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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM BIOTECNOLOGIA INTERAÇÃO DE MACRÓFAGOS PERITONEAIS COM SUBPOPULAÇÕES DE TOXOPLASMA GONDII QUE EXPÕEM OU NÃO FOSFATIDILSERINA THIAGO ALVES TEIXEIRA DOS SANTOS RIO DE JANEIRO 2009

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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM BIOTECNOLOGIA

INTERAÇÃO DE MACRÓFAGOS PERITONEAIS COM

SUBPOPULAÇÕES DE TOXOPLASMA GONDII QUE EXPÕEM OU

NÃO FOSFATIDILSERINA

THIAGO ALVES TEIXEIRA DOS SANTOS

RIO DE JANEIRO 2009

THIAGO ALVES TEIXEIRA DOS SANTOS

Aluno do Curso de Biotecnologia

INTERAÇÃO DE MACRÓFAGOS PERITONEAIS COM

SUBPOPULAÇÕES DE TOXOPLASMA GONDII QUE EXPÕEM OU

NÃO FOSFATIDILSERINA

Monografia apresentada como

requisito parcial para a obtenção

do grau de Tecnólogo em

Biotecnologia pelo Centro

Universitário Estadual da Zona

Oeste.

Rio de Janeiro

2009

ii

INTERAÇÃO DE MACRÓFAGOS PERITONEAIS COM

SUBPOPULAÇÕES DE TOXOPLASMA GONDII QUE EXPÕEM OU

NÃO FOSFATIDILSERINA

Elaborado por Thiago Alves Teixeira dos Santos

Aluno do curso de Biotecnologia da UEZO

Este trabalho de Graduação foi analisado e aprovado com

Grau: 10,0

Rio de Janeiro, 24 de Julho de 2009

Jéssica Manya Bittencourt Dias Vieira, Doutora em Ciências (Microbiologia)

Maria de Fátima Sarro da Silva, Doutora em Ciências (Microbiologia)

Sergio Henrique Seabra, Doutor em Ciências (Biofísica)

Orientador e Presidente da Banca

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

JULHO DE 2009

iii

Resumo

A exposição de Fosfatidilserina (PS) na superfície membranar é o principal evento para

indicar apoptose. Esta exposição é fundamental para que o Fator de Transformação de

Crescimento beta1 (TGF-1) sinalize e induza uma resposta anti-inflamatória durante a

fagocitose de células apoptóticas. Quando o parasita protozoário expõe PS, inibe a

atividade inflamatória do macrófago por reproduzir a sinalização das células apoptóticas. A

Toxoplasmose é uma doença mundial causada pelo Toxoplasma gondii. No entanto, a

invasão ativa do T.gondii inibe a produção de NO, propiciando a persistência da infecção.

Nosso grupo tem mostrado que o mecanismo utilizado pelo T.gondii para inibir a produção

de NO é similar ao apresentado na Leishmania quanto a dependência da exposição de PS.

Em experimentos realizados, observou-se que, após a separação das populações PS+ e PS-,

o índice de infectividade das interações com parasitas PS- foi bastante reduzido em relação

à infecção gerada pela população PS+ e população total. Resultados obtidos por

microscopia eletrônica de varredura mostram que a subpopulação de parasitos PS+ penetra

no macrófago principalmente por penetração ativa, enquanto a subpopulação PS- invade

por um mecanismo fagocítico. Análise do nitrito contido no sobrenadante das interações

demonstram a inibição da produção de NO pelos macrófagos na infecção gerada pelos

parasitos PS+. O Resultado do teste in vivo e análise do baço e do fígado das cobaias

indicam que a subpopulação PS- causa um grande processo inflamatório no hospedeiro,

enquanto a subpopulação PS+ mata por hiperparasitemia. Estes resultados sugerem que as

subpopulações de T.gondii PS+ e PS- podem invadir macrófagos de diferentes formas e

que o desenvolvimento do parasita depende da população total.

