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Interpretações do Brasil Jeca Tatu como metáfora do homem do campo “Caipira picando fumo”_ Almeida Júnior (1893)

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Jeca Tatu como metáfora do homem do campo. “Caipira picando fumo”_ Almeida Júnior (1893). Interpretações do Brasil. Quais são as representações do filme sobre Jeca Tatu? Como descreveria o personagem? Pode-se dizer que o Jeca é uma metáfora do homem do campo? Razões. - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Interpretações do Brasil

Interpretações do Brasil

Jeca Tatu comometáfora do homem

do campo

“Caipira picando fumo”_ Almeida Júnior (1893)

Page 2: Interpretações do Brasil

Interpretações do Brasil

Quais são as representações do filme sobre Jeca Tatu? Como descreveria o personagem?

Pode-se dizer que o Jeca é uma metáfora dohomem do campo? Razões.

Que outras designações o homem do campo costuma receber?

Jeca Tatu de Milton Amaral X Jeca Tatu de Monteiro Lobato: semelhanças e diferenças

O que muda do Jeca Tatu de “Urupês” para o Jeca Tatu de “Ressurreição”?

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Interpretações do Brasil

Algumasrepresentações

Matuto

Caipira (do tupi Ka'apir ou Kaa-pira, significa "cortador de mato") => nome dado pelos guaianás, do interior de SP, aos colonizadores, independente da etnia

Caboclo

Roceiro

Capiau

Jeca (após o personagem de Monteiro Lobato)

Sertanejo (termo muito difundido por Euclides da Cunha)

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Interpretações do Brasil

Algumasrepresentações dicotômicas

Atraso X desenvolvimento

Preguiça X trabalho

Ignorância X Educação

Doença X Saúde

Raiz brasileira X estrangeirismo/ cópia

Tensão de classes: senhor de terras/ detentor dos latifúndios e meios de produção (coronéis) X caipira simples e explorado/ agregado/eleitor de cabresto

Litoral X interior (preocupação em desenvolver o sertão)

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Eu não quero outra vidaPescando no rio de JereréTenho peixe bomTem siri patola Que dá com o péQuando no terreiroFaz noite de luarE vem a saudade me atormentarEu me vingo delaTocando viola de papo pro arSe compro na feiraFeijão, rapaduraPra que trabalharSou filho do homemE o homem não deveSe apoquentar

Interpretações do Brasil

“De Papo pro Ar” (Joubert de Carvalho / Olegário Mariano - 1931)

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Nestes versos tão singelosMinha bela, meu amorPrá você quero contarO meu sofrer e a minha dorSou igual a um sabiáQue quando canta é só tristezaDesde o galho onde ele estáNesta viola canto e gemo de verdadeCada toada representa uma saudadeEu nasci naquela serraNum ranchinho beira-chãoTodo cheio de buracosOnde a lua faz clarãoQuando chega a madrugadaLá no mato a passaradaPrincipia um barulhão

Nesta viola, canto e gemo de verdadeCada toada representa uma saudadeLá no mato tudo é tristeDesde o jeito de falarPois o Jeca quando cantaDá vontade de chorarE o choro que vai caindoDevagar vai-se sumindoComo as águas vão pro mar.

Interpretações do Brasil

Tristeza do JecaComposição: Angelino de Oliveira

(música- 1918 e letra- 1926)

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Interpretações do Brasil

AlgumasImagens mais

ContemporâneasChico Bento

Page 8: Interpretações do Brasil

Interpretações do Brasil

José Bento Monteiro Lobato(1882 -Taubaté -1948-SP)

Diploma-se em Direito pela Faculdade de SP em 1904 (atua como promotor público em 1907 na comarca de Areias)Homem de múltiplas atividades:

foi fazendeiro (herda fazenda do avô – daí veio a inspiração de Jeca Tatu),Jornalista (suas crônicas sobre o personagem Jeca Tatu foram inicialmente divulgados através de O Estado de São Paulo)editor (compra a Revista do Brasil em 1918 e inicia,nesse mesmo ano, sua editora Monteiro Lobato)escritor (deixa uma obra extensa e é referência obrigatória em Literatura Infantil)adido comercial em Nova Iorque de 1927 a 1931

Nacionalista, contra os estrangeirismos na arte, sobretudo o francesismoGrande incentivador das campanhas do Petróleo e do FerroEnvolve-se na década de 20 em grande campanha sanitaristaEm 1925, candidata-se a ABL, mas não entra. Em 1944, é indicado membro, mas não aceita. Diz-se lisonjeado, mas declara ser “mal comportado” para o Petit Trianon

