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RENATA FERNANDES BOVOLENTA
INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
FIG – FACULDADES INTEGRADAS DE GUARULHOS Guarulhos – 2002
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RENATA FERNANDES BOVOLENTA
INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para obtenção do título de Bacharel em Administração de Empresas.
Orientação Metodológica:
Paulo Folgueral
FIG – FACULDADES INTEGRADAS DE GUARULHOS FACC –Faculdade de Administração e Ciências Contábeis
Guarulhos – 2002
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Epígrafe
Se não houver frutos, valeu a beleza das flores. Se não houver flores, valeu a sombra das folhas Se não houver folhas, valeu a intenção da semente.
Agradecimentos
Agradeço a Deus meu supremo criador,
que me deu plena certeza e confiança para realizar meu sonho, a conclusão deste curso.
Aos Mestres, que transmitiram seus
conhecimentos e experiências profissionais e de vida com dedicação e carinho. Dedicatória Dedico a todos meus familiares e colegas que direta ou indiretamente colaboram para a finalização deste trabalho.
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................ 07
I – Inteligência Emocional: A Diferença Entre o QI e o QE.................................... 13
II – A Inteligência Emocional e a Teoria X e Y de Mac Gregor.............................. 16
III – A Inteligência Emocional e o Gerenciamento Inteligente................................ 22
V – A Inteligência Emocional e a Empatia.............................................................. 27
4.1. O método da Administração Emocional...................................................... 30
V – A Inteligência Emocional e as Empresas que Utilizam Gerenciamento
Inteligente.........................................................................................................
32
5.1. Mudando de Racional para Racional/Emocional na
Negociação.......................................................................................
34
VI – Um Atendimento de Qualidade Através da Inteligência
Emocional........................................................................................................
41
6.1. O Coeficiente Emocional no Gerenciamento Bancário em Contas
Populares..................................................................................................
43
6
6.1.1. Uma síntese do coeficiente emocional atuando nos dez princípios
básicos do bom atendimento........................................................
48
VII – Os Desafios das Organizações Modernas segundo Paul
Campbell Diusmore........................................................................................
53
VIII – Influência Emocional e Ética Profissional..................................................... 57
CONCLUSÃO.......................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 6
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RESUMO
Este trabalho retrata a Inteligência Emocional, conforme o pensamento de
Daniel Goleman, (1995), que a considera a Segunda Revolução do Saber. Ensina que
esse tipo de inteligência não se aprende na escola, pois todas as pessoas a possuem,
embora ela ainda seja pouco explorada.
Os conceitos aqui transmitidos são de extrema importância uma vez que
destacam o controle das emoções como fator essencial para o desenvolvimento da
inteligência do indivíduo enquanto ser humano, cidadão e profissional. Portanto,
servem tanto para empregados como para empregadores, que imbuídos deste
conhecimento podem proporcionar inúmeras mudanças dentro de si mesmo e em seus
ambientes de trabalho.
O objetivo é tentar conscientizar as pessoas das vantagens de uma gestão
administrativa onde as pessoas são mais valorizadas, sabem lidar com suas emoções
e, por isso mesmo, sabem evitar maiores problemas.
Todo o desenvolvimento do tema leva ao entendimento de que o processo
para se chegar à melhoria de qualidade nos relacionamentos e nos serviços dentro das
empresas é regido por valores, princípios e regras éticas que governam as relações
entre as pessoas, e estão contidos no Quociente Emocional de cada uma delas.
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INTRODUÇÃO
Atualmente vive-se um analfabetismo emocional, portanto é necessário que
todos se alfabetizem emocionalmente, considerando a Segunda Revolução do Saber
para o desenvolvimento empresarial.
A Primeira Revolução aconteceu como conseqüência do impacto da
Revolução Industrial, quando a urgentíssima necessidade de mão-de-obra qualificada
provocou uma rápida expansão de escolas para realizar a alfabetização racional,
ensinando aos despreparados, predominantes na fase agrícola anterior, a ler, escrever
e fazer contas.
A alfabetização racional foi a grande motivação humana para sair do circuito
da pobreza, na fase agrícola e, por meio das fábricas e das profissões liberais, chegar
aos tão desejados privilégios da riqueza. Essa Primeira Revolução do Saber foi um
dos alicerces da formação da classe média. A valorização da alfabetização racional
acompanha o homem por três séculos, mas o homem tem múltiplas inteligências e
este tipo de alfabetização estimula o uso de apenas duas – a Lógico-Matemática e a
Lingüística. Uma das inteligências não explorada é a Interpessoal, que pode ser
associada à Intrapessoal e define o que é Inteligência Emocional.
Inteligência Intrapessoal é saber conviver consigo mesmo e ter
responsabilidade para autoliderança. Inteligência Interpessoal é saber conviver com
as outras pessoas e, quando necessário, ter responsabilidade para liderar.
Estimulando também apenas o uso racional da inteligência houve a revolução
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sucessora da Industrial – a Teletromática (Telecomunicações, Eletrônica e
Informática). O Homem chegou, a partir da década de 90, à Revolução do Cérebro,
que seria melhor denominada da Essência Humana. Movimentos que atingem a
Humanidade como um todo e as empresas em particular foram observados por
Ferguson – Conspiração Aquariana, Jean Houston - Estimulando o Potencial
Humano ou Dudley Linch – A Estratégia do Golfinho.
Começava-se a perceber que algo novo, forte e incomum estava para
acontecer. E, realmente emergiu das expectativas com o desenvolvimento
tecnológico. Colocando o ser humano num casulo de conforto material, a escala das
necessidades de (MASLOW, 1970) fez com que ele se voltasse para dentro de si,
buscando o que lhe faltava – auto-estima e auto-realização.
É neste momento de fome psicológica que a Inteligência Emocional é bem
vinda e tem espaço. Desde a década de 70, a motivação humana necessita, como
alimentos básicos, destes dois fatores: auto-estima e auto-realização.
Todos os processos implantados pelas organizações que não obtiveram o êxito
desejado, principalmente a reengenharia, que deixou em muitas empresas profundas
cicatrizes, não consideraram suficientemente o fator humano, responsável, segundo
pesquisas, por 70% das dificuldades organizacionais.
E a diferença que faz a diferença está em uma única palavra para muitos
pouco conhecida e pouco praticada – “resiliência”. Exemplos resilientes tem-se tanto
em um jovem americano de 12 bilhões de dólares, Bill Gates, como nos brasileiros
Ayrton Senna, Pelé, Boni e Roberto Marinho da Rede Globo, Amyr Klink, ou
Henrique Meirelles que assumiu a presidência do Banco de Boston. Ser resiliente não
é privilégio de alguns. Todo ser humano tem esse potencial em inteligências pouco
exploradas. É exatamente isto que (GOLEMAN,1995) tenta transmitir. Ensina ele,
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que como chegar até ela não se aprende na escola e, que não se pode ficar, portanto,
esperando por ela.
O tema deste trabalho é muito importante por destacar o controle as emoções
como fator essencial para o desenvolvimento da inteligência do indivíduo e,
automaticamente, dos recursos humanos nas empresas. É destinado a todos que se
interessam por este assunto tão envolvente e àqueles que desejam tornar o ambiente
das empresas mais atrativo, saudável e produtivo, através do melhor aproveitamento
do potencial humano.
Na monografia analisam-se aspectos dos procedimentos e das práticas
administrativas, vislumbrando-se, nos momentos oportunos, ocorrências que vão
exigir mudanças no perfil e na postura dos administradores para com as pessoas
dentro das organizações e, ao mesmo tempo, mudanças das pessoas para consigo
mesmas.
A filosofia da melhoria da qualidade de vida da pessoa que experimenta
controlar mais suas emoções, é uma nova forma de se auto-administrar que já
comprovou sua eficácia nas pessoas que a adotaram. Ela implica numa mudança total
de pensamento e de comportamento que, a nível empresarial, só poderá ocorrer por
uma liderança altamente comprometida da administração superior, que além de
entendê-la intelectualmente e de expô-la verbalmente, deve comportar-se de tal
maneira que sua teoria seja comprovada pela prática da boa convivência e da
participação.
Na empresa que leva em consideração o QI e o QE das pessoas, que valoriza
o seu funcionário como indivíduo, que o vê como um ser humano dotado de
sentimentos, ocorre a mudança cultural, e esta supõe a colaboração e o envolvimento
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dos funcionários como solucionadores de problemas e implementadores de idéias,
tendo sempre duas funções: executar suas próprias tarefas e atividades e melhorar a
maneira como elas são feitas. E para isto os administradores devem acreditar que os
funcionários têm a capacidade e o desejo de melhorarem as coisas. Se isto não
ocorrer não há filosofia de melhoria de qualidade nos recursos humanos que possa ser
implantada. Porque as pessoas querem perceber sentido e propósito em suas funções
e, se os administradores só lhe pedirem números isto não ocorrerá. Eles, pelo
contrário, devem criar nos funcionários o sentido de parceria e capacitá-los para
obterem a realização das necessidades tanto individuais quanto às da organização,
onde as energias criativas e o controle das emoções de cada pessoa que ali trabalhe,
possam ser desenvolvidos e melhor aproveitados.
Os trabalhadores quando percebem que sua dignidade está sendo respeitada,
passam a alinhar as necessidades individuais com as da organização.
Todos compreenderão que não haverá melhoria possível na performance
organizacional se não passar pela qualidade da administração dos recursos humanos e
não começar com ela. Se não houver no homem um equilíbrio entre a razão e a
emoção ele não consegue obter os êxitos necessários para uma convivência salutar,
quer no trabalho quer em sua vida pessoal.
Os objetivos específicos desta monografia visam mostrar às pessoas o quanto
é vantajoso se chegar à gestão total da qualidade nas empresas, através de uma
reformulação administrativa, mudança de mentalidade e gerenciamento de metas;
com o desenvolvimento de uma consciência que questione as medidas de eficiência e
alterando as bases para uma tomada de decisão, principalmente pautadas no
desenvolvimento e valorização dos potenciais dos recursos humanos. É preciso
enxergar como a incapacidade de lidar com as próprias emoções pode destruir vidas,
acabar com carreiras promissoras. Ao mesmo tempo, pretende esclarecer de que
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modo se pode atuar diretamente sobre a inteligência emocional para que os
problemas assim sejam evitados.
Visam também, trazer à reflexão profunda e consciente, de todos os
empregadores de um modo geral, que levar em consideração o QE é respeitar o ser
humano em sua essência.
Através de observações, leituras e algumas pesquisas realizadas, conseguiu-se
identificar os problemas cernes e adquirir habilidades necessárias para apontar
soluções simples, que criam um processo de aprimoramento contínuo, com enfoque
especial nos recursos humanos.
O objetivo geral é indicar caminhos para a consecução de metas que dêem
estímulos adequados àqueles que já conquistaram ou ainda buscam o sucesso através
da melhoria dos processos estruturais e consequentemente o desempenho de toda a
organização, iniciando pela melhoria do desempenho dos indivíduos que nela
trabalham. Primeiramente porque sem o estabelecimento de uma meta não se chega a
resultado algum e segundo, porque esta revolução na administração tradicional é
antes de mais nada uma nova consciência empresarial que investe na qualidade de
vida, nos esforços do indivíduo.
