intervenções artísticas

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Ensaio teórico sobre a poesia e o engajamento nas intervenções artísticas do campus Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília.

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Page 1: Intervenções artísticas

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO – FAU

ENSAIO EM TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO

Intervenções Artísticas: poesia e engajamento no campus Darcy Ribeiro

Gabriela Cascelli Farinasso – 09/0006437

Orientadora: Drª Luciana Saboia Fonseca Cruz

Brasília, julho de 2013.

Page 2: Intervenções artísticas

  2  

Gabriela Cascelli Farinasso

INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS: POESIA E ENGAJAMENTO

NO CAMPUS DARCY RIBEIRO

Ensaio Teórico referente à disciplina

Ensaio de Teoria e História de Arquitetura e

Urbanismo do Departamento de Teoria e História

em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade de

Brasília.

Orientadora: Drª Luciana Saboia Fonseca Cruz

Brasília, julho de 2013.

Page 3: Intervenções artísticas

  3  

Intervenções Artísticas: poesia e engajamento no campus Darcy Ribeiro

Brasília: FAU/UnB, julho de 2013.

Graduanda:

______________________________________

GABRIELA CASCELLI FARINASSO

Orientadora:

______________________________________

DRª. LUCIANA SABOIA FONSECA CRUZ

Page 4: Intervenções artísticas

  4  

Sumário

Introdução ................................................................................................................. 6 Intervenções artísticas (Street Art): o que são? .................................................... 9 O campus Darcy Ribeiro e o caráter transgressor .............................................. 12 Grupos de análise ................................................................................................... 18

Revolta e Engajamento ......................................................................................... 19 Poesia e Estética ................................................................................................... 24 Oficial e Não-Oficial ............................................................................................... 30 Arte Engajada ........................................................................................................ 33

Considerações finais .............................................................................................. 40 Bibliografia .............................................................................................................. 43

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 5: Intervenções artísticas

  5  

O ser humano tem também a necessidade de acumular energias e a necessidade de gastá-las, e mesmo de desperdiçá-las no jogo. Tem necessidade de ver, de ouvir, de tocar, de degustar, e a necessidade de reunir essas percepções num “mundo”. [...] Trata-se da necessidade de uma atividade criadora, de obra, necessidades de informação, de simbolismo, de imaginário, de atividades lúdicas.

(LEFEBVRE, 2010, pg. 105)

Page 6: Intervenções artísticas

  6  

Introdução

O presente trabalho busca

analisar as intervenções artísticas (ações

que buscam transformar o espaço

consolidado) no espaço do campus Darcy

Ribeiro – Universidade de Brasília. O

campus reúne uma grande variedade de

intervenções pela diversidade de pessoas

que circulam no espaço, é um lugar que

esteve em contato com os principais

acontecimentos políticos e culturais da

cidade (como a ditadura militar e as comemorações do aniversário de 50 anos da

cidade) e é propício para a produção e troca de conhecimentos, por ser a maior

instituição de ensino superior do Centro-Oeste.

Inerente a esse espaço tem-se o caráter transgressor. Já no projeto, tanto

urbanístico e arquitetônico quanto educacional, a universidade foi pensada e criada

para ser inovadora, aberta à sociedade e à cidade, um lugar que proporcionasse o

encontro. A transgressão desse espaço foi uma prática identificada e registrada já na

década de 60, após as primeiras invasões dos militares e persiste até hoje, tanto em

pequenas ações do dia-a-dia, como pintar uma parede, como em ações coletivas de

grande impacto, como mobilizações e paralizações. Esse caráter diz respeito tanto ao

espaço físico quanto às ideologias que estão presentes na sociedade e também reflete

momentos de apatia da juventude, quanto esta, por exemplo, estava muito vinculada a

cultura dos shopping centers e não se inseria no contexto político.

Transgredir o espaço é alterá-lo sem que haja autorização. Transgredir

ideologias é questioná-las, tentando mudar o senso comum através de ações que são

evitadas e/ou proibidas por quem está no comando (líderes tanto governamentais

quanto econômicos). No campus tem-se o espaço consolidado, conformado pelos

prédios, equipamentos urbanos e o espaço público. A transgressão desses espaços

através de intervenções artísticas será analisada de forma a entender a intenção de

quem realiza essas intervenções.

Parte externa do ICC norte – intervenções nos pilares.

Page 7: Intervenções artísticas

  7  

Poderiam as intervenções serem uma forma de ouvir a cidade? Elas são uma

extensão do que move as pessoas, do que as indigna, do que a sociedade quer dizer?

Transgredir o espaço é uma forma de estimular transformações sociais? E se sim,

como essa relação pode ser feita?

Para responder a essas perguntas o trabalho será divido em quatro partes: a

primeira irá conceituar as intervenções artísticas retomando conceitos de arte, do

fenômeno da Street Art (suas técnicas de modificação do espaço: graffiti, stencil,

posters, adesivos e esculturas) e da intenção artística.

Além disso, irá explicar-se o caráter efêmero desse fenônemo, que não é

realizado com a intenção de ser preservado e permanecer no espaço, e o fato de que

ele vai contra a estética dominante (a arte vendida pela mídia, museus, galerias e

exposições).

 

A segunda parte irá discorrer sobre o contexto do campus Darcy Ribeiro,

retomar fatos históricos, enfocando no caráter transgressor do campus e das

intervenções, mostrando como as transgressões já eram realizadas em 1964 e

continuaram até os dias de hoje. Também será visto que a ligação entre as pessoas e

o contexto político e cultural reflete diretamente no conteúdo das intervenções que

estão sendo feitas e a importância do caráter transgressor como forma de protesto em

nossa sociedade. Esse caráter transgressor, muito ligado a prática da pichação, que é

Pintura em frente ao IDA – março de 2013.

Pintura em frente ao IDA – junho de 2013.

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  8  

vista pela maior parte da sociedade como uma agressão ao espaço público, será

explicada e comparada a prática do grafite.

A terceira irá reunir diversas intervenções coletadas pelo campus e dividí-las

em quatro grupos: Engajamento e Revolta, Poesia e Estética, Oficial e Não-Oficial e

Arte Engajada. Cada grupo possui uma forma diferente de comunicar-se com o

observador, passando mensagens na forma de frases e/ou símbolos. Através desses

grupos e das mensagens que são passadas, irá buscar-se um entendimento de como

essas intervenções buscam transgredir ideologias ou espaços, ressifignificar objetos

ou afirmar-se enquanto parte da sociedade.

Na quarta e última parte, haverá uma análise dessas formas de modificação do

espaço e sua relação com o contexto (espacial e temporal) e com a intenção de seus

autores, buscando responder às perguntas do trabalho e caracterizar as intervenções

como forma de diálogo entre os cidadãos e a cidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 9: Intervenções artísticas

  9  

Intervenções artísticas (Street Art): o que são?

