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Projeto Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado do Mato Grosso

MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAO E TRANSFORMAO MINERAL CPRM - SERVIO GEOLGICO DO BRASIL GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE INDSTRIA, COMRCIO, MINAS E ENERGIA -SICME-MT COMPANHIA MATOGROSSENSE DE MINERAO - METAMAT

Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado de Mato GrossoCONVNIO DE COOPERAO TCNICO-CIENTFICO CPRM/SICME-MT/METAMAT

Thiers Muniz Lima Ricardo Gallart de Menezes Gercino Domingos da Silva Rui Benedito Calliari Bahia Luiz Carlos Souza Jnior lvaro Vilela de Resende der de Souza Martins Gerson Souza Saes Francisco Egidio Cavalcante Pinho Renato Dantas Neder Aldiney Almeida Santos Walter Alves dos Santos Jnior Lucimar Pereira Gomes Sirlane Naves da Silva Maria Marta Ormond Elaine Bernadete Ganzer Alessandra Silva Gelape Faleiro Marcos Roveri Jos Daphne Heloisa de Freitas Muniz Leandro Lino Freitas Joo Marcelo Pinheiro COORDENAO EXECUTIVA Reinaldo Santana Correia Brito-CPRM Maria Abadia Camargo CPRM Joffre Valmrio de Lacerda Filho - CPRM Wilson Menezes Coutinho METAMAT

Cuiab, 2008

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Projeto Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado do Mato Grosso

Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado de Mato GrossoPROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL. EXECUTADO EM CONVNIO CPRM-SERVIO GEOLGICO DO BRASIL/ SECRETARIA DE ESTADO DE INDSTRIA, COMRCIO, MINAS E ENERGIA -SICME-MT E COMPANHIA MATOGROSSENSE DE MINERAO - METAMAT

Ficha CatalogrficaAvaliao de rochas calcrias e fosfatadas para insumos agrcolas do Estado de Mato Grosso / Thiers Muniz Lima ... [et al.]. Cuiab : CPRM : METAMAT, 2008. 178 p. : il. ; 30 cm Programa Geologia do Brasil Avaliao de Recursos Minerais do Brasil. 1. Geologia econmica Brasil Mato Grosso. 2. Geologia regional - Brasil Mato Grosso. 3. Rochas calcrias Brasil Mato Grosso. 4. Fosfatos Brasil Mato Grosso. I. Lima, Thiers Muniz. II. Ttulo. ISBN 978-85-7499-062-0 CDD 553.516

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Projeto Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado do Mato Grosso

MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAO E TRANSFORMAO MINERAL CPRM - SERVIO GEOLGICO DO BRASIL Programa Geologia do Brasil GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE INDSTRIA, COMRCIO, MINAS E ENERGIA - SICME-MT COMPANHIA METOGROSSENSE DE MINERAO - METAMAT

AVALIAO DE ROCHAS CALCRIAS E FOSFATADAS PARA INSUMOS AGRCOLAS DO ESTADO DO MATO GROSSOCONVNIO DE COOPERAO TCNICO-CIENTFICA CPRM/METAMAT

MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA EDISON LOBO Ministro SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAO E TRANSFORMAO MINERAL CLUDIO SCLIAR Secretrio SERVIO GEOLGICO DO BRASIL-CPRM AGAMENON SRGIO LUCAS DANTAS Diretor-Presidente MANOEL BARRETTO DA ROCHA NETO Diretor de Geologia e Recursos Minerais JOS RIBEIRO MENDES Diretor de Hidrologia e Gesto Territorial FERNANDO PEREIRA DE CARVALHO Diretor de Relaes Institucionais e Desenvolvimento EDUARDO SANTA HELENA DA SILVA Diretor de Administrao e Finanas Interino REINALDO SANTANA CORREIA DE BRITO Chefe do Departamento de Recursos Minerais PAULO ROBERTO MACEDO BASTOS Chefe da Diviso de Cartografia JOO HENRIQUE CONALVES Chefe da Diviso de Geoprocessamento ERNESTO VON SPERLING Chefe da Diviso de Marketing e Divulgao SUPERINTENDNCIA REGIONAL DE GOINIA MARIA ABADIA CAMARGO Superintendente JOFFRE VALMRIO DE LACERDA FILHO Gerente de Geologia e Recursos Minerais

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO BLAIRO BORGES MAGGI Governador SILVAL DA CUNHA BARBOSA Vice-Governador SECRETARIA DE INDSTRIA, COMRCIO, MINAS E ENERGIA - SICME PEDRO JAMIL NADAF Secretrio MRCIO LUIZ DE MESQUITA Secretrio Adjunto de Gesto MANOEL ANTONIO RODRIGUES PALMA Secretrio Adjunto de Desenvolvimento MRCIO LUIZ MESQUITA Secretrio Executivo do Ncleo Sistmico Scio-Econmico JOAQUIM JURANDIR PRATT MORENO Superintendente de Minas COMPANHIA METOGROSSENSE DE MINERAO JOO JUSTINO PAES BARROS Presidente WILSON MENEZES COUTINHO Diretor Tcnico GERCINO DOMINGOS DA SILVA Coordenador de Desenvolvimento do Projeto

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Projeto Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado do Mato Grosso

MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAO E TRANSFORMAO MINERAL CPRM - SERVIO GEOLGICO DO BRASIL Programa Geologia do Brasil GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE INDSTRIA, COMRCIO, MINAS E ENERGIA - SICME

PROJETO AVALIAO DE ROCHAS CALCRIAS E FOSFATADAS PARA INSUMOS AGRCOLAS DO ESTADO DO MATO GROSSOCONVNIO DE COOPERAO TCNICO-CIENTFICA CPRM/METAMATCOORDENAO EXECUTIVA Reinaldo Santana Correia Brito - CPRM Maria Abadia Camargo CPRM Joffre Valmrio de Lacerda Filho - CPRM Wilson Menezes Coutinho METAMAT EQUIPE EXECUTORA Servio Geolgico do Brasil Chefe do Projeto: Thiers Muniz Lima Levantamento Geolgico: Ricardo Gallart de Menezes e Jane Nobre Lopes Petrografia de Rochas Cabonticas: Jane Nobre Lopes Levantamento de Produo de Calcrio: Thiers Muniz Lima Levantamento de Plantas de Beneficiamento: Luiz Carlos Souza Jnior Coleta de Amostras Calcrio Agrcola: Pedro Ricardo Soares Bispo Preparo de Base Geoqumica: Claudionor Francisco de Souza Tratamento de Dados Geoqumicos: Eric Santos Arajo e Daliane Bandeira Eberhardt Avaliao dos Dados da Bacia do Parecis: Rui Benedito Calliari Bahia Preparo de Imagens Geocover: Patrcia Duringer Jaques Preparo de Imagens Geofsicas: Maria Laura Vereza de Azevedo Digitalizao e Editorao dos Mapas/Layout: Risonaldo Pereira da Silva, Luiz Carlos de Melo, Valdivino Patrocnio da Silva e Felicssimo Rosa Borges Companhia Matogrossense de Minerao Levantamento Geolgico: Gercino Domingos da Silva COLABORADORES Servio Geolgico do Brasil Paulo Roberto Macedo Bastos DICART - CPRM Patrcia Duringer Jaques DIGEOP-CPRM Maria Laura Vereza de Azevedo- DIGEOF-CPRM Externos EMBRAPA Cerrados (CPAC) lvaro Vilela de Resende der de Souza Martins Alessandra Silva Gelape Faleiro Marcos Roveri Jos Daphne Heloisa de Freitas Muniz Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT Francisco Egidio Cavalcante Pinho Renato Dantas Neder Elaine Bernadete Ganzer Walter Alves dos Santos Jnior Lucimar Pereira Gomes Sirlane Naves da Silva IGEO-Minerao Inteligente Maria Marta Ormond Sindicato das Indstrias de Extrao de Calcrio do Estado do Mato Grosso (SINECAL) Serafim Carvalho Melo Caieira Nossa Senhora da Guia Aldiney Almeida Santos CONSULTOR Gerson Souza Saes UFMT APOIO TCNICO Servio Geolgico do Brasil Claudionor Francisco de Souza SUREG-GO - CPRM Pedro Ricardo Soares Bispo SUREG-GO - CPRM Divino Francisco de Paula SUREG-GO - CPRM Risonaldo Pereira da Silva DICART - CPRM Wilhelm Petter de Freire Bernard DICART - CPRM Jos Carlos Ferreira da Silva DICART - CPRM Paulo Jos da Costa Zilves DICART - CPRM Michel Sanginette DICART - CPRM Marilia Santos Salinas do Rosrio DICART - CPRM Joo Marcelo Pinheiro DEREM - CPRM Leandro Lino Freitas - DEREM CPRM Felipe Jos Vilela Bando DEREM - CPRM Helena Zanetti Eyben - SERAFI - BR - CPRM REVISO Thiers Muniz Lima DEREM - CPRM Jane Nobre Lopes DEGEO - CPRM Ricardo Gallart de Menezes DEREM - CPRM Hardy Jost ASSDGM - CPRM REVISO FINAL Thiers Muniz Lima DEREM - CPRM Hardy Jost ASSDGM - CPRM EDITORAO E ORGANIZAO Hardy Jost ASSDGM - CPRM MONTAGEM E EDITORAO FINAL DOS MAPAS GEOLGICOS E SIG Dados e Tempus Tecnologia e Consultoria Ltda

