interativa nº 15

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A revolta da senzala digital

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INTERATIVAPublicação do Departamento de Imprensa do Sinttel-Rio

DIRETOR: Marcello MirandaEDIÇÃO: Socorro AndradeTEXTOS: Socorro Andrade e Simone Kabarite REVISÃO: Socorro Andrade e Simone KabariteCAPA, PROGRAMAÇÃO VISUAL E ILUSTRAÇÕES: Alexandre BersotEDITORAÇÃO ELETRÔNICA: L&B Comunicação Ltda5.000 EXEMPLARES - Distribuição gratuita - Permitida a reprodução desde que citada a fonte. 2015

Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro

Rua Morais e Silva, 94 - Maracanã - Rio de Janeiro - RJ 20271-030 - (21) 2204-9300 - www.sinttelrio.org.br

Filiado à CUT e à Fenattel

edit

oria

lex

pedi

ente

A frase do título foi veiculada na propaganda do PSBD, exibida em março, durante o ho-rário nobre nas diversas emissoras de TV.

Uma tentativa de desqualificar o discurso da presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral, bem como o seu governo.

Aproveitamos para enfatizar que nós concor-damos absolutamente com esta afirmação, e exigimos a verdade, doa a quem doer. A priori, não temos dúvida de que quem mais sonegou e sonega a verdade do povo brasileiro são os tucanos. E o fazem amparados por uma mídia oportunista que blinda os líderes tucanos até hoje, omitindo os podres dessa súcia de seus no-ticiários.

O povo merece saber, por exemplo, que foi o presidente Fernando Henrique Cardoso, por in-termédio do Decreto 2.745 de 24/08/1998, que alterou o processo licitatório para contratação de empreiteiras, serviços, compras e alienações na Petrobras. A justificativa era “simplificar” as contratações na estatal.

Essa informação é de conhecimento público e ratifica o que dizem os próprios delatores da operação “Lava Jato”: que o pagamento de propina na Petrobras acontecia há pelo menos 18 anos.

Os brasileiros merecem saber, por exemplo, que o senador Aécio Neves foi quem mais re-cebeu doações para sua campanha a presidente de donos de contas secretas no HSBC, R$ 1,2 milhões.

De acordo com o Swiss Leaks (mapa intera-tivo da distribuição dos clientes e valores por país, há brasileiros e gente de todo o mundo

“O Brasil merece a verdade”nessa lista), além de Aécio, seu partido PSDB recebeu R$ 1,7 milhões, Marina Silva, R$ 100 mil. Dilma Rousseff não recebeu nada.

O povo merece saber que os titulares dessas contas secretas no HSBC são 8.667 ricaços bra-sileiros. O dinheiro é sujo, fruto de sonegação fiscal, desvio de verbas públicas, ganhos ilícitos, etc. O montante desviado para essas aplicações soma R$ 20 bilhões. Só para se ter uma ideia, o custo da corrupção na Petrobras, de acordo com estimativas do Ministério Público Federal, é R$ 2,1 bilhões, 10% do que foi desviado atra-vés do HSBC.

O escândalo do Swiss Leaks, embora envolva o desvio de uma verdadeira fortuna, não tem qual-quer destaque na mídia, já o “Lava Jato” não sai do noticiário. Quer saber por quê? Porque da lista do HSBC constam vários empresários e po-líticos aliados do PIG (partido da imprensa gol-pista), bem como os donos da mídia brasileira, tais como os grupos Globo, Bandeirantes, Folha de São Paulo/UOL, Rede CBS, Ratinho, dono da Rede Massa (PR). O grupo Folha, por exemplo, fez depósitos no HSBC um mês após a posse de Collor, e especula-se, inclusive, que tenha se be-neficiado de informações privilegiadas, já que nessa época houve o bloqueio de contas.

É por merecermos a verdade que não podemos nos deixar levar por uma mídia golpista e hipó-crita. Os tucanos estão contra a CPI do HSBC. Não querem porque estão atolados até o pesco-ço nesse lamaçal. Nós exigimos a CPI porque merecemos a verdade.

A Diretoria

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Simone Kabarite

A quem interessa criar imagem negativa de uma das maiores corporações

petrolíferas do mundo? Res-gatar a pujança da Petrobras nestes 63 anos, que a trans-formou numa referência em pesquisa e tecnologia na ex-ploração de petróleo, não pa-rece mesmo ser o objetivo de quem está mais interessado em destruí-la.

Com a enxurrada de denún-cias de corrupção em vários escalões da Petrobras, a mídia golpista se aproveita do apare-cimento destas irregularidades e desenvolve forte campanha para desmoralizar a empre-sa. O intuito é claro: facilitar a vida daqueles que querem ver um patrimônio do povo nas mãos da iniciativa privada.

As críticas e denúncias não visam à punição dos corrup-tos, que devem, sim, respon-der pelos crimes cometidos, após, evidentemente, a con-clusão de apurações isentas. Mas a mídia tem optado, com objetivos claros, por satanizar o PT e blindar o PSDB de seus noticiários, como se este últi-mo não estivesse envolvido no escândalo.