O processo para se chegar à melhoria de qualidade nos relacionamentos e
nos serviços dentro das empresas é regido por valores, princípios e regras éticas que
governam as relações entre as pessoas. Ou seja, através de normas derivadas da
ciência, da medicina, da ética e dos valores da sociedade, contidos no QE.
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I - INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: A
DIFERENÇA ENTRE O QI E O QE
Segundo (GOLEMAN,1995), o QI (Quociente de Inteligência) e o QE
(Quociente Emocional) embora sejam capacidades distintas, não se opõem.
Geralmente, as pessoas confundem perspicácia intelectual e emocional; as pessoas de
alto QI e baixo QE, ou vice-versa baixo QI e alto QE, são, apesar dos estereótipos,
relativamente incomuns. Na realidade, existe uma ligeira correlação entre o QI e
alguns aspectos do QE, mesmo que pequena para que fique claro que se trata de duas
entidades bastante independentes.
Ao contrário dos famosos testes de QI, não há ainda nenhum teste para se
medir o QE , e talvez nunca venha a existir. Contudo, é bastante grande o campo de
pesquisa sobre cada um de seus componentes, alguns deles, como a empatia, são mais
bem testados pela amostragem da aptidão de fato de uma pessoa numa determinada
tarefa - por exemplo, mandá-la interpretar os sentimentos de uma pessoa num vídeo
onde são exibidas expressões faciais.
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Conforme GOLEMAN, o tipo de alto QI puro, aquele em que não se
considerada o QE, é basicamente uma caricatura do intelectual, capaz no domínio da
mente mas inepto no mundo pessoal. Os perfis diferem ligeiramente em homens e
mulheres.
“O homem de alto QI é tipificado - o que não surpreende - por uma
ampla gama de interesses e capacidades. É ambicioso e produtivo, previsível e obstinado, e desprovido de preocupação sobre si mesmo. É também inclinado a ser crítico e condescendente, fastidioso e inibido, pouco à vontade do ponto de vista sexual e sensual, inexpressivo e desligado, e emocionalmente frio.” 1
Em contrapartida, os homens com um alto grau de QE são equilibrados,
comunicativos e cheios de ânimo, não costumam sentir medos e nem se preocupam
atoa. Engajam-se facilmente com pessoas ou causas, têm muita responsabilidade e
visão ética; são solidários e atenciosos em seus relacionamentos. Têm uma vida
emocional rica e honesta; geralmente estão em paz consigo mesmos e com os outros
que os rodeiam.
Quanto as mulheres de alto QI puro, segundo GOLEMAN, elas possuem
confiança intelectual e fluência ao expressar suas idéias. Se interessam demais por
questões intelectuais e estéticas. Tendem a introspectividade, ansiedade, complexo
de culpa, e conseguem conter sua ira, não a expondo abertamente, mas de maneira
indireta.
“As mulheres emocionalmente inteligentes, por outro lado, tendem a
ser assertivas e expressam suas idéias de um modo direto, e sentem-se bem consigo mesmas; para elas, a vida tem sentido. Como os homens, são comunicativas gregárias, e expressam de modo adequado os seus sentimentos (não, por exemplo, em ataques de que depois se arrependem); adaptam-se bem à tensão. O equilíbrio social delas permite-lhes ir até os outros; sentem-se suficientemente à vontade consigo mesmas para serem brincalhonas, espontâneas e abertas à experiência sensual. Ao contrário
1 Goleman, (1995:57-58)
15
das mulheres de alto QI puro, raramente sentem ansiedade ou culpa, e tampouco mergulham em ruminações.” 2
É claro, que esses perfis são extremos – pois todas as pessoas mesclam QI e
QE em graus variados. Todavia oferecem uma perspectiva instrutiva sobre o que cada
uma dessas dimensões acrescenta, separadamente, às qualidades de uma pessoa.
Assim, na medida em que a pessoa tem tanto QI quanto QE, essas imagens se
fundem. Ainda assim, dessas duas, é o QE que contribui com um número muito
maior das qualidades que tornam as pessoas mais plenamente humanas.
2 Idem
16
II - A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
E A TEORIA X E Y DE MAC GREGOR
Uma empresa que se pauta por ser uma organização qualificada atende aos
quatro aspectos seguintes: - o trabalho em equipe; - a autonomia delegada a estas
equipes e sua responsabilização por objetivos de desempenho (qualidade, custos,
produtividade, etc...); - a diminuição dos níveis hierárquicos e o desenvolvimento das
chefias para atividades de "animação" e gestão de recursos humanos; e - a
reaproximação das relações entre as funções da empresa (entre manutenção e
fabricação, entre produção e comercial, etc...).
Estas quatro características são apresentadas como pontos de ruptura com o
taylorismo e tem-se tornado referenciais obrigatórios para aquelas organizações que
se propõem modernas e voltadas à aprendizagem. Essas organizações mantêm-se
ainda: -centradas sobre a inteligência e domínio das situações de imprevisto, que
podem ser exploradas como momentos de aprendizagem pelo conjunto de
empregados; -abertas para a explicitação da estratégia empresarial em nível dos
próprios empregados, como por exemplo, a definição de em que consiste a estratégia
de qualidade em uma planta ou setor produtivo; -favorecidas para o desenvolvimento
da co-responsabilidade em torno de objetivos comuns, que criam vínculos de
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interação e comunicação entre áreas e competências; -dispostas a dar um conteúdo
dinâmico à competência profissional, permitindo que os trabalhadores invistam em
projetos de melhoria permanente, de modo que eles sintam seu "know-how" como
uma competência-ação, ao mesmo tempo pessoal e engajada num projeto coletivo.
Toda organização voltada à aprendizagem dá os devidos treinamentos para os
desempenhos corretos das tarefas à seus funcionários e ao mesmo tempo contrata
outros que já os detêm.
Dificilmente o que foi dito acima adianta se as organizações não valorizarem
o QE das pessoas e não remunerarem a altura seus empregados, não lhes fornecerem
benefícios suficientes, como: vale-refeição, vale-transporte, assistência médica, etc...
pois, insatisfeitos quase não aprenderão nada e quase nada produzirão. Estes
requisitos são praticamente as diferenças básicas entre as organizações dos chamados
países do "primeiro-mundo" e do "terceiro-mundo" e, muitas vezes por questões tão
simples, o Brasil ainda permanece tão atrasado.
Enfim, o trabalho, a produtividade e a participação estão inseridos nas raízes
da existência da humanidade, tendo sido interpretados de maneiras diferentes por
diversos povos e correntes ideológicas, quer no aspecto científico, quer na linguagem
do cotidiano. O estudo das organizações e das práticas administrativas no transcorrer
do tempo é também desenvolvido por diversos estudiosos sob abordagens ora
contraditórias, ora complementares. Nesse contexto, as organizações evoluíram,
surgindo nele a figura do administrador, hoje envolvido com várias necessidades,
entre outras, saber lidar com previsões e examinar alternativas de soluções de
problemas antes mesmo de seu aparecimento.
Ao administrador é atribuída a função de descobrir e aproveitar
oportunidades no sentido de contribuir com a dinâmica organizacional para que as
empresas atinjam o êxito desejado. Ele empenha-se em desenvolver uma ação
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gerencial para conseguir de seus pares e subordinados a cooperação.
Cabe ao administrador compreender a empresa como um todo, bem como
investigar o comportamento, as atitudes e as reações como se estivesse em situação e
circunstâncias experimentadas por seus subordinados, seus clientes, seus
concorrentes e seus fornecedores. Estimula o desempenho de seus parceiros, usando
seu poder de influência, a barganhem de conhecimentos adquiridos na sua vivência e
na sua qualificação especializada em lugar de valer-se apenas da autoridade emanada
de seu cargo.
Portanto, na administração, em especial na gestão de pessoas, há duas
maneiras básicas e antagônicas de se enxergar o ser humano. Por conseguinte, pode-
se visualizar nesses aspectos, tanto a produtividade, quanto a participação do
indivíduo no interior das organizações. Num primeiro instante, o enfoque gerencial é
alicerçado em normas conservadoras ou introvertidas de administração, tendo em
vista a eficiência, a produtividade e a racionalidade, desconsiderando o ser humano e
o seu projeto de vida. De outro, referindo-se as técnicas de ciência do comportamento
humano, calcando-se em concepções e premissas modernas, visando melhorar o
relacionamento e o envolvimento do trabalhador nas organizações.
No modelo tradicional, as pessoas são consideradas meros recursos ou meios
de produção, pois reflete um estilo gerencial autocrático e rígido em que os
indivíduos trabalham sob pressão, com esquemas rigorosamente estruturados e
programados sem possibilidade de flexibilização, tendo em vista apenas o
cumprimento dos objetivos das empresas. Nestas, a participação dos trabalhadores
nas decisões da empresa deixa de ser importante para ceder lugar apenas à
trivialidade do processo operativo.
A segunda procura promover um estilo de administração dinâmico,
democrático e extrovertido, fundamentando-se em valores sociais e humanos por
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meio dos quais administrar não é apenas um produto, mas um processo em que o
desenvolvimento da organização não deixa de lado a participação do indivíduo. É
nessa que há a valorização do QE em conjunto com o QI.
Com o intuito de se esclarecer a participação dos indivíduos e dos grupos nas
organizações pode-se encontrar na análise conceitual desse termo a base necessária
para o seu melhor entendimento.
A participação não tem origem com o nascimento do ser humano. Ela é uma
habilidade que pode ser adquirida no relacionamento do indivíduo nas várias esferas
da sociedade, ou seja, no lar, na escola, na comunidade, na empresa, etc. Assim, é
possível aprendê-la, modificá-la e aperfeiçoá-la.
Pode-se dizer, que há vários níveis e maneiras de participar, bem como se
pode atribuir uma qualidade ao ato de participar. Dependendo das circunstâncias, a
ação participativa se realiza com maior ou menor êxito. Assim, tem-se que:
a) participação é mais intensa quando se vincula no interesse do indivíduo e
do grupo, desde que seus integrantes se conheçam e haja canais confiáveis de
comunicação;
b) as diferenças individuais constituem-se em uma intensa força para o
dinamismo e funcionamento do grupo, levando a um grau maior de produtividade, de
satisfação e de responsabilidade de seus componentes;
c) a participação se torna mais efetiva quando o processo de realização
permite ao indivíduo e ao grupo sentir os efeitos concretos e imediatos de seu
desempenho;
d) a discussão de idéias, o respeito da opinião alheia, a aceitação de experiências
positivas ou negativas, enfim o saber dialogar, pode levar a um acordo satisfatório as
apreciações do grupo, proporcionando maior participação de seus integrantes;
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e) não é suficiente a vontade e a espontaneidade por parte dos que se
envolvem com o ato de participar. A participação atinge a eficácia quando é realizada
de modo a estabelecer a paridade entre as pessoas, portanto, sem "hierarquismo";
f) o grau de participação dos indivíduos é inversamente proporcional ao
tamanho do grupo. Isto é, o grande grupo tem maiores recursos mas o grau de
participação das pessoas em grupos menores é maior.
Estando a atenção e o interesse voltados ao objetivo do desenvolvimento
organizacional das empresas voltadas à aprendizagem, sempre será oportuno pensar
em participação do trabalhador na gestão, na concepção de processos e nas práticas
produtivas.