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CRDITOS DE AUTORIACaptulo 1 Introduo Thiers Muniz Lima Ricardo Gallart de Menezes Gercino Domingos da Silva Captulo 2: Compartimentao Geolgica Regional 2.2 - Provncia Tocantins Gerson Souza Saes Aldiney Almeida Santos Walter Alves dos Santos Jnior Lucimar Pereira Gomes Sirlane Naves da Silva 2.3 - Provncia Paran Gerson Souza Saes 2.4 Superprovncia Crton Amazonas 2.4.1 Grupo Beneficente Ricardo Gallart de Menezes 2.4.2. Bacia do Alto Tapajs Ricardo Gallart de Menezes 2.4.3. Bacia dos Parecis Rui Benedito Calliari Bahia 2.4.4 - Complexo Alcalino de Planalto da Serra Francisco Egidio Cavalcante Pinho Maria Marta Ormond Elaine Bernadete Ganzer Renato Dantas Neder Captulo 3: Minas de Calcrio Agrcola e reas Potenciais para Insumos Minerais Agrcolas 3.2 Minas de Calcrio Agrcola na Provncia Tocantins Faixa Paraguai Ricardo Gallart de Menezes Gercino Domingos da Silva 3.3 Minas de Calcrio Agrcola na Bacia do Paran Ricardo Gallart de Menezes Gercino Domingos da Silva 3.4 reas Potenciais para Insumos Minerais Agrcolas 3.4.1- Grupo Beneficente Ricardo Gallart de Menezes Gercino Domingos da Silva 3.4.2 - Formao Araras Ricardo Gallart de Menezes Gercino Domingos da Silva 3.4.3 Bacia do Paran Ricardo Gallart de Menezes Gercino Domingos da Silva 3.4.4 - Bacia do Alto Tapajs Ricardo Gallart de Menezes Gercino Domingos da Silva Thiers Muniz Lima 3.4.5 - Bacia do Parecis Thiers Muniz Lima Rui Benedito Calliari Bahia Gercino Domingos da Silva Joo Marcelo Pinheiro 3.5.6 - Complexo Alcalino de Planalto da Serra Francisco Egidio Cavalcante Pinho Maria Marta Ormond, Elaine Bernadete Ganzer Renato Dantas Neder Captulo 4: Avaliao Preliminar do Potencial das Rochas de Carbonatticas de Planalto da Serra como Fonte de Nutrientes na Agricultura lvaro Vilela de Resende der de Souza Martins Thiers Muniz Lima Alessandra Silva Gelape Faleiro Marcos Roveri Jos Daphne Heloisa de Freitas Muniz Gercino Domingos da Silva Captulo 5 - Produo de Calcrio Agrcola no Estado do Mato Grosso Thiers Muniz Lima Luiz Carlos Souza Jnior Leandro Lino Freitas Captulo 6 Concluses e Recomendaes Thiers Muniz Lima Ricardo Gallart de Menezes Gercino Domingos da Silva

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AGRADECIMENTOSO Servio Geolgico do Brasil e a Companhia Matogrossense de Minerao agradecem s instituies e profissionais pela cesso de dados inditos, auxlio na aquisio de informaes ou acesso a reas de pesquisa do projeto. Concorreram para a elaborao deste trabalho, aos quais agradecemos com destaque: - s empresas produtoras de calcrio atuantes no Estado do Mato Grosso, - Ao 12 Distrito do Departamento Nacional de Produo Mineral atravs do Chefe do Distrito gel. Jocy Gonalo de Miranda; - Superintendncia Federal de Agricultura SFA-MT - Servio de Fiscalizao Agropecuria, na pessoa Dr. Sidnei Francisco Cruz; - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Embrapa/Centro de Pesquisa Agropecuria dos Cerrados CPAC, representada pelos pesquisadores lvaro Vilela de Resende e der de Souza Martins; - Ao Sindicato das Indstrias de Extrao de Calcrio do Estado do Mato Grosso SINECAL atravs de seu presidente, Serafim Carvalho Melo; - Ao Prof. DSc Cleverson Cabral, da Imprio Mineraes Ltda; - Ao DSc Reiner Neumann do Centro de Tecnologia Mineral CETEM do Ministrio da Cincia e Tecnologia; - Ao gel. Vanderlei Bellato da Secretaria Estadual de Meio Ambiente SEMA-MT; - Aos Profs. DSc Francisco Egidio Cavalcante Pinho e DSc Renato Dantas Neder da Universidade Federal do Mato Grosso- UFMT; Agradecimentos relevantes so dedicados: - Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenao Geral SEPLAN-MT, atravs da eng. cartgrafa Ligia Camargo Madruga e o gel. Juraci de Oliveira All Filho, pela cesso das bases cartogrficas digitais do Mato Grosso na escala 1:250.000 e arquivos digitais de reas indgenas e unidades de conservao do Mapa das reas Legalmente Protegidas do Estado do Mato Grosso e Unidades de Conservao Propostas pelo ZSEE/MT. - Diviso de Cartografia da CPRM, pelo comprometimento e empenho nos ajustes de bases cartogrficas e montagem de mapa geolgico, atravs do chefe de diviso Dr. Paulo Roberto Macedo Bastos; Agradecimentos especiais so estendidos os nossos familiares pela compreenso das contnuas ausncias, retirando-lhes momentos que a eles seriam dedicados e a todos aqueles que direta e indiretamente, contriburam para a efetivao deste produto.

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APRESENTAO

O Ministrio de Minas e Energia, atravs da CPRM - Servio Geolgico do Brasil e o Governo do Estado do Mato Grosso, com a Secretaria de Estado de Indstria, Comrcio, Minas e Energia e a Companhia Matogrossense de Minerao - METAMAT tem a grata satisfao de disponibilizar aos mato-grossenses, comunidade tcnico-cientfica e aos empresrios do setor mineral, mais um produto do Programa Geologia do Brasil denominado Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado de Mato Grosso. Este produto rene as informaes geolgicas referentes s rochas carbonticas e fosfatadas, acrescidos de dados sobre a produo de calcrio agrcola no Estado do Mato Grosso. Complementando o produto apresentado um texto explicativo em formato PDF e impresso, acrescido de mapas geolgicos digitais, banco de dados geolgicos e geoqumicos, tudo estruturado em Sistema de Informaes Geogrficas (SIG). No desenvolvimento do Projeto foram realizados levantamentos geolgicos de detalhe nas minas de calcrio agrcola e em reas de ocorrncias de rochas carbonatticas e fosfatadas, alm da coleta de informaes sobre a produo de calcrio agrcola no estado. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA) e de forma inovadora, desenvolveram-se testes experimentais em casa-de-vegetao, para avaliar o uso de rochas carbonatticas como novas fontes in natura de fsforo e potssio para a agricultura. Com este produto, o Estado de Mato Grosso conta com mais um instrumento para atrair novos investimentos de empresas interessadas na produo de calcrio agrcola e pesquisa mineral de rochas carbonatticas, fontes de potssio e fsforo. Nesse sentido, o relatrio ser uma referncia no planejamento de novos investimentos no setor especfico, o que acrescenta importncia ao presente trabalho. Com mais este lanamento, a CPRM - Servio Geolgico do Brasil, atravs do Programa Geologia do Brasil d continuidade poltica governamental de aumentar o conhecimento geolgico do pas, seja com a retomada dos levantamentos geolgicos bsicos, dos levantamentos geofsicos, das integraes geolgicas estaduais ou dos trabalhos temticos a exemplo deste projeto, contribuindo dessa forma, para o desenvolvimento regional e subsidiando formulao de polticas pblicas e apoio nas tomadas de deciso de investimentos. Merece destaque o empenho de todos os autores para a concretizao dessa obra, a qual reala a importncia das parcerias com os Estados, no s para a gerao de produtos geocientficos, mas como importante ferramenta de uma efetiva poltica nacional de geologia e hidrologia, coordenada e articulada pela Secretaria de Geologia Minerao e Transformao Mineral do Ministrio de Minas e Energia, atravs do Servio Geolgico do Brasil, com os governos estaduais.

AGAMENON SRGIO LUCAS DANTAS Diretor-Presidente Servio Geolgico do Brasil CPRM

JOO JUSTINO PAES BARROS Diretor-Presidente Companhia Matogrossense de Minerao - METAMAT

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PROJETO AVALIAO DE ROCHAS CALCRIAS E FOSFATADAS PARA INSUMOS AGRCOLAS DO ESTADO DO MATO GROSSO

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SUMRIO1 - INTRODUO ........................................................................................................................................ 1.1 Justificativas .................................................................................................................................... 1.2 Mtodos e Produto ........................................................................................................................... 2 COMPARTIMENTAO GEOLGICA REGIONAL .................................................................................... 2.1 Introduo ...................................................................................................................................... 2.2 Provncia Tocantins .......................................................................................................................... 2.2.1 - Faixa Paraguai .......................................................................................................................... 2.2.1.1 - Grupo Cuiab ................................................................................................................... 2.2.1.2 - Formao Bauxi ............................................................................................................... 2.2.1.3 - Formao Puga ................................................................................................................. 2.2.1.4 - Formao Araras .............................................................................................................. 2.2.1.5 - Coberturas cratnicas ...................................................................................................... Provncia Serrana ...................................................................................................................... Sinclinal da Guia ........................................................................................................................ 2.2.1.6 - Formao Serra Azul ........................................................................................................ 2.2.1.7 - Formao Raizama ........................................................................................................... 2.2.1.8 - Formao Diamantino ....................................................................................................... 2.2.1.9 - Granito So Vicente .......................................................................................................... 2.3 Provncia Paran ............................................................................................................................. 2.3.1 - Bacia do Paran ....................................................................................................................... 2.3.1.1 - Grupo Rio Iva .................................................................................................................. 2.3.1.2 - Grupo Paran ................................................................................................................... 2.3.1.3 - Grupo Itarar ................................................................................................................... 2.3.1.4 - Grupo Guat .................................................................................................................... 2.3.1.5 - Grupo Passa Dois ............................................................................................................. Formao Irati ........................................................................................................................... Formao Estrada Nova ............................................................................................................. Formao Serra Alta .................................................................................................................. Formao Teresina .................................................................................................................... Formao Corumbata ............................................................................................................... Formao Rio do Rasto .............................................................................................................. Ambientes deposicionais do Grupo Passa Dois ........................................................................... O Grupo Passa Dois no Mato Grosso .......................................................................................... Formao Irati ........................................................................................................................... Formao Estrada Nova ............................................................................................................. 2.3.1.6 - Grupo So Bento .............................................................................................................. 2.3.1.7 - Grupo Bauru .................................................................................................................... Formao Caiu ........................................................................................................................ Formao Santo Anastcio ......................................................................................................... Formao Adamantina ............................................................................................................... Formao Uberaba .................................................................................................................... Formao Marlia ....................................................................................................................... O Grupo Bauru no Mato Grosso .................................................................................................. Formao Paredo Grande ......................................................................................................... Formao Quilombinho .............................................................................................................. Formao Cachoeira do Bom Jardim .......................................................................................... Formao Cambamb ............................................................................................................... 2.4 Superprovncia Crton Amazonas .................................................................................................... 2.4.1 - Grupo Beneficente ................................................................................................................... 2.4.2 - Bacia do Alto Tapajs ............................................................................................................... 2.4.3 - Bacia dos Parecis ..................................................................................................................... 2.4.3.1 - Formao Cacoal ............................................................................................................. 2.4.3.2 - Formao Furnas .............................................................................................................. 2.4.3.3 - Formao Ponta Grossa .................................................................................................... 2.4.3.4 - Formao Pimenta Bueno ................................................................................................. 2.4.3.5 - Formao Fazenda da Casa Branca ................................................................................... 2.4.3.6 - Formao Anari/Formao Tapirapu ................................................................................ 2.4.3.7 - Formao Rio vila ........................................................................................................... 2.4.3.8 - Grupo Parecis ................................................................................................................... Formao Salto das Nuvens ....................................................................................................... Formao Utiariti ....................................................................................................................... 2.4.3.9 - Coberturas Inconsolidadas ............................................................................................... 2.4.3.10 - Evoluo da Bacia dos Parecis ........................................................................................ 2.4.4 - Complexo Alcalino de Planalto da Serra .................................................................................... 2.4.4.1 - Localizao e vias de acesso ............................................................................................ 2.4.4.2 - Condicionamento geotectnico e magmatismo alcalino associado ...................................... 3 - MINAS DE CALCRIO AGRCOLA E REAS POTENCIAIS PARA INSUMOS MINERAIS AGRCOLAS .......................................................................................................................... 3.1- Introduo ........................................................................................................................................ 14 14 15 21 21 21 21 23 26 27 27 29 29 29 31 32 32 33 33 33 33 35 35 35 35 36 37 37 37 37 37 38 38 39 39 43 43 43 43 43 43 44 44 45 45 45 45 46 46 47 48 51 51 51 51 52 52 52 52 52 53 53 53 54 54 55 57 57

