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Interpretações do Brasil Da Matta diz que o Brasil é híbrido, pois é um sistema social equilibrado e dividido entre o indivíduo e a pessoa. O que ele quer dizer com isso?

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Da Matta diz que o Brasil é híbrido, pois é um sistema social equilibrado e dividido entre o indivíduo e a pessoa. O que ele quer dizer com isso?. Interpretações do Brasil. O que DaMatta chama de individualismo? É igual ao do senso comum? Por que?. Interpretações do Brasil. Indivíduo e Pessoa - PowerPoint PPT Presentation

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Interpretações do Brasil

                                                                                                             

Da Matta diz que o Brasil é híbrido, pois é um sistema social equilibrado e dividido entre o indivíduo e a pessoa. O que ele quer dizer com isso?

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O que DaMatta chama de individualismo? É igual ao do senso comum? Por que?

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Indivíduo e Pessoa

“ O universalismo é demandado em público pelo Estado Moderno, individualista e impessoal, mas o particularismo continua a imperar no plano pessoal e doméstico”

Conta de Mentiroso, pág 160

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Indivíduo e Pessoa “É como tivéssemos duas bases através das quais pensássemos o nosso sistema. No caso das leis gerais e da repressão, seguimos sempre o código burocrático ou a vertente impessoal e universalizante, igualitária do sistema. No caso das situações concretas, daquelas que a vida nos apresenta, seguimos sempre o código da relações e da moralidade pessoal, tomando a vertente do “jeitinho”, da “malandragem” e da “solidariedade” como eixo de ação. Na 1ª escolha, nossa unidade é o indivíduo; na 2ª é a pessoa. A pessoa merece solidariedade e um tratamento diferencial. O indivíduo, ao contrário, é o sujeito da lei, foco abstrato para quem as regras e a repressão foram feitos”

CMH, pág 169

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Quais são os modos de navegação social descritos por DaMatta? Como e quando eles são acionados?

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“Malandragem”, “Jeitinho” e “você sabe com quem está falando?” são modos de navegação social

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O que é o Jeitinho? Qual a diferença do jeitinho para o “você sabe com quem está falando?”

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Jeitinho : cantada, harmonização

“´jeitinho´ e ´você sabe com quem está falando?´ são, pois, dois modos de enfrentar uma mesma situação. O primeiro vai pelo caminho da paciência e conciliação; já o segundo apela para o conflito, fazendo com que a relação englobe a lei” (O que é o Brasil? Pág 50)

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E o que é malandragem? O que difere do Jeitinho?

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Malandragem : profissionalização do “jeitinho”

“O malandro, portanto, seria um agente profissional do jeitinho e na arte de sobreviver nas situações mais difíceis:naquelas que ele está claramente fora ou longe das leis” (O que é o Brasil? Pág 51)

“O malandro, diferentemente do bandido, rouba com jeito, invocando simpatia, empatia e laços humanos” (pág 52)

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Qual é a questão da cidadania em um universo relacional?

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O que é a cidadania? E como ela é vivenciada no Brasil? É possível pensá-la como nos Estados Unidos?

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“Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta

Questão do autor

“Neste trabalho, pretendo discutir a seguinte questão: se o conceito de cidadania implica, de um lado, a idéia fundamental de indivíduo (e a ideologia do individualismo), e, de outro, regras universais (um sistema de leis que vale para todos em todo e qualquer espaço social), como essa noção é percebida e vivida em sociedade onde a relação desempenha um papel crítico na concepção e na dinâmica da ordem social?” (pág 65)

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“Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta

Cidadania:historicamente localizada e socialmente construída

• Premissas iluministas (igualdade e liberdade) e ideais da Rev. Francesa e da independência norte-americana (contestação aos privilégios da nobreza e do clero)

•Concepção de cidadania: o foco é o indivíduo, o caráter é universal e nivelador (todos são iguais em direitos e deveres)

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“Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta

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Estados Unidos: tipo ideal de sociedade igualitária

Ideologia do mérito, do “homem que se faz por si mesmo” Alto grau de associativismo referência ao clássico A Democracia na América (1835, 1º vol. e 1840, 2º vol.) de Tocqueville

Para driblar a ética igualitária => “sociologia do convite” (que permite a discriminação e recria o privilégio)

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Alexis de Tocqueville (1805-1859): A democracia na América

“ Parece-me indubitável que, mais cedo ou mais tarde, chegaremos como americanos à igualdade quase completa das condições. Não concluo daí que sejamos chamados necessariamente um dia a tirar, de semelhante estado social, as conseqüências políticas que os americanos tiraram. Estou longe de acreditar que eles encontraram a única forma de governo que a democracia possa dar (...)

