inteligência pericial documentoscópica

7
INTELIGÊNCIA PERICIAL DOCUMENTOSCÓPICA: Aplicação da Doutrina de Inteligência na Documentoscopia Forense como Instrumento de Combate à Impunidade E. L. Silva¹ ¹ Instituto-Geral de Perícias, RS Rua Voluntários da Pátria, 1358 CEP: 90.230-010 – Porto Alegre – RS – Brasil Telefone: (51) 3288 1955 – Fax: (51) 3288 1967 – E-mail: [email protected] RESUMO – Inteligência Pericial é uma área nova e pouco desenvolvida no Brasil. Neste trabalho se procurou abordar conteúdos a respeito da atividade de Inteligência e as suas aplicações na Documentoscopia Forense. O trabalho foi estruturado em dez tópicos. Sete desses tópicos tiveram a preocupação de situar conceitualmente a doutrina de Inteligência tratando dos seguintes temas: o que é Inteligência; a atividade de Inteligência; princípios básicos; conceitos básicos; noções fundamentais; produção de conhecimento; e técnicas operacionais. A interação com a perícia documentoscópica foi efetuada em três tópicos: uso de Inteligência na Documentoscopia Forense; casos práticos; e outras propostas de aplicação. Por fim este estudo propõe que a aplicação da doutrina de Inteligência na Documentoscopia Forense pode ser um importante instrumento de combate à impunidade desde que desenvolvida de forma adequada e continua nos órgãos periciais. PALAVRAS-CHAVE: inteligência; perícia oficial; documentoscopia forense

Upload: limasilv76

Post on 11-Aug-2015

131 views

Category:

Documents


13 download

TRANSCRIPT

Page 1: Inteligência Pericial Documentoscópica

INTELIGÊNCIA PERICIAL DOCUMENTOSCÓPICA: Aplicação da Doutrina de Inteligência na Documentoscopia Forense como Instrumento de Combate à Impunidade

E. L. Silva¹

¹ Instituto-Geral de Perícias, RS Rua Voluntários da Pátria, 1358 CEP: 90.230-010 – Porto Alegre – RS – Brasil

Telefone: (51) 3288 1955 – Fax: (51) 3288 1967 – E-mail: [email protected]

RESUMO – Inteligência Pericial é uma área nova e pouco desenvolvida no Brasil. Neste trabalho se procurou abordar conteúdos a respeito da atividade de Inteligência e as suas aplicações na Documentoscopia Forense. O trabalho foi estruturado em dez tópicos. Sete desses tópicos tiveram a preocupação de situar conceitualmente a doutrina de Inteligência tratando dos seguintes temas: o que é Inteligência; a atividade de Inteligência; princípios básicos; conceitos básicos; noções fundamentais; produção de conhecimento; e técnicas operacionais. A interação com a perícia documentoscópica foi efetuada em três tópicos: uso de Inteligência na Documentoscopia Forense; casos práticos; e outras propostas de aplicação. Por fim este estudo propõe que a aplicação da doutrina de Inteligência na Documentoscopia Forense pode ser um importante instrumento de combate à impunidade desde que desenvolvida de forma adequada e continua nos órgãos periciais. PALAVRAS-CHAVE: inteligência; perícia oficial; documentoscopia forense

Page 2: Inteligência Pericial Documentoscópica

1. INTRODUÇÃO

A Inteligência Pericial é um conceito derivado da Inteligência Policial que por sua vez é uma ramificação da Inteligência enquanto estratégia desenvolvida na defesa das nações politicamente organizadas. Em geral, essa Inteligência é utilizada na administração pública para subsidiar atos decisórios com segurança e de forma ampla e oportuna. A partir das Constituições Estaduais decorrentes da Constituição Federal de 1988, com o surgimento dos primeiros órgãos periciais autônomos, tornou-se possível pensar em uma Inteligência própria para a Perícia Oficial. No entanto, quase vinte anos depois a Inteligência Pericial ainda é uma área nova e pouco desenvolvida no Brasil. Considerando esse preceito, o presente trabalho abordará inicialmente conteúdos a respeito da atividade de Inteligência para por fim buscar suas aplicações na área pericial, especificamente, na Documentoscopia Forense.