Imputar essa dinâmica no âmago das organizações conduz a uma distribuição
eqüitativa dos resultados e dos esforços dispendidos por seus trabalhadores em busca
dos objetivos institucionais, organizacionais e operacionais, obtidos com a sua
participação.
Isto fará com que os trabalhadores e as empresas estejam integrados aos
preceitos de recentes estudos sobre a motivação humana aliados ao alto grau de
solidez das decisões, uma vez que aqueles terão condições de participar do
planejamento da realização da proposição do que é essencial para sua própria
existência, ou seja, sua vida.
As maneiras de participar também variam em conformidade com as diversas
formações sociais, isto é, a harmonia da estrutura sócio-econômica, com o regime
jurídico-institucional e fatos culturais.
E a turbulência e as aceleradas mudanças do ambiente externo, considerados
ao lado da tecnologia, que são os fatores norteadores das empresas participativas e
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empreendedoras. Neste sentido, elas poderão decidir pela estrutura organizacional
adequada, a fim de promover o crescimento, o desenvolvimento e o uso apropriado
de recursos existentes e em expansão.
É conveniente ilustrar que a característica indispensável ao alcance do êxito
nos planos é a flexibilidade, porquanto proporciona ajustes e correções necessárias no
tempo devido. Sem hesitação, o rumo mais conveniente para se orientar a condução
desses procedimentos é a empresa contar com a participação da sua força de trabalho.
Sendo assim, a contribuição das pessoas será considerada como uma energia
positiva e indispensável, não subvertendo a ordem nem a hierarquia, para a efetiva
participação na competitividade do mercado.
É inquestionável e necessário encontrar clima e condições favoráveis para que
essas atividades se desenrolem acertadamente e, isso só ocorre num ambiente sem
preconceitos que estimule e favoreça o indivíduo a produzir, contribuindo para a
evolução da empresa.
22
III - A INTELIGÊNCIA EMOCIO NAL E O
GERENCIAMENTO INTELIGENTE
Geralmente, a grande maioria das empresas só se preocupam com a qualidade
dos processos, estrutura e resultados dos serviços, porém, pouquíssimo mencionam
sobre a qualidade de vida e o grau de comunicação dos recursos humanos, neles
envolvidos. As observações e análises desta tendência, assim caracterizadas, levam à
profundas e contínuas reflexões sobre a importância de uma melhor vivência e
comunicação nas organizações.
O mundo está passando por um momento histórico de transformação global e
só as empresas capazes de se comunicarem de verdade, através de um processo de
negociação estratégico comportamental, renovando-se pela busca da qualidade dos
recursos humanos, em primeiro lugar, sobreviverão. De fato, nos próximos anos
morrerão mais empresas por falta disto do que por dinheiro.
Tem-se que pensar muito sobre isto, pois vive-se um final de século repleto de
mudanças tecnológicas rápidas e fantásticas. Ninguém conseguirá sucesso, ficando à
distância e mal informado, sem uma devida comunicação. Se isto acontecer o
fracasso predominará. E isto ocorrerá mais rápido ainda, se todos se voltarem para o
23
desenvolvimento somente do lado técnico, preocupando-se, exclusivamente, com a
máquina e menosprezando o humano.
Todos desejam o sucesso, e este está efetivamente ao alcance daqueles que o
buscarem, preparando-se e comunicando-se adequadamente, sempre atentos às ações
dos melhores do mercado.
As empresas que apresentam condições inadequadas, de alguma maneira não
estão se comunicando bem. Acredita-se que elas devam sofrer intervenções por
mudanças lentas ou radicais. As lentas são as realizadas através da iniciativa da
qualidade e as radicais através da inovação, transformação, ou como popularmente
conhecida: reengenharia do processo de negócio. Ambas precisam de melhor
comunicação e pedem, dentre outras, por mudanças estratégicas de comportamento.
As intervenções que geram mudanças radicais através da reengenharia
ocorrem, normalmente, quando se questiona a organização quanto à sua adequação ao
mercado onde sobrevive. Principalmente quanto ao nível da qualidade do serviço
interno. Uma organização não pode só garantir a qualidade do serviço interno e
externo. A garantia atende parcialmente, proporcionando segurança para si e para os
outros. Mas confiança hoje em dia é pouco! É preciso a certeza de que todos estão
realmente satisfeitos em plenitude de comunicação. O cenário onde ocorrem
mudanças radicais serão descritos em relação ao nível de adequação entre a
organização hoje e a predição futura. As organizações devem assegurar a qualidade
dos serviços e da comunicação interna para se perpetuar. É nessa busca que o
patrocinador principal do negócio encontrará a força impulsionadora que fará seu
negócio bem sucedido.
Não existem modelos disponíveis para preparar e guiar líderes e nem pessoas
bem comunicativas e de sucesso. Para o processo sem precedentes, de tomar decisões
24
certas nas horas certas, comunicações certas nas horas certas, têm-se que
desenvolver estratégias que são descontínuas com o curso de ação presente na
organização. E essas estratégias devem ser de comportamento, sem sombra de
dúvida. Por isso que, a pessoa que consegue controlar suas emoções, passa a ser um
empregado que tem maior capacidade de autocompreensão, sendo mais seguros de
seus próprios sentimentos e com uma consciência maior de como se sentem em
relação a decisões pessoais e de trabalho.
Outro fator importantíssimo na comunicação e na competitividade
organizacional é a participação. A participação é um processo natural que brota do
seu entusiasmo genuíno por um objetivo e da sua disposição de permitir que os outros
façam sua própria escolha. A lição mais difícil para muitos administradores é que,
basicamente, não há nada que se possa fazer para se conseguir engajamento ou
participação de outra pessoa. Engajamento e participação exigem liberdade de
escolha. À medida que as pessoas conversam, o objetivo torna-se mais claro.
Tornando-se mais claro, aumenta o entusiasmo pelos benefícios que ele trará. Em
pouco tempo, o objetivo começa a se alastrar numa espiral de reforço de
comunicação e empolgação.
Um dos sentimentos mais profundos que faz parte de um objetivo comum é o
desejo de estar ligado a um objetivo maior e às pessoas que dele compartilham. Esse
espírito de ligação é frágil, e fica debilitado quando se perde o respeito um pelo outro
e pelas opiniões do outro. Por isso, deve haver a "comunicação", com liberdade de
expressão, respeito mútuo e consideração.
Inicialmente o gerenciamento inteligente é aquele que não só operacionaliza
uma determinada tarefa dentro da empresa, mas é aquele que faz de seu controle
emocional em guia para tomar decisões acertadas através do seu auto-conhecimento
e através da sua autocompreensão Esses fatores o ajudam a tomar decisões acertadas
25
tanto na família como no trabalho dando sustentação nos seus sentimentos e
conscientizando-o melhor.
Gerenciar inteligentemente é acima de tudo fazer bom uso da razão e do
equilíbrio emocional.
Enfim, um gerenciamento inteligente é aquele que reconhece na organização
que mais importante do que ter um QI elevado é saber controlar suas próprias
emoções. Assim, a capacidade intelectual do funcionário não é considerada mais como
fator primordial para a obtenção do seu sucesso profissional. É um gerenciamento
onde, em concordância com as palavras de GOLEMAN: “O mundo ganharia mais
com as pessoas equilibradas e medianas do que com gênios neuróticos” 3.
O gerenciamento inteligente segue a teoria da Inteligência Emocional e sabe
que o controle emocional da pessoa determina sua inteligência, que precisa ser
trabalhada desde cedo, enfim, o exercício da inteligência emocional é pré-requisito
para um gerenciamento bem sucedido, vitorioso e inteligentes.
Pessoas equilibradas e medianas são pessoas que sabem relacionar-se
socialmente evitando o conflito e proporcionando àquele que esta ao lado um
crescimento em todos os sentidos. Essas pessoas tem mais chances de liderar grupos,
transformar pessoas improdutivas em produtivas e são capazes de levarem uma
empresa ao crescimento, pois tem uma visão do coletivo, Estas pessoas são capazes
de transformar e gerar lucros, pois carregam dentro de si o desejo e a vontade de
progredir e entendem que progredir em grupo é bem melhor.
Quanto aos gênios neuróticos são aqueles cidadãos cujo intelectual é
excepcional, sempre foi o primeiro na escola, mas na vida prática não está preparado
para liderar grupos, pois sua arrogância e prepotência o tornam um neurótico
3.
Goleman (1995:59)
26
insuportável prejudicando o trabalho em grupo que nos dias de hoje deve ser
encarado coletivamente, pois está provado que as empresas falham face a falta de
visão de conjunto daqueles que a gerenciam. O gênio neurótico não serve mais para
os padrões da administração atual.
27
IV - A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E A
EMPATIA
A empatia é alimentada pelo auto-conhecimento, quanto mais consciente a
pessoa estiver acerca de suas próprias emoções, mais facilmente poderá entender o
sentimento dos outros.
A capacidade de saber como os outros se sentem, entra em jogo em vários
aspectos da vida, quer nas práticas comerciais, na administração, no namoro e na
maternidade ou paternidade, no ser piedoso e na ação política. Isto quer dizer que,
quanto mais sensibilidade a pessoa tiver, mais compreenderá os sentimentos alheios
e, automaticamente, menos procurará feri-los, pois não desejará para os outros aquilo
que não quer para si. Por isso mesmo, costuma-se dizer que a falta de empatia mostra,
como as pessoas realmente são. Nota-se em criminosos, psicopatas, estupradores e
malfeitores de crianças. (psicopatas são pessoas portadoras de comportamentos
anormais, desequilibras e que põem em risco toda a sociedade. Estas pessoas
desajustadas socialmente devem passar por um tratamento visto que não estão em
condições de viver coletivamente e só poderão ser mais sensíveis e compreenderão os
sentimentos alheios se tratarem de suas disfunções psíquicas e patológicas.
28
Como as emoções das pessoas dificilmente são traduzidas em palavras, mas
freqüentemente são mostradas sob outras formas, o segredo para que se entenda os
sentimentos dos outros está na capacidade de interpretar canais não verbais: o tom da
voz, gestos, expressão do rosto e outros sinais. Em testes feitos com mais de sete mil
pessoas nos Estados Unidos e em outros dezoito países, as vantagens de poder
interpretar sentimentos a partir de sinais não verbais incluíam um melhor ajustamento
emocional, maior popularidade, mais abertura e, talvez o que seja mais
surpreendente, maior sensibilidade.
Em geral, as mulheres são melhores que os homens nas empatias porque
dizem que elas são mais sensíveis e têm instinto maternal.
A palavra empatia é de origem grega empátheia, que significa entrar no
sentimento, termo inicialmente usado por teóricos da estética para designar a
capacidade de perceber a experiência subjetiva de outra pessoa.
Quando o cérebro emocional dirige o corpo com uma forte emoção – o calor
da fúria, por exemplo – há pouca ou nenhuma empatia. Isso acontece porque empatia
exige calma e receptividade para que os sutis sinais de sentimentos de uma pessoa
sejam recebidos e imitados pelo cérebro emocional da outra pessoa.