Palavras-chave: Toxoplasma gondii; Macrófago; Óxido nítrico; Fosfatidilserina

iv

Abstract

The exposure of phosphatidylserine (PS) on the surface membrane is the main event to

indicate apoptosis. This exposure is essential for the growth factor beta1 (TGF-1) signalis

and induces a anti-inflammatory response during phagocytosis of apoptotic cells. When the

protozoan parasite exposes PS, inhibits the macrophage activity inflammatory signaling by

mimicking the apoptotic cells. Toxoplasmosis is a worldwide disease caused by

Toxoplasma gondii. However, active invasion of T.gondii inhibits production of NO,

leading to persistence of infection. Our group has shown that the mechanism used by

T.gondii to inhibit NO is similar to that presented by Leishmania related to the dependence

of the exposure of PS. In experiments, it was observed that after the separation PS- and

PS+ populations, the index of infectivity of interactions with PS- parasites was rather small

in relation to infection caused by PS+ population and total population. Results obtained by

scanning electron microscopy show that the subpopulation of parasites PS+ penetrates the

macrophages mainly by active penetration, while the PS- subpopulation invades by a

phagocytic mechanism. Analysis of nitrite in the supernatant of the interactions

demonstrate the inhibition of NO production by macrophages in parasite infection

generated by PS+. The result of the in vivo test in mice and spleen and liver analysis

indicate that PS- subpopulations cause a large inflammatory process in the host, while the

subpopulation PS+ kills per hyperparasitemy. These results suggest that subpopulations of

T.gondii PS + and PS- can invade macrophages in various ways and the development of

the parasite depends on the total population.

Keywords: Toxoplasma gondii, macrophages, nitric oxide; phosphatidylserine Keywords:

Toxoplasma gondii, macrophages, nitric oxide; phosphatidylserine

Sumário

Resumo.................................................................................................................................iii

Abstract................................................................................................................................iv

1. Introdução ......................................................................................................................... 7

1.1. O Toxoplasma gondii .................................................................................................. 7

1.2. O macrófago ................................................................................................................ 9

1.3. Parasito X Célula ....................................................................................................... 10

2. Objetivo ........................................................................................................................... 12

3. Materiais e métodos........................................................................................................ 13

3.1. Macrófagos peritoneais ............................................................................................. 13

3.2. Obtenção de taquizoítas de Toxoplasma gondii ........................................................ 13

3.3. Isolamento de subpopulações PS+ e PS-................................................................... 13

As subpopulações PS+ e PS- foram isoladas da seguinte forma:..................................... 13

3.4. Análise por Citometria de fluxo do método de separação das populações ............... 14

3.5. Ativação de macrófagos peritoneais e interação com parasitas ................................ 14

3.6. Preparo de amostras para análise em microscópio óptico e índice de Infecção ........ 14

3.7. Preparo de amostras para microscopia eletrônica de varredura ................................ 15

3.8. Análise da produção de óxido nítrico ........................................................................ 15

3.9. Teste in vivo............................................................................................................... 15

3.10. Preparo de amostras para microscopia eletrônica de transmissão e microscopia óptica ................................................................................................................................ 15

4. Resultados ....................................................................................................................... 17

4.1. Análise da eficácia do método de isolamento de subpopulações de T.gondii. .......... 17

4.2. Índice de infecção da interação realizada entre as subpopulações isoladas e a população total de T.gondii com macrófagos................................................................... 18

4.3. Microscopia eletrônica de varredura das interações entre a subpopulação de T.gondii PS- e PS+ com macrófagos. ............................................................................................. 19

4.4. Dosagem do nitrito contido no sobrenadante da interação das subpopulações e população total (controle) de T.gondii com macrófagos .................................................. 20

4.5. Índice de mortalidade de camundongos C57/BL-6 durante as infecções com as subpopulações isoladas de T.gondii e a população total (controle).................................. 21

6

4.6. Microscopia óptica de tecido do baço e do fígado de camundongo C57/BL-6 após a interação com subpopulação de T. gondii PS + e PS- e população total.......................... 22

4.7. Microscopia Eletrônica de Transmissão do baço e do fígado de camundongos C57/BL-6 após a interação com as subpopulações e população total de T. gondii. ......... 23

5. Discussão ......................................................................................................................... 24

6. Conclusão ........................................................................................................................ 27

7. Referências ...................................................................................................................... 28

7

1. Introdução

1.1. O Toxoplasma gondii

A Toxoplasmose é uma doença mundial causada pelo Toxoplasma gondii e os

países que apresentam maiores taxas de infecção localizam-se em áreas de clima quente e

úmido e em altitudes menores. Em vários lugares do mundo, cerca de 95% da população

encontra-se infectada pelo T. gondii.

O T. gondii foi descrito primeiramente no Brasil por Splendore (1908) em um

coelho e, por Nicolle & Manceaux (1908) no Norte da África em um roedor

(Ctenodactylus gondi). Trata-se de um protozoário parasítico intracelular obrigatório capaz

de infectar uma grande variedade de vertebrados, inclusive seres humanos (LYONS &

JOHNSON, 1995; HOWE et al., 1996). Pertencente ao Filo Apicomplexa, à Classe

Sporozoea, à Sub-classe Coccidia, à Ordem Eucoccidiida, à Família Sarcocystidae e à

Sub-família Toxoplasmatinae (LEVINE et al., 1980).

