interações fotoetnograficas

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antropologia visual

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  • Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    INTERAES FOTOETNOGRFICAS:

    O EU E O OUTRO NA PRAA DE FTIMA - ITZ

    Jesus Marmanillo1

    Introduo

    possvel que suspeite terem os etngrafos se unido numa conspirao de silncio

    sobre esses problemas. quanto ele, por sua vez, se tornar um autntico etngrafo

    poder engajar-se inadvertidamente nessa conspirao, ou sentir-se obrigado a faz-

    lo, no s para proteger os segredos da etnografia, como para proteger-se. Devido s regras do jogo, que impediram os outros de lhe comunicarem suas experincias,

    possvel que considere suas prprias dificuldades de nimo e de relacionamento,

    seus prprios compromissos entre o ideal e o necessrio como sendo singulares e,

    talvez, como sinais de fraqueza ou de incompetncia. (Berreman, 1975: 123).

    Como observa Berreman (1975) os etnlogos raramente explicitam os meios

    pelos quais a informao foi colhida, e nem expem os aspectos do campo que

    extravazam uma definio convencional de mtodo. Seguindo em sentido oposto, o

    presente artigo visa demonstrar a importncia da problematizao da interao entre

    etngrafo e nativos, ou seja, discorreremos sobre a relao entre fotoetnografia2,

    relaes em locais pblicos e condies da pesquisa, tomando como parmetro os

    primeiros contatos em campo e o problema epistemolgico da relao sujeito-objeto.

    Para tanto tomamos como referncia a experincia de trabalho no projeto de

    extenso Praas do tempo: Cotidiano, Imagens e memrias do centro urbano de

    Imperatriz. Por meio desse, iniciei as primeiras inseres na Praa de Ftima, durante o

    ms de setembro de 2014, realizando observaes diretas e registros fotogrficos a fim

    de construir uma narrativa visual que apontasse s dinmicas interacionais que davam

    cor e forma a referida Praa.

    Problematizando tal experincia, no mbito das relaes etngrafo - sujeitos e

    etngrafo - etngrafo, percebi uma rica possibilidade de reflexo sobre um constante

    aspecto interacionista que ronda o fazer antropolgico seja no trabalho de campo, ou

    quando tomamos nossos pares como nativos. Seguindo esse vis, se refletiu sobre a

    perspectiva polarizada que considera o contato entre pesquisador como determinado na

    1Universidade Federal do Maranho, Brasil. 2Entendemos Fotoetnografia na acepo de Achutti (2004, 2004a), valorizando uma combinao entre o

    olhar treinado do antroplogo e a linguagem fotogrfica.

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    Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    relao entre o eu e o outro, buscando demonstrar que entre esses dois pontos h

    um tipo de degradao que nos possibilita pensar vrias possibilidades de insero do

    eu que repercuti em diferentes formas de insero e contato.

    Um passo importante nesse sentido j foi dado por Cardoso de Oliveira (2006)

    quando enfatizou a importncia de compreender a identidade propriamente dita e o eu

    (ego, self) entendido como agncia estratgica de articulao de identidades sociais

    diante do mundo moral. Mundo esse, considerado pelo autor como pano de fundo no

    qual o eu desenvolve sua liberdade de escolha das identidades postas sua disposio

    no interior de um sistema cultural concreto.

    Inserindo-se nessa agenda de pesquisas e reflexes, o presente artigo est

    dividindo em duas partes, sendo trabalhada, primeiramente, uma breve relao entre o

    mtodo fotoetnogrfico e possveis dilogos com a sociologia de Erving Goffman, e

    posteriormente um relato de minhas primeiras inseres em campo, elencando

    elementos como: cenrio, atores, interaes em relao s condies de produo dos

    registros etnogrficos e fotoetnogficos.

    Eu, o outro e a interao: dilogos entre Antropologia a micro sociologia

    Ao chegar em campo, todo etngrafo se v imediatamente confrontado com sua

    prpria apresentao diante do grupo, que pretende aprender a conhecer. S depois

    de t-lo feito, poder passar sua confessada tarefa de procurar compreender e

    interpretar o modo de vida dessas pessoas. Na literatura antropolgica, a segunda

    dessas tarefas mais frequentemente discutida que a primeira. Conquanto o xito do esforo dependa tanto de uma quanto da outra. Ambas as tarefas, como toda

    interao social, envolvem controle de interpretao pelo etngrafo e seus sujeitos.

