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. DEPARTAMENTO DE QUÍMICA – CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS Intemperismo Fotoquímico do Petróleo Colombiano Gislaine M. Bragagnolo LONDRINA 2003

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. DEPARTAMENTO DE QUÍMICA – CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS

Intemperismo Fotoquímico do Petróleo Colombiano

Gislaine M. Bragagnolo

LONDRINA

2003

RESUMO

Este trabalho tem o intuito de analisar o intemperismo do petróleo

colombiano.

Várias amostras irradiadas e não irradiadas (branco) do óleo e da água foram

irradiadas ao Sol por várias horas e, posteriormente analisadas por espectrofluorimetria para

verificar se ocorreu alguma mudança nas fases.

A fase aquosa além de ter sido irradiada e não irradiada, ainda foi tratada

com solução de peróxido de hidrogênio e suspensão de dióxido de titânio para verificar se

esses oxidantes são capazes de oxidar componentes do petróleo fazendo com que a

intensidade de fluorescência na água diminua.

I. INTRODUÇÃO

I.1 Composição de petróleo

A composição de petróleo é extremamente complexa e varia de acordo com

o tipo de petróleo (NAS, 1985). Essa composição pode mudar com o tempo, mesmo quando a

amostra é retirada de um mesmo poço.

Petróleo é dividido em frações de acordo com a solubilidade, ponto de

ebulição e propriedades cromatográficas em sílica gel. Em termos químicos, o óleo bruto é

dividido em frações alifáticas, frações aromáticas, frações polares e frações asfaltênicas (Gill

et al, 1989,).

As frações alifáticas predominantemente apresentam hidrocarbonetos

saturados de cadeia normal além de muitos ciclos e policiclos (naftenos). As frações

aromáticas apresentam hidrocarbonetos aromáticos alquilados com um a cinco anéis

aromáticos conjugados. A fração polar contém muitos aromáticos heterocíclicos que pode

incluir derivados de porfirina e compostos alifáticos contendo nitrogênio e enxofre, além de

apresentar traços de grupos como álcool, fenol, cetona e ácido carboxílico. A identificação de

ácido carboxílico pode indicar o ano de formação do óleo (Seifert, 1973). A fração asfaltênica

é definida como a fração insolúvel em pentano ou heptano. Essa fração pode variar de

petróleo para petróleo e até mesmo pode estar ausente (Nicodem et al, 2001).

Os aromáticos, nafteno-aromáticos e aromáticos com enxofre (tiofenos) ou

derivados são os principais componentes do óleo bruto responsáveis pelos principais danos ao

meio ambiente e a saúde humana. Esses componentes são usualmente a maior constituição de

frações de hidrocarbonetos com alto ponto de ebulição. Eles incluem um ou vários anéis

aromáticos condensados os quais se fundem com anéis naftênicos e ramificações. As

estruturas mais freqüentes estão representadas na tabela 1.

Tabela 1 – Principais tipos de hidrocarbonetos do óleo bruto ( Tissot et al, 1984)

Fórmula

molecular

Mono-

aromáticos

Di-aromáticos Tri-aromáticos Moléculas

aromáticas com

enxofre

CnH2n-6 R

S

R

CnH2n-10S

CnH2n-8 R

S

R

CnH2n-12S

CnH2n-10 R

S

R

CnH2n-14S

CnH2n-12 R

R

S

R

CnH2n-16S

CnH2n-14 RR

S

R

CnH2n-18S

CnH2n-16 R

S

R

CnH2n-20S

CnH2n-18 RR

S CnH2n-22S

CnH2n-20

S CnH2n-24S

I.2 Intemperismo sofrido pelo óleo

O destino do óleo derramado em ambientes marinhos depende de uma série

de processos físicos, químicos e biológicos, denominados de intemperismo.

Quando petróleo é derramado em águas naturais os processos físicos de

intemperismo iniciam-se rapidamente e a degradação biológica é lenta devido à toxicidade de

seus componentes e, algumas vezes, pela falta de nutrientes. As transformações químicas

acontecem principalmente devido a processos fotoquímicos, os quais são significativos na

oxidação dos componentes recalcitrantes do óleo (nicodem et al, 1997).

O intemperismo fotoquímico ocorre por reações com oxigênio singlete e

radicais livres (Guedes et al, 1998). Produtos da fotooxidação do óleo são foto-reativos em

água, ocorrendo à degradação através de transferência de elétrons e formação de radicais

livres (Nicodem et al, 2001).

Os resultados do intemperismo de petróleo são razoavelmente conhecidos

como resultado de análises ambientais, mas os processos pelos quais ocorrem as alterações

não são bem definidos.

Processos físicos

-evaporação

-lavagem

-dissolução

-“mousse”

-deposição

-sedimentação

Processos químicos

-destruição de

aromáticos

-formação de

surfactantes

-produtos solúveis em

água

-oxigenação

Processos biológicos

-mineralização

-oxidação parcial

-metabólitos

Figura 1 Interação entre os processos de intemperismo do petróleo

No início a evaporação aumenta a viscosidade e a densidade do petróleo e

ainda inicia-se a formação de emulsões água em óleo, conhecidas como “mousse" de

chocolate “(Nicodem, 1998).

Processos fotoquímicos modificam as propriedades físicas, a composição do

óleo, e a solubilidade. O aumento na solubilidade afeta a toxicidade e a biodegradação, além

de permitir a fotodegradação na fase aquosa.