O ciclo de vida do T.gondii (figura 1) é heterogêneo, tendo como hospedeiros

definitivos membros da família felidae e como hospedeiros intermediários outros

mamíferos e algumas aves. As principais formas infectivas do parasita são os bradizoítos,

que formam cistos teciduais, e os esporozoítos, que formam os oocistos.

8

Figura 1: Ciclo de vida do T. gondii (DUBEY, 1998)

A infecção origina-se principalmente por via oral, através da ingestão de água e

vegetais contendo oocistos ou carne contaminada por cistos teciduais. (WONG &

REMINGTON, 1993). Após a ingestão, através da degradação enzimática, a parede

externa dos cistos teciduais e dos oocistos é rompida, liberando, assim, as formas

infectantes esporozoítos e bradizoítos, respectivamente, no intestino do hospedeiro, onde

as células são invadidas rapidamente pelos parasitos, que se diferencia em uma forma de

multiplicação rápida, a taquizoíta, que se multiplica assexuadamente. Os taquizoítas são

liberados na corrente sanguínea após o rompimento da parede da célula hospedeira,

possibilitando, assim, a infecção de outras células, o que possibilita sua propagação por

todo o organismo. Esta infecção inicial é dada como a fase aguda da doença. Quando o

sistema imunológico do hospedeiro começa a atuar sobre os taquizoítas, o parasito sofre

uma nova diferenciação em bradizoítos, que é uma forma de desenvolvimento lenta,

formando os cistos teciduais, o que caracteriza a fase crônica da infecção (REY, 2002).

Em membros da família felidae, após a ingestão de alimentos contendo cistos, os

bradizoítos liberados dos enterócitos, multiplicam-se por uma série de esquizogonias, e se

diferenciam em gametas masculinos e femininos. A fusão desses gametas resulta na

formação de um zigoto diplóide (oocisto) que é liberado no ambiente através das fezes do

9

animal, onde se divide em 8 progênies haplóides denominadas esporozoítos (WONG &

REMINGTON, 1993). O T. gondii também pode ser transmitido pela via transplacentária

ao feto durante a infecção aguda de fêmeas no período de gestação (FRENKEL, 1990).

1.2. O macrófago

O macrófago é a célula mais diferenciada do sistema mononuclear fagocítico (VAN

FURTH, 1972) com medida típica entre 25 a 50 m de diâmetro. Sua superfície apresenta

grande número de projeções, pseudópodes e invaginações, e o citoplasma grande com

número de vesículas e vacúolos, que podem ser de secreção ou de reserva (SANTOS & DE

SOUZA, 1983). Filamentos de actina e microtúbulos estão espalhados pelo citoplasma

com forte concentração próximo à superfície celular e estão envolvidos na mobilidade dos

pseudópodos (DE SOUZA & BENCHIMOL, 1985), bem como no tráfico vesicular e de

organelas (ALLISON et al., 1971). O núcleo do macrófago apresenta-se com formato

irregular e em cortes finos mostra alguns lóbulos. Na microscopia óptica, o macrófago

possui um núcleo mais regular, com formato riniforme. A cromatina encontra-se dispersa.

Lisossomos estão presentes espalhados pelo citoplasma. A região do Golgi é bem

desenvolvida, posicionando-se ao redor do centríolo. O retículo endoplasmático rugoso

também é bem desenvolvido, estando geralmente perto do núcleo e do Complexo de Golgi

(Ian, 1973). As mitocôndrias encontram-se em grande número irradiando da região

perinuclear para a periferia celular (CARVALHO & DE SOUZA, 1989).

A ativação de macrófagos pode ser definida como sendo a aquisição da capacidade

de realizar funções complexas (ADANS & HAMILTON, 1984), funções essas que o

macrófago residente não realiza. Sabe-se que a ativação dos macrófagos está relacionada à

resposta imunológica inata ou específica na qual o antígeno (patógeno) inoculado é

apresentado a linfócitos T que secretam citocinas, como o interferon- (IFN-), que irão

ativar os macrófagos podendo, estes, serem mais ativados se entrarem em contato com

lipopolissacarídeo ou fator de necrose tumoral (TNF-) (ADANS & HAMILTON, 1984).