    (Berreman, 1975: 125).

    Em se tratando de mtodo, a etnografia ocupa um lugar central na Antropologia,

    podendo ser observada em um conjunto de debates e reflexes ao longo do pensamento

    antropolgico. Para Malinowksi (1975) a primeira meta do trabalho etnogrfico

    fornecer um esquema claro e firme da constituio social, bem como destacar as leis e

    normas de todos os fenmenos culturais, buscando apreender as normas e regras da vida

    tribal. Detalhando um pouco mais, Strauss (2003) explica a etnografia, provisoriamente,

    como a observao e anlise de grupos humanos considerados em suas particularidades

    visando reconstituio to fiel quanto possvel da vida de cada um deles. J Geertz

    (2005) explica que o papel do etngrafo consiste em ir a determinados lugares e voltar

    de l com informaes de seu objeto, visando disponibiliz-las com a comunidade

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    especializada. Reforando e complementando todas essas explicaes, Clifford (2008)

    ressalta que a operao fundamental da pesquisa etnogrfica traduzir a experincia de

    campo em um corpus textual conhecido como etnogrfico.

    Como observa Berreman (1975) na literatura antropolgica so numerosos os

    trabalhos que discorrem e explicam esse mtodo pelo qual o etngrafo busca

    compreender e interpretar a vida dos nativos. No entanto, a questo da confrontao do

    etngrafo com sua prpria apresentao diante do grupo estudado um ponto menos

    frequente no debate acadmico. por meio desse segundo aspecto que possvel

    discorrer sobre os obstculos, desnimos, asperezas do trabalho de campo, e tambm

    refletir sobre o prprio posicionamento do pesquisador e seu habitus antropolgico.

    Valorizar esse ponto destacado por Berreman (1975) significa, entre outras

    coisas, analisar o processo de interao entre pesquisador e objeto, ou seja, no se

    conformar apenas com a disposio antagnica entre o eu e o outro, mas pens-los

    de acordo com o prprio processo de interao social, denotando assim, a

    problematizao acerca do prprio papel do pesquisador, e por outro lado, inserindo

    uma micro analise sociolgica de vis Goffmaniano no fazer etnogrfico. importante

    destacar que a questo da interao entre sujeito e objeto no constitui uma novidade,

    sendo trabalhada inclusive por autores como, por exemplo, DaMatta (1978) discorre que

    a insero no campo permeada pela relao entre pesquisador e nativo, da qual

    emergem aspectos extraordinrios que nos fazem entender que necessrio saber

    conciliar os manuais e rotinas de campo com as situaes no previstas permeadas por

    emoes e outros valores desenvolvidos na relao etngrafo- nativo. Outro autor de

    destaque nacional Cardoso de Oliveira (1976, 2006) que nos possibilita pensar a

    relao entre o eu e o outro pelo aspecto da identidade, seguindo assim, uma

    perspectiva relacional que considera a manipulao do eu, as situaes e tipos de

    contato.

    Outro autor que tambm pode ser destacado Bourdieu (2007) quando

    problematiza uma interao entre o pesquisador e o entrevistado. Para tanto, ele

    argumenta que por mais que a pesquisa cientfica se diferencie das experincias

    comuns, ela constitui, antes de tudo, uma relao social. Nesse sentido, explica que

    necessrio pensar: os efeitos da entrevista, os estmulos dados e provocados e a forma

    como os entrevistados se relacionam com a situao. Sobre esse processo de entrevista

    ele percebe que:

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    o pesquisador que inicia o jogo e estabelece a regra do jogo, ele quem

    geralmente, atribu entrevista, de maneira unilateral e sem negociao prvia, os

    objetivos e hbitos, s vezes mal determinados, ao menos para o pesquisado. Esta

    dissimetria redobrada por uma dissimetria social todas as vezes que o pesquisador

    ocupa uma posio superior ao pesquisado na hierarquia das diferentes espcies de

    capital, especialmente capital cultural. O mercado dos bens lingusticos e simblicos

    que se institui por ocasio a entrevista varia em sua estrutura segundo a relao

    objetiva entre o pesquisador e o pesquisado ou, o que d no mesmo, entre todos os

    tipos de capitais, em particular os lingusticos, dos quais esto dotados. (Bourdieu,

    2007: 695)

    Uma contribuio importante desse autor considerar a situao, estmulos e

    interao entre pesquisador e pesquisado, considerando-a antes de tudo como uma

    relao social cujos envolvidos tambm so alvo de anlises. Tal relao analisada

    detalhadamente no artigo Etnografia e controle de impresses em uma aldeia do

    Himalaia escrito por Gerald Berreman, sob forte influncia do interacionismo

    simblico de Erving Goffman.