Todos os fatos indicam que o esquema de propina na Petro-bras já existia desde a década de 90, inclusive, em proporções

A Petrobras é do povo brasileiroA Petrobras nunca esteve tão em evidência como agora. Nos últimos meses, a empresa, recorrentemente, ganha as manchetes. Não pelos feitos alcançados, que a fizeram símbolo do desenvolvimento brasileiro, mas pelos escândalos de corrupção que abalaram toda a estrutura administrativa da estatal. Diante de cenário tão nebuloso, faz-se necessário des-cortinar o que está por trás dos tais interesses da mídia e dos poderosos.

muito maiores que hoje. Numa evidente manipulação, a mídia foca o caso especialmente nos anos 2000.

Ao assumir o papel de “in-vestigadora” e “defensora” dos interesses da sociedade, a mídia conservadora manipu-la descaradamente os fatos. Uma simples denúncia vira prova suficiente para punição. Pior, estende os crime à esfe-ra política, associando todo e qualquer ato de corrupção na Petrobras a uma ardilosa ten-tativa de golpe, planejado para derrubar a presidente Dilma Rousseff (eleita legitimamente pelo povo brasileiro) e, assim, desvalorizar a empresa e en-tregá-la ao capital internacio-nal, algo inaceitável no regime democrático.

Além de esconder em seus noticiários que a prática de corrupção na empresa ocorre há pelo menos duas décadas, a mídia omite da sociedade que foi justamente nos últimos anos que estes fatos vieram à tona. Graças a maior autono-mia dada pelo governo à Po-lícia Federal e ao Ministério Público, bem como o afasta-mento de profissionais habi-tuados a engavetar processos, foi possível conferir agilidade às investigações e desmontar quadrilhas que atuavam em vários setores administrativos.

Em que momento na história desse país a sociedade viu em-presários irem para cadeia por ter pago propina? Foi o que aconteceu no governo atual com a prisão de empreiteiros

Socorro Andrade

ATO EM DEFESA da Petrobras dia 13/03/15, no Rio

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poderosos e considerados “os donos do Brasil”. É essa mu-dança de valores que deveria ser ressaltada pela mídia.

Em seu discurso de posse, a presidente Dilma defendeu a apuração das irregularidades na Petrobras, porém, sem en-fraquecer a estatal e sua im-portância para os avanços eco-nômicos, sociais e científicos do país. Ela afirmou, ainda, em recente entrevista coletiva, que se os casos de corrupção na Petrobras tivessem sido in-vestigados na década de 90, quando o país ainda era gover-nado pelo PSDB, os desvios te-riam sido paralisados e não se perpetuariam até hoje.

A reação a essa espécie de terrorismo criado por especu-ladores e a grande imprensa em torno da Petrobras veio de vários setores da sociedade. A CUT e a FUP realizaram em fevereiro um ato na ABI em defesa da estatal. O evento contou com a participação de intelectuais, artistas, políticos e representantes de movimen-tos sociais, que, ao lado do presidente Lula, resgataram o

valor da maior empresa nacio-nal para o desenvolvimento do Brasil, e defenderam sua per-manência como patrimônio do povo brasileiro.

POR TRÁS DOS ATAQUES DO PIG

O discurso hegemônico da imprensa contra a Petrobras encobre seus reais objetivos econômicos e políticos. Além da obsessão em derrubar o PT, que segue seu quarto manda-to referendado pelo voto do povo brasilei-ro, a direita, há anos domi-nando o país com seus pro-jetos escusos, assume, sem pudor, que de-seja interferir no planejamen-to da empresa e na política do pré-sal, para voltar a se bene-ficiar economicamente com a debilidade promovida por esta odiosa campanha difamatória.

Desde o início do século XX,

o petróleo é elemento estra-tégico de negociação e poder entre as grandes potências mundiais. Por isso é alvo de disputas e moeda de troca global.

O atual modelo de explora-ção do pré-sal é o de partilha, onde, mesmo após sua extra-ção, o petróleo continua a ser de propriedade da União. A empresa vencedora da licita-ção tem direito a uma parce-

la do produto, porém, o Es-tado fica com, no mínimo, 41,65%. Esse modelo, defen-dido pela Pre-sidente Dilma, garante um vo-lume maior de recursos ao go-verno, que des-tina royalties para saúde,

educação e programas sociais. Já o modelo de concessões

amplia os benefícios do mer-cado e dos negócios privados, que destinam apenas um valor fixo para a União e embolsam

1939 Primeiro poçoAntes da criação da Petrobras, é perfurado o primeiro poço brasileiro na Bahia

1947“O Petróleo é nosso”A campanha “O Petróleo é nosso’ era contra a participação de capitais privados na exploração do petróleo

1953FundaçãoO presidente Getúlio Vargas cria a Petrobras em 3 de outubro daquele ano

1961Inauguração ReducA Petrobras inaugura a primeira refinaria construída pela empresa, a Refinaria Duque de Caxias, no Rio

1968Petróleo no mar e poço submarinoDescoberto petróleo em mar pela primeira vez, no campo de Guaricema, em Sergipe. No mesmo ano, na Bacia de Campos, no Rio, foi perfurado o primeiro poço submarino

“O valor da Petrobras não se resume apenas ao seu valor de mercado. O seu valor é intangível e está totalmente relacionado à própria ideia de desenvolvimento e progresso do Brasil”

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o lucro limpo obtido com a ma-téria-prima extraída.Esse mo-delo de concessões é defendido pelos barões da mídia porque abre caminho para as empre-sas nacionais e internacionais explorarem nossa riqueza e aumentarem sua influência no mercado. Com isso, diminuem a participação do Estado na economia e na sociedade, au-mentando a influência do capi-tal privado estrangeiro na in-dústria do petróleo, cujo único objetivo é o acúmulo de fortu-nas. Daí para a privatização da Petrobras seria um pulo!