O fenômeno da Street Art é definido por Johannes Stahl (STAHL, 2009, p. 06)

como desenhos e mensagens (que estão relacionados com quem os faz) que são

deixados no espaço público, a priori não possuem o objetivo de ser arte, tem caráter

efêmero (não há preocupação em preservar as obras), são contextualizados político e

esteticamente e a beleza não é o sentido de sua criação, mas surge como

recompensa.

Stahl explica que a princípio não há o objetivo de ser arte, porque as primeiras

manifestações desse tipo iam contra a estética dominte. Com o tempo, essa estética

das ruas (marcada principalmente pelos grafites nos metrôs de Nova Iorque)

popularizou-se e começou a ser vendida como uma forma de arte, até chegar em

galerias e ser vendidas a preços de obras de arte famosas (em torno de R$40.000,00

um quadro).1

Esse fenômeno é composto por diversas técnicas de modificação do espaço

público (intervenções artísticas): os graffitis, os stencils, os pôsters, os adesivos e as

esculturas. Atualmente, o fenômeno é vinculado a subculturas que guiam a juventude

em momentos de revolta, espalhando ideias políticas e poesias desde a década de 70

nos metrôs de Nova Iorque (STAHL, 2009, p. 08) e hoje de forma mais popular e

burocratizada, como em projetos como Picasso não pichava.

Apesar dos jovens e do metrô de Nova Iorque terem virado marcos no que diz

respeito ao surgimento dessa nova forma de fazer Street Art no mundo

contemporâneo, tanto o fenômeno em si quanto o graffiti (forma mais popularizada de

Street Art) datam da época de Pompeia e surgiram como termos para separar essa

arte da arte oficial do governo. Assim, Stahl buscou na história uma forma de

compreender o que existe até hoje, contando casos como o de Luís Filipe, Rei da

França em 1830, que teve seu retrato pintado e espalhado pela cidade, com sua

cabeça substituída por uma enorme pera, que fazia referência a sua cara redonda.

Disso, entende-se que a Street Art, desde suas primeiras manifestações, é um

                                                                                                                         1 (EXIT THROUGH THE GIFT SHOP, Banksy, 2010, documentário) 2 O termo “ralé” é usado por Jésse Souza para designar a parcela da população que é discriminada não só por sua situação financeira, mas também pelo papel social que eles representam, são ditos incapazes. 3 Ver intervenções Não-Oficiais do Grupo 3. 4 Um movimento nomeado de Brandalismo, diz que qualquer anúncio num espaço publico que

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  10  

movimento que vai contra a estética oficial (arte apreciada pelas referências públicas

da sociedade, como museus, galerias e exposições que vendem o produto do artista).

Ele também coloca em evidência a importância do lugar para a Street Art, que

sendo em âmbito público garante que a arte seja acessível a todos, livre de censuras,

tenha ligação com a cultura pública, se faz ouvir de forma imediata e é um meio de

confrontação política, podendo incentivar na criação de opiniões ou ao menos de

agitação, que é a arte atrelada ao engajamento (STAHL, 2009, p. 65).

Esse fenômeno é descrito também pelos Situacionais [“grupo que surge em

1957 e se mantém atuante até o início da década de 70, teve como uma de suas

questões principais dar visibilidade à perda de um certo “caráter lúdico” nas cidades”

(DIAS, 2007, p. 210)], que sugerem que as cidades são a imagem daqueles que a

controlam, e que são os artistas que possuem o privilégio de estimular a radical

mudança social e impulsionar ideias no cotidiano (MUSEUM OF CONTEMPORARY

ART SAN DIEGO, 2011, p. 20).

Para Akay (MUSEUM OF CONTEMPORARY ART SAN DIEGO, 2011, p.22),

um artista que apropria-se do espaço público também pode ser um arquiteto ou um

urbanista. Aqui destaca-se que essa intervenção tem um diferencial: a efemeridade

não está presente. Nesse caso as intervenções são permanentes e afetam de forma

mais impactante no trajeto urbano da cidade. Mas de

forma geral, a apropriação do espaço público é o que

caracteriza a intervenção artística, pois é nessa

apropriação e requalificação do espaço que surge o

fenômeno, transformando por meio da arte aquilo que

deveria ser de todos para afirmar o espaço como como

“meu”, como “seu” e como “nosso”.

A intervenção artística, ou Street Art, é uma

resposta à cidade, ao espaço público e a tudo que o

determina (exemplo na figura ao lado, que questiona como a cidade pode ter

diferentes leituras dependendo de quem a vê e como a vê). É uma ação que pretende

mudar, transformar e dar novos significados ao que é consolidado. É um chamado

para que mais pessoas participem, pensem e se

engajem, tanto na ideia que se quer passar com a

intervenção, como no espaço que a engloba.

Parte externa do ICC norte – “Quantas faces a cidade tem?”

Page 11: Intervenções artísticas

  11  

Assim, é pensando que a arte, “meio indispensável para essa união do

indivíduo com o todo; reflete a infinita capacidade humana para a associação, para a

circulação de experiências e idéias” (FISCHER, 1966, p. 17), e aqui particularmente a

Street Art (arte de rua), que além disso possui caráter transformador e seus valores

estão diretamente relacionados com o engajamento e a curiosidade intelectual, onde

ela não pode ser determinada pelo mercado, pelo Estado ou qualquer forma de

controle (KEPES, 1972, p. 63), que este trabalho pretende analisar as intervenções

artísticas efemêras feitas no espaço público da Universidade de Brasília – campus

Darcy Ribeiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 12: Intervenções artísticas

  12  

O campus Darcy Ribeiro e o caráter transgressor

O campus Darcy Ribeiro, localizado no Plano Piloto, Brasília, foi projetado por

Lúcio Costa e localizado entre a Asa Norte e o Lago Paranoá. A área, conformada por

ruas curvilíneas, tem em seu centro o Instituto de Ciências – ICC (também conhecido

como Minhocão), que tinha como objetivo reunir diversas faculdades e favorecer o uso

de diferentes atividades, adaptando-se a elas de acordo com a necessidade. Este

prédio foi projetado com 720 metros de extensão e conformado por duas alas,

separadas uma da outra por um jardim central. As obras começaram em 1963

(ACROPOLE, 1970, pg. 13).

É importante relacionar a ideia deste prédio à estrutura curricular inovadora e

ao projeto de educação idealizado por Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. Isto porque nos

dois casos temos projetos vanguardistas, que idealizam o sistema educacional

nacional, pensando na educação não como um privilégio, mas como um direito. Uma

universidade democrática e aberta à população, que garantisse o direito de ir e vir,

apoiada em três pilares: ensino, pesquisa e extensão (VILLAR e CASTIONI, 2012, p.

33). No projeto dos prédios mais antigos da universidade essa ideia estava muito

presente, de forma a garantir espaços abertos, jardins e locais de convívio, onde as

pessoas poderiam se encontrar e conversar.

Apesar do ideal universitário ser ligado a abertura e ao incentivo do encontro,

hoje isso não acontece. Os espaços destinados ao convívio como a Concha Acústica,

localizada no IDA, e o Teatro de Arena, localizado entre o ICC e a BCE, não possuem

iluminação adequada, infra-estrutura ou equipamentos urbanos que facilitem a

permanência. O ICC, pensado exatamente para favorecer o encontro de doscentes e

discentes, controla a entrada e saída de pessoas e proibe quanquer tipo de

confraternização fora dos horários de aulas.

