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Inserção Internacional do Agronegócio Brasileiro (2ª Parte) Prof. MSc Ricardo Cotta Ferreira

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Page 1: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Inserção Internacional do Agronegócio Brasileiro

(2ª Parte)

Prof. MSc Ricardo Cotta Ferreira

Page 2: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Programa

1) Formação do atual Sistema Multilateral de Comércio e o Acordo Agrícola da Rodada Uruguai

2) Evolução do comércio agrícola mundial e protecionismo agrícola

3) A Agenda Multilateral de Reforma do Comércio Agrícola – Rodada Doha

4) Os pilares da negociação em agricultura na Rodada Doha: Acesso a Mercados, Apoio Doméstico e Subsídios às Exportações. As Medidas Sanitárias e Fitossanitárias

5) Perspectivas para as negociações regionais: ALCA, Mercosul – União Européia e outros acordos comerciais

6) Inserção Internacional do agronegócio brasileiro: análise da pauta comercial

Page 3: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Formação do atual Sistema Multilateral

de Comércio (SMC)

Acordo Agrícola da Rodada Uruguai

Parte 1

Page 4: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Teoria das Vantagens Comparativas

David Ricardo (1772-1823): “ É tão importante para o bem da humanidade que nossas satisfações sejam aumentadas pela melhor distribuição do trabalho, produzindo cada país aquelas mercadorias que, por suas vantagens naturais ou artificiais, encontra-se adaptado, trocando-as por mercadorias de outros países (importação) quando forem mais baratas, aumentando nossa satisfação com a elevação da taxa de lucros ”.

Atualmente, vantagem comparativa não quer dizer competitividade, pois o Comércio Exterior depende de possibilidade de Acesso a Mercados.

Page 5: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Sistema Multilateral de Comércio e OMC

• A reestruturação econômica do pós II Guerra propunha a criação do FMI, do BIRD e da OMC.

• Não sendo possível a criação da OMC àquela época, fundou-se o GATT (1947). Este era um acordo e não organismo - propunha reorganizar normas do comércio mundial.

• No âmbito do GATT, houveram as Revisões do acordo denominadas de Rodadas.

• Ocorreram 8 rodadas: as 7 primeiras basicamente sobre negociações tarifárias industriais.

Page 6: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Sistema Multilateral de Comércio e OMC

• Fim do GATT com a Rodada Uruguai e criação da OMC que conta atualmente com 150 países membros.

Anos Rodadas GATT Países participantes1947 - Genebra 23 países1949 - Annecy 13 países1951 - Torquay 38 países1956 - Genebra 26 países1960-61 - Dillon 26 países1964-67 - Kennedy 62 países1973-79 - Rodada Tóquio 102 países1986-94 - Rodada Uruguai 123 países

• Rodadas:

Page 7: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Resultados obtidos na Rodada Uruguai

País desenvolvido

País em desenvolvimento

Corte no Valor 36% 24%

Corte no Volume 21% 14%

Implementação6 anos

(1995-2000)10 anos

(1995-2004)

País desenvolvido

País em desenvolvimento

Corte Médio 36% 24%

Corte Mínimo 15% 10%

Implementação6 anos

(1995-2000)10 anos

(1995-2004)

Cinco conceitos centrais:1. Tarificação2. Consolidação Tarifária3. Redução Tarifária4. Garantia de Acesso Mínimo5. Salvaguardas Especiais

Acesso a Mercados

Apoio DomésticoPeríodos Base

Subsídios às exportações: 1986-1990

Acesso a Mercados: 1986-1988

Apoio Doméstico: 1986-1988

Page 8: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

OMC• Sede: Genebra (Suíça).• Criada pelo Tratado de Marrakech que finalizou a Rodada Uruguai

do GATT (1986-94).• Secretariado Staff: aproximadamente 600 pessoas.• Diretor Geral atual: Pascal Lamy.• Membros atuais: 151 e 31 observadores.• Funções:

- Administrar os acordos de comércio.

