo verde (figura 15), de lazer, e de servios educacionais e culturais ofertado pelo poder pblico s comunidades que vivem nos morros da zona norte recifense. A regio marcada pela presena de uma populao carente, e com graves problemas de infraestrutura urbana, pde ser beneficiada com essa obra, que contribuiu para a melhoria habitacional local, e configurou no traado urbano, a preservao e revalorizao de uma rea verde, alm do volume construdo dos antigos galpes fabris, transformados em escola, biblioteca, auditrio.

    O caso da Fbrica da Macaxeira ilustra uma evoluo importante na poltica preservacionista, mostrando que o somatrio de aes e atores atuando na rea, possibilita uma boa interveno, que sem dvida, deve ser um exemplo a ser seguido, no somente nas demais estruturas industriais abandonadas da cidade de Recife, como as das Fbricas da Torre, e Tacaruna, entre outras, mas tambm, nas demais cidades da Amrica do Sul, que ainda no despertaram para o valor e a importncia em preservar e intervir nesse rico acervo da arquitetura industrial.

    Dessa maneira, observa-se que, existe um grande nmero de vilas operrias, antigos galpes com grandes estruturas, edifcios administrativos e de produo em estilos arquitetnicos variados, estaes de trem que estavam vinculadas ao ciclo industrial, enfim, um grande rol de bens arquitetnicos e paisagsticos, responsvel por parte da construo de paisagens urbanas, que necessitam de um olhar mais atento, considerando que as leis existentes de proteo, em grande parte, no contemplam este patrimnio recente, acrescido de um grave problema, que falta de conhecimento e de apropriao por parte da sociedade como um todo, sobre a importncia em se preservar e intervir nesse acervo.

  • Dessa maneira, a pesquisa que vem desenvolvida est contribuindo nesse processo, de forma contnua e constante, procurando sensibilizar novos pesquisadores a aprofundar a discusso e criar redes regionais, nacionais e internacionais de dilogo e circulao de ideias, a fim de fortalecer o estudo na rea do acervo patrimonial industrial brasileiro e a importncia dos mesmos nas nossas cidades, podendo ser configurados novos espaos de convivncia urbana.

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