Por causa do seu projeto educacional, a Universidade de Brasília já foi criada

com cursos de mestrado e doutorado, o que agregou já na sua criação mais de 200

professores do mundo todo. Em 1964, com o golpe militar, os professores e

estudantes foram perseguidos e acusados de subversivos pelas ideias libertárias e

democráticas que pregavam. No dia 9 de abril desse ano, a universidade foi invadida

pela primeira vez pelo exército e policiais. Logo depois, Anísio Teixeira, o reitor na

época, e seu vice, Almir de Castro, foram demitidos. Em setembro do ano seguinte

Page 13: Intervenções artísticas

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houve uma nova invasão, seguidas de greves dos professores e alunos. Por conta

disso e ameaças de depredassão dos prédios (relacionadas às pichações feitas na

época) houve outra invasão em outubro. Depois disso o clima de tensão na

universidade só aumentou. 223 professores demitiram-se e a instabilidade causada

pela crescente tensão instarou-se. Em 1968 houve a invasão mais violenta, onde 500

pessoas foram cercados numa quadra de basquete. Neste dia, mais de 60 pessoas

foram presas, dentre elas, Honestino Guimarães, desaparecido desde então

(UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA: Invasões, 2013).

Em meio a esse cenário, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo também

marcou a história da Universidade. Em outubro de 1967 os estudantes da FAU e do

Instituto Central de Artes (ICA) fecharam as portas. O motivo era a indignação com a

precária qualidade de ensino. Entre as pichações desta época destacam-se duas:

“Demitam-se, picaretas!” e “Queremos formação, não formatura”. Apenas um ano

depois as aulas voltaram a normalidade, a custo de muitas reuniões e tentativas de

acordos (INSTITUTO DE ARTES: O ideal e O golpe. 2013).

De acordo com Ann Mische (MISCHE, 1997, p. 134), os jovens brasileiros da

década de 60 viam nas universidades o lugar mais importante de suas vidas. Eram

nelas - nas universidades - que nasceriam as revoluções sociais, onde o

conhecimento seria compartilhado e onde eles se tornariam agentes transformadores

da realidade.

Com o movimento Diretas Já em 1983 e a redemocratização da universidade

em 1984, os jovens voltaram a ganhar espaço. Em 1992 surgiu o movimento Caras

Pintadas, principal pressão pública responsável por tirar o então Presidente Collor do

poder. Ann faz uma análise muito precisa sobre o perfil da juventude que participou

desse importante momento histórico. Para ela, estava em vigor a geração shopping

center, no qual as universidades e o movimento estudantil não constituíam mais o

centro da vida cultural e política dos jovens. Ser jovem havia deixado de ser sinônimo

de ser estudante, a moda passou a ser fazer parte de um estilo cultural, se reconhecer

em um grupo, em uma tribo urbana (MAFFESOLI, 1998, p. 199).

As diversas tribos (grupo de jovens com interesses parecidos) começaram a

ser promovidas pela nova cultura capitalista ligada aos shopping centers

(representação do capitalismo) e o grande número de jovens na rua durante o

movimento dos Cara Pintadas foi um evento que não pode ser explicado com

Page 14: Intervenções artísticas

  14  

precisão, pois não se sabe ao certo o que conseguiu fazer com que esse grande

número de estudantes voltassem a se mobilizar de maneira tão patriotista, já que eles

não estavam ocupando as esferas de discussão política (MISCHE, 1997, p. 134).

Anos depois, percebe-se que um pouco do que Ann Mische descreveu se

repetiu. Até poucos meses atrás (maio de 2013), fundamentalmente, o acontecimento

político que parecia mobilizar mais pessoas no espaço universitário era a Marcha das

Vadias e as eleições para o diretório central dos estudantes (DCE). Além disso,

haviam diversos grupos do movimento estudantil, como os centros acadêmicos e as

Honestinas, que de tempos em tempos conseguiam mobilizar pautas políticas dentro

da universidade, como exemplo a palestra sobre Orgulho Hétero realizada dia 28 de

fevereiro que mobilizou cerca de 300 estudantes (HONESTINAS, 2013).

Atualmente, essa leitura dos fatos sofreu drásticas mudanças por conta da

onda de protestos que tomou o país no mês de junho de 2013. Os estudantes de toda

a universidade, como também de todo o país, foram circundados por diversos debates

políticos, como a Tarifa Zero, 10% do PIB para a educação, “cura” gay, estatuto do

nascituro, corrupção, PEC 37, reforma política, democratização da mídia, repressão

dos movimentos sociais, ditadura da FIFA, precarização da saúde pública, entre tantos

outros, o que inclusive tornou os protestos como carentes de pauta específica

(CAPELA, 2013).

O porquê de tanta gente ter saído às ruas ainda não foi explicado ou

comprovado, mas a ocupação do espaço público tomou proporções enormes e isso

mudou o contexto político do país drasticamente, e consequentemente, da

universidade. Somente no mês de junho uma assembléia foi convocada pelo DCE

para discutir-se o assunto, aulas foram canceladas, oficinas foram organizadas pelos

centros acadêmicos e pelos alunos e uma grande quantidade de material como faixas

e cartazes foram produzidos. Na FAU uma faixa de mais de 10 metros com os dizeres

“this is not fairplay” foi pendurada no corredor interno do ICC.

A discussão por conta dessa onda de manifestações é enorme e vem ao caso

em até certo ponto neste trabalho: acontece que o fenômeno da Street Art é tão

efêmero e tão contextualizado político e culturalmente, que já se encontra no campus

intervenções ligadas a crescente indignação publicitada. Observa-se com grande

rapidez faixas e cartazes sendo pendurados pelas faculdades chamando todos para

irem às ruas. Na Faculdade de Artes, os prédios que normalmente são tomados de

Page 15: Intervenções artísticas

  15  

intervenções foram pintados de branco como usualmente ocorre de um semestre para

o outro. Dia seguinte à pintura, já encontram-se em suas paredes stencils ligados ao

Passe Livre e a Marcha das Vadias. Nas paradas de ônibus diversos cartazes foram

colados avisando os pedestres das manifestações que iriam ocorrer nos próximos

dias. Não só no campus, como por toda a cidade diversas manifestações apareceram

de forma muito mais incisiva que o habitual, trazendo questões referentes às

manifestações (e por isso engajadas politicamente), o que pode com ser associado a

presença de milhares de pessoas reunidas do espaço pública reinvindicando seus

direitos.

Além das intervenções que possuem mensagens contextualizadas com o

cenário político e cultural, temos diversas outras formas de manifestações. Mensagens

de paz e amor, personagens inventados, frases com trocadilhos ou subliminares,

figuras históricas, atos de revolta ou de divagação e autoafirmações. Um conjunto de

informações tão diverso que às vezes parece não ter conexão. Mas são todos formas

de modificação do espaço público através de sua apropriação.