Em artigo publicado na Revista Empresas, o consultor José Roberto
Saviani, nos mostra que é ótimo os líderes empresariais passarem a adotar esse tipo
de comportamento com sabedoria, ouvindo, vendo, sentindo as colocações dos seus
colaboradores em todos os níveis.
Segundo o Autor: “a criatividade, por muitos anos, no Brasil e em nossas
empresas, na sua maioria familiares, foi castrada radicalmente pelo excesso de
centralização de poderes dos patriarcas empresariais. Modernidade hoje significa
sinergia, cooperação, trabalho em equipe, abertura e flexibilidade”.4
4 Saviani (1998:p.C4)
29
A empatia deve ser uma constante em nossas atitudes diárias e na nossa
relação com as pessoas que nos cercam. Ao agirmos assim compreenderemos muito
mais sugestões administrativas, operacionais, os questionamentos sobre determinadas
ordens hierárquicas ou imposições indevidas.
Compreensão, sensibilidade, entendimento mútuo e discussões sadias farão o
diferencial nessa competitividade crescente e avassaladora que estamos vivendo
nessa virada do século.
Que bom que o ser humano, passe a ser visto novamente como algo com
sentimento, e não simplesmente como um número ou um cargo numa organização.
(SAVIANI, 1998) não esconde a felicidade de ver a inteligência emocional
ser cantada em prosa e em verso por diferentes tipos de profissionais, além da área de
recursos humanos, impulsionadora desta filosofia em nossas empresas.
Quem sabe essa virose saudável cresça mais ainda e contamine todos os
níveis de nossas empresas, que não são apenas logotipos famosos, mas organizações
constituídas por pessoas, seres humanos.
À medida que isso passe a acontecer, tenho a certeza de que a criatividade do
profissional brasileiro virá a tona, sem receios, sem medo de errar, porque é muito
nobre errar por desejo de criar, por desejo de inovar: A ausência de empatia dos
líderes, da compreensão, da liberdade da expressão entre os subalternos, nos
submeteu a empresários que se julgam donos da verdade e que fossilizaram muitos
impérios comerciais ao longo dos últimos anos.
Vamos ser empáticos, buscar nossa criatividade com compreensão bilateral. O
resultado dessa nova postura nos levará ao sucesso pessoal, familiar e empresarial.
30
4.1. O MÉTODO DA ADMINISTRAÇÃO EMOCIONAL
Segundo os psicológicos Dartan Gravina e Conceição Machado, o método da
administração emocional desenvolvido por ambos é a integração de abordagens da
psicologia, psicoterapia corporal, análise transacional, psicodrama, além de terapias
orienteis. Aliado à experiência organizacional, educacional e artística - quando
compreendemos que a arte imita a vida.
Segundo a linha de (GOLEMAN, 1995) os Psicólogos mencionados nos
mostram os passos básicos para a administração emocional objetivando o auto-
desenvolvimento pelo reconhecimento das emoções que norteiam a vida profissional
e pessoal, possibilitando a transformação de relações improdutivas em produtivas de
forma basicamente vivenciar principal objeto dessa pesquisa que construímos.
Vejamos os Passos:
“1) Sensibilização e reconhecimento das emoções
1.1. Intrapessoal:
• Reconhecer emoções autênticas.
• Reconhecer emoções de disfarce, que criam máscaras (relacionamentos
desonestos, impessoais, baseados na mentira, sede de poder, ‘puxar-o-tapete’, etc.).
1.2. Interpessoal:
• Separar o que eu sinto do que o outro sente (não sabemos o que o outro
sente, a menos que haja comunicação baseada em dar e receber “feedback”.
• Reconhecer o que suas emoções provocam no outro e vice-versa,
integrando com empatia essas emoções para relacionamentos mais maduros.
31
1) Administrar emoções5
• Pela competência emocional, relacionar-se com a máscara sem perder a
essência, focado nas metas da empresa
2) Assessoria formulada para o autodesenvolvimento
• Reuniões quinzenais sistematizadas em eu os colaboradores comunicam
ações concretas, dificuldades e o andamento do processo no cotidiano.
Dartan e Conceição, postulam três níveis de atuação perante a vida, que
chamam de ‘estados internos’, os quais são dinâmicos e flutuam de acordo com a
demanda de um estado para outro.
Estado racional: ó indivíduo é destituído de emoções, portanto o seu
processo de alfabetização emocional não é alcançado a curto prazo, uma vez que a
sua aprendizagem é processada pelo cognitivo.
Estado emocional: o indivíduo pode iniciar o seu processo de re-
alfabetização emocional, fluindo para o processo de administração das emoções, É
nesse estado que reside a essência, foco básico deste método.
Estado social: há uma consciência estereotipada, através das mensagens
recebidas do meio social, onde residem paradigmas, preconceitos, rótulos, crenças,
etc. Nesse estado, o indivíduo processa sua re-alfabetização emocional através das
emoções de disfarce, ou seja, para se adaptar e sobreviver, ele mascara a massacra
suas emoções autênticas.
Os estados social e racional são improdutivos são improdutivos porque não
desenvolvem potenciais, impossibilitando que se atinja a melhoria contínua, além de
consumir parte significativa da energia que deveria estar direcionada ao trabalho”.5
5 5. Dartan e Conceição (1999:22)
32
V - A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E AS
EMPRESAS QUE UTILIZAM -SE DO
GERENCIAMENTO INTELIGENTE
Infelizmente faltam poucos dias para se findar o Século XX, o avanço
tecnológico já conseguiu matar milhões de pessoas, mas o problema do valor do ser
humano ainda não foi resolvido. Não se conhece a natureza humana e já se está
presenciando a revolução da inteligência artificial e da engenharia genética.
Estes problemas todos devem constituir-se em preocupação básica para
qualquer administrador ou gerente de qualquer empresa. Eles não se resolvem pelo
simples enquadramento das pessoas numa estrutura organizacional. Não há dúvidas
de que se fazem necessárias algumas mudanças em nossos pensamentos e
procedimentos.
E é aí que entram os Princípios do QE, por todos tão comentados,
ultimamente. Pois, são eles que conseguem levar as pessoas a viverem de maneira
melhor e, automaticamente, a trabalharem de maneira integrada entre os diversos
33
setores ou departamentos dentro das empresas. Incluem esforços contínuos de
educação e de treinamento para que ocorra verdadeiro crescimento das pessoas nos
serviços.
Há vários estágios desse crescimento e eles vão ocorrendo durante a
conscientização da importância desse quociente na vida de cada pessoa. O primeiro
estágio é desenvolver a consciência dos problemas nas pessoas, mostrando como
localizar, analisar e resolver um problema, dando mais capacidade para as pessoas.
No segundo estágio, as pessoas que já começaram a perceber os seus problemas
pessoais, passam a entender os da sua função, os do seu departamento e assim por
diante, até adquirirem a habilidade de planejar. E como um terceiro estágio, as
pessoas passariam a aprender a gerenciar estes problemas, dirigindo suas ações para
as necessidades da empresa.
Para que os Recursos Humanos, nos serviços de um modo geral, atinjam um
bom QE, deve-se valorizar os trabalhos em equipe, uma vez que o trabalho em
equipe une todas as pessoas e partes da organização em prol de um bem comum, num
processo contínuo de aprimoramento e conquistas, fazendo com que as pessoas e,
automaticamente, a organização cresça em harmonia e consigam atingir seus
objetivos de maneira mais favorável e precisa.
Dizem até, que à medida que as condições econômicas e de mercado
mudaram na última década, surgiram novos princípios e métodos de gerência para
criar uma nova consciência empresarial. Os elementos chave são dedicação à
qualidade de acordo com a definição do cliente, enfoque científico do aprendizado
rápido e ambiente de "Todos São uma Equipe".
34
5.1. MUDANDO DE RACIONAL PARA RACIONAL / EMOCIONAL NA
NEGOCIAÇÃO
O grande diferencial das organizações está cada dia mais centrado na
qualidade pessoal e no desempenho profissional de seus recursos humanos. A
tecnologia e a estrutura das organizações podem significar muito pouco se as pessoas
não forem educadas para um trabalho responsável e não se sentirem comprometidas
com a qualidade dele e, sobretudo, com o pleno atendimento das necessidades dos
clientes.
É por isso que as organizações estão redescobrindo o sentido do trabalho das
pessoas e estão percebendo que seu desempenho não depende apenas do valor do
salário que recebem. De fato, as pessoas estão dispostas a vender seu tempo e sua
produção, mas sua lealdade, sua dedicação e sua responsabilidade solidária têm outro
preço: o reconhecimento, a delegação de autoridade (e não apenas de
responsabilidade), a educação continuada, o conhecimento da missão da organização
e de seus objetivos e metas, o ambiente organizacional adequado e o sentimento de
liberdade e propriedade criado pelo estímulo da criatividade inovadora.
Concorda-se com (HOLANDA, 1997), quando ele cita que a administração
que privilegiava só o trabalho individual, o QI das pessoas, o controle da produção e
do desempenho, a relação e subordinação e mando, a burocracia do relacionamento, a
fixação do pensamento, a elevada rotatividade, a tecnologia, a produtividade forçada
e o custo controlado, o pensamento verticalizado e objetivos não maximizados já não
consegue garantir a sobrevivência e a competitividade das organizações.
A nova filosofia de administração centrada na busca da melhoria continuada e
no QE das pessoas, privilegia o trabalho em equipe, a confiança nas pessoas e em sua
capacidade produtiva, a relação de parceria e de co-responsabilidade, adversidade e a
35
mudança de pensamento, a manutenção das pessoas na empresa, o respeito e o valor
de quem produz, o atendimento das necessidades humanas fundamentais, o
pensamento horizontalizado e a maximização dos objetivos e metas.
Cresce hoje a consciência de que as pessoas não conseguem produzir e se
realizar num ambiente de tensão e condicionadas ao comprimento de rotinas e
processos inadequados ao atendimento de suas necessidades e expectativas. Daí a
urgência da criação de uma nova gestão dos recursos humanos claramente centrada
na educação e no desenvolvimento das pessoas, que, evidentemente, constituem o
verdadeiro e definitivo patrimônio das organizações.
Nenhuma organização obtém sucesso, ou seja, cumpre seus objetivos sem o
esforço solidário de todos os seus trabalhadores, sem uma boa mescla de seus QI e
QE, que mais do que nunca, devem agir como equipe dotada de forte liderança. Nada
portanto de divisões de barreiras entre pessoas e entre departamento. Em seu lugar, o
que deve existir é um esforço integrado, planejado e consciente na busca dos
objetivos de melhoria pessoal e do desempenho organizacional.
Esse esforço solidário será facilitado e garantido se a organização tiver sua
missão claramente conhecida e definida, sua visão de futuro formulada e seus valores
estabelecidos e respeitados.
Outro apoio fundamental ao trabalho solidário vem da aproximação da
administração, que não deve perder oportunidades de interagir e de comunicar-se
com as pessoas, derrubando as barreiras que isolam, desmotivam e frustram.
Vê-se, portanto, que ter ou não uma equipe integrada e solidária depende mais
da própria organização do que das pessoas.