A intenção é óbvia, usurpar uma das maiores riquezas na-turais, rara e poderosa, per-tencente ao povo brasileiro; di-minuir o controle do Estado; e entregar a maior empresa bra-sileira de bandeja para a explo-ração das grandes petrolíferas internacionais.

“O PETRÓLEO É NOSSO” Não é de hoje que há inte-

resse na abertura do capital privado para a exploração do chamado “ouro negro” brasi-leiro. Em 1947, com o slogan

“O petroleo é nosso”, uma grande campanha em defesa da estatização do petróleo foi alavancada por nacionalistas e intelectuais. Foi a resposta dada à proposta de explora-ção internacional do petróleo, enviada pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra ao Con-gresso.

O argumento de Dutra, à época, era de que o governo não possuía recursos para in-vestir e que faltavam profissio-nais técnicos especializados. Em 1951, o presidente Getúlio Vargas criou o Projeto de Lei para a criação da Petrobras, aprovado dois anos depois pelo Congresso Nacional, após mui-ta disputa e polêmica.

Portanto, o que está em jogo agora é a história dos brasi-leiros que lutaram ao longo de décadas para criar e de-senvolver conhecimento técni-co e científico legitimamente nacionais, que possibilitaram a descoberta dos poços mais profundos do planeta. Isso transformou a Petrobras na principal referência no campo da exploração de petróleo a

milhares de metros de profun-didade, bem como a centenas de quilômetros da costa.

Como se não bastasse a Pe-trobras foi a empresa mais premiada da história da OTC (Offshore Technology Confe-rences), o “Oscar” tecnológico da exploração de petróleo em alto mar, realizada a cada dois anos, na cidade de Houston, no Texas (EUA). Os investimentos em formação e tecnologia fo-ram imensos. O Brasil possui, hoje, uma das maiores estru-turas do mundo em pesquisa e desenvolvimento nesta área.

O valor da Petrobras não se resume apenas ao seu valor de mercado. Ele ultrapassa toda e qualquer tentativa de mensu-rar qual é o seu peso em cifras. O seu valor é intangível e está totalmente relacionado à pró-pria ideia de desenvolvimento e progresso do Brasil.

É o símbolo das lutas da-queles que defenderam, desde sempre, sua soberania. Ela é dos que se arriscaram e dedi-caram seus esforços e compe-tências para o crescimento do país. Ela é do povo brasileiro.

1968Petróleo no mar e poço submarinoDescoberto petróleo em mar pela primeira vez, no campo de Guaricema, em Sergipe. No mesmo ano, na Bacia de Campos, no Rio, foi perfurado o primeiro poço submarino

1979ÁlcoolComeça a comercialização de álcool hidratado como combustível para automóveis

1984Campos gigantesA década marca o início da descoberta dos campos gigantes. O primeiro foi encontrado na Bacia de Campos, o Campo de Albacora

2006Produção autossuficienteO governo anuncia que o Brasil atinge a autossuficiência na produção de petróleo

2007Pré-salSão anunciadas grandes e promissoras reservas de pré-sal, nos campos de Tupi e Libra , na Bacia de Santos. O regime para o pré-sal passa a ser o de partilha

2015Prêmio OTCPela terceira vez, a Petrobras ganha o maior prêmio da indústria de petróleo e gás offshore mundial,em Houston (EUA), pelas tecnologias desenvolvidas para a produção da camada Pré-Sal

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Luana Laux*

Mas, é na Índia que todo ano milhões de turistas de diferentes lugares

do mundo, e em grande parte ocidentais, vão para o que cha-mam de uma jornada espiritual. Só em 2012 o número de turis-tas estrangeiros, de acordo com o Ministério do Turismo india-no, foi de 6,6 milhões. Grande parte destes turistas são o que chamamos de buscadores (indi-víduos em busca do autoconhe-cimento) e vão à procura das chamadas filosofias orientais, entre as mais conhecidas estão o bramanismo, o hinduísmo, o tantra, o budismo, o jaismo, o sikismo e o yoga.

Estes buscadores, geralmen-te, procuram realizar a práti-ca destes conhecimentos nos ashrams - comunidades hindus que abrigam peregrinos, estu-diosos do hinduísmo e sérios

India

praticantes de purificação físi-ca e espiritual.

Num mundo em que a ciên-cia a cada dia dá mais traba-lho para a morte fica difícil não pensar o significado da vida. A busca pelo sentido da existência foi justamente o que motivou a advogada Pa-trícia Oliveira de Macêdo a ir à Índia pela primeira vez aos 40 anos, em 2011: “eu sem-pre fui muito angustiada e triste e ir para a Índia foi uma busca por um consolo, ou me-lhor, um sentido para a vida. Ir para a Índia é sempre uma busca por respostas e um en-contro comigo mesma”.

ALÉM DO OCIDENTESegundo Heinrich Zimmer,

autor do livro Filosofias da Ín-dia, a preocupação fundamen-tal na filosofia indiana - em contraste com os interesses dos filósofos ocidentais - foi sempre

a transformação e não a infor-mação. “Uma mudança radical da natureza humana e, com isto, uma renovação na sua compreensão, não só do mundo exterior, mas também de sua própria existência. Transforma-ção esta tão completa que pode levar a um verdadeiro renasci-mento”, explica o autor. Nesse sentido, a filosofia indiana tem laços mais estreitos com a reli-gião do que o pensamento críti-co tradicional do ocidente.