Será observado que cada intervenção e/ou tipo de intervenção possui sua

peculiaridade. Para isso, foi selecionado um conjunto que pode caracterizar o todo,

sem desmerecê-lo. Assim, para melhor explicar, o próximo capítulo irá descrever

melhor um pouco do que se observou na prática (in loco).

Antes, porém, é importante contextualizar o caráter transgressor das

intervenções artísticas, pois o histórico de transgressão da universidade tem relação

direta com esse aspecto.

Por não ser um fenômeno legalizado e sua prática, quando não autorizada,

levar a multa e até prisão por dano ao patrimônio caso a pessoa ou grupo seja pego

em flagrante (Brasil. Lei 12.408, de 25 de maio de 2011), e também por ser uma ato

muitas vezes até rechaçado pela sociedade (principalmente pelo governo e a mídia),

seus atores precisam lidar com situações de perigo - se colocam em risco e

desobedecem a lei. Isso faz com que a motivação de quem a pratica não seja

aleatória. É necessário um preparo, um pensar o ato a ser realizado, há um

planejamento da ação.

A adrenalina também é importante no processo, o que faz com que algumas

pessoas o pratiquem apenas pelo seu caráter lúdico e libertário. Há relatos (PIXO,

Page 16: Intervenções artísticas

  16  

2009) de pessoas que sentem prazer quando se colocam em situações de risco para

realizar as intervenções, como escalando prédios, entrando em áreas de acesso

restrito ou andando pelos trilho do metrô. Elas vêem na prática uma pequena aventura,

uma missão a ser comprida durante a noite, onde não há certeza do que vai

acontecer. Aqui vale ressaltar a importância do caráter lúdico para a pesquisa, pois ele

é inerente a qualquer pessoa que faça Street Art, há um prazer que acompanha a

realização da intervenção.

É, portanto, através do seu caráter lúdico, transgressor e livre de censura, que

será feita a reflexão acerca do tema. A ideia de que é com uma ferramenta lúdica que

se agregue pessoas e transmita ideias, sem um ostensivo controle político e

monetário, sem perseguição a pessoa que criou a intervenção (anonimato) e com

interatividade direta com a população. É na busca por uma ferramenta lúdica, que

incentive a criatividade e a divulgação da arte ligada a cultura do lugar.

O caráter transgressor é uma motivação. Ele contribui para o espírito

revolucionário de quem quer colaborar com a construção de uma nova realidade e

questiona a existente. A ideologia dominante pregada pelo governo e as grandes

mídias, estando os dois subordinados aos detentores do poder financeiro, não reflete

as culturas locais e individualidades regionais e individuais. O sistema cria não só uma

separação ligada ao poder de aquisição de cada um, mas tambem uma separação

social, que coloca as pessoas da ralé 2 em um patamar abaixo do resto, sem

questionar o verdadeiro valor social de cada um. Questionar essa realidade é

transgredir o sistema vigente. Transgredir ideologicamente e concretamente.

Além disso, essa forma de vender a ideologia dominante é opressora, vez que

por toda cidade somos obrigados a ver e conviver com enormes outdoors, vitrines,

capas de jornais e revistas, telenovelas e filmes, comerciais e propagandas (BANKSY,

2012, pg. 196). Tudo isso pulsa no inconsciente das pessoas todos os dias, criando

uma cultura imposta e rotinas que não deixam tempo para as pessoas se

manifestarem, ocuparem os espaços públicos e exercerem sua liberdade de

expressão (Exit Through the Gift Shop, 2010).

                                                                                                                         2 O termo “ralé” é usado por Jésse Souza para designar a parcela da população que é discriminada não só por sua situação financeira, mas também pelo papel social que eles representam, são ditos incapazes.

Page 17: Intervenções artísticas

  17  

Então, o caráter transgressor busca questionar essa sociedade burocrática de

consumo dirigido, em que boa parte da população não se reconhece ou sequer

conhece a forma de funcionamento em que se está inserida (LEFEBVRE, 2010, pg.

99). A democracia é refletida pela atitude que a população tem com a cidade, portanto,

se há opressão, há transgressão na prática. As intervenções são momentos de trocas

e de encontros criados para integrar lugares desintegrantes, tanto do ponto de vista

físico como do ponto de vista emocional (LEFEBVRE, 2010, pg. 101).

É interessante observar que apesar do espaço público da cidade estar sendo

ocupado, o espaço público da universidade não estava sendo mais ocupado que o

usual durante o mês de junho, quando ocorreu a onda de manifestações na cidade. As

pessoas que o frequentavam continuaram fundamentalmente as mesmas e nas

mesmas proporções (alunos, professores e tercerizados). Mas que, pelo fato de as

pessoas que o ocuparam estarem em um contexto maior que o campus, isso o afeta

diretamente e se reflete nas intervenções que apareceram. E isso acontece e

aconteceu durante todo o histórico do campus, e não só agora. As intervenções são

reflexo da relação das pessoas com o espaço público que elas utilizam e uma

extensão do que ele representa para cada um que nele intervém.

Com isso, percebe-se como o caráter transgressor e o campus Darcy

estiveram conectados e como o contexto político e cultural reflete nas intervenções do

espaço. Para estender a análise e percebê-la na prática, como de fato ela se

materializa, o próximo capítulo irá exemplificar os grupos de análise com exemplos

retirados do campus entre os meses de março a junho de 2013.

 

 

 

 

 

Page 18: Intervenções artísticas

  18  

Grupos de análise

Neste capítulo serão apresentados quatro grupos. Cada grupo é exemplificado

com um conjunto de intervenções que foram encontradas no campus Darcy Ribeiro no

período de março a junho de 2013. O grupo 1 é o de Revolta e Engajamento, o grupo

2 é o de Poesia e Estética, o grupo 3 é o de Arte Oficial e Não-Oficial e o grupo 4 é o

de Arte Engajada. Para facilitar o entendimento, as intervenções agrupadas em cada

grupo serão nomeadas de G + número do grupo + uma letra. Por exemplo: intervenção

G1A (intervenção nomeada de A do grupo 1), G3F (intervenção nomeada de F do

grupo 3), e assim sucessivamente. Essa mesma lógica foi usada para os mapas feitos

para cada um dos grupos das intervenções. Cada letra no mapa localiza a intervenção

no campus indicando o local aproximado de sua localização. Abaixo, segue um mapa

esquemático do campus onde os prédios que serão citadas adiante foram localizados

para facilitar a compreensão do espaço.

 Mapa de localização dos principais prédios do campus Darcy Ribeiro.

Page 19: Intervenções artísticas

  19  

Revolta e Engajamento  

 

 

As intervenções deste primeiro grupo, como será observado, foram feitas de

maneira muito similar: uma única cor de spray sem planejamento do espaço a ser

ocupado, resultando em letras irregulares, linhas tortas e vazios mal aproveitados

entre as palavras e nas extremidades. Apesar disso, todas as mensagens passadas

são lidas e entendidas com facilidade. Elas são curtas e diretas e possuem um

conteúdo intrínseco que é amplo e passível de grandes análises se contextualizados.