    Tal como Malinowiski, esse autor inicia sua narrativa expondo a distncia e

    algumas dificuldades de insero em uma aldeia cuja sociedade estreitamente fechada

    e rigidamente estratificada, contudo d ateno especial aos diferentes efeitos nos

    processos de identificao do etngrafo com os grupos de alto e baixo status, na

    comunidade, valorizando assim as situaes de interao e principalmente o controle de

    impresses desenvolvidos durante tais processos. Segundo ele:

    O controle de impresses constitui um aspecto de qualquer interao social. Trata-se

    aparentemente, de uma condio necessria continuidade da interao social. Para

    uma pesquisa etnogrfica competente, essencial compreender a natureza e os

    desempenhos resultantes. Devem ser empregados procedimentos metodolgicos que

    revelem no s o desempenho montado para o observador, mas tambm a natureza

    dos esforos empregados na sua produo e a situao dos bastidores que oculta.

    (Berreman, 1975: 174).

    Para compreender melhor essa relao entre controle de impresses s situaes

    de interao social, o autor explica que tais impresses so promovidas a partir de uma

    regio interna, dos indivduos, e expostas em uma regio exterior onde observada por

    uma plateia. Dessa forma, problematiza as primeiras impresses e informaes mais

    evidentes, afirmando a necessidade do etngrafo no se deter em apenas as opinies e

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    comportamentos de um estrato, mas na relao entre os diversos estratos com seus

    respectivos comportamentos e informaes.

    Nessa linha o autor expe as condies da pesquisa, um mapeamento da

    composio social da aldeia e interaes com os nativos, explicando a entrada no local

    por meio do contato com um atacadista que comprava o excedente da produo da

    aldeia e, as implicaes de sua associao com o mesmo, j que o comerciante possua

    significados especficos para os aldees. Em sua etnografia, explica s vezes que foi

    confundido com missionrio, a desconfiana dos aldees e o momento em que passou a

    adquirir confiana dos nativos. Enfim, para o autor o etngrafo inserido em uma

    sociedade rgida e estratificada, nunca deixar de ser um estranho. Ser sempre avaliado

    por aqueles entre os quais trabalha, por suas caractersticas, pelas caractersticas de seus

    associados e identificado com grupos ou sujeitos com o quais possui acesso.

    Enfim, para analisar a prpria apresentao diante do grupo que pretende

    aprender, uma rica possibilidade o estudo das aes e impresses que compem os

    processos de interao e identificao dos signos (smbolos) capazes de transmitir

    informaes sociais (Goffman, 1988). Nesse sentido, mais que pensar o eu e o

    outro de forma esttica, os textos a seguir, buscaram demonstrar a dinmica

    interacional existente, tomando como recorte uma experincia de campo realizada na

    Praa de Ftima, na cidade de Imperatriz-MA.

    Cenrio, atores e interaes

    A Praa de Ftima pode ser compreendida como um espao central que

    caracteriza muito a memria e o cotidiano do cidado imperatrizense, principalmente

    daqueles consumidores do centro comercial e administrativo da cidade. Tanto o nome

    da Praa, quando o fato de uma de suas laterais ser ocupada, quase inteiramente, pela

    igreja Nossa Senhora da Ftima, nos possibilita pensar na existncia de uma relao

    entre a Praa e a Igreja, cuja construo foi iniciada em agosto de 1954. Segundo a

    enciclopdia de Imperatriz (2012) a Praa um logradouro pblico localizado em frente

    a Parquia Nossa senhora de Ftima, Catedral da Diocese de Imperatriz, no Centro da

    cidade e possui rea de 3.101,29 m.

    Observando a Praa de Ftima por uma imagem de satlite (Ilustrao 1) e pela

    fotografia ser possvel visualizar a igreja de Ftima com uma rea limpa na frente

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    cercada por rvores que delimitam o lado oposto e a lateral direita da igreja. J o outro

    lado da rea retangular tem-se rvores de menor porte, duas lanchonetes e um

    estacionamento de carros. Por meio do trabalho de campo, notamos que por baixo

    dessas rvores ocorre um verdadeiro sistema de interao composto por uma srie de

    atores sociais que sero tratados com mais detalhes, no decorrer do texto.