A tabela 2 mostra vários hidrocarbonetos aromáticos que são considerados

tóxicos tanto ao meio ambiente quanto ao seres humanos, neste caso eles são considerados

carcinogênicos e eles são encontrados em quantidades variadas no petróleo e são controlados

pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA e pela Associação de Saúde (Bedding et al,

1995 e Kumke et al, 1995).

Tabela 2 – PAHs classificados como principais poluentes pela “U.S. Environmental

Protection Agency”(EPA)

(PAHs)

nomenclatura

peso

molecular

número

de anéis

λ máximo de

absorção (nm)

λ máximo de

emissão (nm)

Naftaleno 128 2 319

302

322

Acenaftileno 152 3 456

324

541

Acenafteno 154 3 320

300

347

Fluoreno 166 3 300 310

Fenantreno 178 3 346

330

364

Antraceno 178 3 374

356

399

Fluoranteno 202 4 359 462

Pireno 202 4 372

336

383

(PAHs)

nomenclatura

peso

molecular

número

de anéis

λ máximo de

absorção (nm)

λ máximo de

emissão (nm)

Benz[a]

antraceno

228 4 385

300

385

Criseno 228 4 362

321

381

Benzo[k]

fluoranteno

252 5 402

308

402

Benzo[b]

fluoranteno

252 5 369

302

446

Benzo[a]pireno 252 5 404

385

403

Benzo[g,h,i]

perileno

276 6 406

300

419

Indeno

[1,2,3-cd]

pireno

276 6 460

302

503

(PAHs)

nomenclatura

peso

molecular

número

de anéis

λ máximo de

absorção (nm)

λ máximo de

emissão (nm)

Dibenz[a,h]

antraceno

278 5 394

322

394

Fonte: Guedes, 1998

I.3 Mecanismos de fotodegradação do óleo

Os mecanismos abaixo representados pela figura 2 (Correa, 1997), referem-

se a transferência de energia de estados eletronicamente excitados (triplete) de componentes

aromáticos e polares para oxigênio molecular gerando oxigênio singlete (Gorman, 1992), os

quais podem interagir com compostos aromáticos e heterocíclicos com enxofre por adição.

(a)

singlete (esta-do excitado)

triplete (esta-do excitado)

S0 S1 T1

singlete (esta-do fundamental)

(b)

O OO2

*1

(c)

S S OO*2

1

(d)

Figura 2: Figura (a) representação do estado fundamental e excitado do oxigênio Figuras (b) e

(b) representam o mecanismo da reatividade de oxigênio singlete, figura (d) mecanismo de

fotodimerização de HPA

Muitos trabalhos publicados sobre fotoquímica dos filmes de óleo estão

preocupados com as alterações físicas e químicas do óleo observado. Embora exista

especulação do processo fotoquímico envolvido, poucos trabalhos tem sido realizados.

Os resultados são muito complicados porque diferentes técnicas são

aplicadas, sendo assim, resultando de conclusões freqüentemente divergentes (Nicodem et al,

1998).

I.4 Propriedades físicas do óleo

As mudanças físicas mais importantes que estão relacionadas com o

impacto ambiental são: evaporação, difusão, emulsificação e dissolução. As transformações

químicas afetam todos esses processos físicos.

Quando o óleo é derramado na superfície da água, a ação dos ventos e o

bater das ondas misturam e dispersam o óleo na água. Há emulsões água em óleo as quais

podem conter até 90% de água (Thingstas & Pengerud, 1983) que se tornam completamente

estáveis. Essas emulsões são denominadas “mousse de chocolate” devido a sua aparência.

A formação do “mousse” é um processo importante no intemperismo de

petróleo porque a emulsão água-óleo é altamente viscosa e fica aderida em areias e rochas. É

muito difícil a remoção e o tratamento do “mousse”, por isso ele aumenta o impacto

ambiental. Sua formação esta relacionada com a formação de material polar de alto peso

molecular, e pode ser inibido por β-caroteno que é um bom supressor de oxigênio singlete

(Thingstad & Pengerud, 1983).

A capacidade do petróleo de não sofrer intemperismo para formar emulsões

água-óleo depende da concentração de frações asfaltênicas (Mackay et al, 1973).

I.5 Solubilidade e fotodegradação em água

A irradiação do óleo pode aumentar a solubilidade do material em água a

qual se torna tóxica para muitos organismos aquáticos e seres humanos. O aumento na

toxicidade se deve a formação de derivados polares de todas as frações de petróleo como, por

exemplo, hidroperóxidos, ácidos, fenóis dentre outros.

Produtos de petróleo refinado, tais como gasolina, óleo diesel e outros

combustíveis, são mais solúveis em água (Zürcher & Thuer, 1978). Essa solubilidade esta

relacionada com os componentes de baixo peso molecular, por exemplo, fração aromática

monocíclica do petróleo. Esses compostos tem grande capacidade de serem volatilizados e

rapidamente perdidos à atmosfera.

Processos fotoquímicos são importantes na química de sistemas aquáticos

(Cooper & Herr, 1987), principalmente, quando inclui formação de oxigênio singlete (Zepp et

al, 1977).

A fração solúvel em água de petróleo bruto da Nigéria foi fotodegradado por

luz do Sol com perda preferencial para componentes com maior número de substituintes

“alquil” (Ehrhardt et al, 1992). Os processos fotoquímicos podem ser tão importantes quanto

processos biológicos para degradação de hidrocarbonetos em águas naturais.

Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, diluídos em solução aquosa, foram

destruídos quando irradiados à luz do Sol (Paalme et al, 1990).

I.6 Degradação fotocatalítica

Métodos físico-químicos como troca iônica, a adsorção em carvão ativado e

“air stripping” são empregados para a remoção de contaminantes orgânicos da água. Embora

essas técnicas sejam eficientes no processo de descontaminação, elas apenas envolvem a

transferência de fase do contaminante, sem necessariamente destruí-lo.

Os chamados Processos Oxidativos Avançados (POAs) são capazes de

converter poluentes em espécies químicas inócuas, tais como gás carbônico e água. O termo

POA é usado para definir o processo em que radicais hidroxila (•OH) são gerados para atuar

como agentes oxidantes químicos (Jardim et al, 1995).

O processo é baseado na irradiação de um fotocatalisador, que pode ser um

semicondutor inorgânico como TiO2, ZnO ou CdS, cuja energia do fóton deve ser maior ou

igual à energia do “band gap” do semicondutor para provocar uma transição eletrônica. Com

isso forma-se os sítios oxidantes e redutores capazes de catalisar reações químicas, oxidando

os compostos orgânicos à CO2 e H2O e reduzindo metais dissolvidos ou outras espécies

presentes.

Os POAs podem ser classificados em dois grupos; os que envolvem reações

homogêneas, usando H2O2, O3 e/ou luz, e os que empregam reações heterogêneas, usando

catalisadores. A fotocatálise heterogênea é um processo recente que visa à destruição de

contaminantes orgânicos e inorgânicos presentes em águas e efluentes (Jardim et al, 1995).

I.6.1 Fotocatálise heterogênea

A fotocatálise heterogênea implica no emprego de suspensões de

catalisador, também chamado lama. Nesse caso, após a espécie orgânica sofrer oxidação

segue-se uma série de etapas de separação e recuperação do catalisador.

Em trabalhos que utilizam catalisadores ultrafinos, como o TiO2, essas

etapas podem ser demoradas devido consumir tempo. Um meio alternativo é imobilizar o

catalisador em um suporte estacionário, por onde a água contaminada escoa em contato com

ele. Esse meio torna o método mais barato do que as tecnologias convencionais usadas no

tratamento de águas contaminadas. São usados também suportes como: areia, pequenas

esferas de vidro, placas de vidro, fibra de vidro, teflon, membranas poliméricas e cerâmicas.

A maior desvantagem do uso de fotocatalisadores imobilizados é que eles

limitam a trasferência de massa e a vantagem é de poder fazer uso da energia solar como fonte

de irradiação (Ziolli et al, 1998).

I.6.1.2 Mecanismo geral das reações mediadas por semicondutores

Equações 1 A adsoção na partícula do catalisador

RRsítios

HOOHTiOOHTi

OHTiOHTi

LIV

LIV

IVIV

→+

+→++

→+

−−−

1

22

22

Equação 2 Excitação do semicondutor

+− +→+ BVBC hehvTiO2

Equações 3 Manutenção das cargas

( )

( )

IIIBC

IV

IIIBC

IV

IVBV

IV

IVBV

IV

TieTi

OHTieOHTi

OHTihOHTi

HOHTihOHTi

→+

→+

→+

+→+

−−•

•+−−

+•+− 2

Equações 4 Recombinação das cargas

( )

OHTiOHTih

OHTiOHTie

Etérmicahe

IVIIIBV

IVIVBV

BVBc

−−+

−•−

+−

→+

→+

→+

onde:

R1 é substrato;

h+ lacuna fotogerada; −e = elétron fotogerado;

BV= banda de valência do semicondutor;

BC= banda de condução do semicondutor; −2

LO = oxigênio do retículo do TiO2

Para melhor entendimento do mecanismo da reação do TiO2 em fotoquímica

de compostos orgânicos é preciso compreender três mecanismos distintos que podem ser

estudados pela química do estado sólido, química de interface e química de solução. A idéia é

iniciar pelo semicondutor puro e isolado, para chegar aos produtos finais de uma

fotodegradação completa, ou seja, CO2 e H2O (Ziolli et al, 1998).

O TiO2 é o semicondutor mais usado em fotocatálise, e por esta razão,

várias propriedades já foram exaustivamente estudadas (Hoffmann et al, 1995), (Fox et al,

1993) e (Linsebigler et al, 1995).

I.6.1.3 Mecanismos envolvendo h+ e •OH

Vem sendo estudado o envolvimento de espécies como radical hidroxila,

lacuna fotogerada, oxigênio singlete e íon-radical superóxido em transformações

fotocatalíticas com ZnO em meio aquoso (Jardim et al, 1998).

Oxigênio singlete pode formar-se em fotocatálise de acordo com o

mecanismo da equação 5.

Equação 5 Formação de oxigênio singlete

−•

−→+ 22 OTiOTi IVIII

21

2 OhOTi IV →+ +−•−

onde,

21O : oxigênio singlete

A reatividade química do oxigênio singlete tem sido exaustivamente

estudada. Ele pode interagir com substratos para gerar peróxidos, os quais podem iniciar um

processo radicalar em cadeia como mostra a equação 6.