2. O QUE É INTELIGÊNCIA

O conceito de Inteligência no sentido

lato pode ser encontrado em dicionários e nas mais variadas obras de cunho científico ou não. Oliveira (2000) reuniu algumas definições de autores da área da psicologia, elaboradas em um simpósio sobre o tema em 1921 que se tornou um marco no estudo da Inteligência: para Lewis M. Therman, a Inteligência seria "a capacidade de pensar abstratamente"; para Herbert Woodrow, seria "a capacidade de adquirir capacidades"; e S. S. Colvin defendeu que uma pessoa "possui Inteligência quando aprendeu, ou pode aprender, a ajustar-se ao ambiente".

O antigo debate conceitual de

Inteligência ganhou recentemente uma solução salomônica com a idéia de Inteligências Múltiplas. A definição é de Gardner (1995) para quem a Inteligência é a capacidade de resolver problemas e elaborar produtos de

valor num ambiente cultural ou comunitário, podendo ser feito isto de múltiplas maneiras.

Sem desconsiderar esse manancial

teórico vindo da psicologia e da pedagogia, para a finalidade do presente trabalho o conceito de Inteligência que interessa vem da legislação que instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência e criou a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). No § 2°, do Art. 1°, da Lei n° 9.883, de 7 de dezembro de 1999, Inteligência foi definida como: “a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado”.

Em decorrência dessa conceituação,

como fecho desse tópico sobre o que é Inteligência, ainda cita-se a adaptação que Dantas e Souza (1999) fizeram da edição de 1995 da The enciclopedia of Police Science. De acordo com DeLadurantey, o processo de Inteligência descreve o tratamento dado a uma informação para que ela passe a ser útil para a atividade policial.

3. A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

De acordo com a Lei n° 9.883, a Atividade de Inteligência no Brasil está a cargo da ABIN. Essa agência deve planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar a Atividade na posição de órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência. A legislação ainda descreve quais seriam as atividades da ABIN: planejar e executar ações, inclusive sigilosas, relativas à obtenção e análise de dados para a produção de conhecimentos destinados a assessorar o Presidente da República; planejar e executar a proteção de conhecimentos sensíveis, relativos aos interesses e à segurança do Estado e da sociedade; avaliar as ameaças, internas e

Page 3: Inteligência Pericial Documentoscópica

externas, à ordem constitucional; promover o desenvolvimento de recursos humanos e da doutrina de Inteligência, e realizar estudos e pesquisas para o exercício e aprimoramento da atividade de Inteligência.

A Atividade de Inteligência ainda

pode ser dividida em dois ramos, conforme o Decreto N° 4.376, de 13 de setembro de 2002, que dispõe sobre a organização e o funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência: a Inteligência já definida anteriormente; e a Contra-Inteligência, segmento da Atividade de Inteligência que objetiva prevenir, detectar, obstruir e neutralizar a Inteligência adversa e ações de qualquer natureza que constituam ameaça à salvaguarda de dados, informações e conhecimentos de interesse da segurança da sociedade e do Estado.

4. PRINCÍPIOS BÁSICOS

A doutrina da ABIN vem sendo

disseminada no país por intermédio de diversos cursos voltados a servidores da segurança pública que por sua vez fazem o trabalho de multiplicadores em cursos similares nas unidades da federação. No ano de 2005, a Academia de Polícia Civil do Rio Grande do Sul (Acadepol-RS) realizou um Curso de Inteligência Policial nesse sentido. Com base nos ensinamentos ali recebidos é possível arrolar os seguintes princípios básicos que regem a Atividade de Inteligência: a) Objetividade; b) Segurança; c) Oportunidade; d) Controle; e) Imparcialidade; f) Simplicidade; g) Amplitude.

A Atividade de Inteligência também deve ser exercida dentro princípios constitucionais. O Art. 37 da Constituição Federal estabeleceu os princípios inerentes à Administração Pública: legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Esses princípios também foram incluídos na doutrina da ABIN.