Uma equipe solidária, onde as pessoas reconhecem o valor do QE, pode e de
fato constrói o sucesso próprio e o da organização. Uma equipe assim, terá objetivos
36
conscientes com a missão da organização, com sua visão de futuro e com seus
valores, agirá com responsabilidade e determinação e se realizará na produção da
qualidade, não se conformando com a mediocridade.
A solidariedade das pessoas que compõem essas equipes supõe por outro
lado, que elas disponham de forte liderança que acredite nas pessoas, que as valorize,
que reconheça sua capacidade, que as estimule e apoie e que se alegre com seus
sucessos.
Trata-se é claro, de uma gerência dos recursos humanos estabelecida em
novos parâmetros e fundamentada na redescoberta do valor e da dignidade intrínseca
da pessoa humana. Uma gerência que sabe mesclar o racional e o emocional em suas
negociações.
As pessoas não precisam de chefes nem os querem, conforme MEZOMO,
“elas estão em busca isto sim, de líderes capazes de aglutinar seus esforços e de
capitalizar suas energias na busca de objetivos superiores”.6
O líder tem consciência de sua função como patrocinador do esforço coletivo,
age com lealdade, respeito e ética, estimula as mudanças, apóia a criatividade e a
inovação, capacita as pessoas para a tomada de decisão, compartilha informações,
busca resultados elevados, tem decisão e determinação, esbanja energia e disposição
e delega autoridade. Ou seja, possui QE na medida certa.
O líder é um visionário que sabe ir além do presente e que percebe e antecipa
o futuro. Faz as pessoas acreditarem na sua capacidade de melhorar a produção e o
local de trabalho. Não controla, mas motiva as pessoas por sua postura e seu
exemplo. Mostra elevada responsabilidade e respeita os sentimentos das pessoas. É
6 Mezomo (1994:28)
37
um agente de mudanças e está sempre comprometido com o melhor. Assume riscos e
deixa que as pessoas também o façam. Não teme o crescimento das pessoas e procura
garanti-lo e estimulá-lo. Defende seus funcionários e colaboradores e aposta em sua
educação continuada na busca de um alto QE .
O trabalho tem sido tradicionalmente organizado de forma a concentrar a
decisão e o poder no topo da pirâmide, reservando a área central para a coordenação e
a supervisão e a base, alargada para a execução. Tudo muito racional! A centralização
do poder (comando), fundamentada na hipótese da correlação entre poder e saber,
acabou, porém, por eliminar a criatividade da chamada força de trabalho, que foi
entendida como um grupo de pessoas capazes apenas de fazer o que lhes era pedido e
não de pensar o que estivessem fazendo.
Nessa lógica surgiram duas preocupações: a primeira, controlar o trabalho e o
horário das pessoas, e a segunda, incentivar as pessoas a produzir mais através da
promessa e da garantia de benefícios adicionais.
A história mostrou, no entanto, a inutilidade de ambas. Nem as pessoas foram
controladas efetivamente nem os benefícios as motivaram de forma permanente e
eficaz. O resultado foi apenas o aumento da tensão no relacionamento entre os
superiores e os seus comandado. Por isso é preciso reorganizar o trabalho, superando,
na prática, a relação de poder que transforma os trabalhadores em simples executores
de tarefas, desprovidos de qualquer sentido de participação na obtenção dos
resultados finais, que eles, aliás, quase sempre desconhecem. Mesmo porque, o
homem não é só racional para poder agir o tempo todo assim; se ele possui emoção,
nada mais lógico do que equilibrar de emoção e razão suas ações.
Essa reorganização do trabalho, que se fundamenta no reconhecimento do
valor das pessoas, da valorização de seu racional e emocional, do seu poder criativo,
exige sua reaproximação pela redução dos níveis hierárquicos pela redistribuição do
poder, via delegação, pelo incentivo à criatividade, pelo apoio à diversidade do
38
pensamento, pela criação de objetivos comuns e pela criação de um ambiente
organizacional que privilegie o atendimento da necessidade que dê reconhecimento
pelo esforço demonstrado.
A reorganização do trabalho racional para racional/emocional, resgata o
sentido de participação e de liberdade, que a estrutura tradicional havia sepultado, e
devolve às pessoas a vontade de se superar, porque ela, esquecendo a ilusão da
motivação externa, via benefícios, instala no próprio interior do trabalhador a razão
de sua dedicação integral, de sua lealdade e de sua participação responsável.
Não se trata apenas de mudança da estrutura organizacional, mas da
implantação de uma nova filosofia no relacionamento das pessoas, das que têm o
encargo da liderança e das que têm a responsabilidade da execução das atividades
necessárias ao cumprimento da missão da organização.
Trata-se da criação de um ambiente de solidariedade e cooperação que
possibilite o crescimento de todos e que supere qualquer sentido de privilégio e poder
que transforma as pessoas e que as separa em castas antagônicas.
Para envolver as pessoas efetiva e emocionalmente no projeto institucional,
deve-se primeiramente educá-las, fortalecendo-as e tornando-as mais capaz, através
desta educação. Só assim elas terão segurança, serão criativas, criarão senso crítico
responsável, avaliarão os processos, dando-lhes mais eficácia, e garantirão os
resultados previstos.
Numa época de máquinas inteligentes, não é possível imaginar que as pessoas
possam produzir o que se espera se não forem educadas para alcançar um melhor QE.
A educação continuada, neste sentido, resgata da dignidade do trabalhador e
potencializa seu desempenho, garantindo-lhe uma motivação interna que o leva a
superar-se permanentemente na obtenção das metas e objetivos previstos.
A segunda medida necessária é o preparo das pessoas para o trabalho em
39
equipe, o qual aumenta a lealdade e o compromisso recíproco, incentiva a
produtividade e gera um elevado nível de satisfação. Os resultados não vêm do
controle sobre o trabalho individual nem das normas e procedimentos que as pessoas
acabam sempre por esquecer. Eles vêm da soma dos esforços e da sinergia resultante
dela.
A terceira medida, que complementa tanto a educação das pessoas quanto o
seu preparo para o trabalho em equipe, é a definição clara da própria missão da
organização, bem como de seus valores fundamentais dos princípios que serão
adotados na sua administração. As pessoas precisam saber qual é o sentido e a razão
de ser da organização, o que ela pretende significar para sua comunidade, quais serão
seus desafios e como pretendem superá-los. As pessoas querem descobrir a razão
última de seu trabalho, que vai além da conclusão de suas tarefas individuais e
diárias.
Dessas três medidas básicas, nasce a motivação verdadeira para o trabalho e a
solidariedade das pessoas com a organização que elas, assim, passam a representar e
a construir.
Essas medidas trazem elevado sentido de realização e participação, que são os
ingredientes básicos da melhoria da qualidade dos serviços e das pessoas, e
transforma as pessoas em “parceiros” responsáveis pela obtenção, otimizada, dos
objetivos institucionais.
“Essas medidas instalam nas pessoas um ’motor de motivação’, que ninguém poderá desligar e fará com que elas redescubram a alegria que nasce primeiro delas própria, depois do próprio trabalho bem-feito não dos eventuais benefícios extras que lhes são oferecidos. Elas não precisarão mais ‘levar vantagens’ para ser boas, produtivas e responsáveis. Elas o serão por decisão própria, porque descobrirão que sua realização pessoal e profissional passa pela excelência de seu trabalho. De fato, ninguém nunca se realizou na mediocridade.”.7
7 Pimenta (1997:7-9)
40
As pessoas que recebem treinamento para aperfeiçoar seu QE, querem é um
espaço de liberdade, uma oportunidade para exercer sua criatividade, que as remunere
mais do que seus salários recebidos pela venda de seu tempo e de sua produção.
41
VI - UM ATENDIMENTO DE QUALIDADE
ATRAVÉS DA INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
Os modernos conceitos de marketing mostram que hoje em dia não se vendem
apenas produtos ou serviços mas também a satisfação e as necessidades do cliente.
Realmente, além das necessidades preenchidas pelo produto e serviços, diversas
necessidades complementares têm de ser igualmente contempladas (garantia,
atendimento, continuidade, assistência técnica etc.), para que o produto em questão
tenha êxito no mercado. Ou seja, isso vem de encontro a tudo que se explanou até
agora, há necessidade de utilizar-se a inteligência emocional no trato pessoal, no
atendimento ao cliente, caso se queira garantir a satisfação total do cliente e o seu
retorno.
Serviços projetados de modo desastroso, sem planejamento, contaminam
irremediavelmente a percepção que o usuário tem do próprio produto ou da
instituição que o oferece. O atendimento é o precursor e, ao mesmo tempo, o núcleo
central do serviço ao cliente.
42
Geralmente pensa-se que o êxito da empresa no mercado depende somente de
três fatores: produtos de qualidade, boa política de marketing e equipes treinadas e
motivadas. Isso é certo. No entanto, um quarto item igualmente importante é
constantemente negligenciado pelas empresas. Trata-se da excelência na prestação
de serviços aos clientes, sem a qual todo o restante pode ruir.
A Política de Excelência de Serviços ao Cliente não pode ser considerada uma
responsabilidade localizada nessa ou naquela área da empresa, por exemplo a área de
marketing ou vendas. Ela deve envolver todos os membros da organização desde a
diretoria, estabelecendo para cada um compromissos e padrões de objetivos de
desempenho no nível comportamental, principalmente naqueles postos de trabalho
em que acontecem os contatos mais cruciais com os clientes. Por isso, ela engloba o
uso da Inteligência Emocional.
Atualmente muito se ouve dizer em relação à questão da excelência ou
qualidade de serviços. Este é um assunto controvertido e cheio de nuanças. Os
brasileiros não podem simplesmente pensar em importar um modelo europeu, japonês
ou americano, mas sim trabalhar para criar um modelo que vá ao encontro da sua
cultura.
Pouco a pouco, as empresas estão deixando de se preocupar somente com
aquilo que produzem e estão aumentando sua preocupação com a função daquilo que
produzem. Isto porque, com as “ISOs” que mostram o padrão de qualidade no
produto, as empresas devem alocar suas metas na função de sua produção. Porém,
conforme lembra REIS (1994), isto não significa que o produto já não tenha
importância; é óbvio que ele tem, mas pressupõe-se que a qualidade colocada no
produto se traduz numa função cumprida e que será em si um serviço prestado ao
cliente. E é neste ponto que a atenção do fornecedor deve ser focalizada.
43
“O serviço ao cliente é o ponto chave e deve-se colocar a ênfase aí, uma vez que o produto é realmente de qualidade, quando satisfaz a exigência global do cliente. Isto se torna possível na medida que se tenha em mente que: o cliente passa a ser importante para todos que trabalham na empresa; todas as pessoas da empresa trabalham para o cliente.”8
Portanto é necessário que as necessidades do cliente sejam traduzidas em
termos de cada uma das funções de atendimento. É fundamental que a qualidade do
serviço prestado ao cliente deva ser tão boa ou melhor que a do produto.
A verdade é que a alocação de serviços exige uma profunda modificação nas
relações entre pessoas, mais do que o produto, passa a ser gradativamente mais
importante.