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Projeto Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado do Mato Grosso 3.2 Minas de Calcrio Agrcola na Provncia Tocantins Faixa Paraguai ................................................... 3.2.1 Minas no Grupo Cuiab ............................................................................................................ 3.2.1.1 - Calcrio do Vale ............................................................................................................... 3.2.1.2 - Vanguarda Minerao ....................................................................................................... 3.2.2 Minas na Formao Araras ....................................................................................................... Faixa Cratnica ............................................................................................................................................. 3.2.2.1 - Imprio Mineraes - Unidade Mirassol dOeste ................................................................ 3.2.2.2 - Calcrio Tangar .............................................................................................................. Faixa Dobrada ............................................................................................................................................... 3.2.2.3 - Calcrio Carmelo ............................................................................................................. 3.2.2.4 - Emal - Unidade Camil ....................................................................................................... 3.2.2.5 - Caieira Minerao Guia ..................................................................................................... 3.2.2.6 - Reical - Unidade Morro Grande Calcrio ............................................................................ 3.2.2.7 - Imprio Mineraes - Unidade Jangada ............................................................................. 3.2.2.8 - Emal - Unidade Itaipu ....................................................................................................... 3.2.2.9 - Emal - Unidade Nobres (Britacal) ...................................................................................... 3.2.2.10 - Copacel- Unidade 1 ........................................................................................................ 3.2.2.11 - Ecoplan .......................................................................................................................... 3.2.2.12 - Calcrio Ouro Branco ..................................................................................................... 3.2.2.13 - Copacel - Unidade 2 ....................................................................................................... 3.2.2.14 - Copacel - Unidade Calcrio Mato Grosso ......................................................................... 3.2.2.15 - Calcrio Cuiab .............................................................................................................. 3.2.2.16 - Reical - Unidade Nobres .................................................................................................. 3.2.2.17 - Calcrio Ita .................................................................................................................. 3.2.2.18 - Emal - Unidade Acar .................................................................................................... 3.2.2.29 - Mineradora Marzago ..................................................................................................... 3.2.2.20 - Minascal ......................................................................................................................... 3.2.2.21 - Imprio Mineraes - Unidade Paranatinga ..................................................................... 3.2.2.22 - Emal - Unidade Primavera do Leste ................................................................................ 3.2.2.23 - Reical - Unidade Paranatinga .......................................................................................... 3.2.2.24 - Emal - Unidade Paranatinga ............................................................................................ 3.2.2.25 - Calcrio Vale do Araguaia ............................................................................................... 3.2.2.26 - Minerao Serra Dourada ............................................................................................... 3.3 Minas de Calcrio Agrcola na Bacia do Paran ................................................................................ 3.3.1 Minas no Grupo Passa Dois ...................................................................................................... 3.3.1.1 - Guiracal ........................................................................................................................... 3.3.1.2 - Calcrio Mentel ................................................................................................................ 3.3.1.3 - Minerao Alto Garas ...................................................................................................... 3.3.2 Minas no Grupo Bauru ............................................................................................................. 3.3.2.1 - Imprio Mineraes - Unidade Poxoru (Calcrio Rocha) .................................................. 3.4 reas Potenciais para Insumos Minerais Agrcolas ............................................................................ 3.4.1 Grupo Beneficente ................................................................................................................... 3.4.2 Formao Araras ..................................................................................................................... 3.4.2.1 - Morro do Curral ............................................................................................................... 3.4.2.2 - Stio Flor da Serra ............................................................................................................ 3.4.2.3 - Fazenda Pingo de Ouro ..................................................................................................... 3.4.2.4 - Pedreira Mirassol .............................................................................................................. 3.4.2.5 - Fazenda Santa Rosa ......................................................................................................... 3.4.3 Bacia do Parar ....................................................................................................................... 3.4.3.1 - Crrego Cachoeira - Acantilado ........................................................................................ 3.4.4 Bacia Alto Tapajs .................................................................................................................... 3.4.4.1 - Serra do Cacau ................................................................................................................ 3.4.4.2 - Morro do Jabuti ................................................................................................................ 3.4.4.3 - Outras Ocorrncias Carbonticas ...................................................................................... 3.4.5 Bacia do Parecis ...................................................................................................................... 3.4.6 Complexo Alcalino de Planalto da Serra ................................................................................... 4- AVALIAO PRELIMINAR DO POTENCIAL DAS ROCHAS CARBONATTICAS DE PLANALTO DA SERRA COMO FONTE DE NUTRIENTES NA AGRICULTURA ............................................................. 4.1 Material e Mtodos .......................................................................................................................... 4.2 Resultados e Discusso ................................................................................................................... 4.2.1 - Apatitito e Glimerito como fonte de fsforo ............................................................................... 4.2.2 - Glimerito como fonte de potssio .............................................................................................. 4.3 Consideraes Finais ....................................................................................................................... 4.4 Concluses ..................................................................................................................................... 5 - PRODUO DE CALCRIO AGRCOLA NO ESTADO DO MATO GROSSO ................................................ 5.1 - Introduo ....................................................................................................................................... 5.2 - Aspectos Scio-Econmicos do Estado do Mato Grosso ..................................................................... 5.2.1 - Diviso Poltica e Demografia ................................................................................................... 5.2.2 - Produto Interno Bruto do Estado do Mato Grosso ...................................................................... 5.3 - Principais Setores de Infra-estrutura no Estado do Mato Grosso ........................................................ 5.3.1 - Transporte Rodovirio .............................................................................................................. 57 57 57 59 62 62 62 65 67 67 69 72 73 74 76 78 79 81 83 85 86 88 89 91 93 95 96 97 98 99 99 102 103 104 104 104 106 107 110 110 112 112 112 113 114 115 117 118 118 118 119 120 120 123 125 127 135 135 137 137 140 141 141 142 142 142 142 143 146 146

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Projeto Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado do Mato Grosso

CAPTULO 1 - INTRODUOThiers Muniz Lima (CPRM) Ricardo Gallart de Menezes (CPRM) Gercino Domingos da Silva (METAMAT) O projeto Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado de Mato Grosso resulta do interesse comum do Governo do Estado de Mato Grosso e da Unio, de ampliar o conhecimento geolgico e sobre a produo de calcrio agrcola e rochas fosfatadas no Estado de Mato Grosso. O projeto foi elaborado por convnio entre a Secretaria de Estado de Indstria, Comrcio, Minas e Energia de Mato Grosso (SICME-MT), a Companhia Matogrossense de Minerao (METAMAT) e o Servio Geolgico do Brasil - CPRM, empresa pblica vinculada Secretaria de Geologia, Minerao e Transformao Mineral, do Ministrio de Minas e Energia. A execuo deste projeto parte do Programa Geologia do Brasil Avaliao dos Recursos Minerais do Brasil, sob a responsabilidade do Departamento de Recursos Minerais e da Superintendncia Regional de Goinia da CPRM, juntamente com a Companhia Matogrossense de Minerao (METAMAT). O produto consiste em 01 (um) DVD com informaes organizadas em SIG - Sistema de Informaes Geogrficas, dois mapas geolgicos na escala 1.500.000 e o texto explicativo em formato PDF e impressso. Os mapas geolgicos consideraram o limite das principais unidades de rochas carbonticas e fosfatadas, conforme o Mapa Geolgico do Estado de Mato Grosso (Lacerda Filho et al., 2004). Foram delimitados em duas principais reas de ocorrncia, individualizadas no Mapa Geolgico da rea Sul e Mapa Geolgico da rea Norte, nos quais foram destacadas as minas de calcrio agrcola e ocorrncias de calcrios e de carbonatitos. Os levantamentos de campo, em 2006 e 2007, constaram de visitas a todas minas de calcrio agrcola e ocorrncias carbonatticas (fosfatadas) conhecidas no Estado do Mato Grosso, os quais incluram o estudo de alguns afloramentos de destaque de rochas carbonticas. Foram realizadas descries geolgicas nas frentes de lavra das minas de calcrio e em ocorrncias calcrias, com a coleta sistemtica de amostras de rocha para anlises petrogrficas e qumicas. Nos levantamentos de campo tambm foram feitas coletas de informaes sobre a produo e beneficiamento de calcrio agrcola. Novos insumos minerais como fontes de fsforo e potssio foram avaliados por estudos em casa de vegetao, com amostras coletadas nos carbonatitos da regio de Planalto da Serra-MT. A integrao destas informaes mostra as variaes geolgicas nas unidades produtoras de calcrio agrcola e o potencial para pesquisa em novas reas das unidades carbonticas, com possveis reflexos para o aumento da oferta na produo de calcrio agrcola e de rochas fertilizantes in natura no Estado de Mato Grosso. O trabalho desenvolvido poder ser utilizado na formulao de polticas pblicas para o setor mineral e agroindustrial, com reflexo no desenvolvimento regional e a atrao de novos investimentos na pesquisa mineral e instalao de unidades produtoras no Estado de Mato Grosso. 1.1 Objetivos e Justificativas Uma agricultura competitiva requer o uso de tecnologias dependentes de diversos fatores. Dentre esses, destaca-se o uso apropriado de fertilizantes e de aditivos (condicionadores e corretivos) de solo, que na sua quase totalidade so produtos de origem mineral. Neste sentido o projeto desenvolvido pela CPRM e a METAMAT teve como objetivo elaborar um panorama atualizado sobre o potencial das rochas calcrias e fosfatadas disponveis para uso na agricultura, alm de informaes sobre a produo de calcrio agrcola no Estado de Mato Grosso. A disponibilidade de insumos minerais para a agricultura constitui fator importante para o aumento da produtividade da atividade agrcola de uma regio. Estes contm macronutrientes (nitrognio, fsforo, potssio, clcio, magnsio e enxofre) e micronutrientes (cobre, molibdnio, boro, zinco, cobalto, ferro e mangans), necessrios ao desenvolvimento das plantas ou servem como aditivos (calcrio, dolomito, turfa, vermiculita, bentonitas, zeolitas, atapulgita, gipsita), usados na preparao de solos, que podem alterar as caractersticas fsicas, otimizar a ao microbitica ou modificar seu pH, dentre outros. O Estado de Mato Grosso por constituir uma das mais importantes fronteiras agrcolas do pas, requer informaes geolgicas bsicas para uma contnua oferta de bens minerais para a agricultura, em especial rochas carbonticas e fosfatadas. Estes insumos representam uma parte importante no custo de produo de commodities agrcolas, o que mostra a relevncia do conhecimento de sua disponibilidade regional e o potencial para implantao de novos plos produtores. As reservas de calcrio e dolomito agrcola no Estado do Mato Grosso, estimadas em cerca de 23 bilhes de toneladas (DNPM, 2006), so explotadas por cerca de trs dezenas de minas de calcrio agrcola concentradas principalmente regio centro-sul do estado. Estas esto especialmente localizadas nos municpios de Nobres, Rosrio Oeste, Paranatinga, Cceres, Glria dOeste, Cocalinho e Alto Garas, associados s rochas sedimentares da Formao Araras, do Grupo Cuiab e da Bacia do Paran. Nestas unidades geolgicas os trabalhos anteriores