- Fórum de negociações comerciais.

- Trata de resolver as diferenças comerciais.

- Supervisiona as políticas comerciais nacionais.

- Assistência técnica e cursos de formação.

- Cooperação com outras organizações internacionais.

Page 9: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

600

fun

cio

nár

ios

de

ap

oio

Comitês e grupos de trabalhos especializados

Conferência Ministerial

Conselho Geral

Diretor-Geral

Conselho de com. de bensConselho de com. de serviçosConselho TRIPS

OMC - Estrutura

Page 10: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

• Conferências Ministeriais:

- I Singapura 1996- II Genebra 1998- III Seattle 2000- IV Doha 2001- V Cancun 2003- VI Hong Kong 2005- VII 2008?

OMC

Page 11: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

• Acordos são selados normalmente por consenso.• Existem na OMC mais de 60 acordos compreendendo 30 mil páginas.• Sistema de comércio não discriminatório que estabelece direitos e

obrigações.• GATT: constitui agora o principal compêndio de normas para comércio de

mercadorias da OMC.• GATS: Acordo Geral sobre comércio de serviços (bancos, companhia de

seguros, transportes, turismo, telecomunicações, etc.).• TRIPS: Acordo sobre propriedade intelectual, normas que regem o

comércio e investimento na esfera de idéias e da criatividade (direitos autorais, marca, nomes geográficos).

OMC - Estrutura

Page 12: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

OMC

• Órgão de Solução de Controvérsias: garantir o cumprimento de normas a fim de assegurar o comércio.

- 1o passo: tentar solucionar conflito via consultas bilaterais.

- 2o passo: estabelecer o painel pelo DSB (corpo de solução)

- Composição dos árbitros e exame do painel.

- Relatório enviado para as partes envolvidas a fim de se obter maiores informações.

- Relatório publicado pelo DSB, podendo ser apelado.

- Relatório publicado com as mudanças feitas pela apelação.

- Implementação pela parte perdedora.

- No caso da não implementação, as partes devem negociar compensações.

- No caso de não acordo nas compensações, o DSB autoriza retaliações.

• Todo o tramite pode durar mais de dois anos.• Caso do algodão (Brasil x EUA) e açúcar (Brasil x UE)

Page 13: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

O Acordo Agrícola (AoA)

- 21 artigos, 5 anexos em 3 pilares básicos:

i) Acesso a Mercados - restrições ao comércio que

confrontam importações (cotas, impostos de imp., etc.);

ii) Medidas de Apoio Interno - subsídios e outros programas

de apoio, incluindo aqueles que aumentam ou sustentam

preços ou renda agrícola;

iii) Competitividade às exportações – métodos utilizados

para deixar exportações artificialmente competitivas.

Page 14: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Acesso a Mercados Tarifas ad valorem: imposto % sobre o valor do produto importado; Tarifas específicas: imposto fixo aplicado sobre a quantidade

importada; Tarifas compostas: ad valorem + específica; Tarifas equivalente (tariffication): efetiva em set. 1986 ou

consolidação (ceiling bindings) para países em desenvolvimento; Acesso mínimo de 5% ou acesso corrente; Quotas tarifárias (TRQs): in quota e extra quota; Salvaguardas especiais: volume aumenta ou preço cai; Picos tarifários; Escalada tarifária; Preços de entrada;

Page 15: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Estruturas Tarifárias

Page 16: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Estruturas Tarifárias

Page 17: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Apoio Doméstico

Âmbar - Montante definido pelo cálculo da

Medida de Apoio Global (AMS - Aggregate

Measure of Support) que é a diferença entre os

preços mínimos estipulados pelo governo e os

preços internacionais multiplicado pela

quantidade produzida. Caso este valor fique em

até 5% do valor da produção, este estará livre

de reduções (de minimis).

Verde - Programas que não distorcem ou

distorcem minimamento o comércio como

desenvolvimento rural (pesquisa, meio

ambiente, controle de pragas,

inspeção,educação, etc.).