O IFN- é o principal sinal para ativação de macrófagos e está relacionado com

ativação anti-parasitária, que é baseada na produção de óxido nítrico (NO) (MUNÕZ-

10

FERNANDES et al., 1992). Macrófagos de camundongo tratados com IFN- em

combinação com lipopolissacarídeo bacteriano (LPS) vão expressar a enzima óxido

sintetase induzível (iNOS) (STUEHR & MARLETTA, 1987). Esta enzima, em

macrófagos de camundongo, possui duas variantes: uma encontrada no citosol (130 kDa) e

a outra associada a pequenas vesículas citoplasmáticas (135 Kda). Estas pequenas

vesículas não correspondem a lisossomos ou peroxissomos (VODOVOTZ et al., 1995). A

reação que leva a produção de NO pode ser descrita como se segue:

L - arginina iNOS NO + L – citrulina

Quadro 1: reação de produção de NO

Através da quantificação dos íons nitrito e nitrato, produtos finais gerados pela

estabilização do NO, é possível avaliar a produção de NO pelos macrófagos em cultura

(MOSHAGE et al., 1995)

1.3. Parasito X Célula

A fagocitose é a primeira barreira que protozoários invasores precisam burlar para

sobreviver. O processo de entrada se inicia com a adesão do microorganismo na superfície

celular do macrófago. Após a adesão à superfície e ingestão do protozoário, ocorre a

formação do vacúolo fagocítico, que se funde com lisossomas. As enzimas lisossomais

degradam o que se encontra no interior do fagolisossoma. Certos parasitos protozoários

como o T. cruzi escapam desses vacúolos sem danos expressivos, outros como o T. gondii

não permitem a fusão dos lisossomas com o vacúolo, enquanto que parasitas como

Leishmania sp. conseguem sobreviver dentro de vacúolos acidificados que contêm enzimas

lisossomais (revisto em DE SOUZA, 1994).

Já foi descrito que amastigotas (BALANCO et al., 2001) e promastigotas

metacíclicas (TRIPATHI & GUPTA, 2003) de L. amazonensis expressam fosfatidilserina

(PS) do lado externo da membrana plasmática (BARCINSKI et al., 2003). A exposição de

Fosfatidilserina (PS) na superfície da membrana plasmática é o principal evento para

11

indicar apoptose. Esta exposição é fundamental para que o Fator de Transformação de

Crescimento beta1 (TGF-1) sinalize e induza uma resposta antiinflamatória durante a

fagocitose de células apoptóticas. Quando o parasita protozoário expõe PS, inibe a

atividade inflamatória do macrófago por reproduzir a sinalização das células apoptóticas.

Nosso grupo tem mostrado que o mecanismo utilizado pelo T.gondii para inibir o

NO é similar ao apresentado na Leishmania quanto à dependência da exposição de PS.

Estudos da interação de macrófagos com T. gondii vem demonstrando que o parasito

também possui capacidade de inibir a ativação de macrófagos. Foi demonstrado que

macrófagos de camundongo ativados com IFN- e LPS infectados com taquizoítas de T.

gondii tem a produção de NO inibida devido à redução da expressão da iNOS em

macrófagos infectados (SEABRA et al., 2002). Taquizoítas de T. gondii apresentam baixa

infectividade quando colocados para interagir com células mutantes (sem receptores para

TGF-), comparados a interação com células parentais (SEABRA et al., 2002). Sugere-se

que o T.gondii utiliza estes receptores, podendo ativá-los durante a entrada. Tem-se

descrito a exposição de PS nas formas infectivas de protozoários parasitas como T. cruzi

(DAMATTA, et al., 2007).

Estes protozoários parasitos como o Toxoplasma gondii possuem mecanismos de

invasão às células hospedeiras muito investigados, tais como: fagocitose (JOINER &

DUBREMETZ, 1993) na qual o parasito não tem participação ativa na entrada e também

por penetração ativa, onde o parasito entra em contato com a membrana da célula

hospedeira, força-a, formando vacúolo rente ao seu corpo.

Estudos têm sido realizados com a finalidade de conhecer processos relacionados à

infecção com estes parasitos como mecanismos de invasão e infecção gerados em células

fagocíticas como o macrófago.

12

2. Objetivo

Avaliar o comportamento da infecção realizada por subpopulações PS+ e PS- isoladas.

13

3. Materiais e métodos

3.1. Macrófagos peritoneais

Macrófagos peritoneais foram obtidos por lavagem peritoneal de camundongos

suiços (CF1) com 5 ml de solução de Hank. Os macrófagos foram plaqueados em

lamínulas de vidro em placas de 24 poços. Após 1 hora de aderência a 37°C, as células

eram lavadas com solução de Hank a 37°C e cultivadas com meio Eagle modificado por

Dulbeccus (DMEM) contendo 5% de soro fetal bovino (SFB) a 37°C, em atmosfera de 5%

de CO2.