5. CONCEITOS BÁSICOS

É parte importante da doutrina da

ABIN um conjunto de conceitos básicos. Para o presente trabalho, selecionou-se alguns deles conforme definidos no Curso de Inteligência Policial da Acadepol-RS: a) DADO: É qualquer fato ou situação - comunicação, notícia, extrato de documentos, denúncia - não processado pelo Órgão de Inteligência. b) CONHECIMENTO: É o resultado do processamento completo das informações obtidas pela Atividade de Inteligência. c) COMPARTIMENTAÇÃO: É a divisão das atividades por assuntos, em que cada setor conhece apenas e tão somente aquilo que estiver afeto à sua necessidade. d) COLETA DE DADOS: É a ação que permite a obtenção de dados e/ou conhecimentos por vias convencionais e ostensivas, ou seja, sem necessidade de utilização de técnicas operacionais e de pessoal especializado. e) BUSCA DE DADOS: É a ação de procura de dados de obtenção difícil, dados que são negados, necessitando para isso do emprego de técnicas operacionais e acionamento do elemento de operações. f) AUTENTICIDADE: Garantia de que o dado ou informação são verdadeiros e fidedignos tanto na origem quanto no destino. g) INTEGRIDADE: Incolumidade de dados ou informações na origem, no trânsito ou no destino. h) LEGITIMIDADE: Garantia de que o emissor e o receptor de dados ou informações são legítimos e fidedignos tanto na origem quanto no destino. i) DOUTRINA: A doutrina de Inteligência consiste num conjunto de normas, valores, princípios e pressupostos éticos que regem as Atividades de Inteligência.

Page 4: Inteligência Pericial Documentoscópica

Deixou-se de apresentar conceitos que envolviam questões como sigilo e classificação porque esses, embora importantíssimos, são mais direcionados à atividade-meio dos serviços de Inteligência do que às finalidades da doutrina que são o que o presente trabalho buscou aplicar à perícia documentoscópica.

6. NOÇÕES FUNDAMENTAIS

A doutrina de Inteligência preconiza

o uso de uma linguagem especializada entre os profissionais de Inteligência e, em alguns casos, entre estes e os usuários de seus trabalhos. As noções fundamentais estão vinculadas a termos essenciais da Linguagem de Inteligência e guardam enorme relação com a Linguagem Pericial como pode ser observado: a) Verdade - consiste na perfeita concordância do conteúdo do pensamento com o objeto. b) Certeza - consiste no acatamento integral, pela mente, da imagem por ela mesma formada, sem temor de enganar-se. c) Opinião - é o estado em que a mente acata, porém com receio de enganar-se, a imagem por ela formada, como correspondente a determinado objeto. O valor do estado de opinião se expressa por meio de indicadores de probabilidades. d) Dúvida - é o estado em que a mente encontra, em situação de equilíbrio, razões para aceitar e razões para negar que a imagem por ela mesma formada está em conformidade com determinado objeto. e) Ignorância - é o estado da mente que se caracteriza pela inexistência de qualquer imagem de determinado objeto. f) Idéia - é a simples concepção, na mente, da imagem de determinado objeto, sem adjetivá-lo. g) Juízo - é a concepção pela qual a mente estabelece uma relação entre idéias. h) Raciocínio - é a operação pela qual a mente, a partir de dois ou mais juízos conhecidos, alcança outro que deles decorre logicamente.

7. PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

Para o correto exercício da Atividade

de Inteligência, é impositivo o uso de metodologia e de técnicas acessórias voltadas para a produção do conhecimento, que permitam afastar a prática de ações meramente intuitivas e a adoção de procedimentos sem uma orientação racional. A doutrina de Inteligência preconiza uma diferenciação dos conhecimentos produzidos. Esta diferenciação resulta das noções fundamentais abordadas anteriormente. As definições que se seguem dizem respeito aos tipos de conhecimentos: a) Informe: Conhecimento resultante de juízo que expressa certeza ou opinião sobre fato ou situação passados e/ou presentes. b) Informação: Conhecimento resultante de raciocínio que expressa certeza sobre fato ou situação passados e/ou presentes. c) Apreciação: Conhecimento resultante de raciocínio que expressa opinião sobre fato ou situação passados e/ou presentes. d) Estimativa: Conhecimento resultante de raciocínio que expressa opinião sobre a evolução de um fato ou de uma situação.

8. TÉCNICAS OPERACIONAIS

Dentre as muitas técnicas, a que

guarda maior relação com a Documentoscopia Forense é a OMD (Observação, Memorização e Descrição). Trata-se do ato de observar, memorizar e descrever corretamente um fato ou situação. Na execução das Atividades de Inteligência, depara-se com a necessidade de observar atentamente. Além de observar, necessita-se, também, memorizar o que foi observado, visto que, dependendo da operação, nem sempre é possível a utilização equipamentos de registro. Mas não basta observar e memorizar. É preciso, também, que se com veracidade o que foi memorizado.

Page 5: Inteligência Pericial Documentoscópica

9. USO DE INTELIGÊNCIA NA DOCUMENTOSCOPIA FORENSE

Para empregar a Inteligência na

Documentoscopia Forense, procuraram-se paradigmas que apresentassem perspectivas do uso da Inteligência na área pericial em geral.