CAIXA ÂMBAR

medidas que distorcem o comércio

(sujeito a compromissos de redução)

CAIXA ÂMBAR

medidas que distorcem o comércio

(sujeito a compromissos de redução)

CAIXA VERDE

não distorcem o comércio

(não sujeito a compromissos de redução)

CAIXA VERDE

não distorcem o comércio

(não sujeito a compromissos de redução)

CAIXA AZUL

pagamentos diretos com limite de produção

(não sujeito a compromissos de redução)

CAIXA AZUL

pagamentos diretos com limite de produção

(não sujeito a compromissos de redução)

Page 18: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Apoio Doméstico na OCDE

• Subsídio Equivalente ao Produtor (PSE)* totalizou US$ 267 bilhões em 2006.• UE = US$ 156,4 bi. / Japão = US$ 48,9 bi. / EUA = US$ 96,8 bi.• Este apoio representa mais de 27% da renda do produtor nos países da OCDE.• Políticas de sustentação de preços representa 60% do apoio total. • 2/3 são refletidos nos preços pagos pelos consumidores. • 1/3 coberto pelo tesouro destes países.

*PSE é um índice calculado pela OCDE e mede a transferência de renda para os produtores rurais (subsídios diretos), bem como o nível de proteção advindo de política de preços e restrições às importações (subsídios indiretos).

Fonte: OECD – Agricultural Policies in Developing Countries – Monitoring and Evaluation 2007.

Page 19: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

7,7%5,7%5,2%

53,3%

32,5%

27,4%22,7%

11,1%17,4%

5,5%0,8%

0

10

20

30

40

50

60

70

NovaZelândia

Austrália Rússia*** Brasil** China*** E.U.A. México Canadá OCDE U.E.25 Japão

2003-2005

2006

Subsídio Equivalente ao Produtor (PSE)

% sobre Receita Bruta Agrícola

Fonte: OECD – Agricultural Policies in Developing Countries – Monitoring and Evaluation 2007.

Page 20: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000

Leite

Carne Bovina

Arroz

Carne Suína

Carne de Frango

Açúcar

Milho

Carne Ovina

Trigo

Outros cereais

Ovos

Oleaginosas

Subsídio Equivalente por Produto

Média 1998-2001. Fonte: OCDE.

em US$ milhões

Page 21: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Nível de subsídios doméstico nos EUA

* Preços nominais na porteira dos EUA para algodão, arroz, centeio, cevada, milho, soja, sorgo e trigo. Preços foram ponderados de acordo com a parcela de cada produto no valor total da produção (média 1994-2004).(e) Estimativa.Fonte: USDA-CCC. Elaboração: ICONE.

Page 22: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Competitividade às Exportações

Medida extremamente distorciva ao comércio:

- Reduz artificialmente os preços internacionais.

- Desloca a participação em terceiros mercados de países que

exportam sem utilizar esta prática.

- Prática já proibida para bens industriais.

Outras medidas de efeito equivalente:

- Créditos (financiamento) às exportações;- Garantias de créditos;

- Ajuda alimentar.

Page 23: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Subsídios às Exportações da UE

Page 24: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Evolução do Comércio Agrícola Mundial

Proteção Agrícola

Parte 2

Page 25: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Tendências atuaisDemanda:

• Países em desenvolvimento: consumo crescente devido ao aumento da população e ao aumento da renda per capita, urbanização e mudanças de hábitos alimentares com maior consumo de proteína animal.

• Países desenvolvidos: maiores preocupações quanto à nutrição, alimentos saudáveis, orgânicos, sustentabilidade da produção, alimentos gourmet, etc.

Oferta:• Intensificação da produção (oferta de uso de terras e águas), novas

tecnologias (OGMs), sustentabilidade, sanidade, mudanças climáticas.

• Competição entre os “4 Fs”: Fuel x Food x Feed x Fiber

Page 26: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Evolução do Comércio Agrícola Mundial

US$ bilhões

Fonte: OMC.