Confesso que vi na América mais que a América; procurei nela uma imagem da própria democracia, de suas propensões, de seu caráter, de seus preconceitos, de suas paixões (....)”

Tocqueville vive na América recém-independente por cerca de 1 ano e a compara com a França A Igualdade na América é considerada extrema porque eles não assistem a própria revolução, já nascem dela.

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“Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta

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Cidadania no Brasil: ambigüidade como marca

Dual: conjuga os ideais igualitários e liberais com outra hierárquica, relacional e paternalista. Idéia de um Estado-Pai (provedor)

“No Brasil, o individualismo é criado com esforço, como algo negativo e contra as leis que definem e emanam da totalidade. Nos Estados Unidos, o individualismo é positivo e o esforço tem sido para criar a unidade ou Union: a totalidade” (pág 76)

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“Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta

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“Nos Estados Unidos a idéia de comunidade está fundada na igualdade e homogeneidade de todos os seus membros, aqui concebidos como cidadãos (...) No Brasil, por contraste, a comunidade é necessariamente heterogênea, complementar e hierarquizada. Sua unidade básica não está baseada em indivíduos (ou cidadãos), mas em relações e pessoas, famílias e grupos de parentes e amigos. Sendo assim, nos Estados Unidos, o indivíduo isolado conta como uma unidade positiva do ponto de vista moral e político; mas no Brasil o indivíduo isolado e sem relações (...) é algo considerado altamente negativo (...)” (pág 77)

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A visão do indivíduo e pessoa no Brasil é homogênea?

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A sociedade brasileira não é homogênea em relação à interpretação da categoria indivíduo

“Enquanto as classes dominantes nutrem uma perspectiva individualista, sendo responsáveis pelo arcabouço jurídico, político e institucional da sociedade, na prática elas viveriam como pessoas, na medida em que, pela mobilização dos seus respectivos capitais de relações sociais, o sistema de leis impessoais e universalizantes não se lhes aplicaria em sua totalidade. Por outro lado, as ´classes populares´, que não dispõem de instrumentos para participar da produção do aparato jurídico, político e institucional, entretêm uma visão mais hierárquica e complementar do mundo e vivem, na prática, como indivíduos, pois sobre elas incidem toda força da lei, quando (...) não podem articular nenhum capital social” (pág 55)

Lívia Barbosa, “O Brasil pelo avesso: Carnavais, malandros e heróis e as interpretações da sociedade brasileira”. In: O Brasil não é para principiantes. Carnavais, malandros e heróis 20 anos depois.

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E as camadas populares podem subverter as regras da lei?

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“É bom frisar que a geografia descrita (...) está longe de ser considerada pelo autor como determinística, ilustrando apenas uma das suas possíveis facetas. Ela muda quando, (...), membros das ´camadas populares´ agem como pessoas, utilizando-se do capital de relações pessoais de indivíduos das ´camadas dominantes´ com os quais mantém relações ” (pág 55)

Lívia Barbosa, “O Brasil pelo avesso: Carnavais, malandros e heróis e as interpretações da sociedade brasileira”. In: O Brasil não é para principiantes. Carnavais, malandros e heróis 20 anos depois.

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“ Automóveis fatidicos O ´chauffeur atira fora a policia e dispara

“Mais uma para se debitar aos automoveis o tirar o sonno à policia (...) que terá mais uma vez opportunidade para mais uma homenagem do silencio e da impunidade em favor dos chauffeurs privilegiados e de costas quentes (...)