Equação 6 Oxidação envolvendo 1 O2*

produtosROOR

RROOHRHROO

ROOOR

ROHRHOH

RAOHRHAO

OHAOAOOH

AOOHAHO

+→+

→+

+→+

+→+

+→

→+

••

••

••

••

••

••

,

23

2

21

I.6.2 Fotocatálise homogênea

Reações homogêneas que usam H2O2, O3 e/ou luz UV como catalisadores.

Ozônio é um gás incolor e se decompõe rapidamente a oxigênio e espécies

radicalares. O ozônio é um agente oxidante poderoso (E0= 2,08V) quando comparado a outros

agentes oxidantes conhecidos como o peróxido de hidrogênio (E0= 1,78V), permitindo que

esta espécie reaja com um grande número de classe de compostos (Masten et al, 1994).

O peróxido de hidrogênio pode se decompor em radical hidroxila que é um

poderoso e não seletivo oxidante (E0= 2,80V) podendo reagir pelo mecanismo da equação 8.

Equação 7 Reações característica de H2O2 em águas naturais

HOOH ou ROOH + λν = 2 •OH ou RO• + •OH

HOOH ou ROOH + Me(red) = Me(ox) + RO• ou •OH + -OH

OHOH •→222 (sob luz e aquecimento)

Equação 8 Reação iniciada pelo radical hidroxila (Kunz, et al, 1999)

+ OH

H

OH

Este trabalho tem como objetivo estudar a degradação de compostos

orgânicos do petróleo em águas naturais utilizando a luz do Sol como fator principal.

II PARTE EXPERIMENTAL

II.1 Reagentes

• Água destilada;

• Diclorometano procedente da Nuclear, grau PA, PM 84,93 e 99,5% de

pureza;

• Petróleo Colombiano fornecido pela REPAR-PETROBRAS e utilizado

sem nenhum tratamento;

• Petróleo mistura (Marlin, Bacia de Campos-70% e Beinngton, Nigéria-

30%), fornecido pela REPAR-PETROBRAS e utilizado sem nenhum

tratamento;

• Peróxido de hidrogênio procedente da Nuclear grau PA, PM 34,01 e

dosagem 32-36,5%;

• Dióxido de titânio, procedente da Degussa AG, pH 3,5-4,5, densidade

aproximadamente 3,8g/cm3, área superficial específica (BET) 50(35-

65)m2/g.

II.2 Materiais e equipamentos

• Balão volumétrico

• Copo de vidro

• Cuba de vidro

• Funil comum

• Funil de separação

• Membrana durapore PUDF 25mm de diâmetro MILLEX GV

• Micropipeta automática

• Papel alumínio

• Papel filtro

• Pipeta Pasteur

• Pipeta volumétrica

• Proveta

• Seringa

• Suporte e garra

• Tubo de ensaio

• Centrífuga FANEM – Excelsa Baby I – modelo 206

• Espectrofluorímetro Shimadzu RF-5301PC

• Geladeira Brastemp

• Infravermelho Shimadzu FTIR-8300

II.3 FILME DE PETRÓLEO SOB LUZ SOLAR

II.3.1 Preparo de amostras

As amostras de petróleo foram preparadas na forma de filmes finos sobre

água destilada. Placas de Petri com diâmetro interno de aproximadamente 9,0cm e com

tampas de vidro “Pyrex” foram utilizadas como recipientes de irradiação. Filmes de petróleo

foram preparados com 5mL do óleo sobre 20mL de água destilada.

II.3.2 Exposição das amostras

Os filmes de petróleo sobre água destilada foram irradiados por exposição à luz

do Sol no pátio do departamento de química da UEL em dias de céu claro no período entre 9 e

15 horas nas estações de primavera e verão de 2000 e 2001. As amostras foram estocadas no

escuro em geladeira a ± 18ºC entre as irradiações, até que o número total de horas fosse

acumulado. Para cada amostra irradiada foi preparada uma outra não irradiada (branco) da

mesma maneira, exceto que as tampas de vidro “Pyrex” foram pintadas com tinta preta para

eliminar a irradiação.

II.3.3 Extração do filme

Após irradiação, as amostras foram transferidas para tubos de ensaio, com

auxílio de um funil de vidro. Em seguida foram centrifugadas durante 6 minutos em

velocidade média. A fase óleo foi coletada com pipeta Pasteur e a fase aquosa filtrada em

papel de filtro. Ambas as fases foram guardadas no escuro em geladeira a ± 18ºC enquanto

aguardavam as análises.

II.3.4 ANÁLISE DO FILME DE PETRÓLEO

II.3.4.1 Emissão por fluorescência

Espectros de fluorescência do óleo com excitação iniciando em 280nm e

emissão na faixa de 300 a 800nm foram, registrados em diclorometano na diluição de 1:1000

v/v em um espectrofluorímetro Shimadzu RF–5301PC. As análises foram registradas na

modalidade “synchronous”, sincronismo de 20nm entre os monocromadores de excitação e

emissão, “sampling interval” de 1,0nm e “scanning speed fast”.

Os espectros de fluorescência foram registrados tanto das amostras

irradiadas quanto das amostras não irradiadas após 0h, 2h, 5h, 15h, 20h, 42h, 60h e 100 horas

de exposição solar.

Dois tipos de células de sílica fundida (quartzo) foram utilizadas para análise:

célula quadrangular e triangular.

