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IV Simpósio Brasileiro de Geomática – SBG2017
II Jornadas Lusófonas - Ciências e Tecnologias de Informação Geográfica - CTIG2017
Presidente Prudente - SP, 24-26 de julho de 2017
p. 496-502
L. C. Ribeiro; G. N. Guimarães ISSN 1981-6251
INTERPOLAÇÃO DE DADOS GRAVIMÉTRICOS VISANDO A
OBTENÇÃO DE ALTITUDES COM SIGNIFICADO FÍSICO
LETICIA CRISTINA RIBEIRO¹
GABRIEL DO NASCIMENTO GUIMARÃES²
Universidade Estadual Paulista - Unesp
Faculdade de Ciências e Tecnologia - FCT1Programa de Pós-Graduação em Ciências Cartográficas, Presidente Prudente - SP
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Engenharia de Agrimensura e Cartográfica2Instituto de Geografia, Monte Carmelo - MG
RESUMO – A gravimetria é uma técnica de grande utilidade na geodésia, uma vez que ela permite o
conhecimento do campo de gravidade terrestre, por meio do valor da aceleração de gravidade, o qual trata-
se de um dos três pilares da geodésia moderna. A gravimetria terrestre pode ser medida de forma relativa e
absoluta. A medida gravimétrica é realizada sobre a superfície terrestre e não sobre o geoide, necessitando,
portanto, do cálculo das correções das anomalias de gravidade, que realizam a regularização das massas
existentes entre o geoide e superfície física. O conhecimento das anomalias de gravidade juntamente com
o número do geopotencial possibilita o cálculo de altitudes científicas, que por sua vez são altitudes que
possuem significado físico, uma vez que são vinculadas ao campo de gravidade. Neste trabalho, foram
processados dados gravimétricos advindos de levantamentos gravimétricos e calculadas as anomalias de
gravidade de 7 campanhas gravimétricas. Foi realizada também a interpolação gravimétrica para 33
estações RRNN e, com isso calculada uma altitude de caráter científico. Assim comparou-se os resultados
com os valores aproximados de altitude normal-ortométrica disponível no IBGE verificando se o método
usado foi satisfatório, onde os resultados apontaram consistências entre os valores obtidos e calculados.
Palavras chave: Gravimetria, Anomalias de gravidade, Interpolação, Altitude científica.
ABSTRACT - Gravimetry is a technique of great utility in geodesy, since it allows the knowledge of the
terrestrial gravity field, through the value of gravity acceleration, which is one of the three objects of study
of the geodesy. Terrestrial gravimetry can be measured relatively and absolutely. The gravimetric
measurement is carry out on a terrestrial surface and not on the geoidal surface, which, therefore, the
calculation of the corrections of gravity anomalies, which makes a regularization of the masses existing
between the geoid and terrestrial surface. The knowledge of gravity anomalies and the geopotential number
make it possible to calculate scientific heights, which in turn are heights that have physical meaning, since
they are linked to the field of gravity. In this work, gravity data derived from gravimetric surveys and
calculated as gravity anomalies of 7 gravity campaigns were processed. A gravimetric interpolation was
also performed for 33 benchmark stations, with a calculated scientific heights. Thus, we compare the results
with the approximate values available normal-orthometric height in the IBGE, verifying if the method used
is satisfactory, where the results are consistent between the values obtained and calculated.
Key words: Gravimetry, Gravity anomalies, Interpolation, Scientific height.
1 INTRODUÇÃO
O conhecimento do campo de gravidade é de
fundamental importância para a determinação da dimensão
e da forma da Terra, assim como fornece subsídios para
investigações acerca de seu comportamento dinâmico
(SANTOS; ESCOBAR, 2000). Uma maneira de
determinar o campo de gravidade é através de medidas de
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aceleração de gravidade na superfície terrestre; essas
medidas são realizadas através de gravímetros.