 

 

 

Mapa de localização das intervenções do Grupo 1.

Page 20: Intervenções artísticas

  20  

Por exemplo, a

intervenção G1A, feita em uma

parada de ônibus, possui

cunho revolucionário, uma vez

que afirma que a revolução

não será transmitida pelas

televisões, o que pode fazer

com que o observador se

pergunte se ele pode e deve

acreditar em tudo que assiste

e procurar outras formas de

receber informações.

A G1B, por outro lado, contextualiza a militarização do campus. Afirmando de

forma incisiva “Fora PM!”, traz um outro debate muito frequente, principalmente depois

da intervenção militar que ocorreu na USP em 2011. Por causa de uma série de

roubos aos carros da UnB e a casos de agressão registrados, houve uma corrente de

pessoas que clamavam pela intervenção da polícia, que poderia vir a controlar essas

situações e trazer mais segurança. Por outro lado, essa possível militarização, como é

chamada, poderia diminuir a liberdade de expressão e inibir o direito de ir e vir dos

estudantes, uma vez que estariam sob controle e vigília. Principalmente por conta das

intervenções feitas durante o período da ditadura, esse tipo de solução ainda é

indesejada por boa parte

dos usuários.

Principalmente depois de

junho deste ano, onde a

PM foi flagrada por

diversas vezes por abuso

de poder e violência

indiscriminada, a

presença dessa força

policial para resolver

problemas de seguranças

é ainda mais

questionada. Ela foi feita

G1A – “A revolução não será televisionada”.

G1B – “FORA PM! MEPR.ORG.BR ABAIXO A MILITARIZAÇÃO DO CAMPUS!”.

Page 21: Intervenções artísticas

  21  

em um tapume de cercamento da

obra do novo prédio da FT (faculdade

de tecnologia) e fica virada para a L3.

É maior que as outras e por isso pode

ser lida com facilidade até de um

automóvel em movimento.

A G1C, G1D e G1E foram

feitas nos pilares do ICC. A G1C na

parte externa, diz respeito a escolha

de voto nulo para pessoas que não

sabem em quem votar. Como no

Brasil o voto é obrigatório, a

intervenção clama pelo voto

consciente, uma vez que aconselha a

votar nulo quem não possui domínio

sobre a situação política para

escolher o candidato que melhor lhe representa.

A G1D e G1E localizam-se na parte interna do ICC. A G1D fica em frente ao

centro acadêmico de psicologia e foi feita logo após um episódio de homofobia

ocorrido na FD, onde foram encontradas pichações agressivas e homofóbicas no

centro acadêmico de direito. Como uma resposta a este acontecimento a intervenção

alega que homofobia

é recalque. O

combate às

opressões das

minorias (homofobia e

racismo) e o combate

ao machismo são

pautas que aparecem

com frequência nas

intervenções

universitárias. A G1E

é uma divulgação do

G1C – “Não sabe em quem votar? Vote nulo”.

G1D – “Homofobia é recalque”.

Page 22: Intervenções artísticas

  22  

slogan da campanha

feminista: “Mexeu com uma,

mexeu com todas”. A G1F,

que fica na lateral do prédio

da BCE (biblioteca central),

também traz a pauta

feminista, alegando que

vivas ou mortas as mulheres

jamais serão escravas

novamente.

A G1G, localizada no

mezanino da faculdade de

arquitetura, é uma

mensagem agressiva contra

o estilo arquitetônico de

Renzo Piano que era muito

admirado pelos arquitetos na

época da intervenção e

símbolo de uma “boa

arquitetura”. A intervenção

tenta desconstruir essa

“verdade” de que arquitetura

de qualidade está ligada

necessariamente a

tecnologia de ponta e

estética modernista.

Observa-se que o

grupo foi chamado de

Revolta e Engajamento

porque apropriando-se do

caráter transgressor das

G1E – “Mexeu com todas”.

G1F – “Vivas ou mortas, jamais escravas!”.

G1G – “Renzo Piano de cu é rola!!!”.

Page 23: Intervenções artísticas

  23  

intervenções, as mensagens passadas são de insatisfação com a realidade, com o

governo, com a ideologia dominante, com o sistema vigente ou com o senso comum.

Ou seja, mensagens que chamam o observador a transgredir o que lhes é imposto no

cotidiano, a contestar o sistema, a engajar-se e a indignar-se. São diretas e curtas, se

utilizam de espaços com grande visibilidade, como tapumes e paradas de ônibus. Não

possuem uma preocupação com a forma como a mensagem é passada, desde que

ela seja passada, por isso, normalmente são palavras jogadas sem planejamento ou

apelo estético, feitas como se fossem um ato espontâneo de revolta.

 

 

 

Page 24: Intervenções artísticas

  24  

Poesia e Estética  

Neste grupo, ao contrário do grupo 1, temos o uso de várias cores e de várias

formas inusitadas de intervir.

Essas primeiras intervenções

foram feitas em objetos, tanto em

mobiliários públicos como em placas, na

condição de ressignificá-los, agregando a

eles algum valor estético ou simbólico. A

G2A e a G2B são, respectivamente, uma

colagem e um stencil feitos em placas de

Mapa de localização das intervenções do Grupo 2.

G2A – borboleta.

Page 25: Intervenções artísticas

  25  

trânsito. A G2C e G2D são pinturas feitas

em bancos de concreto. A primeira

mostra uma borboleta que tem o desenho

de uma caveira em cada asa. A segunda,

um cogumelo. A terceira é uma kombi com asas, onde no vidro da frente aparece uma

bunda, que faz referência às performances de Bia Medeiros nas kombis. A quarta

transformou o banco em uma centopéia.

A G2E é uma colagem em uma caixa de passagem, que teve seus quatro lados

transformados.

Também foi

ressignificada, como

nos exemplos acima,

mas não tem tanta

visibilidade por não ser

usada ou vista

rotineiramente.

 

 

G2B – cogumelo.

G2C – Kombi.

G2D – Banco pintado de centopéia.

G2E – coruja.

Page 26: Intervenções artísticas

  26  

A G2F, G2G, G2H, G2I, G2J e G2L trasformaram componentes estruturais da

arquitetura (pilares e vigas) em murais, onde foram pintados persongens e trechos de

poemas. O G2I traz escrito:

“HÁMOR

HÁBRAÇOS

HÁPREÇOS

HÁCASOS

ARTERÊ”

 

 

G2F – Rostos pintados.

G2G – Pessoas pintadas.

G2H – Pessoas pintadas.

G2J – Obey Icon e coelho pintados.

G2I – “Hámor hábraços hápreços hácasos arterê”.