    Ilustrao 1- Imagem de Satlite da Praa de Ftima

    Fonte: Googleearth, 2014.

    A forma de ocupao da Praa pode ser interpretada de uma forma mais

    estrutural pensada em relao ao centro comercial e tambm por conta das condies

    fsicas de permanncia no espao, associadas existncia a um conjunto de atores

    sociais compostos por: taxistas, flanelinhas, idosos, comerciantes e pedestres em

    trnsito, que grosso modo, podem ser sistematizados em dois grupos: os que

    permanecem cotidianamente na Praa e os que a vivem apenas como local de passagem.

    Nesse sentido, possvel observar que pelo menos trs tipos aparecem nas

    Ilustraes 2 e 3 (a seguir), que de forma mais geral expe algumas caractersticas

    ambientais e a ocupao do espao dado por trs tipos de atores sociais: uma flanelinha

    sentada em frente a uma fileira de carros privados, um grupo de taxistas prximos a uma

    fileira de taxis e um transuente, no fundo da imagem.

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    Ilustrao 2 - Grupos de taxistas e flanelinha sentada no outro lado da calada.

    Foto: Marmanillo, 2014.

    Ilustrao 3 - Transuente e taxistas.

    Foto: Marmanillo, 2014.

    importante ressaltar que a localizao dos taxistas, banca de revistas e maior

    concentrao de assentos so mais prximas ao calado comercial da Avenida Getlio

    Vargas, cujo incio ocorre no lado oposto a uma das esquinas da Praa de Ftima. Em

    relao dinmica interna da Praa, observamos que as rvores servem como

    verdadeiros abrigos que produzem sombra e conforto diante as elevadas temperaturas de

    Imperatriz, que chegam a alcanar 36. Assim, os atores fixos que trabalham na Praa

    concentram-se cotidianamente nessas reas, enquanto os pedestres podem ser

    observados quando trafegam pela parte central da Praa que mais limpa, ou quando se

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    Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    deslocam entre os trabalhadores que vivem o cotidiano local ou pessoas que sentam por

    algum tempo para descansar ou dialogar com amigos sobre as sombras das rvores.

    Buscando detalhar esses tipos de atores urbanos Frehse (2013) utiliza os termos

    transeuntes e no transeuntes, os primeiros caracterizados pela permanncia regular em

    determinadas vias e logradouros. Trata-se de uma classificao que se referencia no

    comportamento corporal dos atores cujo foco analtico baseado em uma perspectiva

    relacional o entre essas duas formas de atores e interacional no contato entre

    pesquisador e objeto.

    Segundo a autora, a perspectiva Goffmaniana a interao social envolve a

    comunicao simblica entre os atos de atores que estejam em copresena fsica em

    determinados ambientes espaciais. Nesse sentido importante problematiza a prpria

    condio social da produo das fotografias, que pode ser pensada em duas etapas: As

    primeiras foram realizadas sem permisso e com certo distanciamento. Visavam captar

    enquadramentos mais amplos, contextuais e coletivos - sem o foco em sujeitos

    especficos. Tal forma de fotografia foi associada aos meus primeiros contextos de

    insero em campo- sem muito conhecimento local- que exigiam uma facilidade de

    registrar e obter mais informaes que facilitassem futuros contatos e fotografias mais

    detalhadas sobre atores especficos.

    Sobre minha prpria relao com os nativos, as Ilustraes 2 e 3 trazem uma

    informao valiosa que evidencia a prpria etapa da pesquisa, ou seja, o distanciamento

    em relao ao objeto fotoetnografado. As imagens foram registradas com uma distncia

    de cerca de 30 metros em uma rea comercial do outro lado da rua que d acesso a

    Praa. Tratam-se dos primeiros contatos, da coleta das informaes mais gerais, sem

    detalhamento nem identificao de atores especficos. Pode-se dizer que essa fase foi

    marcada fortemente por uma espcie de voyerismo marcado pelo desejo de observar e

    registrar de forma distanciada, e sem interao direta com os nativos. Como possvel

    observar nas imagens, o mximo de aproximao deu-se via o recurso de zoom do

    equipamento fotogrfico.

    importante explicar que meu receio de uma aproximao imediata foi

    decorrente de minha prpria condio de novo morador na cidade, ou seja, residente

    desde julho de 2014. Tentando tirar proveito dessa condio de estranhamento,

    desenvolvi caminhadas cotidianas, coletando informaes sobre as pessoas, histria e

    costumes do centro urbano imperatrizense, dados que serviram para a elaborao do

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    Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    projeto Praas do tempo: Cotidiano, Imagens e memrias do centro urbano de

    Imperatriz aprovado e financiado pela Pr-Reitoria de extenso da Universidade

    Federal do Maranho. Ao mesmo tempo que, a condio de novato me possibilitou o

    estranhamento de coisas que cotidianamente eram naturalizadas, por outro lado,

    representou tambm o papel do forasteiro, do estranho, que trouxe algumas dificuldades

    de contato mais direto com alguns frequentadores e trabalhadores da Praa de Ftima.