A gravimetria é a técnica que possibilita a obtenção
do valor da variação de aceleração da gravidade e pode ser
obtida de forma relativa ou absoluta. Na relativa obtém-se
a diferença da gravidade entre duas estações, já na absoluta
o valor da aceleração da gravidade é adquirido em uma
estação, não necessitando do conhecimento prévio em um
outro ponto de aceleração conhecido.
A densificação de uma rede gravimétrica é feita por
meio de medidas relativas, devido à maior facilidade de
transporte destes gravímetros quando comparado às
medidas absolutas, pelo baixo custo, pelas condições
incontroláveis da atmosfera, uma vez que as medições de
gravímetros absolutos são realizadas sob condições
controladas de temperatura e umidade, entre outras.
As determinações relativas são realizadas por meio
dos gravímetros de mola. Estes, baseiam-se numa massa
que é mantida suspensa por meio de um sistema elástico e
que é atraída mais ou menos conforme a força da gravidade
do local, sendo que uma posição de equilíbrio é
reestabelecida através de um parafuso de compensação. O
deslocamento necessário para atingir essa posição de
equilíbrio é posteriormente transformado em valores de
aceleração de gravidade (BLITZKOW, 2004).
O valor da aceleração de gravidade (g) pode variar
desde 978 mGal no equador até 983 mGal nos polos
(VANÍČEK; KRAKIWSKY, 1986). Em Geodésia, a
unidade empregada para representar g é o Gal, em
homenagem a Galileu Galilei.
Com o campo de gravidade modulado, por meio
destes levantamentos gravimétricos, é possível calcular o
modelo geoidal, obtendo a ondulação geoidal.
Para calcular um modelo geoidal é necessário o
conhecimento das anomalias de gravidade. Isto porque não
é possível medir o valor de aceleração da gravidade no
geoide e sim na superfície física da Terra. Dessa forma, as
anomalias de gravidade têm sido importantes no cálculo do
modelo de ondulação geoidal e na determinação de altitude
físicas.
O cálculo do modelo geoidal é importante pois
quando combinada a ondulação geoidal com medidas
advindas de receptores GNSS (Global Navigation Satellite
System) torna-se possível obter uma altitude com
significado físico.
O conhecimento das altitudes físicas é importante
para obras de engenharia, principalmente as obras que
envolvem água, uma vez que a água respeita o sentido
físico e não o sentido geométrico. Estas altitudes são
calculadas por meio da junção do número do geopotencial
com a aceleração da gravidade. Assim, com uma rede
gravimétrica homogênea (medidas gravimétricas com
distância de 5 a 8 km entre si), é possível realizar a
interpolação dos dados gravimétricos para pontos que estão
entre estas medidas. Possibilitando, portanto, a atribuição
do valor de aceleração da gravidade e assim realizar o
cálculo da altitude física em pontos de interesses.
Este trabalho tem como objetivo o processamento
de dados gravimétricos, bem como o cálculo das anomalias
de gravidade, visando a interpolação dos valores da
aceleração de gravidade em 33 estações RRNN
(Referências de Nível), na região do Triângulo Mineiro e
Alto Paranaíba, no estado de Minas Gerais, para a
determinação da altitude normal.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Gravimetria
A gravidade envolve as massas e o efeito rotacional
da Terra. O campo de gravidade varia em função da
densidade no interior da Terra, da interação da Terra em
função do Sol e da Lua e também da altitude e posição
geográfica (AMARANTES, 2012; SÁ, 2004).