II.3.4.2 Absorção no Infravermelho

Espectros de transmitância na região do infravermelho foram obtidos

usando um Shimadzu FTIR-8300 a partir de amostras de petróleo depositadas como filmes

entre placas de NaCl. Espectros na região entre 400 a 4000cm-1 foram registrados para

amostras de petróleo com 0h, 2,0h, 5,0h, 15h, 20h, 42h, 60h e 100 horas de exposição ao Sol.

II.4 ANÁLISE DA FASE AQUOSA

II.4.1 Emissão por fluorescência

Espectros de fluorescência da fase aquosa, com excitação iniciando em

230nm e emissão na faixa de 250 a 650nm foram registrados, sem qualquer diluição ou

concentração, em um espectrofluorímetro Shimadzu RF-5301PC. As análises foram

realizadas na modalidade “synchronous” com sincronismo de 20nm entre os monocromadores

de excitação e emissão, “sampling interval” 1,0nm e “scanning speed fast”.

Todas as amostras de água em contato com petróleo não irradiado e irradiado

por 0h, 2h, 5h, 15h, 20h, 42h, 60h e 100 horas foram analisadas em célula de quartzo

quadrangular.

II.5 ADIÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO EM ÁGUA CONTAMINADA POR PETRÓLEO

II.5.1 Preparo de amostras

As amostras de água contaminada foram preparadas em contato com

petróleo bruto na forma de filme sobre água destilada. Uma cuba de vidro com diâmetro

interno ± 15cm com tampa de vidro “Pyrex” foi utilizada como recipiente de exposição ao

Sol. As amostras ditas “não irradiada” e “irradiadas” foram preparadas com 100mL de óleo

sobre 400mL de água destilada.

II.5.2 Exposição das amostras

Os filmes de petróleo sobre água destilada foram expostos por 40h à luz do

Sol no pátio do departamento de química da UEL, em dias de céu claro no período entre 9 e

15 horas no mês de junho de 2002. As amostras foram estocadas no escuro em geladeira a ±

18ºC até que completasse às 40h de exposição. A cuba e a tampa, contendo a amostra “não

irradiada”, foram pintadas com tinta preta e encapadas com papel alumínio, simulando a

contaminação de água subterrânea. A amostra “irradiada” simula a água superficial,

recebendo à luz do Sol.

II.5.3 Extração de fases

Após 40 horas de exposição as amostras foram transferidas para funis de

separação com auxílio de um funil para sólidos. Esperou-se 1,0h para a separação das fases. A

fase óleo foi retirada e a fase aquosa foi completada ao volume inicial e filtrada em papel

filtro. Ambas as fases foram guardadas no escuro em geladeira a ± 18ºC.

II.5.4 Adição de peróxido de hidrogênio

As amostras foram preparadas utilizando 60mL de água contaminada

(amostra irradiada) e 10µL de peróxido de hidrogênio em um copo de vidro com diâmetro

interno aproximadamente 6,5cm tampado com vidro “Pyrex”. A concentração final de H2O2

em água é 4,9.10-6M.

II.5.5 Exposição da amostra com peróxido de hidrogênio

A água contaminada por petróleo contendo peróxido de hidrogênio foi

exposta ao Sol durante 5 horas no pátio do departamento de química da UEL no dia 03 de

junho de 2002 no período entre 9 e 15 horas.

Alíquotas de 3mL foram retiradas da amostra irradiada e não irradiada com

auxílio de uma seringa nos intervalos de 30, 60, 90, 120, 180, 240 e 300 minutos de

exposição, e logo após analisadas.

II.5.6 Análise por emissão de fluorescência

Espectros de fluorescência foram registrados com excitação iniciando em

230nm e emissão na faixa de 250 a 650nm, sem qualquer diluição ou concentração em um

espectrofluorímetro Shimadzu RF-5301PC. As análises foram feitas na modalidade

“synchronous”, sincronismo de 20nm entre os monocromadores de excitação e emissão,

“sampling interval” de 1,0nm e “scanning speed fast”.

II.6 ADIÇÃO DE DIÓXIDO DE TITÂNIO EM ÁGUA CONTAMINADA POR PETRÓLEO

II.6.1 Preparo de amostras, exposição das amostras e extração de fases

Estes itens seguem a mesma metodologia descrita nos itens II.5.1, II.5.2 e II.5.3.

II.6.2 Adição de dióxido de titânio

Em um balão volumétrico de 100mL foi preparado uma suspensão contendo

aproximadamente 0,20g de TiO2 em água contaminada por petróleo. A amostra foi transferida

para um copo de vidro.

Mais duas amostra foram preparadas com 100mL de água contaminada sem

TiO2: amostra irradiada e não irradiada. Todos os copos foram tampados com vidro “Pyrex”.

A concentração de TiO2 em suspensão é aproximadamente 2,5.10-2M.

II.6.3 Exposição da amostra com TiO2

A água contaminada por petróleo contendo dióxido de titânio foi exposta ao

Sol durante 5 horas no pátio do departamento de química da UEL, no dia 19 de dezembro de

2002 no período entre 10 e 16 horas (horário de verão).

Alíquotas de 3mL foram retiradas da amostra irradiada e não irradiada com

auxílio de uma seringa nos intervalos de 0, 15, 30, 45, 60, 90, 120, 150, 180 e 240 minutos de

exposição, e logo após analisadas.