3.2. Obtenção de taquizoítas de Toxoplasma gondii

Taquizoítas de T. gondii (cepa RH) foram mantidos por inoculação na cavidade

peritoneal de camundongos a cada 2 ou 3 dias. Após esse período, era feito lavado

peritoneal injetando 3 ml de solução de Hank. O lavado foi centrifugado a 100g por 5

minutos, o sobrenadante coletado e centrifugado a 1000g por 10 minutos. Os parasitos

eram ressuspensos em DMEM e contados.

3.3. Isolamento de subpopulações PS+ e PS-

As subpopulações PS+ e PS- foram isoladas da seguinte forma:

Os parasitos foram coletados do camundongo infectado, purificados e em seguida foi

adicionado Anexina V incorporada à microesferas magnéticas, que reconhece e se liga

à Fosfatidilserina. Após a ligação das microesferas aos parasitos, foi feita a passagem

destes pela coluna magnética, onde somente os parasitos PS+ ficam aderidos à coluna,

que depois foi eluída para coleta destes.

14

3.4. Análise por Citometria de fluxo do método de separação das populações

Após a separação realizada na coluna magnética, as subpopulações de T.gondii

isoladas foram incubadas com iodeto de propidium por 1h à temperatura ambiente. O

controle foi feito com a população total dos parasitos, também incubada com iodeto de

propidium. Após incubação, os parasitos foram analisados em um citômetro de fluxo BD

Xcalibur. As análises em histograma e gráfico de pontos foram realizadas no programa

WinMDI 2.8 para PC.

3.5. Ativação de macrófagos peritoneais e interação com parasitas

Interações foram feitas com macrófagos: a) residentes, b) ativados com 50 U/ml de

interferon- recombinante de camundongo (IFN-; Sigma) e 100 ng/ml de

lipopolissacarídeo bacteriano (LPS; Sigma). As células eram lavadas e os protozoários PS-

, PS+ isolados e população total colocados na proporção de 10 parasitas por macrófago por

1 e 24 horas

3.6. Preparo de amostras para análise em microscópio óptico e índice de Infecção

Após o processo de fixação, as células foram lavadas, coradas com solução de

Giemsa (diluído em água destilada na proporção de 1:10), desidratadas numa série de

soluções acetona-xilol, montadas sobre Entellan e observadas em microscópio óptico

Axioplan – ZEISS. O índice de infecção (I.I.) foi obtido da seguinte forma:

I.I.= % células infectadas (nº parasitos intracelulares/ nº total de células infectadas).

Quadro 2: cálculo realizado para obtenção do índice de infecção

15

3.7. Preparo de amostras para microscopia eletrônica de varredura

As lamínulas foram fixadas em fixador de Karnovsky (paraformaldeído 4%,

glutaraldeído 2,5%, tampão cacodilato de sódio 0,1M, pH 7.4), desidratadas nas seguintes

concentrações de acetona: 30%, 40%, 50%, 70% e 100%, secas em ponto crítico e

recobertas com ouro através de metalização com 25 nm de espessura.

3.8. Análise da produção de óxido nítrico

A produção de NO foi avaliada indiretamente pela leitura colorimétrica do nitrito

nos diferentes sobrenadantes das culturas pelo reagente de Griess. Os sobrenadantes eram

misturados na proporção de 1:1 com o reagente de Griess (1 volume de 1 % de

Sulfanilamida em 5 % de ácido ortofosfórico em água deionizada com volume igual de 0,1

% de N-[1-Naphthyl] Ethylenediamina em água deionizada). Após 10 minutos, a mistura

era lida em leitor de ELISA (540 nm) e a quantificação da produção de NO baseada na

curva padrão feita com quantidades de nitrito de Sódio definidas, diluídas no meio de

cultura (GREEN et al., 1982).

3.9. Teste in vivo

Oito camundongos C57/BL-6 foram inoculados com a subpopulação de parasitos

PS-, oito com a subpopulação PS+ e oito com a população total (controle), na concentração

de 105 parasitos por mL. Baços e fígados desses camundongos foram coletados e

processados para microscopia óptica e eletrônica de transmissão após a morte dos mesmos.