Page 9: Interpretações do Brasil

Interpretações do Brasil

Do Jeca Tatu ao Zé Brasil

Primeiras crônicas sobre o “caboclo” publicadas em O Estado de São Paulo em 1914:“Velha Praga” em 12 de novembro (cf entrevista com Marisa Lajolo) => crítica às queimadas que minam a produtividade da terra e ao sistema eleitoral da “política dos governadores” (governos locais protegem os matutos que queimam a terra e propagam incêndios para outras porque eles lhes dão votos e garantem o seu poder)

=> Caboclo como um “funesto parasita da terra”, “espécie de homem baldio, semi-nômade, inadaptável à civilização, mas que vive à beira dela na penumbra das zonas fronteiriças. À medida que o progresso vem chegando com a via férrea, o italiano, o arado, a valorização da propriedade, vai ele refugiando em silêncio como o seu cachorro, o seu pilão, a picapau e o isqueiro, de modo sempre a conservar-se fronteiriço, mudo e sorna. Encoscorado numa rotina de pedra, recua para não adaptar-se” (Em Urupês, 1918)

Page 10: Interpretações do Brasil

Interpretações do Brasil

Do Jeca Tatu ao Zé Brasil

Primeiras crônicas sobre o “caboclo” publicadas em O Estado de São Paulo em 1914:“Urupês” em 23 de novembro (cf entrevista com Marisa Lajolo) => apresenta o personagem Jeca Tatu, como metáfora do caboclo, “bonito no romance e feio na realidade!” (bem diferente dos Peris e Ubirajaras moral e fisicamente) => Sinônimo de preguiça (“seu grande cuidado é espremer todas as conseqüências da lei do menor esforço”), apatia (“nada o desperta”), falta de iniciativa (“nada põe de pé”), “incapaz de evolução”, “impenetrável ao progresso”

=> responsabiliza o caboclo por seu “modus vivendi” X operosidade do imigrante

=> denúncia ao sistema de voto da “política dos governadores” (o voto é fato mais importante na vida do Jeca, que vota sem saber em quem e depois entrega o “dipeloma” nas mãos do chefe local)

Page 11: Interpretações do Brasil

Interpretações do Brasil

Do Jeca Tatu ao Zé Brasil

Em 1918, no bojo das campanhas sanitaristas, muda de perspectiva:

“A ressurreição” – Jeca passa de parasita a parasitado por verminoses

=> vítima das más condições de saúde (impaludismo, verminoses) do homem rural, conseqüência da falta de políticas públicas do estado

"Jeca Tatu não é assim, ele está assim". => precisa de médico, remédios e educação para sair da letargia

=> vítima das más condições de saúde (impaludismo, verminoses), conseqüência da falta de políticas públicas do estado

Usa o texto em 1924, que denomina Jeca Tatuzinho, como uma cartilha para campanha de saúde pública ( “disseminação de hábitos de higiene)Laboratório Fontoura publica o texto Jeca Tatuzinho, em 1927, no “Almanaque Biotônico Fontoura” e o personagem se torna conhecido por todo o país

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Interpretações do Brasil

Pedido de desculpasPrefácio 4ª edição de Urupês

“Está provado que tens no sangue e nas tripas todo um jardim zoológico da pior espécie (...) és tudo isso sem tirar uma vírgula, mas ainda és a melhor coisa desta terra. Os outros, que falam francês, dançam tango, fumam havanas e, senhores de tudo, te mantêm neste geena infernal para que possam a seu salvo viver vida folgada à custa de teu dolorido trabalho, esses, meu caro Jeca Tatu, esses têm na alma todas as verminoses que tu tens no corpo”.

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Interpretações do Brasil

Nos anos 40, Monteiro Lobato constróium outro Jeca, o Zé Brasil :

Imagem do trabalhador rural explorado pelos grandes latifúndiosJeca agora é vítima não mais do amarelão, da falta de políticas públicas sanitárias, ou do descompasso do campo com o urbano-industrialJeca é vítima das perversões do capitalismoO livro de 22 páginas denuncia o sistema de produção capitalista

Marca a aproximação do escritor com o Partido Comunista

““Coitado desse Jeca! Dizia Zé Brasil olhando para aquelas figuras. Tal qual eu. Tudo o que ele tinha eu também tenho. A mesma opilação, a mesma maleita, a mesma miséria e até o mesmo cachorrinho”

(trecho de Zé Brasil, 1947)

Do Jeca Tatu ao Zé Brasil