Muito antes das teorias psi-canalíticas ocidentais de Freud tomarem conta do pensamento ocidental, a partir do século XX com a definição de “Eu” ou “Ego”, as filosofias indianas já estudavam cerca de sete sécu-los antes de cristo a existência do “Eu” ou do “Atman”, pala-vra em sânscrito que significa alma ou sopro vital, espécie de espírito individual imutável que, na verdade, seria um refle-

“Se oriente rapaz pela rotação da Terra em torno do Sol”, já dizia a música Oriente, de Gilberto Gil, composta em 1972. Um conselho, talvez para nós ocidentais desa-tentos, presos dentro de nós mesmos e na ideia de que o mundo gira ao nosso redor. A busca pelo autoconhecimento sempre foi intrínseca ao homem desde o início da ci-vilização e sempre foi vista como a verda-deira fonte de poder universal. Os gregos já diziam: “ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os Deuses.”

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xo da alma universal.Para os orientais, o grande

objetivo é a iluminação total do indivíduo. Quando o Ser trans-cende qualquer consciência do tempo, espaço, causa (Karma). É a total diluição do senso in-dividual (ego). Um estado ple-no livre da pulsão do desejo tão inerente à sociedade do consu-mo. A palavra “desejo” é um símbolo do que nós, ocidentais, chamamos de vida. Nesse sen-tido, a vida se limita à projeção dos desejos. Ou seja, não esta-mos à procura do que somos, mas dos objetos, bens, ou pa-drões sociais desejados.

BAGAVAD GITABhagavad Gita (A Sublime

Canção) é um dos mais céle-bres textos hindus sobre auto-conhecimento. O próprio Gan-dhi se referia à Gita como “a sua mãe”, já que a obra foi o seu consolo, após a morte dela quando ainda era criança. O livro narra os ensinamentos de Krishna para Arjuna. Um jo-vem príncipe que perdeu o rei-no para seus próprios paren-tes e precisa reconquistá-lo. “Arjuna é o Eu humano, cujo reino foi usurpado pelo ego, e Krishna é o Eu plenamen-te realizado, que o convida a fazer a sua auto-realização, derrotando seus parentes - os sentidos, a mente e as emo-ções - que , no homem profa-no, usurpam injustamente o domínio do divino Eu” (Bha-gavad Gita). Para alcançar a libertação do espírito é preci-so cortar a própria carne, eli-minar o seu falso “Eu”, o ego.

O HINDUÍSMOO hinduísmo é considerada

uma das religiões mais antigas do mundo. Acredita na reen-carnação (denominada de sa-msara). Controlar o samsara é a lei do karma - fenômeno acu-mulado por todos os indivíduos ao longo da vida. De acordo com esta lei, boas ações criam bons karmas e más ações criam karmas negativos que serão levados para as vidas posterio-res. O objetivo final é a moksha - a transcência do fenômeno da existência e o fim do sofrimen-

to e do ciclo de renascimento. Os hindus acreditam que quem morre em Varanasi, cidade mais sagrada da Índia, também se liberta do moksha.

Infelizmente, os hindus pos-suem a crença de que o bom karma pode, numa vida fu-tura, colocar a pessoa em um lugar mais alto no sistema de castas (divisão social compos-ta por grupos hereditários, no qual a condição econômica do indivíduo passa de pai para fi-lho). Este fato aumenta ainda mais a desigualdade social da Índia. Embora a Constituição indiana rejeite a discriminação com base na casta e esta tenha deixado de existir nas grandes

cidades, ainda persiste na zona rural do país.

MORTE E VIDAPara o oriente só é possível

entender a vida quando pensa-mos a morte. Sogyal Riponche, mestre budista conhecido inter-nacionalmente, faz uma severa crítica a visão da sociedade mo-derna a respeito da morte: “é um deserto espiritual em que a maioria imagina que esta vida é tudo o que existe. Vivem todos destituídos de um significado supremo. Ao crer que só exis-te uma vida, a sociedade não desenvolve uma visão a longo prazo, a destruição do meio ambiente é um exemplo disso. Agimos como se fôssemos a última geração do planeta “, adverte Riponche. É preciso fa-zer as pazes com a morte para entender o seu princípio mais profundo: a morte livre do mor-rer - livre do pavor , do vazio e da incompreensão do sentido da existência.

Em todo o sul da Ásia existe uma saudação: “Namastê”. A palavra é dita quando duas pes-soas se encontram, no início de uma comunicação, elevando-se as mãos na altura do coração. Significa “eu te reverencio”, ou num sentido mais amplo: “o deus que habita em mim saúda o deus que há em você”. Segui-mos assim, então, infinitos pla-netas em torno do sol, sem es-quecer que nós também somos sóis. Namastê!