3.10. Preparo de amostras para microscopia eletrônica de transmissão e microscopia

óptica

A etapa de fixação foi feita com 2.5% de glutaraldeído e 4% de paraformaldeído

em tampão cacodilato de sódio 0,1M (pH 7.4). Antes da pós-fixação, as amostras foram

lavadas com tampão cacodilato de sódio e então pós-fixadas com solução contendo 1% de

tetróxido de ósmio. Após este processo, as amostras foram desidratadas com acetona em

16

diferentes concentrações: 30%, 40%, 50%, 70% e 100%. A inclusão foi feita com resina

epóxi. Seções ultrafinas de 80 nm de espessura foram coradas com acetato de uranila e

citrato de chumbo (amostras para microscopia de transmissão) e com coradas com solução

de Giemsa (amostras para microscopia óptica).

17

4. Resultados

4.1. Análise da eficácia do método de isolamento de subpopulações de T.gondii.

Observa-se na figura 2 que as curvas cinza dos histogramas se deslocaram para a

direita, em relação às curvas pretas, o que indica o isolamento satisfatório das

subpopulações de T.gondii.

A

PS+

B

PS-

Figura 2 - (A) Análise por citometria de fluxo da subpopulação de T.gondii PS+ marcados

com annexin-V(linha cinza) e da população total de parasitos (linha preta). (B) Análise da

subpopulação PS- (linha cinza) e da população total (linha preta).

18

4.2. Índice de infecção da interação realizada entre as subpopulações isoladas e a

população total de T.gondii com macrófagos.

Houve uma redução no índice de infecção nas interações com as subpopulações

isoladas em relação ao controle realizado com a população total (figura 3). As

subpopulações de T.gondii isoladas geraram uma infecção baixa em relação à infecção

gerada pela população total (controle) de parasitos. Nota-se que a subpopulação PS+ gerou

uma baixa infecção, enquanto a subpopulação PS- não gerou praticamente nenhuma

infecção.

Figura 3 - Interação de macrófagos com subpopulações isoladas de T. gondii e população

total.

19

4.3. Microscopia eletrônica de varredura das interações entre a subpopulação de

T.gondii PS- e PS+ com macrófagos.

Foram observados grandes vacúolos ao redor dos parasitos PS- (Figura 4 A/B), o

que é considerado um indício de fagocitose. Ao redor dos parasitos PS+, foram observados

vacúolos estreitos, rentes ao corpo do parasito (Figura 4 C/D), caracterizando uma

penetração ativa destes nos macrófagos.

A B

C D

Figura 4 - Microscopia Eletrônica de Varredura da interação de subpopulações

Toxoplasma gondii com macrófagos. A/B- Interação com macrófagos com subpopulação

PS- de T. gondii. C/D- Interação de macrófagos com subpopulação PS + de T. gondii.

20

4.4. Dosagem do nitrito contido no sobrenadante da interação das subpopulações e

população total (controle) de T.gondii com macrófagos

Nota-se na figura 5 que somente a população PS+ inibiu a produção de NO, visto

que a quantidade de nitrito quantificado no sobrenadante da infecção pela subpopulação

PS- foi, estatisticamente, igual à quantidade obtida da interação dos macrófagos com a

população total.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Control PS- PS+ Control PS- PS+

24 horas 1 hora

Nit

rito

M

Figura 5: Dosagem do nitrito contido no sobrenadante da interação das subpopulações e

população total (controle) de T.gondii com macrófagos.

21

4.5. Índice de mortalidade de camundongos C57/BL-6 durante as infecções com as

subpopulações isoladas de T.gondii e a população total (controle).

Os camundongos infectados com a população total de parasitos sobreviveram por 7

dias, enquanto os camundongos infectados com as subpopulações isoladas de T.gondii PS+

e PS- morreram 5 dias após o inóculo.

1 2 3 4 5 6 7

PS+

Controle01

2

3

4

5

6

7

8

Dias

Nº de Camundongos

PS+

PS-

Controle

Figura 6: Índice de mortalidade de camundongos C57/BL-6 durante as infecções com as

subpopulações isoladas de T.gondii e a população total (controle).

22

4.6. Microscopia óptica de tecido do baço e do fígado de camundongo C57/BL-6 após

a interação com subpopulação de T. gondii PS + e PS- e população total.

Nota-se a presença de células inflamatórias nos camundongos infectados com os

parasitos PS- (figuras 7 A/D - setas), a presença de parasitos nos camundongos infectados

com a subpopulação PS+ (Figura 7 B/E), e a presença de parasitos e de um infiltrado

inflamatório nos camundongos infectados com a população total de T.gondii (Figura 7

C/F).