255,0

104,788,6

59,9

18,7 17,4 8,1

436,0

179,1151,6

102,4

32,0 29,813,8

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

Europa Ásia Am Norte Am do Sul eCentral

África CEI OrienteMédio

2000

2006

Page 27: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Protecionismo no Comércio Agrícola Mundial

• Barreiras à entrada (tarifas elevadas, quotas, barreiras técnicas e sanitárias)

• Medidas de apoio doméstico = subsídio à produção (preços mínimos e prêmios)

Geração de excedentes (estoques)Geração de excedentes (estoques)

Subsídios às exportaçõesSubsídios às exportações

• Protecionismo agrícola diminui o dinamismo do movimento da produção para setores mais competitivos = fluxos globais estáticos

Page 28: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

1. Tarifas (picos, escaladas, tarifas específicas, etc.);

2. Quotas tarifárias, antidumping, salvaguardas especiais;

3. Subsídios e créditos à exportação, ajuda alimentar, formas estatais de comércio;

4. Subsídios domésticos;

5. Barreiras sanitárias e fitossanitárias (salmonella, dioxina, hormônios, BSE, febre aftosa, gripe aviária, newcastle, peste suína, regionalização, etc.);

6. Barreiras técnicas: processos e métodos de produção, etiquetas embalagens, rastreabilidade, bem estar animal, identificação de Organismos Vivos Modificados (Protocolo de Cartagena);

7. Padrões Privados (EurepGap, British Retail Consortium, etc);

8. Restrições Ambientais: resíduos, desflorestamento, OGMs, etc;

9. Padrões sociais e de trabalho: trabalho informal;

10. Multifuncionalidade

BNTs e Certificações sócio-ambientais

OM

C

FALTA REGULAMENTAÇÃOFonte: ICONE.

Page 29: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

A Agenda Multilateral de Reforma do

Comércio Agrícola – Rodada Doha

Parte 3

Page 30: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Rodada Doha - lançamento Rodada do Desenvolvimento em DOHA (Nov/01)

Declaração Ministerial

“ampliação substancial em Acesso a Mercados;

redução, com vista a eliminação de todas as formas de subsídios às exportações e;

redução substancial de apoio doméstico que distorce o mercado.”

Comitê de Agricultura não cumpriu o prazo para definir métodos e modalidades (31/03/2003).

Cancún fracassou, mas serviu como bom exemplo de trabalho conjunto (Iniciativa Privada / Governo /G-20).

Definiu Deadline das negociações para 2005.

Page 31: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Rodada Doha – Pré-Cancun

Proposta do Grupo de

Cairns

Proposta do Grupo de

Cairns

Proposta dos EUA

Proposta dos EUA

Proposta da UE

Proposta da UE

Proposta do Harbinson

Proposta do Harbinson

• 3 Mini Reuniões Ministeriais

Proposta conjunta UE-EUAProposta conjunta UE-EUA

Proposta do Pres. do Conselho Geral

(Perez del Castillo)

Proposta do Pres. do Conselho Geral

(Perez del Castillo)

X

{

G-20 e novas idéias;• ambicioso em subsídios• defensivo em acesso a mercados

G-20 e novas idéias;• ambicioso em subsídios• defensivo em acesso a mercados

NG-5NG-5

FrameworkFramework

Page 32: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Rodada Doha - Cancun Distribuição de um Draft de Texto Ministerial elaborado pelo presidente do

Conselho Geral (Perez del Castillo) Este Draft não atendeu as demandas dos países em desenvolvimento,

praticamente integrando a proposta da UE-EUA sobre agricultura. Considerado ainda menos ambicioso que a proposta do Harbinson que

continha números e não colchetes. Brasil resolveu capitanear o G-20 para propor contra proposta. O facilitador da agricultura elabora novo texto com alguns pouco avanços

sobre o do Castillo. O G-20 se prepara para sugerir emendas ao texto, mas não se chegou a

haver espaço para tal pois a reunião termina com o disenso nos Temas de Cingapura.

