interpretação de charges

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INTERPRETAÇÃO DE CHARGES, CARTUNS E QUADRINHOS A charge ou cartum é um desenho de caráter humorístico, geralmente veiculado pela imprensa. Ela também pode ser considerada como texto e, nesse sentido, pode ser lida por qualquer um de nós. Trata-se de um tipo de texto muito importante na mídia atual, graças à capacidade de fazer, de modo sintético, críticas político-sociais. Um público muito amplo se interessa pela charge, tanto pelo uso do humor e da sátira, quanto por exigir do leitor apenas um pequeno conhecimento da situação focalizada, para se reconhecerem as referências e insinuações feitas pelo autor. Charge, segundo o dicionário do Aurélio, é uma “representação pictórica, de caráter caricatural, em que se satiriza um fato específico, em geral de caráter político e que é do conhecimento público”. Geralmente, consta de uma caricatura (desenho que, pelo traço, pela escolha dos detalhes, acentua ou revela certos aspectos caricatos de pessoa ou fato), que pode ser acompanhada de uma legenda. Uma charge, por si só, pode carregar uma mensagem significativa. É a mensagem icônica. Como nas anedotas e piadas, o humorista e o leitor deve compartilhar conhecimentos pragmáticos, vivências culturais. Ou não haverá humor. Como muitas charges são críticas políticas, quem não está a par dos acontecimentos políticos mais recentes, não vai rir, com certeza. Os cartuns estão geralmente relacionados com questões sociais. Qual a diferença entre charge e cartum? Geralmente, considera-se que os dois termos são sinônimos. Mas há diferenças entre eles. O cartum é apenas um desenho humorístico ficcional e atemporal. Isso quer dizer que não estão necessariamente relacionadas nem com alguém existente, nem com uma ocasião especial. Existe sempre a presença do humor universal. Por exemplo: Se um desenho mostra dois personagens sentados numa sala de espera, um ovo e uma galinha. O funcionário pergunta a eles quem chegou primeiro. Trata-se de uma piada atemporal e ficcional, ou seja, ela é compreendida em qualquer ocasião e não se relaciona com um

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Page 1: Interpretação de Charges

INTERPRETAÇÃO DE CHARGES, CARTUNS E QUADRINHOS

A charge ou cartum é um desenho de caráter humorístico, geralmente veiculado pela imprensa. Ela também pode ser considerada como texto e, nesse sentido, pode ser lida por qualquer um de nós. Trata-se de um tipo de texto muito importante na mídia atual, graças à capacidade de fazer, de modo sintético, críticas político-sociais.

Um público muito amplo se interessa pela charge, tanto pelo uso do humor e da sátira, quanto por exigir do leitor apenas um pequeno conhecimento da situação focalizada, para se reconhecerem as referências e insinuações feitas pelo autor.

Charge, segundo o dicionário do Aurélio, é uma “representação pictórica, de caráter caricatural, em que se satiriza um fato específico, em geral de caráter político e que é do conhecimento público”. Geralmente, consta de uma caricatura (desenho que, pelo traço, pela escolha dos detalhes, acentua ou revela certos aspectos caricatos de pessoa ou fato), que pode ser acompanhada de uma legenda.

Uma charge, por si só, pode carregar uma mensagem significativa. É a mensagem icônica. Como nas anedotas e piadas, o humorista e o leitor deve compartilhar conhecimentos pragmáticos, vivências culturais. Ou não haverá humor.

Como muitas charges são críticas políticas, quem não está a par dos acontecimentos políticos mais recentes, não vai rir, com certeza. Os cartuns estão geralmente relacionados com questões sociais.

Qual a diferença entre charge e cartum? Geralmente, considera-se que os dois termos são sinônimos. Mas há diferenças entre eles. O cartum é apenas um desenho humorístico ficcional e atemporal. Isso quer dizer que não estão necessariamente relacionadas nem com alguém existente, nem com uma ocasião especial. Existe sempre a presença do humor universal.

Por exemplo: Se um desenho mostra dois personagens sentados numa sala de espera, um ovo e uma galinha. O funcionário pergunta a eles quem chegou primeiro. Trata-se de uma piada atemporal e ficcional, ou seja, ela é compreendida em qualquer ocasião e não se relaciona com um fato real. Além disso, os personagens não se relacionam com alguém em especial. É, portanto, um cartum.Exemplos de charges e cartuns:

A charge abaixo foi publicada em 22 de Maio de 2011 por Ivan Cabral - Nela o chargista utiliza a linguagem verbal e não verbal para criar uma situação de humor e mostrar as questões políticas presentes.

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O cartum abaixo foi postado em 13 de maio de 2011 sobre a abolição da escravatura cartunista Edra:

O mais importante é relacionar a imagem (desenho) a seus conhecimentos prévios de atualidades !