6.1. O COEFICIENTE EMOCIONAL NO GERENCIAMENTO BANCÁRIO EM
CONTAS POPULARES
Em uma agência bancária, seja ela de que banco for, os gerentes devem,
constantemente, fazer uma autocrítica, procurando observar como a organização é
percebida pelo mercado, analisando seus pontos fortes e fracos, tanto nas vendas dos
produtos que o banco oferece como na administração desses produtos. O atendimento
ao cliente deve ser priorizado e, para tanto, o gerente da área não deve se constranger
em imitar o que está dando certo em outros bancos, em que há a utilização da
estratégia básica e o cuidado de adaptá-la às peculiaridades do negócio. Nesse caso,
o ideal é usar da Inteligência Emocional no trato com o cliente, sendo atraente para
com ele e atraindo, através dele, mais contas para o banco .
Geralmente os gerentes das contas bancárias só se atêm aos cuidados com os
aspectos visuais do banco, tais como: manter produtos de marcas atraentes com
8 Apud Ireacema (1994:496)
44
etiquetas ou manuais de fácil leitura, ofertas condizentes com aquilo a que se
propõem; funcionários uniformizados e devidamente identificados com crachás
funcionais; móveis resistentes e práticos ao invés de simplesmente atraentes, etc.
Claro que estes simples detalhes ajudam o cliente a saber com quem está lidando,
seja, para reclamações ou elogios. São detalhes que passam uma imagem organizada
do banco, e isso é muito importante. Todavia, se não for usada muita tática,
habilidade e demais requisitos positivos e cordiais para com o cliente, de nada
adiantam as demais sofisticações. E, para tanto, somente fazendo-se uso da
Inteligência Emocional é que se consegue perceber isso.
Enfim, a prioridade mesmo é o atendimento ao cliente. A valorização do
coeficiente emocional nessa situação é imprescindível aos negócios do banco.
Receber bem é fator de suma importância para a organização, quando muitas
empresas perguntam o motivo pelo qual perdem seus clientes, a resposta que
geralmente recebem, advindas através de estatísticas, como por exemplo pesquisas
recentes apresentadas pelo SEBRAE21, têm os seguintes indicadores:
- 68% por comportamentos inadequados dos funcionários;
- 14% pela má qualidade de produtos e serviços;
- 9% por preços elevados;
- 5% porque adquiriu novos hábitos;
- 3% por mudança; e
- 1% por morte
Com isso, percebe-se que o cliente tornou-se muito mais exigente quanto a
qualidade do que deseja adquirir e está atento aos serviços oferecidos. Para conquistar
e manter clientes é preciso uma ação eficaz.
45
O mais incrível é que um grande serviço que agrada muito o cliente, é
exatamente o serviço mais barato que se pode oferecer a um cliente: um sorriso!
Então, que todos sorriam sempre ao abordar um cliente, pois isso também faz parte
dos conhecedores da Inteligência Emocional.
Muitas vezes, pergunta-se se é verdade que o cliente sempre tem razão. E,
diante deste paradigma tem-se que estar sempre trabalhando com muita flexibilidade
e ponderação. Pois, muitas vezes, rapidamente se percebe que nem sempre o cliente
está com a razão. Porém, nem sempre, mas quase sempre é possível resolver as
reclamações dando ao cliente a impressão de que ele está certo. Afinal certo ou
errado, ele é o cliente. O gerente que atua com Inteligência Emocional sabe disso.
Cabe ao gerente, portanto, administrar seus erros de forma que no final o cliente
permaneça fiel ao banco, à sua conta e às suas aplicações. (PIMENTA, 1997),
recomenda que se use de toda a habilidade para isso, procedendo de forma elegante,
sem embaraçá-lo ou culpá-lo. Assim, mesmo ele estando errado, a não perda do
equilíbrio emocional com relação à ele é vital para mantê-lo próximo e passível de
uma negociação.
O que não se deve esquecer é que os clientes são seres humanos, passíveis de
falhas e sentimentos como qualquer outra pessoa. Então, merece ser tratado com
cortesia, para qualquer queixa ou solicitação. Ademais, pode-se encarar o fato como
uma ótima oportunidade para educar o cliente. Muito embora, a crença de que o
cliente tem sempre razão pode ser uma barreira à solução dos problemas e a educação
dele.
(PIMENTA, 1997), pede que se encare o cliente como cliente – e não como
problema, o inimigo ou a maldição de sua existência – ele também não pode ser visto
como culpado até que prove sua inocência. O que acontece, infelizmente, é que os
manuais de recomendações do banco trazem tantas informações que nem sempre o
46
cliente se lembra de ler todas as instruções nele contidas. Daí a obrigação do gerente
em lembrar o cliente que reclama indevidamente, ao invés de discordar dele, de que
ele não inteirou-se das possibilidades que o produto oferece, conforme é
recomendado. Com este jogo de cintura, dentro do coeficiente emocional, muitas
vezes, o cliente que inicialmente se julgava estar 100% errado, passará a estar certo,
ao final de tudo. Moral da história: na dúvida, deve o gerente dar razão ao cliente.
Pelo até agora exposto, percebe-se que só se diferencia no mercado quem
mostra competência no atendimento. E só oferece bom atendimento quem investe em
treinamento e dá valor aos preceitos da Inteligência Emocional. Portanto, equipes
bem treinadas e equilibradas, rimam com clientes satisfeitos.
Ao contrário do que se pensa, o retorno dos investimentos aplicados em
treinamento e aprimoramento do coeficiente emocional é líquido e certo e pode custar
bem menos do que se imagina. Pode-se recorrer para tal treinamento da ajuda de
consultores especializados na área ou lançar mão do expediente de fazer sozinho,
buscando ajuda de livros e vídeos. Atualmente o treinamento tem feito a diferença
para o pessoal do atendimento nos grandes bancos, nos quais o gerente tem o
principal papel, passando assim a imagem positiva ou negativa do seu trabalho e dos
seus produtos.
A seguir, mostrar-se-á alguns pontos básicos a serem seguidos pelo gerente de
banco, para que ele possa obter sucesso no atendimento ao cliente, de acordo com o
uso da Inteligência Emocional:
- Jamais o gerente deve julgar um cliente pela aparência, pois poderá ter
surpresas. É preciso satisfazê-lo como se ele fosse o único. Deverá ir além das
expectativas, fazendo mais do que ele espera receber e lembrar-se que mesmo que
esse cliente não possua uma conta corrente boa e não possua grandes investimentos,
pode vir a ser um cliente em potencial;
47
- O gerente deve ser sempre um profissional que saiba cuidar de sua
aparência pessoal. A boa aparência inspira a confiança do cliente no gerente e nos
produtos oferecidos por ele. Portanto, nada de deixar que os problemas pessoais
transpareçam na mesa da gerência ou em qualquer outro local de trabalho, é preciso
usar o equilíbrio emocional sempre;
- O gerente deve estar sempre preparado para suas vendas, precisa conhecer
tudo sobre os produtos ou serviços que está colocando à venda. Só assim poderá
orientar e atender bem seus clientes. É de suma importância, estar todos os dias
revendo e se informando se tem produtos novos e se estes já se encontram
disponíveis. É importante também estar atento aos programas de descontos e
promoções. Porém, se não conseguir, também não deve se desesperar, pois atitudes
de desespero e desequilíbrio não levam a nada;
- O gerente deve ter sempre uma boa abordagem do cliente, nunca deixando
o cliente esperar, por exemplo. Contudo, é preciso avaliar, o momento certo de se
aproximar, não criando ansiedade nos negócios, pois a ansiedade não faz parte do
cotidiano das pessoas que usam a Inteligência Emocional. O ideal é cumprimentar o
cliente sempre e procurar abrir um canal de comunicação com ele. Saber o seu nome
e chamá-lo por ele, isto o deixará mais a vontade;
- O gerente deve descobrir as necessidades dos clientes, ouvindo-o e falando
somente o necessário, procurando assim nunca interrompê-lo quando ele estiver
falando. É necessário mostrar-se preocupado com o problema dele, e nunca, discutir
com ele, mesmo que não aceite sua opinião, deve-se respeitá-lo. Agindo assim,
certamente estará atuando com a sua Inteligência Emocional;
- O gerente deve mostrar-se seguro perante o cliente, pois sua segurança
transmitirá tranqüilidade e confiança ao cliente. É bom e vantajoso mostrar benefícios
e vantagens perante o cliente e orientá-lo sobre a maneira correta de conduzir seus
48
negócios. Quem faz uso da Inteligência Emocional sabe que ser honesto e prestativo
é uma das maneiras mais inteligentes de sobreviver;
- O gerente deve ser criativo e convincente; elogiar o cliente e suas ações e
fazê-lo sentir que tomou a decisão correta. Convidá-lo a voltar sempre e negociar
com ele quando tiver necessidade. Despedir-se mostrando gratidão e cadastrá-lo nos
seus arquivos e em sua mente.
6.1.1. Uma síntese do coeficiente emocional atuando nos dez princípios
básicos do bom atendimento
1º). Ao receber o cliente, é preciso fazer perguntas para descobrir problemas;
desejos e necessidades. Ouvir com atenção para identificar oportunidades de servi-lo
melhor. Os pequenos gestos de atenção e cortesia impressionam os clientes, por isso
quem lida com atendimento ao cliente deve acostumar-se a cumprimentar, agradecer
e chamar o cliente pelo nome.
2º). Para que o atendimento ao cliente se destaque dos demais é preciso fazer
algo extra. É bom lembrar que para o cliente o gerente é a empresa, se não tratá-lo
bem, ele fará referências pouco elogiosas ao banco, e mais, nem se lembrará do nome
do gerente.
3º). Ao atender o cliente pessoalmente é preciso organizar a área de trabalho e
mantê-la com boa aparência, além de reconhecê-lo imediatamente, deve-se dar ao
cliente total atenção, porém nunca prometendo o que não se pode cumprir.
4º). Não se deve criar empecilhos em vez de dizer o que não se pode fazer.
Deve-se dizer ao cliente o que é possível ser feito. É muito importante para aqueles
que cuidam do atendimento ao cliente, se possuir gostos e emoções diferentes do
cliente, nunca discutir sobre seu ponto de vista.
49
5º). Quando o cliente telefona o atendimento deve ser de pronto. Com um
sorriso na voz e identificando-se, permite-se que as normas e regulamentos do banco
não pareçam tão duros aos ouvidos do cliente, usando o nome do cliente com
freqüência, é preciso agradecer sempre seu telefonema.
6º). Para que o cliente fique realmente satisfeito, o gerente deve assegurar-se
pessoalmente que o problema foi resolvido, demonstrando no rosto a satisfação em
ajudá-lo. Deve sorrir!
7º). Se o cliente se irritar, é preciso seguir três passos para dissipar sua ira:
deixá-lo falar, ouvir com interesse, demonstrar empatia e respeitar o cliente na sua
maneira de ser, agir, e pensar. Ele é um ser humano igual a todos os outros, inclusive
a quem está atendendo-o.
8º). É preciso dispor-se a ajudar o cliente, não criando-lhe barreiras. O gerente
ou o funcionário encarregado de atender-lhe tem obrigação de solucionar o seu
problema logo. Para tanto, devem fazer perguntas sobre fatos e não sobre emoções. A
única emoção que deve prevalecer é a da Inteligência Emocional. Só com a ajuda
dela, será possível que o cliente obtenha um acordo quanto a uma possível solução.