As negociações ficaram estagnadas até Maio/04 O mediador Tim Grozer (NZ) foi nomeado e não conseguiu muito.

Page 33: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Rodada Doha - Framework• Nova Retomada (Jul/2004) – Framework;

1. Competitividade às exportações:i) Será eliminada até uma data a ser definida;

ii) Disciplinas deverão ser impostas para ajuda alimentar, empresas estatais de comércio e créditos e garantias às exportações.

2. Apoio doméstico:i) Níveis maiores de apoio doméstico distorcivo deverão sofrer maiores cortes;ii) Caixa azul será revista com maior flexibilidade, mas deverá

ser limitada a 5% do valor da produção;iii) A Medida global de apoio será limitada por produto e

reduzida em, no mínimo 20%, já no 1o ano de implementação.iv) Caixa verde será revista e mais transparente.

Page 34: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

3. Acesso a mercados: pouca ampliação efetiva de mercado para produtos agrícolas. Principais pontos:

i) Cortes maiores deverão ser feitos em tarifas maiores, porém com flexibilidade para os sensíveis;

ii) Reduções tarifárias menores para os sensíveis deverão ser compensados com mais cotas.

• Pressão em cima do G-20 para concessões em serviços e bens industriais.

Rodada Doha

• Conferência de Hong Kong (Dez/2005) - conclusão parcial das

modalidades;

• Novo Fracasso em Jul/2006 – Colapso em Genebra;

• Conversas e reuniões informais inócuas para tentar destravar a Rodada.

Rodada Suspensa

Page 35: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Razões do Impasse

EUA

Apoio Doméstico

G-20

NAMA

UE

Acesso a Mercado

A AGRICULTURA FOI A RAZÃO DO

IMPASSE

NEM CHEGOU A SER NEGOCIADO

Page 36: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

O Fracasso do G-4 em Potsdam

• Reunião decisiva para “destravar”, paralisada desde julho de 2006;

• Formato “major players”: Brasil, Índia, UE e EUA; - já esgotado

• Resistências:

a) EUA: subsídios menores que US$ 17 bilhões/ano e disciplinas por produto;

b) UE: corte médio, tratamento dos produtos sensíveis (5% das linhas tarifárias) e cotas tarifárias (% do consumo doméstico);

c) Brasil: coeficiente NAMA entre 25 e 30;

d) Índia: produtos especiais e salvaguardas agrícolas especiais, auto-seleção das linhas tarifárias e recusa de indicadores.

• Negociações não avançaram, Índia e Brasil se retiram da mesa e as discussões voltaram para Genebra.

Page 37: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Discussões sob-suspensão (final de 2007)

• Presidentes dos Comitês de Agricultura e NAMA apresentaram

“Draft Modalities”, com possíveis zonas de aterrissagem (jul/2007);

• Paper Agricultura – bem recebido em Genebra, com pontos a

serem trabalhados (falta clareza + temas periféricos);

• Paper NAMA – criticado por alguns países em desenvolvimento

(articulação BRA, maiores críticas ARG), mas não rechaçado.

Opção por recomeçar discussão NAMA depois da Agricultura;

Page 38: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Novos papers, novas discussões

• Retomada das negociações em Genebra (set/2007)

• Nov/2007: novos papers (4) sobre competitividade das exportações

• Jan/2008: novos papers (8) sobre acesso a mercados

• Discussões intensas em nível técnico, mas apoio política ainda em stand by

• Abr/2008: aparente solução para produtos sensíveis (item fundamental de acesso a mercados). Entre 4 a 6% das linhas tarifárias, mais produtos sensíveis compensados por maiores cotas, baseadas em fórmulas complexas de consumo doméstico.

• Janela estreita, mas possível: aprovação das modalidades até 1º semestre de 2008. Conferências Ministerial no 2º semestre – fechamento da Rodada????!!!