Page 27: Intervenções artísticas

  27  

A G2L é uma intervenção que

sofreu uma intervenção, pintada na

viga de uma laje da faculdade de

arquitetura que foi feita em um atelier,

acabando assim com seu pé-direito

duplo. O que talvez tenha causado

muita indignação nas pessoas que se

identificam com esse lugar, além de

ter impedido a continuidade do pé-

direito duplo ao longo de todos os

ateliers, é que a execução da laje não trouxe nenhum benefício, uma vez que o

espaço criado por ela nunca foi ocupado e/ou utilizado. A intervenção que dizia “Você

não precisa concordar com tudo” passou a ser “Você não precisa discordar com tudo”.

A G2M e G2N são intervenções na forma de esculturas. As duas apropiaram-

se de objetos que não tinham mais valor e agregaram a eles simbolismo e estética. A

G2M era o tronco de uma árvore que havia sido podada pela prefeitura do campus. O

que era apenas um tronco

passou a ser um conjunto de

cabeças e corpos que se

sobrepõe, configurando uma

intrigante escultura, que

localiza-se em frente ao

estacionamento da Faculdade

de Direito, antiga FA

(Faculdade de Ciências

Aplicadas).

A G2N era uma apenas

a lataria de uma kombi de um

ferro velho. Ela foi coberta por

imagens e passagens de

poesias e colocada no

komboio, um gramado

localizado entre o Instituto de

G2L – “Você não precisa discordar com tudo”.

G2M – Tronco de árvore esculpido.

Page 28: Intervenções artísticas

  28  

Biologia, o Beijódromo e a via L3. Esse komboio é um conjunto de kombis que

passaram pelo mesmo processo, tendo algumas delas inclusive árvores plantadas,

para evitar que dali sejam retiradas futuramente.

Por último temos a G2O, que no mesmo sentido dos dois exemplos anteriores,

ressignificou um lugar que não tinha mais valor utilitário. Localizada em uma via que

não é mais utilizada, que leva do balão em frente ao Beijódromo até o komboio, essa

intervenção é uma frase que se estende por aproximadamente 123 metros, cada letra

tendo em média 7,5 metros de altura. O interessante é que apesar do tamanho, essa

intervenção só pode ser vista de duas formas: ou andando pelo local (que não é

passagem comum aos pedestres) ou observando pelo Google Earth uma vista aérea.

Pintada com tinta branca e preta, as letras formam os dizeres “MAR(IA-SEM-

VER)GONHA”, que pode ser entendido de duas formas: ou “Maria sem vergonha” ou

“ia sem ver”, que relaciona-se diretamente ao fato de inúmeros pessoas que passam

ao lado dela não a verem.

O grupo 2, então, foi nomeado de Poesia e Estética, por suas intervenções

possuirem o uso de cores, incentivarem a criatividade, a interpretação, criação de

personagens e divagações. As intervenções ressignificam objetos e criam murais em

G2N – Kombi.

Page 29: Intervenções artísticas

  29  

áreas de concreto aparente. Podem ser uma extensão das emoções e vivências de

quem as faz, uma forma de representar o íntimo, um desabafo ou o pedaço de uma

história. Não possuem uma mensagem clara, ficando a cargo do observador a

interpretação do que se vê e do que se entende, que varia de acordo com a vivência

(acúmulo de experiências no espaço-tempo ao longo da vida) de cada um. Assim, uma

intervenção deste grupo pode ter um grande valor para uma pessoa e nenhum

significado para outra, mas resultam de um esforço voltado para a apreciação da obra

pelo próprio artista no final.

G2O – “MAR(IA-SEM-VER)GONHA”. Fonte: Google Earth, abril de 2013.

Page 30: Intervenções artísticas

  30  

Oficial e Não-Oficial

Neste grupo há duas vertentes, a oficial e a não-oficial. A Oficial é a arte

aprovada por uma instância que tem o poder de autorizar intervenções no espaço

público. Elas são ditas por essas instâncias como sendo arte, mas as intervenções

que são feitas dessa maneira necessitam de uma aprovação prévia, e por isso, sofrem

censura. A censura, como foi dito no capítulo anterior, leva ao suicídio criativo do

artista, e consequentemente, descaracteriza a obra que deixa de ser arte.

A Não-Oficial foi assim chamada porque ela não é considerada arte pela

sociedade. São as pichações, muito comuns por toda a cidade, porém quase nunca

bem aceitas e por vezes consideradas feias. Isso porque o código usado para pichar

não é compreendido pela maioria da população, e consequentemente, não faz sentido

para quem não o conhece, o que gera rejeição. Mas ainda assim o “pixo” é

considerado arte para alguns estudiosos e muitas vezes pelas próprias pessoas que o

fazem, que o consideram uma forma legítima de manifestação e que é feita para

Mapa de localização das intervenções do Grupo 3.

Page 31: Intervenções artísticas

  31  

incomodar e chamar a atenção das pessoas para a exclusão social que essas

pessoas sofrem.

Então, elencaremos alguns exemplos, pois apesar de não se enquadrarem nas

características das intervenções artísticas, possuem uma grande importância para o

contexto das intervenções dentro do campus.

G3A – Pôsters colados nos pilares do ICC. G3B – Parada de ônibus pintada.

G3C – Pichação no prédio do IDA. G3D – Pichação no prédio do IDA.

Page 32: Intervenções artísticas

  32  

A G3A e a G3B são exemplos de intervenções oficiais. A G3A são enormes

posters colados nos pilares internos no ICC-centro. Essas imagens fizeram parte da

exposição UnB-50 anos e retratam trabalhadores. A G3B é um grafite feito em uma

parada de ônibus em frente a BCE. Tem um estilo infantil e retrata duas crianças

brincando de bola.

A G3C, G3D, G3E e G3F são exemplos de intervenções não-oficiais. São

pichações feitas com spray. A G3C e a G3D foram feitas nas paredes externas do IDA,

a G3E nos pilares externos do ICC e a G3F na caixa d’água do Centro Comunitário.

Percebe-se que essas intervenções ocupam espaços de grande visibilidade. A

Oficial normalmente é constituída de intervenções de artistas que recebem apoio

institucional para expor seu trabalho ou projetos como Picasso não pichava, que como

o próprio nome diz, reprime as pichações e exaltam o grafite como única forma

legítima de intervir no espaço público. Em sua maioria são temas infantis, que não

comunicam uma ideia ou constestam o sistema, apenas reproduzem desenhos

previamente acordados entre os alunos e os professores.

A Não-Oficial busca sempre espaços de grande visibilidade, como caixas

d`água, placas e muros cegos. Normalmente não se importam com o patrimônio. No

caso da UnB, no entanto, percebe-se que mesmo no IDA, no prédio em que há

azulejos do artista Athos Bulcão na fachada, a pichação foi feita de maneira a

preservar a obra e resignou-se ao portão metálico.

 

G3F – Pichação na caixa d`água do Centro Comunitário.

G3E – Pichação no ICC sul.

Page 33: Intervenções artísticas

  33  

Arte Engajada

O que podemos notar em comum nas

intervenções deste último grupo é uma

integração entre uma ação criativa ou dotada

de técnica de execução e uma mensagem que

está inserida no contexto político, cultural ou

social. Então temos de um lado a estética ou a

poesia e do outro a revolta ou o engajamento.