II.6.4 Análise por emissão de fluorescência

Espectros de fluorescência foram registrados com excitação iniciando em

230nm e emissão na faixa de 250 a 650nm em um espectrofluorímetro Shimadzu RF-5301PC.

As análises foram feitas na modalidade “synchronous”, sincronismo de 20nm entre os

monocromadores de excitação e emissão, “sampling interval”de 1,0nm e “scanning speed

fast”.

As amostras de água contendo TiO2 foram previamente filtradas em um

funil de membrana durapore antes de analisadas no espectrofluorímetro.

III RESULTADOS E DISCUSSÃO

III.1 FILME DE PETRÓLEO SOB LUZ SOLAR NATURAL

III.1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

O petróleo absorve a luz solar que penetra na atmosfera terrestre, desde o

ultravioleta até o infravermelho próximo, passando por todo o visível (Nicodem et al, 1997).

As tampas dos recipientes de irradiação dos experimentos são de “Pyrex”.

Este tipo de vidro é de uso comum em experimentos utilizando substâncias com considerável

absorção no ultravioleta próximo e visível do espectro solar (Anba-Lurot et al, 1995)

(Lartiges e Garrigues, 1995).

Houve uma preocupação na preparação das amostras de petróleo,

principalmente, para que fosse obtido um filme homogêneo do petróleo. Quando este foi

adicionado sobre a água destilada tomou-se o máximo de cuidado para que o óleo não

entrasse em contato com as paredes do recipiente de irradiação.

As amostras denominadas “não irradiadas” tiveram as tampas dos

recipientes pintadas com tinta preta para evitar o efeito da luz solar, e assim, pudessem

retratar somente o efeito térmico.

III.2 ANÁLISE DA FASE ÓLEO

III.2.1 Emissão por fluorescência

Nas figuras 3 e 4 aparecem espectros de fluorescência do petróleo em

função do tempo de irradiação. Pode-se observar uma notável diminuição da intensidade de

dluorescência, no entanto o decaimento não ocorre de maneira linear por todo o espectro.

0

10

20

30

40

50

60

70

300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

comprimento de onda (nm)

intensidade

relativa

óleo brutozero hora2h irradiado5h irradiado15h irradiado20h irradiado40h irradiado60h irradiado100h irradiado

Figura 3 – Espectros de fluorescência em célula triangular do petróleo irradiado (1:1000 v/v

óleo/diclorometano)

0

10

20

30

40

50

60

70

300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

comprimento de onda (nm)

intensidade

relativa

óleo brutozero hora2h irradiado5h irradiado15h irradiado20h irradiado42h irradiado60h irradiado100h irradiado

Figura 4 – Espectros de fluorescência em célula quadrangular do petróleo irradiado (1:1000

v/v óleo/diclorometano)

A diminuição na intensidade de fluorescência do óleo (figura3), logo nas

primeiras 2 horas de irradiação, pode indicar que alguns componentes fluorescentes são muito

reativos e são preferencialmente destruídos. A reação de HPA com oxigênio singlete (figura

2a ) como também, a reação de dimerização de alguns HPA (figura 2c) que reduzem

fluorescência.

A intensa redução da fluorescência (figura3) da fase óleo inicia-se a partir

de 400nm durante a exposição solar e demonstra a degradação fotoquímica da fração polar e

também de asfaltenos do petróleo Colombiano (Nicodem et al, 2001).

0

10

20

30

40

50

60

70

300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800comprimento de onda (nm)

intensidade

relativa

óleo brutozeo hora20h cél. Quadrangular20h cél. Triangular

Figura 5 – Espectros de fluorescência da fase óleo exposta ao sol.

A figura 5 mostra a diferença no perfil dos espectros observados na figura 3

e 4. Um dos motivos para este fenômeno é o efeito filtro interno responsável pelo

achatamento das bandas. Isto significa dizer que alguns constituintes fluorescentes de petróleo

estejam sendo preferencialmente transformados. Neste caso, alterações importantes podem

estar ocorrendo na faixa entre 350 a 480nm, região onde fluorescem poliaromáticos com mais

de 5 anéis e possivelmente heterocíclicos.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

comprimento de onda (nm)

intensidade relativa

óleo brutozero hora42h irradiado42h não irradiado

Figura - 6 Espectros de fluorescência da fase óleo

Os espectros da figura 6 tem o objetivo de mostrar a diferença de

fluorescência sofrida pelo óleo quando irradiado por 42 horas e óleo não irradiado. Esse

fenômeno se deve ao efeito térmico que pode ser atribuído ao aumento na concentração de

componentes fluorescentes mais pesados do óleo, como conseqüência da volatilização

(processo não fotoquímico) de componentes fluorescentes mais leves, como por exemplo,

mono e di-aromáticos. Nesse caso fica bem evidente que a fotodegradação do óleo é

extremamente dependente das condições as quais lê é submetido.

A figura 7 mostra a degradação de espécies fluorescentes no visível

(416nm), observadas no petróleo correspondendo a emissão das frações polares e asfaltênicas.

A cinética apresentada na figura sugere uma reação de primeira ordem, por apresentar um

decaimento aproximadamente linear com uma constante de velocidade 3 x 10-4min-1.

HPAs ou derivados que fluorescem por volta de 416nm praticamente

desparecem do óleo irradiado pó 60 horas ao Sol.