B CA

FD E

Figura 7 - Microscopia óptica de tecido do baço e do fígado de camundongo C57/BL-6

após a interação com subpopulação de T. gondii PS + e PS- e população total. A, B e C-

imagens do baço após a interação com PS-(A), PS + (B) e a população total de T. gondii

(C). D, E e F - imagens do fígado dos camundongos após a interação com PS-(D), PS + (E)

e a população total de T. gondii (F).

23

4.7. Microscopia Eletrônica de Transmissão do baço e do fígado de camundongos

C57/BL-6 após a interação com as subpopulações e população total de T. gondii.

O resultado obtido foi semelhante ao obtido na análise por microscopia óptica do

fígado e do baço dos camundongos infectados pelas diferentes populações de T.gondii,

onde se verificou a presença de células inflamatórias nos camundongos infectados com os

parasitos PS- (Figura 8 A/D - setas), a presença de parasitos nos camundongos infectados

com a subpopulação PS+ (Figura 8 B/E), e a presença de parasitos e de um infiltrado

inflamatório nos camundongos infectados com a população total de T.gondii (Figura 8

C/F).

A B

ED

C

F

Figura 8 - Microscopia Eletrônica de Transmissão do baço e do fígado de camundongos

C57/BL-6 após a interação com as subpopulações e população total de T. gondii. A, B e C-

imagens do baço após a interação com PS-(A), PS + (B) e a população total de T. gondii

(C). D, E e F - imagens do fígado dos camundongos após a interação com PS-(D), PS + (E)

e a população total de T. gondii (F).

24

5. Discussão

O Toxoplasma gondii é um protozoário parasítico intracelular obrigatório e

causador da Toxoplasmose, uma doença mundial que atinge principalmente países de

clima quente e úmido, localizados em altitudes menores, infectando diversos tipos de

vertebrados, inclusive humanos (LYONS & JOHNSON, 1995; HOWE et al., 1996). O

parasito penetra no organismo do hospedeiro através da ingestão de vegetais e água

infectados por oocistos (esporozoítos) ou carne contaminada por cistos teciduais

(bradizoítos), podendo ainda ocorrer a infecção via transplacentária, quando a

contaminação da mãe ocorre durante o período gestacional. Após penetrar no organismo

hospedeiro por via oral, a parede dos cistos é degradada pela ação de enzimas estomacais e

os parasitos são liberados, diferenciando-se em taquizoítas, que é uma forma de rápida

reprodução. Os taquizoítas invadem as células do hospedeiro e multiplicam-se

assexuadamente, (endodiogenia) nos hospedeiros intermediários, ou sexuadamente, em

membros da família felidae, o que caracteriza a fase aguda da doença. Quando o sistema

imunológico do hospedeiro passa a desempenhar uma grande atividade contra os parasitos,

estes invadem as células e se diferenciam em bradizoítos, que é uma forma de proliferação

lenta do T.gondii, formando os cistos teciduais, caracterizando a fase crônica da doença.

O sucesso da infecção do organismo pelo parasito depende dos mecanismos de

evasão deste da resposta imunológica do hospedeiro. Têm-se descrito em estudos com

Leishmania amazonensis que a exposição de fosfatidilserina na superfície dos parasitos é

um dos principais mecanismos de inibição da resposta imunológica. A fosfatidilserina é

um fosfolipídio que compõe a membrana celular que, em situações normais, fica voltado

para o meio intracelular. Quando uma célula entra em processo de apoptose, a

fosfatidilserina é exposta na parte extracelular da membrana, funcionando como

sinalizador inibindo o desencadeamento de uma resposta inflamatória influenciada pelos

macrófagos. Este trabalho foi baseado nesta capacidade que certa população de T.gondii

possui de expor fosfatidilserina em sua superfície, o que mimetiza o estado de apoptose

celular, inibindo uma resposta anti-parasitária do organismo hospedeiro. Em busca da

compreensão do comportamento da infecção originada por estas subpopulações de

parasitos, a que expõe fosfatidilserina (PS+) e a que não expõe fosfatidilserina (PS-), foram

25

realizadas interações in vitro e testes in vivo após o processo de isolamento dessas

subpopulações, através de separação magnética.

Com o objetivo de comprovar que o mecanismo de isolamento de subpopulações

empregado separava satisfatoriamente as populações PS+ e PS-, após o processo de

separação, os parasitos foram processados e submetidos à citometria de fluxo. De acordo

com a plotagem dos histogramas obtidos por citometria de fluxo após a análise da

população total de parasitos e das subpopulações isoladas (figura 2) foi possível verificar

que o sistema de separação empregado fornece um isolamento satisfatório das

subpopulações, o que é primordial para que os resultados obtidos nos experimentos

posteriores sejam validados.