A gravimetria consiste em determinar o valor da
aceleração de gravidade por meio de medições realizadas
sobre ou próximas à superfície terrestre. Os valores da
aceleração de gravidade são obtidos por medições
conduzida por gravímetros. Os gravímetros absolutos,
fornecem o valor da aceleração de gravidade para cada
ponto isoladamente, possui uma maior precisão, porém é
de difícil manuseio, geralmente eles são utilizados na
marcação de referências gravimétricas. Dessa forma, as
medições utilizando gravímetros relativos partem das
medições absolutas, possibilitando assim, expandir a rede
gravimétrica. Já a obtenção dos dados gravimétricos,
quando realizado com gravímetro relativo, é mais rápida e
fácil. Seu funcionamento é baseado na medição da variação
de uma massa teste, encontrada dentro do gravímetro, por
meio da relação de equilíbrio da força de gravidade e outra
força presente nestes gravímetros, conhecidas como força
forçaeanalógicosgravímetrosnosmecânica
eletromagnética nos gravímetros digitais. Nos gravímetros
relativos, as medições ocorrem em circuitos; estes são
compostos por estações de referência, nas quais o valor da
gravidade é conhecido e também por estações
complementares, que são instaladas nos pontos em que se
deseja obter o valor da aceleração.
2.2 Anomalias de gravidade
O cálculo de altitudes científicas, requer o
conhecimento de anomalias de gravidade. A anomalia
gravimétrica é obtida por meio da gravidade teórica no
ponto correspondente a normal da Terra, da medida de
gravidade na superfície física e da correção das anomalias
de gravidade (equação 1) (SÁ, 2004).
Δg = gobs + Cg – γ ( 1)
onde, g é a gravidade medida na superfície física
(gravidade observada), Cg é a correção para redução da
gravidade para o geoide, e γ é a gravidade teórica ou
normal. As correções gravimétricas mais utilizadas são:
anomalia ar livre, Bouguer e Helmert.
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A anomalia ar livre despreza as massas topográficas
externas à superfície geoidal considerando o aumento da
aceleração de gravidade sobre o geoide relativamente à
superfície física em função da altitude; em outras palavras,
corrige apenas a elevação do ponto de observação.
A anomalia de Bouguer remove as massas entre o
ponto onde foi realizada a medição e o geoide, reduzindo
assim a estação ao geoide.
Já a anomalia de Helmert envolve a anomalia ar
livre e a topografia (correção de terreno), ela considera que
as massas são condensadas sobre o geoide. Remove
irregularidades externas a ele, nela a massa total da Terra
não é modificada, mas o campo de gravidade externo é
alterado (LOBIANCO, 2005; SÁ, 2004).
2.3 Altitudes Físicas
As técnicas GNSS tem se destacado como grandes
colaboradores na determinação de valores de altitude, pois
com a utilização de satélites para a obtenção da posição no
espaço, a altitude passou a ser obtida de forma mais
simples e rápida.
Quando se utiliza desta técnica, a altitude obtida é
uma grandeza referenciada à um elipsoide, ou seja, possui
carácter geométrico. Da mesma forma são as altitudes
niveladas, que são obtidas por meio de técnicas terrestres
com o auxílio de níveis.
Em trabalhos que envolvem água, estas altitudes
não são recomendadas considerando o fato de que a água
obedece ao campo de gravidade, necessitando, portanto, da
utilização de altitudes que estejam vinculadas ao campo de
gravidade. Estas, são chamadas de altitudes físicas.
Estas altitudes realizam o controle e o
monitoramento da altitude no tempo (BLITZKOW et al.
2004) que pode variar em estruturas que sofrem
deslocamentos ou deformações e ainda em função dos
movimentos da crosta terrestre, isto se dá devido ao fato de
que a superfície de referência é estável, ou seja, não sofre
variação no tempo ou então controla a variação.
Elas são obtidas por meio da divisão do número do
geopotencial (m²/s²) pela aceleração da gravidade no ponto
considerado (m/s²), expresso na equação 2.
msm
sm
g
CH C
2
22
(2)
onde C é o número do geopotencial, g é a aceleração de
gravidade.
O número do geopotencial corresponde à diferença
de potencial entre uma superfície equipotencial e uma
superfície equipotencial de referência ao longo da vertical.
Dessa forma parece simples, porém há a dificuldade de não
se conhecer o valor da aceleração de gravidade no interior
da crosta terrestre, função da inexistência de um modelo de
distribuição de massas na crosta.