0 10 20 30 40 50 609,6

9,8

10,0

10,2

10,4

10,6

10,8

11,0

11,2

inte

nsid

ade

rela

tiva

tempo de irradiação

Figura – 7 Cinética de fotodegradação de HPAs do petróleo Colombiano em 416nm

III.2.2 Absorção no infravermelho

400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200 3600 4000

núme ro de onda (1/c m)

400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200 3600 4000

número de onda (1/c m)

C=O OH

Figura 8 – Infravermelho de petróleo não irradiado e irradiado 42 horas respectivamente

A irradiação do filme de petróleo bruto sobre água, em condições naturais e

exclusão de processos biológicos, leva à incorporação de oxigênio ao óleo irradiado na forma

de C=O e OH, detectados por espectroscopia no infravermelho como ilustra a figura 8.

O aumento da banda correspondente aos grupamentos funcionais citados

indicam aparecimentos de fenóis, ácidos carboxílicos e outros, durante a irradiação do óleo.

A banda na faixa de 3400 a 3500cm-1 representa a vibração axial de OH

podendo ser referente a álcool ou fenol. A banda próxima de 1700cm-1 representa a

deformação axial de C=O.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

400 1000 1600 2200 2800 3400 4000

número de onda (cm-1)

intensidade

relativa

óleo brutozero horairradiado 2hirradiado 15hirradiado 20hirradiado 42h

Figura 9 – Absorção no infravermelho da fase óleo irradiada A figura 9 mostra os espectros de absorção no infravermelho da fase óleo.

Pode-se observar que a amostra 15 horas irradiada incorporou água próximo de 3400cm-1,

enquanto as amostras 20 e 42 horas irradiadas mostra claramente na mesma região a

incorporação do grupamento OH .

III.3 ANÁLISE DA FASE AQUOSA

III.3.1 EMISSÃO POR FLUORESCÊNCIA

A figura 10 mostra os espectros de fluorescência da fase aquosa irradiada em

função do tempo de exposição do óleo à luz do Sol. Verifica-se que ocorre um aumento na

intensidade de fluorescência nas primeiras horas de exposição devido aos compostos de baixo

peso molecular do óleo estarem migrando para a fase aquosa. Na mesma figura também se

observa deslocamento da emissão para a região visível do espectro, durante o período de

irradiação do óleo.

0

5

10

15

20

25

30

250 300 350 400 450 500

comprimento de onda (nm)

intensidade relativa

irradiado 2hirradiado 5hirradiado 15hirradiado 20hirradiado 42hirradiado 60hirradiado 100hbranco

Figura 10 – Fluorescência em fase aquosa decorrente da irradiação do petróleo à luz do Sol

Tabela 3 – Variação da intensidade de fluorescências na fase aquosa em função do

comprimento de onda e do tempo de irradiação

Comprimento de onda (nm) Tempo de irradiação (h) Intensidade fluorescência

(u.a)

0 8,089

2,0 12,308

5,0 3,279

300 15,0 0,476

20,0 1,293

40,0 0,156

60,0 0,871

100,0 1,147

0 1,049

2,0 3,869

5,0 3,034

350 15,0 5,474

20,0 4,246

40,0 1,979

60,0 3,324

100,0 1,625

0 0,163

2,0 1,353

5,0 1,029

380 15,0 5,887

20,0 2,676

40,0 6,951

60,0 2,602

100,0 0,751

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

250 300 350 400 450 500 550 600 650

comprimento de onda (nm)

intensidade

relativa

brancoirradiado 2hirradiado 42h

Figura 11 – Espectros de fluorescência na fase aquosa irradiada 2,0h e 42,0 horas

Observa-se tanto pela tabela 3 como na figura 11 que em 300nm, 350nm e

380nm, é possível notar que nas primeiras horas de irradiação (2 horas e 5 horas ) não ocorreu

ou ocorreu muito discretamente passagem de material fluorescente do petróleo para a fase

aquosa, fotoquimicamente. Com 42 horas de irradiação, nos mesmos picos já citados, surgem

alterações pouco mais significativa.

O pico de 2 horas mostra redução na intensidade de fluorescência devido a

perda de aromáticos fluorescentes com peso molecular relativamente baixo (até 3 anéis),

provavelmente por volatilização ou por degradação fotoquímica em fase aquosa. No pico de

42 horas ocorre aumento na intensidade de fluorescência em água natural marcando,

provavelmente, o ínicio do intemperismo fotoquímico de petróleo; sendo responsáveis os

derivados aromáticos com 4,5 e 6 anéis (Kumke et al, 1995). Os poliaromáticos podem ter

migrado para a água como resultado da fotooxidação de componentes do óleo, após longo

período de irradiação, sendo os produtos fotodegradação bem mais polares.

0

5

10

15

20

25

30

250 300 350 400 450 500 550 600 650

comprimento de onda (nm)

intensidade

relativa

brancoirradiado 42hnão irradiado 42h

Figura 12 – Fluorescência em fase aquosa decorrente do intemperismo químico do óleo

Na figura 12 verifica-se a migração de componentes fluorescentes do óleo bruto para a fase

aquosa sob efeito da luz solar. O aumento de polaridade da fração aromática e/ou

asfaltênica se deve a reações com incorporação de oxigênio (figura 2) Nicodem et al,

2001). Após longos períodos de irradiação (42h) pode ser notada a degradação ou

transferência de fase.