Page 39: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Papers – Principais Pontos

• Agricultura:

- Temas periféricos ainda não foram trabalhados;

a) Apoio doméstico: i) subsídios EUA = entre US$ 13,0 e 16,4 (já aceitado = corte entre 20 e 40% dos níveis aplicados) + ii) caps por produtos dentro da caixa amarela (corte de cerca de 60% sobre valores aplicados para soja, milho e arroz) e azul (cortes efetivos apenas para arroz);

b) Acesso a mercados: i) cortes mais altos para produtos mais protegidos + ii) corte entre 66% e 73% na banda alta + iii) Redução do uso de SSGs + iv) Expansão de cotas e redução das T.E.Q.s + v) Produtos Sensíveis (desenv.) e Produtos Especiais (em desenvolv.);

c) Subsídios às exportações: redução gradual com eliminação até 2013.

• NAMA:- Margens mais estreitas, alguns números específicos;

- µ8-9 para PDs, µ19-23 para PEDs + flexibilidades.

Page 40: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Acordos Regionais: ALCA, Mercosul –

União Européia e outros acordos

comerciais

Parte 5

Page 41: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Tipologia dos Acordos Comerciais Regionais

i. Preferências Comerciais (Sistema Geral de Preferências – SGP)

ii. Zona de Livre Comércio: apenas em âmbito comercial (desgravação tarifária total).

iii. União Aduaneira: além de acordo tarifário interno, possui uma tarifa externa comum.

iv. Mercado Comum: se inclui além da facilitação no comércio de bens e serviços, integração em fluxo de capitais e pessoas.

v. União Monetária: inclui as prerrogativas anteriores mais uma harmonização de regras econômicas e de comércio chegando à criação de uma moeda única (Ex. Euro). SGP

ZLC

UA

MC

UM

Page 42: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

ALCA - histórico

• Jun/1990: “Iniciativa para as Américas”• Dez/1994: I Cúpula das Américas - Miami

- declaração de princípios- elaboração de um plano de ação

• Jun/1995: Reunião Ministerial de Denver- criação de 7 Grupos de Trabalho- single undertaking- compatibilidade com os dispositivos da OMC- acordos sub-regionais e bilaterais como base

• Mar/1996: Reunião Ministerial de Cartagena- criação de mais 4 Grupos de Trabalho

Page 43: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

ALCA - histórico

• Mai/1997: Reunião Ministerial de Belo Horizonte• Mar/1998: Reunião Ministerial de São José

- final da fase preparatória e início efetivo das negociações

- criação do Comitê de Negociações Comerciais (CNC)• Abr/1998: II Cúpula das Américas - Santiago

- instrução para o início da elaboração da 1ª minuta do acordo• Jun/1998: I Reunião do CNC

- definição de um programa de trabalho específico para cada grupo

• Nov/1999: Reunião Ministerial de Toronto

- discussão de temas controversos (agricultura; regras)

Page 44: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

• abr/2001: Reunião Ministerial de Buenos Aires• abr/2001: III Cúpula das Américas - Quebec• nov/2002: Reunião Ministerial de Quito

- aprovação dos métodos e modalidades de negociação• nov/2003: Reunião Ministerial de Miami

- fim do single-undertaking

- possibilidade de negociação de acordos multilaterais e plurilaterais

• fev/2004: Reunião do CNC - Puebla

- impasse nas negociações (agricultura e regras)

ALCA - histórico

Page 45: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

ALCA – Tamanho das Economias

15.275

1.492

298 91 24

Nafta Mercosul Comunidade Andina MCCA Caricom

PIB em 2007, US$ bilhões

Fonte: Banco Mundial – Key Economic Indicators (2007).