*A jornalista Luana Laux esteve na Índia no período de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014.

um oriente a caminho do eu

"É preciso fazer as pazes com a morte para entender o seu princípio mais profundo: a morte livre do morrer, do pavor, do vazio"

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capa

CALL CENTERO setor de call center é um dos maiores do segmento de serviços, com cerca de 1,4 milhão de trabalhadores em todo o país, em sua maioria esmagadora composto por mulheres, estudantes e jovens na faixa etária de 18 a 30 anos

Socorro Andrade

Quase a metade desses tra-balhadores (45%) está entrando no mercado

de trabalho, iniciando a vida profissional e tem no mínimo o ensino médio, concluído em escola pública. Na distribuição dentro do call center cerca de 45% atuam no serviço de aten-dimento ao cliente (SAC), 23% na recuperação de crédito, 22% em televendas e 10% em outras atividades.

Do total de 1,4 milhões de trabalhadores, cerca de 550 mil são terceirizados e 850 mil atuam nos call centers pró-prios das empresas. O setor

registra uma altíssima rota-tividade, estimada em 7% ao mês. Por que será?

Esses dados são de 2012, resultado de uma pesquisa re-alizada pelo sindicato paulista das empresas do setor. O estu-do, encomendado pelo sindica-to patronal, confirma a exis-tência de abusos, desrespeito aos direitos trabalhistas, prá-tica de assédio moral, baixos salários, péssimas condições de trabalho, etc.

Os relatos dos trabalhadores são os mais chocantes , mal po-demos acreditar, mas, infeliz-mente, são fatos, e não ficção. Após iniciar suas atividades, nem que o prédio desabe, arda

em chamas, esses empregados são liberados. Pelo contrário, são obrigados a permanecer em seus postos como se a eles estivessem acorrentados.

Na Contax Rio de Janeiro, de acordo com denúncias ao Sindicato, mesmo faltando luz os operadores foram obrigados por seus supervisores a con-tinuarem atendendo, usando para isso a tênue luz dos ter-minais de computador. Inacre-ditável, mas é verdade.

A Telesoluções/Genti, que fechou as portas na calada da noite dando um calote nos em-pregados, foi outra que mante-ve os trabalhadores presos em seus postos, mesmo com mui-

ALÉM DO BRASIL, a Contax está na Colômbia (foto), Argentina, Peru, EUA e Espanha

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O setor de call center é um dos maiores do segmento de serviços, com cerca de 1,4 milhão de trabalhadores em todo o país, em sua maioria esmagadora composto por mulheres, estudantes e jovens na faixa etária de 18 a 30 anos

tos passando mal com o chei-ro da tinta fresca da pintura recente do setor. Só depois do Sinttel acionar a Defesa Civil e esta interditar o local é que a empresa liberou os trabalha-dores, entre estes grávidas que já estavam passando mal.

SENZALA MODERNAPor fora, os prédios de call

center não lembram em nada as antigas senzalas do Brasil Colonial. A aparência, espe-cialmente dos novos, se as-semelha a grandes shoppings centers. Mas, lá dentro, ao invés de lojas, restaurantes e lazer, os trabalhadores des-crevem histórias sinistras de opressão, estresse e abusos.

Na frente dos prédios o mo-vimento é frenético. Sempre sincronizado com uma multi-dão de jovens saindo e outra multidão entrando. O alvoroço é grande. Os que saem pare-cem ansiosos para se afastar daquele ambiente de tortura. Quem entra, faz o movimen-to contrário, mas igualmen-te apressado para se “logar” (sentar no PA e digitar sua se-nha que é o seu cartão de pon-to) na hora certa e não sofrer punições ou ter os minutos de atraso cortados.

As práticas de submissão pouco ficam a dever aos cas-tigos físicos das antigas senza-las. Aqui elas são mais sutis.

O tronco e o chicote também foram substituídos. “Hoje o tronco é o próprio PA (posto de atendimento) de onde, após sentar, o trabalhador só pode sair com autorização do che-fe que controla todos os seus movimentos exigindo mais e mais produção e a superação de metas absurdas, tal qual um feitor ” exemplifica Carlos Amaral, empregado da Contax e diretor do Sinttel-Rio.

Como repórter, visitei alguns call centers no Rio de Janei-ro. A impressão que tive é de que esses trabalhadores agem como autômatos, tal qual a voz magnética que ouvimos quando ligamos para um SAC em busca da solução de algum problema.

De acordo com seus relatos ao Portal GI, eles chegam a receber de 40 a 130 ligações ao dia, dependendo do fluxo de espera. Isso já revela uma ro-tina de tortura.

Em outro relato um opera-dor diz: “eu me apresentava, ele falava o problema, havia

o inferno é aquioito sistemas abertos na mi-nha tela, que eu tinha de che-car para resolver o caso dele. Porém, se ficasse 30 minutos com esse cliente, no próximo atendimento teria que diminuir o tempo, para 3 ou 4 minutos, para compensar no final do dia o tempo que fiquei com o clien-te de meia hora.”

Ele continua “quando existe uma fila de espera de clientes, a supervisão pressiona para ter um TMA (tempo médio de atendimento) mais baixo”. Essa, aliás, é uma reclamação comum dos teleatendentes no Sinttel-Rio.

SALÁRIO MÍNIMODiante de tais relatos, nos

perguntamos: o que leva tan-tos jovens a buscar essa opção de trabalho? De acordo com os diretores do Sinttel-Rio ou-vidos pela Interativa, Ricar-do Pereira, Alan Dias, Carlos Amaral e Rêneo Augusto, eles são seduzidos pela jornada de trabalho de 6 horas diárias e 36 horas semanais. Isso é tudo que um jovem que termina o ensino médio e quer fazer uma faculdade precisa (tempo para estudar e de quebra um salário para custear os estudos).