As altitudes físicas se dividem em altitude
ortométrica, altitude normal e altitude dinâmica. A altitude
dinâmica tem carácter puramente físico, o que torna seu
uso pouco recomendável. Ela é calculada dividindo o
número do geopotencial por um valor constante de
gravidade normal (γ0) (expressão 3), que é equacionado em
latitude padrão de 45º. Percebe-se que se a região for muito
extensa, a altitude apresentará distorções acentuadas,
devido ao fato da influência de densidade da crosta
terrestre não ser aplicada (FREITAS; BLITZKOW, 1999).
0
CH D (3)
Altitudes ortométricas se caracterizam como a
distância, ao longo da vertical, entre a superfície geoidal e
a superfície terrestre (4). Possui carácter puramente teórico
e existe uma dificuldade em ser obtida devido a
impossibilidade de se conhecer o valor da aceleração no
interior da crosta terrestre, salvo se conhecer a densidade e
a distribuição do material que compõe a litosfera
(SEVERO, 2013).
g
CHO (4)
Uma forma simples de determinação da altitude
ortométrica, utiliza a redução gravimétrica simplificada de
Poincaré-Prey e é conhecida como Altitude ortométrica de
Helmert. Tal redução, aplica uma série de simplificações
com respeito às massas externas ao geoide, como a
negligência da correção do terreno e variações de
densidade nas massas topográficas. A aproximação é dada
pela seguinte expressão (HEISKANEN e MORITZ, 1967).
PP Hgg 0424,0 (5)
Onde gp é o valor da gravidade observada no ponto P sobre
a superfície terrestre e Hp (km) é a altitude ortométrica
de P.
A definição da altitude normal (6) é feita de forma
similar à altitude ortométrica. A diferença é que o campo
de gravidade é normal (U0), enquanto na altitude
ortométrica é real (W0). O g é substituído pelo valor médio
da gravidade normal medida ao longo da linha normal entre
o teluroide, esse que por sua vez não é uma superfície
equipotencial, e o elipsoide de referência.
CH N (6)
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3 METODOLOGIA
3.1 Processamento dos dados gravimétricos
Os dados das estações gravimétricas foram cedidos
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Estes são advindos de campanhas gravimétricas realizadas
nas regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. O
processamento foi realizado por meio do software livre
GravSur (AMARANTES, 2012). Para tanto, foi necessário
o conhecimento do valor da aceleração de gravidade da
estação de referência de cada campanha, bem como as
coordenadas (φ, λ e h). Com isso processou-se os dados
gravimétricos advindos de 7 campanhas gravimétricas e foi
realizado o cálculo das anomalias de gravidade para os
pontos destas campanhas.
3.2 Interpolação gravimétrica
Os valores da aceleração de gravidade, processados
na etapa anterior, foram usados na interpolação
gravimétrica para as 33 estações RRNN disponíveis na
região (Figura 1). As informações (identificação, φ, λ e H)
das RRNN foram obtidas na página do IBGE.
Figura 1 – Localização das estações RRNN
Esta interpolação foi feita por meio do software
PREDGRAV (DREWES, 2015). Este, interpola valores de
gravidade a partir do método dos mínimos quadrados. Para
tanto, o programa seleciona as 50 estações mais próxima
do ponto a ser interpolado. A rotina transforma os valores
de gravidade em anomalias de Bouguer que são utilizadas
para interpolar as 33 estações. Os valores interpolados são
transformados novamente para valores de aceleração de
gravidade. Uma vez conhecidos os valores da aceleração
de gravidade (pontos vermelhos), foi possível interpolar
para as RRNN (triângulos amarelos) que não possuem os
valores da aceleração atribuídas a elas.
Figura 2 – Processo para a interpolação dos dados
gravimétricos
Neste software foi inserido o arquivo contendo os
valores de aceleração da gravidade dos pontos e o arquivo
que continha informação de latitude, longitude e altitude
das estações para quais foram realizadas as interpolações.