Page 46: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

ALCA – Estrutura

REUNIÃO MINISTERIALDA ALCA

CONSELHO DE NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS

VIII Miami (Set./03)

XIII CNC Puebla/MX

Grupos Negociadores sobre:AgriculturaAcesso a MercadosInvestimentos ServiçosCompras governamentaisSolução de ControvérsiasDireitos de Prop. IntelectualSubsídios, Anti-dumping e Medidas Compensatórias Políticas de ConcorrênciaEconomias MenoresParticipação da Sociedade CivilComércio Eletrônico

Page 47: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Importações americanas de bens de consumo e industriais que ficariam

livres de tarifas sob a Alca

Importações agrícolas americanas que ficariam

livres de tarifas sob a Alca

Caribe

(14 países da bacia Caribenha)

América Central (Costa Rica, El Salvador, Guatemala,

Honduras e Nicarágua)

Região Andina (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e

Venezuela)

Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai)

91%

66%

61%

58%

85%

64%

68%

50%

ALCA – Propostas

Page 48: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

ALCA: desgravação proposta

Fora definido cronograma de desgravação para as listas de ofertas de forma linear em: • Categoria A - Imediata• Categoria B - Até 5 anos• Categoria C - Até 10 anos• Categoria D - Mais de 10 anos

Era preciso definir prazo e incluir TODO o universo tarifário!

Page 49: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Proposta EUA

- Não incluia medidas de apoio interno, subsídios às exportações e antidumping.

- Eliminação de barreiras para bens industriais e de consumo até 2015.

- Eliminação imediata, desde que com reciprocidade, para setores que são competitivos como: química, eletroeletrônicos, equipamentos médicos, tecnologia da informação e mineração.

Proposta Canadá

- Incluia na Categoria A, 72% do universo agrícola.

ALCA – Propostas (cont.)

Page 50: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

ALCA – Propostas (cont.)

Proposta Mercosul:

- Pouco abrangente = 38,5% nas categorias A, B e C

- Oferta reduzida até mesmo para bens agrícolas.

- Não se dispõe a apresentar oferta para investimentos,

compras governamentais e serviços.

- Metodologia da pior oferta dos 4 membros

(Ex. carne suína do Paraguai na cat. D x A dos outros)

Page 51: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Ambiciosa DefensivaServiços Subídios agrícolas domésticosCompras governamentais Subídios às exportaçõesPropriedade intelectual Leis anti-dumpingInvestimentos Bens agrícolas sensíveisBens industriais

Proposta EUA = ALCA ampla

Ambiciosa DefensivaPraticamente nada Serviços

Compras governamentaisPropriedade intelectualInvestimentosBens industriais

Proposta Mercosul = ALCA light

X

ALCA – ampla ou light?

Page 52: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

ALCA: conflito interno

- Conclusão: queda do negociador chefe do Itamaraty

que buscava negociação ampla.

- Cláusula da Indústria nascente.

(indústria química e bens de capital)

- Proposta 4+1 ?

• Setores competitivos que pouco tem a

perder com abertura de mercado; agricultura

• Setores menos competitivos que temem

abertura de comércio para os EUA

• Ideologia anti-EUA com novos negociadores

X

Page 53: Internacionalização - MBa em Gestão Estratégica do Agronegócio

Mercosul – União Européia (MS-UE)

• Dezembro de 1995

- Acordo Quadro Inter-regional de cooperação

• Junho de 1999

- Lançadas negociações comerciais abrangentes (agrícola, industrial e serviços), seguindo o single undertaking e levando em consideração as sensibilidades.

• Pode ser o maior acordo comercial do mundo com:

MERCOSUL = Pop. 221 milhões / PIB US$ 850 bilhões.

UE-25 = Pop. 454 milhões / PIB US$ 11 trilhões.

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MS-UE: histórico (cont.)

• V CNB (Julho 2001) =apresentação da proposta negociadora da UE com oferta tarifária.

• VI CNB (Outubro 2001) =apresentação da proposta do MERCOSUL.

• Convergências das propostas:

- todo universo tarifário estará sujeito a negociação e single undertaking.

- parte substancial (85%??) do comércio estará sujeita a negociação em até 10 anos.