0

5

10

15

20

25

30

250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450

comprimento de onda (nm)

intensidade

relativa

não irradiado 2hnão irradiado 5hnão irradiado 15hnão irradiado 20hnão irradiado 42hnão irradiado 60hnão irradiado 100hóleo bruto

Figura 13 – Fluorescência em fase aquosa decorrente do intemperismo físico do óelo

A figura 13 mostra a fluorescência em fase aquosa como resultado do óleo “não irradiado”.

As amostras não irradiadas apresentam aumento na intensidade de fluorescência no

período inicial de exposição, visto que aumenta a solubilidade de componentes do óleo

devido a elevação de temperatura.

Nesse caso, a passagem de material fluorescente da fase óleo para a fase aquosa ocorreu

simplesmente por extração, não envolvendo qualquer processo fotoquímico, já que essas

amostras foram expostas protegidas a luz do Sol.

A adição de H2O2 foi testada para investigar a eficiência deste oxidante

frente a HPAs de petróleo, contaminantes de águas naturais.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

250 300 350 400 450 500 550 600 650

comprimento de onda (nm)

intensidade

relativa

branco15min30min45min1h1,5min2,0h2,5h3h

Figura 14 – Fluorescência de HPAs em água na presença de luz solar

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

250 300 350 400 450 500 550 600 650

comprimento de onda (nm)

intensidade

relativa

15 min30 min45 min1.0 h1.5 h2.0h2.5h3.0hbranco

Figura 15 – Fluorescência de HPAs em água sem presença de luz

Observa-se nitidamente que o perfil dos espectros das figuras 14 e 15 são

completamente diferentes. A figura 14 apresenta água irradiada na presença de peróxido de

hidrogênio. Neste caso a redução de fluorescência é marcada pela degradação fotoquímica

além do alto poder oxidante do peróxido de hidrogênio que, gerando radicais hidroxilas, é

capaz de oxidar uma grande variedade de compostos orgânicos. Já na figura 15, nota-se que

não há uma degradação significativa de fluorescência quando adiciona peróxido de hidrogênio

em água “não irradiada”.

Neste caso o comportamento cinético de ambas as amostras irradiada e “não

irradiada” são bem diferentes. Pelo que mostra a figura 16 a amostra irradiada apresenta

provavelmente uma reação de pseudo-primeira ordem, enquanto que a amostra “não

irradiada” apresenta uma reação de primeira ordem.

-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

0

1

2

3

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5

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inte

nsid

ade

rela

tiva

tempo de exposição (min)

amostra exposta ao Sol amostra não exposta ao Sol

Figura 16 – Cinética de degradação de HPAs pelo peróxido de hidrogênio

IV. Conclusão As figuras 5 e 6 esclarece a redução na intensidade de fluorescência que

ocorre no petróleo após longos períodos de irradiação ocasionada pelo fato de alguns

componentes fluorescentes serem muito mais reativos e, por isso, serem preferencialmente

destruídos.

Na figura 8 verifica-se que o efeito térmico é responsável pelo aumento na

concentração de componentes fluorescentes mais pesados do óleo, devido a volatilização, que

é um processo não fotoquímico, de componentes fluorescentes mais leves.

Também após longos períodos de irradiação do petróleo, ele incorpora em

sua estrutura oxigênio. A figura 10, mostra o surgimento de bandas características de C=O e

OH no óleo característica da incorporação do oxigênio

A fase aquosa começa a ter fluorescência após ter sido irradiada em curto

período de tempo seja por efeito da luz ou solubilidade devido aos compostos de baixo peso

molecular do óleo migrarem para a fase aquosa (figura 12). Os picos máximos de

fluorescência em curtos períodos de tempo aos poucos desaparecem, e novos picos em

comprimento de onda maiores surgem quando irradiado por mais tempo devido a derivados

aromáticos com 4,5 e 6 anéis. Os poliaromáticos ou derivados podem ter migrado para a água

como resultado da fotodegradação de componentes do óleo após longo período de irradiação,

sendo os produtos de fotodegradação bem mais polares (figura 13).

A fase aquosa não irradiada apresenta o efeito térmico causando aumento na

intensidade de fluorescência no período inicial de exposição devido provavelmente o aumento

da solubilidade de componentes do óleo devido a elevação de temperatura durante a

exposição e, a passagem de material fluorescente ocorre simplesmente por transferência de

fase, não envolvendo nenhum processo fotoquímico.

No caso da utilização de peróxido de hidrogênio em água contaminada, o

processo de fotodegradação de componentes do óleo apresenta uma significativa vantagem

quando compara com a água contaminada somente irradiada. A redução da intensidade de

fluorescência, 71%, é causada pelo poder oxidante que o peróxido de hidrogênio apresenta

sobre os compostos orgânicos presentes nessa água. O decaimento da fluorescência causadoa

pela adição de hidróxido de hidrogênio tem o comportamento de uma reação de pseudo-

primeira ordem.

Pelo tratamento da água irradiada utilizando dióxido de titânio, pode-se

concluir que ele também teve um efeito muito parecido com o do peróxido de hidrogênio, no

entanto, como este possui maior ação oxidante, ele foi mais eficiente para a redução de

fluorescência, 85%. O decaimento apresentado pela adição de dióxido de titânio comporta-se

como se fosse uma reação de pseudo-primeira ordem analisando todos os tempos de

exposição, porque em determinado intervalo de tempo o decaimento apresenta-se como uma

reação de primeira ordem.

V BIBLIOGRAFIA

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