    Durante cinco meses de visitas sistemticas e informais na Praa de Ftima,

    percebi concretamente o que Berreman (1975) desejou expressar quando afirmou que o

    etngrafo sempre inevitavelmente um estranho e nunca vai deixar de s-lo. Nesse

    sentido recordo de trs ou quatro vezes ser classificado como gringo, por taxistas,

    comerciantes ou colegas de trabalho da prpria universidade. Em cima dessas

    classificaes busquei me associar a elementos locais, a prpria posio de trabalho, de

    consumidor de servios e de usurio de bicicleta, veculo mais popular na cidade.

    Analisadas as vantagens e desvantagens do papel social que me era atribudo

    naquela situao, me restava considerar todas essas informaes sociais e tentar buscar

    alguma forma de aproximao com os nativos. A primeira tentativa sistematizada de

    contato direto ocorreu em 30 de outubro de 2014, dia em que cheguei de bicicleta na

    banca de revista da Praa e pedi uma gua mineral para o vendedor conhecido como

    Chico.

    Sobre esse local especfico importante explicar que a rea no entorno da banca

    sempre alm de prxima ao ponto de taxi munida de cadeiras domsticas onde as

    pessoas conversam ou l permanecem a espera de algum. Esse espao de concentrao

    conhecido como boca maldita, segundo moradores prximos, pois se trata de um

    local onde so debatidos assuntos da poltica da cidade e tambm desenvolvidas fofocas

    sobre a vida alheia. Segundo a reportagem intitulada A mesma praa, o mesmo banco e

    diferentes papos:

    L no tem balano, gangorra e raramente se v crianas correndo. Mas na mesma

    praa, no mesmo banco que h 20 anos as pessoas se renem diariamente. ao lado

    da banca de revista da Praa de Ftima que elas conversam sobre os principais

    acontecimentos da cidade.

    O lugar comeou a ser to visitado que passou a ser conhecido como Boca Maldita.

    E personalidades importantes de Imperatriz passam por l: o ex-vereador e escritor-

    Edmilson Sanches, o editor do Jornal O Progresso Coriolano Filho e a lista segue, extensa.

    Comeou naturalmente. As pessoas comearam a vir para c, comprar jornal ou revista e debater, lembra o dono da banca de revista da Praa, Francisco Melo Santos - o Chico da Banca.

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    Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    Gari, jornalista, polticos, mdico ou advogado. O pblico que frequenta a Boca Maldita diversificado e os assuntos tambm. Segundo o Chico da Banca, discutido poltica, economia, cultura e at os bastidores da vida de pessoas pblicas

    (ou no) entram em pauta.3

    Diante de todas essas caractersticas e achando ser um ponto interessante de

    observao, me dirigir para a referida banca na manh do dia 30 de outubro. O primeiro

    contato desenvolveu-se de forma objetiva em um simples dilogo composto de trs

    frases relacionadas ao preo da gua, a informao do preo fornecida por ele e a

    solicitao do produto, por mim.

    A expresso facial e corporal economizada ao extremo deram sinais de que o

    mais sensato seria classificar aquele contexto como uma simples situao entre

    comerciante e consumidor. Tal caracterstica, do vendedor da banca, pode ser verificada

    tambm nas fotografias da reportagem intitulada A mesma praa, o mesmo banco e

    diferentes papos que apesar de ter como ator central o Chico da Banca as imagens

    registram a banca sem o Chico, ou seja, indica um processo de interao entre ator e

    reprter, no qual a no exposio do primeiro prevaleceu, como possvel verificar na

    Ilustrao 4.