A G4A e G4B são exemplos de onde foi

usado o simbolismo (criação de símbolos para

passar uma mensagem de forma sintética). A

G4A, localizada em uma placa na via L2, em

Mapa de localização das intervenções do Grupo 4.

G4A – Placa com folha de maconha.

Page 34: Intervenções artísticas

  34  

frente a FT, simboliza a folha da maconha, droga ilegal que vem se tornando aceita

aos poucos em várias partes do mundo. No Brasil, e mais especificamente em

Brasília, há marchas que reunem milhares de pessoas que saem às ruas para

reinvidicar a legalização da droga.

A G4B, localizada na entrada do ICC norte, reúne dois símbolos: um homem

andando de bicicleta e a força da bicicleta destruindo o transporte automotivo

individual. A construção de ciclovias na cidade e a crescente quantidade de

engarrafamentos causados pelo

aumento da frota na cidade estão

estimulando o abando dos carros e

o uso de bicicletas como forma de

transporte.

A G4C e G4D são exemplos

de intervenções onde a forma de

interver está relacionada com a

G4B – stencil de bicicletas.

G2C – “Paridade”.

Page 35: Intervenções artísticas

  35  

mensagem que está sendo passada. A G4C,

localizada no ICC norte, faz um relação com o

significado da palavra “paridade” e a forma como

ela foi escrita, separando suas sílabas pelos

pilares, dividindo assim o todo. A paridade na

universidade é um direito que foi adquirido

recentemente. No ano de 2012, durante as

eleições para reitor da universidade o voto

paritário foi implementado, dando direito a não só

os professores votarem, mas como também os

servidores e os discentes. Ela é vista como uma

maneira mais democrática de eleger os

representantes, diminuindo a concentração de

poder de um determinado grupo e dividindo-o entre os demais.

A G4D também localiza-se na parte externa do ICC-norte. O slogan “Quantas

faces a cidade tem?” foi divulgado em 2012 pelos alunos do curso de arquitetura

durante a semana acadêmica ESCALA, cujo tema eram as diferentes escalas da

cidade. Usando uma face do pilar pouco usual para intervenções, a intervenção faz

uma brincadeira chamando o observador a olhar de uma maneira diferente para o que

normalmente pode lhe passar despercebido.

As G4E, G4F, G4G e G4H são stencils que foram feitos após as manifestações

que tomaram as ruas do país no mês de junho. Localizadas no IDA, inauguraram as

paredes que haviam sido pintadas de branco em junho deste mesmo ano, sumindo

com o conjunto de intervenções que antes cobria o prédio. Estas possuem ligação

direta com as manifestações, divulgando, respectivamente, a luta feminista, a tarifa

zero, a mobilidade urbana e as máscaras de gás (símbolo da repressão policial).

 

 

 

 

 

G4D – “Quantas faces a cidade tem?”.

Page 36: Intervenções artísticas

  36  

 

 

A G4I é um conjunto de

colagens que foi ligado por um desenho

feito em tinta preta. Os quatro cartazes

que formam o conjunto, que também se

encontra no prédio do IDA, trazem a

foto de quatro pessoas com o título de

“CUIDADO!”. Abaixo da foto há a

descrição do porquê essas pessoas são

perigosas. As características descritas

para cada figura são, respectivamente:

feminista, negro e ateu; ocioso,

bohemio, drag queen; possessiva,

asmática e cleptomaníaca; com

contradições agudas, histérica, lua em

G4E – símbolo feminista. G4F – “Tarifa zero”.

G4G – Mobilidade urbana. G4H – Máscara de gás.

G4I – “Cuidado!”.

Page 37: Intervenções artísticas

  37  

câncer e obcecada por pés. A ironia que está presente nessa intervenção é a de que

não há motivo para essas pessoas serem consideradas perigosas, como são

colocadas pelo cartaz, como se fossem procuradas pela polícia. Há um jogo em que

essas características que antigamente (ou mesmo hoje em dia) eram consideradas por

alguns como motivos para se evitar uma pessoa, hoje foram desmistificadas e tidas

como peculiaridades do ser-humano. Nesse caso, a mensagem não é clara e direta,

necessita de uma interpretação para que se entenda a ironia.

As quatro últimas intervenções que serão dadas de exemplo possuem uma

relação direta com o lugar onde foram feitas, ou seja, além de serem contextualizadas

no momento político e terem relação com a política e/ou cultura que existe no campus,

também possuem uma relação entre o conteúdo delas e o local escolhido pelo

interventor.

A G4J é um stencil com partes em spray que mostra um rato segurando uma

placa que tem escrito “Cadê a reitoria?” e uma indicação que diz “Sorry mom”. Essa

intervenção localiza-se numa central de abaixamento de voltagem que tem por ironia

ao seu fundo o prédio

da reitoria. A

intervenção contesta

o papel que a reitoria

tem no campus e o

que ela tem feito para

cumprir esse papel,

mas não explicita

exatamente o que ela

deveria estar fazendo

de diferente para se

mostrar mais

presente.

A G4L e a G4M compõe um enorme painel pintado com vários stencils com

muitas cores e figuras. Esse painel é, na verdade, o tapume do novo prédio da FS

(faculdade de saúde) que está sendo construído. As intervenções contestam o sistema

único de saúde – o SUS, trazendo as frases: “Quem paga o pato? O quê? O pa(r)to” e

“Sorriso cura?”. Além destas, há muitas outras, como: “O sistema de escuta?”,

G4J – “Cadê a reitoria? Sorry mom”.

Page 38: Intervenções artísticas

  38  

“Doença é mercadoria? Quem lucra?”, “Seu médico usa o SUS?”, “Fé cura?”, “Você se

toca?”, “Sorrisus sorri!”, “Os médicos são deuses?”, “A saúde está doente?”, “Há

delicadeza no diagnóstico?”, “Quem me prepara, a academia ou a vida?”, “Acesso a

informação é democracia?”, “Há democracia na informação?” e “Promover, prevenir ou

remediar?”.

Por último temos a G4N, localiza-se nos pilares externos do ICC-norte, próxima

a faculdade de arquitetura. A intervenção é uma brincadeira poética com o

enaltecimento dos nomes responsáveis pela construção de Brasília: “JotaKristo, meu

salvador, São Lucio e São Oscar, vida eterna, amém.” Apesar de não haver um apelo

estético, há poesia e engajamento, vez que as

figuras históricas são citadas como em uma

oração.

Este último grupo, então, além de ter

uma preocupação com a mensagem que é

passada, tem uma preocupação também com

a forma como ela é passada. A intervenção

pode usar de símbolos para passar a

mensagem (G4A e G4B), pode relacionar a

forma como a mensagem é passada com o

seu conteúdo (G4C e G4D), pode trazer uma

mensagem ligada a acontecimentos recentes

G4L – “Quem paga o pato? O quê? O pa(r)to”.

G4M – “Sorriso cura?”.

G4N – “JotaKristo, meu salvador, São Lucio e São Oscar, vida eterna, amém.”

