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1 INTERVENÇÃO DA SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL BERTA DE MELO CABRAL Seminário “O Contributo da Hidrografia para o Desenvolvimento e a Segurança dos Estados Costeiros” Lisboa, Instituto Hidrográfico, 19 de setembro de 2013 Só serão válidas as palavras proferidas pela oradora

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INTERVENÇÃO DA

SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL

BERTA DE MELO CABRAL

Seminário “O Contributo da Hidrografia

para o Desenvolvimento e a Segurança dos Estados Costeiros”

Lisboa, Instituto Hidrográfico, 19 de setembro de 2013

Só serão válidas as palavras proferidas pela oradora

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Exm.º Senhor Chefe de Estado-Maior da Armada,

Almirante Saldanha Lopes

Exm.º Senhor Presidente da Organização Hidrográfica

Internacional, Mr. Robert Ward

Exm.º Senhor Subdiretor da Faculdade de Ciências

da Universidade de Lisboa, Prof. Doutor José Rebordão

Exm.º Senhor Diretor-geral do Instituto Hidrográfico,

Contra-almirante Silva Ribeiro

Ilustres convidados

Minhas Senhoras e meus Senhores

É com grande satisfação que me encontro pela primeira vez no

Instituto Hidrográfico.

Quis o destino que esta visita coincidisse com as celebrações do

Dia do Instituto, que agora celebra 53 anos de vida dedicada ao

conhecimento do Mar

Os meus parabéns a todos os que contribuem para o sucesso desta

instituição e faço-o na pessoa do Sr. Chefe de Estado-Maior da

Armada, Almirante Saldanha Lopes.

Como seria expectável, estas celebrações culminaram com a

realização de um seminário que permitiu juntar pessoas e entidades

que têm o mar como vocação e trabalham para viabilizar o

conhecimento na ação.

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Ainda há pouco, antes da brilhante intervenção do Contra-almirante

Silva Ribeiro, ouvimos uma lição de sapiência do Professor Doutor

David Wells, que fechou com chave de ouro uma jornada de

informação e debate sobre matérias com interesse para todas as

atividades relacionadas com o Mar, neste caso concreto

subordinadas ao tema d’“O Contributo da Hidrografia para o

Desenvolvimento e a Segurança dos Estados Costeiros”.

E este seminário vem na sequência da 10.ª reunião da Comissão

Hidrográfica da África Austral e Ilhas, um acontecimento, por si só,

de grande significado e prestígio para o Instituto Hidrográfico, para

a Marinha e para Portugal.

Aproveito para saudar o Presidente da Organização Hidrográfica

Internacional, o Presidente da Comissão e as várias delegações

presentes.

Sei que não causarei qualquer incómodo aos restantes se deixar

uma palavra de especial apreço pelos representantes de Angola e

Moçambique, por razões óbvias.

Na condição de país associado da Comissão Hidrográfica da África

Austral e Ilhas, Portugal tem grandes responsabilidades e também

grandes potencialidades para se afirmar como parceiro relevante no

âmbito da cooperação internacional, concretamente nesta área do

conhecimento do Mar que, para nós, é estratégica.

Queremos voltar a um rumo de crescimento no nosso País e o Mar

e os recursos marítimos são parte indispensável no planeamento e

ação estratégica e na concretização do nosso desenvolvimento.

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Minhas Senhoras e meus Senhores

A missão do Instituto Hidrográfico é, como diz a lei, “assegurar as

atividades relacionadas com as ciências e as técnicas do mar,

tendo em vista a sua aplicação na área militar, e contribuir para o

desenvolvimento do País nas áreas científica e de defesa do

ambiente marinho”.

Esta missão, aliada ao facto de o Instituto Hidrográfico ser detentor

de um relevante património científico e tecnológico, resultante de

várias décadas de investigação do Mar, coloca enormes desafios no

emprego das suas capacidades.

O momento que Portugal atravessa exige uma permanente abertura

ao exterior e uma intensa cooperação interinstitucional, no quadro

de diversos desafios políticos, económicos, culturais, segurança e

defesa que ocorrem no Mar.

Dispomos de excelentes condições e capacidades para fazer

parcerias estratégicas com países em vias de desenvolvimento,

intensificando a cooperação nas áreas técnicas do Instituto

Hidrográfico, numa perspetiva de benefício mútuo.

Esta simbiose sinergética traduzir-se-á na melhoria da qualidade de

vida das populações de todos os países envolvidos.

O Instituto Hidrográfico integra atualmente um conjunto

multidisciplinar de competências que o habilitam como Laboratório

do Estado e o tornam um organismo de referência na investigação

científica ligada ao Mar, numa atitude de plena abertura e

cooperação institucional, de que é exemplo este seminário.