Através da interação entre macrófagos peritoneais de camundongos com as

subpopulações isoladas de T. gondii e população total nos períodos de 1 hora e 24 horas

(figura 3), foi observado que as subpopulações isoladas de T.gondii estabeleceram uma

infecção menor que a população total (controle). Para melhor compreensão deste resultado,

foi realizada a análise por microscopia eletrônica de varredura dessas interações, o que

possibilitou a verificação de que os parasitos PS- invadem os macrófagos através de

mecanismos fagocíticos, através da observação do grande vacúolo ao redor do parasito

(figuras 4A e 4B), enquanto os parasitos PS+ invadem os macrófagos por penetração ativa,

visto o vacúolo rente ao corpo do parasito (figuras 4C e 4D). Com este resultado, conclui-

se que o índice de infecção na interação com a subpopulação PS+ foi maior que o índice

gerado pela infecção por parasitos PS- devido aos diferentes métodos de invasão celular

utilizados e ao estabelecimento do mecanismo de evasão pelos parasitos, onde os que

expõem fosfatidilserina penetram nos macrófagos de maneira ativa e, além disso, é capaz

de mimetizar a sinalização de uma célula em apoptose, inibindo, assim, a produção de NO

no interior do vacúolo. Já os parasitos PS- negativos, além de penetrarem nos macrófagos

por fagocitose, não são capazes de estabelecer o mecanismo de evasão, não inibindo,

assim, a atividade anti-parasitária dos macrófagos, o que explica a praticamente ausência

de infecção na interação por estes parasitos.

A dosagem do nitrito presente no sobrenadante nas interações por colorimetria

torna possível a elucidação da taxa de produção de óxido nítrico (NO) pelos macrófagos,

26

que, normalmente, produzem o NO no interior do vacúolo durante sua atividade anti-

parasitária, afim de destruir os parasitos que se encontram no vacúolo. A quantificação do

nitrito contido no sobrenadante das interações com as subpopulações isoladas, assim como

com a população total de T.gondii (figura 5) evidenciam que somente a subpopulação PS+

inibiu a produção de NO, visto que a quantidade de nitrito quantificado no sobrenadante da

infecção pela subpopulação PS- foi, estatisticamente, igual à quantidade obtida da

interação dos macrófagos com a população total. Este resultado confirma a idéia de que

somente os parasitos que expõem fosfatidilserina são capazes de inibir a produção de NO

pelos macrófagos.

Com a avaliação in vivo do comportamento das infecções com as subpopulações

PS- e PS+ total de T.gondii, verificou-se que os camundongos infectados pelas

subpopulações isoladas de parasitos tiveram uma morte precoce em relação aos

camundongos infectados pela população total de parasitos (figura 6). Através da avaliação

do fígado e do baço dos camundongos infectados por microscopia óptica (figura 7) e

microscopia eletrônica de transmissão (figura 8), sugere-se que os camundongos infectados

pela subpopulação PS+ morreram por hiperparazitemia (nota-se a presença de muitos

parasitos nas figuras 7B, 7E, 8B e 8E), visto que o sistema imunológico destes não foi

ativado de modo a conter e controlar a proliferação do parasito no organismo, e que os

camundongos infectados pela subpopulação PS- morreram devido o grande processo

inflamatório gerado por seus sistemas imunológicos (nota-se a presença de células

inflamatórias nas figuras 7A, 7D, 8A e 8D) já que os parasitos que não expõem

fosfatidilserina não são capazes de estabelecer a inibição da atividade antiparasitária. No

fígado e baço de camundongos infectados com a população total (controle) observa-se a

presença de parasitos e de infiltrado inflamatório (figuras 7C, 7F, 8C e 8F,

respectivamente), sugerindo que a sobrevida desses camundongos em relação aos outros

infectados com as subpopulações isoladas deve-se ao estado de equilíbrio entre a resposta

imunológica do hospedeiro e o desenvolvimento do parasito.

27

6. Conclusão

Com os resultados obtidos, conclui-se que para a infecção pelo parasito

Toxoplasma gondii ser estabelecida satisfatoriamente, possibilitando o desenvolvimento do

parasito, é necessária a presença da população total destes. Este fato pode se dar através da

necessidade do controle da resposta imunológica, de modo que seja estabelecido um limite

na proliferação dos parasitos no organismo, garantindo, assim, a sobrevivência do

hospedeiro e, consequentemente, do T.gondii.

28

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