O primeiro paradigma que se traz é o

trabalho do perito criminal federal Fernando de Jesus que estudado e utilizado a Inteligência no trabalho pericial da área contábil. Jesus (2003) ao falar sobre a aplicação da Inteligência nas investigações financeiras lembra que o principal problema é que essas investigações são desestruturadas, sem uma ordem lógica e coerente, ausência de documentos para análise, com um número de variáveis nas quais muitas das vezes não temos controle, tais como: pressão do tempo, falta de informações adequadas, interferências de outras variáveis ocultas. Ele propõe seja observado o processo de Inteligência competitiva, de acordo com Cavalcanti et al (2001): 1ª - planejar e identificar as necessidades de informação; 2ª - coletar e tratar a informação; 3ª - analisar e validar a informação; 4ª - disseminar e utilizar estrategicamente a informação e; 5ª - avaliar.

O segundo paradigma faz parte do

Plano Estadual de Perícia Oficial e Identificação Técnica do Mato Grosso (2005). Neste Plano, foi incluído o Projeto Inteligência Pericial – Projeto de Integração de Informações sobre Casos Criminais. O Projeto previa dentre outras as seguintes tarefas: validar as fontes de informações periciais; identificar outras fontes de informações externas; mapear as formas de vinculação destas informações; definir os métodos de análise e de divulgação destas informações; e capacitar os peritos que vão atuar na analise de informações. E eram esperados os seguintes resultados: ampliação das informações

fornecidas a autoridade policial; visão das informações periciais, de um fato, unificada; interligação de fatos distintos a partir de características das informações periciais levantadas.

A partir dessas propostas, o presente

trabalho identifica que a Inteligência pode ser utilizada na Documentoscopia Forense de duas formas distintas: a) na análise e validação de informações quando da realização de um trabalho pericial indireto; b) na interligação de fatos distintos.

Em especial, na segunda situação, há a possibilidade do exercício pleno da Inteligência, tanto seguindo o apresentado por Jesus (2003) como executando as propostas do Plano Estadual de Perícia Oficial e Identificação Técnica do Mato Grosso (2005). No tópico seguinte será apresentado um caso que exemplifica esse uso, bem como, outro que trata de um trabalho pericial indireto.

10. CASOS PRÁTICOS

10.1 Perícia Indireta de Autenticações Bancárias

A presença apenas de cópias de peças

questionadas aliada a ausência de material padrão para confronto relativo à aferição de autenticações bancárias impediram a realização dos exames de análise mecanográfica dos lançamentos constituintes dessas autenticações bancárias. À parte os prejuízos que as restrições retratadas provocaram, por intermédio da análise e validação de informações próprias da doutrina de Inteligência, realizaram-se a análise de compatibilidade da composição alfanumérica das autenticações bancárias das peças questionadas. Concluiu-se que parte das peças questionadas apresentavam autenticações emanadas por máquinas de banco com composições alfanuméricas absolutamente incompatíveis com o padrão bancário

Page 6: Inteligência Pericial Documentoscópica

adequado, sendo, portanto, falsas. Além disso, duas peças questionadas apresentavam autenticações emanadas por máquinas de banco com composições alfanuméricas relativamente compatíveis com o padrão bancário adequado, porém, de forma muito peculiar (autenticações muito próximas, em máquinas diferentes, pagas com um mesmo cheque). Outras peças questionadas não apresentaram fatos dignos de registro na análise de compatibilidade da composição alfanumérica das autenticações bancárias, no entanto, ressalta-se que não há correspondência das autenticações bancárias presentes nessas peças, bem como, nas demais, com as autenticações constantes nas fitas-detalhe.

10.2 Vinte e Duas Perícias de CNHs Falsas Feitas a partir da Mesma Imagem de Espelho

A suspeita surgiu quando o Ministério

Público do Rio Grande de Sul, na manifestação de um de seus promotores, protocolou reclamação junto à Secretaria da Segurança Pública com o seguinte teor: “indispensável para a comprovação da materialidade, ausente o resultado da perícia técnica na CNH (carteira nacional de habilitação), solicitada pela autoridade policial, sendo respondido que não há solicitação de perícia, não havendo protocolo de recebimento de entrada solicitando o exame do documento, comunicado que para o mesmo n° de registro da CNH, há cinco solicitações de perícia (de autoridades policiais diversas) constando nomes diferentes, entretanto a requisitada não deu entrada”.