- serão considerados aspectos tarifários e não tarifários.

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MS-UE: Propostas

• UE para produtos agrícolas:

- Extremamente tímida.

- Não sujeitos à desgravação nas 4 categorias definidas:

(A-ano 0; B-4anos; C-7anos;D-10anos)

- Categoria E - sem definição. Há ainda produtos não ofertados onde se encontram todos os produtos agrícolas de nosso interesse.

“concessões de quotas tarifárias podem ser concedidas”.

- Nos agrícolas categorizados, somente se prevê a redução da alíquota ad valorem. (Ex. carne bovina 3040E/ton +12,8%)

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MS-UE: Propostas

• Mercosul:- Proposta maximalista e “espelho” da UE =oferta tímida e várias

condicionantes, dentre elas:a) Tratamento especial e diferenciado;b) Desgravação deve compreender todos os tipos de tarifas e

medidas de efeitos equivalentes.c) Proteção tarifária para indústria nascente.d) Definir mecanismo para assegurar efetivo acesso a mercados imediato (Ex. quotas temp.)e) Fim de preços de entrada e picos tarifários. f) Acelerar acordos de equivalência em Normas Técnicas e Medidas Fitosanitárias (Ex. suínos).g) Fim dos subsídios às exportações entre paísesh) Definição de medidas compensatórias para exportações

subsidiadas a terceiros mercados e para medidas de apoio interno.

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• Acordo com a UE amplia os mercados agrícolas para o Brasil e o MS, mesmo que limitado através de quotas;

• Ofertas insuficientes de ambos os lados:

UECotas limitadas e parceladas

em 10 anos

Oferta atrelada ao eventual sucesso da Rodada Doha (Bolso

Único)

MS

Oferta limitada em NAMA

Resistência em negociar Indicações Geográficas e Acordos sobre

Serviços e Investimento

MS-UE

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Oferta de quotas tarifárias proposta pela UE ao Mercosul

MS-UE

Produto Tarifa in-quota Volume da quota emtoneladas

Carne bovina 10% 116.000 + 40.000 (OMC)

Carne Suína 125 € / ton. 6.000 + 5.000 (OMC)Carne de aves 50 € / ton. 245.000 + 30.000 (OMC)

Leite em pó 640 €/ ton. 6.500 + 6.500 (OMC)

Manteiga 434 € / ton. 2.000 + 2.000 (OMC)

Queijo 402 € / ton. 10.000 + 10.000 (OMC)

Alho 4,8% 6.000 + 4.000 (OMC)Banana 37,5 € / ton. 60.000 imediatoMilho e sorgo 24,5 € / ton. 500.000 + 300.000 (OMC)

Arroz 29 € / ton. 34.000 + 16.000 (OMC)

Etanol 9,6 € e 5,1 € / HL 600.000 + 400.000 (OMC)

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Mercosul

• União Aduaneira incompleta (lista de exceção da TEC);• Conflitos comerciais recorrentes: arroz, trigo, frangos, eletrodomésticos;• Adoção recente da MAC (Mecanismo de Adaptação Competitiva);• Conflitos políticos: Argentina/Uruguai (fábrica de celulose);• Enfraquecimento do bloco:

– Descontentamento do Uruguai (interesse em negociar diretamente com os EUA) e Paraguai;

– Incorporação da Venezuela.

• Ofertas sempre feitas pelo Mínimo Denominador Comum

Ofertas fracas, sem atratividade.=

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• MS/Índia, MS/Sacu, MS/Israel, Mercosul/Conselho de Cooperação do Golfo-CCG, etc;

• Acordos de pouco valor comercial e que, na sua maioria, excluem os produtos agrícolas.

Outros Acordos

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Posição do Setor Privado

• As negociações comerciais multilaterais, regionais e bilaterais deveriam ser conduzidas com pragmatismo;

• As negociações não devem ficar subordinadas apenas aos objetivos da política externa, mas priorizar os interesses produtivos.