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de pesquisa para calcrio so resultados de mapeamentos geolgicos realizados ainda nas dcadas de 70 e 80, destacando-se o projeto Provncia Serrana (1:50.000), realizado CPRM, que permitiu um maior conhecimento da Formao Araras e mostrou o potencial desta para a produo de calcrio agrcola no estado. Tambm destacam-se outros trabalhos de cunho regional, tais como os projetos Coxip-Fase I (1:50.000), Caulim do Xingu (1:100.000), Serra Azul, Cuiab, Coxip-Fase II e Centro-Oeste de Mato Grosso (1:250.000), dentre outros. Na regio norte do estado, so referncias de mapeamento geolgico os projetos So Manoel (1:100.000), Promin-Alta Floresta (1:250.000) e Rio So Tom (1:300.000). Entretanto, recentes trabalhos de mapeamento geolgico realizados por empresas de minerao e ligados a dissertaes mestrados e teses de doutorados, principalmente da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), da Universidade de So Paulo (USP) e Universidade de Braslia (UnB), alm de trabalhos de pesquisa mineral executados pela METAMAT, principalmente na regio norte do estado, tm acrescido significativo conhecimento geolgico s faixas carbonticas do Estado de Mato Grosso. A avaliao realizada neste relatrio sobre a geologia das minas, ocorrncias e ambientes geolgicos potencialmente favorveis, bem como sobre o modo de produo de calcrio agrcola no estado, constitui importante ferramenta de estmulo para o aumento dos investimentos privados no setor de pesquisa e produo de calcrio e rochas fosfatadas. Com isso, se espera incrementar o conhecimento de parte do setor de insumos agrcolas e dar suporte para a elaborao de polticas pblicas dirigidas ao desenvolvimento regional no Estado do Mato Grosso. 1.2 Mtodos e produtos O Projeto foi estruturado a partir de prvio levantamento de informaes sobre unidades geolgicas portadoras de rochas carbonticas no Estado de Mato Grosso e da localizao de minas de calcrio agrcola e das ocorrncias de rochas carbonatticas. Posteriormente, foram feitos levantamentos de campo nas minas de calcrio agrcola, a qual incluiu estudos de novas ocorrncias de rochas carbonticas, sendo a produo de calcrio agrcola no estado tambm objeto de anlise. Para as rochas carbonatticas foram executados experimentos para avaliao preliminar do seu potencial como fonte de fsforo e potssio de uso agrcola. Na primeira fase do Projeto foi efetuada a compilao de informaes bibliogrficas de trabalhos de geologia e geoqumica no estado, com destaque para a seleo de projetos em reas de rochas carbonticas. Estas informaes permitiram selecionar as duas principais reas de trabalho nas regies sul e norte do estado, para as quais foram preparadas bases cartogrficas e geolgicas. A etapa subseqente compreendeu os levantamentos de campo, com descries geolgicas detalhadas das minas de calcrio agrcola e de ocorrncias de rochas carbonticas selecionadas nas re-

as potenciais, acompanhadas, quando possvel, de suas sees estratigrficas. A amostragem de rochas procurou, de um modo geral, contemplar os diferentes litotipos dos jazimentos. A fim de maior representatividade, para a maior parte das ocorrncias com sees estratigrficas a coleta de amostras de rochas abrangeu diferentes camadas do perfil vertical, independente se de mesma composio litolgica. Para execuo das sees estratigrficas em contextos deformados, por sua vez, foram evitados, quando possvel, stios muito descaracterizados, principalmente pela presena de grandes zonas brechadas e/ou devido proximidade com zonas de falhas e/ou cisalhadas. A configurao final dos perfis foi fruto, sobretudo, da integrao de dados de campo e de anlises petrogrficas e qumicas. Concomitante a atividade de campo, foram visitadas as minas e usinas de beneficiamento de calcrio agrcola para coleta de informaes sobre aspectos da produo e beneficiamento de calcrio agrcola. Os estudos experimentais com rochas carbonatticas foram realizados em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria - Centro de Pesquisa Agropecuria dos Cerrados (Embrapa Cerrados). A fase final do projeto compreendeu a integrao, avaliao e compatibilizao dos dados levantados, alm da montagem de dois mapas geolgicos, Mapa Geolgico da rea Sul e Mapa Geolgico da rea Norte, na escala 1:500.000. Estes se encontram em formato digital, e compem o Sistema de Informaes Geogrfica (SIG), estruturadas em tecnologia ESRI, com entidades grficas ligadas a tabelas de atributos. Estas so passveis de atualizao e representadas por bases de dados planimtricos, geolgicos, geoqumicos, de recursos minerais e de atividades da minerao de calcrio agrcola. Somamse a estes a elaboraes do texto explicativo e concluso do SIG disponibilizados em DVD. Base Cartogrfica - As Bases Cartogrficas foram obtida a partir das cartas planimtricas na escala 1:250.000 do IBGE e DSG, atualizada com dados de imagens de LANDASAT 5- TM de 1993 a 1995 e dados de campo para o projeto Zoneamento ScioEconmico Ecolgico do Projeto de Desenvolvimento Agroambiental do Estado do Mato Grosso (SEPLAN-MT, 2001). Estas foram ajustadas s imagens do Mosaico GeoCover 2.000, ortorretificadas e georreferenciadas segundo o datum WGS 84, de imagens ETM+ do Landsat 7 resultante da fuso das bandas 7, 4, 2 e 8, com resoluo espacial de 14,25 metros, atualizada e editada pela Diviso de Cartografia- DICART/ DEPAT/DRI, para atender ao mapeamento temtico do Servio Geolgico do Brasil - CPRM. Foi feita uma generalizao e simplificao dos elementos cartogrficos para a escala de 1:500.000, a fim de adequar a densidade de informaes representao do tema geologia. As atualizaes dos topnimos e das feies referentes s estradas foram obtidas do Mapa Rodovirio MT (DNIT, 2002; Mato Grosso, 2006a). As feies e informaes de reas indgenas e unidades de conservao foram obtidas do Mapa das reas Legalmente Protegidas do Estado de Mato Grosso e Unidades de Conservao Propostas pelo ZSEE/MT (Mato Grosso, 2006b). Na elaborao desta base ado-

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taram-se os seguintes parmetros: Sistema de Projeo Cartogrfica Conforme Lambert - Meridiano Central 55 W e Sistema Geodsico de Referncia World Geodetic System 1984 - WGS 1984. Mapas Geolgicos - As informaes geolgicas esto disponveis no Mapa Geolgico da rea Sul e Mapa Geolgico da rea Norte, na escala 1:500.000, cujas cartografias geolgicas so originrias principalmente do Mapa Geolgico ao Milionsimo do Estado de Mato Grosso (Lacerda Filho et al., 2004). As informaes geolgicas foram disponibilizadas em dois mapas em funo da distribuio espacial das unidades carbonticas nas regies norte e sul do Estado de Mato Grosso. No Mapa Geolgico da rea Norte h presena de rochas carbonticas em algumas unidades do Grupo Beneficente e da Bacia do Alto Tapajs (Fm So Manoel, Fm Navalha e Fm Capoeiras), onde foram acrescidas informaes do Projeto So Tom (Barros et. al., 2003). No Mapa Geolgico da rea Sul mantiveram-se os limites das unidades geolgicas do Mapa Geolgico ao Milionsimo do Estado de Mato Grosso (Lacerda Filho et al., 2004) com destaque para a presena de rochas carbonticas no Grupo Cuiab, na Formao Araras e na Bacia do Paran (Grupo Bauru, Formao Irati e Formao Estrada Nova), alm da incluso de corpos carbonatticos do Complexo Alcalino de Planalto da Serra. Neste mapa foram acrescidos perfis estratigrficos de detalhe de algumas minas de calcrio, elaborados a partir de dados de campo e de laboratrio. A legenda destes mapas contm as unidades estratigrficas representadas em boxes com a cor e o cdigo das mesmas em correspondncia com o mapa, acrescidos de breve descrio. O cdigo est organizado na seguinte seqncia: A(s) primeira(s) letra(s) corresponde(m) representao de eras e de perodos: MP para Mesoproterozico, K para Cretceo, etc. O nmero que segue a letra inicial, quando presente, representa, cronologicamente, a subdiviso de on, era, perodo ou estgio, de 1 a 2 (Carbonfero, Cretceo, Negeno e Quaternrio), de 1 a 3 (a maioria das eras e perodos), e de 1 a 4 (Arqueano, Paleoproterozico e Siluriano). As ltimas letras, com dois ou trs dgitos, equivalem ao nome de cada unidade. Quando a unidade de rocha gnea, entre os cdigos alfanumricos iniciais (cronoestratigrafia) e as letras finais (nome da unidade), inseriram-se smbolos que representam o tipo de magmatismo dominante: Plutonismo flsico (gamma), Vulcanismo flsico (alfa), Vulcanismo mfico - (beta) Plutonismo mfico, (delta) Plutonismo ultramfico, (mu) Vulcanismo ultramfico - (teta), Plutonismo e vulcanismo alcalino - (epsilon). Quando h mais de um magmatismo, geralmente aplicado a rochas plutnicas flsicas (), so acrescidos nmeros que representam as idades relativas (1, 2, 3, etc.). Exemplo: Em PP4tp, PP significa Paleoproterozico, 4 Stateriano, rocha plutnica flsica e tp o nome da unidade, Granito Teles Pires. Os arquivos shape da litoestratigrafia e das estruturas contm informaes sobre as idades, littipos, metamorfismo, magmatismo, sedimentao e classe de rocha. Nos mapas geolgicos das reas Sul e Norte so apresentadas as tabelas de jazimentos carbo-

