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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Prêmio Expocom 2014 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
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Rotina de pedreiros registrada pelas lentes do fotojornalismo1
José Lafaete Alves VAZ2
Arnaldo Felix Costa JUNIOR3
Josuel Mariano Da Silva HEBENBROCK4
Centro Universitário do Vale do Ipojuca (Unifavip), Caruaru, PE
RESUMO
O presente trabalho apresenta a realidade dos profissionais da construção civil. Trata-se de
um fotodocumentário de denúncia social que registra as dificuldades encontradas pelos
pedreiros no canteiro de obras da Unifavip. O fotojornalismo de denúncia social apresenta
temas do cotidiano, expõe e denuncia problemas sociais. O trabalho foi desenvolvido
durante a disciplina de fotojornalismo com o objetivo de expor a difícil rotina dos operários
visando melhorar as condições dos mesmos.
PALAVRAS-CHAVE: construção civil; fotojornalismo; pedreiros.
1 INTRODUÇÃO
Desde os primórdios o ser humano sente a necessidade de fazer representações de si
e do meio em que vive. A forma de registrar o seu meio foi evoluindo junto com a
humanidade e suas tecnologias. Na pré-história, o homem das cavernas já fazia registros por
meio das pinturas rupestres. A escultura e a pintura também foram artifícios utilizados para
eternizar as culturas dos nossos antepassados antes do advento da foto. A partir da primeira
metade do século XIX começaram a surgir às primeiras fotografias.
A primeira imagem foi produzida numa placa de metal pelo francês Joseph Nicéphore
Niépce. Depois de quase um século temos o aparecimento dos primeiros retratos coloridos e
com o passar do tempo, os avanços tecnológicos permitiram chegarmos até a fotografia
digital. Com a evolução da fotografia sugiram várias vertentes como: retrato, registro,
1 Trabalho submetido ao XXI Prêmio Expocom 2014, na Categoria Jornalismo, modalidade fotografia jornalística. 2 Aluno líder do grupo e estudante do 3° Semestre do Curso de Jornalismo, email: [email protected]. 3 Estudante do 3° Semestre do Curso de Jornalismo, email: [email protected]. 4 Orientador do trabalho. Professor do Curso de jornalismo, email: [email protected].
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fotografia publicitária, artística, fotojornalismo, entre outras. O fotojornalismo possui vários
seguimentos, entre eles destaca-se o de denúncia social.
O fotojornalismo de denúncia social apresenta temas relacionados ao cotidiano,
mostra e denuncia problemas da sociedade. Fizemos a escolha do fotodocumentarismo
como instrumento de pesquisa e produção por trazer consigo elementos que registram
momentos do cotidiano e não precisam de textos para serem compreendidos, por ser uma
fonte de conhecimento e expressão da realidade e mostrar ao espectador visões de mundo
inexploradas pelos olhares desatentos causados pela velocidade da vida moderna.
Acompanhamos durante um dia os afazeres dos profissionais da construção civil no
canteiro de obras do Centro Universitário do Vale do Ipojuca (Unifavip) com a intenção de
expor o dia-a-dia desses profissionais desvalorizados pela sociedade.
2 OBJETIVO
O objetivo deste paper é mostrar através de um ensaio fotodocumental o cotidiano
dos pedreiros na construção da nova biblioteca da Unifavip, denunciar as más condições
trabalhistas e expor a difícil rotina do cotidiano destes colaboradores.
A construção civil é responsável por grande parte do emprego das
camadas pobres da população masculina no Brasil, e é considerada
uma das mais perigosas atividades profissionais em todo o mundo,
liderando as taxas de acidentes de trabalho fatais, não-fatais e anos
de vida perdidos (BLANDES, 1992).
O fotojornalismo tem função social de denunciar e expor mazelas sociais. O nosso
intuito é chamar a atenção para melhorar as condições e a qualidade de vida no ambiente de
trabalho.
3 JUSTIFICATIVA
O trabalho que tem por título; “Rotina de pedreiros registrada pelas lentes do
fotojornalismo” se justifica pela inexpressividade de algumas profissões tidas como
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subclasse em um Brasil pós-moderno. Com isso buscamos mostrar o valor humano
agregado a determinadas funções, como o caso da construção civil. Estes profissionais
trabalham muitas vezes em condições insalubres e longe de suas raízes.
A migração é um dos problemas enfrentados por eles. Os operários buscam uma alternativa
de renda em outras localidades por causa do esgotamento de condições e oportunidades de
emprego na sua região, os trabalhadores abdicam de seus locais de origem, seus lares e
familiares para seguirem em construtoras exercendo seu ofício. A rotina de trabalho ainda
que interativa e coletiva, consiste em fazer um serviço qualitativo em menos tempo que o
estabelecido, pois o tempo que impera sobre eles é precioso, a cobrança é grande para que
eles entreguem a obra pronta antes ou na data estipulada. O grande percentual de acidentes
também faz parte de suas realidades, os deixando com medo e com a autoestima baixa.