Há cerca de dez anos, os exames escolares passaram a se utilizar de charges para avaliar a capacidade de interpretação dos alunos. No ENEM 2010, por exemplo, o tema proposto para a prova de redação era “O indivíduo frente à ética nacional”, que vinha, como de costume, acompanhado de uma coletânea composta por dois textos opinativos, publicados na mídia impressa, e a seguinte charge:

De autoria de Millôr Fernandes, a charge discute a honestidade social a partir de uma cena irônica: a lamentação de um indivíduo que, por só poder lidar com gente honesta, encontra-se num deserto. A charge, associada aos textos da coletânea e ao tema anunciado na proposta, compunham um panorama mais amplo do problema incluído na proposta, conduzindo o leitor a alguns questionamentos que poderiam direcionar a elaboração de seu texto:1. Existe alguma pessoa completamente honesta no mundo? O que isso significa?2. O indivíduo que chama os outros de desonestos e antiéticos apresenta realmente um comportamento ético que o diferencie dos demais?3. O fato de acharmos que a maioria age de modo antiético nos daria o direito de assim também o fazer, para não sermos os únicos diferentes?4. A ética que deveria nortear as relações humanas é hoje característica de poucos? Ela se tornou uma exceção? Para compreendê-las, o leitor precisa acionar uma série de conhecimentos prévios que já possui no seu próprio repertório cultural. Vamos examinar cada um dos casos:

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Charge da Folha de S. Paulo

Criada por Glauco, não possui texto verbal. Assim, toda a informação deve ser identificada no desenho. Nele, pode-se ver um avião sendo consertado por um mecânico, um homem careca dentro do aparelho, com expressão aborrecida, e um triângulo usado no trânsito para indicar que o veículo está quebrado (esta já é uma informação prévia do leitor).

Após a identificação desses elementos básicos, entram outros mais específicos que também precisam ser conhecidos pelo leitor: o reconhecimento dos personagens e das situações específicas a que se refere o desenho: o avião tem formato de tucano, uma referência ao símbolo de um partido político, o PSDB; o piloto do avião deve ser associado a José Serra, por ser careca e pertencer ao partido tucano; o avião quebrado é uma referência à dificuldade de Serra para “decolar” (metáfora política para designar avanço nas intenções de voto) no início da campanha para Presidência da República de 2010.ATIVIDADES

Observe os cartuns abaixo e depreenda os temas:

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TIRINHAS E QUADRINHOS

A diferença principal é que as tirinhas são curtas, geralmente têm 3 quadrinhos e usam a ironia para satirizar diversos problemas. Já a história em quadrinhos tem páginas elaboradas com início, meio e fim.

As tirinhas são fontes ricas de leitura, pois contêm histórias, opiniões, situações e discussões sobre o cotidiano, logo os alunos se interessam mais por este gênero textual. Elas estão cada vez mais ganhando espaço, no que antes era algo concentrado apenas em livros infantis e gibis, hoje é encontrando em qualquer jornal, revistas e até em livros didáticos, servindo como mediadores de ensinamento. É muito comum também encontrá-las em concursos.

Observe alguns exemplos abaixo:

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A tira acima, de Laerte, satiriza a violência que nos últimos tempos vem tomando conta do país, e que começa a atingir de modo mais intenso a classe média. Na tira, um homem reclama porque seu carro foi roubado, e logo depois seu filho tem o carrinho de brinquedo furtado por um ladrão. Dessa forma, Laerte demonstra de modo bem-humorado que a violência atinge a todos indiscriminadamente, e que de certa maneira essa violência já é aceita como normal e corriqueira, o que está expresso na fala do garoto lamentando-se pelo fato de não ter seguro do carrinho de brinquedo.

ATIVIDADES

Teste seus conhecimentos sobre o assunto:

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1. (Enem 2012) O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando:A) a ineficiência dos sistema judiciário inglês no território indiano.B) o apoio da população hindu a prisão de Gandhi.C) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa.D) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi.E) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu.

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2. (Enem 2012) Na charge faz-se referência a uma modificação produtiva ocorrida na agricultura. Uma contradição presente no espaço rural brasileiro derivada dessa modifi cação produtiva está presente em:

A) Expansão das terras agricultáveis, com manutenção de desigualdades sociais.B) Modernização técnica do território, com redução do nível de emprego formal.C) Valorização de atividades de subsistência, com redução da produtividade da terra.D) Desenvolvimento de núcleos policultores, com ampliação da concentração fundiária.E) Melhora da qualidade dos produtos, com retração na exportação de produtos primários.

VEJA SE VOCÊ APRENDEU

Analise a charge abaixo e responda:

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a) Que resposta o professor esperava ouvir?b) Como a frase foi interpretada pelo aluno?c) Qual a crítica implícita na resposta do aluno?