nticos e fosfatados, elaboradas a partir da coleta de informaes de campo durante este estudo. No Mapa Geolgico da rea Sul apresentada esta tabela com 40 frentes de lavra em minas de calcrio, 38 ocorrncias de rochas carbonticas, 6 novas ocorrncias fosfatadas (rochas carbonatticas) e o registro de 1 kimberlito, o que totaliza 85 jazimentos minerais. No Mapa Geolgico da rea Norte a tabela mostra 9 ocorrncias minerais classificadas em 1 depsito, 7 ocorrncias de rochas carbonticas e 1 indcio de rocha fosfatada. Estes jazimentos foram lanados na base geolgica e ordenados preferencialmente segundo o status\situao da mina (mina ativa ou mina inativa), seguido do grau de importncia (depsito, ocorrncia ou indcio) e por ltimo a sua classe utilitria (insumos para a agricultura, material de uso na construo civil e/ou gemas). Os diferentes grupos esto identificados no mapa por smbolos que caracterizam o status\situao da mina, grau de importncia e classe utilitria do jazimento, com destaque para as minas de calcrio. Mapa Geotectnico - O Mapa Geotectnico (Domnios Tectono-Estratigrficos) apresentado como encarte dos mapas geolgicos, consiste na compartimentao dos principais ambientes geolgicos do estado a partir de seus condicionantes geodinmicos de formao e hierarquia cronolgica. Foi proposto no Mapa Geolgico ao Milionsimo do Estado de Mato Grosso (Lacerda Filho et al., 2004), quando foi atualizado a partir de observaes de campo e de dados geocronolgicos recentes. A legenda no encarte mostra as unidades litotectnicas, obtidas por reclassificao das unidades litoestratigrficas e, em letras-smbolo a identificao e denominao usual dos domnios e bacias sedimentares que compem as Provncias Tectonoestruturais de Mato Grosso. Petrografia - Foram confeccionadas 275 lminas delgadas de amostras de rocha no projeto. Destas, 253 lminas delgadas so provenientes de minas ou ocorrncias de rochas carbonticas na Formao Araras, Grupo Cuiab, da Bacia do Paran (Grupo Bauru e formaes Irati e Estrada Nova) e Bacia do Alto Tapajs (Formao So Manuel); 12 lminas delgadas so de rochas carbonatticas do Complexo Alcalino de Planalto da Serra e 10 lminas delgadas so de rochas siliciclsticas calcferas de testemunhos de sondagem da Seqncia Tapirap (Formao Salto das Nuvens - Bacia do Parecis) do Projeto Caulim do Xingu. As sees delgadas de rochas carbonticas e dos testemunhos de sondagem foram confeccionadas no laboratrio da CPRM (Superintendncia Regional de Goinia) e as lminas de rochas carbonatticas foram feitas na Universidade de Braslia. As rochas carbonticas foram descritas pela geloga Jane Nobre Lopes (CPRM - Escritrio Rio de Janeiro) enquanto as rochas carbonatticas foram estudadas pelo Prof. Francisco Egidio Cavalcante Pinho (UFMT) e serviram como mtodo auxiliar as interpretaes geolgicas. Para as classificaes das rochas carbonticas consideraram-se as presenas de carbonatos (calcita e/ou dolomita), os tamanhos dos gros e/ou os critrios petrogrficos de Folk (1959, 1962) e Dunham (1962). Tambm foram considerados, de forma com-

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plementar, a proposta de Pettijohn (1957) que associa os teores de MgO%, obtidos em anlise qumicas de rocha, presena de dolomita. Sistema de Informaes Geogrficas - SIG O Sistema de Informaes Geogrficos (SIG) do projeto apresenta em formato digital todas as informaes cartogrficas, geolgicas, geoqumicas, de recursos minerais e imagens do Mapa Geolgico da rea Norte e do Mapa Geolgico da rea Sul. Os temas presentes nestas reas esto organizados em pastas na forma de arquivos no formato shape file, com visualizao em latitude-longitude, feita com o emprego do software ArcExibe, desenvolvido pela CPRM e de livre distribuio. As tabelas de atributos associadas aos arquivos vetoriais foram preenchidas segundo os padres de bibliotecas do banco de dados Geobank do Servio Geolgico do Brasil (www.cprm. gov.br). Os arquivos digitais das bases planimtricas das reas norte e sul foram atualizadas e ajustadas pela Diviso de Cartografia (DICART), assim como a organizao e montagem dos arquivos digitais dos temas do Mapa Geolgico da rea Norte. A montagem preliminar em formato digital do Mapa Geolgico da rea Sul coube Superintendncia Regional de Goinia (SUREG/GO). A confeco de imagens de geofsica foi feita pela Diviso de Geofsica (DIGEOF) e as de sensoriamento remoto pela da Diviso de Geoprocessamento (DIGEOP). Os temas de geoqumica, atividades mineiras, ttulos minerrios e de recursos minerrios foram elaborados e\ou organizados pelo Departamento de Recursos Minerais (DEREM). A elaborao e montagem final dos layouts mapas geolgicos e do SIG do projeto couberam empresa Dados e Tempus Tecnologia e Consultoria Ltda. Base de Dados de Recursos Minerais - A Base de Dados de Recursos Minerais disponvel no SIG do projeto composta por dois grupos de informaes sobre os recursos minerais carbonticos e de outros recursos minerais das reas sul e norte do projeto. Nestas, as tabelas de atributos contm informaes sobre a toponmia, latitude, longitude, mtodo de geoposicionamento, erro do mtodo de geoposicionamento, municpio, unidade da federao, data de cadastro, substncia principal e secundria, classificaes grau de importncia, status econmico, tipologia, classe gentica, classe utilitria, modelo do depsito, estrutura do minrio, textura do minrio, associao mineral, associao geoqumica, unidade geolgica e provncia estrutural, acrescidas s vezes de informaes sobre a rocha hospedeira, rocha encaixante e tipo de alterao hidrotermal ou situao da mina. Estes atributos foram preenchidos segundo as bibliotecas do Sistema Classificatrio de Recursos Minerais\Metalogenia do Servio Geolgico do Brasil. A base Recursos Minerais Carbonticos contm um total de 87 jazimentos carbonticos distribudos na rea sul (78 jazimentos) e na rea norte (9 jazimentos), ordenados preferencialmente segundo grau de importncia (depsito, ocorrncia ou indcio), seguido do status econmico (mina ou no explotado) e municpio de localizao. A base Recursos Minerais Outros proveniente da base de

dados do Mapa Geolgico ao Milionsimo do Estado de Mato Grosso (Lacerda Filho et al., 2004) e tm o total de 152 registros de metais, gua mineral, rochas e minerais industriais, gemas e material para uso na construo civil, distribudos nas reas sul (108 registros) e norte (44 registros). A espacializao dos dados de recursos minerais na base geolgica constitui ferramenta essencial para o conhecimento e selees de reas potenciais para investimentos em pesquisa mineral. Mapas Geofsicos - Os dados aeromagnetomtricos, aerorradiomtricos e gravimtricos so apresentados como encartes aos mapas geolgicos nas escalas de 1:4.000.000 (Mapa Geolgico da rea Norte) e 1:5.000.000 (Mapa Geolgico da rea Sul) e disponibilizados tambm em meio digital. Os mapas subsidiaram a individualizao de unidades litoestratigrficas e a compartimentao geotectnica proposta no Mapa Geolgico ao Milionsimo do Estado de Mato Grosso (Lacerda Filho et al., 2004), constituindo ferramenta eficaz de apoio ao entendimento da geologia. Aeromagnetometria - O Mapa Aeromagnetomtrico (Campo Total Reduzido do International Geomagnetic Reference Field-IGRF, com relevo sombreado) foi gerado a partir dos dados do mapa Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso, reunindo projetos aerogeofsicos das seguintes fontes: Servio Geolgico do Brasil - CPRM; Departamento Nacional de Produo Mineral DNPM; Agncia Nacional do Petrleo ANP; Empresas Nucleares Brasileiras S. A. NUCLEBRS e Comisso de Energia Nuclear CNEN. Estes dados, aps compilados e compatibilizados, auxiliaram na individualizao de unidades geolgicas. Detalhes sobre os vrios projetos podem ser encontrados no Sistema de Informaes Geogrficas (SIG) e na homepage da CPRM (www.cprm.gov.br). Os dados disponveis foram recortados dentro das reas dos mapas geolgicos, processados separadamente e integrados mediante emprego do software OASIS Montaj, da Geosoft. A malha utilizada na integrao foi de 1.000 metros, com continuao para cima de 1.000 metros, inclinao da fonte luminosa de 45 e azimute de 45 A unidade usada foi o nanoTesla (nT). O arquivo, em formato Geotiff (disponvel no GIS), foi exportado usando o mesmo software. Aerogamaespectrometria - O Mapa Aerogamaespectromtrico de Contagem Total (Relevo Sombreado) foi gerado a partir dos dados do mapa Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso, reunindo projetos aerogeofsicos das seguintes fontes: Servio Geolgico do Brasil - CPRM; Departamento Nacional de Produo Mineral DNPM; Agncia Nacional do Petrleo ANP; Empresas Nucleares Brasileiras S. A. NUCLEBRS e Comisso de Energia Nuclear CNEN. Detalhes sobre os vrios projetos podem ser encontrados no Sistema de Informaes Geogrficas (SIG) e na homepage da CPRM (www.cprm.gov.br). Os dados disponveis foram recortados dentro das reas dos mapas geolgicos, processados separadamente e integrados com emprego do software OASIS Montaj, da Geosoft. A malha utilizada na integrao foi de 1.000 m, com