9º). O segredo do bom atendimento ao cliente é estar sinceramente
interessado pelo cliente e seus problemas. Tratá-lo com igualdade perante os demais
clientes, não alimentando preconceitos ou suposições. Isso não é próprio de quem
tem Inteligência Emocional.
10º). O bom atendente está sempre atento e cadastra o cliente em sua mente.
Ao voltar a atendê-lo, trate-o sempre como alguém muito especial, e que não foi
esquecido.
Enfim, é preciso ouvir a voz do cliente através de pesquisas sistemáticas e
metodologicamente bem estruturadas, sejam estas quantitativas com uma amostra
50
representativa da População de clientes, sejam qualitativas através de Entrevistas em
Profundidade ou de “Focus Group”, dependendo do tema a ser investigado, o
importante é estar permanentemente conectado e de maneira estreita com o que os
clientes estão pensando, e sempre dentro do equilíbrio e da sabedoria da Inteligência
Emocional.
E quando se amplia a concepção de cliente, considerando como tal todos
aqueles com quem necessita-se estabelecer uma relação de parceria para que a
empresa possa crescer, esta noção de cliente se estende não só àqueles que adquirem
o produto ou serviço, mas também aos colaboradores da empresa, seus
fornecedores e outras pessoas que possam influenciar direta ou indiretamente no
crescimento da organização. É necessário ouvir a voz de todos esses clientes.
conforme diz HOLANDA.
“O processo de ouvir a voz do cliente traz à tona a Qualidade Percebida, o que muitas das vezes traduz um aspecto inteiramente novo e até surpreendente para a empresa, pois aponta algo que até então era completamente desconhecido e considerado de uma forma completamente diferente para as pessoas da Organização.”. 9
Conforme HOLANDA, a Qualidade Percebida pelos clientes pode não estar
em sintonia com a Qualidade que a empresa pensa que oferece, e quanto mais tempo
deixa-se de atentar para esse aspecto, mais correr-se o risco de estar perdendo clientes
e deixando de conquistar outros mais.
Para a autora supracitada, quando o tema percepção é abordado, tem-se que
ressaltar, ainda que aparentemente seja óbvio, que a percepção muda com o tempo,
em decorrência da experiência pessoal, muda também pelas comparações que são
feitas com o que existe de semelhante no mercado, evolui com novos parâmetros de
9 Holanda (1997:87)
51
momentos de vida, sofre interferência direta do estado emocional e do contexto em
que está inserido o objeto da percepção, seja este um produto, um serviço, ou ambos.
A percepção implica que necessariamente esteja havendo urna relação entre o
objeto (produto ou serviço) da percepção e o sujeito que percebe. O objeto da
percepção tende a ser ressaltado pelos estímulos mais marcantes a serem observados,
seja através de propagandas veiculadas em diversos canais de comunicação, seja
através das informações obtidas nos próprios produtos ou serviços, dentre outros. Por
outro lado, o sujeito que percebe apresenta todo um aspecto de seletividade
preceptiva, inerente a todos os seres humanos.
“Seleciona-se os aspectos de nossa percepção a todo momento, de acordo com as nossas características pessoais e valores nos quais acreditamos, em função de nossa experiência pessoal, do leque de comparações e analogias que fazemos com o que conhecemos hoje no mercado e em decorrência dos aspectos cognitivos e emocionais. Um mesmo produto ou serviço pode ser percebido pela mesma pessoa em um curto espaço de tempo de forma muito diferente. A percepção vai se alterando. O que é surpresa em um determinado momento e surpreende de maneira positiva (o que nos estudos da percepção, analogicamente, seria a figura se sobressaindo no fundo), no momento seguinte, passa a ser incorporado como uma característica obrigatória do serviço ou produto (passa a ser o fundo, novamente, comparando-se à relação figura/fundo nos estudos da Gestalt com relação à percepção).”10.
E esta mudança na percepção é extremamente dinâmica, aliás, como tudo o
que acontece nos dias atuais, o que reforça a questão de cada vez mais ser imperativo
que a empresa esteja em sintonia e conexão com a Qualidade que o cliente percebe,
sendo que essa Qualidade só pode existir desde que haja qualidade pessoal e
quociente emocional satisfatório naqueles que atuam junto ao cliente.
10 Holanda (1997:93)
52
Assim, a análise, o acompanhamento e as ações realizadas a partir da
obtenção da Qualidade Percebida e da visão do Quociente Emocional são importantes
não só porque ajudam na reformulação de processos, aperfeiçoamentos ou inovações,
mas também por propiciarem um clima organizacional totalmente voltado para o
cliente, e este aspecto, por si só, já é um fator fundamental para o sucesso da
organização, quer esta seja uma agência bancária, quer seja uma fábrica de colchões.
53
VII – OS DESAFIOS DAS ORGANIZAÇÕES
MODERNAS SEGUNDO
PAUL CAMPBELL DIUSMORE
Todo mundo criado por pai e mãe tem o preparo básico para funcionar
organização moderna. Os papéis dos pais são distintos e ao mesmo tempo ambíguos.
Em algumas situações eles tomam decisões individualmente; em outras, definem em
conjunto; e, ainda, em outras envolvem os filhos. Em famílias que abrigam avós ou
tios, a interação se torna ainda mais complexa.
Nas empresas modernas também, há essa multiplicidade de pais. Apesar de a
velha hierarquia e o consagrado comando único ainda persistirem em alguns lugares,
claramente formas mais matriciais de comando compartilhado são as que tenderão a
predominar no terceiro milênio. Bem como pai e mãe, assomem a responsabilidade
conjunta dos filhos nas empresas, diversas pessoas exercem fortes influências sobre
as equipes.
Em vista dessa tendência em direção a organizações mais soltas e flexíveis, as
altas administrações das empresas enfrentam o desafio de alinhar seu pessoal de
maneira que possa funcionar produtivamente nesse novo e ambíguo ambiente. Os
desafios incluem planejamento, comunicação execução, supervisão, controle, enfim,
54
todas as funções clássicas da administração. A questão É: como organizar o trabalho
num ambiente que se choca com o conceito de unicidade de comando:
Organizações modernas vêm se batizando de vários nomes, incluindo;
estruturas achatadas, organizações celulares, equipes autogerenciadas, estruturas
matriciais, organizações virtuais, flat flexibe, organizations, entre outros: Todas têm
em comum a busca da produtividade por meio da maior flexibilidade e a otimização
dos recursos humanos.
A estrutura matricial é típica dessas tendência de as empresas buscarem mais
como menos. Nascida na década de 70 em empresas de engenharia, a estrutura
matricial se mostrou uma solução boa em situações de projetos múltiplos quando
esses projetos envolviam diversas disciplinas, como engenharia civil e elétrica, por
exemplo. Aí nasceu o conceito de enfoque duplo: lideranças distintas sobre os
projetos em si, e lideranças separadas sobre as especialidades ou disciplinas. Esse
mesmo conceito de múltiplas chefias se mostram muito presente nas versões
modernas da estrutura matricial e outras formas flexíveis existentes hoje.
O desenho da organização moderna é menos importante do que a fase de
implantação, desde que tal desenho não contenha grandes aberrações conceituais.
Isso se dá em função de as organizações modernas serem muito mais estados de
espírito do que estruturais propriamente ditas. Inevitavelmente, o novo desenho
organizacional, conterá princípios de comando múltiplo e de responsabilidade
compartilhada. Logo, á incorporação desses conceitos que determinará os sucesso da
nova organização.
O sucesso da implantação de uma organização moderna depende de três
fatores (três pés): postura, processo e projetos. A seguir encontra-se a explicação de
cada um desses fatores e como eles influenciam o funcionamento da organização
moderna.
55
Postura individual Organizações flexíveis que visam a fazer mais com menos,
exigem dos executivos e gerentes posturas consideravelmente diferentes das do
passado.
Os comportamentos gerenciais da modernidade são mais para consultor,
facilitador e professor do que para dirigente, comandante e chefe. A natureza do jogo
mudou, portanto, como se fosse a mudança do futebol força, por exemplo, para o
futebol arte, de toque sutil. Na implantação da estrutura moderna, portanto, é preciso
levar em conta a necessidade de ajustar estilos e comportamentos gerenciais, por
meio de cursos específicos, sessões de coaching individual e treinamento ou the job.
Processo de Desenvolvimento Equipes. A criação do ambiente adequado para
uma empresa funcionar produtivamente não depende somente de um ajuste na cabeça
das pessoas em relação as regras dos jogos. E preciso que exista um processo de
desenvolvimento de equipes que crie o necessário espírito e condições para atingir a
produtividade exigida atualmente. Um processo de team building engloba tanto
fatores técnicos como comportamentais. Eis os passos do processo de
desenvolvimento de equipes: fixar macroobjetivos, criar confiança, estabelecer papéis
e matas, obter comprometimento, fazer implementação, criar sinergia, avalizar
resultados e buscar a renovação. O desenvolvimento de equipes ocorre pela prática
dessas ações, que pode ser simuladas em seminários vivenciais.
Projetos práticos. Para a nova organização tomar força e assumir sua forma
desejada, é preciso que novas iniciativas sejam tomadas. Isto é, resultados concretos
precisam ser alcançados pela realização de projetos específicos. Os projetos terão
finalidades diferentes, dependendo do propósito da nova organização. Em trabalho
realizado recentemente numa organização de âmbito nacional em vias de
implementar a estrutura matricial, foram propostos, os seguintes projetos visando
acelerar sua implementação: articulação e ajustes necessários para implementar o
56
modelo organizacional originalmente proposto integração em termos de trabalho de
equipe e clima organizacional, capacitação gerencial, envolvimento das filiais
regionais, desenvolvimento de capacitação de gerenciamento por projetos e melhoria
na comunicação e no fluxo de informações.
Esses projetos necessitam de planejamento (estrutura analítica, rede de
procedências, cronograma, matriz de responsabilidades, etc.) e implementação, além
de controle e acompanhamento. Os projetos são implementados por equipes internas
e acompanhados por assessoria contratada.
Mesmo que seja verdade que todo mundo criado por pai e mãe possui o
preparo básico para funcionar na organização moderna, é preciso facilitar esse
preparo, com a aplicação dos três pés, da implantação do modelo organizacional. É a
combinação do tripé, postura, processo e projetos que faz a organização moderna ser
implantada com eficácia. Como no caso do tripé físico, é preciso de equilíbrio entre
as três pernas para garantir um resultado consistente. Tal equilíbrio na implantação da
organização fará um novo estado de espírito se espalhar pela empresa, garantindo o
alcance de novos horizontes.
57
VIII – INFLUÊNCIA EMOCIONAL E
ÉTICA PROFISSIONAL
O professor universitário Antônio Lopes de Sá11, em brilhante artigo na
Revista Recursos humanos nos faz refletir sobre a influência emocional e a ética.
Vejamos: “Há milhares de anos os mais insignes filósofos chamavam a atenção para
um posicionamento muito singelo, mas tão verdadeiro que resistiu ao tempo”.
Sócrates e Buda, entre outros, lecionaram que é preciso conhecer a si mesmo.
A velha esfinge, na antiga civilização dos faraós, já tinha inscrita a frase
sugestiva advinha-me ou te devoro e que muitos interpretam como o célebre
ensinamento conheça-te a ti mesmo.