TESTES

1. Considere a charge:

I. O advérbio já, indicativo de tempo, atribui à frase o sentido de mudança.II. Entende-se pela frase da charge que a população de idosos atingiu um patamar inédito no país.III. Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos esperando um lugar no banco sugere o aumento de idosos no país.Está correto o que se afirma em

A) I apenas.B) II apenas.C) I e II apenas.

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D) II e III apenas.E) I, II e III.

2. Observe a figura abaixo:

É correto afirmar que a charge visa

A) apoiar a atitude dos alunos e propor a liberação geral da frequência às aulas.B) enaltecer a escola brasileira e homenagear o trabalho docente.C) indicar a deflagração de uma greve e incentivar a adesão a ela.D) recriminar os alunos e declarar apoio à política educacional.E) criticar a situação atual do ensino e denunciar a evasão escolar.

3.

I. A resposta esperada pela menina era “a rua”.II. Na frase de Mafalda, no segundo quadrinho, Miguelito é o sujeito da oração.III. Em português, o sujeito de uma oração pode ser inexistente, como em “Choveram reclamações na empresa por causa do apagão na Internet.”IV. A resposta de Miguelito seria compatível com a pergunta:Ao prefeito cabe que responsabilidade?Pela leitura das afirmações, conclui-se queA)nenhuma delas está correta. D) apenas III e IV estão corretas.B) apenas I e III estão corretas. E) todas elas estão corretas.C) apenas II e III estão corretas.

4.

Page 10: Interpretação de Charges

Trata-se de uma charge publicada por um jornal brasileiro por ocasião da eleição do sul-coreano Ban Ki-Moon, como presidente da ONU, e da realização de um teste nuclear a mando do ditador norte-coreano Kim Jong-il.a) Como a diferença de emprego sintático do verbo vencer modifica o sentido das duas frases?

b) “Reconstrua” as duas frases, de maneira que os sentidos sugeridos pelas imagens fiquem, também, explícitos no texto escrito.

5.

O que motivou o apito do juiz foi

a) a necessidade de empregar a ênclise para seguir a norma-padrão.b) o uso de um objeto direto no lugar de um objeto indireto.c) a opção pelo pronome pessoal oblíquo “o” em vez de “a”.d) a obrigatoriedade da mesóclise nessa construção linguística.e) a transgressão às regras de concordância nominal relacionadas ao pronome.

6.

Page 11: Interpretação de Charges

Para criticar a possível aprovação de um novo imposto pelos deputados, o cartunista adotou como estratégias

a) polissemia das palavras e onomatopeia.b) traços caricaturais e eufemismo.c) paradoxo e repetição de palavras.d) metonímia e círculo vicioso.e) preterição e prosopopeia.

7.

Analise as afirmações.I. O efeito de humor da charge advém da ideia de engano na ligação, decorrente das diferentes formas para enunciar o mesmo nome.II. Em determinados contextos comunicativos, Wilson e Wirso podem ser usados como formas equivalentes, dependendo da variante linguística de que se vale o falante em sua enunciação.III. A frase — NÃO. É O WILSON. — manteria o sentido com a omissão do ponto após o advérbio não.Está correto o que se afi rma emA) I, apenas.B) III, apenas.C) I e II, apenas.

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D) II e III, apenas.E) I, II e III.

8. Na edição 2177, de 11/08/2010, a revista Veja publicou a reportagem Falar e escrever bem: rumo à vitória,com dicas para não “tropeçar” no idioma durante uma entrevista de emprego.

Identifique a alternativa que apresenta uma explicação INADEQUADA para a correção feita.

a) Houve algumas dificuldades: o verbo “haver”, no sentido de “existir” é impessoal e não admite flexão.b) O chefe bloqueou meu último pagamento: deve-se empregar um sinônimo, pois o verbo “reter” é defectivo.c) Seguem anexos dois trabalhos: é preciso estar atento à concordância verbal e nominal.d) Já faz cinco anos: quando indica tempo decorrido, o verbo “fazer” deve permanecer no singular.e) Se eu dispuser de uma boa equipe: o verbo “dispor” deve seguir a conjugação do verbo “pôr”.

9.

a) Nessa tira de Laerte a graça é produzida por um deslizamento de sentido. Qual é ele?

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b) Descreva esse deslizamento quadro a quadro, mostrando a relação das imagens com o que é dito.

10. Leia a charge.

No contexto apresentado, o personagem expressa-se informalmente. Se sua frase fosse proferida em norma padrão da língua, assumiria a seguinte redação:A) Fazemos o seguinte: a gente ressuscita o Bin Laden e lhe matamos de novo.B) A gente faz o seguinte: ressuscita o Bin Laden e lhe mata de novo.C) Nós faremos o seguinte: ressuscitamos o Bin Laden e matamos ele de novo.D) Façamos o seguinte: a gente ressuscitamos o Bin Laden e matamos de novo.E) Façamos o seguinte: nós ressuscitamos o Bin Laden e o matamos de novo.