A partir disso se iniciou um processo

de interligação dos fatos a partir de características das informações periciais levantadas. A primeira idéia foi obter uma visão unificada das informações periciais. Partiu-se para a identificação das necessidades de informação, bem como das fontes internas e externas. Na seqüência, coletou-se a

informação, mapeando as formas de vinculação destas informações. Após a fase de análise e validação, houve a disseminação dos resultados, ampliando as informações fornecidas a autoridade policial.

Identificaram-se 22 casos: Porto

Alegre (4 casos); Arroio dos Ratos, Canoas, Caxias do Sul, Eldorado do Sul e Taquari (2 casos); e Butiá, Canela, Charqueadas, Montenegro, Portão, Sapucaia do Sul, Rosário do Sul e Viamão (1 caso). Atuaram onze peritos: Eduardo Lima Silva, Arthur Saldanha de Menezes Jr., Carlos Alberto Machado da Rosa, Jacqueline Bianchi Zaar, Saulete Paz Porto, Lenine Arlei da Silva Cardoso, Denise Capellari Pacheco, Patrícia Nunes Zottis, Francine Bica, Aida Teresinha Alves Schmitt e Vera Bittencourt.

A conclusão final disseminada foi a

de que os documentos não apresentavam o conjunto de características de segurança padrões. Tratava-se da impressão de fac-símiles de espelho de CNH em papel suporte branco, mediante processo de reprodução colorida. No banco de dados do sistema de Perícias do Departamento de Criminalística e em outros arquivos, havia o registro de diversos casos envolvendo falsificação de CNH com o mesmo número das peças questionadas. Tais fatos indicavam que, a partir de uma mesma imagem de espelho original, ocorreram contrafações espúrias, localizadas por diversas Delegacias de Polícia do Estado.

11. OUTRAS PROPOSTAS DE APLICAÇÃO

A título de outras propostas de

aplicação da Inteligência Pericial Documentoscópica, cita-se o trabalho de Ortiz (2003) sobre metaperitagem que vem a ser a perícia de uma perícia. O autor propõe essa aplicação com o intento de buscar procedimentos que melhorem as perícias a partir de uma doutrina de Inteligência Pericial

Page 7: Inteligência Pericial Documentoscópica

que possa ser consultada sistematicamente. Concorda-se que além da perícia indireta e da unificação de informações periciais, a metaperitagem é outra forma na qual a Inteligência pode ser aplicada com sucesso.

12. CONCLUSÃO

Considerando-se o exposto no

presente trabalho, pode-se dizer que a aplicação da doutrina de Inteligência na Documentoscopia Forense pode ser um importante instrumento de combate à impunidade desde que desenvolvida de forma adequada e continua nos órgãos periciais.

13. REFERÊNCIA

CAVALCANTI, M.; GOMES, E.; PEREIRA, A. Gestão de empresas na sociedade do conhecimento: um roteiro para a ação. 9 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. República Federativa do Brasil, 1988 out 05. CURSO DE INTELIGÊNCIA POLICIAL. Porto Alegre: Acadepol, 2005. DANTAS, G. F. L.; SOUZA, N. G. As bases introdutórias da análise criminal na inteligência policial. In Seminário “A Inteligência Criminal e a Criminalidade de Massa”, Brasília/DF, 1999. DECRETO N° 4.376. República Federativa do Brasil, 2002 set 13. GARDNER, H. Inteligências. Múltiplas: A Teoria na Prática. Porto. Alegre: Artes Médicas, 1995. GLASS, A. L.; HOLYOAK, K. J. Cognition. 2 ed. New York: Random House, 1986. JESUS, F. Inteligência Financeira, Perícia Contábil e Tráfico de Drogas. Perícia Federal, N° 14, p. 8-11, 2003.

LEI N° 9.883. República Federativa do Brasil, 1999 dez 07. OLIVEIRA, M. A. G. E agora, José? 2 ed. São Paulo: Senac, 2000. ORTIZ, M. A. G. Principios de metaperitación judicial para peritaje de peritajes en juzgados y tribunales, 2003 [capturado 2008 ago 24]. Disponível em: http://www.cita.es/metaperitar. PLANO ESTADUAL DE PERÍCIA OFICIAL E IDENTIFICAÇÃO TÉCNICA. Governo do Estado do Mato Grosso. Cuiabá, 2005.