Vinha o automovel do Marechal Camara, chefe do estado-maior, hoje, cerca de meio dia, na corrida vertiginosa e cega do costume pela Praça da República , quando um desalmado, chamado Alvaro Martins de Souza Pereira, teve a lembrança de metter-se com toda imprudencia e grande falta de patriotismo entre as rodas (...) do fatidico veiculo .

O automovel (...) limitou-se a atirar no chão o importuno cidadão e passar-lhe por cima das pernas. (...) Mas o bonito não está ahi. (...) Surge o mantenedor da ordem na praça de policia (....) que naturalmente desconhecendo o automovel e seu ´chauffeur´ (...) entendeu obstar-lhe a marcha e applicar-lhe a lei. (...) Mas o chauffeur deitou valentia, sentindo as costas quentes.

Fomos à ultima hora informados que o praça effectuou a prisão do ´chauffeur´(...) o que não impediu que lhe dessem fuga por uma saída dos fundos do mesmo quartel”

Notícia extraída do jornal O Século Publicada em 1º de julho de 1908

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DaMatta diz que, no Brasil, a “casa” e a “rua” são universos compensatórios e complementares. O que ele quer dizer com isso?

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“Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta

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Brasil: “casa” e “rua” complementares e compensatórias

“Se no universo da casa sou um supercidadão, pois ali tenho direitos e nenhum dever, no mundo da rua sou um subcidadão, já que as regras universais da cidadania sempre me definem por minhas determinações negativas: pelos meus deveres e obrigações, pela lógica do ‘não pode’ e do ‘não deve’” (pág 93)

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E qual é o Dilema Brasileiro, para Roberto DaMatta?

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“Cidadania – a questão da cidadania em um universo relacional” Roberto DaMatta

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Dilema Brasileiro

“Não há brasileiro que não conheça o valor das relações sociais e que não as tenha utilizado como instrumentos de solução de problemas ao longo da sua vida. Não há brasileiro que nunca tenha usado o “você sabe com quem está falando?” diante da lei universal e do risco de uma universalização que acabaria transformando sua figura moral num mero número ou entidade anômica (…)” (pág 94)

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“Americanos são muito estatísticosTêm gestos nítidos e sorrisos límpidosOlhos de brilho penetrante que vão fundo(...)Para os americanos branco é branco, preto é preto (e a mulata não é a tal)Bicha é bicha, macho é machoMulher é mulher, dinheiro é dinheiroE assim ganham-se, barganham-se, perdem-seConcedem-se, conquistam-se direitosEnquanto aqui embaixo a indefinição é o regimeE dançamos com uma graça cujo segredoNem eu mesmo seiEntre a delícia e a desgraçaEntre o monstruoso e o sublime”

Americanos – Caetano VelosoIn: Circuladô - 1992

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Qual é a diferença entre os conceitos de Roberto DaMatta (jeitinho e você sabe com que está falando) e de Sérgio Buarque de Holanda (o homem cordial)?

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Qual a diferença entre República e Democracia?

Como foi a República, na Primeira República no Brasil?

Quando ela começa a se democratizar?

Atualmente, a maior parte da população já está incluída no sistema eleitoral. Na opinião do autor, tal fato é suficiente para garantir uma democracia plena ou não? Por que?

No entanto o autor afirma que a democracia avançou mais no Brasil que a República. O que ele quis dizer?

José Murilo de Carvalho – O Estado de São Paulo27 de dezembro de 2009

Entre a República e a democracia

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“Democracia é algo que nunca se completa. É um caminho que vamos trilhando com idas e vindas, processos e retrocessos. Se entendermos democracia como um sistema comandado pela lei com ampla participação popular, mesmo fora dos períodos eleitorais, liberdade de imprensa, é uma coisa... Se analisarmos a democracia de um ponto de vista mais amplo, é outra. Significa não apenas participação política das pessoas, mas o que chamaria de cidadania e igualdade civil, passando por uma melhor distribuição de renda e acesso à justiça. Ora isso não temos no Brasil. Pessoas com recursos escapam facilmente das malhas da justiça(....). A desigualdade econômica é terrível. Temos distâncias quilométricas entre o topo e a base da pirâmide. Então, a democracia no Brasil ainda é algo precário ”

José Murilo de Carvalho - entrevista

Paradoxos da democracia