Na modernidade, os estudos sobre a denominada inteligência emocional
terminam sempre por repetir esse mesmo refrão, sob roupagem nova e mais
sofisticada, mas na essência nada diferente do que há milhares de anos os sábios há
haviam detectado.
11 Holanda (1997:93)
58
A autocrítica é um dos mais poderosos instrumentos para controlarmos nossas
emoções.
O controle das emoções é a ferramenta básica para um bom desempenho
ético.
O contabilista é um profissional que lida com muitas pessoas, com o físico,
com empresários, com seus próprios funcionários, com colegas etc.
O sucesso de seu desempenho emocional tudo tem a ver com o seu bom
comportamento ético.
É imprescindível para o sucesso saber controlar emoções, medindo seus
sentimentos.
Quem não sabe administrar emoções geralmente comete infrações no campo
da Ética.
O profissional conversa consigo mesmo e questionar-se para solucionar seus
problemas cotidianos.
Em minha longa carreira, servindo a milhares de empresas e a centenas de
milhares de colegas, encontrei sempre a necessidade de dedicar alguns bons minutos
de cada dia para julgar meus atos e minhas palavras.
A prática da ética deve constituir-se em um estado de espírito que depende,
basicamente, da inteligência emocional, razão pela qual, se desejamos progressos
essenciais em nós mesmos, é preciso, também conversar conosco e agir com terceiros
como desejaríamos que agissem conosco.
Isso me ajudou, consideravelmente, a reduzir erros e a ampliar a utilidade de
meu trabalho.
59
A grande experiência que adquiri transferi aos colegas, p elo meu livro Ética
Profissional, editado pela editora Atlas, de São Paulo, mas confesso que sempre foi
difícil conter a emoção sem usar a reflexão.
Os erros dos primeiros anos de atividades profissionais eu fui corrigindo pelo
grande filtro da reflexão, que inclui a autocrítica como um dos elementos
preponderantes.
A inteligência emocional, como uma associação ou agregado que concilia
emoção, razão e reflexão, é um instrumento de rara utilidade para o aprimoramento
ético e sua aplicação é fator de sucesso.
O contabilista está muito habituado a um uso amplo da razão e isso ás vezes
dificulta a adoção de outros recursos inteligentes, mas necessário se faz que utilize,
porém seu auto-valor para benefício próprio e de seus semelhantes.
Quando orientamos um cliente para que consiga mudar um comportamento
em relação ao governo de seu capital, é preciso que a ele não seja transferida
insegurança, mas sim convicção de que deve e pode mudar e de que a orientação
contábil é competente para indicar o caminho.
Quando lidamos com um agente fiscal não devemos temê-lo nem ver nele um
inimigo, mas um profissional que também tem deveres a cumprir, colocando-nos á
sua disposição para melhor entendê-lo.
Quando lidamos com nossos funcionários, é preciso compreender que a maior
parte dos erros deles é culpa nossa, por não orientá-los convenientemente.
Em suma, se procuramos dar o que cada um deseja, o respeito que cada um
merece, dentro dos limites da ética, guiados pela inteligência emocional, ajudamo-nos
e ajudamos terceiros.
60
A prática da ética deve constituir-se em um estado de espírito que depende,
basicamente, da inteligência emocional, razão pela qual, se desejamos progresso é
essenciais em nós mesmos, é preciso, também, conversar e agir com terceiros como
desejaríamos que agissem conosco”.
61
CONCLUSÃO
Os problemas atuais da falta de qualidade nos relacionamentos e na
comunicação entre as pessoas, dentro das organizações, assim como da falta de
qualidade nos serviços e produtos brasileiros, não são os únicos no mundo.
Costuma-se atribuir como única causa para esse tipo de problema ocorrer no
Brasil, o contexto da atual crise sócio-econômica e cultural pela qual atravessa o País;
pois mesmo com a queda da inflação, todos sabem que os juros ainda continuam altos
e que o País está se ajustando. A taxa de desemprego é ainda muito alta e a
famigerada globalização traz grandes mudanças para o mundo, e os países
considerados de terceiro mundo, como o Brasil, demoram mais para entender e se
ajustar.
Todavia, mesmo nos países desenvolvidos os mesmos problemas existem, é
certo que em menores proporções, mas na sua essência, os problemas têm uma
origem comum: a necessidade de uma nova visão de administração voltada mais para
o funcionário, como indivíduo único, com características particulares e diferenciadas.
Os administradores têm que estar conscientes de que cada funcionário é um
homem que deve ser caracterizado como ser único e, que suas diferenças
62
representam as variáveis presentes na maioria das tarefas que são desenvolvidas nas
empresas, assim como cada qual, possui com certeza uma vida diferente,
apresentando diferentes, mas semelhantes problemas, pelos quais deve ser melhor
compreendido.
É necessário que a busca da satisfação do trabalho seja uma constante no
dia-a-dia, procurando contribuir para o desenvolvimento e o crescimento de cada um
na equipe das áreas de trabalho, seja em que ramo for, como elementos importantes
do trabalho, conscientes do que realizam e participantes das decisões que direcionam
estas áreas.
É necessário, também, que cada membro da equipe de trabalho, cresça
como pessoa, procurando aprimorar seu QE, para no “fazer bem, ser mais",
conforme alega (GOLEMAN, 1995).
Apesar de relativamente novo, no Brasil, pois surgiu aproximadamente em
1990, o conceito de Inteligência Emocional tem se difundido muito. Mas, em termos
de trabalho, onde há o envolvimento concreto e total dos recursos humanos, ainda se
tem uma grande jornada pela frente. Embora, já se saiba que, principalmente, este
tipo de inteligência é que traz a efetividade, competitividade e lucro e, acima de
tudo a satisfação do principal cliente da empresa, que é o interno, seu funcionário.
Sem ele, não existirá o cliente externo que é o que mantém a empresa.
Para vencer este novo desafio, esta nova filosofia que levará as empresas
brasileiras para o século XXI como as empresas do futuro e, questionar através delas
o futuro das empresas; têm-se que, acima de tudo, começar com a valorização do ser
humano, ensinando-o a valorizar sua inteligência emocional.
Nenhuma empresa existe sem funcionários, estes por sua vez é que são em
última análise os que realizam a prestação de serviços. É preciso, portanto, que estes
63
sejam bem remunerados, sintam-se beneficiados e seguros, tendo suas satisfações
básicas garantidas.
Muitas empresas, consideram seus funcionários como despesa. Na verdade,
estes devem ser vistos como valores! Mas, a primeira conduta de uma empresa com
dificuldades financeiras é demitir e, isto é errado! No Japão, em situações críticas,
cortam-se despesas salariais do topo para a base antes de demitir. O funcionário deve
ser visto como patrimônio e garantia.
Da mesma forma, existe uma cultura de controle dos funcionários com um
clima de desconfiança. A administração moderna requer o fortalecimento dos
funcionários, que estes trabalhem em um clima de confiança, onde o equilíbrio do
quociente inteligente e do emocional é uma realidade.
Para que as pessoas trabalhem bem, com qualidade e produtividade, é
necessário também que elas estejam motivadas e participem, dentre outras coisas, do
Círculo de Controle de Qualidade (CCQ), onde os próprios funcionários fazem o
levantamento dos problemas pessoais e os da empresa e sugerem soluções voltadas
para a melhoria e produtividade, tanto pessoal, quanto da empresa. Isto é agir com
QE.
Segundo MASLOW:
"todo homem é movido por dois tipos de necessidades: as de deficiência e as de crescimento. As de deficiência são carências que precisam ser atendidas para tornar as pessoas saudáveis; dependem, para satisfação desse tipo de necessidade, de ações externas por parte de outras pessoas. As de crescimento são as relacionadas com os processos que conduzem o ser humano no sentido de sua individualização”.12
12 Maslow (1970:137).
64
As pessoas sadias são motivadas por necessidade de crescimento e, as não
sadias pelas de deficiência. O crescimento na sua visão mais elevada é entendido não
só como a satisfação progressiva das necessidades básicas, tanto de ordem
fisiológica quanto psíquica, mas também uma evolução além desse patamar, no
sentido de desenvolver talentos, capacidades criativas ou de auto-realização. A auto-
realização é caracterizada como:
"o processo de realização plena de missão (vocação, destino, apelo) é um conhecimento mais completo e uma aceitação da própria natureza intrínseca da pessoa, é uma tendência incessante para a unidade, a integração ou sinergia, dentro da própria pessoa".13
Para entender as necessidades de crescimento do ser humano, uma empresa
deverá assumir um conjunto de compromissos tais como: salários adequados;
estabilidade; bom ambiente físico; lazer, assistência médica e social; cesta básica;
segurança; gerenciamento participativo; trabalhos em grupo; treinamento formal e
treinamento no trabalho.
É, realmente, necessário a mudança baseada na descentralização da
autoridade, delegando-a ao funcionário, tornando-o mais responsável. A premissa
básica para que essa participação se instale, consiste em acreditar no elemento
humano como capaz de envolver-se, tornar-se responsável e decidir conjuntamente
sobre o trabalho que desenvolve.
Os empresários têm que aprender de vez, que todos os serviços devem ter
qualidade para poder sobreviver. O que precisa ser feito terá que sê-lo de forma
excelente e precisa. Preferencialmente dentro dos padrões de qualidade e exigência
13 Maslow (1970:137)
65
pessoal. Aos empregados deve ser passado que o cliente de hoje em dia, não opta,
com certeza, pela compra de produtos mais baratos se estes não possuem qualidade,
não respeitam prazos e nem normas.
Se anteriormente foi dito que a tecnologia não pode e não deve suplantar
os valores humanos, deve ficar bem longe o pensamento de pactuar com a
estagnação cultural dos funcionários. Desumano seria, não estimular a busca cada vez
maior de conhecimentos e aperfeiçoamento técnico do pessoal. Só terá a necessária
sensibilidade no trato com outro, aquele que se considerar valorizado e realizado
profissionalmente.
Talvez tenham sido a comodidade e o egoísmo, os critérios adotados na
organização de muitos serviços, até então. Eles, no entanto, não devem prevalecer.
Os serviços devem sofrer uma restruturação profunda. Uma nova filosofia deve ser
adotada para que funcionários ocupem o lugar que por direito lhes compete. Uma
nova filosofia de trabalho deve devolver aos funcionários os seus direitos como
cidadãos. Faz-se necessário e urgente que um esforço multiprofissional, tendo como
cabeça o administrador empreendedor, garanta aos empregados, tudo aquilo que lhes
foi até agora negado.
Pode-se dizer que (Daniel GOLEMAN, 1995), com sua teoria da Inteligência
Emocional, abriu uma imensa e fundamental janela para o mundo, não só
empresarial, como também familiar e social. Para as organizações em busca de
segurança e consistência, em uma época de tantos impactos competitivos, este fato é
um alerta, um convite a abrir bem os olhos para uma realidade pouco percebida.
Sua função maior tem sido preparar líderes motivadores, comunicadores
eficazes, agentes de transformação, arquitetos do prazer de trabalhar, competentes e
estimuladores de equipes, tornando seus líderes pessoas comprometidas com as metas
da empresa, para torná-la competitiva, lucrativa, imbatível, sem medo do presente e
do futuro.
66
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