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inclinao da fonte luminosa de 45 e azimute de 45. A unidade usada foi microRoentgen/hora (R/h). Gravimetria - O Mapa de Anomalias Gravimtricas Bouguer foi feito dos recortes nas reas dos mapas geolgicos do projeto, a partir do Mapa de Anomalias Gravimtricas Bouguer do Estado de Mato Grosso, elaborado originalmente pela geloga Roberta Mary Vidotti, gerado a partir de 3516 pontos de dados gravimtricos terrestres que compem os acervos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE, da Agncia Nacional do Petrleo ANP e do Servio Geolgico do Brasil CPRM. A malha utilizada na integrao foi de aproximadamente 1.000 m, com inclinao da fonte luminosa de 45 e azimute de 45. Utilizou-se o software OASIS Montaj, da Geosoft. O arquivo em formato Geotiff foi exportado usando o mesmo software. Modelo Digital de Terreno - O relevo sombreado de Modelo Digital de Terreno (MDT), apresentado no SIG do projeto, foi obtido a partir do Modelo Digital de Terreno da Amrica do Sul produzido a partir dos dados SRTM - Shuttle Radar Topography Mission, corrigidos e projetados ao Datum SAD-69 pelo Prof. Dr. Carlos Roberto de Souza Filho (IG-UNICAMP). O relevo sombreado de Modelo Digital de Terreno (MDT) tem fonte de iluminao artificial de 35 de elevao e 315 de azimute. O contraste da imagem final foi obtido por ampliao linear, com saturao de 2% nos extremos do histograma. A resoluo espacial de 90 m. O processamento digital foi realizado no software ENVI. A fonte dos dados do Modelo Digital de Terreno compreendeu o SRTM (dados de domnio pblico, disponveis no U. S. Geological Survey), do EROS Data Center, Sioux Falls, SD. Imagens do Mosaico GeoCover 2000 - Imagens do satlite Landsat ETM 7 esto includos como encartes e no DVD do projeto e apresentam-se no formato Geotiff, com cobertura nas reas dos mapas geolgicos do projeto. As Imagens do satlite Landsat ETM 7 so resultante do sharpening ou fuso das bandas 7, 4, 2 e 8. As imagens do Mosaico Geocover Landsat 7 foram coletadas no perodo de 1999/ 2000 e apresentam resoluo espacial de 14,25 m. Alm da exatido cartogrfica, o Mosaico GeoCover possui outras vantagens como: a facilidade de aquisio dos dados sem nus, ncora de posicionamento, boa acurcia e a abrangncia mundial. Integrao Geologia x Modelo Digital do Terreno SRTM - A misso SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) foi dirigida pela National Aeronautics and Space Administration - NASA, com o propsito de gerar um MDT de alta qualidade entre as latitudes de 60N e 57 s, cobrindo aproximadamente 80% da superfcie terrestre, utilizando um sistema de Radar de Abertura Sinttica SAR operando no modo interferomtrico com as bandas C e X. Sua resoluo de 90m (3arcos de segundo). O MDT possui exatido absoluta de 16 m em 90% dos dados sendo bastante usado para derivao automtica do relevo como curvas de nvel, declividade, orientao de vertentes, hipsometria, perfil topogrfico, modelos 3D, dentre outras. A partir deste MDT foi gerado um mapa de relevo sombreado, e em seguida integrado ao mapa de geologia

atravs da Fuso HSV. A imagem integrada do mapa geolgico com o modelo digital do terreno est disponvel no DVD com resoluo espacial de 90 m, em formato geotif. Base de Dados Geoqumicos - Os dados geoqumicos so compostos por bases de dados litogeoqumicos, de solo e de sedimento de corrente provenientes de amostras coletadas neste trabalho e de antigos projetos de geoqumica regional do Servio Geolgico do Brasil. Os novos dados geoqumicos correspondem aos resultados analticos de 276 amostras de rocha, coletadas em minas de calcrio, ocorrncias carbonticas e carbonatticas. Os dados de geoqumica regional, apresentados somente no SIG do projeto, so provenientes do Projeto Provncia Serrana (Luz et al., 1978), os quais se encontravam ainda como anexos impressos em seus relatrios. Estes foram georreferenciados, digitados e so apresentados em meio digital correspondendo a 2277 resultados de anlises de rocha e 1349 resultados de anlise de solo. Adicionalmente, so disponibilizados os resultados analticos de 961 amostras de sedimento de corrente, extradas da Base GEOQ (CPRM), pertencentes ao Projeto Coxip- Fase I (Luz et al., 1980). Base de Dados Litogeoqumicos - A base de dados litogeoqumicos com os 276 novos resultados analticos composta por 255 amostras de rochas de minas de calcrio e de ocorrncias carbonticas e 21 amostras de rocha do Complexo Alcalino de Planalto da Serra. Os resultados analticos so apresentados em distintos arquivos no SIG e nas tabelas dos textos descritivos. As amostras foram preparadas no Laboratrio ACME do Brasil (Goinia) e analisadas no Acme Analytical Laboratories Ltd (Canad), com abertura por fuso de metaborato\tetraborato de ltio, digesto em cido ntrico diludo e determinao dos elementos maiores por ICP-ES (Inductively Coupled Plasma Emission Spectrometry). Os elementos trao, inclusive Elementos Terras Raras (ETR) e metais preciosos\base (tratados com digesto por gua rgia) foram dosados por ICP-MS (Inductively Coupled Plasma - Mass Spectrometry). A determinao da perda ao fogo (Loss of Ingnition - LOI) foi realizada aps aquecimento a 1000C, enquanto as dosagens de carbono e enxofre total foram efetuadas por LECO. Os limites de deteco para os elementos maiores so: SiO2 (0,01%), Al2O3 (0,01%), Fe2O3 (0,04%), CaO (0,01%), MgO (0,01%), Na2O (0,01%), K2O (0,01%), MnO (0,01%), TiO 2 (0,01%), P 2O 5 (0,01%), Cr 2O 3 (0,002%), LOI (0,1%), C (0,01%) e S (0,01%). Para os elementos traos e ETR os limites de deteco so: Au (0,5 ppb), Ag (0,1 ppm), As (1 ppm), Ba (1 ppm), Be (1 ppm), Bi (0,1 ppm), Cd (0,1 ppm), Co (0,2 ppm), Cs (0,1 ppm), Cu (0,1 ppm), Ga (0,5 ppm), Hf (0,1 ppm), Hg (0,1 ppm), Mo (0,1 ppm), Nb (1 ppm), Ni (0,1 ppm), Pb (0,1 ppm), Rb (0,1 ppm), Sb (0,1 ppm), Sc (1 ppm), Se (0,5 ppm), Sn (1 ppm), Sr (0,5 ppm), Ta (0,1 ppm), Th (0,2 ppm), Tl (0,1 ppm), U (0,1 ppm), V (5 ppm), W (0,5 ppm), Y (0,1 ppm), Zn (1 ppm), Zr 0,1 ppm), La (0,1 ppm), Ce (0,1 ppm), Pr (0,02 ppm), Nd (0,3 ppm), Sm (0,05 ppm), Eu (0,02 ppm), Gd (0,05 ppm), Tb (0,01 ppm), Dy (0,05 ppm),

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Ho (0,02 ppm), Er (0,03 ppm), Tm (0,01 ppm), Yb (0,05 ppm), Lu (0,01 ppm). De forma adicional, foi realizada nas amostras de rocha, pelo Laboratrio Fsica e Mineralogia de Solos da Embrapa Cerrados (Braslia), a Anlise Termogravimtrica (ATG) como tcnica instrumental auxiliar para caracterizao mineral. Base de Dados Litogeoqumicos Complexo Alcalino de Planalto da Serra - No Complexo Alcalino de Planalto da Serra foram coletadas 21 amostras de rocha e analisadas no Acme Analytical Laboratories Ltd (Canad) (conforme metodologia descrita). Dentre estas, 5 amostras (TL-R-2-1 a TL-R-2-5) correspondem a fraes granulomtricas de uma mesma amostra (TL-R-2): amostra TL-R-2-1 (2,00-0,85mm), TLR-2-2 (0,85-0,30mm), TL-R-2-3 (0,30-0,15mm), TL-R-24 (0,15-0,075mm) e TL-R-2-5 (< 0,075mm). As amostras TL-R-2-5 e TL-R-3 foram utilizadas para avaliao da liberao de fsforo e potssio em testes em casa de vegetao na Embrapa Cerrados. Base de Dados Litogeoqumicos - Geoqumica Regional - As 2277 amostras de rocha coletadas para o Projeto Provncia Serrana (Luz et al., 1978) nos 161 perfis de caminhamento, transversais a estruturao da Formao Araras no Mato Grosso, foram analisadas com controle de QA-QC pela CPRM e dosadas por Espectrofotometria de Absoro Atmica para os elementos Cu, Pb, Zn, Ag, Mn, Fe e Eletrodo on Especfico para F (sensibilidade limitada a 50 ppm). Base de Dados de Solo - Geoqumica Regional - As 1349 amostras de solo coletadas para o Projeto Provncia Serrana (Luz et al., 1978) nos 161 perfis de caminhamento, transversais a estruturao da Formao Araras no Mato Grosso, foram analisadas com controle de QA-QC pela CPRM e dosadas por Espectrofotometria de Absoro Atmica para os elementos Cu, Pb, Zn, Ag, Mn, Fe e Eletrodo on Especfico para F (sensibilidade limitada a 50 ppm). Base de Dados Sedimentos de Corrente Geoqumica Regional - As 963 amostras de sedimento ativo de corrente coletadas para o Projeto Coxip Fase I foram analisadas com controle de QA-QC pela CPRM e dosadas por Espectrofotometria de Absoro Atmica para os elementos Cu, Pb, Zn, As, Mn e Fe e Colorimetria para As. Base de Dados de Atividade Mineira - A base de dados de atividade mineira compreende as informaes das usinas de beneficiamento de calcrio agrcola no Estado do Mato Grosso. Est disponvel a relao das empresas produtoras de calcrio agrcola, com seus dados de localizao (coordenadas e endereo), grau de importncia, status, situao da mina, substncia(s) produzida(s) de uso como insumo agrcola e seu regime legal no DNPM at maio/2008. Base de Dados de Ttulos Minerrios - A base de dados de ttulos minerrios, foi obtida do Sistema de Informaes Geogrficas da Minerao (SigMine) do Departamento de Produo Mineral (DNPM) em 13/03/2008, disponvel no site: http://sigmine.dnpm.