    Ilustrao 4- Pauta sem ator. Fonte: http://www.portalativo.com.br/portal/noticia/id/170

    3Extrado do site:< http://www.portalativo.com.br/portal/noticia/id/170.> Acesso em: 10 de dez. 2014

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    Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    Enfim, tentando demonstrar naturalidade, sai da banca e bebi a gua de forma

    tranquila em local prximo, onde me pus a tirar algumas fotos do local como se fosse

    um turista- crendo que no mnimo o interesse comercial poderia me possibilitar o

    contato com mais algum daquele local. Uma segunda tentativa de contato foi com um

    senhor que chegou banca e folheava uma revista que trazia um destaque para a vitria

    da Dilma Rousseff na campanha presidencial. Na situao comentei que a vitria dela

    foi apertada, e o senhor se posicionou criticando os polticos de forma geral. Quando

    perguntei se ele era de Imperatriz mesmo, o mesmo respondeu de forma curta e hostil:

    No, eu no moro aqui. No deixando possibilidade alguma de continuidade da

    interao.

    Ambas as situaes que, a primeira vista, podem sinaliza um tipo de surpresa,

    obstculo ou situao embaraosa, sinalizam tambm uma informao social sobre o

    cotidiano local. Sobre isso Martins (2008) explica que a sociologia de Goffman valoriza

    a existncia das emoes nos processos interacionais, principalmente nas situaes que

    criam sentimentos de desconforto, ansiedade, medo, vergonha e humilhao para os

    atores envolvidos nesse processo. Para este autor, o embarao relacionado sensao de

    desconforto, oriunda de uma interao, possui importncia social porque liga os nervos

    da organizao social ao dia a dia, em outros termos, est associado aos atores e

    tambm aos valores e converses existentes na organizao social dos mesmos.

    Se pensada em relao experincia compartilhada por Berreman (1975)

    quando busca insero em uma sociedade rigidamente estratificada, posso dizer que

    minha presena no foi reconhecida como inserida na organizao social presente

    naquele cenrio. No sendo uma cidade reconhecida pelo turismo os forasteiros podem

    ser mais facilmente associados a pistoleiros, atores que fizeram o nome da cidade

    ganhar destaque nacionalmente e na imprensa do Estado, durante a dcada de 1980

    (Fregona, 1998). Sobre o ambiente de medo e violncia, observamos trechos de

    reportagens como esse a seguir:

    Estar em Imperatriz no saber se amanh vai comear o dia vivo. A qualquer

    momento, o cidado imperatrizense, por mais pacato que seja poder ser varado por uma bala deferida pelos pistoleiros que aqui atuam impunemente (O Estado do

    Maranho, 18/04/1986: 11) 4.

    4Reportagem intitulada: Impunidade de Crimes atemoriza populao.

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    Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    Se considerarmos essa imagem construda em torno da violncia em Imperatriz

    em relao ao comportamento desconfiado e hostil registrado em meus primeiros

    contatos possvel inferir que minha apresentao com caractersticas exgenas ao

    local, no s reafirmou a posio de forasteiro como, provavelmente, reforou uma

    necessidade dos locais de manter cautela frente a um desconhecido que pode ser

    pensado como possvel agressor.

    Se o conhecimento das informaes sociais dos atores algo importante para o

    desenvolvimento das interaes (Goffman, 2013), em uma sociedade marcada pela

    violncia, tais informaes possuem um valor ainda maior para que haja comunicao e

    interao. Dessa forma, minhas caractersticas expressivas expostas na altura, barba,

    roupa escura, bermuda e bolsa negra no foram associadas ao papel do turista e sim ao

    forasteiro e possvel ameaa, reforando ainda mais a produo de fotografias mais

    contextuais sem que houvesse identificao facial e frontal.

    Ilustrao 5 Contexto da banca e aproximao fotogrfica. Foto: Marmanillo, 2014.

    Pode-se dizer que a passagem do voyerismo para o contato ocorreu de uma

    forma primeiramente de uma forma frustrada da qual percebi a importncia de ter um

    informante, algum tipo de relao atribusse as expresses mais aspectos de confiana e

    mais informaes sociais que me tirassem da condio de forasteiro. A importncia

    dessas duas variveis apresentou-se como fundamental, naquela sociedade cujo medo

    tem sido um trao historicamente construdo.

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    Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    Enfim, aps as situaes embaraosas, peguei o celular e recorri a um taxista

    conhecido que trabalhava no posto de taxi da referida Praa, a poucos metros da banca

    de revista. Esse contato estava associado existncia de uma relao de consumo do

    servio de taxi vinculada com o meu prprio papel de morador recente na cidade. Isso

    porque em meus primeiros dias na cidade peguei o taxi do Sr. Wagner que por minha

    sorte, trabalha na Praa de Ftima.