A fotografia monocromática foi utilizada por trazer consigo uma carga de
dramaticidade, valorizar as formas e expressões presentes nas representações. “As fotos em
preto e branco geralmente têm um quê atemporal e podem transmitir sentimento. Em
termos de composição, a ausência da cor permite que você se concentre na forma, textura e
padrão”. (HEDGECOE, 2007, pág.18).
4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
Os métodos utilizados para a realização do trabalho foram baseados nos assuntos
debatidos em sala de aula na disciplina de fotojornalismo, as fotografias foram feitas com a
utilização dos equipamentos da instituição. Além de informar, a fotografia jornalística tem
o papel de registrar memórias e prioriza a espontaneidade do acontecimento.
Agora que temos programas de computador que tornaram fácil
inserir partes de uma foto em outra, e trocar ou manipular qualquer
parte de uma foto de maneira que a mudança não seja visível, parece
que não podemos mais acreditar na veracidade de qualquer foto
publicada. (VESTAL, 1998, p. 79).
A composição tem o papel de organizar os elementos de uma imagem, é o que
diferencia sua foto, para que ela não se torne apenas mais uma imagem. Entre as técnicas
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utilizadas neste documento estão à regra dos terços, que divide proporcionalmente uma
fotografia; a utilização de linhas verticais que transmitem força e aumentam a sensação de
profundidade visual, focos em primeiro e segundo plano, e desfoque do fundo. As
fotografias apresentadas não sofreram nenhum tipo de manipulação de programas de
edição.
4.1 CÂMERA
Fabricante: NIKON
Modelo: NIKON D3000
Escala de número f: f/13, f/3.2, f/9, f/9, f/9, f/3.2.
Tempo de exposição: 1/50s, 1/100s, 1/400s, 1/80s, 1/250s, 1/2000s.
Velocidade ISO: ISO-100, ISO-200, ISO-200, ISO-200, ISO-100, ISO-200.
Distância focal: 30mm, 70mm, 135mm, 70mm, 55mm, 180mm.
Abertura máxima: 4.4, 3, 3, 3, 5, 3.
Modelo de medição: padrão para todas as fotografias.
Modo do flash: sem flash para todas as fotografias.
Distância focal de 35 mm: 45, 105, 202, 105, 82, 270.
As especificações das fotografias estão na ordem das imagens enviadas junto a este
documento.
5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
A fotografia tem o poder de registrar e sensibilizar situações corriqueiras que muitas
vezes passam despercebidas e são consideradas sem importância pela sociedade. Por este
motivo foi escolhido documentar o dia-a-dia dos pedreiros e suas histórias que são
ignoradas.
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As imagens apresentadas nesse trabalho foram registradas em uma obra de
construção civil na cidade de Caruaru-PE. As fotografias foram produzidas para um
trabalho da disciplina de Fotojornalismo. Acompanhamos in loco a rotina dos pedreiros
com a intenção de mostrar o cotidiano dos profissionais. As imagens foram registradas em
uma tarde, depois de conversar com os operários e conhecer um pouco sobre suas vidas.
Passava-se todos os dias pela obra e observava-se o esforço, a dedicação e os
semblantes cansados, por isso nos interessamos em conhecer sobre suas histórias e tê-los
como tema. Em conversa, descobriu-se que muitos vieram de outras cidades e estados5,
deixando para trás, durante alguns meses, suas casas e familiares, em busca de garantir
melhores condições de vida para os mesmos. Os pedreiros viviam nesta obra com sua nova
família, os companheiros de trabalho. O ambiente de trabalho também era o local de
distração, de descanso e de solidão.
As imagens foram feitas com autorização do responsável pela obra e consentimento
dos fotografados.
6 CONSIDERAÇÕES
Através das aulas de fotojornalismo passamos a ter um olhar diferenciado, ao
observar o cotidiano das pessoas que não são observadas pelas perspectivas do homem
comum. A produção do ensaio foi importante para colocarmos em prática as técnicas e
conceitos de composição aprendidos em sala e para conhecermos como os profissionais de
fotografia jornalística atuam diariamente.
O fotojornalista tem a função de colaborar com a sociedade mostrando os fatos
como realmente acontecem, deve fugir do convencional, ser intruso na banalidade cotidiana
e denunciar irregularidades. Baseados nesses princípios, buscamos imprimir nossa
subjetividade nas fotografias, mostrando a realidade de quem ganha a vida construindo
edifícios.
5 A maioria dos trabalhares vieram de Fortaleza e cidades circunvizinhas de Caruaru.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLANES, D.N. O trabalhador acidentado na construção civil: sua trajetória na busca
de seus direitos. São Paulo, 1992. (Dissertação de Mestrado em Serviço Social, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo).
HEDGECOE, John. O novo manual de fotografia: guia completo para todos os formatos.
3 ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007, pág. 18.
VESTAL, David. A integridade da fotografia. In: ACHUTTI, Luiz Eduardo Robinson
(Org.). Ensaios sobre o fotográfico. Porto Alegre: Unidade Editorial, 1998. p. 79.