Ao final foi gerado um arquivo .ASC contendo os valores
das acelerações de gravidade.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao todo foram processados dados gravimétricos
derivados de 7 campanhas gravimétricas, localizadas na
mesorregião do Triângulo Mineiro/ Alto Paranaíba. A
Figura 3 ilustra, como exemplo, a campanha realizada na
região do município de Campina Verde.
Figura 3 – Localização dos pontos da campanha de
Campina Verde
A Figura 4 apresenta o arranjo do circuito da
campanha de Campina Verde disponibilizado pelo
software GravSur. Nesta campanha, em particular, foi
utilizada apenas uma estação de referência, de onde se
partiu para determinar as demais.
Figura 4 – Circuito gravimétrico da campanha de Campina
Verde
Uma vez processados os dados gravimétricos, a
próxima etapa foi a análise dos dados para verificar a
existência de possíveis diferenças nas medidas. As
informações obtidas foram validadas utilizando o
programa computacional DIVA, desenvolvido por Michel
Sarrailh no Bureau Gravimétrique International (BGI).
Este programa valida o dado gravimétrico terrestre
identificado pelas coordenadas geodésicas.
Ele se baseia no comportamento da componente z,
nos diferentes pontos ou estações, usando as observações
da vizinhança desse ponto e o método da colocação por
mínimos quadrados. Obteve-se mapas da anomalia em z (ar
livre ou Bouguer) que foram gerados a partir da
triangulação dos pontos (x, y). Os mapas (Figuras 5 e 6)
gerados foram apresentados em formas de cores, sendo que
cada uma das cores representa uma faixa de valores da
anomalia de gravidade. As observações terrestres que
apresentaram resultados duvidosos na análise foram
verificadas em arquivos originais obtidos em campo,
averiguando assim, se não houve erro de digitalização das
leituras gravimétricas, coordenadas, altitudes ou até
mesmo erro de observação.
Ressalta-se que para as 7 campanhas processadas
não foi verificada nenhuma inconsistência em relação aos
valores de aceleração da gravidade.
Figura 5 – Anomalia Ar livre - campanha de Campina Verde
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Figura 6 – Anomalia Bouguer - campanha de Campina Verde
Após a verificação dos dados processados, foi
utilizado o programa PREDGRAV para a interpolação dos
valores da aceleração da gravidade nas 33 RRNN. Foram
utilizadas cerca de 5089 estações no processo de
interpolação. A Tabela 1 apresenta os valores de gravidade
para cada uma das estações.
Tabela 1 – Estações e valores interpolados da gravidade
Estação Latitude Longitude Gravidade
(mGal)
146Q-96056 -18,589 -46,517 978.279,6
658A-91834 -20,049 -47,406 978.407,0
163L-96057 -19,400 -47,321 978.269,7
981F-91791 -20,302 -49,197 978.499,1
990P-91692 -20,320 -47,088 978.391,6
990V-91691 -20,357 -47,036 978.413,4
992M-91677 -20,284 -47,064 978.405,7
992S-91674 -20,286 -47,064 978.405,8
992T-91673 -20,286 -47,067 978.412,7
992U-91672 -20,287 -47,066 978.413,3
992Z-91675 -20,286 -47,067 978.412,3
993U-91670 -20,288 -47,067 978.401,8
034J-91784 -20,032 -47,434 978.408,6
036F-91788 -20,119 -48,573 978.481,8
036G-91789 -20,125 -48,572 978.482,2
036X-91790 -20,294 -49,194 978.498,9
038R-91786 -20,025 -48,215 978.435,1
038T-91787 -20,036 -48,223 978.437,2
261F-92711 -18,424 -49,119 978.324,5
261H-92712 -18,407 -49,097 978.323,4
261L-92713 -18,388 -49,069 978.322,4
502D-91031 -19,762 -48,102 978.352,0
M03VGR -19,983 -47,767 978.429,6
B-RN2382A -19,999 -48,198 978.425,7
B-NIV11 -18,657 -48,184 978.261,9
B-NIV12 -18,654 -48,195 978.265,6
BASTO -19,312 -49,663 978.415,5
CHAVE -19,047 -50,485 978.434,6
COMEN -19,692 -49,084 978.454,5
ITUIT -18,966 -49,491 978.405,6
S_FCO -19,807 -49,894 978.463,8
STJLI -19,309 -47,537 978.288,6
UBERL -18,905 -48,285 978.298,2
A partir dos valores de gravidade das 33 estações
RRNN, foram calculados o número do geopotencial para
cada uma delas. Após isso, foi calculada a altitude de
Helmert. A Tabela 2 apresenta a comparação entre as
altitudes das estações RRNN, calculada pelo IBGE e a
altitude de Helmert, calculada neste trabalho.