    Meus trajetos para o supermercado, aeroporto e outros eram sempre solicitados

    para o mesmo de forma que antes mesmo de pesquisar a Praa de Ftima, esse taxista j

    poderia ser considerado uma espcie de informante sobre a cidade, j que era comum eu

    perguntar coisas sobre a cidade e, assim, ir buscando conhecimento do local no qual eu

    estava recm-chegado. Por meio do Sr. Wagner conheci outro taxista chamado Ademar

    que trabalha na mesma Praa durante o perodo noturno.

    Nas primeiras interaes com o Sr. Ademar ficou claro para mim que essas

    interaes locais funcionam de acordo com sentimentos de medo, confiana e segurana

    mobilizados de acordo com a quantidade de informaes sociais expostas na interao.

    Para explicar melhor essa relao entre sentimentos e caractersticas dos equipamentos

    expressivos, ou fachada como diria Goffman (2013), posso citar que nas primeiras

    frases trocadas com o Sr. Ademar foram permeadas de uma desconfiana do mesmo,

    desconfiana essa que foi cedendo espao uma confiana, na medida em que eu

    associava meu conhecimento dele com as informaes de seu colega de trabalho, Sr.

    Wagner e o meu papel de consumidor dos servios do mesmo.

    Aps ter percebido a importncia dessas informaes, passei a me identificar por

    meio de associaes com informaes j conhecidas, em uma tentativa constante de

    reconhecimento. No caso da pesquisa na Praa de Ftima, utilizei-me dessa mesma

    estratgia, aproveitando-se me do comportamento solicito do Sr. Wagner, realizei uma

    entrevista ali mesmo na Praa.

    Aps isso, retornei a banca do Chico apresentando-me como professor e

    deixando clara essa relao estabelecida com o taxista local. Com um resultado um

    pouco melhor, o Sr. Francisco Melo Santos (dono da Banca do Chico) disse que poderia

    d uma entrevista, mas que deveria ser em outra hora, pois naquele momento estava

    ocupado. Saindo da banca, lhe disse que tinha lido algo sobre a banca e sua fama. De

    forma mais entusiasmada ele me respondeu que era conhecida como boca maldita por

    conta das fofocas.

  • Jesus Marmanillo

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    Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    Enfim, considerando o estudo de Berreman (1975), autor que defende a

    necessidade de que sejam explicitadas as condies nas quais as informaes foram

    colhidas, devemos concordar que na primeira interao face a face fui reconhecido

    como um estranho no local o que me trouxe a preocupao de pensar minha

    apresentao em relao aos locais, nesse sentido a relao com o taxista constitui um

    tipo de referncia local que me transmitiu maior segurana. Pode-se dizer que a partir de

    ento se iniciou um processo de busca daquilo que Goffman chama de reconhecimento

    social, ou seja:

    O processo de acolher abertamente, ou ao menos aceitar, o incio de um

    engajamento, como quando se devolve uma situao ou sorriso.... o reconhecimento

    social uma olhadela que funciona especificamente como um gesto cerimonial de

    contato com algum.... Para realizar certas formas de reconhecimento social ser

    necessrio que os participantes se reconheam cognitivamente, ou finjam t-lo feito,

    ou se desculpem por no o fazer. (Goffman, 2010: 127).

    Nesse sentido, em minha apresentao, para todas as pessoas com que dialoguei

    ou entrevistei, tentei passar informaes que me associasse com representaes de

    morador recm-chegado, consumidor, turista e professor de Histria e Sociologia

    interessado em construir uma histria da Praa que tivesse como ponto de partida, as

    experincias das pessoas que viviam cotidianamente na Praa.