Mas a ilusão do “emprego ideal” se desfaz nas primeiras semanas de trabalho no call center e tudo que esse jovem deseja a partir daí é cair fora,

"A impressão que tive é de que esses trabalhadores agem como autômatos, tal qual a voz magnética que ouvimos quando ligamos para um SAC"

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O trabalho estressante alia-do a um ambiente inadequado sem manutenção regular (me-sas e cadeiras quebradas, má refrigeração, etc) são o estopim para o elevado índice de adoeci-mento dentro dos call centers. Problemas que em muitos ca-sos incapacitam o empregado, jovens que estão entrando no mercado de trabalho.

De acordo com a diretora do departamento de Saúde do Sinttel-Rio, Edna Maria do Sacramento, mais de 95% dos problemas de saúde no setor são decorrentes do trabalho, provocados pelo estresse ou pela pressão psicológica por cumprimentos de metas.

Os problemas vão desde os psicológicos, como a síndrome de pânico, depressão, ansieda-

de, síndrome de Burnout (esgo-tamento físico profissional) a problemas físicos como perda auditiva, perda da voz, lesões por esforço repetivo (LER), en-tre outros.

Para burlar o INSS, as em-presas não fornecem ao empre-gado a Comunicação de Aci-dente de Trabalho (CAT). Ao sonegar esse documento, além de não ser incluída na lista dos maus empregadores, aqueles com alto índice de acidentes, se livram de garantir às vítimas a estabilidade provisória no re-torno da licença.

Para se livrar desses dois in-cômodos as empresas de call center costumam liberar os empregados por meio de au-xílio doença (B31), ou seja, como se a sua doença não ti-

vesse nexo ou relação com o trabalho executado.

“Em muitos casos, perceben-do nexo da doença com o traba-lho exercido pelos empregados os médicos ou o próprio INSS encaminham os trabalhadores para o Sindicato e este, dentro das suas prerrogativas legais abre a CAT. 100% dos atendi-mentos feitos pelo departamen-to de saúde do Sindicato são de acidente de trabalho (B91),

Alto índice de adoecimento

se livrar do inferno que é a ro-tina no teleatendimento.

“Entrei na Contax cheia de ilusões. Queria trabalhar meio expediente e ainda ga-nhar dinheiro para investir na minha formação, me profis-sionalizar melhor. Menos de um mês depois estava decep-cionada”. Foi o que disse a Interativa uma jovem opera-dora que fazia sua homologa-ção na sede do Sinttel.

Pedindo para não ser iden-tificada, ela disse que ainda aguentou ficar dois anos lá. “Sai quando percebi que se continuasse ia enlouquecer”. A jornada reduzida que a levou a aceitar o emprego é uma fa-lácia, pois além das de 6 horas diárias, os trabalhadores são obrigados a fazer plantão nos finais de semana.

Cansados dessa rotina de abusos e diante da inflexibili-dade das empresas em aten-der às suas reivindicações, os trabalhadores do Rio de Ja-neiro fizeram no dia 17 de de-zembro de 2014, às vésperas do Natal, a primeira greve do setor na história da categoria em todo o país.

A greve foi de apenas 24 horas. Uma advertência para forçar as empresas a reverem suas posições e apresentarem uma proposta que asseguras-se pelo menos o piso salarial de R$ 1089,00. E foi um su-cesso em termos de adesão e de participação ativa dos trabalhadores, que permane-

Teleatendentes do Rio fazem a 1ª greve da históriaceram diante dos prédios, ao lado dos dirigentes sindicais, denunciando os abusos e gri-tando palavras de ordem.

Mesmo diante de toda ad-versidade, decorrente da pró-pria atividade profissional que dificulta a organização dentro do ambiente laboral, os traba-lhadores mostraram que são capazes de se organizar, sair da inércia e lutar por melho-res salários, fim dos abusos e condições dignas de trabalho.

Os patrões não acreditavam na greve e subestimaram a capacidade de mobilização e unidade da categoria, tudo isso somado à indignação e revolta de todos com as pro-

Socorro Andrade

Aroldo Pereira, operador da Claro, lesionado em 2006

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Alto índice de adoecimentoembora tenham sido caracteri-zado pelas empresas com auxí-lio doença (B31)”, diz Edna.

Segundo ela, em cerca de 90% desses casos o Sindicato consegue, com a abertura da CAT, reverter o auxílio doença em acidente de trabalho, ga-rantindo aos trabalhadores os direitos previstos em lei.

GRAU DE RISCOEntenda porque as empre-

sas evitam reconhecer os ca-sos de acidente de trabalho e fornecer a CAT: .O grau de risco das empre-sas é dimensionado por uma escala numérica de 1 a 4, refe-rente à intensidade do risco (ní-vel 1 risco mínimo 4 nível risco máximo) isso, de acordo com a atividade econômica da empre-

sa, descrita na Classificação Nacional de Atividade Econô-mica (CNAE)..O fator Acidentário de Pre-venção (FAP) e o Nexo Técnico Epidemiológico é caracteri-zado pelo INSS observando o CID (código da doença) e as classes da CNAE. .O acidente de trabalho será caracterizado tecnica-mente pela perícia médica do

INSS, mediante a identifica-ção do nexo entre o trabalho e o agravo..Para burlar a CNAE as em-presas sonegam informações sobre suas próprias atividades ou modificam a sua natureza. A Contax, por exemplo, na des-crição de suas atividades não se caracterizou como empresa de call center, dessa forma como poderia causar LER, perda auditiva, distúrbio de voz ou transtornos mentais, etc? Do-enças relacionadas diretamente à atividade de teleatendimento. .Na CNAE registro 6209-120, a Contax é designada como uma empresa de suporte técnico, provedores de serviços em tecnologia da informação. Seu nível de risco é 2, ou seja, mínimo. O que é um absurdo!