Tabela 2 – Comparação entre a altitude do IBGE (normal-
ortométrica) e a altitude calculada (Helmert)
Estação Altitude Diferença
(m) IBGE (m) Calculada (m)
146Q-96056 834,020 833,970 0,050
658A-91834 580,885 580,885 0,000
163L-96057 1.096,250 1096,248 0,002
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L. C. Ribeiro; G. N. Guimarães ISSN 1981-6251
981F-91791 450,839 450,791 0,048
990P-91692 742,818 742,776 0,042
990V-91691 722,711 722,677 0,034
992M-91677 669,281 669,281 0,000
992S-91674 669,316 669,281 0,035
992T-91673 631,641 631,583 0,058
992U-91672 631,217 631,183 0,034
992Z-91675 632,307 632,283 0,024
993U-91670 686,299 686,280 0,019
034J-91784 573,567 573,586 0,019
036F-91788 473,593 473,590 0,003
036G-91789 469,954 469,990 0,036
036X-91790 457,174 457,191 0,017
038R-91786 499,734 499,689 0,045
038T-91787 497,504 497,489 0,015
261F-92711 523,211 523,188 0,023
261H-92712 523,424 523,388 0,036
261L-92713 523,343 523,288 0,055
502D-91031 763,407 763,375 0,032
M03VGR 503,571 503,589 0,018
B-RN2382A 535,644 535,588 0,056
B-NIV11 943,522 943,461 0,061
B-NIV12 922,614 922,563 0,051
BASTO 684,899 684,880 0,019
CHAVE 411,648 411,593 0,055
COMEN 560,073 560,086 0,013
ITUIT 561,441 561,386 0,055
S_FCO 483,857 483,890 0,033
STJLI 958,385 958,360 0,025
UBERL 829,858 829,870 0,012
Verifica-se na Tabela 2 que o desvio padrão das 33
estações RRNN foi de 0,018 m, enquanto que a média de
0,031 m. A maior diferença foi de 0,061 m e 22 % das
estações tiveram diferença superior acima de 0,050 m.
Além disso, 33 % das estações tiveram diferença abaixo de
0,020 m.
5 CONCLUSÕES
A interpolação de dados gravimétricos é uma forma
para se obter o valor da aceleração de gravidade em
referências de nível onde não há essa informação. Embora
a interpolação seja realizada a partir da anomalia de
Bouguer e não do valor da aceleração é necessária uma
análise criteriosa da ferramenta a ser utilizada. Os valores
de g utilizados para interpolarem a estação desejada
influenciam em função da distância do ponto a ser
interpolado, altitude, latitude e ainda, principalmente, da
variação de densidade no interior da crosta terrestre, seja
do ponto a ser interpolado, seja da estação utilizada para
interpolar.
A redução de Poincaré-Prey é uma maneira de se
determinar a altitude ortométrica sem tanta rigorosidade.
Os resultados apontaram que das 33 estações RRNN 7
apresentaram diferença superior a 0,050 m, enquanto que
11 apresentaram diferença abaixo de 0,020 m. Para
determinados tipos de trabalhos na engenharia, a altitude
ortométrica de Helmert pode ser empregada, pois não trará
consequências.
REFERÊNCIAS
AMARANTES, R. R. Sistematização do processamento
de dados gravimétricos aplicados à determinação do
modelo geoidal. 2012. 152 f. Tese de Doutorado.
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