gov.br. Nesta base so apresentados somente os ttulos minerrios referentes a calcrio, dolomito e fosfato que ocorrem na rea sul, uma vez que no existem ttulos minerrios destas substncias na rea norte do projeto. Nota Explicativa - O texto est disponvel na forma impressa e em meio digital (formato PDF) no DVD. O Captilo 1 Introduo traz os objetivos, justificativas e mtodos empregados no projeto. O Captulo 2 - Compartimentao Geolgica Regional apresenta as principais unidades de ocorrncia de rochas carbonticas ou fosfatadas e aquelas com grande potencial para utilizao como insumo agrcola no Estado de Mato Grosso. O Captulo 3 Minas de Calcrio Agrcola e reas Potenciais para Insumos Minerais Agrcolas mostra em detalhe a geologia e os resultados litogeoqumicos das minas de calcrio agrcola, de ocorrncias carbonticas e de reas potenciais para a produo de corretivos agrcolas ou fertilizantes fosfatados. No Captulo 4 - Avaliao Preliminar do Potencial das Rochas Carbonatticas como Fontes de Nutrientes na Agricultura encontram-se os resultados iniciais de testes em casa de vegetao com amostras do Complexo Alcalino de Planalto da Serra-MT e avaliaes sobre o seu uso como fonte de fsforo e potssio. O relatrio encerra com o Captulo 5 onde so abordados os aspectos da Produo de Calcrio Agrcola, em 2006, no Estado de Mato Grosso e com o Captulo 6 - Concluses e Recomendaes. Os dados litoqumicos e a listagem dos jazimentos minerais so apresentados em tabelas no texto. Os mapas geolgicos das reas sul e norte tambm esto disponveis em forma digital no DVD. 1.3 Principais Fontes de Informao Importantes trabalhos de mapeamento geolgico sistemtico foram desenvolvidos no Estado de Mato Grosso a partir da dcada de 70, o que permitiu a delimitao das reas de interesse do projeto. Dentre estes, se destaca o Mapa Geolgico ao Milionsimo do Estado de Mato Grosso elaborado pela CPRM, em 2004, que apresenta o estado da arte do conhecimento geolgico no estado. Nas reas sul e norte do projeto importantes trabalhos de mapeamentos geolgicos e/ou geoqumicos nas escalas 1:50.000, 100.000 e 1:250.000 esto presentes. Na rea sul destacam-se os projetos Provncia Serrana e Coxip-Fase I (1:50.000) e na rea norte o projetos Promin-Alta Floresta (1:250.000) e So Manoel (1:100.000) (Fig.1.1). Outras importantes contribuies nas reas do projeto so representados por relatrios, artigos tcnicos, teses de doutorado, dissertaes de mestrado e trabalhos de graduao (UFMT, UnB, USP, UFRJ, UFRGS, UNESP-Rio Claro), mapas geolgicos realizados por empresas de minerao, pelo DNPM e pela METAMAT, tais como o Projeto Rio So Tom (1:300.000) na rea norte do projeto.

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Figura 1.1 Principais trabalhos de geologia bsica e\ou geoqumicos, nas escalas 1:50.000, 1:100.000, 1:250.000 e 1:1.000.000, desenvolvidos total ou parcialmente nas reas norte e sul do projeto.

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CAPTULO 2 COMPARTIMENTAO GEOLGICA REGIONAL2.1 Introduo No estado de Mato Grosso, seqncias carbonticas ocorrem em diferentes unidades geolgicas de idades que variam do Proterozico ao Mesozico, distribudas em trs grandes entidades estruturais que so parte do da Provncia Tocantins, Superprovncia Crton Amazonas e Provncia Paran. Na Provncia Tocantins, as ocorrncias de rochas carbonticas se relacionam s unidades metassedimentares neoproterozicas da Faixa Paraguai (Almeida, 1965) e que compreendem os Grupos Cuiab (Hennies, 1966; Almeida, 1968) e Alto Paraguai (Almeida, 1964) (Fig. 2.1). As unidades sedimentares so interpretadas como de margem passiva alojadas no sul e sudeste do Crton Amaznico, posteriormente, em parte, dobradas e metamorfisadas durante o Ciclo Brasiliano (Alvarenga & Trompette, 1992; 1993; Lacerda Filho et al., 2004). Na Provncia do Paran no Mato Grosso, h duas unidades estratigrficas principais que contm calcrios, isto , os grupos Passa Dois e Bauru, respectivamente do Permiano e do Mesozico (Fig. 2.2), aqui agrupadas na Bacia do Paran. Em Mato Grosso, o Grupo Passa Dois compreende as Formaes Irati e Estrada Nova, ambas com camadas carbonticas. O Grupo Bauru composto pela Sute Magmtica Paredo e pelas formaes Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe, a penltima com unidades calcrias (Weska et al., 1988; Godoy et al., 2003, Costa et al., 2003). Na Superprovncia Crton Amazonas, as ocorrncias carbonticas so parte do Grupo Beneficente (Almeida & Nogueira Filho et al., 1959) e da Bacia do Alto Tapajs (Santiago et al., 1980), alm de rochas siliciclsticas carbonticas da Bacia do Parecis (Barros et al., 1982, 2003; Bahia et al., 2006) (Fig. 2.3). O Grupo Beneficente, limitado ao extremo norte do Mato Grosso, subdividido no estado em quatro unidades (Unidades I, II, III e IV) (Lacerda Filho et al., 2004), sendo relatada presena de calcrios apenas na sua Unidade II. Na Bacia Alto Tapajs, somente as formaes Irarap Ipixuna, So Manoel e Navalha, alm da unidade IJ ocorrem no Mato Grosso, sendo descritos corpos de calcrio nas formaes So Manoel e Navalha. A Bacia do Parecis composto pelas formaes Pimenta Bueno, Jauru, Fazenda da Casa Branca, Rio vila, Papirapu, paleozicas, e pelo Grupo Parecis, mesozico, com as Formaes Utiriati e Salto das Nuvens. Nesta ltima foram caracterizadas rochas siliciclsticas carbonatadas. Outra rea de interesse compreende a ocorrncia de carbonatitos do Complexo Alcalino de Planalto da Serra, com potencial para ocorrncia de minerais fosfatados e potssicos para emprego na agricultura (Neder et al., 2005; Pinho et al., 2005). Segundo esses autores, ocorrem sete principais intruses, alinhados por mais de 40 km ao longo de um rift designado de Rio dos Cavalos, encaixado na interface entre filitos do Grupo Cuiab e rochas do Grupo Alto Paraguai. As principais intruses so denominadas de Massao, Lau, Mutum, Big Valley 1, Big Valley 2, Cibata e Denizar (Fig. 2.4). 2.2 Provncia Tocantins Gerson Souza Saes (UFMT) Aldiney Almeida Santos (UFMT) Walter Alves dos Santos Jnior (UFMT) Sirlane Naves da Silva (UFMT) Lucimar Pereira Gomes (UFMT) 2.2.1 Faixa Paraguai Os cintures orognicos do Ciclo BrasilianoPan-Africano (~630 Ma) constituem uma das mais importantes feies tectnicas do embasamento prcambriano do territrio brasileiro. A Faixa ParaguaiAraguaia, definida originalmente por Almeida (1965), um cinturo de dobramentos de destaque da regio central do continente sul-americano e margina o leste-sudeste do Crton Amaznico e o leste do Bloco Rio Apa. A descontinuidade geogrfica entre dois os segmentos, decorrente da cobertura cenozica das plancies aluviais dos rios Araguaia e das Mortes, e dataes radiomtricas (Hasui et al., 1980) levaram Silva et al. (1974) e Almeida (1974,1984) a sugerir a subdiviso do cinturo em duas unidades: o Cinturo Araguaia/Tocantins, na borda leste do Crton Amaznico e o Cinturo Paraguai, na borda sudeste do crton (Alvarenga & Trompette 1988). As caractersticas gerais da Faixa Paraguai compreendem sua geometria em arco convexo para o Crton Amaznico, a intensa deformao linear polifsica, a presena de falhas inversas ou empurres, a escassez de vulcanismo e a presena de plutes granticos nas zonas internas (Almeida 1984). A faixa constituda de rochas metassedimentares deformados em dobras isoclinais fechadas no interior, que do lugar em direo ao crton, a coberturas em parte contemporneas, onduladas e falhadas, mas no metamorfizadas (Alvarenga, 1990; Alvarenga & Trompette, 1993). Um ramo da Faixa Paraguai, conhecido como Cinturo Tucavaca (Litherland et al., 1986), de geometria sinclinal, se estende de Corumb para o interior da Bolvia, segundo WNW-ESSE, e interpretado como um aulacgeno, em contraste com a concepo da existncia de um cinturo dobrado Brasiliano-Pan-Africano distinto, que isolava o Crton Amaznico do Bloco Rio Apa (Trompette, 1994) (Fig 2.5). A Faixa Paraguai contm uma poro meridional, com exposies dos grupos Corumb e Jacadigo, e uma setentrional, com os grupos Araras e Alto Paraguai. Na poro setentrional, Almeida (1984) reconheceu trs zonas estruturais denominadas (i) Cobertura sedimentar de plataforma, (ii) Zona ex-

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Figura 2.1 - Distribuio das unidades Cuiab e Araras, da Faixa Paraguai, em Mato Grosso (Lacerda Filho et al., 2004).

Figura 2.2 - Esboo geolgico com distribuio dos grupos Passa Dois e Bauru da Bacia do Paran no Estado de Mato Grosso (Lacerda Filho et al., 2004). terna dobrada, com pouco ou sem metamorfismo e (iii) Zona interna dobrada, metamrfica e com intruses granticas. Alvarenga (1984) e Alvarenga & Saes (1992) discutem as diversas colunas estratigrficas propostas para a Faixa Paraguai at meados da dcada de 1980, mostram as controvrsias na definio das unidades geolgicas e suas interpretaes, e enfatizam os aspectos de contemporaneidade dos depsitos nos trs domnios. Segundo os autores, a faixa pode ser dividida em quatro grupos cronoestratigrficos que compreendem as seqncias Inferior, Mdia Glcio-marinha Turbidtica, Mdia Carbonatada e Superior. O contexto geodinmico da Faixa Paraguai ainda tema controverso. Almeida (1984) sugere que as caractersticas litolgicas, estruturais e metamrficas do Grupo Cuiab so compatveis com bacia do tipo miogeossinclinal, com possveis condies eugeossinclinais na rea oculta sob a Bacia do Paran.