Teleatendentes do Rio fazem a 1ª greve da históriapostas apresentadas e com o regime de opressão reinante nos call centres. Incrédulos diante da adesão maciça ao movimento, ao invés de rea-brirem o diálogo e avançarem nas negociações para pôr fim ao impasse, preferiram agir como senhores de escravos e partir para a ameaça e a re-taliação.

Para o Sindicato, essa gre-ve é um marco na história da categoria. Os trabalhadores não alcançaram todos os seus objetivos, mas hoje sabem a força que têm e sabem que po-dem parar o setor, agora não apenas por 24 horas, mas por tempo indeterminado.

Camila Palmares

A GREVE DO Rio foi um sucesso e contou com a adesão maciça dos trabalhadores

Socorro Andrade

Vanessa Batista (Telsul), lesionada em 2005

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A grave situação de descaso e abuso das empresas de call center para com seus empre-gados veio a público no final de janeiro deste ano, quando inspetores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) in-terditaram a sede da Contax, em Recife. A empresa ficou fe-chada por 24 horas, voltando a funcionar depois de conseguir uma liminar.

A auditoria que culminou com o fechamento da Con-tax teve início dois anos antes quando, diante do volume de denúncias recebidas em quase todo o país contra a empre-sa, o MTE decidiu inspecionar sete estados, inclusive, o Rio de Janeiro.

A operação que mobilizou dezenas de auditores do tra-balho concluiu que as denún-cias não só eram verdadeiras como, em alguns casos, eram ainda mais graves do que o re-latado nas reclamações feitas ao órgão.

Essa auditoria do MTE com-

Interdição da Contax em Recife revela abusosprovou as práticas de assédio moral por parte de superviso-res e coordenadores, más con-dições de trabalho, que iam desde falta de higiene, falta de equipamento, cadeiras e me-sas quebradas, até a proibição dos trabalhadores de sair da PA para beber água ou ir ao banheiro durante o expediente.

De acordo com a auditora fiscal Cristina Serrano, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Pernambuco (SRTE/PE), a forma assediadora de orga-nização do trabalho tem por base as metas e exigências feitas pelo contratante “a quem responsabilizamos que se beneficiam integralmente do trabalho, pois os operado-res atendem exclusivamente a seus clientes”.

De acordo com os dirigentes do Sinttel-Rio, todas as irregu-laridades que motivam a inter-dição da Contax em Recife se repetem na Contax do Rio de Janeiro e nas demais empresas

de call center em todo o país. No Rio, esses abusos são rela-tados em sucessivas reclama-ções protocoladas no MTE-RJ, mesmo assim, elas continuam ocorrendo nas empresas.

FUGA PARA O NORDESTEOutro aspecto que merece

atenção é a fuga das empre-sas de call centers para os es-tados do Nordeste. A Contax, ao abrir a sede em Recife, de-mitiu mais de 6 mil trabalha-dores no Rio. A Nextel acaba de fechar o seu call center na cidade e transferi-lo para o Nordeste, deixando mil traba-lhadores no Rio desemprega-dos. Fazem isso porque, além de isenções fiscais oferecidas por governos e prefeituras, no Nordeste podem ampliar a sua exploração e pagar salários e benefícios menores que os praticados no Rio de Janeiro, por exemplo, onde o Sindicato é forte e os trabalhadores não aceitam mais esse regime de servidão.

SEDE DA CONTAX em Santo Amaro, Recife (PE)

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Serão debates fáceis? Ób-vio que não. É só olhar o que ocorreu em relação

à aprovação da nova lei da TV por assinatura e do Mar-co Civil da Internet. Com dois agravantes: a lei que rege as nossas comunicações é de 1962 e a banda larga no Bra-sil está concentrada nas mãos de poucas empresas.

A sociedade organizada - FNDC, Campanha Banda Larga é um Direito Seu, entre outros - tem propostas para ambos os temas. Sabemos que, em última instância, quem de-cidirá essas questões será o Congresso Nacional. E as for-ças mais conservadoras já se levantaram contra qualquer regulação da mídia.

O QUE FAZER?Tornar o debate o mais

amplo possível, envolvendo firmemente a sociedade. As forças conservadoras podem ter maioria no Congresso. O atual presidente da Câma-ra, o conservador Eduardo Cunha, já deixou claro que engavetará qualquer projeto de democratização das comu-nicações. Mas isso não pode impedir os avanços de uma legislação que tem impacto na democracia, na educação, na saúde, na segurança. Ou

Mídia: regulação já, para o bem da democraciaNão há dúvidas de que a agenda dos próximos quatro anos do governo Dilma terá dois principais temas no setor de (tele)comunicações: a regulação da mídia e a universalização da banda larga. As declarações do novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, e da presidenta Dilma, ainda durante a campanha, reforçam essa tese.

seja, que permeia todos os aspectos da nossa vida.