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Esta correta abordagem é essencial para uma resposta holística na

defesa do ambiente marinho, do desenvolvimento científico e da

segurança nacional.

Assumem natural relevância as ações formativas, em cooperação

com outras entidades, com vista à melhoria e consolidação da

educação científica e tecnológica dos nossos jovens, ao reforço da

nossa identidade marítima e apetência para usar o Mar.

Apesar do muito que se tem feito, o incremento da partilha de

conhecimento tem de ser encarado como uma prioridade absoluta.

Em áreas do Saber que estão perfeitamente identificadas, o

Instituto Hidrográfico tem condições intrínsecas para se assumir

como interface do trabalho que é desenvolvido no nosso País, por

entidades privadas e públicas, nomeadamente nas universidades,

seja no Algarve, em Aveiro ou nos Açores.

Mais do que trabalhar em rede, é preciso evoluir para uma

conjugação de sinergias que permita reunir ainda mais

conhecimento e, assim, facilitar e potenciar a tão necessária

inovação.

A exiguidade dos orçamentos não serve de desculpa para tudo.

Noutro sentido, a escassez de meios deve fazer com que haja mais

partilha para se poder crescer.

É preciso fazer as apostas certas e explorar todas as fontes de

financiamento, incluindo, obviamente, os fundos comunitários.

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Minhas Senhoras e meus Senhores

A vida do planeta depende dos Oceanos, que são uma fonte de

energia, de água e de alimento, o suporte de vida de milhões de

pessoas, um regulador do clima, uma via de transporte, um “campo”

de batalha.

Não podemos ignorar que 92 por cento do comércio mundial se faz

por Mar.

O Atlântico é um palco principal e Portugal tem nele um espaço

vasto e nobre que precisa de ocupar com inteligência e benefício,

empenhando-se na defesa da unidade deste Oceano.

Os processos em curso no Mar colocam grandes desafios a

Portugal.

A extensão da Plataforma Continental dará uma amplitude

significativa ao já de si extenso “triângulo estratégico” composto

pelo território continental e pelos arquipélagos da Madeira e dos

Açores e permitirá, num futuro que se perspetiva cada vez mais

próximo, o acesso a outros recursos existentes no solo e subsolo

marinhos.

Mas esta ampliação também implica uma responsabilidade

acrescida na proteção e preservação do meio marinho.

Portugal participou desde o início nas negociações da Convenção

das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar, concluída em

Montego Bay a 10 de dezembro de 1982. Assinou a convenção

nessa data e, em 1997, aprovou-a e ratificou-a.

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No ano seguinte, em 1998, foi criada a Comissão Interministerial

para a Delimitação da Plataforma Continental, presidida pelo

Diretor-geral do Instituto Hidrográfico.

Na verdade, o atual processo de extensão da Plataforma

Continental teve origem nos resultados desta comissão.

Para que o aproveitamento da extensão da Plataforma Continental

se concretize, torna-se necessário que o saber, a experiência e

todos os meios disponíveis possam ser usados com credibilidade

para preservar os legítimos interesses marítimos de Portugal.

Os portugueses confiam na Marinha e no seu Instituto Hidrográfico

para afirmar Portugal no Mar, no domínio da oceanografia, da

hidrografia, da navegação e da cartografia, como vetor de

desenvolvimento estratégico, produzindo conhecimento essencial

para toda a atividade marítima, desde a marinha de recreio até ao

apoio ao exercício da autoridade do Estado no Mar.

Minhas Senhoras e meus Senhores

O grande açoriano Vitorino Nemésio, numa das suas obras menos

divulgadas, observa que “é com os próprios olhos que tiramos do

mar a terra que nos faltou”.

Converter esforços e vontades em resultados passa por articular as

diferentes dimensões que o mar convoca: económica, política,

cultural e de segurança.

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Portugal depende do Mar e é Mar, pela sua localização geográfica,

que sairá reforçada e recentrada com a iminente duplicação do

canal do Panamá.

Mas Portugal também é Mar pela história, pela cultura, pela

economia e por toda uma beleza natural que interessa preservar e

faz do nosso País uma referência mundial quando se olha para

países com tradição marítima.

É esta feliz e invulgar conjugação de características que confere ao

Instituto Hidrográfico o seu valor, um valor à medida do nosso Mar e

da nossa história, um enorme potencial para enfrentar os novos

desafios, desde que se mantenha como um pilar sólido do produto

da Marinha, numa ação dinâmica em defesa do ambiente marinho e

do desenvolvimento tecnológico e científico de Portugal, das

oportunidades que o Mar nos oferece.

Que as saibamos aproveitar.

O Mar é imenso e é preciso conhecê-lo. Contamos com o Instituto

Hidrográfico para isso.

O Mar é imenso e rico e é preciso protegê-lo. Contamos com a

Marinha para isso.