    Para cada tipo de associao ocorreu um tipo de interao especfica: Como

    turista e estranho foi produzida uma situao de embarao, como recm-chegado pude

    obter o contato com um taxista da Praa, como professor interessado em uma histria

    construda a partir dos trabalhadores daquele local obtive uma entrevista com o mesmo,

    j como professor e conhecido do taxista consegui um melhor contato com o Chico da

    Banca. Continuando nessa reflexo sobre o processo de interao entre o fotoetngrafo

    e os nativos, podemos observar um pouco da experincia de Luiz Eduardo Robinson

    Achutti que explica a insero em campo da seguinte forma:

    primeira vista, as pessoas fotografadas tendem a confundir o fotoetngrafo com o

    reprter fotogrfico. por isso que antes de comea a trabalhar em campo, o

    etngrafo deve, desde os primeiros contatos que estabelece com os membros da

    comunidade estudada, declarar sua posio de pesquisador que veio fotograf-los e

    no se apresentar como simples fotgrafo [....]. O etngrafo deve, portanto retornar a

    campos repetidas vezes, unicamente para observar, entrar em contato com as pessoas

    conhec-las melhor, impregnar-se de seu universo. Como para todo etngrafo,

    extremamente importante que o fotoetngrafo estabelea o dilogo desde o incio, se

    faa conhecer, fale de si, daquilo que lhe interessa, do tipo de trabalho que deseja

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    Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    realizar. Na fase posterior quando se comear a fotografar, preciso ter cuidado para

    no d a impresso de que se busca impor uma relao de desigualdade e criar um

    abismo: eu de um lado, vocs de outro; vocs trabalham, vocs vivem; eu fotografo.

    O ato de fotografar, na verdade, apenas uma parte do trabalho que emergir das

    relaes estabelecidas com as pessoas. (Achutti, 2004: 114).

    Descrevendo a relao entre etngrafo e pesquisados, o trecho valoriza aspectos

    como a apresentao do pesquisador, a frequncia das visitas em campo e a importncia

    do dilogo e aproximao entre pesquisador e pesquisado, tratando-se assim de uma

    valorizao do trabalho de campo. Mais que antagonizar o eu e o outro, o autor

    explica que o ato fotogrfico pode ser pensado como o produto da relao existente

    entre esses dois polos. Olhando de outra forma, pode-se dizer que o que est em jogo

    so os papis assumidos no processo de interao, e que por mais que exista o desejo de

    impregnar-se do universo do pesquisado importante reconhecer que a escolha de tais

    papis depende, em grande medida, da situao em que se desenrola o processo de

    interao, ou seja, no pode ser compreendida como uma escolha a priori, mas

    decorrente das informaes sociais disponveis nos processos de interao.

    Concluso

    Seja pelo silncio sobre a socializao das experincias empricas em campo ou

    por conta de uma insero orientada por uma pr-noo que expe a pesquisa de campo

    sem percalos ou dificuldades, notamos que a importncia de problematizar a relao

    entre o eu e o outro - tomando-a enquanto interao, situao e passo fundamental

    que estrutura todo o processo de coleta de dados. Desse modo, considerar esse aspecto

    de extrema importncia para pensar as condies da pesquisa etnogrfica e explorar

    uma riqueza de detalhes ocultados quando pesquisador e objeto so tomados,

    unicamente, como dois polos antagnicos de uma mesma situao.

    Tentamos demonstrar que justamente no processo de interao existente entre

    o eu e o outro que ocorrem os imprevistos, surpresas e geralmente de onde

    emergem os obstculos no processo de insero e coleta de dados. Por meio desse vis

    possvel problematizar o trabalho acabado e enriquecer as abordagens etnogrficas e

    fotoetnogrficas, tomando o ato de pesquisar no pelo resultado, mas sim como

    aprendizado.

  • Jesus Marmanillo

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    Iluminuras, Porto Alegre, v. 16, n. 39, p. 226-242, jan./ago. 2015.

    possvel assim, problematizar o homo academicus (Bourdieu, 2004) em seus

    habitus de fazer desaparecer os vestgios da pincelada, os toques e os retoques de seus

    trabalhos. Mais do que um Dom ou habilidade, considerar a pesquisa etnogrfica por

    meio dos aspectos inesperados, experienciados em campo, nos apontou para um

    aperfeioamento da etnografia por meio da valorizao de sua dimenso emprica,

    principalmente, se pensada em termos de cenrio, atores e interaes.

    Enfim, longe de pensar a pesquisa etnogrfica por meio de um manual ou

    abordagem ideolgica do campo, compreendemos que as condies de realizao de

    uma pesquisa fotoetnogrficas dependem de um conjunto de fatores relacionados s

    relaes sociais e formas de inseres em campo. Tal vis bastante frtil, tanto no

    sentido de produzir conhecimento e favorecer o debate em torno dos xitos ou fracassos

    obtidos no trabalho de campo, como por apontar a importncia de uma reflexo

    epistmica sobre o fazer antropolgico.

    Referncias

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    Recebido em: 24/03/2015

    Aprovado em: 13/06/2015