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Figura 2.3 - Distribuio das principais unidades carbonticas/siliciclsticas carbonticas do Grupo Beneficente (Unidade II) e das bacias do Alto Tapajs (formaes So Manoel e Navalha) e Parecis (Formao Salto das Nuvens) no estado de Mato Grosso (Lacerda Filho et al., 2004). dim de Gois, ocorrem seqncias vulcano-sedimentares e plutnicas com caractersticas litolgicas e geoqumicas de arcos de ilhas intra-ocenicos, o Arco Magmtico de Gois. A evoluo magmtica, metamrfica, estrutural e os dados isotpicos daquela regio levaram Pimentel & Fuck (1992, 1993) e Pimentel et al. (1997) a admitir que o principal evento tectono-metamrfico ocorreu h cerca de 630Ma, idade esta interpretada como a melhor estimativa da coliso final entre o arco e os crtons do So Francisco e Amaznico e aglutinao do Gondwana Ocidental. Os estgios finais do fechamento do oceano brasiliano foram acompanhados por magmatismo grantico ps-tectnico em torno de 500 Ma (Almeida & Mantovani, 1975; Alvarenga & Trompette, 1993). 2.2.1.1. Grupo Cuiab O Conde Francis de Castelnau foi o primeiro a registrar a ocorrncia de ardsias no vale do Rio Miranda (MS), cabendo a Evans (1894) a definio das mesmas como Cuyaba Slates. Almeida (1964) prope o termo Srie Cuiab para reunir rochas metassedimentares de baixo grau metamrfico e compostas de filitos com intercalaes de quartzitos, cortados por veios de quartzo ligados intruso grantica de So Vicente. O autor reconhece a ausncia de subdiviso da Srie Cuiab, por falta de melhor conhecimento sobre as caractersticas de suas rochas, de sua sucesso estratigrfica e complexa tectnica.

Figura 2.4 - Localizao dos principais corpos alcalinocarbonatticos do Complexo Alcalino de Planalto da Serra. Planalto da Serra, MT (Neder et al., 2005). Alvarenga & Trompette (1992) admitem a evoluo lateral da sedimentao do Grupo Cuiab e de seus equivalentes cratnicos, compatveis com a evoluo de uma margem passiva na borda oeste de um oceano brasiliano, ou acumulao na borda de um aulacgeno ou rift intracontinental. No obstante, conforme assinala Almeida (1984), o limite arqueado da faixa, convexo para o crton a oeste, parece incompatvel com a presena de descontinuidade crustal importante entre ambas as unidades geotectnicas, o que resulta improvvel a hiptese aventada pelos segundos autores. No extremo leste da faixa, regio de Bom Jar-

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Figura 2.5 - Esboo geolgico da Faixa Paraguai e do Aulacgeno Tucavaca (modificado de Almeida, 1984 e Alvarenga, 1990) Almeida (1965) divide a Faixa Paraguai nos estgios tectono-estratigrficos Inferior, Mdio e Superior, tendo por referncia as variaes nos processos de sedimentao resultantes de evoluo miogeossinclinal. Concluiu que o Grupo Cuiab representa o estgio mais antigo e sotoposto ao Grupo Jangada. Estes estgios esto separados por discordncia e contrastam em contedo litolgico, embora se associem a uma clara zonalidade tectnica, com unidades estratigrficas dispostas em longas e estreitas faixas paralelas s bordas da plataforma (Almeida, 1968). Almeida (1984), na mais importante sntese sobre a Faixa Paraguai, a dividiu em trs zonas estruturais adjacentes, denominadas de Brasilides Metamrficas, Brasilides No-metamrficas e Coberturas Brasilianas de Antepas. A zona Brasilides Metamrficas compreende as rochas sedimentares mais antigas da faixa, com subordinadas rochas vulcnicas, ambas metamorfizados em baixo grau e intrudidas por granitos e granodioritos. A zona Brasilides No-metamrficas composta por rochas sedimentares holomorficamente dobradas, caracterizada pela ausncia de metamorfismo e magmatismo e localizada adjacente ao Crton Amaznico. O limite entre ambas caracterizado por falhas de empurro que, em vrios locais, lanaram os metamorfitos da zona interna sobre as estruturas Brasilides No-metamrficas. As Coberturas Brasilianas de Antepas situam-se sobre o crton e no foram afetadas pela Orognese Brasiliana. Guimares & Almeida (1969; apud Barros et al.1982) reconheceram cinco conjuntos de rochas no Grupo Cuiab que, da base para o topo, compreendem: 1- Metaconglomerados e quartzitos; 2 - Filitos e filitos ardosianos; 3 - Quartzitos; 4 - Metagrauvacas e metarcseos; 5 - Metassedimentos periglaciais (Formao Coxip) Luz et al. (1980) dividem o Grupo Cuiab em 8 subunidades que, da base para o topo, so: Subunidade 1 Aflora no ncleo da Antiforme

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Projeto Avaliao de Rochas Calcrias e Fosfatadas para Insumos Agrcolas do Estado do Mato Grosso

de Bento Gomes, municpio de Pocon, e composta por filitos sericticos cinza-claros, com intercalaes de filitos e metarenitos grafitosos intensamente dobrados, fraturados e foliados. Subunidade 2 - Ocorre no flanco NW da Antiforme de Bento Gomes com cerca de 350 m de espessura, em contato com a subunidade 3 em geral gradacional, mas que pode ser por falha normal, inversa e de empurro. Os littipos so metarenitos arcosianos verde-escuros a pretos, filitos cinza-escuros, localmente grafitosos e lentes de mrmore calctico. Subunidade 3 Rica em estruturas sedimentares primrias, tais como estratificao plano-paralela e acamamento gradacional, e composta de filitos, filitos conglomerticos, metaconglomerados, metarenitos, localmente ferruginosos, filitos calcferos e nveis de hematita. Esta subunidade contm dobras simtricas, assimtricas, isoclinais e recumbentes. Subunidade 4 Ocorre na regio de Jangada e adjacncias e constitui-se de metaparaconglomerados cinza-escuros, arroxeados e avermelhados com raras intercalaes de filito e metarenito. Subunidade 5 Constituda de filitos, metarcseos, metamicroconglomerados e quartzitos subordinados. O contato com as rochas sotopostas transicional e, em certos locais, est em contato direto com a subunidade 7. Esta subunidade est, por vezes, em contato por falha inversa ou de empurro sobre as subunidades 3, 4 e 7. Subunidade 6 Se caracteriza como faixa de transio entre as subunidades 5 e 7 e constituda por filitos conglomerticos com intercalaes subordinadas de metarenito, quartzito e mrmore. Subunidade 7 - Ocorre no extremo noroeste da faixa e composta por metaparaconglomerados petromticos com raras intercalaes de filito e metarenito. Subunidade 8 Ocorre localmente no ncleo da Sinclinal da Guia e consiste de calcrios calcticos e dolomticos, margas e filitos sericticos. Os autores advogam a existncia de dois ambientes deposicionais distintos no Grupo Cuiab. Assim, as subunidades 1, 2, 3, 5 e 6 sugerem ambiente marinho com instabilidades tectnicas que originaram correntes de turbidez e conseqentes fluxos de detritos e fluxos de lamas. Os turbiditos resultantes fcies conglomertica possuem intercalaes de rochas carbonticas e de material peltico, caractersticas de perodos de quiescncia tectnica. J as sub-unidades 4 e 7 tm sido consideradas como tilitos (Almeida, 1965; Hennies, 1966) ou pebbly-mudstones (Viera, 1965), sugestivos de ambiente marinho em clima frio. Luz et al. (1980) sugerem que as subunidades 4 e 7 so de ambiente glciomarinho, possivelmente resultantes de grandes massas de gelo flutuantes. Segundo Alvarenga (1984) e Alvarenga & Saes (1992), a Faixa Paraguai admite duas interpretaes estratigrficas e estruturais maiores: 1 presena de duas grandes unidades estruturais e estratigrficas, onde as rochas da zona interna (Grupo Cuiab), metamorfisadas e dobradas,

so consideradas mais antigas que as formaes Diamantino, Raizama, Araras, Puga e Bauxi, da zona externa e cobertura cratnica (Figueiredo & Olivatti, 1974; Ribeiro Filho & Figueiredo, 1974; Ribeiro Filho et al., 1975; Luz et al. 1980; Barros et al., 1982; Almeida, 1974). 2 - depsitos parcialmente contemporneos das formaes Puga e Bauxi e as rochas metassedimentares da zona interna (Grupo Cuiab). A unidade inferior est representada pelas formaes Puga e Bauxi, delgadas e sub-horizontais na cobertura cratnica, espessas e dobradas na zona externa, que passam ao Grupo Cuiab, espesso, tectonizado e metamorfizado na zona interna da faixa (Alvarenga, 1988; Alvarenga & Trompette, 1992; Alvarenga & Saes, 1992). Em consonncia com a segunda interpretao, Alvarenga (1988) subdividiu os depsitos da Faixa Paraguai em quatro grandes unidades estratigrficas informais, visando caracterizar e enfatizar aspectos sedimentolgicoas comuns e a suposta correlatividade das unidades mais basais. - Unidade Inferior ou Seqncia Estratigrfica Inferior situada a NW de Pocon, no ncleo da Anticlinal de Bento Gomes, se caracteriza pela abundncia de filitos grafitosos associados a filitos, quartzitos e dolomitos e corresponde s subunidades 1 e 2 de Luz et al. (1980). - Unidade Mdia Turbidtica/Glaciogentica constitui a seqncia depositada durante a glaciao do final do Neoproterozico e compreende diamictitos e turbiditos (formaes Puga, Bauxi e Grupo Cuiab). As suas caractersticas sedimentares permitem subdividi-la nas fcies proximal, intermediria e distal. Fcies Proximal Sotoposta aos calcrios da Formao Araras, abundante em diamictitos com intercalaes de siltito, quartzito e conglomerado. Suas melhores exposies localizam-se nas proximidades de Bauxi e Marzago. Esta rea parcialmente coincidente com a considerada por Almeida (1965) como pertencente ao Grupo Jangada, e s subunidades 4, 5 e 7 do Grupo Cuiab mapeadas por Luz et al. (1980). Fcies Intermediria - Composta por filitos com intercalaes