No que diz respeito à banda larga, uma das primeiras me-didas que o ministro Berzoini poderia tomar – até porque ele tem dito que quer ouvir a sociedade - seria convocar o abandonado Fórum Brasil Conectado, que reúne setores empresariais, da sociedade ci-vil, universidades, governos es-taduais e municipais.

REGULAR A MÍDIAJá no caso da regulação da

mídia haverá uma verdadeira guerra por parte dos que mo-nopolizam o setor e que tudo farão para impedir qualquer modificação no rumo da demo-cratização das comunicações brasileiras. Não é à toa que in-sistem em associar regulação

com censura, embora saibam que a maior parte dos países desenvolvidos regula as suas mídias. O fato é que no Brasil vivemos como escravos de uma mídia ardilosa e mentirosa, que demonstrou seu arsenal durante as mais recentes elei-ções desvirtuando os fatos e ajudando a eleger um Congres-so extremamente conservador.

Se o ministro Berzoini e a presidenta Dilma se mo-vimentam para tornar esse debate o mais democrático possível terão o nosso total apoio. Nosso objetivo é ob-termos o resultado esperado pela maioria da sociedade: a democratização das comuni-cações e a verdadeira univer-salização da banda larga.

www.institutotelecom.com.br

COM A REGULAÇÃO, o JN seria obrigado a ter mais respeito pelo telespectador

Socorro Andrade

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Simone Kabarite

Ao pedir a igualdade de gênero, arrancou aplau-sos da plateia e reforçou

o que há muitos anos tem sido defendido, principalmente, no movimento sindical.

Pela primeira vez, homens e mulheres estarão represen-tados igualitariamente no 12° Congresso Nacional da CUT (Concut), que será realizado em outubro deste ano, e nos Congressos Estaduais - Cecut, previstos para acontecerem em junho. No último Congresso, em 2012, as mulheres con-quistaram a inclusão, no estatuto da central, que, a partir das eleições deste ano, a direção da Executiva Nacio-nal e também as estaduais te-rão de destinar, ao menos, 50% dos cargos para cada gênero. Na ocasião, as mulheres toma-ram o local, um centro de expo-sições na capital paulista, com bandeiras lilases, conquistaram a paridade e fizeram história no movimento sindical.

Esta vitória promove o empo-deramento das mulheres e pro-mete chacoalhar o movimento sindical e a estrutura hierárqui-ca da CUT. A participação das mulheres sempre foi intensa, po-rém o direito de estarem repre-sentadas em igualdade na polí-tica sindical ainda era restrito.

Para Virginia Berriel, direto-ra do Sinttel-Rio e Secretária da Mulher Trabalhadora da

CUT-RJ, a central precisa de renovação, e este pode ser o momento de a entidade revisi-tar suas bases e abrir espaço para a participação de mais mulheres e jovens nas decisões do movimento sindical. “Essa conquista é a possibilidade de levar mais mulheres para os sindicatos, que devem realizar um trabalho de base eficiente para incentivar a participação delas no movimento sindical e no interior da Central. Nós

queremos também ocupar car-gos de decisão da direção na CUT”, afirmou.

O fortalecimento das mu-lheres no movimento sindical trouxe uma série de conquistas, principalmente uma nova visão sobre as necessidades e direitos trabalhistas. A dupla jornada de trabalho das mulheres e o aumento da sua participação no mercado de trabalho reforça-ram a necessidade de criação, e a cobrança de benefícios nas pautas de reivinidicações dos trabalhadores, como o auxilio--creche e a licença-maternida-de de 180 dias compartilhada.

SALÁRIO MENORApesar de serem maioria na

população brasileira -, o equi-valente a 51,4%, segundo da-dos do IBGE -, e de conquis-

tarem o melhor reajuste em 2014, na casa de 1,39% contra 0,84% dos homens, o mercado de trabalho ainda discrimina as mulheres com salários menores que o dos homens. O que mais impressiona é que, mesmo a mulher ambicionando a melhor qualificação, como mostram os dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Do-micílios) de 2013, com maior escolarização, o salário delas é menor.

Recente pesquisa da Catho, realizada de 2002 a 2015, demonstra que, mesmo tendo conquista-do cargos de diretoria e chefias, o salário delas

ainda é 30% menor, na mes-ma função dos homens. Ainda segundo o estudo, a participa-ção feminina na liderança das empresas aumentou 109,93% desde 2002, o que reforça a competência das mulheres para assumir qualquer posto e fun-ção de trabalho.

São muitos os avanços das mulheres nos espaços políticos, um grande exemplo é a nossa presidente Dilma, que segue seu segundo mandato como re-presentante máximo do poder executivo federal. Porém, os dados do mercado dão a efeti-va noção da realidade, em um cenário ainda muito dominado historicamente pelos homens. A paridade é a construção da igualdade, para a superação das desigualdades e o fortalecimen-to das realizações coletivas.

Paridade para construir a igualdadeQuando Patricia Arquette defendeu a equiparação salarial e de direitos para as mulheres, em discurso após ser anunciada vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante, a ameri-cana chamou a atenção de todo o mundo para esta importante bandeira das mulheres.

“Pela primeira vez, homens e mulheres estarão representados igualitariamente no 12° Congresso Nacional da CUT (Concut), que será realizado em outubro deste ano”

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