Page 39: Intervenções artísticas

  39  

(G4E, G4F, G4G e G4H) e pode ter uma relação direta com o lugar onde ela foi

colocada (G4J, G4L, G4m e G4N). Observa-se também que todas as mensagens que

foram transmitidas por essas intervenções tem ligação ou com cultura ou com política,

e por isso, são ditas engajadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 40: Intervenções artísticas

  40  

Considerações finais

Como foi visto, o campus Darcy Ribeiro desde sua criação esteve ligado a

acontecimentos políticos em nível local, regional e nacional. A grande quantidade de

estudantes que conformam a elite intelectual da universisdade acompanhou os

processos políticos, culturais e históricos pelos quais passaram o país, como a

ditadura militar, a democratização, a luta por direitos e a ocupação de espaços

públicos.

O caráter transgressor, tanto do projeto educacional, quanto da conformação

do espaço através do projeto arquitetônico, foram acompanhados pelas transgressões

artísticas que foram feitas ao longo dos anos. A apropiação de espaços para

questionar a realidade sempre foi feita, como exemplificado pelas pichações nas

invasões que ocorreram após o golpe militar.

Essas intervenções são portanto uma forma de ouvir o que a cidade está

dizendo. Principalmente agora, por conta das atuais manifestações, fica fácil visualizar

isso. Os cartazes e pichações que surgiram na cidade e no campus nas últimas

semanas retraram exatamente a indignação do povo diantes dos acontecimentos

políticos dos últimos anos.

Na UnB percebe-se que a ocupação dos espaços públicos é um pouco

confusa. Isso porque por direito todo o espaço da universidade é público, mas a

ocupação segue uma lógica ditada pela infraestrutura disponível e as questões de

segurança impostas pela reitoria. Por exemplo, apesar de haver espaços que

favorecem a ocupação pública, como o Teatro de Arena e a Concha Acústica, esses

lugares são subutilizados pela falta de iluminação. O prédio principal – ICC ou

Minhocão – foi pensado e projetado para possibilitar o encontro de pessoas, através

de seus amplos corredores sombreados, arejados e com jardins que unem diferentes

áreas do conhecimento científico. Porém, atualmente ele encontra-se fechado durante

os horários em que não há aulas, como os finais de semana. Assim, fica

comprometida tanto a chance que os estudantes tem de utilizar os espaços abertos e

protegidos, como a chance de se encontrarem.

São fatos como esses que influenciam as pessoas a acabarem por tomar

ações transgressoras, ocupando o espaço e passando mensagens da forma que

Page 41: Intervenções artísticas

  41  

melhor encontram para isso, mesmo que isso seja ilegal do ponto de vista jurídico,

como as pichações.

Essas ações transgressoras, como foi mostrado nos grupos de análise, podem

ser de diversos tipos e muitas vezes se confundem, tanto em sua impressão como em

sua intenção. A medida que o assunto ganha espaço nos debates, desconstrói-se a

ideia de que pichação e grafite são a mesma coisa. Mas quando se aprofunda o

debate, percebe-se que são maneiras diferentes de fazer a mesma coisa: são formas

de dar voz à cidade.

O contexto cultural é determinante neste caso, pois para os pichadores suas

intervenções3 são belas e legítimas, estão contestando o sistema e afirmando eles

como grupo reprimido e dito incapaz pela sociedade. Eles sentem-se agredidos e

agridem de volta, para serem reconhecidos socialmente. É a voz do povo nos muros.

É o esporte da periferia. É engajado politicamente e é lúdico.

Em contrapartida, para os grafiteiros as pichações são rabiscos feitos por

baderneiros, muito diferente da bela arte que eles podem alegar fazer para embelezar

a cidade. Arte esta feita com noções de proporção, harmonia e estética, que eles

provavelmente aprenderam, pois tiveram acesso a educação (PIXO, 2009).

Outra prática adotada que pode ser observada no campus, tanto por grafiteiros

e pichadores quanto por outros artistas, é a da repetição. É a ideia de que se você vê

algo várias vezes, mesmo sem saber o que é, aquilo irá ficar marcado na sua

memória. É a mesma ideia adotada pela propaganda que pretende vender uma

mercadoria. Assim, alguns interventores criam símbolos que espalham por vários

lugares de forma a disseminar sua marca ou ideia. A diferença simbólica entre este

tipo de intervenção e a feita pelas grandes empresas através das propagandas é o

dinheiro envolvido. As empresas tem capital para bancar o que o governo cobra para

tornar a propagando algo aceitável e legalizado. No casos das intervenções artísticas,

como não há venda de produto, não há acúmulo de capital. Logo, há impossibilidade

de pagar pelo espaço, que contraditoriamente, é público.4

                                                                                                                         3 Ver intervenções Não-Oficiais do Grupo 3. 4 Um movimento nomeado de Brandalismo, diz que qualquer anúncio num espaço publico que não permite que você escolha se quer vê-lo ou não é seu. Ele lhe pertence. Você pode se apropiar dele, rearrumá-lo e reutilizá-lo. Pedir permissão para isso é como perguntar se você pode ficar com a pedra que alguém jogou na sua cabeça.  

Page 42: Intervenções artísticas

  42  

Na UnB encontramos alguns símbolos

que são espalhados seguindo essa prática

repetitiva. A maioria são stencils, como as

kombis (G2C), os coelhos (G2J), algumas

frases (G2L) e o rosto de Honestino Guimarães

(foto ao lado).

Outros são pôsters, colados com grude.

Dentro destes temos como exemplo as corujas

(G2E) e a borboleta (G2A). Nesse caso

percebemos que dentre os exemplos

encontrados poucos são os que possuem

engajamento político. Em sua maioria possuem

um aspecto poético, símbolos que demoraram a

ser produzidos e que não necessariamente tem

uma mensagem clara a passar. Mas comunicam algo, são entendidos e

compreendidos, possuindo diversas interpretações.

Eles também possuem uma grande capacidade de síntese (resumem

significados a imagens), pois são símbolos criados para transmitir uma ideia de forma

lúdica, para atrair a atenção dos observadores e gerar inquietação.

Estimular transformações sociais requer inquietar as pessoas com a

possibilidade de uma mudança positiva em suas vidas. Há várias maneiras de fazer

isso, mas a única que pode ser relacionada às intervenções é a ludicidade. O caráter

lúdico reune as pessoas em torno de um conteúdo. Uma cultura, uma educação, uma

formação e uma informação só não levam ao tédio quando possuem um caráter lúdico.

E essa forma de estímulo que é feita pelas intervenções que tira o observador da

inércia e o leva a ação, através da meditação sobre o que foi percebido por ele. As

ideologias dominantes, que se sobrepõe ao racionalismo e ao realismo, podem ser

questionadas quando através de pequenas iniciativas revolucionárias feitas na prática

tenta-se romper um ciclo vicioso da manuntenção de uma ordem imposta.

 

 

Pilares do ICC norte - Stencils do rosto de Honestino Guimarães.

Page 43: Intervenções artísticas

  43  

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